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Aplicabilidade das normas constitucionais

1) O PROBLEMA DA TERMINOLOGIA:

a) Vigência → a norma que rege o aqui e agora as relações sociais; designa a existência
específica de uma norma;
b) Eficácia → é a qualidade de produzir efeitos jurídicos; aptidão para produzir efeitos;
c) Efetividade → significa a realização do direito, o desempenho concreto de sua função
social;

2) ATOS JURÍDICOS

a) Atos jurídicos → fatos jurídicos resultantes de uma manifestação de vontade;


b) Três planos dos atos jurídicos:
i) Existência → verifica-se quando presentes seus elementos constitutivos definidos
pela lei como causa eficiente de sua incidência;
ii) Validade → é válido o ato que preenche os requisitos que a lei determinou para que
sejam ser recebidos como perfeitos;
iii) Eficácia → aptidão para produzir efeitos;

3) CLASSIFICAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA CONSTITUCIONAL NORTE-AMERICANA:

a) Normas autoexecutáveis → a distinção surgiu da constatação de que o constituinte


não pode e não deve descer a minúcias de sua aplicação, abrindo espaço para o legislador
ordinário desenvolver sua aplicação; as normas são as desde logo aplicáveis, porque
revestidas de plena eficácia jurídica, por regularem diretamente as matérias;
b) Normas não autoexecutáveis → sua aplicação depende de legislação ordinária, pois
indicam meramente um princípio, sem estabelecer normas por cujo meio se logre dar a
esses princípios vigor de lei;

4) CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO JOSÉ AFONSO DA SILVA (publicou em 1967 - Brasil, a partir da


obra de Crisafulli de 1952 - Itália)

Normas de
eficácia plena
Aplicabilidade
imediata
normas de
eficácia contida
Normas
constitucionais normas de
princípio
normas de institutivo
Aplicabilidade
eficácia limitada
mediata
ou reduzida normas
programáticas

APLICABILIDADE É IMEDIATA, PORQUE DOTADA DE TODOS OS MEIOS E ELEMENTOS


NECESSÁRIOS À SUA EXECUTORIEDADE.

A APLICABILIDADE É MEDIATA, AO CONTRÁRIO, É A NORMA QUE NÃO TEM TODOS OS


ELEMENTOS NECESSÁRIOS À SUA PRONTA EXECUTORIEDADE. É PRECISO QUE O LEGISLADOR
COMPLEMENTE A NORMA, PARA QUE POSSA PRODUZIR TODOS OS EFEITOS DELA ESPERADOS.
a) Normas constitucionais de eficácia plena → são aquelas que, desde a entrada em vigor
da constituição, produzem, ou tem possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais,
relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte,
direta e normativamente, quis regular (JAS);
- Exemplos:
 Proibições ou vedações;
 Imunidades, prerrogativas e imunidades;
 Não indiquem processos especiais de sua execução;
 Não exijam normas legislativas que lhes completem o alcance e o sentido, ou lhes fixem o
conteúdo
 arts. 1º, 15, 28, 45, 76, 145, § 2º, 226, § 1º

b) Normas constitucionais de eficácia contida → são aquelas em que o legislador


constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas
deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público,
nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados; (JAS)

i) Características:
 Requerem a intervenção do legislador ordinário visando a restrição a plenitude da eficácia,
regulamentando direitos subjetivos;
 Enquanto o legislador ordinário não regular a matéria sua eficácia será plena;
 Aplicabilidade direta
 Muitas contêm conceito ético → bons costumes, ordem pública;

ii) Exemplos:
 Arts. 5º, VIII, XIII, XV, LX; 37, I; 144, §1º; 136, I; 143; 143, §§1º e 2º;

c) Normas constitucionais de eficácia limitada → são as normas que não receberam do


constituinte normatividade suficiente para sua aplicação, o qual deixou ao legislador
ordinário a tarefa de completar a regulamentação das matérias nelas traçadas em princípio
ou esquema. (Barroso)

i) Declaratórias de princípios institutivos ou organizativos → são aquelas através das


quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de
órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário os estruture em definitivo,
mediante lei. (JAS)

 Exemplos: arts. 18,§2º; 33; 89,§2º; 90§2º; 91,§2º; 93; 113; 134,§1º; 142,§§1º e 2º;

ii) Declaratórias de princípio programático → são aquelas através das quais o


constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se
a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos, como programas das
respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais do Estado. (JAS)

 Exemplos: arts. 7º, I, X, XXIV; 172; 173§4º; 206, V; 213; 214; 218§4º; 21, IX; 48, IV; 170
e incisos; 193;

 Características:
(a) Disciplinam interesses econômicos-sociais, tais como justiça social, valorização do trabalho,
desenvolvimento econômico, repressão ao abuso do poder econômico, assistência social,
combate à ignorância, estímulo à cultura, à ciência e à tecnologia.
(b) Foram acolhidas como programa a ser desenvolvido pelo Estado, por meio de providências
legislativas;
(c) Tem eficácia reduzida, pois não tem força normativa suficiente para regular os interesses
que lhes constituem objeto específico;

5) CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA POR LUÍS ROBERTO BARROSO

a) Normas constitucionais de organização (normas de estrutura ou de competência)


→ normas que se destinam à ordenação dos poderes estatais, à criação e estruturação
de entidades e órgãos públicos, à distribuição de suas atribuições, bem como à
identificação e aplicação de outros atos normativos. Além de estruturarem organicamente
o Estado, disciplinam a própria criação e aplicação das normas de conduta.

i) Veiculam as decisões políticas fundamentais, a divisão orgânica do poder, o sistema


de governo;
ii) Definem as competências dos órgãos constitucionais e das entidades estatais;
iii) Criam órgãos públicos, autorizam sua criação, traçam regras à sua composição e ao
seu funcionamento;
iv) Estabelecem normas processuais ou procedimentais de revisão da própria
Constituição, de defesa da Constituição, de aplicação de outras normas, de
elaboração legislativa, de fiscalização.

b) Normas constitucionais definidoras de direito → é possível agrupar os direitos


fundamentais em quatro grandes categorias: direitos políticos, direitos individuais,
direitos sociais e direitos difusos. Essa classificação agrupa os direitos subjetivos, que se
define como o poder de ação, assente no direito objetivo, e destinado à satisfação de
certo interesse. Assim, a todo direito subjetivo corresponde um dever jurídico; pode ser
violado; e a ordem jurídica coloca à disposição de seu titular um meio jurídico para exigir-
lhe o cumprimento.

c) Normas constitucionais programáticas → normas destinadas a conformar a ordem


econômica e social a determinados postulados de justiça social e realização espiritual,
levando em conta o indivíduo em sua dimensão comunitária, para protegê-lo das
desigualdades econômicas e elevar-lhe as condições de vida, em sentido mais amplo.

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