Você está na página 1de 132

PROCESSOS ESPECIAIS EM

PROCESSO CIVIL
UFCD 10356
OBJETIVOS

✓ Definir Processo Especial em Processo Civil.


✓ Distinguir os vários processos especiais em Processo Civil.
✓ Caracterizar a tramitação processual dos vários processos
especiais.
✓ Organizar, instruir e movimentar um processo especial em
processo civil.
✓ Interpretar o Código de Processo Civil.
CONTEÚDOS
• Processo especial em código civil
❖Definição

• Tramitação processual em processos especiais


❖ Tutela da personalidade
❖Justificação da ausência
❖Acompanhamento de maiores
❖Prestação de caução
CONTEÚDOS

❖Consignação em depósito
❖Divisão de coisa comum
❖Divórcio e separação sem consentimento do outro cônjuge
❖Execução especial por alimentos
❖Liquidação da herança vaga em benefício do Estado
❖Prestação de contas
CONTEÚDOS

❖Regulação e repartição de avarias marítimas


❖Reforma de autos
❖Ação de indemnização contra magistrados
❖Revisão de sentenças estrangeiras

• Legislação aplicável
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL
➢ NORMAS PRIMÁRIAS E NORMAS INSTRUMENTAIS

A instrumentalidade é a principal característica do Processo Civil.

Para justificar esta afirmação, teremos de recorrer às normas primárias ou


substantivas que têm por função pautar a atuação dos sujeitos jurídicos de
acordo com valores sociais próprios.
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

O Código Civil é a principal norma de ordem substantiva ➔ os


sujeitos podem exigir determinados comportamentos ativos e
passivos e exercer poderes que, face ao direito substantivo,
podem ressalvar os seus interesses

normas instrumentais ou de direito adjetivo


INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL
ASSIM…

O Processo Civil, que consiste num direito adjetivo, destina-se a


garantir que aquilo que é previsto e regulado no direito
substantivo ganhe possibilidade ou efetividade prática.

Desta forma, existe a necessidade de recurso a uma entidade


imparcial e independente - os tribunais - que irão agir com base
em regras próprias de direito processual.
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

• Tratando-se de litígios no âmbito do Direito Privado, cabe ao


Direito Processual Civil reger o processo de execução destas
normas nos tribunais

Através deste processo, ir-se-á definir, em concreto, os


contornos da situação jurídica violada, tendo em vista a sua
situação nos termos do processo, sendo que, se necessário,
tomar-se-ão as medidas necessárias associadas à tutela da
situação jurídica em causa.
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

Temos duas fases:

➔Uma fase declarativa de definição do direito;

➔ Uma fase executiva de concretização do direito.


INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL
Artigo 817º do CC ➔ estabelece um princípio geral em que cada
um tem o direito de exigir o cumprimento da sua obrigação e de
executar o património do devedor.

Artigo 827º do CC ➔ fala-se em execução.

Artigo 830º do CC ➔ estabelece um caso de intervenção do


tribunal em que o mesmo não irá executar bens ou obrigar
alguém a entregar a prestação, mas sim substituir-se à parte e
emitir uma declaração negocial.
QUAL É QUAL?
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

O DIREITO PROCESSUAL CIVIL é um ramo de direito público


apesar de lidar com interesses privados, uma vez ser um direito
ligado à atividade de um Tribunal que é um órgão de soberania.

Visa promover a paz social e o interesse da sociedade.


INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL
➢ A PROIBIÇÃO DE AUTOTUTELA

O Direito Processual Civil impõe-se em função da autotutela


(artigo 1º do CPC) que consagra o princípio da proibição da
autodefesa.

A autotutela, só em situações excecionais, é admitida:


INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

• Ação direta - 336º do CC


• Estado de necessidade - 339º do CC;
• Legitima defesa - 337º do CC;
• Direito de resistência – 21º da CRP;
• Casos de perturbação ou esbulho do possuidor – 1277º do CC;
• Defesa do locatário - 1037/2º do CC;
• Comodatário – 1157º;
• Depositário – 1188º do CC.
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

NOTA ➔ Sendo respeitados os limites da autotutela, não existe


qualquer lugar a indemnização.

CONCLUINDO…
Em suma, a proibição da autotutela visa salvaguardar a paz
social; um sistema de justiça privada é impensável pois o mais
forte ganharia sempre face ao mais fraco.
A ESTRUTURA DO DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
➢ O PROCESSO COMO CONSEQUÊNCIA DOS ATOS

A palavra processo tem origem latina numa palavra que significa


“caminhar para a frente ou para um objetivo.”

Em Direito, quando se fala em processo, fala-se numa sequência


de atos jurídicos praticados pelas partes que estão ordenados
para um fim, que é desejavelmente uma decisão final de mérito
que será proferida por um ou mais juízes estaduais.
A ESTRUTURA DO DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
O processo civil é uma sequência de atos jurídicos ordenados
para a resolução de interesses privados comuns.

A expressão “processo civil” pode ser usada como o Direito


Processual Civil ou então como o ramo do Direito que cultiva o
estudo e o aperfeiçoamento destas normas. Neste âmbito, a
palavra processo pode ser ainda utlizada como sinónimo de uma
causa concreta.
A ESTRUTURA DO DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
A análise do CPC

O Código de Processo Civil tem 6 livros:

- Da ação das partes e do Tribunal;


- Do processo em geral;
- Do processo de declaração;
- Do processo de execução;
- Dos processos especiais;
- Do Tribunal arbitral necessário.
A FUNÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL
A sequência processual dirige-se a finalidades diversificadas,
consoante o tipo de pedido que o autor formula ao tribunal ao
instaurar o processo.

No título II do Livro I do CPC indicam-se as espécies de ações


(artigo 10º/1). Temos então:

• Ações declarativas;
• Ações executivas, em que, coercivamente, se pretende obter
a execução de um direito;
Que se distinguem pelo seu fim.
A FUNÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL
A FUNÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL

Assim…

O tipo de pedido formulado pelo autor constitui a


escolha da forma de tutela judiciária pretendida para a
realização do interesse que se afirma juridicamente
protegido pelas normas de direito material.
A FUNÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL

Prevê-se uma série de processos que, pela sua


especificidade (assim designada pelo legislador) se
consideram merecedores de regras e tramitação
próprias, apenas se recorrendo ao processo comum
naquilo que não lhes estiver previsto.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
Deste conjunto de processos constam apenas processos relacionados com
estados pessoais ou com pessoas.

