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SUMÁRIO
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................................................... 2
1. NOÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................................................ 2
2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE........................................................................................................................ 3
2.1 – ORIGEM............................................................................................................................................. 3
2.2 – CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO................................................................................................................. 3
2.3 – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................... 4
2.4 – LEI Nº 9.784/99 E A APLICAÇÃO DA LEGALIDADE EM SENTIDO AMPLO .......................................... 4
2.5 – RESTRIÇÕES PROVISÓRIAS OU EXCEPCIONAIS ................................................................................. 5

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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
1. NOÇÕES PRELIMINARES
Princípios são proposições básicas e fundamentais que condicionam todas as estruturas
e institutos subsequentes de uma disciplina. Tratam-se de postulados fundamentais que
inspiram a maneira de agir da Administração Pública.
O eminente administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello entende o princípio como
um:
“mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e
servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência exatamente por
definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica
e lhe dá sentido harmônico”.

Os princípios administrativos são verdadeiros postulados que inspiram todo o modo de


agir da Administração Pública e de seus agentes públicos. Caracterizam-se por serem
informativos e orientadores, além de constituírem em verdadeiras normas de condutas. Para a
doutrina, violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma. Assim, a desatenção
ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo
ordenamento jurídico.
O professor Alexandre Mazza esclarece que:
“Os princípios do Direito Administrativo cumprem duas funções principais:
a) função hermenêutica: se o aplicador do direito tiver dúvida sobre qual o
verdadeiro significado de determinada norma, pode utilizar o princípio como
ferramenta de esclarecimento sobre o conteúdo do dispositivo analisado;
b) função integrativa: além de facilitar a interpretação das normas, o
princípio atende também a finalidade de suprir lacunas, funcionando como
instrumento para preenchimento de vazios normativos em caso de ausência de
expresso regramento sobre determinada norma”.

No artigo 37 da Constituição Federal encontraremos os princípios expressos ou básicos


da Administração Pública, sendo eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Eis o art. 37 da CF/88:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Não menos importantes que os princípios expressos constantes na Constituição Federal,


existem também os princípios implícitos ou reconhecidos, sendo alguns deles: autotutela,
continuidade dos serviços públicos, razoabilidade, proporcionalidade, motivação, segurança
jurídica etc. Esses princípios, em que pesem estarem implícitos na Constituição Federal,
poderão estar presentes na legislação ordinária, como ocorre, por exemplo, no art. 2º da Lei do
Processo Administrativo Federal – Lei nº 9.784/99.

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Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.

É de suma relevância esclarecer que não existe hierarquia entre os princípios


administrativos, ou seja, nenhum princípio prevalece sobre o outro, pois devem ser aplicados
de maneira harmônica e valorativa.

2. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
2.1 – ORIGEM
Este princípio tem sua origem no chamado Estado Democrático de Direito, isto é, o Estado
que é responsável pela criação das normas é também submisso a elas.
Conforme o magistério de Hely Lopes Meirelles:
“As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos
não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo de vontade ou vontade
conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez que contêm verdadeiros
poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos”.

Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello,


“enquanto o princípio da supremacia do interesse público e da indisponibilidade
é da essência de qualquer Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e
que lhe dá identidade própria, por isso, considerado princípio basilar do regime
jurídico-administrativo”.

Trata-se de um princípio que decorre diretamente da indisponibilidade dos bens e


interesses públicos, estando expresso no artigo 37 da Constituição Federal.

2.2 – CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO


O princípio da legalidade deve ser analisado sob dois critérios diferentes, a saber:
 Critério da subordinação da atividade administrativa à lei. Este critério é
aplicável no âmbito do Direito Público. Assim, na Administração Pública só será
possível fazer aquilo que a lei permitir ou determinar. O administrador público não
goza da autonomia da vontade humana, sendo sua vontade submissa à vontade do
legislador. Logo, para o administrador público não será suficiente a lei não proibir,
pois será necessário que ela permita ou determine. A atividade administrativa deve
não apenas ser exercida sem contraste com a lei, pois só pode ser exercida nos
termos da autorização contida no ordenamento jurídico. Significa dizer que o
administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos
mandamentos legais e às exigências do bem comum, e deles não pode afastar-se ou
desviar-se, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.

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 Critério da não contradição da lei. Este critério é aplicável no âmbito do Direito


Privado, norteando as relações particulares. Assim, para os particulares será lícito
fazer tudo aquilo que a lei não proibir, pois estes gozam da chamada autonomia da
vontade humana.

2.3 – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS


Art. 5º, inciso II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei”.
Art. 5º, inciso XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”.
Art. 150, inciso I: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas aos contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça”.

2.4 – LEI Nº 9.784/99 E A APLICAÇÃO DA LEGALIDADE EM SENTIDO


AMPLO
A lei do processo administrativo federal – Lei nº 9.784/99 dispõe que um dos critérios do
processo administrativo é a “atuação conforme a Lei e o Direito”.
Diante desse contexto, a doutrina e a jurisprudência há muito vem entendendo que o
princípio da legalidade deve ser aplicado em seu sentido amplo, não sendo suficiente só o
respeito à lei em sentido formal e estrito, mas também deve haver a submissão do
administrador público aos demais princípios jurídicos e aos atos normativos expedidos pela
própria Administração Pública, assim como deve também atender às exigências do bem
comum.
A professora Fernanda Marinela é bem esclarecedora quanto ao tema em foco:

“Atualmente, a jurisprudência brasileira reconhece o princípio da legalidade em


seu sentido amplo, condicionando-o não somente à aplicação da lei mas também das
regras constitucionais, permitindo-se o controle de legalidade de um ato e sua revisão
em face de qualquer espécie normativa, inclusive para realizar aplicação de princípios
e regras constitucionais. Assim a análise de conformidade de um ato administrativo,
com princípios como a razoabilidade, proporcionalidade, eficiência, além de outros
que estão implícitos ou explícitos no texto constitucional, também representa
controle de legalidade e, consequentemente, aplicação do princípio da legalidade em
sentido amplo”.

A doutrina e a jurisprudência vem denominando a aplicação do princípio da legalidade


em sentido amplo como sinônimo do princípio da juridicidade. A juridicidade é uma ampliação
do conteúdo tradicional da legalidade. Além de cumprir as leis ordinárias e leis
complementares, a Administração Pública está obrigada a respeitar o denominado bloco da
legalidade (Constituição, Emendas Constitucionais, demais princípios jurídicos, atos
normativos expedidos pela própria Administração).

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2.5 – RESTRIÇÕES PROVISÓRIAS OU EXCEPCIONAIS


A doutrina indica que em situações excepcionais previstas na Constituição Federal, o
princípio da legalidade poderá sofrer restrições provisórias, isto é, circunstâncias nas quais
direito e obrigações poderão ser criados sem a necessidade de lei formal. É o que ocorre, por
exemplo:
I. na edição de medidas provisórias pelo Presidente da República (art. 62 da CF/88), nos
casos de relevância e urgência;
II. na decretação dos estados de sítio e de defesa (arts. 136 e 137 da CF/88), utilizados
como instrumento para defesa do Estado e das instituições democráticas; e
III. na expedição de decretos autônomos (art. 84, VI, “b”, da CF/88), para a extinção de
funções e cargos públicos vagos.

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