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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO DISTRITO FEDERAL

CURSO PREPARATÓRIO PARA A MAGISTRATURA


DIREITO CONSTITUCIONAL
PROFESSOR FÁBIO ESTEVES

1 A NORMA CONSTITUCIONAL

1.1 Espécies

Princípios e regras - Dworkin argumenta que, ao lado das regras jurídicas, há também os
princípios. Estes, ao contrário daquelas que possuem apenas a dimensão da validade, possuem também uma
outra dimensão: o peso. Assim, as regras ou valem, e são, por isso, aplicáveis em sua inteireza, ou não valem,
e portanto, não são aplicáveis. No caso dos princípios, essa indagação acerca da validade não faz sentido. No
caso de colisão entre princípios, não há que se indagar sobre problemas de validade, mas somente de peso.
Tem prevalência aquele princípio que for, para o caso concreto, mais importante, ou, em sentido figurado,
aquele que tiver maior peso.1
Segundo Alexy, princípios são normas que estabelecem que algo deve ser realizado na maior
medida possível, diante das possibilidades fáticas e jurídicas presentes. Por isso são eles chamados de
mandamentos de otimização.2 A realização completa de um determinado princípio pode ser - e freqüentemente
é - obstada pela realização de outro princípio (O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos
princípios e regras colidentes). Essa ideia é traduzida pela metáfora da colisão entre princípios, que deve ser
resolvida por meio de um sopesamento, para que se possa chegar a um resultado ótimo. 3
As regras, ao contrário dos princípios, expressam deveres e direitos definitivos, ou seja, se uma
regra é válida, então deve se realizar exatamente aquilo que ela prescreve, nem mais, nem menos. 4

1. CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto


A respeito de hermenêutica constitucional e de métodos empregados na prática dessa
hermenêutica, assinale a opção correta.
A) A noção de filtragem constitucional da hermenêutica jurídica contemporânea torna
dispensável a distinção entre regras e princípios.
B) De acordo com o método tópico, o texto constitucional é ponto de partida da atividade do
intérprete, mas nunca limitador da interpretação.
C) Segundo a metódica jurídica normativo-estruturante, a aplicação de uma norma
constitucional deve ser condicionada às estruturas sociais que delimitem o seu alcance
normativo.
D) O princípio da unidade da Constituição orienta o intérprete a conferir maior peso aos critérios
que beneficiem a integração política e social.
E) Os princípios são mandamentos de otimização, como critério hermenêutico, e implicam o
ideal regulativo que deve ser buscado pelas diversas respostas constitucionais possíveis.

1 DWORKIN, Ronald. Taking Rights Seriously, p. 43.


2 ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte, p. 75.
3 ALEXY, Robert. Op. cit., p. 82 e ss.
4 ALEXY, Robert. Op. cit., p. 76.
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1.2 Eficácia
1.2.1 Norma de eficácia plena

A norma de eficácia plena é aquela em que a Constituição Federal prevê um direito desde logo
aplicável. Não há a necessidade de nenhuma regulamentação. Isso não quer dizer que esse direito seja
absoluto, intangível ou que não possa ser modificado ou reduzido por previsão da própria Constituição. Norma
de eficácia plena: aplicabilidade direta, imediata e integral. Exs.: Art. 18, §1º, da CF; 2. Art. 5º, III, da CF; Art.
230, § 2º; art. 2º; 14, § 2º; 17, § 4º; 19; 20; 21; 22; 24; 30.

1.2.2 Norma de eficácia contida

Em um primeiro momento as normas de eficácia contida se parecem muito com as normas de


eficácia plena, já que ambas possuem aplicabilidade direta e imediata. As normas de eficácia contida a
Constituição Federal preveem um direito que já pode ser, de logo, exercido – assim como as normas de eficácia
plena. A diferença é que nas normas de eficácia contida o legislador constituinte prevê o direito que já pode ser
aplicado, mas também prevê a possibilidade de restrição e limitação deste direito com a edição de lei posterior.

