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Neste item o Autor revela uma preocupação com a conceituação dos institutos da
vigência, aplicabilidade, eficácia, validade e legitimidade, passando a conceitua-los de
modo a propiciar a perfeita compreensão da matéria.
VIGÊNCIA – do verbo “viger” (do latim vigere) é a qualidade da norma que a faz existir
como norma jurídica, que a torna de observância obrigatória, isto é, que a faz exigível,
conquanto não derrogada. Por vigência da norma deve-se entender a sua exigibilidade,
insto e, a possibilidade de exigir-se o seu cumprimento, a sua observância, enquanto
não formalmente derrogada. Norma vigente, destarte, e toda norma regularmente
promulgada, enquanto não derrogada por outra norma, incidindo, portanto, sobre os
fatos, situações e comportamentos por ela previstos e regulados.
Em resumo vigência significa o modo especifico de existência das normas jurídicas.
A norma passa a ter vigência a partir do momento de sua publicação.
É a partir da publicação da norma que esta passa a ter vigência, devendo-se aplicar
integralmente às relações entre Poderes Públicos e os particulares, e destes entre si,
atribuindo-lhes direitos e criando deveres. A incidência da norma é assim, uma
consequência direta e necessária da sua vigência.
O Autor aponta várias esferas da vigência no Direito em geral e aponta:
1. Vigência Pessoal – conjunto de pessoas as quais se aplica a norma. A
Constituição brasileira aplica-se aos brasileiros, quer se encontrem no
Brasil ou no estrangeiro, e ainda aos estrangeiros que se encontrarem em
território brasileiro, para aquelas reações jurídicas às quais, segundo os
princípios do Direito internacional, se aplica a lex loci, isto é, a lei do país;
2. Vigência Territorial – espaço ou território onde se aplica norma. A
Constituição brasileira, por exemplo, aplica-se, em regra, no território
brasileiro (terrestre, marítimo, aéreo), e excepcionalmente algumas de suas
normas poderão aplicar-se a brasileiros que se acham no estrangeiro (por
exemplo, as regras sobre nacionalidade, serviço militar, pagamento de
impostos, exercício de direitos políticos, etc.). Em regra, as normas de
status gozam desse benefício de extraterritorialidade;
3. Vigência Material – é a esfera de aplicação na norma a certos assuntos,
materiais ou coisas. Por exemplo, a vigência material da norma
constitucional do art. 65, IX CF/46 (competência normativa do Congresso
Nacional), comente incide naquelas matérias que os arts. 5º a 15 da CF/46
ou 48, 21 e 153 da CF/88 declaram da competência da União. A própria
constituição tem sua vigência limitada àquelas matérias de que expressa ou
implicitamente cuida (organização do Estado, competência, entes menores,
problema da liberdade e dos direitos fundamentais, políticos, sociais; fins
do Estado, etc.). As demais esferas da normatividade foram deixadas
(poderia acontecer que não fossem, ao menos em parte) à moral, a religião,
aos costumes e convenções sociais, etc.
4. Vigência temporal – são os limites do tempo, que marcam o momento
exato em que a norma começa a obrigar, até o da sua derrogação. No caso
da Constituição, sua vigência temporal estende-se do momento de sua
promulgação e publicação, pois a partir desse momento ela mesma se
declarou vigente, até que seja derrogada por outra Constituição (caso de
1937), ou destruída por via revolucionária (1889 e 1930), ou mesmo podem
acontecer modificações parciais da vigência constitucional pela reforma da
Constituição, quando se modifiquem ou substituam algumas de suas partes
ou dispositivos.
Neste item o Autor verbera que um dos mais importantes aspectos da vigência
das normas constitucionais é: o de saber-se quando a norma aplica-se desde
logo, independentemente de regulamentação por lei ordinária, e quando
necessita dessa regulamentação, para que se considere vigente, isto é,
aplicável. É o problema da autor-aplicabilidade, ou não, da norma
constitucional, também denominado da integração da normativa da
Constituição.
Muitas vezes a própria norma constitucional é explicita quanto à necessidade
da lei ordinária, para que possa ser aplicada. A plena vigência da Constituição
depende claramente, aí, de sua integração normativa.
De acordo com o Autor, quando o preceito constitucional não contenha
referência expressa à lei ordinária regulamentadora, para decidir sobra a
autoaplicabilidade, ou não da norma constitucional, deverá o jurista recorrer à
própria natureza, à própria estrutura, ao próprio enunciado, ao conteúdo da
norma e às exigências logicas de sua aplicação; para concluir sobre a sua
aplicabilidade depende, ou não, de regulamentação por lei ordinária.
- Quanto aos traços ou atributos, características das normas programáticas alguns são
comuns às normas chamadas “de legislação”, que também são normas de eficácia
limitada, devendo-se notar que aqui se aplica tudo quanto se disse, de modo geral, a
respeito das normas de eficácia limitada, devendo-se apenas acrescentar:
1º) Que as normas programáticas, já na Assembleia Constituinte, não
tiveram força suficiente para desenvolver-se integralmente, isto é, de modo a
determinar uma disciplina imediata e diretamente eficaz, operante,
relativamente àqueles interesses que lhes constituem objetivo essencial,
especifico, muito embora possam produzir outros efeitos importantes.
2º) As normas programáticas surgem, assim, como uma espécie de
solene obrigação que o próprio Estado assume, através do Poder Constituinte,
de elaborar outras normas sobre certas matérias, na grande maioria, na quase
totalidade das vezes, assinalado já a seus órgãos certas diretrizes a serem
estritamente observadas.
3º) O objeto das normas programáticas, isto e a matéria de que se
ocupam, é de natureza essencialmente ético-social, representando justamente
o aspecto hoje denominado “social” das modernas Constituições.