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2. DA NULIDADE DE CITAÇÃO
A citação válida é o meio adotado pelo Código de Processo Civil para formar a relação
triangular processual, ao qual, devidamente citada, a parte tem direito a defender-se de
todos os argumentos aduzidos na inicial, sob a luz do princípio da eventualidade ou da
concentração de defesa.
Neste único ato, regularmente parte do processo o impugnante teria direito a se manifestar
sobre tudo que foi alegado, consagrando os princípios constitucionais da Ampla Defesa e do
Contraditório.
Porém, por ser uma ficção, a Pessoa Jurídica precisa estabelecer, no estatuto ou no contrato
social, a figura apta a responder e representá-la em situações adversas: compras, vendas,
cisões, fusões e é claro, judicialmente.
A citação de pessoa diversa a quem tenha poderes para representá-la em juízo é o mesmo
que citar uma pessoa física no vizinho. Ninguém representa a pessoa física quanto a ela
mesma, bem como ninguém mais representa a pessoa jurídica quanto a pessoa indicada em
seu Contrato Social ou Estatuto.
De acordo com o § 2º do artigo 248 do Código de Processo Civil, a citação da pessoa jurídica
deverá ocorrer, por meio de pessoa com poderes de gerência geral ou de administração
(representante legal) ou, ainda, por meio de funcionário responsável pelo recebimento de
correspondências, o que não ocorreu no caso dos autos. Nesse sentido:
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de
secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do
despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço
do juízo e o respectivo cartório.
E, no caso dos autos, verifica-se que a citação da Sra. Sirlene A. Cordeiro não se enquadra
em nenhuma das hipóteses previstas pelo § 2º do artigo 248, do Código de Processo Civil,
pois a mesma não é funcionária, gerente, administradora, sócia, diretora ou representante
legal da empresa, nem mesmo é conhecida da Ré, tornando-se inválida a citação.
prova que de a Sirlene não é funcionária
Quanto a necessidade da citação pessoal, entende o Superior Tribunal de Justiça que para a
dissolução de uma sociedade anônima de capital fechado se faz necessária a citação
PESSOAL de cada sócio:
Se a citação entre figuras que tem o vínculo de sócios com a sociedade por ações necessita
de citação PESSOAL, é inadmissível que se aceite a citação de uma Sociedade Anônima por
pessoa estranha que não é funcionária, gerente, administradora, sócia, diretora ou
representante legal da empresa.
Com a evolução do direito privado e infelizmente a existência de maus devedores, a
jurisprudência pátria adotou a teoria da aparência, conferindo validade à citação recebida
no endereço do devedor, mesmo que por pessoa que não tenha poderes expressos para tal.
Todavia, a teoria da aparência deve e sempre deverá ser interpretada como exceção a regra,
sendo a regra a necessidade da citação de quem tem poderes para receber a intimação ou
citação para representar a Pessoa Jurídica no processo.
Não apenas o Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado quanto tribunais de outros estados
admitem a flexibilização da aplicação da teoria da aparência quando recepcionada por
pessoa estranha:
Assim, o documento que considerou válido o ato citatório, possui vício de formalidade.
Por fim, ressalta-se que, nos termos do artigo 239, § 1º do CPC, o comparecimento
espontâneo da Ré supre a falta ou nulidade da citação. Sendo assim, a nulidade do referido
ato citatório contemplará apenas os atos praticados até o comparecimento espontâneo da
Ré nos autos, devendo fluir a partir desta data o prazo para apresentação da contestação.
DO ACORDO
Nestes termos,
Pedem deferimento.