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4- Explique a relação que Ângela Davis estabelece entre a luta das mulheres negras e a
construção do movimento feminista nos EUA.
As condições de vida das mulheres negras do sul do EUA, no século XIX eram brutais,
tratadas com demasiada violência, desde explorações braçais, até psicológicas e sexuais.
Essas mulheres eram negadas a sua família e a si mesmas, logo que não eram consideradas
boas mães porque, trabalhavam o dia todo em plantações, deste modo não podendo cuidar de
seus filhos, deixando-os com jovens negras ou sozinhos e eram forçadas a ter relações sexuais
com outros homens. Além de serem negadas as suas feminilidades, sendo tratadas como
coisas. Já as mulheres brancas do norte do EUA, tinham uma vida com opressões e violências
também, porém muito mais branda que as negras.
Com o movimento industrial no EUA, as mulheres negras que antes possuíam igualdade
econômica com seus maridos, deixaram de tê-la e passaram a ser submissas à eles. Logo que
a era industrial trouxe a ideia de inferioridade feminina, alegando que elas eram feitas para
cuidar da casa, dos filhos e do marido, que era o provedor da casa. Além de trazer a noção
feminina perfeita, que seria a mulher branca e dona de casa, afastando dessa maneira as
mulheres operárias, escravas e negras.
O início da década também foi de greves e paralisações nas fábricas têxteis do Nordeste do
país, operadas em grande parte por mulheres jovens e crianças. Na mesma época, mulheres
brancas de origem mais abastada começavam a lutar pelo direito à educação e por uma
carreira fora de casa (DAVIS, 2006). As mulheres negras estavam cansadas da vida cheia de
opressões e abusos descomedidos, já as mulheres brancas se identificavam com as mesmas,
seja pelo poder controlador que o casamento trazia e a falta de oportunidade.
Pode-se concluir que a indignação e a coragem de todas essas mulheres contribuíram
significamente para o movimento feminista posteriormente, em vista que as mesmas quebram
as barreiras na época, movimentando toda a estrutura da sociedade. Como, por exemplo a
professora Prudence Crandall, que desafiou a população branca ao aceitar uma menina negra
na escola. Sua postura íntegra e inflexível durante toda a polêmica simbolizou a possibilidade
de firmar uma poderosa aliança entre a já estabelecida luta pela libertação negra e a
embrionária batalha pelos direitos das mulheres (DAVIS, 2006).
5- Explique a análise de Benjamin sobre a relação entre direito natural, direito positivo e
violência.
Segundo Benjamin, a violência tenta se justificar para fins justos e injustos. Ele critica
fervorosamente a violência por fins justos, procurando classificá-la com ética ou não. Para
isso a violência ética é dividida entre direito natural e direito positivo.
Para Benjamin o direito natural, está embasada principalmente na teoria darwinista social,
que dizia existir uma raça superior e outra inferior. Legitimando assim, explorações e
violências, sem leis que punissem tais atos, pois esse é um direito natural do ser humano
superior, logo que o mesmo tem que passar seus genes para futuras gerações, fundamentando
posteriormente ideais de superioridade nazista.
O direito positivo é a ideia de que qualquer ato de violência é considerado imoral e errado,
logo, que nada à legítima. Deste modo, segundo esta linha de pensamento toda violência deve
ser punida, para que não haja banalização da mesma. Para Benjamin, essa seria a perspectiva
correta em relação a violência, pois deve-se sempre criticar e punir qualquer ato violento.
6- Dê a sua opinião se os trabalhos de Angela Davis possibilitam e contribuem para uma reflexão
para a luta feminista no Brasil.
Angela Davis é uma professora e filósofa americana que contribuiu significamente para os
movimentos negros e emancipação feminista. Sua história tem sido marcada pela luta em defesa
dos direitos femininos e das pessoas negras desde a década de 1970. Ela foi militante comunista,
fez dura oposição à Guerra do Vietnã e era membro do grupo Panteras Negras. Entrou para listas
de mais procuradas do FBI e foi presa injustamente, em um processo criminal extremamente
racista.