No entanto ➔ No ordenamento jurídico português, os processos civis


especiais não se encontram todos regulados no Código de Processo Civil (na
área dos direitos das pessoas, os procedimentos tutelares cíveis e, na área
patrimonial, os designados “procedimentos destinados a exigir o
cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos de valor
não superior a € 15 000”. Estes procedimentos, que integram uma acção
declarativa especial – conhecida comummente pelo acrónimo AECOP – e a
injunção, são os procedimentos especiais mais utilizados na área
patrimonial.)
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ TUTELA DE PERSONALIDADE

• A personalidade jurídica consiste na suscetibilidade de uma pessoa


individual ou coletiva ser sujeito de direitos ou obrigações jurídicas. Todo
o ser humano singular, por força do princípio da dignidade da pessoa
humana que fundamenta a razão de ser da Constituição da República
Portuguesa (CRP), tem personalidade jurídica.

• A personalidade jurídica das pessoas singulares adquire-se, nos termos do


n.º 1 do art.º 66.º do Código Civil, no momento do nascimento completo e
com vida, cessando a mesma personalidade com a morte (n.º 1 do art.º
68.º do CC), sem prejuízo da tutela de direitos de personalidade de pessoa
falecida, ofendida no seu bom nome (art.º 71.º do CC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A personalidade jurídica de uma pessoa singular envolve a sujeição a
deveres e a titularidade de direitos, destacando-se de entre estes, os
direitos de personalidade (art.º 70.º e seguintes do CC), alguns dos quais
foram elevados à categoria de direitos fundamentais pelo facto de
constarem da Constituição da República:

a título de exemplo, o caso dos direitos à identidade pessoal, à capacidade civil, à


cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva de intimidade da
vida privada e familiar, dignidade pessoal e identidade genética (art.º 26.º da CRP).

• As pessoas individuais podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas,


salvo disposição legal em contrário e por isso mesmo dispõem de
capacidade jurídica (art.º 67.º do CC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• É também reconhecida personalidade jurídica às pessoas
coletivas, ou seja, entidades ou organizações humanas,
privadas ou públicas, criadas por decisão tomada, direta ou
indiretamente, por pessoas individuais, que visam a
prossecução de fins próprios ou institucionalizados, dispondo
para o efeito de capacidade de exercício, sendo titulares de
direitos ou de garantias institucionais e sujeitando-se ao
cumprimento de obrigações.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• As pessoas coletivas privadas organizam-se sob a forma de
fundações, associações e sociedades (art.º 157.º do CC).

• As pessoas coletivas públicas gozam, igualmente, de


personalidade jurídica e são titulares de garantias
institucionais. O Estado, as Regiões Autónomas, as autarquias
locais, as associações e fundações públicas, os institutos
públicos e as empresas públicas são exemplos de entidades
públicas com personalidade jurídica.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
O que é o processo especial de tutela da personalidade e para
que serve?

• O processo especial de tutela da personalidade tem como


objetivo a proteção dos chamados direitos de personalidade
(por ex., o direito ao nome, à imagem, à confidencialidade da
correspondência, à boa reputação, à intimidade da vida privada).

• Visa tentar evitar a consumação de uma ameaça a esses


direitos ou atenuar os efeitos da sua consumação.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Os direitos de personalidade são os direitos que asseguram
ao respetivo titular o uso de um bem pessoal ou a atuação de
um poder pessoal perante todas as demais pessoas (artigos
70º e ss do CC).

• Como objeto imediato, encontra-se uma parte da própria


esfera pessoal do indivíduo, relativamente à qual é atribuída
ao respetivo titular do direito, um domínio e,
consequentemente, um poder para proibir intromissões
alheias.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Implicam uma disponibilidade de meios jurídicos para a
realização da dignidade da pessoa, a qual é colocada como
sujeito deste direito absoluto.

O processo especial de tutela da personalidade – consagrado


nos artigos 878º a 880º do Código de Processo Civil– constitui o
meio adequado para requerer as providências aptas a evitar,
atenuar ou fazer cessar os efeitos da ofensa aos direitos de
personalidade (o direito ao nome, à imagem, à intimidade da
vida privada, à honra…).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Aplicam-se particularmente os princípios do inquisitório e da
equidade, já que o tribunal pode determinar as soluções que
considere mais convenientes e oportunas para a resolução do
caso concreto, nos termos dos artigos 878º e 879º do CPC.

• O pedido de providência é dirigido contra o autor da ameaça


ou ofensa, devendo ser apresentados todos os factos e
fundamentos que legitimem o pedido (isto é, a causa de
pedir).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Posteriormente, o juiz profere um despacho onde pode
indeferir ou deferir liminarmente a pretensão. Se deferir
liminarmente, marca imediatamente audiência, nos termos
do nº1 do artigo 879º do CPC, devendo a contestação ser
apresentada na própria audiência (artigo 879º, nº 2 do CPC).

• Nos casos do nº 5 do mesmo artigo pode ser proferida uma


decisão provisória, desde que o juiz fique convencido da
existência de «periculum in mora».
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• O processo especial de tutela de personalidade


apenas acautela a personalidade singular ou se
também pode tutelar a personalidade coletiva?
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A expressão “de ser humano” presente no artigo 878º do CPC
parece clarificar esta questão.

• Assim, a maioria da doutrina considera que este processo só


acautela a personalidade singular, na medida em que o facto
de a lei conferir estes direitos, com as necessárias
adaptações, a pessoas coletivas, isto não significa que este
meio de tutela tenha de proteger esses casos.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Quanto às providências em si, estas podem ser posteriores
(atenuantes) ou anteriores (preventivas) à consumação da
ofensa.

• Os pressupostos para o decretamento da providência são a


atuação ilícita (como consta no artigo 70º, nº1 do CC), a
verificação de um ato humano e voluntário. A existência de
danos e a culpa não são exigidos.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• As providências preventivas visam evitar lesões de


direitos de personalidade ➔ porém, tem de existir
uma ameaça ilícita e concreta

(por exemplo, a proibição de publicação de um determinado


livro ou artigo num jornal, proibição de acesso a registos, …)
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• No caso das providências atenuantes, a ofensa já se
consumou e o seu decretamento visa apenas atenuar os
efeitos que dela resultaram (por exemplo, a apreensão de
fotografias, a condenação na declaração de desmentido (casos muito
frequentes na comunicação social, principalmente revistas), …).

• É comum haver lugar também a tutela indemnizatória, com


base na responsabilidade civil extracontratual (artigo 483º e
seguintes do CC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
ALGUMA JURISPRUDÊNCIA

❑ O acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 15 de Maio de


2013 refere-se ao direito à honra, considerando que este
direito de personalidade subsiste após a morte.

