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GLOBALIZAÇÃO:

CONCEITOS, EFEITOS E
IMPLICAÇÕES SOCIAIS,
ECONÔMICAS, POLÍTICAS E
CULTURAIS - PARTE IV
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MUDANÇAS CULTURAIS ORIUNDAS DO PROCESSO DE EXPAN-


SÃO DA GLOBALIZAÇÃO EM ESCALA MUNDIAL
RAÍZES DO ETNOCENTRISMO
O etnocentrismo ocorre por que nossa compreensão do que seria a existência, dificultando
nossa capacidade de perceber a diferença como algo “normal”. Evidentemente, esse tipo de fenô-
meno está relacionado aos choques culturais, mas podem ser vistos cotidianamente em nossa
própria cultura.
De fato, o etnocentrismo afeta todas as pessoas, em todas as culturas do globo, em maior ou
menor grau. Isso porque é muito “normal” julgarmos “etnocêntricamente” assuntos relacionados
à política, à sexualidade, ao feminismo, à questão racial, às drogas, dentre outros.
Este fenômeno possui dimensões intelectuais (racionais) e afetivas (psicológicas) que estão
na gênese de quase todas as atitudes e comportamentos preconceituosos, radicais e xenofóbicas.
Assim, aa melhor das hipóteses, o etnocêntrico irá considerar sua cultura como natural em
relação às outras, tidas por ele como “anormais” e “absurdas”. Desta forma, o pensamento etno-
cêntrico torna-se um perigo quando inculca ideias de superioridade racial e cultural.
Fique atento!
Isso porque ele coloca um grupo étnico no centro de tudo, limitando ou impedindo qualquer outra possibilidade
de existência.

ETNOCENTRISMO E RACISMO
Enquanto o etnocentrismo designa uma classificação por etnia, o racismo parte da noção de
“raça”, que foi construída socialmente ao longo dos anos, e defende a posição de que os diferentes
grupos étnicos podem relacionar-se com as diferentes “raças”.
A noção de raça já está em desuso no campo da antropologia e da sociologia, pois ela preten-
dia, quando surgiu, assumir a tese de que a espécie humana era classificada por diferentes raças
hierarquizadas, de modo que algumas fossem superiores e outras inferiores.
Na antropologia do século XIX, tentava-se associar o nível de desenvolvimento cultural com a
“raça” (entendendo raça como um aspecto biológico), sendo que “culturas superiores” derivariam
de raças superiores, e “culturas inferiores”, de raças inferiores.
Essa visão, por ser etnocêntrica e ter como base o homem branco europeu, justificou, à época,
a exploração dos povos africanos, asiáticos, indianos, e nativos da Oceania e das Américas, por
parte dos europeus.

ETNOCENTRISMO E XENOFOBIA
A xenofobia é a aversão ao que é estrangeiro, ao que veio de fora. Uma visão etnocêntrica, por
partir da sua própria cultura para estabelecer uma hierarquia cultural, tende a ver o estrangeiro como
alguém inferior em hábitos, costumes, religião e outros aspectos culturais. O que resulta naquela
aversão ao que veio de outro lugar e é, portanto, inferior ao que já habitava o lugar de referência

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ETNOCENTRISMO RELIGIOSO
A visão etnocêntrica na religião causa a intolerância religiosa e o preconceito contra as mani-
festações espirituais diferentes das que o observador etnocêntrico segue. Tomemos como exemplo
o Ocidente, que é majoritariamente cristão. O cristianismo foi amplamente difundido dentro da
Europa, e a colonização das Américas pelos povos europeus forçou a entrada e disseminação dessa
religião em nosso continente.
Os povos nativos daqui tiveram as suas crenças forçadamente profanadas pelos colonizadores,
que promoveram, inclusive, grandes campanhas de catequização dos nativos por meio de grupos
religiosos cristãos, os jesuítas, como a Companhia de Jesus. Para os europeus, o cristianismo era a
religião correta, que levaria à salvação da alma, enquanto a religião dos povos nativos era inferior,
errada, pecadora etc.
Ainda hoje existem casos de etnocentrismo religioso, quando, por exemplo, religiões de matriz
africana são desrespeitadas por cristãos, que as associam ao pecado e ao que é considerado demo-
níaco, podendo acontecer também o movimento inverso (que é mais difícil de ocorrer por conta da
hegemonia cristã ocidental). Isso ocorre porque o praticante de uma determinada religião tende a
considerar o seu grupo religioso como a única manifestação dogmaticamente correta.