Em minha opinião, os trabalhos de Angela Davis, são profundamente importantes na luta
feminista brasileira, pois com ele é possível entender a sociedade de ontem e de hoje. Em seu
livro Mulheres, raça e classe, a mesma apresenta um panorama riquíssimo da história e trajetória
feminina, embasada em fatos históricos que até então eu desconhecia, como o entrelaçamento
realizado pela autora entre os componentes econômico, político e ideológico do modo de
produção escravista e capitalista, nos permite enxergar como as diversas opressões se combinam
e se entrecruzam na sustentação da dominação de classe. Trazendo desta maneira questões as
pessoas, sobre a sua sociedade, oque está ligado a ela, oque está te influenciando e
principalmente oque te afasta da emancipação.
7- Apresente a crítica de Nietzsche à educação moderna dando ênfase ao que ele chama de
enfraquecimento da cultura.
Nietzsche procurava mostrar o que havia de errado na educação de sua época, na Alemanha,
apontando as consequências para a cultura. Ele mostra primeiramente, que os educadores
atualmente estão se afastando cada vez mais do conhecimento de natureza, ou seja, se
importando mais com os conteúdos das aulas e com o mercado de trabalho.
A submissão da educação às ordens do estado, é a ideia que a ciência moderna tem o
objetivo de domesticar o ser humano e controlá-los, para Nietzsche a ciência tem o papel de
moldar os homens para o mercado, afastando-os da reflexos sobre a vida, transformando eles em
“homens de rebanho”. Consequentemente transformando a educação em uma mercadoria.
Deste modo, com o estado intervindo na educação a fim de popularizar a mesma, as grandes
massas, perdendo a sua essência de cultura. Assim, a universalização da cultura, acompanhada
da intervenção do Estado na educação, com a emergência das grandes massas e das questões
sociais, culminava no que ele chama de “barbárie cultivada” (ACADÊMICA,2015).
8- Apresente a crítica de Nietzsche aos eruditos e apresente o seu ponto de vista sobre essa crítica
e o mundo acadêmico hoje.
Eruditos são aqueles considerados especialistas na educação, que tem como objetivo levar
determinado assunto aos seus alunos, tornando-os conformados e submissos. Para Nietzsche
os eruditos seriam pessoas que se especializam muito em determinado assunto e são por
consequência submissos ao discurso, não tem noção do todo e não sabem de onde veio
determinado conceito, tornando-se alienados do processo acadêmico.
Essa especialização nasceu de Descartes, que defendia que o indivíduo devia ir a fundo
para desvendar o desconhecido. Para ele, era necessário se especializar em cada parte do que
se estuda afim de não restar mais dúvidas do mesmo.
Segundo Nietzsche, o erudito "decompõe uma imagem em simples manchas, do mesmo
modo como, na ópera, se usa um binóculo para ver a cena e examinar um rosto ou um detalhe
da vestimenta, nada inteiro"(PESSOA,2012). Enquanto as faculdades, ele afirma que a
estrutura pedagógica desses estabelecimentos de ensino não se encontrava preparada para
acolher adequadamente as exceções (gênios), estabelecendo um parâmetro de educação
padronizado e massificado .
Relacionando essa crítica ao mundo acadêmico de hoje, observa-se os impactos que os
profissionais eruditos, ou seja, especializados em determinado assunto, trouxeram para as
universidades. Os profissionais especializados geralmente não sabem a origem de
determinado conceito apresentado à seus alunos, perdendo deste modo a noção do todo. Há
também a relação de superioridade que estes profissionais exercem sobre seus alunos,
deixando-os a mercê de discursos inquestionáveis.
Portanto, pode-se perceber que a crítica de nietzsche se torna verossímil, no atual
momento da sociedade, tendo em vista que a educação tem o papel emancipador, entretanto
se torna padronizada e assim alienante.
Referência
NIETZSCHE, F. Escritos sobre Educação. Rio de Janeiro: Loyola, 2004.
ACADÊMICA. Escritos sobre Educação (Nietzsche) – Notas e inflexões.
Disponívelem:<https://www.revistaacademicaonline.com/products/escritos-sobre-educacao-
nietzsche-notas-e-inflexoes/>. Acesso em: 31 mai. 2019.
BENJAMIN, W. Documentos de cultura, documentos de barbárie: escritos escolhidos. São
Paulo: Cultrix, 1986.
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: BOITEMPO, 2006.
PESSOA, F. Nietzsche e a Educação.
Disponível em : <http://pesquisandofilosofia.blogspot.com/2012/03/nietzsche-e-educacao.html>.
Acesso em: 30 mai. 2019.
ARAÚJO, T. A análise Nietzscheana da cultura moderna : crítica aos valores morais e à
educação erudita. Argumentos, Ano 3, N°. 5 - 2011.