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EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

INTRODUÇÃO

Não se aceita a ideia de norma constitucional desprovida de eficácia. O


que se tem são normas constitucionais com graus variados de eficácia jurídica.
Assim, as normas constitucionais são classificadas, quanto ao grau de eficácia
jurídica e aplicabilidade, em normas constitucionais de eficácia plena, de eficácia
contida e de eficácia limitada.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA

As normas constitucionais de eficácia plena, desde sua gênese, produzem,


ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos visados pelo constituinte
originário. São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, possuem
aplicabilidade imediata, direta e integral.

Aplicabilidade imediata Não depende de nenhum ato normativo posterior que lhe
complete o alcance e o sentido.
Aplicabilidade direta Produzem ou têm possibilidades de produzir todos os efeitos que
o constituinte quis regular.
Aplicabilidade integral Não podem ser restringidas por nenhuma lei superveniente.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA

São aquelas que possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não


integral, uma vez que podem ter o seu alcance reduzido por atos do Poder
Público superveniente. As restrições poderão ser impostas pelo legislador
infraconstitucional ou por outras normas constitucionais.
A atuação do legislador ordinário não será para tornar exercitável o direito
nelas previsto (este já é exercitável desde a promulgação do texto constitucional),
tampouco para ampliar o âmbito de sua eficácia (que já é plena, desde sua
entrada em vigor), mas sim para restringir, para impor limitações ao exercício
desse direito.
Insta consignar que as normas constitucionais de eficácia contida,
enquanto não restringidas, não são iguais às normas constitucionais de eficácia
plena, tão somente, produzem os mesmos efeitos.

NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA

São aquelas que possuem aplicabilidade indireta, uma vez que dependem
da emissão de uma normatividade futura, ou seja, essas normas não produzem
com a simples promulgação da Constituição os seus efeitos essenciais,
dependendo de regulamentação posterior. A utilização de certas expressões
como “a lei disporá”, “a lei regulará”, ou “na forma da lei” indicam que a vontade
do constituinte originário precisa ser complementada para ulterior efeito da norma
constitucional.
São de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque
somente incidem totalmente a partir de uma normação
infraconstitucional ulterior que lhes desenvolva a eficácia.
Enquanto não editada essa legislação infraconstitucional
integrativa, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos
(Dir. Constitucional Descomplicado).
As normas de eficácia limitada dividem-se em: Programáticas ou
Institutivas (ou organizatórias). As normas programáticas traçam objetivos,
metas ou ideais que deverão ser concretizados pelo Poder Público no futuro.
Assim, tais normas só produziram seus efeitos jurídicos essenciais quando essas
metas forem, efetivamente, concretizadas. Estão vinculadas normalmente aos
direitos sociais de segunda geração. Já as normas constitucionais institutiva
criam novos institutos, serviços, órgãos ou entidades que precisam de legislação
futura para que ganhem vida real.
Atenção! Mais uma vez é importante frisar que todas as normas
constitucionais possuem eficácia jurídica, inclusive as classificadas como de
eficácia limitada. Estas, enquanto não regulamentadas, possuem eficácia
mínima. Sendo detentoras da chamada eficácia negativa, pois: a) revogam as
disposições contrárias ou incompatíveis com os seus comandos (o direito
infraconstitucional anterior à norma constitucional programática não é
recepcionado; diz-se que ela tem eficácia paralisante); b) impedem que sejam
produzidas normas ulteriores que contrariem os ideais por elas estabelecidos
(serve como parâmetro para controle de constitucionalidade; diz-se que ela tem
eficácia impeditiva). Por fim, as normas constitucionais de eficácia limitada,
ainda estabelecem um dever de atuação do Estado no sentido de conferir
eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional. Ademais, servem de
parâmetro para a interpretação do texto constitucional.

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