❑ O Supremo Tribunal de Justiça proferiu, no dia 21 de Outubro


de 2014, um acórdão no qual traçava os limites entre a
liberdade de expressão/informação e o direito à honra e ao
bom nome.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
“A prevalência do direito à honra e ao bom-nome, no confronto
com o direito à liberdade de expressão e de informação,
relativamente a afirmações lesivas do mesmo, não se
compadece com as situações em que aquelas afirmações,
embora potencialmente ofensivas, sirvam o fim legítimo do
direito à informação e não ultrapassem o que se mostra
necessário ao cumprimento da função pública da imprensa.”.

➔ O direito a ser informado tem como referência o interesse público (a


utilidade social da notícia), e muitas vezes é difícil perceber quais os factos e
acontecimentos relevantes para a «vivência social».
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou que


“liberdade de imprensa constitui um dos vértices da liberdade
de informação, não podendo as autoridades nacionais, por
princípio, impedir o jornalista de investigar e recolher as
informações com interesse público, e de as transmitir”.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

❑ O acórdão do Tribunal da Relação do Porto, proferido no dia


12 de Outubro de 2015 refere-se ao direito ao repouso, à
tranquilidade e ao sono, considerando que estes, por serem
direitos de personalidade, são direitos absolutos e como tal,
sobrepõem-se aos demais, como é o caso do direito de
propriedade e ao exercício de uma atividade comercial, na
medida em que são imprescindíveis à existência.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

❑ A 29 de Junho de 2016, o Tribunal da Relação de Lisboa


proferiu um acórdão nos termos do qual um trabalhador que
veja ameaçado ou perturbado algum dos seus direitos
previstos no Código do Trabalho pode recorrer ao processo
especial de tutela da personalidade do trabalhador.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
CONCLUSÃO:

Assim, o processo especial de tutela da personalidade parece ser


o meio adequado para reagir contra as condutas anteriormente
referidas já que, ainda que os danos possam não ser totalmente
reparáveis, é o mecanismo possível para impedir que eles se
agravem (p.e. impedindo a continuação das ofensas ou a
divulgação de correspondência particular (seja ela verdadeira ou
não)), não obstante uma posterior indemnização em sede de
responsabilidade civil, como já foi referido.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• Independentemente do meio pelo qual as informações são


veiculadas, este processo especial atuará contra aquele que
profere as ofensas, o qual será também o sujeito da obrigação
de indemnizar a título de responsabilidade civil, avaliados os
danos causados.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ JUSTIFICAÇÃO DE AUSÊNCIA

• A instauração do regime da ausência justificada e a


consequente nomeação de um curador definitivo depende da
verificação de certos requisitos – ausência qualificada,
existência de bens carecidos de administração e certo período
de duração da ausência.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• De acordo com o artigo 99.º do Código Civil, a justificação da
ausência só pode dar-se quando a situação de ausência
qualificada tenha durado certo período de tempo mínimo ➔
a duração mínima da ausência é de dois anos, se o ausente
não deixou representante legal ou voluntário, e de cinco
anos, caso o ausente tenha deixado representante legal ou
voluntário.

• Estes prazos contam-se a partir da data em que se deixou de


saber do ausente.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Não constitui requisito da justificação da ausência a prévia
instauração do regime de curadoria provisória, sendo que, em
certos casos, essa precedência nem é possível.

• A justificação da ausência depende de ação judicial ➔ a lei


atribui legitimidade para instaurar essa ação ao Ministério
Público e a certos interessados: cônjuge não separado
judicialmente de pessoas e bens, herdeiros do ausente e
outras pessoas que tenham sobre os bens do ausente direito
dependente da condição da sua morte.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Neste contexto, o legislador já atribui mais relevância à
possibilidade de morte do ausente, como consequência direta
do prolongamento da duração da ausência.

• Assim sendo, na ausência justificada produzem-se efeitos


adicionais e o regime da curadoria assume uma nova
dimensão, sendo agora qualificada de definitiva.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• Como exemplo de efeitos específicos da ausência


justificada podemos apontar a possibilidade de
designação de um cabeça de casal, a requisição dos
testamentos do ausente pelo tribunal e a abertura
dos testamentos cerrados, entre outros (cfr. artigos
101.º e 103.º do Código Civil).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• MORTE PRESUMIDA ➔ constitui a última fase da ausência e «assenta no
prolongamento anormal da ausência e representa a inversão da
probabilidade que no seu início se estabelecia quanto à vida ou morte do
ausente». Esta fase não depende da prévia instituição da curadoria
provisória ou definitiva.

• A declaração de morte presumida pode ser requerida por qualquer


interessado, de entre os indicados no artigo 100.º. Para tanto, é
necessário que os pressupostos consignados no artigo 114.º se encontrem
preenchidos. Uma vez reunidos tais requisitos, verifica-se a presunção de
morte.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A declaração de morte presumida está dependente da constatação de
dois requisitos: a ausência qualificada e o decurso de certo período de
tempo de ausência.

• Permite pôr termo à situação de incerteza que a ausência prolongada


acarreta.

• O Ministério Público não tem legitimidade ativa para requerer a


declaração de morte presumida, uma vez que o que se pretende é
“ficcionar” a morte do ausente e, desta forma, obter a abertura da
sucessão e os efeitos patrimoniais inerentes.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• O processo de justificação da ausência está regulado


nos artigos 881.º a 885.º do Código Processo Civil ➔
trata-se de uma ação declarativa constitutiva, em
que se pretende a alteração da situação jurídica do
ausente, independentemente da sua vontade.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• Os tribunais materialmente competentes são os


tribunais judiciais (artigo 64.º do Código de Processo
Civil) e, de entre estes, os juízos locais cíveis.

• É territorialmente competente o tribunal do último


domicílio do ausente, nos termos do artigo 80.º, n.º
2, in fine, do Código de Processo Civil.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Podem requerer a justificação da ausência o
Ministério Público ou um dos seguintes interessados:

✓ o cônjuge não separado judicialmente de pessoas e


bens

✓ os herdeiros do ausente e todos os que tiverem


sobre os bens do ausente direito dependente da sua
morte.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Na petição inicial, o Ministério Público ou os interessados
deverão alegar os factos que caracterizam a ausência, sendo
que os interessados deverão, igualmente, alegar os factos dos
quais decorre a qualidade de interessado;

• Devem, ainda, requerer a citação do detentor dos bens, do


curador provisório, do administrador ou procurador, do
Ministério Público (se não for o requerente) e de quaisquer
interessados certos (artigo 881.º, n.º 1, do Código Processo
Civil).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• A citação do ausente e de interessados incertos


deverá ser requerida por éditos (artigo 881.º, n.º 1,
parte final, do Código Processo Civil).

