Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revisão – Aula 01
• Fundamentos do DIP; Fontes de DIP; Relação
entre DIP e direito interno. Direito dos
tratados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Fontes de DIP
• Fontes formais • Fontes materiais
Fontes tradicionais
• Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de
Justiça:
• Tratados
• Costumes
Tratados Internacionais
• “Tratado é todo acordo formal concluído entre
sujeitos de direito internacional, e destinado a
produzir efeitos jurídicos.” Rezek.
• “Acordo formal” = acordo POR ESCRITO (art. 2 CVDT,
1969). Tratados devem ter certa solenidade, certa
publicidade (art. 102 Carta da ONU). Deve haver
animus contrahendi.
• “entre sujeitos de DIP” – que tenham capacidade para
tal (direito de convenção)
• “destinado a produzir efeitos jurídicos”: meras
declarações ou acordos de cavalheiros não são
tratados.
• Fundado no pacta sunt servanda.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Costume internacional
• b) o costume internacional, como prova de
uma prática geral aceita como sendo o direito;
Costume internacional
• Elemento objetivo • Elemento subjetivo
(material) (psicológico)
• “prática geral” • “aceita como sendo o
• Prática reiterada pelos direito”
Estados. • Convicção de que a
prática é exigida pelo
Direito
• Opinio iuris (opinio iuris
sive necessitatis)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Abstenção de um Estado
• Se um Estado silencia perante a formação de
um costume, considera-se que ele consente
de maneira tácita com a formação da norma.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Costume internacional
• É, via de regra, geral, vale dizer, UNIVERSAL.
• Exceções:
• 1. Negador (objetor persistente). Estado que
protesta reiteradamente contra a prática não
está obrigado pelo costume.
• 2. Costume particular (regional ou bilateral)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Costume particular
• Costume regional • Costume bilateral
• Caso Haya de la Torre, • Caso Direito de
CIJ, 1951. Asilo Passagem por Território
diplomático na América Indiano, 1955. CIJ
Latina. Dissidente reconheceu a Portugal o
político peruano que se direito de passagem a
asilou na embaixada da seus enclaves na Índia.
Colômbia em Lima.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Costume particular
1. Exige-se que todas as partes envolvidas
manifestem aceitação positiva. O
consentimento não se presume pela mera
ausência de protestos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Surgimento do Costume
• Se o costume só existe quando uma prática é
considerada obrigatória pelo DIP, como surgirá
um costume se, anteriormente à sua formação, a
prática não era obrigatória?
• Pode-se dizer que o costume surge de um erro
dos Estados.
• Em algum momento, alguém crê que a prática é
obrigatória, reunindo, assim, os dois elementos
necessários para a formação do costume.
• É um caso de communis error facit jus (um erro
compartilhado produz normas)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Princípios
Princípios Gerais DE Direito Princípios Gerais DO Direito
• Princípios de Direito interno • PRINCÍPIOS DE DIP
adotados pela maioria dos • NÃO CONSTITUEM FONTES DE
DIP!
Estados. • Podem constituir normas por
• Ex: devido processo legal; meio de outras fontes, como
contraditório; ampla defesa. tratados, costumes ou mesmo
princípios gerais DE direito.
• O valor jurídico que é • Ex: autodeterminação do povos;
levado para a esfera não intervenção em assuntos
internos; igualdade jurídica entre
internacional. Ex: valor do os Estados (advêm de tratados,
direito adquirido, não a de costumes e de princípios
norma de direito interno gerais DE direito)
em si.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Equidade
• 2. A presente disposição não prejudicará a
faculdade da Corte de decidir uma questão ex
aequo et bono, se as partes com isto
concordarem.”
• Não são princípios jurídicos, são princípios de
justiça.
• DEVE HAVER CONSENTIMENTO DAS PARTES.
• Até hoje, a CIJ nunca julgou um caso
exclusivamente com base na equidade.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Decisões de Organizações
Internacionais
• Nem toda decisão de OI é fonte de DIP
• Para que o seja, deve estar prevista no Tratado
Constitutivo da organização
• Não necessariamente levam o nome de
“decisão”.
• Ex: Resoluções do CSNU (Art. 25 da Carta)
• Decisões do CMC, Resoluções do GMC e
Diretrizes da CCM (Protocolo de Ouro Preto)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Soft law
• “Soft law is not law”. Malcolm Shaw
• O soft law não possui caráter jurídico
vinculante.
• Natureza programática.
• Ex: Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948); Agenda 21 (1992);
Declaração de princípios (1992); Resoluções
da Assembleia Geral da ONU.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Jus cogens
• Na década de 1960, países socialistas e países em
desenvolvimento começaram a reivindicar maior
importância para algumas normas internacionais.
• Normas relativas à ordem pública internacional.
• O países desenvolvidos concordaram com o
pleito, desde que coubesse a um órgão judicial a
determinação de quais normas seriam
consideradas peremptórias.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Jus cogens
• Exemplos:
• Proibição da agressão (caso Nicarágua)
• Proibição da escravidão e do tráfico de escravos
• Proibição da tortura (caso obrigação de extraditar ou de
julgar)
• Proibição da pirataria
• Proibição do “apartheid” e da Discriminação Racial
• Princípio da autodeterminação dos povos (CDI)
• Princípio dos fundamentos de DIP Humanitário (v.g.,
proibição de crimes de guerra) (caso imunidades
jurisdicionais dos Estados)
• Proibição do genocídio (Caso atividades militares no
território do Congo)
• Proibição de crimes contra a humanidade
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Jus cogens
Carta da ONU
e res. CSNU
Demais normas
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Normas de Proibição
Proibição da
jus cogens da agressão
agressão
Dualismo jurídico
Direito interno DIP
• Sujeito: indivíduo • Sujeito: Estado
• Fonte: Estado • Fonte: vontade coletiva dos
• Estrutura de subordinação Estados
• Estrutura de coordenação
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Monismo jurídico
Com prevalência do direito Com prevalência do DIP
interno
• Jellinek – autolimitação do • Hans Kelsen – teoria da
Estado norma-base: a norma
fundamental (grundnorm)
• Max Wenzel – validade dos
seria uma norma costumeira
tratados decorreria das internacional, o pacta sunt
constituições dos Estados servanda. Mesmo as
• Direito interno prevaleceria constituições estatais
sobre o DIP em caso de fundamenta-se nessa norma.
antinomia. • Verdross; Duguit.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Constituição
– Tratados de
DH (CF art.
5º §3º)
Controle de convencionalidade
CADH – Caso Almonacid Vs Chile
Tratados de DH (2006)
LEI
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Hierarquia de normas
AULA 01
Constituição
– Tratados
de DH (CF
Jus cogens
art. 5º §3º)
Carta da Tratados de DH
ONU e res. Tratados em
matéria
CSNU tributária
Tratado internacional
• Artigo 2
• Expressões Empregadas
• 1. Para os fins da presente Convenção:
• a)“tratado” significa um acordo internacional
concluído por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, quer conste de um
instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua
denominação específica;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Tratados
• “qualquer que seja sua denominação
específica”
• Tratado de Assunção; Estatuto de Roma; Carta
da ONU; Pacto Internacional sobre Direitos
Civis Políticos; Convenção de Viena; Protocolo
de Ouro Preto; Constituição da OIT; Código de
Bustamante, entre outros.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Meios de manifestação de
consentimento
• “Artigo 11
• Meios de Manifestar Consentimento em Obrigar-
se por um Tratado
• O consentimento de um Estado em obrigar-se por
um tratado pode manifestar-se pela assinatura,
troca dos instrumentos constitutivos do tratado,
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou
por quaisquer outros meios, se assim acordado.”
• CONSENTIMENTO DEFINITIVO.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• Art. 2(1) d)“reserva” significa uma declaração
unilateral, qualquer que seja a sua redação ou
denominação, feita por um Estado ao assinar,
ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele
aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o
efeito jurídico de certas disposições do tratado
em sua aplicação a esse Estado;”
• Por meio de uma reserva, o Estado se desobriga
de alguns artigos do tratado.
• Só ocorrem em acordos multilaterais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• Estados A, B e C • Se o Estado A apõe
assinam um tratado reservas aos artigos 4 e
com os artigos: 5, o tratado, para A,
• 1. (...) será:
• 2. (...) • 1. (...)
• 3. (...) • 2. (...)
• 4. (...) • 3. (...)
• 5. (...)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• CVDT Art. 19: “Um Estado pode, ao assinar, ratificar,
aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular
uma reserva, a não ser que:
• a)a reserva seja proibida pelo tratado;
• b)o tratado disponha que só possam ser formuladas
determinadas reservas, entre as quais não figure a
reserva em questão; ou
• c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva
seja incompatível com o objeto e a finalidade do
tratado.”
• Caso o tratado seja omisso quanto à possibilidade ou
impossibilidade de aposição de reservas, estas PODEM
ser feitas, desde que compatíveis com o objeto e a
finalidade do tratado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• Um tratado pode proibir reservas
• Ex: Estatuto de Roma, art. 120: “Não são admitidas reservas
a este Estatuto.”
• Um tratado pode permitir apenas algumas reservas.
• Ex: Protocolo Facultativo II ao Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos contra a Pena de Morte Art. 2 (1):
“Não é admitida qualquer reserva ao presente Protocolo,
exceto a reserva formulada no momento da ratificação ou
adesão que preveja a aplicação da pena de morte em
tempo de guerra em virtude de condenação por infração
penal de natureza militar de gravidade extrema cometida
em tempo de guerra. O Brasil formulou essa reserva.”
• Não podem ser apostas reservas a normas de jus cogens.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
• “Artigo 20
• 1. Uma reserva expressamente autorizada por
um tratado não requer qualquer aceitação
posterior pelos outros Estados contratantes, a
não ser que o tratado assim disponha.
• 3. Quando o tratado é um ato constitutivo de
uma organização internacional, a reserva exige a
aceitação do órgão competente da organização, a
não ser que o tratado disponha diversamente.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• PELA CVDT:
• Reserva expressamente permitida: é permitida
• Reserva expressamente proibida: é proibida
• Se apenas algumas reservas são expressamente
permitidas, as demais são proibidas.
• Tratado omisso: cabe às partes aceitar ou objetar.
• Se pelo menos um Estado-parte aceitar, a
reserva produzirá efeitos (o artigo reservado não
vinculará o Estado que formulou a reserva).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• CVDT “Artigo 22
• Retirada de Reservas e de Objeções às Reservas
• 1. A não ser que o tratado disponha de outra
forma, uma reserva pode ser retirada a qualquer
momento, sem que o consentimento do Estado
que a aceitou seja necessário para sua retirada.
• 2. A não ser que o tratado disponha de outra
forma, uma objeção a uma reserva pode ser
retirada a qualquer momento.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• CVDT “Artigo 23
• Processo Relativo às Reservas
• 1. A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a objeção a
uma reserva devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos
Estados contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de
se tornar partes no tratado.
• 2. Uma reserva formulada quando da assinatura do tratado sob
reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, deve ser
formalmente CONFIRMADA pelo Estado que a formulou no
momento em que manifestar o seu consentimento em obrigar-se
pelo tratado. Nesse caso, a reserva considerar-se-á feita na data de
sua confirmação.
• 3. Uma aceitação expressa de uma reserva, ou objeção a uma
reserva, feita antes da confirmação da reserva não requer
confirmação.
• 4. A retirada de uma reserva ou de uma objeção a uma reserva
deve ser formulada por escrito.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• No final de 2013, a CDI publicou seu relatório
sobre reservas. O documento, aprovado pela
Assembleia Geral da ONU, consiste em
atualização e complementação dos escassos
artigos presentes na Convenção de Viena.
• Como determinar se uma reserva é
compatível com o objeto e finalidade do
tratado?
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• Se a reserva for inválida, o Estado formulador
pode optar:
• 1. Por fazer parte do tratado sem a reserva;
• 2. Por não fazer parte do tratado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Reservas
• Reserva ≠ Declaração interpretativa
• Declaração interpretativa: Estado está vinculado pelo
artigo, mas deixa claro a interpretação que adota.
• Ex: Ao depositar a Carta de Adesão à Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José
da Costa Rica), em 1992, o Governo brasileiro fez a
seguinte declaração interpretativa sobre os artigos 43 e
48, alínea "d":
• "O Governo do Brasil entende que os artigos 43 e 48,
alínea "d", não incluem o direito automático de visitas
e inspeções "in loco" da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência
expressa do Estado".
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Interpretação de tratados
• Artigo 31
• Regra Geral de Interpretação
• 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido
comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de
seu objetivo e finalidade.
• 2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto
compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos.
• 3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:
• a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação
do tratado ou à aplicação de suas disposições;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Interpretação de tratados
• Artigo 32
• Meios Suplementares de Interpretação
• Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação,
inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às
circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o
sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de
determinar o sentido quando a interpretação, de
conformidade com o artigo 31:
• a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou
• b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou
desarrazoado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Interpretação de tratados
• Prova Diplomacia 2003:
• O artigo 33 (1) do tratado constitutivo da Organização das
Nações Unidas (ONU) assim dispõe: “As partes em uma
controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à
segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a
uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação,
arbitragem, solução judicial, recursos a entidades ou acordos
regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha”
(ênfase acrescida). A expressão sublinhada é a versão oficial
(português) feita pelo governo brasileiro da Carta da ONU
[algumas versões autênticas da mesma expressão foram assim
lavradas: inglês (“first of all”); francês (“avant tout”); espanhol
(“ante todo”)]. Tendo em vista a proscrição da guerra como
forma lícita de condução das relações internacionais, como
interpretar a expressão?
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Interpretação de tratados
• Versão oficial ≠ versão autêntica
• Tratado é AUTENTICADO em uma ou mais línguas.
Tratados celebrados sob a égide da ONU são
publicados nas 6 línguas oficiais da organização
(inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo).
• Governo brasileiro, ao publicar, no DOU, um tratado
que não foi autenticado em português, o faz em
língua portuguesa. Essa versão do tratado é OFICIAL,
mas não é autêntica.
• Versão oficial pode ser invocada perante tribunais
internos, mas perante tribunais internacionais,
apenas versões autênticas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Interpretação de tratados
• CVDT “Artigo 33
• Interpretação de Tratados Autenticados em Duas
ou Mais Línguas
• 1. Quando um tratado foi autenticado em duas
ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em
cada uma delas, a não ser que o tratado disponha
ou as partes concordem que, em caso de
divergência, prevaleça um texto determinado. (...)
• 3. Presume-se que os termos do tratado têm o
mesmo sentido nos diversos textos autênticos.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
• CVDT “Artigo 34
• Regra Geral com Relação a Terceiros Estados
• Um tratado não cria obrigações nem direitos
para um terceiro Estado sem o seu
consentimento.”
• Pacta tertiis nec nocent nec prosunt.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
• CVDT “Artigo 35
• Tratados que Criam Obrigações para Terceiros
Estados
• Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de
uma disposição de um tratado se as partes no
tratado tiverem a intenção de criar a obrigação
por meio dessa disposição e o terceiro Estado
aceitar expressamente, por escrito, essa
obrigação.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
• CVDT “Artigo 36
• Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados
• 1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma
disposição de um tratado se as partes no tratado
tiverem a intenção de conferir, por meio dessa
disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer
a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os
Estados, e o terceiro Estado nisso consentir. Presume-
se o seu consentimento até indicação em contrário, a
menos que o tratado disponha diversamente.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Predeterminada Superveniente
• Prazo de vigor determinado • Não há previsão de término
• Condição resolutiva de no tratado
vigência
• Decorrente da execução
integral do objeto do
tratado
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Extinção de tratados
• Redução das Partes num Tratado Multilateral
aquém do Número Necessário para sua Entrada
em Vigor
• Artigo 55
• A não ser que o tratado disponha diversamente,
um tratado multilateral não se extingue pelo
simples fato de que o número de partes ficou
aquém do número necessário para sua entrada
em vigor.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Denúncia de tratado
• Tratados que determinam situação jurídica objetiva (tratados reais ou
dispositivos) não estão sujeitos a denúncia. Ex: tratados de limites.
• Nos demais tratados, a denúncia pode ser permitida pelo tratado (pode
estipular condições e prazos para que a denúncia gere efeitos).
• CVDT “Artigo 56
• Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre
Extinção, Denúncia ou Retirada
• 1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não
prevê denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser
que:
• a)se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia
ou retirada; ou
• b)um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do
tratado.
• 2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a
sua intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do
parágrafo 1.” [Prazo de acomodação]
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Consequências da Nulidade de um
Tratado
• “Artigo 69
• 1. As disposições de um tratado nulo não têm eficácia
jurídica. [ab initio; ex tunc; retroativa]
• 2. Se, todavia, tiverem sido praticados atos em virtude
desse tratado:
• b)os atos praticados de boa fé, antes de a nulidade haver
sido invocada, não serão tornados ilegais pelo simples
motivo da nulidade do tratado.