1.2.3 Norma de eficácia limitada

Diferentemente das normas anteriores, a norma de eficácia limitada possui aplicabilidade


indireta e mediata. Em outras palavras, o legislador constituinte previu um direito na Constituição, mas esse
direito não pode ser exercido enquanto não surgir uma lei. O direito constitucional só terá aplicabilidade quando
a lei prevista na própria Constituição Federal surgir.
As normas de eficácia limitada se subdividem ainda em dois grupos: (1) declaratórias de
princípios institutivos ou organizativos e (2) declaratórias de princípio programático.
Contudo, tais normas não deixam de ter sua eficácia jurídica imediata, direta e vinculante,
porque são capazes de revogar qualquer norma conflitante com ela, além de vincular a sociedade, bem como
os três poderes estatais para a concretude dos direitos sociais, baseando-se, também, nos princípios da
dignidade da pessoa humana e do não retrocesso social.
Exs.: Artigo 37, inciso VII, da Constituição; Artigo 40, § 4º, da Constituição; Artigo 7º, XI, da
Constituição
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1.2.4 Classificação de Maria Helena Diniz5 – Toma por critério a questão da intangibilidade e da produção dos
efeitos concretos das nomas constitucionais:
a) Normas com EFICÁCIA ABSOLUTA ou SUPEREFICAZES – São normas intangíveis,
insuscetíveis de emenda constitucional. Integram o núcleo duro da constituição. Cláusulas pétreas. São
providas de: Eficácia Positiva – Têm incidência imediata, não havendo contra elas nem mesmo poder de
emendas; Eficácia Negativa – Vedam qualquer lei que lhes seja contrária.
b) Normas com EFICÁCIA PLENA – Podem ser modificadas por emenda, mas independem
de regulamentação para surtirem efeitos. Podem ser imediatamente aplicadas.
c) Normas com EFICÁCIA PLENA RESTRINGÍVEL – Têm eficácia plena e aplicação
imediata, até que sobrevenha legislação restritiva.
d) Normas com EFICÁCIA RELATIVA COMPLEMENTÁVEL ou DEPENDENTES DE
COMPLEMENTAÇÃO – Não têm eficácia plena, carecendo de complementação legislativa, mas tem eficácia
paralisante de efeitos de normas precedentes incompatíveis ou impeditivas de qualquer conduta contrária ao
que estabelecerem. Podem ser: De Princípio Institutivo – depende de lei para dar corpo a
instituições/pessoas/órgãos; De Princípio Programático – determinam o procedimento legislativo, fixadoras de
programas constitucionais a serem implementados.
Jurisprudência - STF

Tese de julgamento: “1. Existe omissão inconstitucional relativamente à edição da lei


regulamentadora da licença paternidade, prevista no art. 7º, XIX, da Constituição. 2. Fica
estabelecido o prazo de 18 meses para o Congresso Nacional sanar a omissão apontada, contados
da publicação da ata de julgamento. 3. Não sobrevindo a lei regulamentadora no prazo acima
estabelecido, caberá a este Tribunal fixar o período da licença paternidade". ADO 20 - Relator
Ministro Marco Aurélio - Votação Maioria (9x1) - Voto que prevaleceu Ministro Edson Fachin - Órgão
julgador Tribunal Pleno - Data do julgamento 14/12/2023.

“1. A intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas voltadas à realização de direitos


fundamentais, em caso de ausência ou deficiência grave do serviço, não viola o princípio da
separação dos poderes. 2. A decisão judicial, como regra, em lugar de determinar medidas pontuais,
deve apontar as finalidades a serem alcançadas e determinar à Administração Pública que apresente
um plano e/ou os meios adequados para alcançar o resultado; 3. No caso de serviços de saúde, o
déficit de profissionais pode ser suprido por concurso público ou, por exemplo, pelo remanejamento
de recursos humanos e pela contratação de organizações sociais (OS) e organizações da sociedade
civil de interesse público (OSCIP)” .
[RE 684.612, rel. min. Ricardo Lewandowski, red. do ac. min. Roberto Barroso, j. 3-7-2023, P, DJE
de 3-8-2023, Tema 698, com mérito julgado.]