• Nesta ação, será pedida a declaração da justificação


da ausência e, consequentemente, a entrega dos
bens do ausente.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Os citados podem contestar em 30 dias (artigo 882.º, n.º 1, do Código
Processo Civil). ➔ findo o prazo para contestar, é proferida decisão, nos
termos do artigo 883.º, n.º 2, do Código Processo Civil.

• A decisão que julga justificada a ausência é obrigatoriamente publicada


por editais, nos locais indicados no artigo 884.º, n.º 1, do Código Processo
Civil e por anúncio no jornal mais lido na comarca do tribunal onde foi
proferida a decisão, acrescendo ainda num dos jornais de Lisboa e Porto.

• Essa decisão só produzirá os seus efeitos decorridos quatro meses sobre a


data da sua publicação.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Decorrido o prazo, considera-se justificada a ausência e o
tribunal solicitará à Conservatória dos Registos Centrais
informação sobre eventuais testamentos deixados pelo
ausente (artigo 885.º, n.º 1, do Código Processo Civil).

• Existindo, o tribunal requisita certidão dos testamentos


públicos e diligencia para que a entidade competente seja
notificada do despacho que ordene a abertura de testamento
cerrado. Estando este aberto e registado, a respetiva certidão
é junta ao processo (artigo 885.º, n.º 2, do Código Processo
Civil e artigo 101.º).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se depois de aberto o testamento se constatar que o
requerente carece de legitimidade para pedir a justificação de
ausência, o prosseguimento da ação fica dependente de
requerimento por algum interessado (artigo 885.º, n.º 3, do
Código Processo Civil).

• Tratando-se de ação sobre o estado das pessoas, o valor da


ação é de 30.000,01€ (artigos 303.º, n.º 1, do Código de
Processo Civil e 44.º, n.º 1, da Lei da Organização do Sistema
Judiciário).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• O Ministério Público está isento de custas, ao abrigo


do artigo 4.º, n.º 1, alínea a), do Regulamento das
Custas Processuais.

• A justificação da ausência é obrigatoriamente


registada e averbada ao assento de nascimento do
ausente (artigos 1.º, n.º 1, alínea j), e 69.º, n.º 1,
alínea g), do Código do Registo Civil).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO

• A caução constitui uma garantia especial das obrigações, visa


satisfazer o interesse do credor.

• Á prestação de caução, enquanto garantia especial das


obrigações, são associadas finalidades como a de prevenir o
incumprimento de obrigações que possam vir a ser assumidas
por quem exerce determinadas funções, como requisito de
exercício de um determinado direito, ou para afastar o direito
de outra parte.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
Código Civil
Artigo 623.º
(Caução imposta ou autorizada por lei)

1. Se alguém for obrigado ou autorizado por lei a prestar caução,


sem se designar a espécie que ela deve revestir, pode a garantia
ser prestada por meio de depósito de dinheiro, títulos de crédito,
pedras ou metais preciosos, ou por penhor, hipoteca ou fiança
bancária.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A prestação de caução, enquanto processo especial em
processo civil, permite ao credor exigir a satisfação do seu
interesse, prevenindo o incumprimento, por parte do
devedor, da prestação devida.

• O artigo 906º do CPC prevê o requerimento para esta


prestação provocada de caução: “Aquele que pretenda exigir
a prestação de caução indica, além dos fundamentos da
pretensão, o valor que deve ser caucionado, oferecendo logo
as provas.”
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A prestação de caução, enquanto processo especial em
processo civil, permite ao credor exigir a satisfação do seu
interesse, prevenindo o incumprimento, por parte do
devedor, da prestação devida.

• O artigo 906º do CPC prevê o requerimento para esta


prestação provocada de caução: “Aquele que pretenda exigir
a prestação de caução indica, além dos fundamentos da
pretensão, o valor que deve ser caucionado, oferecendo logo
as provas.”
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Este processo especial vem regulado entre os artigos 906º e
911º do CPC.

• O requerido é citado para, no prazo de 15 dias, deduzir


oposição ou oferecer caução idónea, devendo indicar logo as
provas.

• Na contestação pode o réu limitar-se a impugnar o valor da


caução exigida pelo autor; se, porém, apenas impugnar este
valor, deve especificar logo o modo como pretende prestar a
caução, sob cominação de não ser admitida a impugnação.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Oferecida a caução ou indicado o modo de a prestar, pode o autor, em 15
dias, impugnar a idoneidade da garantia, indicando logo as provas de que
dispuser.

• Na apreciação da idoneidade da garantia tem-se em conta a depreciação


que os bens podem sofrer em consequência da venda forçada, bem como
as despesas que esta pode acarretar.

• Sendo impugnada a idoneidade da garantia oferecida, o juiz profere


decisão, após realização das diligências necessárias, aplicando-se o
disposto nos artigos 294.º e 295.º do CPC
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se a caução oferecida for julgada inidónea, devolve-se ao autor o direito
de indicar o modo da sua prestação, de entre as modalidades previstas
em convenção das partes ou na lei.

• O mesmo se o réu não contestar (devendo a revelia considerar-se


operante).

• Fixado o valor que deve ser caucionado e a espécie da caução, esta julga-
se prestada depois de efetuado o depósito ou a entrega de bens, ou
averbado como definitivo o registo da hipoteca ou consignação de
rendimentos, ou após constituída a fiança.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ CONSIGNAÇÃO EM DEPÓSITO

• A consignação em depósito consiste no depósito de quantia


ou coisa devida com o fim de liberar, de forma definitiva, o
devedor.
• O regime substantivo da consignação em depósito encontra-
se plasmado nos artigos 841.º a 846.º do Código Civil (CC).
• Por sua vez, o regime adjetivo da consignação em depósito
encontra-se regulado, como processo especial, nos artigos
916.º a 924.º do Código de Processo Civil (CPC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O devedor pode requerer ao tribunal do lugar do
cumprimento da obrigação a consignação da coisa
ou da quantia em dívida, declarando o concreto
motivo do depósito:

– (i) insegurança quanto à pessoa do credor (cfr. alínea a) do


n.º 1 do artigo 841.º do CC), ou

– (ii) mora do credor (cfr. alínea b) do n.º 1 do artigo 841.º


do CC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O depósito é feito judicialmente, antes da citação, e pode ter
como objeto dinheiro ou uma coisa.

• Como regra, o depósito é feito na Caixa Geral de Depósitos,


salvo se a coisa não puder ser aí depositada, caso em que é
nomeado depositário a quem se faz a entrega (cfr. n.º 2 do
artigo 916.º do CPC).