• 3. Nos casos previsto pelos artigos 49, 50, 51 ou 52, o
parágrafo 2 não se aplica com relação à parte a que é
imputado o dolo, o ato de corrupção ou a coação.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
• CVDT “Artigo 70
• 1. A menos que o tratado disponha ou as partes
acordem de outra forma, a extinção de um, tratado,
nos termos de suas disposições ou da presente
Convenção:
• a)libera as partes de qualquer obrigação de continuar a
cumprir o tratado; [ex nunc; não retroativo]
• b)não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação
jurídica das partes, criados pela execução do tratado
antes de sua extinção.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Depositário
• CVDT “Artigo 77
• 1. As funções do depositário, a não ser que o tratado disponha ou os
Estados contratantes acordem de outra forma, compreendem
particularmente:
• a)guardar o texto original do tratado e quaisquer plenos poderes que
lhe tenham sido entregues;
• b)preparar cópias autenticadas do texto original e quaisquer textos do
tratado em outros idiomas que possam ser exigidos pelo tratado e
remetê-los às partes e aos Estados que tenham direito a ser partes no
tratado;
• c)receber quaisquer assinaturas ao tratado, receber e guardar quaisquer
instrumentos, notificações e comunicações pertinentes ao mesmo; (...)
• e)informar as partes e os Estados que tenham direito a ser partes no
tratado de quaisquer atos, notificações ou comunicações relativas ao
tratado; (...)
• g)registrar o tratado junto ao Secretariado das Nações Unidas; (...)”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 01
Dúvidas e atualidades
QUESTÕES INÉDITAS
Questão 1
a) A Corte Internacional de Justiça aplica a teoria dos dois elementos no que diz respeito ao costume
internacional. Isso significa que, para além do usus, a opinio iuris é elemento imprescindível para a
comprovação da existência da norma não escrita.
b) Conforme autorizado pelo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os juízes da Haia podem aplicar
automaticamente os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas e o ex aequo
et bono, como fontes autônomas de direito das gentes.
c) Um estado que proteste reiteradamente contra uma norma costumeira recém-formada pode ser
considerado um negador persistente, o qual não estará vinculado pela norma internacional.
d) Um costume internacional de aplicabilidade regional vincula todos os estados da região, com
exceção dos que se configurarem como negadores persistentes.
Questão 2
Julgue certo ou errado os itens a seguir acerca das fontes de direito internacional:
a) A doutrina dos publicistas mais renomados e a jurisprudência internacional são fontes subsidiárias
expressamente previstas no Estatuto da Corte Internacional de Justiça.
b) A Corte Internacional de Justiça não pode recorrer à jurisprudência de tribunais domésticos para
embasar suas decisões. Afinal, o direito interno é mero fato para o direito internacional, o que
significa que não compõe o rol de fontes de direito das gentes.
c) A equidade foi inserida no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça com o objetivo de
evitar o non liquet.
d) Em 1949, no julgamento do caso do Estreito de Corfu, a Corte Internacional de Justiça reconheceu as
“considerações básicas de humanidade” como princípio de direito internacional, conforme previstos
no artigo 38 de seu estatuto.
Questão 3
Julgue certo ou errado os itens a seguir acerca das fontes de direito internacional:
a) O costume internacional pode ser extinto ou modificado por um tratado posterior, mas um tratado
não pode ser revogado por um costume posterior. A razão para isso radica-se no princípio da
primazia do direito codificado.
b) Os atos de organizações internacionais, que podem tomar forma de resolução, decisão ou diretriz,
são fontes extra estatutárias de direito das gentes quando previstos no tratado constitutivo da
organização ou quando adotados por unanimidade.
professorpedrosloboda@gmail.com
c) Os atos unilaterais em sentido estrito são manifestações públicas de vontade, individuais ou
coletivas, realizadas por um ou mais sujeitos de direito internacional, destinadas a produzir efeitos
jurídicos. Eles podem tomar diversas formas e podem ser expressos ou tácitos.
d) Os princípios do pacta sunt servanda do estoppel fundamentam a obrigatoriedade dos atos
unilaterais.
Questão 4
a) Por mais que haja muitas similitudes entre eles, as normas aplicadas aos atos convencionais não
podem ser transpostas para os atos unilaterais. Dessa forma, a Comissão de Direito Internacional,
em seus trabalhos sobre atos unilaterais, adotou um paralelismo flexível com o regime de Viena.
b) A reação de outros estados ou da comunidade internacional são essenciais para a determinação dos
efeitos jurídicos e do alcance das obrigações decorrentes de um ato unilateral, mas não constituem
condição sine qua non para a criação dessas obrigações.
c) Um ato unilateral deve ser interpretado de boa-fé, de acordo com o sentido comum atribuído aos
seus termos, em seu contexto e à luz da intenção de seu autor. De toda forma, deve-se aplicar a eles
uma interpretação restritiva.
d) Em decorrência da própria natureza dos atos unilaterais, eles podem ser, a qualquer tempo,
formulados e extintos pela vontade unilateral de um estado.
Questão 5
a) O soft law, apesar de não aceito unanimemente pela doutrina, é reconhecido pela Corte
Internacional de Justiça como importante fonte auxiliar de direito das gentes.
b) A noção de normas imperativas de direito internacional geral consolida um núcleo duro do direito
das gentes, o qual não pode ser revogado nem modificado.
c) Apesar de fundado no direito natural, o jus cogens encontra respaldo no direito positivo e é
reconhecido e aplicado pela Corte Internacional de Justiça.
d) O gentlemen’s agreement é uma espécie de convenção internacional que cria apenas obrigações de
soft law, porque fundado na honra dos estadistas e não no pacta sunt servanda.
Questão 6
a) Por mais que não previsto no Estatuto da Corte Internacional de Justiça, a analogia é reconhecida
pela doutrina e pela jurisprudência internacional como fonte de direito das gentes.
b) As normas de ius cogens e as obrigações derivadas da Carta da ONU gozam de superioridade
hierárquica com relação às demais normas internacionais, conforme reconhecido pela jurisprudência
da Corte Internacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
c) O Brasil é dualista moderado no que diz respeito à aplicabilidade interna do direito das gentes.
d) O costume internacional não precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional para ter aplicabilidade
no direito brasileiro.
6- EECC
5 -EECE
4–CCCE
3–EECE
2–CEEE
1–CEEE
GABARITO
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD – 2009) O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ) relaciona o que se costuma
designar por fontes do direito internacional público, a serem aplicadas para a resolução das controvérsias
submetidas àquela Corte. Acerca desse tema e da jurisdição da CIJ, julgue (C ou E) os seguintes itens.
A) Como o artigo 38 do Estatuto da CIJ lista as fontes em estrito nível hierárquico, os tratados devem
sempre ter precedência sobre os costumes.
B) Pacta sunt servandae e res iudicata são princípios gerais de direito aceitos pela CIJ e discutidos em
casos a ela submetidos.
C) Atos unilaterais dos Estados, tais como o protesto e o reconhecimento de Estado, apesar de serem
frequentes nas relações internacionais e de criarem efeitos jurídicos, não são considerados pela CIJ na
decisão de controvérsias, já que não constam da lista do artigo 38 do referido estatuto.
D) Uma vez que a existência de um costume internacional é reconhecida mediante a comprovação de
uma “prática geral aceita como sendo o direito”, um Estado pode lograr obstar a aplicação de um
costume por meio de atos que manifestem sua “objeção persistente” à formação da regra costumeira, a
menos que esta tenha caráter imperativo (ius cogens).
(CACD 2010) Com relação às fontes do direito internacional público, julgue C ou E.
(CACD – 2010) Como antecipou Joaquim Nabuco, a escravidão e o tráfico de escravos, graves violações aos
direitos humanos, estão hoje proscritos pelo direito internacional. À luz das normas de direito internacional
aplicáveis ao tema, julgue C ou E.
(CACD – 2010) Recentemente, o processo de ratificação da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados,
após quarenta anos de sua firma, foi concluído pelo Brasil
(CACD 2012) Considerando as fontes de direito internacional público previstas no Estatuto da Corte
Internacional de Justiça (CIJ) e as que se revelaram a posteriori, bem como a doutrina acerca das formas de
expressão da disciplina jurídica, assinale a opção correta.
a) De acordo com o Estatuto da Corte da Haia, a equidade constitui, apesar de seu caráter impreciso,
fonte recorrente e prevista como obrigatória na resolução judicial de contenciosos internacionais.
b) A expressão não escrita do direito das gentes conforma o costume internacional como prática
reiterada e uniforme de conduta, que, incorporada com convicção jurídica, distingue-se de meros usos
ou mesmo de práticas de cortesia internacional.
c) As convenções internacionais, que podem ser registradas ou não pela escrita, são consideradas,
independentemente de sua denominação, fontes por excelência, previstas originariamente no Estatuto
da CIJ.
d) Em face do caráter difuso da sociedade internacional, bem como da proliferação de tribunais
internacionais, verifica-se no direito internacional crescente invocação de decisões judiciais
antecedentes, arroladas como opinio juris, ainda que não previstas no Estatuto da CIJ.
e) Ainda que não prevista em tratado ou no Estatuto da CIJ, a invocação crescente de normas
imperativas confere ao jus cogens manifesta qualidade de fonte da disciplina, a par de atos de
organizações internacionais, como resoluções da ONU.
(CACD – 2015) A jurisprudência tem constituído importante acervo de decisões que balizam o
desenvolvimento progressivo do direito internacional, não apenas como previsão ideal, mas como efetivo
aporte à prática da disciplina. Acerca da aplicação do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de
antecedentes judiciários, de tratados e de costumes, julgue (C ou E) os seguintes itens.
A) Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de terminá-lo for comum às partes
coobrigadas.
B) A noção de jus cogens, como a de normas imperativas a priori, embora não unanimemente
reconhecida em doutrina, é invocada com referência tanto em jurisprudência quanto em direito
internacional positivo.
C) Quando do julgamento do caso Bernadotte, em jurisdição contenciosa da Corte Internacional de
Justiça, prolatou-se sentença pela qual se reconheceu personalidade jurídica às organizações
internacionais.
D) Aos juízes de Haia, autorizados pelo estatuto da Corte Internacional de Justiça, é conferido o poder de
aplicar, de forma automática, tanto normas escritas quanto normas não escritas, além de costume, de
equidade e de princípios gerais do direito.
(CACD 2016) Julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca das relações entre direito internacional e direito
interno.
A) Por expressa disposição constitucional, lei sobre o ingresso nas Forças Armadas deve considerar as
peculiaridades de suas atividades, inclusive das atividades cumpridas em decorrência de
compromissos internacionais.
B) Embora a Constituição Federal seja silente sobre o assunto, resoluções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas no Brasil incorporam-se ao direito interno mediante decreto, com prévia anuência do
Congresso Nacional.
C) Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que não é possível a responsabilização da
República Federal da Alemanha por ato de guerra praticado por embarcação alemã em território
brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, uma vez que se trata de manifestação de ato de império.
D) O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que, para efeitos de atos praticados pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, a Convenção sobre Privilégios e
Imunidades das Nações Unidas tem status supralegal.
CACD – 2016) A respeito das disposições da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969,
julgue (C ou E) os itens seguintes.
GABARITO
1–CEEC
2–EEEC
3–CCEE
4–D
5-B
6-CCEE
7–CECE
8–CEEE
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Revisão – Aula 02
• Sujeitos de DIP; Estados: elementos
constitutivos, classificações, criação; extinção;
Sucessão de estados; responsabilidade
internacional dos estados; reconhecimento de
estado; reconhecimento de governo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sujeitos de DIP
• Estados
• Organizações internacionais
• Indivíduos
• Casos particulares
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Estados
• Sujeitos por excelência, sujeitos de per si.
• Personalidade jurídica internacional primária, originária,
imediata: não decorre da vontade de outros sujeitos.
• Personalidade jurídica plena: os Estados possuem todas as
capacidades jurídicas.
• Não há nenhum sujeito de DIP que possua capacidades
internacionais mais amplas do que aquelas dos Estados.
• As capacidades jurídicas dos Estados são iguais.
• As capacidades jurídicas dos demais sujeitos de DIP são
inferiores às dos Estados.
• Os demais sujeitos de DIP têm personalidade internacional
derivada e limitada.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Estados
• Elementos constitutivos:
• Convenção de Montevidéu sobre Direitos e Deveres
dos Estados, 1933, Artigo 1:
• “O Estado como pessoa de Direito Internacional deve
reunir os seguintes requisitos.
• I. População permanente.
• II. Território determinado.
• III. Governo.
• IV. Capacidade de entrar em relações com os demais
Estados.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Organizações Internacionais
• Organizações Internacionais. Convenção de
Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, Art.
2(1) i): “organização internacional” significa
uma organização intergovernamental.
• Organização não governamental NÃO É
SUJEITO DE DIP!
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Organizações Internacionais
• Teoria dos poderes implícitos.
• 1. Ainda que a personalidade jurídica da OI não
esteja expressamente prevista em seus tratado
constitutivo, ela possui capacidades jurídicas para
exercer as competências que lhes foram
atribuídas pelos Estados.
• 2. As capacidades internacionais de uma OI não
são somente aquelas expressas no instrumento
constitutivo, mas também aquelas implícitas em
tal tratado e desenvolvidas na prática.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Organizações Internacionais
• Princípio da especialidade
• Diferentemente da personalidade jurídica dos
Estados, a das OIs restringe-se à realização dos atos
necessários para o cumprimento do interesse
comum dos Estados-membro.
• Personalidade jurídica limitada: seus direitos e
obrigações limitam-se ao estipulado, expressa ou
implicitamente, em seu tratado constitutivo.
• Personalidade jurídica derivada da vontade dos
Estados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Indivíduos
Beligerantes
• Beligerantes – movimentos revolucionários de grande
porte, tropas regulares, que dominam uma parte do
território do Estado contra o qual estão lutando. No
passado, quando havia o reconhecimento, ele era
realizado mediante declarações de neutralidade. Um
Estado declarava ser neutro e mantinha relações com
as duas partes.
• Ex: Sandinistas na Nicarágua; Líbia (2011); Síria (2012-)
• Personalidade jurídica temporária.
• Podem celebrar tratados.
• Após o reconhecimento, o movimento beligerante
sujeita-se à responsabilidade internacional
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Insurgentes
• Movimentos revolucionários de menor
envergadura.
• Não chegam a provocar guerra civil.
• Pretendem ascender ao poder
• Não há controle de determinado território
• Ex: A Revolta de Saldanha da Gama na Baía de
Guanabara – Segunda Fase da Revolta da Armada
contra o governo Floriano Peixoto, em 1894.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Santa Sé
• É SUJEITO DE DIP
• Direito de Legação: manutenção de relações
diplomáticas; envio de núncios apostólicos e
recebimento de embaixadores.
• Direito de Convenção: pode participar de tratados e
pode celebrar concordatas.
• A Santa Sé é parte das Convenções de Genebra de
1949, da Convenção sobre Direito das Crianças de 1989
e da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,
de 1961.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Taiwan
• É parte de tratados internacionais. Ex: Acordo
de defesa com os EUA.
• É membro de OI. Ex: OMC.
• Mantém relações diplomáticas com alguns
países (que ainda não reconhecem a RPC). Ex:
Filipinas e Paraguai.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Cruz Vermelha
• Família Cruz Vermelha:
• CICV
• Seções nacionais da Cruz Vermelha
• Federação Internacional das Sociedades da Cruz
Vermelha e do Crescente Vermelho: criada em
1919 para organizar as distintas seções nacionais
da Cruz Vermelha.
• APENAS O CICV É SUJEITO DE DIP!
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
• ESTADOS
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Classificação de Estados
Estados simples Estados compostos
• Apresentam poder único e • A centralização do poder
centralizado. não é tão grande
• A personalidade • 1. Por coordenação
internacional é única. • 2. Por subordinação
• Ex: Estados unitários, como
a França.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Classificação de Estados
• Estados exíguos (microestados)
• San Marino, Liechtenstein, Mônaco.
• Por vezes, delegam competências soberanas,
como defesa e relações exteriores.
• São Estados. Têm personalidade jurídica
internacional
• São membros da ONU.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Criação de Estados
• Em mundo inteiramente conhecido do ponto de
vista geográfico, os espaços terrestres classificam-
se em Estados soberanos e “territórios coloniais”.
• Dessa forma, um novo Estado só pode ser criado
de duas maneiras:
• 1. Pela independência de um “território colonial
de sua metrópole;
• 2. Por secessão ou desmembramento de um
Estado previamente existente.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Extinção de Estados
• Perda de um dos elementos constitutivos
(catástrofe que extinga seu território;
migração de toda sua população
• Anexação
• Fusão
• Desmembramento
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
• SUCESSÃO DE ESTADOS
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sucessão de Estados
Por “sucessão de Estados” entende-se a
substituição de um Estado por outro na
responsabilidade das relações internacionais de um
território;
Art. 2 da Convenção de Viena sobre sucessão
de Estados em matéria de tratados (1978) e da
Convenção de Viena sobre sucessão de Estados em
matéria de bens, arquivos e dívidas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sucessão de Estados
• Estado sucedido: Estado que exercia
soberania sobre o território.
