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O RRF é um programa fiscal estabelecido pela LC 159 e alterado pelas LC 178 e 181.

O entendimento do ERJ, bem


como da União, é que há dois regimes de recuperação fiscal. A LC 159, alterada em 2021, prevê a necessidade de
nova adesão ao NRRF, instituído em 2021.

Houve, entretanto, um período de limbo, em que o regime anterior tinha se encerrado, mas não tinha sido
realizada a nova adesão ao regime.

O objetivo desse regime é estabelecer um regime de reajuste fiscal para que seja possível o controle dos gastos
públicos. Vamos tratar apenas do novo regime, porque o regime anterior já se encerrou.

O Estado que desejar solicitar a entrada no NRRF deverá elaborar um Plano de Recuperação Fiscal (PRF) que será
analisado pelo Ministério da Economia, mas especificamente pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). O ERJ
enviou seu PRF há cerca de duas semanas atrás.

O acompanhamento da execução do PRF será feita pelo Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação
Fiscal (CSRRF), órgão composto por um representante da União Federal, um do Tribunal de Contas da União e
outro membro indicado pelo Estado (ficou um tempo vazia porque foi indeferida a indicação do Estado). O
Conselho é órgão que acompanha de perto a execução do plano, analisando a execução desse.

O Conselho analisa o ponto e profere parecer e a decisão sobre o descumprimento é do Ministro da Economia.

O ingresso no plano de RF apenas ocorre com a aprovação pelo Presidente da República, embora a habilitação
do ente seja realizada pela Secretaria do Tesouro Nacional. O plano apresentado também será analisado pela
mesma Secretaria e depois é submetido ao Presidente. O ERJ aguarda a aprovação de seu plano, porque seu
ingresso (habilitação) foi deferido em 02.06.2021. v. slides 6 e 7.

Em síntese, o Estado deverá:

 apresentar um plano que possibilite o reequilibrio fiscal que será analisado pelo Ministério da
Economia. (art. 2º, caput, da LC 159/17)

 cumprir regras duras de controle (vedações) e, em verdade, redução da despesa pública,


especialmente despesas obrigatórias de caráter continuado. (Art. 8º da LC 159/17)

 Implementa medidas estraturantes de controle do gasto como condições para se usufruir das
prerrogativas do NRRF, tais como a adoção das reformas administrativa, previdenciária, etc. (Art.
2º da LC 159/17)

Ao contrário da LRF, o RRF não tem ligação direta com o aspecto financeiro. Embora diversos critérios da LC 159
tenham relação com a RCL, o RRF foi criado para buscar meios de equacionar os gastos, de forma que não é
possível uma maleabilidade das restrições, mesmo que haja incremento de arrecadação. A ideia é congelar o gasto
público em determinado patamar (no ERJ no regime da LC 159/17), com vistas a reduzir o tamanho do Estado,
ainda que o resultado financeiro seja positivo. A ideia é que haja sobra de dinheiro para que seja possível pagar
seus débitos com a União.

O Estado possui algumas prerrogativas, previstas no art. 9° da LC. LER. (30’ de aula)

Professor relembrou momento pré-regime de recuperação no ERJ. Mencionou, ainda, que em razão da pandemia,
o STF autorizou a suspensão dos pagamentos das dívidas da União. O ERJ, diante da penumbra entre os regimes, foi
ao STF para solicitar que o RRF continuasse vigente, eis que a União tentara executar contragarantias por ela
prestadas.

O encerramento do plano ocorre pelo atingimento do equilíbrio nos dez anos ou, caso o equilíbrio seja atingido
antes disso, ele poderá sair de maneira prévia do regime. É possível a exclusão do regime caso haja violação às
vedações do art. 8° da LC. Não se trata de procedimento imediato, havendo um devido processo legal (lembrar o
que ele falou da SEEDUC).

A LC 178 introduziu um regramento mais duro, mas, por outro lado, permitiu um caráter negocial, permitindo que
as violações ocorridas desde do pedido de habilitação e a homologação do plano pelo Presidente da República,
sejam transigidas com a aprovação (art. 8° §2°, II da LC). Ou seja, o plano poderá negociar algumas exceções à
regra geral.

No regime anterior, o ato irregular por violar o art. 8° poderia ser sustado ou, ainda, prever alguma compensação
financeira, que era selecionada pela SEFAZ. Boa parte da compensação decorreu do bloqueio de cargos, eis que os
cargos que não eram providos eram usados para compensação financeira, permitindo que aumentos, extensão de
benefícios e etc. possam ser compensados.

No regime novo, a compensação deverá ser prévia, ou seja, antes de adotar a medida deverá ser demonstrada a
medida de compensação para que seja autorizada a medida.

OBS: Com fundamento no art. 8°, I da LC, o Estado aprovou lei de revisão salarial para os anos de 2022, 2023 e
2024.