• Feito o depósito, é citado o credor para contestar dentro do


prazo de trinta dias.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se o credor, quando for citado para o processo de
consignação, já tiver proposto ação ou promovido
execução respeitante à obrigação, observa-se o
seguinte:

– (i) se a quantia ou coisa depositada for a pedida na ação


ou na execução, é esta apensada ao processo de
consignação e só este segue para se decidir sobre os
efeitos do depósito e sobre a responsabilidade pelas
custas, incluindo as da ação ou execução apensa;
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
– (ii) se a quantia ou coisa depositada for diversa, em quantidade ou
qualidade, da que é pedida na ação ou execução, é o processo de
consignação, findos os articulados, apensado ao da ação ou execução
e neste são apreciadas as questões suscitadas quanto ao depósito (cfr.
artigo 917.º do CPC).

• Se não for apresentada contestação pelo credor e a sua


revelia for operante, o tribunal declara extinta a obrigação e
condena o credor nas custas do processo (cfr. n.º 1 do artigo
918.º do CPC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ DIVISÃO DE COISA COMUM

• Artº 925º CPC ➔ “Todo aquele que pretenda pôr termo à


indivisão de coisa comum requer, no confronto dos demais
consortes, que, fixadas as respetivas quotas, se proceda à
divisão em substância da coisa comum ou à adjudicação ou
venda desta, com repartição do respetivo valor, quando a
considere indivisível, indicando logo as provas.”
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Nas situações de compropriedade ou contitularidade de
direitos, isto é, sempre que duas ou mais pessoas sejam
simultaneamente titulares do direito de propriedade ou de
outro direito sobre a mesma coisa, a lei faculta ao
comproprietário o direito de exigir a divisão da coisa comum.

• Em princípio, nenhum dos comproprietários é obrigado a


permanecer na indivisão ➔ só não será assim se se tiver
convencionado que a coisa se conserve indivisa.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Em qualquer caso, não pode convencionar-se a
indivisão por prazo superior a cinco anos, muito
embora, findo tal prazo, ele possa ser
sucessivamente renovado por novas convenções.

• A cláusula da indivisão é oponível em relação a


terceiros, mas, respeitando a coisas imóveis ou
móveis sujeitas a registo, deve ser registada para tal
efeito.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Apesar do sentido literal, a expressão “divisão da coisa
comum” nem sempre significa a divisão material da coisa
entre os comproprietários, por tal não ser materialmente
possível.

EXEMPLO: um carro compropriedade de três pessoas ➔ neste


caso, a sua concretização pode ocorrer adjudicando a coisa a um
dos comproprietários, mediante o pagamento aos demais do
valor correspondente às suas quotas, ou alienando-se a coisa a
um terceiro, distribuindo-se o valor correspondente entre todos
os consortes.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Sendo feita por acordo, a divisão é amigável, devendo
observar a forma exigida para a alienação onerosa da coisa
comum ➔ a divisão de prédio comum deve ser feita por
escritura pública ou documento particular autenticado.

• Não havendo acordo entre os consortes, a divisão é feita


judicialmente, através do processo de divisão de coisa
comum, previsto no Código de Processo Civil, entre os artigos
925º e 930º.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO SEM CONSENTIMENTO DO OUTRO
CONJUGE

• Os fundamentos para o divórcio sem consentimento de um


dos cônjuges estão assim previstos nos artigos 1773.º, n.º 3 e
1781.º, do Código Civil:
a) a separação de facto por um ano consecutivo;
b) a alteração das faculdades mentais do outro cônjuge,
quando dure há mais de um ano e, pela sua gravidade,
comprometa a possibilidade da vida em comum;
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

c) a ausência, sem que do ausente haja notícias, por


tempo não inferior a um ano;
d) quaisquer outros factos que, independentemente
da culpa dos cônjuges, mostrem a ruptura definitiva
do casamento.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O pedido de divórcio sem consentimento de um dos cônjuges
corre termos no tribunal de família e menores do domicílio ou
da residência do autor (artigo 72.º do Código de Processo
Civil), designando o juiz uma tentativa de conciliação sendo o
autor notificado e o réu citado para comparecerem
pessoalmente.

• Ou, no caso de estarem ausentes do continente ou da ilha


onde correr o processo, se fazerem representar por
mandatário com poderes especiais, sob pena de multa.*
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Algumas vezes, em face de uma situação de conflito
exacerbado entre os cônjuges, os advogados comparecem na
tentativa de conciliação munidos de procuração outorgando
poderes especiais sem que esteja verificada esta condição
(ausência do continente ou da ilha onde correr o processo).

• Neste caso, tendo em conta os objetivos da tentativa de


conciliação, deverá ser esta suspensa e designada outra data
com vista a assegurar a presença da parte, face à expressa
determinação desta disposição normativa (ubi lex non
distinguit nec nos dintinguere debemus).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O valor da ação considera-se sempre de valor equivalente à
alçada da Relação e mais € 0,01, como decorre do
preceituado nos artigos 303.º, n.º 1, e 546.º, 549.º e 931.º,
todos do CPC.

• No processo de divórcio sem consentimento do outro cônjuge


é obrigatória a constituição de advogado (artigo 40.º, n.º 1,
alínea a), do Código de Processo Civil), devendo o autor, no
final da petição, apresentar o rol de testemunhas e requerer
outros meios de prova.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se, chegados à audiência, o cônjuge réu também pretender o divorcio o
juiz procurará obter o acordo dos cônjuges para o divórcio por mútuo
consentimento ➔ o divórcio sem consentimento de um dos cônjuges
poderá assim ser convolado num divórcio por mútuo consentimento
procurando-se um entendimento quanto à regulação do exercício das
responsabilidades parentais dos filhos menores, os alimentos entre
cônjuges, o destino dado à casa de morada de família durante a
pendência do processo e a relação de bens comuns (artigo 994º Código de
Processo Civil)

– o processo passa a ser tramitado como divórcio por mútuo consentimento


requerido no tribunal (artigo 1775.º do Código Civil).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se a tentativa de conciliação não resultar uma vez
que o cônjuge réu afirma não se quer divorciar, é
notificado para, no prazo de trinta dias, contestar o
pedido de divórcio.

• Decorrido o prazo para a apresentação da


contestação, seguem-se os termos do processo
comum.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ EXECUÇÃO ESPECIAL POR ALIMENTOS

• A obrigação de prestação de alimentos consiste na obrigação


que algumas pessoas têm para com outras de lhes
fornecerem o mínimo necessário à sua subsistência. O artigo
2003º Cód. Civil delimita o objeto desta obrigação, definindo
o que se entende por alimentos: “tudo o que é indispensável
ao sustento, habitação e vestuário" e, no caso de existirem
filhos, compreende ainda “a instrução e educação do
alimentado”.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• As pessoas obrigadas a prestar alimentos são as que constam do artigo
2009º Cód. Civil, estando a obrigação de prestar alimentos dependente da
existência de um vínculo jurídico, nomeadamente o casamento,
parentesco, adoção, união de facto ou negócio jurídico.

