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Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro - LINDB: vigência e eficácia da norma

Lei de Introdução às Normas De Direito Brasileiro - LINDB: Analogia, Costumes E Princípios


Gerais De Direito·.

Lei De Introdução às Normas de Direito Brasileiro - LINDB: Métodos De Interpretação Da Lei

Lei de Introdução às Normas De Direito Brasileiro - LINDB: Irretroatividade da Lei

Pessoa Natural: Personalidade Jurídica, Início E Fim·.

Pessoa Natural: Capacidade

Pessoa Natural: Emancipação

Pessoa natural: Incapacidade

Pessoa Natural: Morte Real e Morte Presumida

Ausência

Direitos da Personalidade

Pessoa jurídica: conceito e natureza jurídica

Pessoa Jurídica: Teorias da Ficção e Teorias da Realidade.·.

Classificação das Pessoas Jurídicas: Associações, Fundações e Sociedades·.

Desconsideração da personalidade jurídica

Domicílio e Residência.
O estudo da Lei de Introdução às normas de Direito Brasileiro – LINDB é muito importante
porque: a) se aplica a qualquer ramo do direito no Brasil; b) apresenta critérios de solução de
conflito de leis no tempo e no espaço; c) apresenta métodos de preenchimento de eventuais
lacunas na ordem jurídica e d) oferece instrumentos de interpretação da lei a partir de
princípios fundamentais da ordem jurídica.

Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB)

A Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro é uma norma de sobredireito, isto é, que
tem por objeto o próprio direito. Trata-se de Decreto-Lei que tendo deixado de existir como
modalidade normativa a partir da Constituição de 1988 foi recepcionado como lei ordinária e
data de 1942.

Esta lei contém 19 artigos, dos quais interessam ao Direito Civil neste momento do curso
apenas os seis primeiros artigos. Os demais artigos, isto é, do artigo 7º ao artigo 19 serão
estudados na Disciplina de Direito Internacional.

Os seis primeiros artigos cuidam de temas relevantes para toda a ordem jurídica e para todos
os ramos do direito e não apenas ao Direito Civil, por essa razão o nome de Lei de Introdução
às Normas de Direito Brasileiro.

São temas tratados por essa lei:

a) vigência da lei (art. 1º);

b) sistema de revogação (art. 2º);

c) obrigatoriedade de conhecimento da lei (art. 3º);

d) meios de integração de omissões da lei (art.4º);


e) método de interpretação da lei (art. 5º) e

f) irretroatividade da lei (art.6º).

Vigência da Lei – Art. 1º LINDB

LINDB - Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.

§1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia
três meses depois de oficialmente publicada.

§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.

§4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

O art. 1º determina que, em regra, toda lei entra em vigor 45 dias depois de oficialmente
publicada. A expressão lei usada no art.1º significa a norma produzida pelo Poder Legislativo
seja da União, do Estado ou do Município.

As espécies normativas que podem ser produzidas pelos entes federativos estão descritas no
art. 59 a 69, CF que disciplina o processo legislativo, ou seja, o modo de produção de leis.

A lei, portanto, como fonte primária do Direito e sua expressão primeira deve ser entendida
como uma regra geral, que se destina a todos os cidadãos indistintamente, heterônoma,
porque imposta pelo Estado, que a produz segundo a forma estabelecida pela Constituição da
República, sendo expressão da vontade da autoridade competente para produzi-la, imperativa,
na medida em que impõe uma conduta, um comportamento, que a sociedade considera
relevante e permanente no sentido de não se esgotar e nem desaparecer depois de seu
cumprimento pelo cidadão ou de sua aplicação pelo juiz.

A lei produzida pelo órgão competente e depois de examinada quanto a sua


constitucionalidade, será levada a promulgação pelo Presidente da República se for lei federal,
pelo Governador de Estado, se lei estadual ou pelo Prefeito, se municipal. Promulgada, a lei
será publicada no Diário Oficial da União, se lei federal; no Diário Oficial do Estado, se lei
estadual ou no Diário Oficial do Município, se municipal.

De acordo com o art. 1º da LINDB decorrido 45 dias da publicação a lei se torna obrigatória e
ninguém poderá alegar seu desconhecimento de acordo com o art. 3º. Esse prazo de 45 dias
estabelecido pela lei é chamado de vacatio legis ou vacância da lei. Trata-se de um prazo que o
legislador considerou razoável para que a comunidade tome conhecimento do novo
regramento.

Esse prazo não é absoluto. Observe-se a cláusula de exceção no art. 1º, ou seja, nem sempre o
prazo de vacatio legis é de 45 dias. É o legislador na cláusula de encerramento da norma que
estabelece o prazo. A cláusula de encerramento é o último artigo de uma lei. Veja-se o art.
2.044, CC.

