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Diagramação: Giba
Capa: Tarso Brennand sobre arte de Predrag Stakic
Revisão ortográfica: Os organizadores
Edição: Gilberto Medeiros
ISBN 978-85-54982-03-4
Modo de acesso: <http://www.praiaeditora.blogspot.com. br>
CDD 340.1
Direitos humanos às bordas do abismo: interlocuções entre Direito, Filosofia e Artes
Praia Editora
Vitor Cei
Falsos profetas
O título e o tema deste artigo foram inspirados no livro
Falsos Profetas: estudos sobre as técnicas dos agitadores
americanos, de Leo Löwenthal e Norbert Guterman. Na década
de 1940, esses membros do Instituto de Pesquisa Social da
Universidade Johann Wolfgang Goethe, de Frankfurt am Main,
aproveitaram o exílio nos Estados Unidos e o vínculo com a
Universidade Columbia para desenvolverem uma pesquisa sobre
a natureza e o conteúdo dos discursos e panfletos de agitadores
fascistas norte-americanos, que praticavam uma fusão artificial
de fascismo italiano com nazismo alemão e revivalismo cristão.
Os denominados “falsos profetas” eram lideranças
religiosas ou políticas que se autorretratavam como pessoas
comuns e “do bem”, mas usavam técnicas manipuladoras
e se aproveitavam do descontentamento, dos medos e dos
ressentimentos de parcelas da população norte-americana,
criando inimigos que corporificavam a “força do mal” que deveria
ser erradicada pelo movimento – mais do que a mudança das
estruturas políticas, eles almejavam a eliminação de pessoas.
Nos casos estudados por Löwenthal e Guterman, destacavam-
se discursos de ódio contra “os inimigos estrangeiros da
América”, isto é, comunistas, socialistas e refugiados, e também
contra os “usurpadores das liberdades cristãs [...] judeus, negros
e criminosos”108.
Löwenthal e Guterman avaliam que, a despeito das
diferenças que possam haver entre os diversos agitadores da
turba (sejam religiosos, fascistas ou outros), a similaridade
entre os diversos discursos de ódio é evidente e intencional,
pois são baseadas em artimanhas psicológicas, padrões de
comportamento e motivos condutores semelhantes:
As particularidades da moral
evangélica aparecem sob a máscara
da universalidade ética. Os deputados
“crentes” se autonomeiam representantes
da moralidade geral, defendendo projetos
parlamentares com base em justificativas
religiosas, apresentando-os como
mandamentos divinos. A prática legislativa,
por conseguinte, destina-se à naturalização,
universalização e padronização das leis,
negando seu caráter plural e ambíguo. [...]
não admitem a ideia da coexistência de
múltiplos parâmetros éticos, reforçando
a relevância da unicidade moral e da
imposição de um código de regras e valores
norteadores da conduta humana. Tentam,
dessa maneira, anular o pluralismo e a
ambivalência moral115.
Considerações finais
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Referências
AGAMBEN, Giorgio. Elogio da profanação. In: ______.
Profanações. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo,
2007.
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