• Em caso de incumprimento efetivo da obrigação de prestação de


alimentos, valem os meios gerais de execução para pagamento de quantia
certa, que constam dos artigos 274º e seguintes Cód. Processo Civil.

• Mas existem meios especiais de cumprimento forçado: o processo de


execução especial por alimentos, que consta dos artigos 933º a 937º do
Cód. Processo Civil.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O exequente (o credor) pode requerer a adjudicação de certas quantias,
vencimentos ou pensões que o executado (o devedor) esteja percebendo
ou a consignação de rendimentos de bens pertencentes a este, fazendo-
se a adjudicação e a consignação independentemente de penhora (933º
nº1 Cód. Processo Civil).

• No caso do exequente requerer a adjudicação de quantias, vencimentos


ou pensões, é notificada a entidade encarregue de pagar essas quantias,
vencimentos e pensões, para que esta entregue diretamente ao
exequente o montante da dívida, nos termos do artigo 933º nº2 Cód.
Processo Civil.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• No caso do exequente requerer a consignação de
rendimentos, este indica os bens sobre os quais há de incidir
a consignação e o agente de execução realiza a consignação
quanto aos bens que considere necessários para satisfazer a
dívida, nos termos do 933º nº3 do CPC.

• Nos termos do nº 5, a oposição por parte do executado nunca


suspende a execução.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• Quando tiver sido fixada a medida dos alimentos a prestar e o


exequente tiver procedido à consignação de rendimentos de
determinados bens, se se verificar que os rendimentos
consignados são insuficientes para assegurar aquela
obrigação, o exequente deve indicar outros bens para alargar
a consignação, nos termos do artigo 934º nº1 do CPC.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Por outro lado, se os rendimentos se mostrarem excessivos, o executado
tem direito a receber o excesso, estando o exequente obrigado a
entregar-lhe a quantia em excesso, ou então pode o executado requerer
que a consignação seja limitada a parte dos bens ou se transfira para
outros, nos termos do nº2.

• Adicionalmente, de modo a auxiliar o pagamento pontual das obrigações


de alimentos, o Código Penal pune a violação da obrigação de alimentos
no seu artigo 250º ➔ é punido quem atrasar a prestação devida mais do
que dois meses, quem não cumprir reiteradamente a obrigação e quem
não prestar o que é devido, estando em condições de o fazer e pondo em
perigo a satisfação das necessidades fundamentais do credor.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Pode acontecer que depois de fixados os alimentos, pelo
tribunal ou por acordo das partes, se modifiquem as
circunstâncias determinantes dessa mesma fixação.

• A modificabilidade da obrigação de alimentos resulta, desde


logo, do princípio de que as decisões podem ser alteradas
com base em circunstâncias supervenientes (artigo 988º nº1
Cód. Processo Civil).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O artigo 936º Cód. Processo Civil prevê o processo para a
cessação ou alteração da obrigação de alimentos.

• O seu nº1 vem dizer que havendo execução da obrigação de


alimentos, o pedido de alteração ou cessação da prestação
alimentícia deve ser deduzido por apenso àquele primeiro
processo.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Os interessados são convocados para uma conferência e caso
cheguem a acordo este é logo homologado por sentença;

• No caso de não chegarem a acordo, o pedido deve ser


contestado no prazo de 10 dias, seguindo-se à contestação os
termos do processo comum declarativo.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O artigo 937º Cód. Processo Civil contém uma garantia das prestações
vincendas, vindo dizer que uma vez vendidos bens para pagamento de um
débito de alimentos, não deve ordenar-se a restituição das sobras da
execução ao executado sem que se mostre assegurado o pagamento das
prestações vincendas até ao montante que o juiz, em termos de equidade,
considerar adequado, salvo se for prestada caução ou outra garantia
idónea.

• Quer um, credor, quer outro, devedor, deverão sempre ser


acompanhados de advogado.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ PRESTAÇÃO DE CONTAS

• Este processo especial está regulado nos artigos 941º e


seguintes do Código de Processo Civil (CPC) (952º)

• “A ação de prestação de contas pode ser proposta por quem


tenha o direito de exigi-las ou por quem tenha o dever de
prestá-las e tem por objeto o apuramento e aprovação das
receitas obtidas e das despesas realizadas por quem
administra bens alheios e a eventual condenação no
pagamento do saldo que venha a apurar-se”.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Artigo 573º do Código Civil – Obrigação de Informação

“A obrigação de informação existe, sempre que o titular de um


direito tenha dúvida fundada acerca da sua existência ou do seu
conteúdo e outrem esteja em condições de prestar as
informações necessárias.”

• Ação especial de prestação de contas é uma das formas de


exercício deste direito de informação.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A obrigação de prestação de contas é estruturalmente uma
obrigação de informação, que existe sempre que o titular de
um direito tenha dúvida fundada acerca da sua existência ou
do seu conteúdo e outrem esteja em condições de prestar as
informações necessárias (Artigo 573º do Código Civil) e cujo
fim é o de estabelecer o montante das receitas cobradas e
das despesas efetuadas, de modo a obter-se a definição de
um saldo e a determinar a situação de crédito ou de débito.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• A obrigação de prestar contar tem lugar todas as vezes que
alguém trate de negócios alheios ou de negócios, ao mesmo
tempo, próprios e alheios.

• Obrigação de dar contas em juízo tanto impende sobre


aquele que se recusa a prestá-las particularmente como sobre
aquele que, tendo-as oferecido extrajudicialmente, não
logrou vê-las aprovadas por quem tem o direito de as receber
ou exigir.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
EXEMPLO

• A emissão de uma procuração a favor de um terceiro. É perante a gestão


que a atribuição de poderes postula que se julgar a obrigação do
procurador de prestar contas ao representado e isto se ao representante
foram, pela procuração, atribuídos poderes representativos. Não pode o
procurador deixar de ser mandatário e, como tal, de ser titular dos
direitos e obrigações do mandatário/representante (1161º e 1178º CC).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Cabeça de Casal numa herança - Dispõe o art. 2079º do
Código Civil, que a administração da herança, até à sua
liquidação e partilha, pertence ao cabeça-de-casal sendo que
o que está em causa é a prestação de contas respeitante às
receitas e despesas que sejam da responsabilidade da
herança.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Na PI deve o autor dizer a razão por que se julga no direito de exigir a
prestação de contas e por que entende que sobre o réu impende a
obrigação de as prestar.