Quanto ao veto à alínea c do inciso IV do artigo 8° da LC, que previa a possibilidade de concurso público para
suprir vacâncias, o que causou desconforto no Estado, diante do alto número de vacâncias de ano. Nesse cenário, a
LC 181/2021 buscou compatibilizar os interesses, permitindo que o plano traga essa autorização. A solução adotada
em alguns casos, por exemplo, é a hora extra (gratificação). Essa gratificação é anual na SEEDUC fixada no
momento do encerramento da grade, podendo ser retirada sempre que a necessidade extraordinária desapareça.
Lembrar do RAS.

NOTA TATI: Importante estar no plano para que haja medidas de equilíbrio para a projeção financeira desses
novos servidores.

Quanto à despesa obrigatória de caráter continuado (LRF, art. 17), importante mencionar que as gratificações
por serviços extraordinários, o CSRRF entendeu que o RAS não seria qualquer violação ao regime porque era
temporário e não integraria a remuneração do servidor. Já para a gratificação por serviços extraordinários da
SEEDUC não foi aceita a gratificação. NOTA TATI: Talvez porque poderia realizar contratação temporária pela Lei
Estadual.

O inciso, portanto, impede que seja criada uma verba remuneratória que irá integrar de forma definitiva o
pagamento do servidor.

O RRF possui uma característica perversa, para evitar as despesas obrigatórias de caráter continuado, opta pela
contratação de temporários e hipótese de “terceirização” por O.S., o que foi adotado pelo ERJ para a saúde. V. art.
8°, XI, alínea d: “suplementarmente, ao cumprimento de limites constitucionais”. Suplementar = 3° setor.

OBS: Gastar com O.S. não está nas despesas com pessoal no RRF

OBS: Associação apoio-escola. Entidades privadas dirigidas pelo Diretor da Escola, que permite pequenos gastos
para que o gestor realize pequenas melhorias e manutenção da escola. A PGE entende que essas associações se
equiparam às O.S. e, por isso, devem cumprir no que couber a disciplina da lei 13.019/2014.

É impossível que o ente fique 10 anos sem qualquer violação ao artigo 8° da LC. O objetivo é que o RRF resolva
essas questões enquanto dure o plano. As medidas de compensação, para o CSRRF, só podem ser compensadas
após a aprovação do regime novo, fazendo com que apenas restem as medidas negociais.

Quanto ao art. 8° §3°, II da LC, a compensação deverá ser realizada pelo órgão que violou o RRF. A lei teve o
mérito de tornar a responsabilidade de cada ente mais explicita. NOTA TATI: Ideia de responsabilização por sua
própria atividade. Lei 14.133/2021.

Como a alínea c do inciso IV do art. 8° da LC foi vetado, a compensação com o bloqueio de cargos fica obstada. A
lógica do novo regime é zerar o que aconteceu antes de 02.06.2021, quando aprovada a habilitação do Estado.

v. slide 24.

A posição da PGE no RRF era no sentido da possibilidade de reposição das vacâncias havidas após a entrada do
ERJ no RRF, o que foi reforçado pelo Decreto Estadual nº 47.114/2020, que vedação realização de concurso público
em geral, “ressalvadas as hipóteses de reposição reputadas estritamente necessárias pela autoridade máxima do
órgão ou entidade de vacâncias ocorridas a partir de 06 de setembro de 2017 .”
Nas razões de veto à a alínea c do inciso IV do art. 8° da LC foi ausência de trava temporal, nem trazia ligação
entre o provimento das vacâncias e aumento de despesa. Em tese, se houvesse possibilidade de fazer veto aditivo,
o Presidente entendeu que as alterações do CN eram incompatíveis com o objetivo do RRF, de forma que o
dispositivo teve que ser vetado como um todo. ATENÇÃO AS RAZÕES DE VETO!

A vedação ao provimento das vacâncias não poderá ser absoluta, até mesmo porque é necessária a continuidade
do serviço público, especialmente por se relacionar ao provimento de necessidades essenciais para garantir a
dignidade humana. A ALERJ aprovou como exceções algumas categorias essenciais (saúde, educação e segurança)
como excepcionalizadas no regime (LC 193), o que, como já visto, deverá estar previsto no plano de RRF, indicando
as respectivas medidas de compensação. A ressalva consta na norma.

As razões de veto podem ser usadas como fundamento, mas, como veto não vincula, apenas poderemos usar
uma interpretação ampla à LC 159, indicando a necessidade de indicar o plano.

Passemos as principais discussões:

1. NRRF e os limites constitucionais de aplicação em educação e saúde

É praticamente impossível dar cumprimento aos investimentos mínimos constitucionais em educação


(25%) e em saúde (12%) e cumprir o NRRF, com todas as vedações existentes no art. 8 da LC 159/17
(atentar para o art. 70, I, da LDB no caso da educação).

