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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE TAUBATÉ/SP

AUTOR: BENJAMIM
RÉUS: EMPRETEIRA E CONSTRUTORA FUNERAL E OUTROS

BENJAMIM, já qualificado nos presentes autos, advogando em nome


próprio os direitos metaindividuais discutidos nesta Ação Popular, vem à
presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 133 a 137 do
Código de Processo Civil, apresentar o presente:

INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


DA EMPRESA EMPREITEIRA E CONSTRUTORA FUNERAL

Com a citação pessoal do seu sócio majoritário LUIZ COPA, de


nacionalidade …, estado civil …, profissão …, portador do RG nº …, inscrito no
CPF nº …, residente e domiciliado á rua …, para na forma do art. 135 do
CPC/2015 manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze)
dias.

DOS FATOS QUE JUSTIFICAM O INCIDENTE


A Ação Popular foi proposta para o desfazimento dos atos da Inicial e que
em sede de Recurso Extraordinário o STF determinou que os valores de R$ 2,5
milhões fossem absolutamente restituídos para a municipalidade de Quiririm do
Sul acrescidos de 10% de ônus de sucumbência em favor do advogado,
respondendo o PREFEITO SALAME e a EMPREITEIRA E CONSTRUTORA
FUNERAL, de forma solidária, pelo débito total de R$2.750.000,00.

Na fase de Cumprimento de Sentença os devedores solidários foram


intimados para pagar, mas não o efetivaram.

É sabido que o prefeito não possui bens em seu nome e nem dinheiro em
conta bancária.

Ademais, a utilização fraudulenta da Pessoa Jurídica da Empreiteira


Funeral que durante o processo, passou todos os seus bens de forma errônea
para os sócios e, logo após encerrou as suas atividades, pedindo a sua
extinção de forma irregular.

Nesse sentido, através de pesquisa perante a Junta Comercial, foi


conhecido que a Empreiteira tinha como sócio majoritário o Sr. LUIZ COPA e
como sócio minoritário o seu irmão, o PREFEITO SALAME.

Por fim, em uma análise documental foi confirmado que todo o dinheiro da
empresa foi transferido para o Sr. LUIZ, que possui diversos investimentos e
um rico patrimônio com dezenas de imóveis, frisando ainda, a existência de um
montante alto disponível em suas contas correntes.

DO DIREITO
DO CABIMENTO DO INCIDENTE

Restou claro a utilização fraudulenta da empresa com o propósito de


lesar credores e para a prática de atos ilícitos, ensejando em desvio de
finalidade da Pessoa Jurídica, destaca-se ainda que não houve mera
inadimplência por parte da Pessoa Jurídica, mas sim uma verdadeira fraude
em seu nome, com a transmissão de todos os seus bens à pessoa do seu
principal sócio, o Sr. LUIZ COPA, vejamos o teor do dispositivo legal que da
ensejo ao pedido:

Artigo 50 do Código Civil:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade OU pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares
de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é


a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores
e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.

Isto posto, é notótio que no caso em análise, também ocorre a teoria que
predomina na doutrina e na jurisprudência brasileira, a ‘’Teoria Maior da
Desconsideração da Personalidade Jurídica’’, que exige que tenha ocorrido
comprovado abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade ou confusão
patrimonial e não mera ausência de bens penhoráveis ou a dissolução irregular
da sociedade.

Vejamos a jurisprudência do STJ sobre a Teoria Maior da


Desconsideração da Personalidade Jurídica:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL -


AÇÃO CONDENATÓRIA - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO
RECLAMO.

INSURGÊNCIA DO AUTOR.

“Esta Corte Superior firmou posicionamento no sentido de que,


nas relações civis-comerciais, aplica-se a Teoria Maior da
desconsideração da personalidade jurídica segundo a qual é
necessária a comprovação do abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, não sendo suficiente para tanto a ausência de bens
penhoráveis ou a dissolução da sociedade. Precedentes. 1.1. No
caso em tela, a Corte de origem entendeu que a ausência de
bens penhoráveis não demonstra abuso capaz de ensejar a
desconsideração da personalidade da empresa demandada.
Incidência das Súmulas 83⁄STJ e 7⁄STJ. Superior Tribunal de
Justiça STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL: AgInt no AREsp 1254372 MA 2018/0043897-8”.

Por sua vez, o Código de Processo Civil também reforça o pedido em


tela em seus artigos 133 a 137, não obstante, o art. 134 aborda de forma
específica sobre o Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica,
senão vejamos o teor do referido artigo:

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as


fases do processo de conhecimento, no cumprimento de
sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial.

Por fim, é sabido que são sujeitos à execução os bens do responsável,


no caso em tela, os bens do Sr. LUIZ COPAL, conforme o art. 790, VII do
Código de Processo Civil:
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da


personalidade jurídica.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) a citação do Sr. LUIZ COPA para que, querendo, se


defenda no presente incidente;
b) que Vossa Excelência julgue procedente o incidente para
que seja afastada a Personalidade Jurídica da EMPRESA
EMPREITEIRA E CONSTRUTORA FUNERAL e responsabilizados pelo
pagamento os seus sócios LUIZ COPA e PREFEITO SALAME, com a
ordem para que paguem a quantia de R$2.750.000,00 (sendo R$
2.500.000,00 referentes aos valores devolvidos à municipalidade e
R$250.000,00 referentes aos ônus sucumbenciais de 10%), com as
correções monetárias e juros desde a citação, ou não o fazendo, que
sejam penhorados tantos bens e direitos necessários à satisfação
integral do crédito.
c) requer, ainda, a intimação do representante do Ministério
Público para que funcione como custos legis, nos termos da lei.

Nestes termos, pede deferimento.

Local,
ZZ de ZZ de ZZZZ
________________________
DR. BENJAMIM
OAB/SP 54.321

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