5
CUNHA JR., Dirlei Da. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. Salvador: JusPodivm, 2022. 179-180.
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2. VUNESP - 2023 - TJ-RJ - Juiz Substituto - Assinale a alternativa correta no que concerne às
normas constitucionais.
A) As normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível são aquelas que têm
aplicabilidade imediata, integral, plena, mas que podem ter reduzido seu alcance pela atividade
do legislador infraconstitucional.
B) As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta,
mediata e possivelmente integral.
C) Normas com eficácia relativa complementável ou dependente de complementação
legislativa dependem exclusivamente de lei complementar para o exercício do direito ou
benefício consagrado. Sua possibilidade de produzir efeitos é imediata.
D) As normas constitucionais de eficácia restringível são as que receberam do constituinte
normatividade suficiente à sua incidência mediata.
E) Normas constitucionais de eficácia plena contêm todos os elementos imprescindíveis para
que haja a possibilidade da produção imediata dos efeitos previstos, já que, apesar de
suscetíveis de emendas, requerem normação subconstitucional subsequente.

1.2.5 Pensamento legicêntrico?6

1.3 INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

1.3.1 Métodos

1.3.1.1 Método Hermenêutico-Clássico (Ernest Forsthoff): a Constituição não difere substancialmente das
leis, razão por que deve ser interpretada conforme a métodos tradicionais (genético, literal, lógico, sistemático,
histórico, teleológico). Apesar de o intérprete, inegavelmente, ter que se valer sempre de uma análise lógica,
literal e sistemático do texto que se busca interpretar, os problemas políticos, sociais e econômicos surgidos no
curso do Século XX mostraram que o método jurídico clássico não proporcionava, por si só, respostas
adequadas às demandas. Assim, foram concebidos outros métodos de interpretação, caracterizados em geral
por trazerem fatores “meta-jurídicos” à arena dos debates constitucionais.

6
TRF - 3ª REGIÃO - 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Substituto - Sobre a seguinte tese: “São sempre necessárias leis específicas e
expressas para efetivar e concretizar normas programáticas ou sociais da Constituição brasileira de 1988”, assinale, segundo o Direito
Constitucional brasileiro, a alternativa CORRETA:
A) se trata de uma livre opção interpretativa, podendo tal exigência ser invocada legitimamente para evitar as dificuldades advindas
de uma Constituição social extremamente custosa para uma economia periférica.
B) decorre da impossibilidade de aplicação direta de “princípios constitucionais” por decisões judiciais.
C) é a base, historicamente falando, de uma teoria de bloqueio, especialmente quanto ao Estado Social, e reforça uma visão
legicêntrica do sistema jurídico.
D) autoriza o cabimento da ação popular, respeitada a condicionante de que se trate de omissão que tone inviável o exercício dos
direitos constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
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1.3.1.2 Método Tópico-Problemático (Theodor Viehweg): parte da premissa de que, como as normas
constitucionais são indeterminadas (altamente genéricas e abstratas) e fragmentadas (não abrangem todos os
problemas da realidade), não podem ser aplicadas mediante simples subsunção. Assim, a interpretação deve
ter um caráter prático, no qual a discussão do problema passa a ter preferência sobre a discussão da norma
em si. Uma vez centrado o debate no problema, elegem-se critérios e princípios (topoi) para a sua solução
adequada. A grande limitação desse método consiste na possibilidade de criação de um casuísmo sem limites,
pois a interpretação não deveria partir do problema, mas da norma em si. O método hermenêutico que concebe
a Constituição como um sistema aberto de regras e princípios é o método tópico-problemático.