O legislador poderá determinar, por exemplo, que a lei entre em vigor no dia da publicação ou
como o fez o legislador do Código Civil de 2002 estabelecer uma vacatio legis de um ano. Na
ausência dessa estipulação, aplica-se a regra do art. 1º que determina o prazo de 45 dias.

I - Vigência da lei brasileira em Estado estrangeiro

Cumpre observar que o §1º do art. 1º da LINDB estabelece que a obrigatoriedade da norma
brasileira passa a vigorar nos Estados estrangeiros, três meses após a publicação oficial em
nosso país.
II - Norma Corretiva

A norma corretiva é definida como “aquela que existe para afastar equívocos importantes
cometidos pelo comando legal, sendo certo que as correções do texto de lei já em vigor devem
ser consideradas como sendo lei nova” (TARTUCE, 2013).

Se antes de decorrido o prazo de vacância, a lei for republicada, isto é, ocorrer nova
publicação, estabelece-se novo prazo de vacância contado da nova publicação, conforme art.
1º, § 3º, LINDB, desconsiderando-se o prazo anteriormente decorrido.

O mesmo não acontece se decorrido o prazo da vacância, pois nesse caso, a lei já se tornou
obrigatória e se for publicada novamente com correção, ter-se-á uma nova lei, com o prazo de
vacância que lhe tiver sido estabelecido. O prazo será contado a partir dessa publicação (art.
1º, §4º, LINDB).

Um termo correlato a vigência que é a qualidade temporal da lei é o termo vigor. Vigência e
vigor não são sinônimos embora sejam termos que se relacionem, pois uma norma que tem
vigência tem também vigor. A vigência se relaciona à permanência temporal da lei e o vigor se
refere a sua força vinculante, obrigatória, imperativa. Assim toda lei que está vigente está em
vigor, mas pode ocorrer que uma lei não esteja mais vigente porque foi revogada, mas ainda
assim tem força vinculante.

É o caso do Código Civil de 1916 que não está mais vigente, porque foi substituído por outro
Código, o de 2002, mas ainda continua sendo de aplicação obrigatória para as situações
jurídicas que ocorreram na sua vigência.

Vigência, vigor e validade igualmente não são sinônimos. Enquanto vigência se refere ao
tempo da lei e vigor a sua força vinculante, a validade se refere à obediência do processo e
procedimento legislativo específico para aquela modalidade normativa.

Assim, se uma lei ferir o procedimento legislativo específico previsto na Constituição, depois
de decorrido o prazo davacatio legis, essa lei estará vigente e terá vigor, mesmo sendo
inválida, para o que será preciso posteriormente empregar os mecanismos de
inconstitucionalidade da lei.

Eficácia da lei

Apesar de uma lei estar vigente e, por conseguinte, estar em vigor não significa que ela seja
eficaz. Vigência, vigor, validade e eficácia são termos que se relacionam, mas não podem ser
tomados um pelo outro. A eficácia diz respeito à adequação social da lei, isto é, à produção dos
efeitos concretos desejados pelo Estado legislador.

Assim, uma lei será eficaz quando todos os cidadãos adotarem o comportamento social
desejado e tido pelo Estado como adequado. Se o comportamento perde reprovabilidade
social, ou seja, os cidadãos não encaram aquele comportamento como nocivo e deixam de
evitá-lo a lei perdeu sua eficácia.

A perda de eficácia de uma lei não lhe altera a vigência e nem o vigor. Exemplo dessa situação
normativa foi o adultério. Durante anos o adultério foi tipificado como crime pela legislação
penal e nada obstante a possibilidade de ser processado e punido pelo crime, o adultério não
deixou de ser praticado e as pessoas não eram processadas pelo crime.

A lei deixou de ser aplicada porque o comportamento perdeu a reprovabilidade social e as


pessoas passaram a encarar o adultério não mais como crime. A adoção desse comportamento
contrário fez com que a lei perdesse a sua eficácia, mas não sua vigência e nem seu vigor. Ela
continuou vigente até a sua revogação por outra lei.

Revogação da Lei – Art. 2º LINDB

LINDB - Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961)
§ 1º - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2º - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.

§ 3º - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.

Uma lei, depois tornada obrigatória pelo decurso do prazo da vacatio legis somente pode ser
revogada por outra lei, isto é, por outra produção normativa do Estado que retire da lei
anterior sua vigência, podendo, se for o caso ainda manter sua força vinculante para as
situações que ocorreram durante a sua vigência.

A revogação é o mecanismo pelo qual o Estado retira da ordem jurídica a norma que ele
mesmo produziu, suprimindo sua força obrigatória e, por conseguinte sua eficácia. A
revogação retira, portanto, a vigência da lei, mas não necessariamente sua força vinculante,
pois que ela poderá ser aplicada.