O art. 70, I da LDB dispõe o que é o mínimo em educação. Saúde, por sua vez, é menos preocupante por
causa da possibilidade de suplementação por O.S., o que é feito massivamente pelo Estado do Rio de
Janeiro.

Tramita no CN uma PEC que ressalva o mínimo em educação e confere três anos para aplicar em educação,
o que não foi aplicado em educação nos anos de 2020 e 2021.

NOTA TATI: LEMBRAR: Investimentos em educação é objeto de um TAG proposto no TCE-RJ. A questão da
educação é ponto de ressalva nas contas do GovERJ desde 2017.

De acordo com a PGFN (v. parecer), a LC não pode inviabilizar que o Estado cumpra uma regra
constitucional que determina a aplicação mínima em saúde e em educação. O momento que antecedeu o
regime até o deferimento de sua habilitação, diante de um vácuo jurídico, utilizou o parecer com
parcimônia, com receio de criação de benefícios que inviabilizassem um plano factível.

Essa também é a posição do Estado do Rio de Janeiro, agora consagrada na Lei 9429/21, art. 4, III
(autorização para provimento de cargos efetivos essenciais à continuidade dos serviços públicos). Há,
portanto, para o professor, exceção expressa para saúde e educação, devendo ser observado o equilíbrio
atuarial.

Não pode a LC impedir que os gastos mínimos com saúde e educação sejam aplicados, igualmente é
necessário que haja compatibilidade futura, em razão da projeção previdenciária pela paridade e pelos
novos ingressantes. Assim, tratar no plano é uma forma de indicar a viabilidade atuarial dos gastos
públicos. Seria, portanto, a aplicação do princípio do equilíbrio orçamentário.

Assim, o parecer da PGFN e o art. 4°, III da Lei estadual do regime permitem concluir pela possibilidade de
aplicação mínima de receitas em saúde e educação.

Argumentos laterais: O não cumprimento dos mínimos em saúde e educação é crime de responsabilidade
do Governador; risco de rejeição das contas pela ALERJ, com base em parecer contrário às contas pelo TCE-
RJ, que também pode sujeitar crime de responsabilidade; possibilidade de sofrer ação de improbidade
administrativa.

Assim, entre se submeter à processo por crime de responsabilidade ou descumprir o plano, a sugestão é
que o Governador cumpra as determinações constitucionais.
LEMBRAR: TAG homologado é sentença. Logo, cumpre o mínimo com base em sentença e não viola o RRF.

2. NRRF e impossibilidade de ajuizamento de medidas judiciais (discutido na ADI 5789):

Problema: O art. 8º, XV (veda a propositura de ação judicial para discutir a dívida ou os contratos citados
nos incisos I e II do art. 9º) e 13, II (torna o ajuizamento de ações para discutir os contratos previsto no art.
9, incisos I e II da própria lei causa de extinção do regime, como consequente aplicação de penalidade ao
Estado que ficará 5 anos sem poder receber garantia da União Federal) da LC 159/17.

Na ADI 6442, que tratou da LC 173 (Regime Fiscal da pandemia), o STF entendeu que a adesão ao regime
especial da pandemia se trata de faculdade, por isso, a previsão de desistência de ações, não haveria
qualquer violação à inafastabilidade de jurisdição ou de controle judicial. Há, ainda, um recorte normativo
o que permitiria a aplicação, de forma semelhante, o referido entendimento ao caso das novas normas do
NRRF.

A questão, como já colocada, é que esse RRF não foi tãããão facultativo para o Estado, diante da total
situação de calamidade financeira. Constar de maneira genérica e abstrata na LC 173 a adesão à um regime
fiscal da pandemia não se compara à situação do RRF.

Ademais, é possível alegar: violação ao pacto federativo, que é clausula pétrea, debatendo a ideia de
lealdade federativa entre os entes. Abuso da União. É possível alegar descumprimento de
proporcionalidade e razoabilidade, eis que a lei busca o equilíbrio fiscal, o que revela um contrassenso abrir
mão de receita nova.

3. ACO 3457 (liminar que manteve o ERJ no RRF)

 Pedido de prorrogação do RRF do ERJ pendente


 Liminar do Min. Bruno Dantas do TCU para prorrogar com base em pedido do Ministério Público junto ao
TCU
 Liminar do Min. Fux determinando a manutenção do ERJ no RRF
 Extensão de liminar do Min. Toffoli da liminar para o NRRF.

4. ADI 6930 (MP e Magistratura)

ADI da CONAMP contra dispositivos da NRRF que limitaram os gastos com pessoal.

V. tabela de pareceres.

OBS: Professor entende que o RRF inclui a regra da cola.

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