• Cabe àquele que invoca o direito a prestação de contas o ónus de provar


os factos constitutivos.

• O pedido de prestação de contas coenvolve, necessariamente, um pedido


de condenação no pagamento do eventual saldo final.
• Deve o autor concluir a petição requerendo que o réu seja citado para
apresentar as contas em 30 dias ou, no mesmo prazo, contestar a ação,
sob cominação de não poder deduzir oposição às contas que o autor
apresente (Art. 942º-1)
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Após a citação, o réu pode assumir uma de três posições:

I - Nada faz

II - Apresenta as contas

III - Contesta a obrigação de apresentar as contas


O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• I - SE O RÉU NADA FAZ:

• Pode o autor apresentar as contas no prazo de trinta dias subsequentes à


notificação da falta de apresentação (Art. 943º- 1)
• O Réu não é admitido a contestar as contas apresentadas, as quais são
julgadas segundo o prudente arbítrio do julgador, depois de obtidas as
informações e feitas as averiguações convenientes, podendo ser
incumbida pessoa idónea de dar parecer sobre todas ou parte das verbas
inscritas pelo autor (Art. 943º-2).
• Não é lícito ao réu eximir-se ao efeito preclusivo mediante a propositura
de ação de enriquecimento sem causa
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• As contas devem ser apresentadas sob a forma gráfica de
conta-corrente

• O juiz pode ordenar oficiosamente a correção de eventuais


irregularidades formais das contas apresentadas pelo autor,
bem como ordenar a junção de suporte documental para
comprovação destas (944º-2)
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Havendo dúvidas quanto às verbas da receita e/ou da
despesa, poderá o juiz:

- Obter informações e/ou documentos juntos de terceiros


- Obter informações e/ou documentos junto das partes
- Nomear perito para lhe dar parecer sobre parte ou todas as
verbas inscritas pelo autor
- Convidar quer o autor quer o réu a indicar testemunhas para
serem inquiridas sobre as verbas
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• II- O RÉU APRESENTA AS CONTAS:

• As contas são apresentadas também em forma de conta-


corrente

• O ónus da prova da exatidão das verbas das receitas e das


despesas incumbe à pessoa que presta as contas, no caso, ao
réu
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O autor pode contestar as contas do réu (945º-2):

i. impugnar as verbas de receita, alegando que esta foi ou


devia ter sido superior à inscrita;

ii. articular que há receita não incluída nas contas ou impugnar


as verbas de despesa apresentadas pelo réu;

iii. limitar-se a exigir que o réu justifique as verbas de receita ou


de despesa que indicar.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se o autor nada diz quanto a uma verba de receita apresentada pelo réu,
considera-se exata tal verba sem mais averiguações.
• Se o autor impugna a verba da receita, argumentando que a receita foi ou
devia ser superior à inscrita, cumpre ao autor fazer prova da sua alegação
.
• Se o autor não impugna expressamente a verba da receita, mas exprime
dúvidas sobre a sua exatidão e exige que o réu justifique a verba da
receita, o ónus da prova incide sobre o réu .

Seguem-se os termos do processo comum consoante o valor da ação (Arts.


591º e 597º).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• O autor não contesta as contas apresentadas pelo réu:

• O réu é notificado para oferecer as provas que entender e,


produzidas esta, o juiz decide (945º-3)

• Juiz ordena a realização de todas as diligências indispensáveis


(Art. 945º-5)

• Pode considerar justificadas sem documentos as verbas de


receita ou de despesas em que não é costume exigi-los (Art.
945º-5)
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ REGULAÇÃO E REPARTIÇÃO DE AVARIAS MARÍTIMAS (953º a
958º CPC)

• nas expedições de transportes marítimos acontecem


situações de dano, relativas ao navio ou à carga ➔ as
chamadas avarias, que geram conflitos de interesses entre os
envolvidos, principalmente no que tange a possibilidade de
repartição dos prejuízos.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• São apenas dois os tipos de avaria: a simples e a grossa.

• A avaria simples ➔ danos ocasionados durante a expedição,


atrelados a casos fortuitos ou de força maior, ou a ação
humana culposa ou dolosa.

• As avarias grossas ➔ oriundas de ação consciente humana,


visando repelir mal maior, em prol da conclusão exitosa da
expedição. Apenas estas geram a repartição dos prejuízos.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL

• A ação de avarias grossas só pode ser intentada


dentro de um ano, a contar da descarga, ou, no caso
de alijamento total da carga, da chegada do navio ao
porto de destino.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ REFORMA DOS AUTOS (959º A 966º do CPC)

• Petição para a reforma de autos:

- Tendo sido destruído ou tendo desaparecido algum processo,


pode qualquer das partes requerer a reforma, no tribunal da
causa, declarando o estado em que esta se encontrava e
mencionando, segundo a sua lembrança ou os elementos que
possuir, todas as indicações suscetíveis de contribuir para a
reconstituição do processo.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
- O requerimento é instruído com todas as cópias ou peças do processo
destruído ou desencaminhado, de que o autor disponha, e com a prova do
facto que determina a reforma, feita por declaração da pessoa em poder
de quem se achavam os autos no momento da destruição ou do extravio.

• O juiz marca dia para a conferência dos interessados, se, ouvida a


secretaria, julgar justificado o facto que motiva a reforma, e ordena a
citação das outras partes que intervinham no processo anterior para
comparecerem nesse dia e apresentarem todos os duplicados, contrafés,
certidões, documentos e outros papéis relativos aos autos que se
pretenda reformar.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se o processo não ficar inteiramente reconstituído por acordo
das partes, qualquer dos citados pode, no prazo de 10 dias,
contestar o pedido ou dizer o que se lhe oferecer sobre os
termos da reforma em que haja dissidência, oferecendo logo
todos os meios de prova.
• Produzidas as provas, ouvidos os funcionários da secretaria,
se for conveniente, e efetuadas as diligências necessárias,
segue-se a sentença, que fixa com precisão o estado em que
se encontrava o processo, os termos reconstituídos em
consequência do acordo ou em face das provas produzidas e
os termos a reformar.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se for necessário reformar os articulados, na falta de
duplicados ou de outros documentos que os comprovem, as
partes são admitidas a articular outra vez.

• Tendo sido proferidas decisões que não seja possível


reconstituir, o juiz decide de novo como entender.