1.3.1.3 Método Hermenêutico-Concretizador (Hesse): os aspectos subjetivos do intérprete dão-lhe uma


inevitável “pré-compreensão” acerca da norma a ser interpretada. No âmbito constitucional, marcado pela
abertura e imprecisão de muitas de suas normas, a busca do sentido delas envolve mais concretização do que
interpretação, assumindo, portanto, as pré-compreensões um papel decisivo. Nesse quadro, os defensores da
interpretação concretista, dentre os quais Konrad Hesse, pugnam que toda leitura inicial de um texto deve ser
reformulada, mediante uma comparação com a realidade, justamente para serem suprimidas interpretações
equivocadas. Por isso, o método concretizador funda-se em uma constante mediação entre o problema e a
norma, no qual a concretização é lapidada por meio de uma análise mais profunda, em que a norma prevalece
sobre o problema.
O interprete vale de suas pré-compreensões (pressuposto subjetivo); mediador entre norma e
realidade (objetivo); movimento do ir e vir: subjetivo →objetivo (circulo hermenêutico).

1.3.1.4 Método científico-espiritual (Smend): procura os valores substanciais da constituição emergentes da


realidade social. O método Científico-Espiritual, produto das concepções de Rudolf Smend, defende que a
interpretação deve buscar o conteúdo axiológico último da Lei Maior, por meio de uma leitura flexível e
extensiva, onde os valores comunitários e a realidade existencial do Estado se articulam com o fim integrador
da Constituição.

1.3.1.5 Método normativo-estruturante: o texto normativo não se confunde com o conteúdo da norma,
cabendo ao intérprete a concretização da norma diante da realidade em que se apresenta. O método
Normativo-Estruturante (Müller) parte da distinção entre “texto constitucional”, “norma constitucional” e “norma
de decisão”. O texto constitucional é a base linguística que contém as proposições a serem interpretadas. A
“norma constitucional” é o resultado da interpretação. Sendo ainda genérica e abstrata, ela é formada por não
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apenas por um programa normativo, mas por um âmbito normativo. Já a “norma de decisão” é a norma
constitucional concretizada ao caso, pelo legislador, pelo juiz ou pela autoridade administrativa.

1.3.1.6 Método Concretista da Constituição Aberta - Peter Haberle - Interpretação realizado por diversos
sujeitos constitucionais.

1.3.1.7 Método Comparativo - Peter Haberle – Interpretação se realiza levando em consideração os sentidos
atribuídos a outras ordens constitucionais.

1.3.1.8 Justiça transnacional?78

3. CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto


A respeito de métodos de interpretação constitucional e do critério da interpretação conforme
a constituição, assinale a opção correta.
A) A busca das pré-compreensões do intérprete para definir o sentido da norma caracteriza a
metódica normativo-estruturante.
B) O método de interpretação científico-espiritual é aquele que orienta o intérprete a identificar
tópicos para a discussão dos problemas constitucionais.
C) A interpretação conforme a constituição não pode ser aplicada em decisões sobre
constitucionalidade de emendas constitucionais.
D) A interpretação conforme a constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem
redução de texto são exemplos de situações constitucionais imperfeitas.
E) A interpretação conforme a constituição é admitida ainda que o sentido da norma seja
unívoco, pois cabe ao STF fazer incidir o conteúdo normativo adequado ao texto constitucional.

1.3.2 Princípios

1.3.2.1 Princípio da unidade da constituição – Como acentua J. J. Gomes Canotilho: "O princípio da unidade
da Constituição obriga o intérprete a considerar a Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os
espaços de tensão existentes entre as normas constitucionais a concretizar. 9