• Estado sucessor: Estado que passa a exercer
soberania sobre o território.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sucessão de Estados
• Sempre que há transferência de território de uma
soberania para outra, algumas questões são
levantadas. Em particular, as que concernem a:
• Tratados;
• Bens;
• Arquivos;
• Dívidas;
• Participação em OIs;
• Nacionalidade dos habitantes do território;
• Responsabilidade internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sucessão de Estados
• Dois sistemas excludentes e antagônicos:
• 2) Sistema da tábula rasa:
• Há a ruptura quanto às obrigações do Estado
sucedido, se essa for a vontade do Estado
sucessor.
• Corolário do princípio da autodeterminação dos
povos
• Tem por finalidade assegurar ao novo Estado
escolher sem ingerência externa quais obrigações
internacionais irá contrair.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
• OBS:
• Muitos autores defendem a sucessão
automática de tratados de direitos humanos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Sucessão de OIs
• Não há sucessão automática.
• A passagem de bens, arquivos, jurisprudência
e tratados depende da anuência dos membros
das organizações.
• Ex: Liga das Nações e CPJI para ONU, 1946.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Responsabilidade internacional do
Estado
• 3 preocupações principais:
• 1) Origem da responsabilidade internacional;
• 2) Consequências da responsabilidade
internacional;
• 3) Implementação da responsabilidade
internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• 1) Ilícito (pode ser dispensado em alguns
casos)
• 2) Atribuição
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• II) ATRIBUIÇÃO (IMPUTABILIDADE)
• RESPONSABILIDADE DIRETA:
• Art. 4º Conduta dos órgãos de um Estado
• Considerar-se-á ato do Estado, segundo o Direito
Internacional, a conduta de qualquer órgão do Estado
que exerça função legislativa, executiva, judicial ou
outra qualquer que seja sua posição na organização do
Estado -, e independentemente de se tratar de órgão
do governo central ou de unidade territorial do Estado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 20. Consentimento
• Um consentimento válido de um Estado à
comissão de um determinado ato por outro
Estado exclui a ilicitude daquele ato em relação
ao primeiro na medida em que o ato permanece
dentro dos limites do mencionado
consentimento.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 21. Legítima defesa
• A ilicitude de um ato de um Estado é excluída
se o ato constitui uma medida lícita de
legítima defesa tomada em conformidade com
a Carta das Nações Unidas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 22. Contramedidas em relação a um ato
internacionalmente ilícito
• A ilicitude de um ato de um Estado em desacordo
com uma obrigação internacional em relação a
um outro Estado será excluída se e na medida em
que o ato constitua uma contramedida tomada
contra o último Estado em conformidade com o
Capítulo II da Parte Três.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 23. Força maior
• 1. A ilicitude de um ato de um Estado em desacordo com uma
obrigação internacional daquele Estado será excluída se o ato
se der em razão de força maior, entendida como a ocorrência
de uma força irresistível ou de um acontecimento
imprevisível, além do controle do Estado, tornando
MATERIALMENTE IMPOSSÍVEL, nesta circunstância, a
realização da obrigação.
• 2. O parágrafo 1º não se aplica se:
• a)a situação de força maior é devida, por si só ou em
combinação com outros fatores, à conduta do Estado que a
invoca; ou
• b)o Estado assumiu o risco daquela situação ocorrida.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 24. Perigo extremo
• 1. A ilicitude de um ato de um Estado em desacordo com uma
obrigação internacional daquele Estado se extingue se o autor do
ato em questão não tem nenhuma alternativa razoável, em uma
situação de perigo extremo, de salvar a vida do autor ou vidas de
outras pessoas confiadas aos cuidados do autor.
• 2. O parágrafo 1º não se aplica se:
• a)a situação de perigo extremo é devida unicamente, ou em
combinação com outros fatores, à conduta do Estado que a
invoque; ou
• b)for provável que o ato em questão crie um perigo comparável ou
maior.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• “Art. 25. Estado de necessidade
• 1. Nenhum Estado pode invocar o estado de necessidade
como causa de exclusão de ilicitude de um ato em
desacordo com uma obrigação internacional daquele
Estado, a menos que o ato:
• a)seja o único modo para o Estado preservar um interesse
essencial contra um perigo grave e iminente;
• e
• b)não afete gravemente a um interesse essencial do Estado
ou Estados em relação aos quais exista a obrigação, ou da
comunidade internacional como um todo.”
• Ex: confisco de bens de estrangeiros em caso de guerra
declarada.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
1) Origem da responsabilidade
internacional
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
• Art. 26. Cumprimento de normas imperativas
• Nada neste Capítulo exclui a ilicitude de
qualquer ato de um Estado que não esteja em
conformidade com uma obrigação que surja
de uma norma imperativa de Direito
Internacional geral.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
2) Consequências da responsabilidade
internacional
• Art. 30. Cessação ou não-repetição
• O Estado responsável pelo ato internacionalmente ilícito tem
a obrigação de:
• a)cessar aquele ato, se ele continua;
• b)oferecer segurança e garantias apropriadas de não-
repetição, se as circunstâncias o exigirem.
• Art. 31. Reparação
• 1. O Estado responsável tem obrigação de reparar
integralmente o prejuízo causado pelo ato
internacionalmente ilícito.
• 2. O prejuízo compreende qualquer dano, material ou moral,
causado pelo ato internacionalmente ilícito de um Estado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
2) Consequências da responsabilidade
internacional
• Art. 34. Formas de reparação
• A reparação integral do prejuízo causado pelo
ato internacionalmente ilícito deverá ser em
forma de restituição, indenização e satisfação,
individualmente ou em combinação, de acordo
com as previsões deste Capítulo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Responsabilidade agravada
• Art. 41.
• Consequências particulares da violação grave de uma
obrigação consoante este Capítulo
• 1. Os Estados deverão cooperar para pôr fim, por
meios legais, a toda violação grave no sentido atribuído
no artigo 40.
• 2. Nenhum Estado reconhecerá como lícita uma
situação criada por uma violação grave no sentido
atribuído no artigo 40 nem prestará auxílio ou
assistência para manutenção daquela situação.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
3) Implementação da responsabilidade
internacional
• Retaliação • Sanção (stricto sensu)
• RECONHECIMENTO DE ESTADO
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Características do reconhecimento de
Estado
• Ato unilateral;
• Ato Irrevogável: o ato de reconhecimento não pode ser
retirado, a menos que o Estado deixe de existir.
• Ato Discricionário: o reconhecimento de Estados é uma
faculdade soberana dos Estados. Não existe a
obrigação de reconhecer outro Estado. A participação
do Estado em uma OI não obriga os demais Estados
membros a reconhecê-lo.
• Ato de efeitos Retroativos: o reconhecimento retroage
à data da constituição do Estado; consequência da
natureza declaratória do ato de reconhecimento.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Reconhecimento de Estado
Expresso Tácito
• Declarações escritas ou orais • Infere-se, da prática dos Estado,
de representantes do Estado que ele, inequivocamente,
que reconhece. reconhece formalmente o novo
• Convencional: por meio de Estado.
tratado que reconheça a • Ex: mensagem de congratulação
independência de um Estado. pela independência;
Ex: Brasil-Portugal, 1825. estabelecimento de relações
• Individual (Ex: EUA – Brasil, diplomáticas; celebração de
1824) ou coletivo (Ex: Brasil, tratados bilaterais que regulem
Argentina e Chile – Panamá, amplamente as relações entre as
1903). partes; voto favorável à entrada
de um Estado em uma OI.
• Individual ou coletivo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
• RECONHECIMENTO DE GOVERNO
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Reconhecimento de governo
• É relevante quando há (i) mudança de governo
(ii) inconstitucional.
• Ex: revoluções e golpes de Estado.
• Se a transição política é constitucional (ex: posse
do Lula em 2003), ou se o grupo governista viola
a ordem constitucional para permanecer no
poder (ex: implantação do Estado Novo, em
1937), o reconhecimento de governo é
desnecessário.
• Deve haver disputa política entre dois grupos
para que o reconhecimento de um desses grupos
seja relevante.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Características do reconhecimento de
governo
• Ato unilateral: depende apenas do Estado que
reconhece.
• Ato Irrevogável: o ato de reconhecimento não
pode ser retirado, a menos que o governo deixe
de ser efetivo.
• Ato Discricionário: o reconhecimento de
governos é uma faculdade soberana dos Estados.
• Ato de efeitos Retroativos: o reconhecimento
retroage à data da constituição do governo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Reconhecimento de governo
Reconhecimento de facto Reconhecimento de iure
Reconhecimento de GOVERNO DE • Reconhecimento de
FATO
Era visto como provisório, já que o
GOVERNO DE IURE
governo não tinha título jurídico para • Governos que possuíam
estar no poder.
Ex: Reino Unido reconheceu o
títulos para estar no poder.
governo de facto da Itália sobre a • Reconhecimento visto como
Abissínia em 1936 e de iure em
1938. Durante a Guerra Civil definitivo.
espanhola, o RU reconheceu o
governo de fato de Franco enquanto
reconhecia o governo republicano
como de direito.
Reconhecimento de governo
Doutrina Tobar Doutrina Estrada
• Doutrina da LEGITIMIDADE. Doutrina da EFETIVIDADE.
• Reconhecimento de Reconhecimento de governo
governo só deveria ser é intervenção em assuntos
concedido a governos internos e, portanto, violação
legítimos, que contassem à soberania.
com o apoio popular.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
Doutrina Tobar
AULA 02
Doutrina Estrada
• Genaro Estrada era Ministro das Relações Exteriores do
México em 1930.
• Em comunicado diplomático afirmou que o México não
reconheceria mais governos, porque isso constituiria
intervenção ilícita nos assuntos internos de outros Estados.
• O México apenas manteria ou não seus agentes
diplomáticos.
• Resposta à Doutrina Wilson, usada com fins
intervencionistas.
• Crítica: manter agentes diplomáticos é uma forma de
reconhecimento tácito de governo (romper relações
diplomáticas não significa retirada de reconhecimento).
• Interpretação: a intervenção em assuntos internos só
ocorre nos casos de reconhecimento expresso.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Reconhecimento de governo
• Atualmente, PREVALECE A DOUTRINA
ESTRADA.
• O RECONHECIMENTO EXPRESSO DE GOVERNO
É VISTO COMO UMA AFRONTA AO PRINCÍPIO
DA NÃO INTERVENÇÃO.
• O Brasil segue essa prática. “O Brasil não
reconhece governos, reconhece apenas
Estados.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Requisitos do reconhecimento de
governo
• 1) EFETIVIDADE: Princípio do controle efetivo.
• O governo deve dominar o território e a
população do Estado. Deve controlar a
máquina pública.
• Não se pode reconhecer governo que não é
efetivo. Isso significaria intervenção em
assuntos internos dos Estados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Requisitos do reconhecimento de
governo
• 2) Cumprimento das obrigações internacionais
contraídas pelos governos anteriores.
• Princípio da continuidade do Estado.
• O ESTADO, NÃO O GOVERNO é o sujeito de
DIP, que deve respeitar as obrigações
contraídas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 02
Dúvidas e atualidades
QUESTÕES INÉDITAS
Questão 1
Questão 2
a) A existência política de um estado independe do seu reconhecimento pelos demais estados. Todo
estado que tenha um governo soberano controlando um determinado território e uma determinada
população possui direitos fundamentais de estados, como o direito inerente à defesa.
b) A autodeterminação dos povos, enquanto norma de jus cogens, confere o direito à independência
aos povos em situação de domínio colonial, que podem inclusive, fazer uso de força armada para
obter sua independência. Da mesma forma, o princípio autoriza os povos sem um estado próprio,
como os curdos, a criarem o seu próprio estado.
c) Sistema de governo, nacionalidade e direitos humanos são exemplos de temas que se inserem no
domínio reservado dos estados.
d) O exercício da proteção diplomática por um estado é ato discricionário, razão pela qual a doutrina
Calvo não foi plenamente incorporada no projeto de artigos da Comissão de Direito Internacional
sobre o tema.
Questão 3
professorpedrosloboda@gmail.com
a) Estados protegidos, em situação de protetorado, estados vassalos, estados clientes e estados
exíguos, por mais que muitas vezes abram mão de parcelas essenciais de sua soberania, como
defesa e representação externa, são sujeitos de direito internacional e podem ser membros da ONU.
b) O reconhecimento de governo implica reconhecimento de estado, mas o reconhecimento de estado
não implica necessariamente um reconhecimento de governo.
c) No direito internacional contemporâneo, a doutrina Estada prevalece sobre a doutrina Tobar e sobre
a doutrina Bettancourt.
d) O estabelecimento de relações diplomáticas, a participação em um mesmo tratado, em uma mesma
organização internacional e em uma mesma mesa negociadora são exemplos de inequívoco
reconhecimento tácito de estados.
Questão 4
Sobre nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro, julgue certo ou errado os itens a seguir:
a) A nacionalidade é, assim como o esgotamento dos recursos internos, condição sine qua non para o
exercício da proteção diplomática. Para que seja oponível a outros estados, contudo, essa
nacionalidade de ser baseada na existência de algum vínculo entre o estado e o indivíduo.
b) Os estrangeiros residentes no Brasil gozam dos mesmos direitos e das mesmas obrigações dos
brasileiros, com a exceção da impossibilidade de exercício de direitos políticos.
c) A concessão de nacionalidade brasileira derivada é sempre um ato discricionário.
d) De acordo com decisão recente do Supremo Tribunal Federal, brasileiro nato pode ser extraditado
por crime grave. Trata-se de mutação constitucional, vale dizer, de alteração da constituição sem
mudança de texto.
Questão 5
Sobre as organizações internacionais enquanto sujeitos de direito das gentes, julgue os itens a seguir:
Questão 6
Sobre a Organização das Nações Unidas, julgue certo ou errado os itens a seguir:
a) Por mais que a Índia tenha sido membro fundador da ONU, antes de se tornar independente, apenas
estados soberanos podem ser admitidos na organização.
b) A Assembleia Geral das Nações Unidas aprova resoluções sobre questões relevantes, como a
expulsão de um membro da ONU, por maioria de 2/3, e demais questões por maioria simples dos
membros presentes e votantes.
c) O Conselho de Segurança, como órgão principal da ONU, é o único com capacidade decisória, apesar
de não respeitar a igualdade soberana entre os estados, em razão do poder de veto previsto na
Carta da organização.
d) As resoluções do Conselho de Segurança adotadas sob a égide do capítulo VI, diferentemente
daquelas adotas sob o capítulo VII, não são juridicamente vinculantes para os estados membros.
6- CCEC
5 -EEEC
4–EEEE
3–CCCE
2–CEEC
1–ECCE
GABARITO
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD 2008) É considerado divisor de águas no direito internacional o parecer consultivo da Corte
Internacional de Justiça no caso Reparação de danos a serviço das Nações Unidas acerca da morte de Folke
de Bernadotte, mediador que, no exercício de suas funções, foi assassinado por extremistas israelenses em
Jerusalém, em 1948. Essa consideração justifica-se porque o parecer
(CACD- 2009) Em 14/6/2008, o Governo brasileiro respondeu à carta do ministro dos Negócios Estrangeiros
da República de Montenegro, acusando recebimento de notícia acerca do resultado de referendo favorável
ao status daquele país como Estado independente, após desmembramento da União de Estados da Sérvia e
Montenegro. Na carta, o Brasil “reconhece, a partir da data de hoje, a independência da República de
Montenegro, país com o qual o Brasil tenciona, oportunamente, iniciar processo com vistas ao
estabelecimento de relações diplomáticas”. Acerca desse tema, assinale a opção correta.
E) Ao Governo brasileiro caberá a última palavra na destinação a ser dada aos bens (embaixada,
terrenos) que eram anteriormente pertencentes à União dos Estados da Sérvia e Montenegro e que
se encontram em território brasileiro.
(CACD – 2010) Considera-se que a organização internacional — em sentido moderno — surgiu no século XIX,
com a Administração Geral de Concessão da Navegação do Reno. Desde então, as organizações
internacionais alcançaram importância inegável na vida contemporânea, a ponto de se afirmar que não há
atividade humana que não seja — direta ou indiretamente — influenciada pelo trabalho de, pelo menos,
uma organização internacional. À luz das normas de direito internacional aplicáveis ao tema, julgue C ou E.
b) O tratado constitutivo de uma organização internacional está sujeito às normas da Convenção
de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969).
(CACD – 2012) Com relação aos direitos de nacionalidade e a suas variações, previstos na CF, assinale a
opção correta.
A) Estrangeiros são, por vezes, protegidos como os nacionais, a exemplo da vedação de extradição de
estrangeiros por crime político ou de opinião.
B) Os direitos inerentes aos brasileiros são atribuídos a todo cidadão português, ressalvada a limitação
constitucional de verificação de reciprocidade.
C) A perda da nacionalidade originária, diferentemente do que ocorre com a derivada, é medida prevista
como forma extrema de cominação penal.
D) A extradição de brasileiros portadores de nacionalidade não originária é condicionada excepcional e
unicamente a comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas afins.
E) A concessão de asilo a estrangeiro é prevista como direito civil inalienável no artigo 5.o da Lei Maior,
que cuida de direitos e garantias fundamentais.