• Se a reforma abranger a produção de provas, são estas


reproduzidas, sendo possível, e, não o sendo, substituam-se
por outras.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Se aparecer o processo original, nele seguem os termos
subsequentes, apensando-se-lhe o processo da reforma.
Deste processo só pode aproveitar-se a parte que se siga ao
último termo lavrado no processo original.

• Os autos são reformados à custa de quem tenha dado causa à


destruição ou extravio.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ AÇÃO DE INDEMNIZAÇÃO CONTRA MAGISTRADOS (arts
967º a 977º do CPC)

• Envolve uma responsabilidade pessoal e subjectiva dos


magistrados, de que o Estado se demarca (responsabilidade
pelos danos causados, em especial, quando haja condenação
por crime de suspeita, suborno, concussão ou prevaricação, e
nos casos de dolo e denegação de justiça).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Ações de regresso contra magistrados, propostas nos
tribunais judiciais, sendo subsidiariamente aplicável às ações
do mesmo tipo que sejam da competência de outros
tribunais.

• A ação é proposta na circunscrição judicial a que pertença o


tribunal em que o magistrado exercia as suas funções ao
tempo em que ocorreu o facto que serve de fundamento ao
pedido.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Recebida a petição, se não houver motivo para ser logo indeferida, é o
processo remetido pelo correio, sob registo e com aviso de receção, ao
magistrado arguido, para, no prazo de 20 dias, a contar do recebimento
do processo, dizer o que se lhe ofereça sobre o pedido e seus
fundamentos e juntar os documentos que entender.

• Até ao fim do prazo, o arguido devolve os autos pela mesma via, com
resposta ou sem ela, ou entrega-os na secretaria judicial.

• Se deixar de fazer a remessa ou a entrega, pode o autor apresentar nova


petição nos mesmos termos da anterior e o réu é logo condenado no
pedido.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Recebido o processo, decide-se se a ação deve ser admitida.

• Se a causa for da competência do tribunal de comarca, a decisão é


proferida dentro de 15 dias e se for da competência da Relação ou do
Supremo Tribunal de Justiça, os autos vão com vista aos juízes da secção,
por 5 dias e, em seguida, a secção resolve.

• O juiz ou o tribunal, quando não admitir a ação, condena o requerente em


multa e indemnização, se entender que procedeu com má-fé.

• Da decisão do juiz de direito ou da Relação que admita ou não admita a


ação cabe recurso.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Admitida a ação, é o réu citado para contestar, seguindo-se os
mais termos do processo comum.

• O relator exerce até ao julgamento todas as funções que


competem, em 1.ª instância, ao juiz de direito, sendo, porém,
aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 652.º.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
❖ REVISÃO DE SENTENÇAS ESTRANGEIRAS (arts. 978º a 985º
do CPC)

• A revisão e confirmação de sentenças estrangeiras é uma


ação judicial necessária para que as decisões proferidas por
tribunais estrangeiros possam ter eficácia em Portugal.

• É obrigatória a constituição de advogado.


O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• As sentenças proferidas por tribunais estrangeiros só tem eficácia na
ordem jurídica portuguesa depois de revistas e confirmadas pelo Tribunal
da Relação do Distrito Judicial em que esteja domiciliada a pessoa contra
quem se pretende fazer valer a sentença.

• Estabelece o artigo 978º do Código de processo civil, que sem prejuízo do


que se encontre estabelecido em tratados, convenções, regulamentos da
União Europeia e leis especiais, nenhuma decisão sobre direitos privados,
proferida por tribunal estrangeiro, produz efeitos em Portugal, seja qual
for a nacionalidade das partes, sem estar revista e confirmada.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• É dispensável a confirmação/revisão de sentenças/decisões
proferidas pelos tribunais dos países da União Europeia (salvo
algumas exceções), por força do Regulamento (CE) número
2201/2003 do Conselho, de 27/11/2003, relativo à
competência, ao reconhecimento e à execução de decisões
em matéria matrimonial e em matéria de responsabilidade
parental e que revogou o Regulamento (CE) número
1347/2000.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Requisitos necessários para a confirmação da sentença
estrangeira
• Para que a sentença seja confirmada é necessário: (Artigo
980º do CPC)
• Que não haja dúvidas sobre a autenticidade do documento de
que conste a sentença nem sobre a inteligência da decisão;
• Que tenha transitado em julgado segundo a lei do país em
que foi proferida;
• Que provenha de tribunal estrangeiro cuja competência não
tenha sido provocada em fraude à lei e não verse sobre
matéria da exclusiva competência dos tribunais portugueses;
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Que não possa invocar-se a exceção de litispendência ou de
caso julgado com fundamento em causa afeta a tribunal
português, exceto se foi o tribunal estrangeiro que preveniu a
jurisdição;
• Que o réu tenha sido regularmente citado para a ação, nos
termos da lei do país do tribunal de origem, e que no
processo hajam sido observados os princípios do
contraditório e da igualdade das partes;
• Que não contenha decisão cujo reconhecimento conduza a
um resultado manifestamente incompatível com os princípios
da ordem pública internacional do Estado Português.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Processos de revisão e confirmação de sentenças estrangeiras
que os clientes mais solicitam em Portugal

• Sentença de divórcio (consensual ou litigioso proferia em


Cartório ou no Tribunal).

• Escritura de união de facto (união estável confirmada por


escritura pública de declaração da união estável pelo Cartório
no estrangeiro).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Sentença de adoção.

• Sentença da Regulação das Responsabilidades Parentais.

• No entanto, todas as decisões (sentenças) proferidas por


Tribunais estrangeiros que precisem produzir os seus efeitos
em Portugal sejam elas de condenação cível, indemnizatória
ou outra tem de ser revistas/confirmadas pelo Tribunal
competente português.
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
• Documentos necessários para o processo de revisão de
sentenças estrangeiras, nomeadamente no caso de divórcio,
adoção e regulação das responsabilidades parentais:

- Certidão da decisão a rever/confirmar, com menção de trânsito


em julgado devidamente traduzida e legalizada (apostilada) no
caso dos países que aderiram á Convenção de Haia, ou
(certificada) no Consulado de Portugal no país proveniente (para
o caso dos países que não aderiram á Convenção de Haia).
O PROCESSO ESPECIAL EM CÓDIGO
CIVIL
- Certidão de nascimento dos intervenientes (apostilada ou certificada do
interveniente que não tenha a nacionalidade portuguesa).

- Cópia certificada dos documentos dos intervenientes.

- Identificação e morada das partes.

- Procuração forense.

NOTA: se ambas as partes forem requerentes (se ambos outorgarem a


procuração) evita-se a citação e o processo é tramitado bem mais rápido).
Como não se trata de um processo urgente suspende-se em férias judiciais.
Obrigado!

Você também pode gostar