7
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
8
Extradição de cidadão colombiano. 2. Tratado de Extradição firmado entre a República Federativa do Brasil e a Colômbia, Decreto
6.330/40. 3. Alegação de prescrição do delito no Brasil. Inocorrência. Interrupção do prazo prescricional pela prática de novos delitos
no território brasileiro, conforme confessado pelo próprio extraditando. (Ext 1560 AgR-2ºJULG, Relator(a): GILMAR MENDES,
Segunda Turma, julgado em 18-04-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 13-06-2023 PUBLIC 14-06-2023).
.
9 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. Coimbra, Almedina, 1993, pág. 226.
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1.3.2.2 Princípio da concordância prática - Formulado por Konrad Hesse, esse princípio impõe ao intérprete
que "os bens constitucionalmente protegidos, em caso de conflito ou concorrência, devem ser tratados de
maneira que a afirmação de um não implique o sacrifício do outro, o que só se alcança na aplicação ou na
prática do texto."10

1.3.2.3 Princípio do efeito integrador - Canotilho ensina que na resolução dos problemas jurídico-constitucionais
deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço
da unidade política.

1.3.2.4 Princípio da máxima efetividade – otimizar a eficácia da constituição.

1.3.2.5 Princípio da força normativa - esse princípio estabelece que, na interpretação constitucional, deve-se
dar primazia às soluções ou pontos de vista que, levando em conta os limites e pressupostos do texto
constitucional, possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-lhes eficácia e permanência.

1.3.2.6 Princípio da interpretação conforme a Constituição - A interpretação conforme a Constituição estabelece


ao aplicador de determinado texto legal que, quando se encontrar frente a normas de caráter polissêmico ou
plurissignificativo, deve priorizar a interpretação que possua um sentido em conformidade com a Constituição.
Assim, existindo duas ou mais interpretações possíveis de uma norma, deve-se sempre adotar aquela
interpretação que esteja em conformidade com o texto constitucional.
J.J. G. Canotilho, traz parâmetros a serem observados quando da utilização desse método: -
Prevalência da Constituição; - conservação de normas; - exclusão da interpretação contra legem; - espaço de
interpretação: só se admite se existir um espaço de decisão; - rejeição ou não aplicação de normas
inconstitucionais: realizada a interpretação se o juiz chegar a um resultado contrário a Constituição, deverá
declarar a inconstitucionalidade da mesma; - O intérprete não pode atuar como legislador positivo: se se chegar
a uma regra nova e distinta daquela objetivada pelo legislador e com ela contraditória, em seu sentido literal ou
objetivo, não se é aceita.

1.3.2.7 Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade - Trata-se de uma regra de solução de problemas


constitucionais envolvendo aparentes conflitos entre os direitos fundamentais. Constitui-se de três elementos:

10 COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação constitucional. Porto Alegre, Sérgio A. Fabris Editor, 1997, p. 91.
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- Necessidade: a restrição a determinado direito apenas é possível se não houver outra medida
menos gravosa;
- Adequação: o meio escolhido deve ser apto a atingir o fim perseguido.
- Proporcionalidade em estrito sentido: os benefícios devem ser superiores às restrições.

1.3.3 Limites da interpretação constitucional

A interpretação conforme à Constituição tem sido a seara mais atacada nos debates acerca
dos limites da atividade interpretativa exercida pelo Judiciário. Riccardo Guastini trata da técnica na seguinte
sistematização:
Decisões interpretativas em sentido estrito – de rechaço: elimina-se os sentidos contrários à
constituição; - de aceitação: aceita-se a interpretação que conforma com a constituição.
Sentenças manipuladoras: há um ajuste que promove adição ou substituição à norma
impugnada para adequá-la à Constituição: Sentença aditiva – a lei é declarada inconstitucional porque omite
algo, uma categoria ou benefício e por consequência o julgador alarga o seu âmbito de incidência incluindo ou
substituindo categoria ou benefício. Exemplos da realidade brasileira: direito de greve servidores, reajuste dos
servidores civis quando apenas os militares receberam o aumento, fidelidade partidária, demarcação Raposa
Serra do Sul e antecipação terapêutica feto anencefálico.
Sentenças substitutivas: há a substituição da norma impugnada por outra criada pelo Tribunal.
O STF assim procedeu na ADI 2332 (juros na ação desapropriação).

GABARITO: 1-e; 2-a; 3-d

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