(CACD – 2014) Embora o Estado nacional seja o sujeito de direito das gentes por excelência, há na ordem
internacional um rol de outros atores aptos a adquirir direitos e contrair obrigações. Acerca desses sujeitos,
julgue (C ou E) os itens subsequentes.
A) Mesmo aqueles microestados que delegam parcelas essenciais de suas competências, como
defesa e representação internacional, podem ser admitidos na ONU.
C) Até o final do século XX, o Brasil e a Santa Sé não haviam firmado nenhuma concordata, embora
mantivessem troca regular de embaixadores.
(CACD – 2015)
A) A concessão de asilo político a estrangeiro é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas
suas relações internacionais, mas, como ato de soberania estatal, o Estado brasileiro não está obrigado
a realizá-lo.
B) A Constituição Federal determina que o brasileiro nato nunca será extraditado e que o brasileiro
naturalizado somente será extraditado no caso de ter praticado crime comum antes da naturalização.
GABARITO
1–C
2–B
3–ECEC
4–B
5-E
6-CECE
7–CE
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Revisão – Aula 03
• DIPriv; Cooperação jurídica internacional;
jurisdição e imunidades de jurisdição; relações
diplomáticas e consulares; nacionalidade;
condição jurídica do estrangeiro.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
1. Conflito de jurisdição
• COMPETÊNCIA CONCORRENTE
• Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015.)
• Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações em que:
• I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil;
• II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
• III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado
no Brasil.
• Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I,
considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
NOVO CPC
• “Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária
brasileira processar e julgar as ações:
• I - de alimentos, quando:
• a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
• b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como
posse ou propriedade de bens, recebimento de
renda ou obtenção de benefícios econômicos;
• II - decorrentes de relações de consumo, quando
o consumidor tiver domicílio ou residência no
Brasil;”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Competência concorrente
• Art. 24. A ação proposta perante tribunal
estrangeiro não induz litispendência e não obsta
a que a autoridade judiciária brasileira conheça
da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de
tratados internacionais e acordos bilaterais em
vigor no Brasil.
• Parágrafo único. A pendência de causa perante a
jurisdição brasileira não impede a homologação
de sentença judicial estrangeira quando exigida
para produzir efeitos no Brasil.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
1. Conflito de jurisdição
• Será aplicada a sentença que chegar primeiro
às últimas consequências no direito brasileiro.
• Que transitar em julgado (sentença brasileira)
ou
• que for homologada (sentença estrangeira)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Competência exclusiva
• NOVO CPC:
• Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com
exclusão de qualquer outra:
• I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
• II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à
confirmação de testamento particular e ao inventário e à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio
fora do território nacional;
• III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união
estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional.
• De acordo com a jurisprudência do STF, o art. 89 só abrange
DIREITOS REAIS.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Autonomia da vontade
• Reconhecimento (até então inexistente) das
cláusulas de eleição de foro.
• NOVO CPC
• Art. 22. Compete, ainda, à autoridade
judiciária brasileira processar e julgar as ações:
• III - em que as partes, expressa ou
tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Autonomia da vontade
• NOVO CPC
• Art. 25. Não compete à autoridade judiciária
brasileira o processamento e o julgamento da
ação quando houver cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro em contrato internacional,
arguida pelo réu na contestação.
• § 1o Não se aplica o disposto no caput às
hipóteses de competência internacional exclusiva
previstas neste Capítulo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
2. Conflitos de leis
• REGRAS DE CONEXÃO previstas no Direito brasileiro:
• Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, antiga
LICC – Lei de Introdução ao Código Civil)
Regras de conexão
• Lex loci celebrationis (ou lex loci regit actum):
• Para reger atos jurídicos, aplica-se a lei do local
onde foram constituídos.
• LINDB: Art. 9o Para qualificar e reger as
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituirem.
• § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se
constituida no lugar em que residir o proponente.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Regras de conexão
• Lex loci executionis: Aplica-se a lei do local da execução do contrato
para relações trabalhistas.
• Súmula 207 do TST: “A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis
vigentes no país da prestação do serviço e não por aquelas do local
da contratação”.
• Código de Bustamante (1928): “Art. 198. Também é territorial a
legislação sobre acidentes do trabalho e proteção social do
trabalhador.”
• Lei 7.064, de 1982: “Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato
de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á,
independentemente da observância da legislação do local da
execução dos serviços:
• II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho,
quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto
de normas e em relação a cada matéria.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Regras de conexão
• Lex voluntatis: Autonomia da vontade
• Pouco usada no Brasil. Não está prevista na LINDB (era
prevista na LICC de 1917).
• Lei de arbitragem de 1996: “Art. 2º A arbitragem
poderá ser de direito ou de equidade, a critério das
partes.
• § 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras
de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde
que não haja violação aos bons costumes e à ordem
pública.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Regras de conexão
• Dépeçage (fracionamento): aplicação de mais
de uma lei a um mesmo contrato
internacional.
• Aceito no Brasil.
• Ex: capacidade jurídica regida pela lei do
domicílio (estrangeira) e contrato regulado
pela lei do local de celebração (Brasil).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Regras de conexão
• Direito brasileiro não • No caso de Pancrácio:
aceita reenvio. • O tribunal brasileiro será
• LINDB: “Art. 16. Quando, competente (réu
nos termos dos artigos domiciliado no Brasil, art.
precedentes, se houver 88 CPC);
de aplicar a lei • Será aplicada a lei
estrangeira, ter-se-á em estrangeira – lex loci
vista a disposição desta, celebrationis (art. 9º
sem considerar-se LINDB).
qualquer remissão por ela
feita a outra lei.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• JUIZO DE DELIBAÇÃO
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• JUIZO DE DELIBAÇÃO
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• NOVO CPC
• Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o
Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e
deve assegurar às partes as garantias do devido processo
legal.
• § 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao
atendimento dos requisitos para que o pronunciamento
judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
• § 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do
pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade
judiciária brasileira.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Cartas rogatórias
• Ordinárias: necessárias ao funcionamento
regular do processo. Ex: citação de réu.
Transferência de condenados
• Nova lei de migração
• Art. 103. A transferência da pessoa condenada poderá ser concedida
quando o pedido se fundamentar em tratado internacional ou houver
promessa de reciprocidade.
• § 1o O condenado no território nacional poderá ser transferido para o seu
país de nacionalidade ou país que tiver residência habitual ou vínculo
pessoal, a fim de cumprir a pena a ele imposta pelo Estado brasileiro por
sentença transitada em julgado, necessitando expressar seu interesse em
ser transferido ao Brasil ou ao seu Estado de nacionalidade.
• § 2o A transferência da pessoa condenada no Brasil pode ser aplicada
conjuntamente com a aplicação de medida de impedimento de reingresso
em território nacional, na forma de regulamento.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Transferência de condenados
• Art. 104. A transferência de pessoa condenada será possível
quando:
• I - o condenado no território de uma das Partes for nacional
ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no território
da outra Parte que justifique a transferência;
• II – a sentença tiver transitado em julgado;
• III – a duração da condenação a cumprir ou que restar para
cumprir for de, pelo menos, um ano, na data de
apresentação do pedido ao Estado da condenação;
• IV – os fatos que originaram a condenação constituírem
infração penal perante a lei de ambos os Estados;
• V – houver manifestação de vontade do condenado ou
• de seu representante, quando for necessário; e
• VI – houver concordância de ambos os Estados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Transferência de condenados
• Art. 105. A forma do pedido de transferência de
pessoa condenada e seu processamento serão
definidos por regulamento.
• § 1o Nos casos previstos nesta Seção, a execução
penal será de competência da Justiça Federal.
• § 2o Não se procederá a transferência quando
inadmitida a extradição.
• § 3o Compete ao Superior Tribunal de Justiça a
homologação da sentença dos casos previstos
nesta Seção.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• Envio de um indivíduo para ser julgado por crime
cometido na jurisdição de outro Estado, ou para
no estrangeiro cumprir pena.
• “indivíduo”: o brasileiro naturalizado pode ser
extraditado.
• CF, “Art. 5º LI - nenhum brasileiro será
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• Nova lei de migração
• Art. 83. São condições para concessão da
extradição:
• I – ter sido o crime cometido no território do
Estado requerente ou serem aplicáveis ao
extraditando as leis penais desse Estado; e
• II – estar o extraditando respondendo a processo
investigatório ou a processo penal ou ter sido
condenado pelas autoridades judiciárias do
Estado requerente à pena de privação de
liberdade.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• Instrutória • Executória
Extradição
• Tratado de extradição bilateral ou multilateral
(Convenção de Palermo e Protocolo do Rio de
Janeiro sobre extradição no MERCOSUL, de
1998, ratificado pelo Brasil em 2004)
• ou promessa de reciprocidade
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• 1. Fase administrativa
• 2. Fase judicial
• 3. Fase administrativa
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• 1. Fase Administrativa
• Pedido recebido pela via diplomática ou
diretamente ao Ministério da Justiça (se houver
previsão em tratado).
• MRE MJ
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• 1. Fase Administrativa
• Se houver tratado, o MJ deve, obrigatoriamente,
submeter o pedido a juízo do STF.
• Se houver apenas promessa de reciprocidade, o
MJ faz análise de conveniência e oportunidade,
podendo remeter ou não o pedido ao STF.
• A promessa do Estado estrangeiro é de analisar
eventual pedido de extradição do Brasil no
âmbito político, o que não garante a extradição.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• Nova lei de migração
• Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado
estrangeiro será recebido pelo órgão competente do
Poder Executivo e, após exame da presença dos
pressupostos formais de admissibilidade exigidos
nesta Lei ou em convenção ou tratado internacional,
encaminhado à autoridade judiciária competente.
• Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de
que trata o caput, o pedido será arquivado mediante
decisão fundamentada, sem prejuízo de renovação
do pedido, devidamente instruído, uma vez superado
o óbice apontado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• Nova lei de migração, art. 82,
• § 5º Admite-se a extradição de brasileiro
naturalizado, nas hipóteses previstas na
Constituição Federal.
Extradição
• Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério
Público, poderá autorizar prisão albergue ou domiciliar ou
determinar que o processo de extradição seja respondido
em liberdade, com retenção do documento de viagem ou
outras medidas cautelares necessárias, até o julgamento
da extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente,
considerando a situação administrativa migratória, os
antecedentes e as circunstâncias do caso.
• Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente
ao Estado requerente, desde que o declare expressamente,
esteja assistido por advogado e seja advertido de que tem
direito ao processo judicial de extradição e à proteção que
tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido
pelo Supremo Tribunal Federal.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• Contenciosidade limitada
• STF não analisa o mérito da decisão
estrangeira.
• Nova lei de migração
• Art. 91
• § 1o A defesa versará sobre a identidade da
pessoa reclamada, defeito de forma de
documento apresentado ou ilegalidade da
extradição.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição
• 2 Fase judicial
• STF AUTORIZA ou denega o pedido de
extradição.
• Se autorizar,
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• 3 Fase administrativa
• Se houver tratado de extradição, o Executivo
deve cumpri-lo.
• Isso significa que, se não houver liberdade de
escolha política prevista no acordo, o Presidente
da República É OBRIGADO A EXTRADITAR.
• Se houver, no tratado, margem para decisões
políticas, ou se o pedido de extradição tiver por
base promessa de reciprocidade, o Executivo faz
análise de conveniência.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• 3. Fase administrativa
• Se o Poder Executivo decidir extraditar (ou for obrigado por
força do tratado), deverá assegurar-se de que o Estado
requerente se compromete a cumprir as condições
previstas no art. 96 da nova lei de migração:
• Art. 96. Não será efetivada a entrega do extraditando sem
que o Estado requerente assuma o compromisso de:
• I – não ser o extraditando preso nem processado por fato
anterior ao pedido de extradição;
• II – computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta
por força da extradição;
• III – comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em
pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de
cumprimento de trinta anos;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Extradição: procedimento
• IV – não ser o extraditando entregue, sem
consentimento do Brasil, a outro Estado que o
reclame;
• V – não considerar qualquer motivo político
para agravar a pena; e
• VI – não ser o extraditando submetido a
tortura ou a outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanos ou degradantes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Entrega
• Essa aparente antinomia é solucionada pelo
próprio Estatuto de Roma, em seu art. 102:
• Para os fins do presente Estatuto:
• a) Por “entrega”, entende-se a entrega de uma
pessoa por um Estado ao Tribunal nos termos do
presente Estatuto.
• b) Por “extradição” , entende-se a entrega de
uma pessoa por um Estado a outro Estado
conforme previsto em um tratado, em uma
convenção ou no direito interno.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• Nacionalidade
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Proteção diplomática
Naturalização ordinária I
• CF “Art. 12 São brasileiros
• II - naturalizados:
• a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
• Lei 6.815, de 1980, Art. 112:
• “São condições para a concessão da naturalização:
• I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
• II - ser registrado como permanente no Brasil;
• III - residência contínua no território nacional pelo prazo
mínimo de quatro anos
• IV - ler e escrever a língua portuguesa;
• V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
manutenção própria e da família;
• VI - bom procedimento;
• VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
ano.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Naturalização ordinária I
• Lei 6.815, “Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo
112, item III, poderá ser reduzido se o naturalizando
preencher quaisquer das seguintes condições:
• I - ter filho ou cônjuge brasileiro; (...)
• III - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao
Brasil, a juízo do Ministro da Justiça;”
• O prazo de residência, nesses casos, será de 1 ano.
• “Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-
se apenas a estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar:
• I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com
diplomata brasileiro em atividade; ou
• II - de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou
em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez)
anos de serviços ininterruptos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Naturalização ordinária II
• “Art. 12 São brasileiros
• II - naturalizados:
• a) (...) exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um
ano ininterrupto e idoneidade moral;
• Únicos requisitos são (i) residência por 1 ano
ininterrupto e (ii) idoneidade moral.
• Não se aplicam os requisitos do art. 112 do
Estatuto do Estrangeiro.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Naturalização extraordinária
• CF, “Art. 12 São brasileiros
• II - naturalizados:
• b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
residentes na República Federativa do Brasil há
mais de quinze anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.(Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
1994)”
• Nesses casos, há DIREITO à nacionalidade. Não
se trata de discricionariedade do Estado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Nacionalidade brasileira
• CF, Art. 12, § 3º: “São privativos de brasileiro nato
os cargos:
• I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
• II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
• III - de Presidente do Senado Federal;
• IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
• V - da carreira diplomática;
• VI - de oficial das Forças Armadas.
• VII - de Ministro de Estado da Defesa.”
• Ministro de Estado das Relações Exteriores não
é cargo privativo de brasileiro nato.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Nacionalidade brasileira
• CF, Art. 89: “O Conselho da República é órgão
superior de consulta do Presidente da
República, e dele participam:
• (...) VII - seis cidadãos brasileiros natos, com
mais de trinta e cinco anos de idade, sendo
dois nomeados pelo Presidente da República,
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
pela Câmara dos Deputados, todos com
mandato de três anos, vedada a recondução.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Nacionalidade brasileira
• CF, Art. 222: “A propriedade de empresa jornalística e
de radiodifusão sonora e de sons e imagens é
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há
mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de
2002)
• § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento
do capital total e do capital votante das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e
imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
que exercerão obrigatoriamente a gestão das
atividades e estabelecerão o conteúdo da
programação.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Nacionalidade brasileira
• CF, Art. 5º LI: “nenhum brasileiro será
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”
• O brasileiro nato, diferentemente do
naturalizado, não pode ser extraditado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Nacionalidade brasileira
• CF, art.12, 4º: “Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
• II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
• a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
• b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira,
ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• 2. Permanência
• 3. Saída
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
ASILO REFÚGIO
• Discricionário do Estado • Direito humano
• Natureza constitutiva • Natureza declaratória
• Não há órgão internacional de • ACNUR
proteção do instituto
• No território do Estado
• Pode ser territorial,
diplomático ou militar. • Princípio do non
• Non refoulement refoulement
• Motivação individual • Motivação coletiva
• Não necessariamente obsta o • Obsta o processo de
processo de extradição extradição
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
2 Permanência do estrangeiro
• CF, Art. 5º “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Estatuto da Igualdade
• CF, Art. 12 “§ 1º Aos portugueses com
residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
salvo os casos previstos nesta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Estatuto da igualdade
• Tratado de amizade, cooperação e consulta entre Brasil e
Portugal (2000),
• 1) EQUIPARAÇÃO:
• Art. 12: “Os brasileiros em Portugal e os portugueses no Brasil,
beneficiários do estatuto de igualdade, gozarão dos mesmos
direitos e estarão sujeitos aos mesmos deveres dos nacionais
desses Estados, nos termos e condições dos Artigos seguintes.”
• Basta requerer.
• Art. 14: “Excetuam-se do regime de equiparação previsto no
Artigo 12 os direitos expressamente reservados pela
Constituição de cada uma das Partes Contratantes aos seus
nacionais.”
