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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE POLÍTICA E CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Acadêmicas: Ana Cristina Maia Vieira, Andreza Ferreira da Costa, Paloma Thainá Duarte de
Brito
Professor(a): Noêmia de Fátima Silva Lopes
8° período

SEMINÁRIOS TEMÁTICOS EM SERVIÇO SOCIAL

Montes Claros – MG
Julho de 2022
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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA E CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Resumo expandido: O direito constitucional ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e


debates acerca da acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência na sociedade.

O Benefício de Prestação Continuada que se encontra no campo da política de


Assistência Social é destinado a pessoa idosa com sessenta e cinco anos ou mais e a pessoa
com deficiência, as quais se encontram em condições de vulnerabilidade econômica e com
incapacidade de exercer atividades laborais.
O BPC é proposto como um direito para aqueles que o necessitam configurando-
se como um beneficio de proteção social básica, assegurado pela Lei 8.742 de 07 de dezembro
de 1993 a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS).
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Conforme salienta Ferreira e Silva (2020), o Benefício de Prestação Continuada-


BPC, está devidamente previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, com redação alterada pela Lei
12.435/2011, trata-se de um auxílio correspondente a um salário mínimo, objetivando a
proteção social daqueles que necessitam da intervenção estatal. Assim sendo, enfatiza-se que:

O direito ao mínimo existencial está intimamente ligado à ideia de obtenção de


condições de existência digna que não pode ser objeto de intervenção estatal e que
exige prestações positivas para que sua aplicação seja garantida (TORRES, 2013
apud FERREIRA E SILVA, 2014, p. 7).

Freitas e Maciel (2007), ao discorrerem sobre o assunto, argumentam que em 1993 a


LOAS definiu de maneira mais abrangente o artigo 203 da Constituição Federal, contribuindo
com garantias fundamentais ao usuário deste serviço. Neste sentido, a LOAS passou a ser
vista para além de um direito ao salário mínimo, ela se volta para melhorias dos serviços
prestados por meio de ações integradas e complementares ao público alvo.
A partir disso, constata-se que o BPC deu um avanço significativo em relação ao que
foi posto pela Constituição Federal, com a LOAS, tal benefício sai do campo de mera
transferência de renda e se institui para uma prestação de serviços socio- assistenciais
(FREITAS; MACIEL, 2007).
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No entanto, Pereira (2012) acrescenta que a regulamentação do do BPC ocorreu


de forma tardia pela LOAS, que regulamentou tal benefício, precisamente, em seus artigos 20
e 21. É oportuno destacar que “além de tardia, a forma como o benefício foi regulamentado
causou muitos entraves para a sua obtenção em razão dos rigorosos critérios estabelecidos, o
que acarretou a exclusão de um sem número de idosos e pessoas com deficiência do seu
acesso” (PEREIRA, 2012, p.17).
Com o advento da PNAS de 2004, a Política de Assistência Social tomou a
responsabilidade pelo comando da gestão da assistência social. Desde então, gradativamente,
as regulamentações seguintes e os documentos relativos ao BPC, foram se adequando à PNAS
2004 (FREITAS; MACIEL, 2007, p.5).
Freitas e Maciel (2007) apontam o Decreto 6.214/2007, relativo ao
acompanhamento do usuário do BPC e de sua família em articulação com as demais políticas
sociais como um direito possível de reclamação perante a Justiça. Assim sendo, é fundamental
que o direito ao BPC deixe de ser uma mera modalidade de política social de transferência de
renda, e se configure como uma modalidade de transferência de renda e prestação de serviços
socioassistenciais. Todavia, ainda que tenha força jurídica, por se tratar de uma política de
governo é válido ressaltar a possibilidade de revogação caso os governos futuros não sejam
favoráveis (FREITAS; MACIEL, 2007, p. 6).
Mesmo diante dos entraves colocados para a obtenção do BPC, o ano de 2011
configura-se como crucial em prol da melhoria no acesso ao benefício, isso implica que
tivemos mudanças positivas advindas pela introdução das Leis Federais de n. 12.435, de 6 de
julho e n. 12.470, de 31 de agosto, sendo a última, muito relevante para as pessoas com
deficiência (PEREIRA, 2012).
Em linhas gerais, ao se tratar das regem a regulamentação do BPC, fica
evidenciado que “a implantação e a implementação do BPC apresentam uma estreita relação
como o conceito limitado à transferência de renda instituído no Decreto 1.744/2007, não
abarcando a totalidade da LOAS”, como aponta de forma enfática(FREITAS; MACIEL,
2007, p.)Assim sendo, ressalta-se ainda que:

A partir do contido na Constituição de 88, na LOAS, na PNAS 2004, na NOB/SUAS e nos


Decretos 6.214/2007 e 6.564/2008 é possível inferir que o BPC não é apenas o direito de repasse
de um salário mínimo aos seus destinatários conforme contido no antigo Decreto 1.744/95. Com o
novo decreto, ele transforma-se em uma proteção social da seguridade social não contributiva que
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conjuga as modalidades de política social de prestação de serviços socioassistenciais e de


transferência de renda (FREITAS; MACIEL, 2007, p.8).