A PERSISTÊNCIA DO ETNOCENTRISMO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

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MANUTENÇÃO DAS VIOLÊNCIAS


BLACK LIVES MATTER
O grande movimento de oposição a morte de George Floyd por um policial de Mineápolis,
nos Estados Unidos, edificou uma grande onda de protesto conta violência étnica no Estados Uni-
dos e no mundo. Fazendo com que a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam) ganhar
manifestações nas ruas e nas redes sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos últimos
dias, no on-line e no off-line, como forma de apoio ao movimento antirracista e para cobrar das
autoridades que resguardem vidas negras.
Vale ressaltar, que o movimento Black Lives Matter (BLM), é uma organização que nasceu
em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras
domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi,
da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é “erradicar a supre-
macia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras”
pelo Estado e pela polícia.
Atenção!
A união destas três mulheres, e a convocação do movimento foi uma reação à absolvição do vigia George Zim-
mermann, então acusado de assassinar o adolescente negro Trayvon Martin, que voltava para casa após comprar
doces e foi morto com um tiro no peito em Sanford, na Flórida.
Entretanto, o ativismo delas só ganhou destaque no ano seguinte, em 2014, após outros dois
casos de negros mortos por policiais nos Estados Unidos: Michael Brown, 18, baleado em Ferguson,
e Eric Garner, de 43, estrangulado em Nova York. Ambos estavam desarmados.
Portanto, o processo de edificação do BLM, ganhou exposição mundial, tendo movimentos em
vários países, uma luta contra as desigualdades e violências contra a população negra. Vale ressal-
tar, que o movimento continua muito ativo e realizando grandes atos por várias partes do mundo.

CÉLULAS NAZISTAS NO BRASIL


A recepção calorosa oferecida por Jair Bolsonaro a uma neta do ministro das Finanças de Adolf
Hitler acendeu, ou deveria acender, o alerta sobre a presença e o crescimento de grupos extremistas
no país, um crescimento que coincide com a chegada da extrema-direita ao poder.
O Brasil possui atualmente 530 células neonazistas já identificadas, de acordo com um levan-
tamento atualizado mensalmente pela antropóloga Adriana Dias, da Unicamp. Dias é uma das
principais autoridades nos estudos sobre grupos neonazistas no país.
Atenção!
O número indica crescimento significativo desses grupos nos últimos dois anos. Em 2019, havia 334 células
ativas no país.
Células neonazistas são grupos de ao menos três pessoas que se reúnem para difundir ideias
e ações inspiradas na experiência nazista da Europa na primeira metade do século XX, quando
Hitler ascendeu ao poder na Alemanha com forte discurso de ódio contra minorias e em defesa
do nacionalismo.
Geralmente, quando esses sites são identificados, Dias entra em contato com os provedores
pedindo a retirada do conteúdo. O nazismo foi vencido na Segunda Guerra, mas suas ideias não
deixaram de ser compartilhadas.

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Pelo contrário: a comunicação digital, via redes sociais ou grupos da chamada darkweb, poten-
cializou essas vozes em alta velocidade.
As células neonazistas brasileiras se concentram nas regiões Sul e Sudeste, com 301 e 193
grupos identificados respectivamente. A pesquisadora já mapeou células também no Centro Oeste
(18) e no Nordeste (13).

ISLAMOFOBIA
A islamofobia é o preconceito direcionado aos muçulmanos ou islâmicos. Os praticantes do
Islã seguem uma religião monoteísta que se baseia nos ensinamentos do profeta Maomé e que se
encontra sistematizada doutrinariamente no livro sagrado do Alcorão. Essa forma de preconceito
está comumente alicerçada em uma confusão entre pertenças étnicas e religiosas.
Assim, a islamofobia pode representar dois tipos de generalizações indevidas, isto é, precon-
ceituosas: destina-se, como dito, contra os crentes do Islã, frequentemente associada aos atos de
terrorismo cobertos pela mídia internacional. Mas também diz respeito à generalização que consiste
em tomar todo os povos de origem árabe como praticantes do islã, e, portanto, igualando a origem
étnica árabe à pertença religiosa islâmica.
Embora haja um debate entre os estudiosos quanto ao tipo específico de preconceito que defi-
niria a islamofobia, se seria uma forma de xenofobia (o ódio contra estrangeiros) ou de preconceito
religioso, não pairam dúvidas de que ela é um comportamento discriminatório que se baseia em
afirmações preconceituosas sobre um povo ou sobre as crenças dos indivíduos.
Fique atento!
Islamofobia é o sentimento de repugnância, satanização ou de repúdio em relação aos muçulmanos ou ao
Islamismo em geral. Este tipo de aversão vem acontecendo principalmente nos Estados Unidos, no Canadá, na
Europa e em Israel, seja devido aos atentados terroristas, ou à presença cada vez maior de muçulmanos nesses
lugares.

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