• Com a equiparação, o português pode, por exemplo, exercer
cargos público de regime estatutários, vedados a estrangeiros
em geral.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Estatuto da igualdade
• 2) GOZO DE DIREITOS POLÍTICOS
• Tratado de amizade, cooperação e consulta entre Brasil e
Portugal (2000), Art. 17 (1):
• “O gozo de direitos políticos por brasileiros em Portugal e
por portugueses no Brasil só será reconhecido aos que
tiverem três anos de residência habitual e depende de
requerimento à autoridade competente.”
• Autoridade competente: Ministério da Justiça, no Brasil, e
do Ministério da Administração Interna, em Portugal.
• Artigo 16: “O estatuto de igualdade extinguir-se-á com a
perda, pelo beneficiário, da sua nacionalidade ou com a
cessação da autorização de permanência no território do
Estado de residência.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Estatuto da igualdade
• Está sujeito à obrigatoriedade do voto e às sanções
correspondentes à omissão.
• Vedação ao duplo gozo de direitos políticos (no
Brasil e em Portugal). Art. 17 (3): “O gozo de direitos
políticos no Estado de residência importa na
suspensão do exercício dos mesmos direitos no
Estado da nacionalidade.”
• Sua condição jurídica não é idêntica, contudo à do
brasileiro naturalizado. O português que goze do
regime da igualdade pode ser expulso do país e
pode ser extraditado para Portugal. Além disso, não
está sujeito ao serviço militar.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Deportação
• Forma de exclusão do estrangeiro.
• NÃO SE DEPORTA BRASILEIRO.
• Reservada a estrangeiro que se encontre no Brasil de
forma clandestina ou irregular.
• ≠ impedimento à entrada.
• Lei 6.815, de 1980:
• “Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de
estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do
território nacional no prazo fixado em Regulamento,
será promovida sua deportação.”
• Prazo para retirada voluntária, art. 98 Decreto 86.715,
de 1981: 8 dias
• Clandestino: 3 dias.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Expulsão
• Forma de exclusão do estrangeiro.
• NÃO SE EXPULSA BRASILEIRO EM NENHUMA
HIPÓTESE.
• Nova lei de migração
• Art. 52. A expulsão consiste em medida
administrativa de retirada compulsória do
migrante do território nacional, conjugada com o
impedimento de reingresso por prazo
determinado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Expulsão
• Forma de exclusão do estrangeiro.
• NÃO SE EXPULSA BRASILEIRO EM NENHUMA HIPÓTESE.
• Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer
forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou
social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular,
ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais.
• Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro
que:
• a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no
Brasil;
• b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele
não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não
sendo aconselhável a deportação;
• c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
• d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
estrangeiro.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Expulsão
• Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente
da República resolver sobre a conveniência e a
oportunidade da expulsão ou de sua
revogação.
• Decreto 3447/00: Delegou a competência para
decidir sobre expulsão de estrangeiro e sua
revogação ao Ministro da Justiça.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Expulsão
• Nova lei de migração
• Art. 53. Não se procederá à expulsão:
• I – se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira;
• II – quando o expulsando:
• a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou
dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela;
• b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem
qualquer discriminação, reconhecido judicial ou legalmente;
• c) tiver ingressado no Brasil até os doze anos de idade,
residindo desde então no País;
• d) for pessoa com mais de setenta anos que resida no País há
mais de dez anos, considerados a gravidade e o fundamento da
expulsão; ou
• e) estiver vivendo no Brasil há mais de quatro anos anteriores
ao cometimento do crime.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• Imunidades de jurisdição
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Imunidades de jurisdição
• 1) Imunidades soberanas dos Estados
• 2) Imunidades de missões especiais
• 3) Imunidades de organizações internacionais
• 4) Imunidades diplomáticas
• 5) Imunidades consulares
Imunidades de organizações
internacionais
• Diferentemente da imunidade dos Estados, a
imunidade das OIs decorre de normas
convencionais.
• As normas relativas à imunidade de uma OI
podem estra contidas em seu tratado
constitutivo, em tratado multilateral, ou em
acordo de sede.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Imunidades de organizações
internacionais
• Carta da ONU, Art. 105:
• “1. A Organização gozará, no território de cada
um de seus Membros, dos privilégios e
imunidades necessários à realização de seus
propósitos.
• 2. Os representantes dos Membros das Nações
Unidas e os funcionários da Organização gozarão,
igualmente, dos privilégios e imunidades
necessários ao exercício independente de sus
funções relacionadas com a Organização.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Imunidades de organizações
internacionais
• Convenção sobre Privilégios e Imunidades das
Nações Unidas (1946) – promulgada no Brasil em
1950.
• Art. 2, II “A Organização das Nações Unidas, seus
bens e haveres, qualquer que seja sua sede ou o
seu detentor, gozarão da imunidade de jurisdição,
salvo na medida em que a Organização a ela tiver
renunciado em determinado caso. Fica, todavia,
entendido que a renúncia não pode compreender
medidas executivas.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Imunidades de organizações
internacionais
• Orientação Jurisprudencial nº 416 da SDI – I do
TST. Imunidade de jurisdição. Organização ou
organismo internacional As organizações ou
organismos internacionais gozam de imunidade
absoluta de jurisdição quando amparados por
norma internacional incorporada ao
ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes
aplicando a regra do Direito Consuetudinário
relativa à natureza dos atos praticados.
Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição
brasileira na hipótese de renúncia expressa à
cláusula de imunidade jurisdicional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações diplomáticas
• Estado acreditante: Estado que envia seus
representantes diplomáticos.
• Estado acreditado: Estado que recebe os
representantes do Estado acreditante.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações diplomáticas
• Artigo 2
• “O estabelecimento de relações diplomáticas
entre Estados e o envio de Missões
diplomáticas permanentes efetua-se por
consentimento mútuo.”
• O rompimento de relações diplomáticas, por
sua vez, é ato unilateral.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Agentes diplomáticos
• CVRD, 1961, Artigo 9
• “1. O Estado acreditado poderá a qualquer momento, e
sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado
acreditante que o Chefe da Missão ou qualquer membro do
pessoal diplomático da Missão é persona non grata ou que
outro membro do pessoal da Missão não é aceitável. O Estado
acreditante, conforme o caso, retirará a pessoa em questão ou
dará por terminadas as suas funções na Missão. Uma Pessoa
poderá ser declarada non grata ou não aceitável mesmo antes
de chegar ao território do Estado acreditado.
• 2. Se o Estado acreditante se recusar a cumprir, ou não
cumprir dentro de um prazo razoável, as obrigações que lhe
incumbem, nos termos do parágrafo 1 deste artigo, o Estado
acreditado poderá recusar-se a reconhecer tal pessoa como
membro da Missão.” [o que significa que não terá mais as
imunidades diplomáticas e, consequentemente, poderá ser
deportada ou expulsa]
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Criados particulares
• Imunidades: NENHUMA.
• Privilégios:
• Artigo 33
• 1. Salvo o disposto no parágrafo 3 deste artigo o agente diplomático
estará no tocante aos serviços prestados ao Estado acreditante,
isento das disposições sobre seguro social que possam vigorar no
Estado acreditado.
• 2. A isenção prevista no parágrafo 1 deste artigo aplicar-se-á
também aos criados particulares que se acham ao serviço exclusivo
do agente diplomático, desde que:
• a) Não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham
residência permanente; e
• b) Estejam protegidos pelas disposições sobre seguro social
vigentes no Estado acreditado ou em terceiro estado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Criados particulares
• Imunidades: NENHUMA.
• Privilégios:
• Art. 37 (4). Os criados particulares dos membros da
Missão, que não sejam nacionais do Estado acreditado
nem nele tenham residência permanente, estão
isentos de impostos e taxas sobre os salários que
perceberem pelos seus serviços. Nos demais casos, só
gozarão de privilégios e imunidades na medida
reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado
acreditado deverá exercer a sua jurisdição sôbre tais
pessoas de modo a não interferir demasiadamente
como o desempenho das funções da Missão.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações consulares
• Estão atualmente codificadas na Convenção
de Viena sobre Relações Consulares de 1963.
• Promulgada no Brasil em 1967
• Estado de envio: Estado que envia o agente
consular
• Estado receptor ou de acolhimento: Estado
que recebe o agente consular
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações consulares
• ARTIGO 1º Definições
• 1. Para os fins da presente Convenção, as expressões abaixo devem ser
entendidas como a seguir se explica:
• a) por "repartição consular", todo consulado geral, consulado, vice-
consulado ou agência consular;
• b) por "jurisdição consular" o território atribuído a uma repartição
consular para o exercício das funções consulares;
• c) por "chefe de repartição consular", a pessoa encarregada de agir nessa
qualidade;
• d) por "funcionário consular", toda pessoa, inclusive o chefe da repartição
consular, encarregada nesta qualidade do exercício de FUNÇÕES
CONSULARES;
• e) por "empregado consular", toda pessoa empregada nos serviços
administrativos ou técnicos de uma repartição consular;
• f) por "membro do pessoal de serviço", toda pessoa empregada no
serviço doméstico de uma repartição consular;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações consulares
• ARTIGO 1º Definições
• g) por "membro da repartição consular", os funcionários
consulares, empregados consulares e membros do pessoal de
serviço;
• h) por "membros do pessoal consular", os funcionários
consulares, com exceção do chefe da repartição consular, os
empregados consulares e os membros do pessoal de serviço;
• i) por "membro do pessoal privado", a pessoa empregada
exclusivamente no serviço particular de um membro da
repartição consular;
• j) por "locais consulares", os edifícios, ou parte dos edifícios, e
terrenos anexos, que qualquer que, seja seu proprietário,
sejam utilizados exclusivamente para as finalidades da
repartição consular;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações consulares
• CVRC, 1963, ARTIGO 5º
• Funções Consulares
• As funções consulares consistem em:
• a) proteger, no Estado receptor, os interesses do Estado que envia e
de seus nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, dentro dos limites
permitidos pelo direito internacional;
• b) fomentar o desenvolvimento das relações comerciais,
econômicas, culturais e científicas entre o Estado que envia o
Estado receptor e promover ainda relações amistosas entre eles, de
conformidade com as disposições da presente Convenção;
• c) informar-se, por todos os meios lícitos, das condições e da
evolução da vida comercial, econômica, cultural e científica do
Estado receptor, informar a respeito o governo do Estado que envia
e fornecer dados às pessoas interessadas;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Relações consulares
• CVRC, 1963, ARTIGO 5º
• d) expedir passaporte e documentos de viagem aos nacionais do Estado que envia, bem como
visto e documentos apropriados às pessoas que desejarem viajar para o referido Estado;
• e) prestar ajuda e assistência aos nacionais, pessoas físicas ou jurídicas, do Estado que envia;
• f) agir na qualidade de notário e oficial de registro civil, exercer funções similares, assim como
outras de caráter administrativo, sempre que não contrariem as leis e regulamentos do Estado
receptor;
• g) resguardar, de acordo com as leis e regulamentos do Estado receptor, os interesses dos nacionais
do Estado que envia, pessoas físicas ou jurídicas, nos casos de sucessão por morte verificada no
território do Estado receptor;
• h) resguardar, nos limites fixados pelas leis e regulamentos do Estado receptor, os interesses dos
menores e dos incapazes, nacionais do país que envia, particularmente quando para eles for
requerida a instituição de tutela ou curatela;
• i) representar os nacionais do país que envia e tomar as medidas convenientes para sua
representação perante os tribunais e outras autoridades do Estado receptor, de conformidade com
a prática e os procedimentos em vigor neste último, visando conseguir, de acordo com as leis e
regulamentos do mesmo, a adoção de medidas provisórias para a salvaguarda dos direitos e
interesses destes nacionais, quando, por estarem ausentes ou por qualquer outra causa, não
possam os mesmos defendê-los em tempo útil; (...)”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 31º
• Inviolabilidade dos locais consulares
• 1. Os locais consulares serão invioláveis na medida do previsto pelo presente
artigo.
• 2. As autoridades do Estado receptor não poderão penetrar na parte dos locais
consulares que a repartição consular utilizar exclusivamente para as necessidades
de seu trabalho, a não ser com o consentimento do chefe da repartição consular,
da pessoa por ele designada ou do chefe da missão diplomática do Estado que
envia. Todavia, o consentimento do chefe da repartição consular poderá ser
presumido em caso de incêndio ou outro sinistro que exija medidas de proteção
imediata.
• 3. Sem prejuízo das disposições do parágrafo 2 do presente artigo, o Estado
receptor terá a obrigação especial de tomar as medidas apropriadas para proteger
os locais consulares contra qualquer invasão ou dano, bem como para impedir que
se perturbe a tranquilidade da repartição consular ou se atente contra sua
dignidade.
• 4. Os locais consulares, seus móveis, os bens da repartição consular e seus meios
de transporte não poderão ser objeto de qualquer forma de requisição para fins
de defesa nacional ou de utilidade pública.
• Se, para tais fins, for necessária a desapropriação, tomar-se-ão as medidas
apropriadas para que não se perturbe o exercício das funções consulares, e pagar-
se-á ao Estado que envia uma indenização rápida, adequada e efetiva.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 32
• Isenção fiscal dos locais consulares
• 1. Os locais consulares e a residência do chefe da
repartição consular de carreira de que for
proprietário o Estado que envia ou pessoa que
atue em seu nome, estarão isentos de quaisquer
impostos e taxas nacionais, regionais e
municipais, excetuadas as taxas cobradas em
pagamento de serviços específicos prestados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 33º
• Os arquivos e documentos consulares serão
sempre invioláveis, onde quer que estejam.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 3
• Liberdade de comunicação
• 1. O Estado receptor permitirá e protegerá a liberdade de comunicação da
repartição consular para todos os fins oficiais. Ao se comunicar com o Governo,
com as missões diplomáticas e outras repartições consulares do Estado que envia,
onde quer que estejam, a repartição consular poderá empregar todos os meios de
comunicação, apropriados, inclusive correios diplomáticos e consulares, malas
diplomáticas e consulares e mensagens em código ou cifra. Todavia, a repartição
consular só poderá instalar e usar uma emissora de rádio com o consentimento do
Estado receptor.
• 2. A correspondência oficial da repartição consular é inviolável. Pela expressão
"correspondência oficial" entender-se-á qualquer correspondência relativa à
repartição consular e suas funções.
• 3. A mala consultar não poderá ser aberta ou retirada. Todavia, se as autoridades
competentes do Estado receptor tiverem razões sérias para acreditar que a mala
contém algo além da correspondência, documentos ou objetos mencionados no
parágrafo 4º do presente artigo, poderão pedir que a mala seja aberta em sua
presença por representante autorizado do Estado que envia. Se o pedido for
recusado pelas autoridades do Estado que envia, a mala será devolvida ao lugar de
origem.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 36
• Comunicação com os nacionais do Estado que envia
• 1. A fim de facilitar o exercício das funções consulares relativas aos nacionais do
Estado que envia:
• a) os funcionários consulares terão liberdade de se comunicar com os nacionais do
Estado que envia e visitá-los. Os nacionais do Estado que envia terão a mesma
liberdade de se comunicarem com os funcionários consulares e de visitá-los;
• b) se o interessado lhes solicitar, as autoridades competentes do Estado receptor
deverão, sem tardar, informar à repartição consular competente quando, em sua
jurisdição, um nacional do Estado que envia for preso, encarcerado, posto em
prisão preventiva ou detido de qualquer outra maneira.
• Qualquer comunicação endereçada à repartição consular pela pessoa detida,
encarcerada ou presa preventivamente deve igualmente ser transmitida sem
tardar pelas referidas autoridades. Estas deverão imediatamente informar o
interessado de seus direitos nos termos do presente subparágrafo;
• c) os funcionários consulares terão direito de visitar o nacional do Estado que
envia, o qual estiver detido, encarcerado ou preso preventivamente, conversar e
corresponder-se com ele, e providenciar sua defesa perante os tribunais. Terão
igualmente o direito de visitar qualquer nacional do Estado que envia encarcerado,
preso ou detido em sua jurisdição em virtude de execução de uma sentença,
todavia, os funcionário consulares deverão abster-se de intervir em favor de um
nacional encarcerado, preso ou detido preventivamente, sempre que o
interessado a isso se opuser expressamente.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Funcionários e empregados
consulares: imunidades
• "funcionário consular", toda pessoa, inclusive o chefe
da repartição consular, encarregada nesta qualidade do
exercício de FUNÇÕES CONSULARES
• Art. 43
• Imunidade de Jurisdição
• 1. Os funcionários consulares e os empregados
consulares não estão sujeitos à Jurisdição das
autoridades judiciárias e administrativas do Estado
receptor pelos atos realizados no exercício das
funções consulares.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 44
• Obrigação de prestar depoimento
• 1. Os membros de uma repartição consular poderão ser chamados
a depor como testemunhas no decorrer de um processo judiciário
ou administrativo. Um empregado consular ou um membro do
pessoal de serviço não poderá negar-se a depor como
testemunha, exceto nos casos mencionados no parágrafo 3 do
presente artigo. Se um funcionário consular recusar-se a prestar
depoimento, nenhuma medida coercitiva ou qualquer outra sanção
ser-lhe-á aplicada.
• 2. A autoridade que solicitar o testemunho deverá evitar que o
funcionário consular seja perturbado no exercício de suas funções.
