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Essa vertente tradicional é bastante criticada e não é mais aceita pelas bancas
examinadoras.
A principal crítica consiste no fato de que essa corrente esteriliza em grandes parte os
efeitos de uma nova Constituição. De fato, se grande parte das normas constitucionais
fossem não auto-executáveis e se as normas assim rotuladas não tivessem aptidão para
produzirem efeitos, significaria que a nova constituição teria seus efeitos bastante
restringidos.
Calha lembrar a lapidar frase de Luís Roberto Barroso “O Direito existe para realizar-se
e o Direito Constitucional não foge a esse desígnio.”
Normas de eficácia plena são aquelas que, com a entrada em vigor da Constituição,
apresentam eficácia plena e integral, independentemente de legislação ulterior. São
normas que bastam a si mesmas e não precisam do legislador infra-constitucional para
alcançarem sua plena eficácia. Constituem exemplos de norma de eficácia plena: a
forma federativa de estado, a separação de poderes, a inviolabilidade do domicílio, a
duração semanal de 44 horas, os bens da União, a competência privativa da União, a
competência concorrente, o princípio da legalidade, os remédios constitucionais etc. A
Fundação Carlos Chagas (FCC), em 2002, no concurso para Promotor de Justiça de
Pernambuco designou como escorreita a seguinte assertiva:
Naturalmente a afirmativa está correta, uma vez que o princípio da legalidade produz
todos os seus efeitos independentemente de sua regulamentação posterior.
Outros exemplos ilustrativos de normas de eficácia contida estão nos incisos XV e XVI,
do mesmo artigo, que estipulam:
XVI “todos podem reunir-se pacificamente sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso a autoridade
competente”.
Cabe registrar, por derradeiro, que a normas de eficácia contida também podem ser
restringidas por conceitos jurídicos vagos, cuja redução se operacionaliza pelo Poder
Público. Assim, podemos concluir que as normas de eficácia contida são de
aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de aplicação
restringido por uma legislação futura, por outras normas constitucionais ou por
conceitos ético-jurídicos.
Já analisamos as normas de eficácia plena e contida e agora vamos nos debruçar sobre
as normas de eficácia limitada.
Entretanto, obviamente, as distinções não param por aí. A norma de eficácia limitada,
ao ingressar no ordenamento jurídico, fica dependendo de uma normatividade para
potencializar toda a sua eficácia. A regulamentação vai permitir à norma de eficácia
limitada produzir seus principais efeitos, ampliando, obviamente, a eficácia da norma.
No caso da norma de eficácia contida ela produz todos os seus efeitos e pode ser
restringida por outras normas. Ou seja, como regra, a regulamentação amplia os efeitos
norma de eficácia limitada e restringe os efeitos da norma de eficácia contida.
Isso ocorre porque a norma de eficácia limitada ingressa no ordenamento jurídico com
uma eficácia mínima, desprovida, dessa forma, de seus principais efeitos até a sua
devida regulamentação. Não se pode afirmar, entretanto, que a norma de eficácia
limitada não produzirá efeito jurídico algum, enquanto não for regulamentada,
uma vez que ela produzirá pelo menos o efeito negativo, quando afastar a
aplicação de normas infra-constitucionais que com ela sejam incompatíveis. Isto é,
a norma de eficácia limitada produz pelo menos o efeito de impedir a continuidade
ou o surgimento de preceitos antagônicos ao seu conteúdo.
CESPE-PROCURADOR-2004
Alternativa evidentemente errada. Não se pode afirmar que a norma de eficácia limitada
não produzirá efeito jurídico algum, enquanto não for regulamentada, uma vez que ela
produzirá pelo menos o efeito negativo, quando afastar a aplicação de normas
infraconstitucionais que com ela sejam incompatíveis. Isto é, a norma de eficácia
limitada produz pelo menos o efeito de impedir a continuidade ou o surgimento de
preceitos antagônicos ao seu conteúdo. E, portanto, seria juridicamente inválido o
advento de uma norma infra-constitucional que lhes seja contrária.
Cabe destacar, que José Afonso da Silva, classificava as normas de eficácia limitada
em duas modalidades: normas de princípio institutivo (ou organizativo) e normas
de princípio programático.
As normas de princípio institutivo são aquelas, nas palavras de José Afonso da Silva,
que contêm esquemas gerais de estruturação das instituições, órgãos ou entidades, pelo
que poderiam chamar-se normas de princípio orgânico ou organizativo. Assim, essas
normas contêm esquemas gerais que vão ganhar contorno com a lei. A lei, com base nas
diretrizes fixadas pelas normas de princípio institutivo, estruturará as instituições.
Existe atualmente um seguro consenso que as norma programáticas não são meras
exortações morais, destituídas de eficácia jurídica.
São exemplos ilustrativos de normas programáticas: o art. 205 da CF que fixa: “Art.
225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.”;
Um abraço
Luís de Gonzaga
luis@espacodosconcursos.com.br