A revogação consiste, pois, na produção de uma nova lei que retira total ou parcialmente uma
lei que está em plena vigência. Quando a revogação da lei anterior é total ocorre o fenômeno
da ab-rogação. Assim, diz-se que a Lei X foi ab-rogada pela Lei Y. Se a revogação é parcial,
ocorre o fenômeno da derrogação e nesse sentido diz-se que a Lei X foi derrogada pela Lei Y.

Quando ocorre a ab-rogação, a nova lei substitui integralmente a lei anterior a que ela se
refere, que deixa de ter vigência, mas não necessariamente deixa de ter vigor ao passo que
quando ocorre a derrogação lei nova e lei velha coexistem, sendo aplicadas aos casos que
ocorrerem depois da publicação da lei nova, pois antes da publicação da lei revogadora não se
tem lei nova.

É importante observar que no direito brasileiro, apenas uma lei tem o poder de revogar outra
lei, o que quer significar que a perda da eficácia social da lei ou eventualmente o costume
contra legem não lhe retira a vigência e nem o vigor.

A revogação poderá ocorrer de forma expressa ou de forma tácita. Será expressa quando a lei
nova determinar em seu próprio texto que a lei anterior está revogada, cf. art. 2º, §1º,
primeira parte, da LINDB. A revogação será tácita quando, mediante processo de interpretação
da lei nova se constatar que ela é incompatível com a lei velha ou quando a lei nova
regulamentar de maneira inteiramente diferente a matéria contida na lei velha.
Perceba-se, assim, que existem duas causas que podem levar à revogação tácita da lei velha
pela lei nova: a) incompatibilidade ou b) regulamentação diferente da matéria. Se não ocorrer
nenhuma dessas situações não houve revogação tácita, disso decorrendo que a lei nova e a lei
velha devem coexistir e serem aplicadas aos casos em que incidem, cf. aliás o art. 2º, § 2º, da
LINDB.

O critério da incompatibilidade deve ser empregado quando os critérios cronológico,


hierárquico e da especialidade não se mostram seguros para apontar a revogação da lei velha.
O critério cronológico é aquele que determina que a toda lei posterior revoga a lei anterior.
Prevalece sempre a lei mais recente.

De outro lado, o critério da hierarquia é aquele que determina que a lei superior prevalece
sobre a inferior ao passo que o critério da especialidade é aquele segundo o qual a lei especial
revoga a lei geral, quando disciplina de forma diversa o mesmo assunto.

O critério que deve ser observado para a constatação da revogação tácita da lei velha é a sua
incompatibilidade em relação à lei nova. Havendo incompatibilidade parcial, terá ocorrido a
derrogação parcial e no caso de incompatibilidade total terá havido ab-rogação tácita da lei
velha.

Além de o costume não ter poder de revogar a lei, é importante observar que se a lei nova que
revogou a lei velha perder sua vigência, a lei velha não se restaura, ou seja, ela não retorna
automaticamente ao ordenamento jurídico. A restauração da lei velha quando a lei nova perde
sua vigência é chamada de repristinação. Assim, efeito repristinatório é a restauração de uma
lei revogada em razão da perda de vigência da lei revogadora.

Observe-se a redação do art. 2º, § 3º, da LINDB. A inexistência de efeito repristinatório é uma
regra geral no direito brasileiro, mas isso não significa dizer que ela não possa ocorrer, tendo
em vista a cláusula de exceção que abre a redação do art. “salvo disposição em contrário”.

Assim é possível que ocorra o efeito repristinatório, ou seja, é possível que a lei revogada
tenha sua vigência restaurada, mas para isso é preciso que haja alguma disposição na lei
revogadora determinando isso. Apenas razões de ordem política é que explicam o efeito
repristinatório
Referências

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, v.1.

__________________. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, v.5

GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Mancuso. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo:
Saraiva, 2009, v.1.

GOMES, Orlando. Introdução do direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. GONÇALVES,
Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2009, v.1. RODRIGUES, Silvio. Direito
civil. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 1.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil I: lei de introdução e parte geral. São Paulo: Método, 2013.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2009.


Exercícios:

FUNIVERSA - 2010 - CEB – Advogado

Salvo disposição em contrário, a lei ordinária entrará em vigor

na data da publicação, tanto no Brasil quanto no exterior, pois para a legislação ordinária não
há vacância da lei.

45 dias após a publicação, no Brasil, e, no exterior, três meses após a publicação.

CORRETO

O prazo de vacância da lei no Brasil é de 45 dias quando o legislador não dispuser em sentido
contrário e no exterior, o prazo de vacância é de 3 meses.

60 dias após a publicação, tanto no Brasil quanto no exterior.

45 dias após a publicação, tanto no Brasil quanto no exterior.

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