Poderá tomar o depoimento do funcionário consular em seu
domicílio ou na repartição consular, ou aceitar sua declaração por
escrito, sempre que for possível.
• 3. Os membros de uma repartição consular não serão obrigados a
depor sobre fatos relacionados com o exercício de suas funções,
nem a exibir correspondência e documentos oficiais que a elas se
refiram.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
• ARTIGO 45
• Renúncia aos privilégios e imunidades
• 1. O Estado que envia poderá renunciar, com relação a um
membro da repartição consular, aos privilégios e imunidades
previstos nos artigos 41, 43 e 44.
• 2. A renúncia será sempre expressa, exceto no caso do disposto no
parágrafo 3 do presente artigo, e deve ser comunicada por escrito
ao Estado receptor.
• 3. Se um funcionário consular, ou empregado consular, propuser
ação judicial sobre matéria de que goze de imunidade de jurisdição
de acordo com o disposto no artigo 43, não poderá alegar esta
imunidade com relação a qualquer pedido de reconvenção
diretamente ligado à demanda principal.
• 4. A renúncia à imunidade de jurisdição quanto a ações civis ou
administrativas não implicará na renúncia à imunidade quanto a
medidas de execução de sentença, para as quais nova renúncia será
necessária.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Privilégios
• ARTIGO 49
• Isenção fiscal
• 1. Os funcionários e empregados consulares, assim como os membros de suas
famílias que com eles vivam, estarão isentos de quaisquer impostos e taxas,
pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com exceção dos:
• a) impostos indiretos normalmente incluídos no preço das mercadorias ou
serviços;
• b) impostos e taxas sobre bens imóveis privados situados no território do Estado
receptor sem prejuízo das disposições do artigo 32;
• c) impostos de sucessão e de transmissão exigíveis pelo Estado receptor, sem
prejuízo das disposições do parágrafo b ) do artigo 51;
• d) impostos e taxas sobre rendas particulares, inclusive rendas de capital, que
tenham origem no Estado receptor, e impostos sobre capital, correspondentes a
investimentos realizados em empresas comerciais ou financeiras situadas no
Estado receptor;
• e) impostos e taxas percebidos como remuneração de serviços específicos
prestados;
• f) direitos de registro, taxas judiciárias, hipoteca e selo, sem prejuízo do disposto
no artigo 32.
• 2. Os membros do pessoal de serviço estarão isentos de impostos e taxas sobre
salários que recebam como remuneração de seus serviços.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
Imunidades Privilégios
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Funcionários Penal, civil e Autorização de residência (art. 46);
consulares (chefe + administrativa para atos permissão de trabalho (art. 47);
membros do oficiais. Prisão previdenciários (art. 48); fiscais (art.
pessoal consular) preventiva apenas em 49); alfandegários (art. 50); quanto à
caso de crime grave e prestação de serviços públicos (art.
mediante decisão 52).
judicial
Cônsules honorários
• CAPÍTULO III
• Regime aplicável aos funcionários consulares
honorários e às repartições consulares por eles
dirigidas
• Imunidades penais, civis e administrativas para
atos oficiais.
• Art. 58 (3). Os privilégios e imunidades previstos
na presente Convenção não serão concedidos aos
membros da família de funcionário consular
honorário nem aos da família de empregado
consular de repartição consular dirigida por
funcionário consular honorário.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Cônsules honorários
• Cônsules honorários só têm as imunidades do
art. 43 (penal, civil e administrativo por atos
oficiais)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 03
Dúvidas e atualidades
Questão 1
Sobre as imunidades dos principais representantes dos estados, julgue certo (C) ou errado (E) os itens a
seguir:
Questão 2
Sobre as imunidades jurisdicionais dos estados, julgue certo (C) ou errado (E) os itens a seguir:
a) A máxima par in parem non habet judicium se aplica apenas a atos de império. De acordo com o
direito costumeiro atual, para os atos de gestão, o estado estrangeiro não goza de imunidade de
jurisdição nem de execução.
b) A distinção entre acta Iuri imperii e acta iure gestionis não se aplica em casos de crimes contra a
humanidade, crimes de guerra e crimes de genocídio. Mesmo quando praticados como atos oficiais,
esses crimes constituem delicta imperii, e sobre eles não existe imunidade de jurisdição.
c) De acordo com a jurisprudência consagrada do Supremo Tribunal Federal, bens de estados
estrangeiros não afetos a suas relações diplomáticas e consulares podem ser executados.
d) Em caso de reconvenção em ação movida pelo estado estrangeiro, não há imunidade de jurisdição.
A imunidade de execução, porém, não será afetada.
Questão 3
a) Os agentes diplomáticos gozam de amplas imunidades penais, civis e administrativas, aplicadas para
atos oficiais e para atos particulares. Essas imunidades só podem ser afastadas em caso de
reconvenção, em ação movida pelo próprio agente diplomático e em casos de renúncia expressa do
agente a essas imunidades.
professorpedrosloboda@gmail.com
b) Os agentes diplomáticos não possuem imunidades de jurisdição nem de execução em ação real
sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado.
c) O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha e não pode ser
processado penalmente por ato praticado no exercício de profissão liberal ou atividade comercial
exercida no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.
d) A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os
locais da missão e os membros da família de um agente diplomático que com ele vivam gozam dos
mesmos privilégios e imunidades do agente diplomático.
Questão 4
Quesão 5
a) O cônsul-geral do Brasil em Nova Iorque goza de imunidades penais, civis e administrativas tão
somente no que diz respeito aos atos oficiais por ele praticados.
b) Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de
crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente.
c) Os membros de uma repartição consular poderão ser chamados a depor como testemunhas no
decorrer de um processo judiciário ou administrativo. Um empregado consular ou um membro do
pessoal de serviço não poderá negar-se a depor como testemunha, exceto sobre fatos relacionados
com o exercício de suas funções. Se um funcionário consular se recusar a prestar depoimento, no
entanto, nenhuma medida coercitiva ou qualquer outra sanção ser-lhe-á aplicada.
d) Os funcionários consulares terão direito de visitar o nacional do estado que envia, que estiver
detido, encarcerado ou preso preventivamente. Ao mesmo tempo, o nacional do estado que envia
titulariza direito de receber assistência consular em processos judiciais nos quais figure como réu.
Questão 6
a) O direito internacional contemporâneo reconhece a jurisdição universal dos estados para julgarem
crimes de guerra, crimes de genocídio e crimes contra a humanidade. Esses são os únicos casos,
portanto, em que um estado pode julgar um estrangeiro por crimes cometidos contra estrangeiros
no exterior.
b) A imunidade de jurisdição das organizações internacionais se aplica à própria organização, a seus
funcionários e aos representantes dos estados membros acreditados na organização. De acordo com
o direito consuetudinário contemporâneo, contudo, essas imunidades não se aplicam em casos de
atos de gestão praticados pelas organizações internacionais, afinal, essas organizações não poderiam
gozar de mais imunidades perante tribunais domésticos do que os próprios estados que as criaram.
c) Os membros de missões especiais gozam de imunidades diplomáticas, conforme previsto na
Convenção de Viena sobre relações diplomáticas de 1961.
d) Os representantes do estado em missões especiais gozam de imunidades penais, civis e
administrativas ratione personae. Os membros do pessoal técnico e administrativo de uma missão
especial gozam de imunidades penais ratione personae e gozam de imunidades civis e
administrativas ratione materiae. Os membros do pessoal de serviço de uma missão especial, por
sua vez, gozam apenas de imunidades ratione materiae. Os criados particulares dos membros da
missão não possuem, a princípio, imunidades, mas gozam de privilégios tributários sobre seus
salários.
Questão 7
a) Depois de declarar persona non grata um agente diplomático ou um funcionário consular, o estado
acreditado ou estado receptor não é mais obrigado a reconhecer as imunidades desses agentes,
caso eles não se retirem de seu território dentro de um prazo razoável. Isso se aplica mesmo se o
agente diplomático ou funcionário consular não tiver tido tempo de realizar sua mudança e mesmo
que tenha recebido anteriormente agrément ou exequatur.
b) Os locais consulares, seus móveis, os bens da repartição consular e seus meios de transporte
poderão ser objeto desapropriação para fins de defesa nacional ou de utilidade pública, desde que
sejam tomadas as medidas apropriadas para que não se perturbe o exercício das funções consulares,
e desde que se pague ao estado que envia uma indenização rápida, adequada e efetiva.
c) A Convenção de Viena sobre relações consulares não confere nenhum privilégio e nenhuma
imunidade aos membros da família de funcionário consular honorário.
d) Os diplomatas possuem imunidades ratione personae, vale dizer, para atos oficiais e para atos
particulares. Dessa forma, aluno do Instituto Rio Branco em viagem de férias à Argentina goza de
amplas imunidades penais, civis e administrativas.
GABARITO
1–ECCC
2–EEEC
3–ECCC
4–CCCE
5 -CCCC
6–EEEC
7–CCCE
NOVO CPC
Questão 1
Com relação ao novo Código de Processo Civil, julgue os itens que seguem:
1) Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar ação em que o réu, italiano nato, é
domiciliado no Brasil.
2) Em ação de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil, será exclusivamente
competente a autoridade judiciária brasileira.
3) O Poder Judiciário brasileiro pode conhecer de ações decorrentes de relações de consumo quando o
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil.
4) No que concerne à competência concorrente do Poder Judiciário brasileiro, eventual ação proposta
perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e pode, se for o caso, ser homologada pelo STJ.
Questão 2
1) O novo CPC passou a reconhecer as cláusulas de eleição de foro em contratos internacionais, o que
não ocorria sob a égide do antigo código, salvo para casos de arbitragem.
2) A cláusula de eleição de foro tem efeitos negativos reconhecidos pelo novo CPC. Isso significa que
um foro que não o eleito deve, enquanto regra, abster-se de julgar o caso.
3) A cláusula de eleição de foro não se aplica para os casos de competência exclusiva do Poder
Judiciário brasileiro.
4) Existe a possibilidade de eleição de foro alternativo. Pode-se, ainda, excluir um único foro para a
solução de eventual controvérsia relacionada a contrato internacional.
Questão 3
Sobre os limites da jurisdição brasileira e a cooperação jurídica internacional, nos termos do novo CPC, jugue
os itens a seguir:
1) Compete exclusivamente à autoridade judiciária brasileira conhecer de ações sobre imóveis situados
no Brasil e sobre inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
2) Enquanto regra, a Autoridade Central no Brasil é o Ministério da Justiça.
3) O novo CPC reconhece expressamente a possibilidade de cooperação por via de auxílio direto, seja
por via administrativa, seja por via judicial.
4) A exceção de ordem pública é aplicável a qualquer modalidade de cooperação jurídica internacional.
Questão 4
Julgue os itens a seguir sobre a homologação de sentença estrangeira conforme o novo CPC:
1) Qualquer decisão judicial estrangeira deve ser homologada para produzir efeitos no Brasil, seja
decisão definitiva, seja decisão interlocutória.
2) O novo CPC tem sido duramente criticado por representar regresso na cooperação jurídica
internacional, ao não permitir a homologação parcial de sentença estrangeira.
3) Admite-se tutela antecipada em sede de homologação de sentença estrangeira.
4) Sentença estrangeira que ofenda a coisa julgada nacional não pode ser homologada no Brasil.
Questão 5
Sobre homologação de sentença estrangeira e concessão de exequatur a carta rogatória, julgue os itens a
seguir com base no novo CPC.
5 -EEEC
4–EECC
3–CCCC
2–CCCC
1–CECC
GABARITO
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD, 2016). A homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias
competem ao Superior Tribunal de Justiça.
A) O Estado brasileiro autoriza a extradição de brasileiros natos envolvidos na prática de crime de tráfico
de drogas.
B) Fundada em tratado, a demanda extradicional não pode ser sumariamente recusada pelo Estado
requerido.
C) Não haverá extradição nos casos em que não houver processo penal contra o extraditando ou pena a
ser por ele cumprida.
D) O requerimento de extradição terá sempre por fundamento a existência de um tratado entre dois países
envolvidos.
(CACD – 2009) Conhecida do judiciário brasileiro desde o Império, a cooperação jurídica internacional tem
adquirido importância crescente nos últimos anos, ao permitir a tutela jurisdicional, mesmo quando elementos
indispensáveis ao processo se encontrem em jurisdição estrangeira. À luz da prática brasileira de cooperação
jurídica internacional, julgue (C ou E) os itens a seguir.
a) O Estado brasileiro realiza atos de cooperação jurídica internacional em matéria tanto cível quanto
penal, desde que haja, no segundo caso, tratado internacional em vigor que a discipline.
b) A decisão de cooperar com um Estado estrangeiro, prestando-lhe o necessário auxílio, insere-se no
contexto das relações internacionais que devem ser mantidas pelo Presidente da República, nos
termos da Constituição Federal. Portanto, os pedidos de auxílio e as cartas rogatórias devem tramitar
pela via diplomática ou por meio de autoridade central prevista em tratado.
c) A Convenção de Palermo, ratificada pelo Brasil, tem como objetivo promover a cooperação jurídica e
policial no combate e na prevenção do crime organizado transnacional.
d) Mecanismo tradicional de cooperação jurídica em matéria penal, a extradição, no Brasil, só se realiza
após ter sido submetida a julgamento no Supremo Tribunal Federal, órgão que tem a competência
originária para tal.
(CACD 2011) Dois ex-empregados da missão diplomática do Estado X situada no Estado Y ajuizaram contra
aquele Estado reclamação na justiça trabalhista deste Estado, alegando que alguns de seus salários não haviam
sido pagos. Tendo julgado procedente a reclamação, a justiça trabalhista do Estado Y determinou, a fim de
satisfazer os créditos dos ex-empregados, a penhora de bens, incluído o próprio prédio da referida missão
diplomática. Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) Caso o Estado Y fosse o Brasil, a justiça trabalhista não poderia, de acordo com a jurisprudência do
STF, determinar a penhora de bens do Estado X, por gozar o Estado estrangeiro de imunidade de
execução.
B) A justiça trabalhista do Estado Y não deveria ter conhecido da ação, pois a Convenção de Viena sobre
Relações Diplomáticas estabelece a imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro em matéria
trabalhista.
C) A justiça trabalhista do Estado Y não deveria ter conhecido da ação, pois casos que envolvam
imunidade de jurisdição e execução somente podem ser julgados por tribunais internacionais.
D) Caso a penhora recaísse sobre a residência oficial do embaixador, ela seria considerada lícita perante
o direito internacional.
E) Sob o prisma do direito internacional, a penhora do prédio da missão diplomática é lícita.
(CACD – 2015)
A) A concessão de asilo político a estrangeiro é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas
suas relações internacionais, mas, como ato de soberania estatal, o Estado brasileiro não está obrigado
a realizá-lo.
B) A Constituição Federal determina que o brasileiro nato nunca será extraditado e que o brasileiro
naturalizado somente será extraditado no caso de ter praticado crime comum antes da naturalização.
(CACD – 2012) Com relação aos direitos de nacionalidade e a suas variações, previstos na CF, assinale a
opção correta.
A) Estrangeiros são, por vezes, protegidos como os nacionais, a exemplo da vedação de extradição de
estrangeiros por crime político ou de opinião.
B) Os direitos inerentes aos brasileiros são atribuídos a todo cidadão português, ressalvada a limitação
constitucional de verificação de reciprocidade.
C) A perda da nacionalidade originária, diferentemente do que ocorre com a derivada, é medida prevista
como forma extrema de cominação penal.
D) A extradição de brasileiros portadores de nacionalidade não originária é condicionada excepcional e
unicamente a comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e de drogas afins.
E) A concessão de asilo a estrangeiro é prevista como direito civil inalienável no artigo 5.o da Lei Maior,
que cuida de direitos e garantias fundamentais.
GABARITO
1–C
2–ECCE
3–ECCC
4–A
5–CE
6-A
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
REVISÃO
Aula 04
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Revisão – Aula 04
• Uso da força no direito internacional; solução
pacífica de controvérsias; teoria geral das
organizações internacionais; Organização das
Nações Unidas; jurisdição da Corte
Internacional de Justiça; jurisprudência da CIJ.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Histórico
• 1919: Pacto da Liga das Nações:
• Art.12. Todos os Membros da Sociedade convêm
que, se entre eles houver um litígio que possa
trazer rompimento, o submeterão ao processo de
arbitragem ou ao exame do Conselho. Convêm
mais que, em nenhum caso, deverão recorrer à
guerra antes de expirar o prazo de três meses
depois da sentença dos árbitros ou do parecer
do Conselho.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Histórico
• 1928: Pacto de Paris (Briand-Kellog) - Tratado
Geral para Renúncia da Guerra como Instrumento
de Política Nacional.
• Chegaram a fazer parte do Tratado 63 Estados
• A proibição à guerra não era geral. O acordo só
era válido entre os Estados-parte e, apesar de o
tratado não conter dispositivo sobre o direito à
legítima defesa, trocas de notas formais entre os
principais signatários, antes de sua conclusão, o
resguardavam.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Histórico
• 1933: Tratado do Rio de Janeiro (Saavedra Lamas)
• Ainda em vigor, proscreve a guerra em seu artigo 1 e
propugna a solução pacífica de controvérsias
internacionais.