Tomando como base as cosiderações feitas até então, reverentes as leisBPC, Cabe
ressaltar que para que a proteção social destinada as pessoas idosas e deficientes em
vulnerabilidade sejam efetivadas é necessário a ampliação de recursos para garantir que um
maior número de famílias sejam beneficiadas, para além disso, é urgente que se estabeleça
critérios includentes alinhados aos princípios preconizados pela LOAS.
O Beneficio de Prestação Continuada (BPC) não somente visa a garantia de que
seus beneficiados tenham condições de prover o seu sustento, mas também propõem que estes
venham a ganhar uma maior autonomia sobre suas vidas, de modo que possam ter uma maior
participação social na sociedade, principalmente se tratando das pessoas com algum tipo de
deficiência.
Neste sentido a inclusão social que visa incluir em sociedade pessoas com
deficiências, diferentes etnias, determinados grupos sociais entre outros excluídos
historicamente do meio social, é uma das principais formas de garantir que todos tenham
acesso aos espaços sociais, bens, serviços e a participação dos processos de socialização, com
isso a Pessoa com Deficiência (PCD) possui um leque de direitos ao seu favor como o BPC,
ao passe livre interestadual, vagas exclusivas em estacionamentos, como também a compra de
veículos com descontos especiais com a isenção de impostos.
Todos estes direitos e benefícios destinados ao PCD são frutos de grandes lutas e
conquistas adquiridas ao longo do tempo, considerando que por um grande período estes se
encontravam excluídos dos âmbitos de socialização na sociedade. Assim como o PCD a
pessoa idosa também possui vários direitos ao seu favor como o BPC, o direito de se
locomover através do transporte público urbano de forma gratuita e outros demais direitos que
são assegurados pelo Estatuto do Idoso.
No entanto os processos para a aquisição de tais benefícios e acesso aos seus
direitos resguardados por leis, tanto da pessoa idosa como para os deficientes em sociedade
são propostos de formas extremamente burocráticas o que dificulta em muitos casos o acesso
daqueles que mais necessitam.
Tais burocracias são postas principalmente diante do processo para a aquisição do
Benefício de Prestação Continuada, em que o critério de renda se encontra como um dos
principais dificultadores para o acesso do benefício.
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Neste caso temos em sociedade um grande número de pessoas que se encontram


em condições de vulnerabilidade econômica e com dificuldades de manterem o seu próprio
sustento e de suas famílias, mas que de acordo os requisitos dos critérios de renda para o
acesso ao benefício acabam que não conseguindo o acesso aos seus direitos.
Além dos aspectos burocráticos de acesso ao Beneficio de Prestação Continuada,
temos também em sociedade dificultadores da garantia da acessibilidade, ou seja, das
condições de igualdade e equidade frente as diferenças e limitações de cada um em especial
para a pessoa com deficiência e idosa. Tais barreiras podem ser observadas na vida cotidiana,
principalmente se tratando das condições para a locomoção dessas pessoas em espaços
urbanos que possuem suas estruturas físicas inapropriadas para a inclusão e a acessibilidade
para todos.
Contudo percebe-se que apesar de todos os avanços legislativos, programas e
benefícios voltados para as pessoas com deficiências e idosas, ainda temos em sociedade
diversos dificultadores sociais e processos burocráticos que impedem a emancipação e a
inclusão social destes em sociedade em sua totalidade.

Referências:

CUNHA, Isabele Silva Paravidino; BARRETO, Ketnen Rose Medeiros. Os desafios do


Benefício de Prestação Continuada para pessoas com deficiência. Mundo Livre: Revista
Multidisciplinar, v. 6, n. 2, p. 266-280, 2020. Acesso em 28. Jun. 2022.

FREITAS. Maria José de. SOUZA. Maria Valdênia Santos De. MARTINS. Maria de Fátima
Antunes. O Benefício de Prestação Continuada – BPC: Direito Socio- assistencial. 20
anos da Lei Orgânica da Assistência Social. - Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome – 1ª ed. – Brasília: MDS, 2013. Disponível
em :http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/
20anosLOAS.pdf. Acesso em: 29. Jun. 2022.

BRASIL. LEI No 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 Institui a Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). LIVRO I PARTE GERAL.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. .Acesso em 29.
Jun. 2022.
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ARAUJO, José Prata. Guia dos direitos sociais: a igualdade social e as diferenças entre a
esquerda e os neoliberais. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.

FREITAS, R.; MACIEL, C.A. Sobre o BPC: evolução, limites e desafios,2007.

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