• Prevê, no artigo 3, o emprego de meios políticos,
jurídicos e econômicos autorizados pelo Direito
Internacional, como sanções a Estados que violassem o
tratado, desde que não houvesse intervenção
diplomática ou militar.
• Trinta países, incluindo alguns europeus, subscreveram
o tratado, aberto à adesão de todos os Estados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
DIP contemporâneo
• Até que a guerra foi finalmente proibida enquanto
meio legítimo de solução de controvérsias:
• Carta da ONU, Art. 2(4):
• “Todos os Membros deverão evitar em suas relações
internacionais a ameaça ou o uso da força contra a
integridade territorial ou a independência política de
qualquer Estado, ou de qualquer outra forma
incompatível com os Propósitos das Nações Unidas”
• A CIJ, no caso Atividades Militares no território do
Congo (RDC Vs Uganda, 2005, para. 148), afirmou que
o art. 2(4) é a pedra angular da Carta da ONU.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Agressão
• Res. 3314, AGNU, 1974 – Definição de Agressão
• Art. 3 “Considerar-se-á ato de agressão qualquer um dos atos a seguir
enuncia dos, tenha ou não havido declaração de guerra, sob reserva das
disposições do artigo 2.° e de acordo com elas:
• a) A invasão ou o ataque do território de um Estado pelas forças
armadas de outro Estado, ou qualquer ocupação militar, ainda que
temporária, que resulte dessa invasão ou ataque, ou qualquer anexação
mediante o uso da força do território ou de parte do território de outro
Estado;
• h) O bombardeamento pelas forças armadas de um Estado, ou o uso de
quaisquer armas por um Estado, contra o território de outro Estado;
• c) O bloqueio dos portos ou da costa de um Estado pelas forças armadas
de outro Estado;
• d) O ataque pelas forças armadas de um Estado contra as forças armadas
terrestres, navais ou aéreas, ou a marinha e aviação civis de outro
Estado;
• (...)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Legítima defesa
• Carta da ONU, Art. 51
• “Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima
defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um ataque
armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o
Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias
para a manutenção da paz e da segurança internacionais. As
medidas tomadas pelos Membros no exercício desse direito de
legítima defesa serão comunicadas imediatamente ao Conselho de
Segurança e não deverão, de modo algum, atingir a autoridade e a
responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho para
levar a efeito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à
manutenção ou ao restabelecimento da paz e da segurança
internacionais.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Legítima defesa
• A legítima defesa DEVE ser:
• i) Contra um ataque armado;
• ii) Temporário (“até que o Conselho de
Segurança tenha tomado as medidas
necessárias para a manutenção da paz e da
segurança internacionais”)
• iii) Comunicada ao CSNU.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Legítima defesa
• Em qualquer caso, a legítima defesa deve ser
pautada pelos princípios da necessidade e da
proporcionalidade
• Isso foi reconhecido pela CIJ nos casos Nicarágua
(1986); legalidade do uso e da ameaça de uso de
armas nucleares (1996); Plataforma de Petróleo
(2003); Atividades Militares no território do
Congo (2005).
• Esses princípios não estão previstos na Carta da
ONU, mas são parte do direito costumeiro
internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Legítima defesa
Legítima defesa antecipatória Legítima defesa preventiva
• Ataque armado iminente • Ataque futuro possível
• Forças armadas inimigas • Ameaça à paz internacional
estão prontas para atacar. • Forças inimigas podem vir
• Ex: Bombardeio de Israel talvez quem sabe um dia a
atacar.
aos aviões egípcios no início
da guerra dos seis dias • Ex: Guerra dos EUA no Iraque
(1967) (2003)
• É ilegal.
• É legal.
• Competência para decidir
sobre ameaças à paz é do
CSNU.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Entidades regionais
• Carta da ONU, Art. 53
• “O conselho de Segurança utilizará, quando
for o caso, tais acordos e entidades regionais
para uma ação coercitiva sob a sua própria
autoridade. Nenhuma ação coercitiva será, no
entanto, levada a efeito de conformidade
com acordos ou entidades regionais sem
autorização do Conselho de Segurança.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Intervenções humanitárias
• Iugoslávia ingressou com 10 ações na CIJ contra os
membros da OTAN, por uso ilegal da força.
• A CIJ, no entanto, não analisou os méritos de nenhum
desses casos, por falta de jurisdição.
• Pouco apoio estatal a essa doutrina
• Bombardeiro unilateral dos EUA à Síria, em 2017 foi
ILEGAL.
• Res. 3314 (1974) Art. 5(1) “Nenhuma consideração, de
qualquer natureza, seja política, econômica, militar,
ou qualquer outra, serve de justificativa para a
agressão.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
• 1) Meios diplomáticos
• 2) Meios políticos
• 3) Meios jurisdicionais
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios diplomáticos
• 1.1 Negociações diretas
• Meio mais utilizado.
• Não há qualquer intervenção de terceiros.
• Por serem tão importantes, podem ser utilizadas a qualquer
tempo, durante a utilização de outro meio.
• CIJ: o fato de negociações estarem sendo entabuladas
durante o processo judicial não exclui a competência da
Corte.
• É comum que um caso seja resolvido por negociação
enquanto é apreciado por um tribunal. Ex: Caso incidente
aéreo, Irã Vs EUA – foi resolvido por negociação em 1996.
• O dever de negociar pode estar expresso em um tratado.
• Ex: ESC da OMC exige a fase prévia de consultas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios diplomáticos
• 1.1.1 Sistema de consultas
• Não deixa de ser uma forma institucionalizada
de negociação.
• Entendimento direto programado; não há
intervenção substancial, ou sequer instrumental
de terceiro.
• As partes consultam-se mutuamente sobre seus
desacordos por assim terem estabelecido
previamente.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios diplomáticos
• 1.2 Bons ofícios – Há intervenção de terceiro, que
simplesmente estabelece contato entre as partes,
oferecendo espaço neutro para negociações.
• O terceiro exerce função instrumental, não
cabendo a ele propor soluções para o conflito. A
solução da controvérsia dar-se-á por
entendimento direto entre os contentores.
• 1.3 Mediação – Há envolvimento substancial de
terceiro, que propõe solução para o conflito; a
proposta, no entanto, não vincula as partes, e só
será aceita se julgada satisfatória por ambas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios diplomáticos
• 1.4 Conciliação – Possui matizes de mediação e de
inquérito, esclarece os fatos e faz sugestões; é
caracterizada por maior aparato formal; é coletivo seu
exercício: não há um único conciliador, mas comissão de
conciliação, que propõe solução por meio de relatório, que
não vincula as partes.
• Inquérito - Preliminar de instância diplomática, política ou
jurisdicional.
• Comissão de inquérito que faz uma investigação
independente, com a finalidade de apurar a materialidade
dos fatos.
• Convenção de Haia de 1899 já previa uma comissão de
inquérito que podia ser acionada pelas partes em uma
controvérsia.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• Artigo 36
• 1. O conselho de Segurança poderá, em
qualquer fase de uma controvérsia da
natureza a que se refere o Artigo 33, ou de
uma situação de natureza semelhante,
recomendar procedimentos ou métodos de
solução apropriados.
• A SOLUÇÃO NÃO É OBRIGATÓRIA.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios políticos
• b) Organizações Regionais
• Certas organizações regionais com vocação
política têm poderes análogos aos da ONU.
Essas OIs servem como foro de consulta e
negociação a situações conflitivas e podem
prever alguns procedimentos como mediação,
bons ofícios, etc. Ex.: OEA; UA; OTAN
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios jurisdicionais
• Há compromisso com o primado do direito.
• A solução é vinculante.
• Árbitros e juízes resolvem a controvérsia por
meio da aplicação do direito internacional.
• Não necessariamente as partes ficarão
satisfeitas com a solução.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios jurisdicionais
• 3.1 Arbitragem
• Arbitragem é um meio jurisdicional não judiciário de solução
de controvérsia.
• É mais flexível que os meios judiciais
• O número de árbitros e os árbitros são definidos pelas partes.
• Os árbitros não precisam ser magistrados de carreira. Podem
ser técnicos, políticos, ou qualquer indivíduo à escolha das
partes.
• Procedimento (instruções, prazos) é definido pelas partes.
• Poderes dos árbitros (ex: medidas provisórias) são
determinadas pelas partes.
• Direito material é definido pelas partes. Podem até optar pelo
direito interno de um Estado.
• Nos meios judiciais, tudo isso já está definido pelo Estatuto e
pelo Regulamento do tribunal.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios jurisdicionais
• Características da arbitragem:
• (i) Não possui caráter de permanência, é uma
solução ad hoc (para o caso específico);
• (ii) As partes escolhem o(s) árbitro(s);
• (iii) As partes definem os procedimentos, tais
como prazos, formas de manifestação das
partes, etc;
• (iv) As partes definem o direito a ser aplicado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Meios jurisdicionais
• 3.2 Meios judiciários
• As partes submetem a questão a um tribunal
internacional permanente.
• Os tribunais podem ter vocação universal ou
regional.
• Além disso, podem ter jurisdição geral ou
específica em função da matéria.
• Ex.: TPI; CEDH; CADH; Tribunal Internacional do
Direito do Mar; CIJ.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
• Organizações Internacionais
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Organizações internacionais
• As organizações internacionais surgiram no século XIX,
como comissões fluviais, para a administração conjunta de
rios internacionais:
• Comissão central do Rio Reno – prevista na ata final de
Viena, 1815, e criada pela Convenção de Mayence, de
1831.
• Comissão europeia do Danúbio – criada pelo Tratado de
Paris de 1856.
• E como instituições técnicas, a regular temas de interesse
comum dos Estados:
• União Telegráfica Internacional – 1865
• União Postal Universal – 1878
• União para a proteção de obras literárias e artísticas - 1883
• União para a Proteção da Propriedade Intelectual – 1883
• União das Ferrovias - 1890
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
OI: definição
• Projeto de artigos sobre responsabilidade
internacional das Ois, Art.2:
• “international organization” means an
organization established by a treaty or other
instrument governed by international law and
possessing its own international legal
personality. International organizations may
include as members, in addition to States, other
entities;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
ONU: membros
• Membros fundadores da ONU ou originais:
• Art. 3 : países que tenham assinado a
Declaração das Nações Unidas, de 1942, ou
que tenham participado da Conferência de
São Francisco, de 1945.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Assembleia Geral
• Artigo 9
• 1. A Assembleia Geral será constituída por todos os
Membros das Nações Unidas.
• 2. Cada Membro não deverá ter mais de cinco
representantes na Assembleia Geral.
• Funções e Atribuições
• Artigo 10
• A Assembleia Geral poderá discutir quaisquer questões ou
assuntos que estiverem dentro das finalidades da presente
Carta ou que se relacionarem com as atribuições e funções
de qualquer dos órgãos nela previstos e, com exceção do
estipulado no Artigo 12, poderá fazer recomendações aos
Membros das Nações Unidas ou ao Conselho de Segurança
ou a este e àqueles, conjuntamente, com referência a
qualquer daquelas questões ou assuntos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Assembleia Geral
• Art. 11 (2)
• A Assembleia Geral poderá discutir quaisquer questões
relativas à manutenção da paz e da segurança
internacionais, que a ela forem submetidas por
qualquer Membro das Nações Unidas, ou pelo
Conselho de Segurança, ou por um Estado que não seja
Membro das Nações unidas, de acordo com o Artigo
35, parágrafo 2, e, com exceção do que fica estipulado
no Artigo 12, poderá fazer recomendações relativas a
quaisquer destas questões ao Estado ou Estados
interessados, ou ao Conselho de Segurança ou a
ambos. Qualquer destas questões, para cuja solução
for necessária uma ação, será submetida ao Conselho
de Segurança pela Assembleia Geral, antes ou depois
da discussão.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Assembleia Geral
• Art. 12 (1)
• Enquanto o Conselho de Segurança estiver
exercendo, em relação a qualquer
controvérsia ou situação, as funções que lhe
são atribuídas na presente Carta, a Assembleia
Geral não fará nenhuma recomendação a
respeito dessa controvérsia ou situação, a
menos que o Conselho de Segurança a
solicite.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Assembleia Geral
• Artigo 13
• 1. A Assembleia Geral iniciará estudos e fará
recomendações, destinados a:
• a) promover cooperação internacional no terreno
político e incentivar o desenvolvimento progressivo do
direito internacional e a sua codificação;
• b) promover cooperação internacional nos terrenos
econômico, social, cultural, educacional e sanitário e
favorecer o pleno gozo dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais, por parte de todos os povos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Assembleia Geral
• Artigo 18
• 1. Cada Membro da Assembleia Geral terá um voto.
• 2. As decisões da Assembleia Geral, em questões importantes,
serão tomadas por maioria de dois terços dos Membros presentes
e votantes. Essas questões compreenderão: recomendações
relativas à manutenção da paz e da segurança internacionais; à
eleição dos Membros não permanentes do Conselho de Segurança;
à eleição dos Membros do Conselho Econômico e Social; à eleição
dos Membros dos Conselho de Tutela, de acordo como parágrafo 1
(c) do Artigo 86; à admissão de novos Membros das Nações Unidas;
à suspensão dos direitos e privilégios de Membros; à expulsão dos
Membros; questões referentes o funcionamento do sistema de
tutela e questões orçamentárias.
• 3. As decisões sobre outras questões, inclusive a determinação de
categoria adicionais de assuntos a serem debatidos serão
aprovados por uma maioria dos membros presentes e que votem.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• Artigo 23
• 1. O Conselho de Segurança será composto de quinze Membros das
Nações Unidas. A República da China, a França, a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, o Reino Unido da Grã-Bretanha e
Irlanda do norte e os Estados unidos da América serão membros
permanentes do Conselho de Segurança. A Assembleia Geral
elegerá dez outros Membros das Nações Unidas para Membros não
permanentes do Conselho de Segurança, tendo especialmente em
vista, em primeiro lugar, a contribuição dos Membros das Nações
Unidas para a manutenção da paz e da segurança internacionais e
para os outros propósitos da Organização e também a distribuição
geográfica equitativa.
• 2. Os membros não permanentes do Conselho de Segurança serão
eleitos por um período de dois anos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• Artigo 24
• 1. A fim de assegurar pronta e eficaz ação por
parte das Nações Unidas, seus Membros
conferem ao Conselho de Segurança a
principal responsabilidade na manutenção da
paz e da segurança internacionais e
concordam em que no cumprimento dos
deveres impostos por essa responsabilidade o
Conselho de Segurança aja em nome deles.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• Artigo 25
• Os Membros das Nações Unidas concordam
em aceitar e executar as decisões do
Conselho de Segurança, de acordo com a
presente Carta.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• CAP. VI - SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS
• Artigo 33
• 1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a
constituir uma ameaça à paz e à segurança
internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar
a uma solução por negociação, inquérito,
mediação, conciliação, arbitragem, solução
judicial, recurso a entidades ou acordos regionais,
ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.
• 2. O Conselho de Segurança convidará, quando
julgar necessário, as referidas partes a resolver,
por tais meios, suas controvérsias.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Segurança
• CAPÍTULO VII
• AÇÃO RELATIVA A AMEAÇAS À PAZ, RUPTURA DA PAZ E
ATOS DE AGRESSÃO
• Artigo 41
• O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas
que, sem envolver o emprego de forças armadas,
deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões
e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a
aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a
interrupção completa ou parcial das relações
econômicas, dos meios de comunicação ferroviários,
marítimos, aéreos , postais, telegráficos, radiofônicos,
ou de outra qualquer espécie e o rompimento das
relações diplomáticas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Tutela
• CAPÍTULO XII
• SISTEMA INTERNACIONAL DE TUTELA
• Artigo 75
• As nações Unidas estabelecerão sob sua autoridade um
sistema internacional de tutela para a administração e
fiscalização dos territórios que possam ser colocados
sob tal sistema em consequência de futuros acordos
individuais. Esses territórios serão, daqui em diante,
mencionados como territórios tutelados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Tutela
• Artigo 79
• As condições de tutela em que cada território
será colocado sob este sistema, bem como
qualquer alteração ou emenda, serão
determinadas por acordo entre os Estados
diretamente interessados, inclusive a potência
mandatária no caso de território sob mandato de
um Membro das Nações Unidas e serão
aprovadas de conformidade com as disposições
dos Artigos 83 e 85.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Tutela
• Artigo 87
• A Assembleia Geral e, sob a sua autoridade, o Conselho
de Tutela, no desempenho de suas funções, poderão:
• a) examinar os relatórios que lhes tenham sido
submetidos pela autoridade administradora;
• b) Aceitar petições e examiná-las, em consulta com a
autoridade administradora;
• c) providenciar sobre visitas periódicas aos territórios
tutelados em épocas estabelecidas de acordo com a
autoridade administradora; e
• d) tomar estas e outras medidas de conformidade com
os termos dos acordos de tutela
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Conselho de Tutela
• Desde 1994, quando o último território
tutelado, Palau, ficou independente, o
Conselho de Tutela não atua.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Secretariado
• Art. 97
• “O Secretariado será composto de um
Secretário- Geral e do pessoal exigido pela
Organização. o Secretário- Geral será indicado
pela Assembleia Geral mediante a
recomendação do Conselho de Segurança.
Será o principal funcionário administrativo da
Organização.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Secretariado
• Art.99
• O Secretário-Geral poderá chamar a atenção
do Conselho de Segurança para qualquer
assunto que em sua opinião possa ameaçar a
manutenção da paz e da segurança
internacionais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Secretariado
• Artigo 102
• 1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos
por qualquer Membro das Nações Unidas depois da
entrada em vigor da presente Carta, deverão, dentro
do mais breve prazo possível, ser registrados e
publicados pelo Secretariado.
• 2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo
internacional que não tenha sido registrado de
conformidade com as disposições do parágrafo 1º
deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo
perante qualquer órgão das Nações Unidas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
CIJ: Competências
• 1. Contenciosa
• 2. Consultiva
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 04
Dúvidas e atualidades
Questão 1
a) Diferentemente do que ocorre em uma solução diplomática ou política, nas soluções jurisdicionais,
aplica-se o direito internacional como ele se apresenta no momento da lide. A solução cria
obrigações inter partes e pode deixar todos os envolvidos insatisfeitos.
b) Em um compromisso arbitral, as partes envolvidas podem escolher como direito aplicável o direito
doméstico de um terceiro Estado.
c) O inquérito, que pode ser preliminar a qualquer meio de solução de conflitos, também pode ser
considerado ele próprio um meio pacífico de solução de controvérsias.
d) O Protocolo de Olivos do MERCOSUL contempla meios diplomáticos, políticos, arbitrais e judiciais de
solução de controvérsias.
Questão 2
Questão 3
Sobre a Corte Internacional de Justiça, julgue certo (C) ou errado (E) os itens a seguir:
A) A jurisdição ratione materiae da CIJ é ampla, ao passo que sua jurisdição ratione personae depende
do reconhecimento por parte dos Estados, que deve ser feito sempre de modo expresso.
B) Todo Estado que é parte no Estatuto da Corte Internacional de Justiça reconhece a jurisdição
contenciosa da Corte. Dessa forma, ser parte no Estatuto é condição sine qua non para iniciar uma
demanda na CIJ.
professorpedrosloboda@gmail.com
C) Se o exercício da proteção diplomática for indevido, mesmo que a CIJ tenha jurisdição sobre um
determinado caso, ele será inadmissível.
D) Um reconhecimento válido da jurisdição contenciosa da Corte Permanente de Justiça Internacional
implica reconhecimento da jurisdição da CIJ.
Questão 4
Sobre a Corte Internacional de Justiça, julgue certo (C) ou errado (E) os itens a seguir:
Questão 5
Sobre a jurisprudência da Corte Internacional de Justiça, julgue certo (C) ou errado (E) os itens a seguir:
Questão 6
A) O Conselho de Tutela exerceu importante papel na administração dos territórios do Timor Leste e do
Kosovo na década de 1990.
B) Um tratado que não seja registrado no Secretariado da ONU é nulo ab initio e não produz efeitos
jurídicos.
C) As resoluções do Conselho de Segurança adotadas sob a égide do cap. VII são vinculantes para
estados membros e não membros da organização e criam obrigações que prevalecem sobre as
decorrentes de outras fontes de direito das gentes.
D) A Comissão de Direito Internacional é um órgão subsidiário da Assembleia Geral, cuja função é
promover a codificação e o desenvolvimento progressivo do direito internacional.
GABARITO
1–CCCC
2–ECCC
3 – E CE C C
4–CCEC
5 -CCCC
6–EECC
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD 2008) O Pacto de Paris de 1928, que passará à história com a conjugação dos nomes de seus
firmatários, os ministros do exterior da França e dos Estados Unidos da América, simboliza importante avanço
do direito das gentes. Acerca do conteúdo jurídico desse documento, julgue (C ou E) os itens a seguir.
(CACD – 2010) Assinale a opção que apresenta o mecanismo de solução pacífica de controvérsias
internacionais a que corresponde a descrição abaixo.
Quando as negociações diretas mostram-se ineficazes, é utilizado mecanismo que recorre à participação de um
terceiro Estado, que tem como função aproximar os litigantes. A característica principal do mecanismo
consiste em que o Estado harmonizador não tome parte nas negociações entre os contendores nem na solução
da controvérsia, pois seu papel consiste apenas em colocá-los em contato, a fim de que sejam retomadas as
negociações interrompidas.
A) bons ofícios
B) sistema consultivo
C) negociação direta
D) mediação
E) conciliação
(CACD – 2010) Considere a situação hipotética em que o Estado A decide acionar o Estado B, perante a
Corte Internacional de Justiça (CIJ), em razão do descumprimento, por parte do segundo, de tratado sobre
restituição de obras de arte. Com relação a essa situação, julgue C ou E.
(CACD – 2010) Considera-se que a organização internacional — em sentido moderno — surgiu no século
XIX, com a Administração Geral de Concessão da Navegação do Reno. Desde então, as organizações
internacionais alcançaram importância inegável na vida contemporânea, a ponto de se afirmar que não há
atividade humana que não seja — direta ou indiretamente — influenciada pelo trabalho de, pelo menos, uma
organização internacional. À luz das normas de direito internacional aplicáveis ao tema, julgue C ou E.
a) Todos os atos adotados no seio de uma organização internacional são juridicamente obrigatórios para
seus Estados-membros; caso violados, podem acarretar a responsabilidade internacional do Estado.
b) O tratado constitutivo de uma organização internacional está sujeito às normas da Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados (1969).
c) Em atendimento ao princípio da igualdade soberana dos Estados, toda decisão de uma organização
internacional deve ser adotada por unanimidade ou consenso.
d) O MERCOSUL é uma organização dotada de personalidade jurídica de direito internacional.
GABARITO
1–EECE
2-A
3–C EEE
4–ECEC
5–E
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
REVISÃO
Aula 05
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Revisão – Aula 05
• Sistema internacional de proteção dos direitos
humanos; Sistemas regionais de proteção dos
direitos humanos; justiça penal internacional.
Jurisprudência.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito Humanitário
• Antigamente, estudado em direito dos conflitos
armados.
• Jus in bello: direito NA guerra
• Não se confunde com o jus ad bellum: direito À
guerra.
• Conjunto de normas dotadas de caráter
humanitário, aplicáveis em tempos de guerra.
• Visam a minimizar o impacto humanitário dos
conflitos armados (legais ou ilegais)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito Humanitário
• Divide-se em:
• Direito de Genebra
• Direito de Haia
• Direito de Nova Iorque
• Direito de Roma
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito de Genebra
• Protege NÃO COMBATENTES (incluindo ex-
combatentes).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito de Genebra
• Convenções de Genebra de 1949 aplicam-se, via de regra, a
CONFLITOS INTERNACIONAIS.
• O art. 3 comum às 4 convenções aplica-se a guerras de caráter não
internacional
• Inspirado na Cláusula Martens, inserida no preâmbulo da II
Convenção da Haia de 1899, por sugestão do delegado russo
Fyodor Fyodorovich Martens:
• ‘Until a more complete code of the laws of war has been issued, the
High Contracting parties deem it expedient to declare that, in cases
not included in the Regulations adopted by them, the inhabitants
and the belligerents remain under the protection and the rule of
the principles of the law of nations, as they result from the usages
established among civilized peoples, from the laws of humanity,
and the dictates of the public conscience. They declare that it is in
this sense especially that Articles 1 and 2 of the Regulations must
be understood’
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
Direito de Genebra
AULA 05
• Artigo3.
No caso de conflito armado que não apresente um carácter internacional e que
ocorra no território de uma das Altas Partes Contratantes, cada uma das Partes no
conflito será obrigada, pelo menos, a aplicar as seguintes disposições:
• 1) As pessoas que não tomem parte diretamente nas hostilidades, incluindo os
membros das forças armadas que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham
sido postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção ou por qualquer outra
causa, serão, em todas as circunstâncias, tratadas com humanidade, sem nenhuma
distinção de carácter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo,
nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.
• Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em qualquer ocasião e lugar,
relativamente às pessoas acima mencionadas:
• a) As ofensas contra a vida e a integridade física, especialmente o homicídio sob
todas as formas, mutilações, tratamentos cruéis, torturas e suplícios;
• b) A tomada de reféns;
• c) As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos humilhantes e
degradantes;
• d) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem prévio julgamento
realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as garantias
judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos civilizados.
• 2) Os feridos e doentes serão recolhidos e tratados. Um organismo humanitário
imparcial, como a Comissão da Cruz Vermelha, poderá oferecer os seus serviços às
Partes no conflito.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito de Genebra
• Protocolo Adicional I de 1977: sobre conflitos
internacionais
• Protocolo Adicional II de 1977 destina-se a
conflitos de caráter não internacional.
• Brasil é parte nos 2 protocolos desde 1992.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito de Haia
• Regula:
• 1) Meios – algumas armas são proibidas por tratados, e não
podem ser utilizadas na condução das hostilidades.
• Ex:
• Convenção de 1972 sobre a proibição do desenvolvimento,
produção e estocagem de armas bacteriológicas (armas
biológicas);
• Convenção sobre a proibição do desenvolvimento, produção e
estocagem de armas químicas e sobre a destruição das armas
químicas existentes no mundo (1993);
• Convenção de Otawa sobre a proibição de uso, armazenagem,
produção e transferência de minas antipessoais (1997);
• Convenção de Oslo sobre Munição de Fragmentação (2008).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Direito de Haia
Convenção de 1951
• Art. 1:
• A. Para os fins da presente Convenção, o termo
"refugiado" se aplicará a qualquer pessoa:
• 2) Que, em conseqüência dos acontecimentos ocorridos
antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser
perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do
país de sua nacionalidade e que não pode ou, em
virtude desse temor, não quer valer-se da proteção
desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se
encontra fora do país no qual tinha sua residência
habitual em conseqüência de tais acontecimentos, não
pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema europeu de DH
• Sistema de monitoramento INICIAL
Comissão Europeia de Direitos Humanos (criado em 1954, com base no
Estatuto do Conselho da Europa) → competência “semijudicial”; análise de
queixas e comunicações apresentadas pelos Estados-
membros/indivíduos/ONGs/grupos de indivíduos sobre uma eventual violação
da Convenção; juízo de admissibilidade das petições protocoladas (instrumento
de filtragem); proposta de soluções pacíficas; aplicação de medidas
preliminares; competência para submeter o caso à Corte Europeia.
Corte Europeia de Direitos Humanos (Seção II, CEDH) → competência judicial;
aplicação da Convenção sobre casos concretos; aplicação de sanções aos
Estados violadores de DH´s; juízo de mérito. The number of judges on the Court
is the same as that of the States Parties to the Convention (47); The judges are
elected by the Parliamentary Assembly of the Council of Europe.
Comitê de Ministros (Estatuto do Conselho da Europa) → órgão de supervisão
das decisões da Corte; fiscaliza a execução dos termos da decisão.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema europeu de DH
• Comitê Europeu de Direitos Sociais:
Sistema europeu de DH
• O sistema europeu de DH´s foi reformulado com o Protocolo nº 11/1994 (vigência: 1998)
→ Extinção das antigas Comissão e Corte Europeia; substituídas pela nova Corte Europeia de
Direitos Humanos, permanente, com funções de juízo de admissibilidade e análise de mérito.
→ Indivíduos/ONGs/grupos de indivíduos passam a ingressar na Corte Europeia de DH´s
Autorização automática, sem a necessidade de órgão preliminar p/ analisar a admissibilidade da
petição
*Originalmente, o direito de petição individual só era admitido se o Estado requerido houvesse
declarado (art. 25) que reconhecia a competência da Comissão para receber tais petições. Depois da
entrada em vigor do Protocolo XI, esse direito é automático”.
*Aumento do acesso à justiça do sistema europeu de DH´s.
“Expansão da jurisdição internacional” - Cançado Trindade
*A primeira Corte a permitir petição de indivíduos foi a Corte Centro-americana de Justiça (1907-
1917)
Qualquer Estado-signatário pode ajuizar ação contra outro Estado-signatário perante a CEDH.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
• Competências da CEDH
Protocolo 2, de 1963 (vigente a partir de 1970) → Dispõe sobre a função consultiva da Corte
Europeia de Direitos Humanos, a pedido do Comitê de Ministros.
Protocolo 16, de 2013 (ainda não em vigor) → Dispõe sobre a possibilidade de Cortes Supremas dos
Estados signatários da CEDH solicitarem opinião consultiva perante a Corte Europeia de DH.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
• Polo passivo:
• Sempre em face de um Estado!!!
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
• “Tribunal de Estrasburgo” (1998-)
Corte Europeia de DH
• Condições de admissibilidade (art. 35)
a) esgotamento das vias de recurso interno (no âmbito da jurisdição do
Estado-parte);
b) não ser anônima a petição;
c) não ser a petição idêntica a outra anteriormente analisada pela Corte
ou já submetida a outra instância internacional de inquérito ou de
decisão e não contiver fatos novos capazes de ensejar uma nova
apreciação (requisito da inexistência de litispendência internacional);
d) não ser a petição incompatível com o disposto na Convenção ou em
seus Protocolos (inexistência de incompatibilidade ratione temporis,
personae e materiae);
e) não ser manifestamente infundada ou de caráter abusivo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
Medidas provisórias
• Regulamento da Corte
• Rule 39 – Interim measures
• 1. The Chamber or, where appropriate, the President of the
Section or a duty judge appointed pursuant to paragraph 4 of this
Rule may, at the request of a party or of any other person
concerned, or of their own motion, indicate to the parties any
interim measure which they consider should be adopted in the
interests of the parties or of the proper conduct of the
proceedings. 2. Where it is considered appropriate, immediate
notice of the measure adopted in a particular case may be given to
the Committee of Ministers.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
• Protocol No. 14, whose aim is to guarantee the
long-term efficiency of the Court by optimising
the filtering and processing of applications,
provides in particular for new judicial formations
to deal with the simplest cases, for a new
admissibility criterion (that of “significant
disadvantage”) and for judges’ terms of office to
be extended to nine years without the possibility
of re-election.
• This Protocol entered into force on 1 June 2010.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
• Em sua jurisprudência, a CEDH entende que a
Convenção europeia evolui conforme evolui a
sociedade internacional e a respectiva forma
de se conceberem os direitos humanos.
• Método evolutivo de interpretação de
tratados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Corte Europeia de DH
• O princípio da margem de apreciação
• “As particularidades culturais e socioeconômicas entre
Estados Contratantes garantem-lhes certa margem
para diferir uns dos outros na aplicação e interpretação
da Convenção, o que deve ser levado em consideração
pelo tribunal quando da análise de um caso. Assim,
uma situação que configure violação a direitos
humanos em um país pode ser considerada aceitável
em outro, mesmo que ambos tenham ratificado a
mesma Convenção”.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Duas bases jurídicas fundamentais:
• Carta da OEA - 1948
• Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de São José da Costa Rica), 1969
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Carta da OEA (abril de 1948)
• Art. 106: provisão quanto a um órgão de
monitoramento – Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (Washington)
• A Comissão não estava, originalmente, na Carta da
OEA. Ela foi criada em 1959, e começou a operar em
1960.
• Indivíduos, grupos de indivíduos e organizações não
governamentais têm acesso à Comissão.
• Carta da OEA é complementada pela Declaração
Americana sobre Direitos e Deveres dos Homens
(1948).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• CONVENÇÃO AMERICANA DE DH
• Obriga 25 dos 35 membros da OEA.
• Criou uma Corte Interamericana de Direitos
Humanos.
• Sete juízes que exercem o cargo a título
pessoal (Art. 52 CADH)
• Cinco juízes são necessários para deliberações
• Deliberações por maioria simples.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• A Convenção Americana de Direitos Humanos
resguarda basicamente direitos civis e
políticos.
• Os direitos econômicos, sociais e culturais são
protegidos pelo Protocolo de São Salvador,
adicional à CADH, de 1988, em vigor desde
1999.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Comissão americana de Direitos Humanos
• Pode receber petições de indivíduos, grupos de
indivíduos ou ONGs (Art. 44 CADH)
• Pode receber comunicações interestatais. Estados
devem reconhecer essa competência da
Comissão (art.45). Brasil não fez a declaração
reconhecendo essa competência da Comissão.
• Para que uma petição ou comunicação seja
apresentada, os recursos internos devem ter sido
esgotados (art. 46 CADH).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• A Corte pode condenar um Estado mesmo em
dissonância com decisões de seus tribunais
superiores.
• Sentenças da Corte equivalem a títulos
executivos judiciais.
• Competência ratione personae: apenas
Estados e a Comissão Interamericana de DH
podem acioná-la.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Corte Interamericana de DH
• Competência ratione materiae:
• A Corte pode julgar com base na CADH, nos
arts. 8 (1) (a) e 13 do Protocolo de São
Salvador, na Convenção Interamericana para
prevenir e punir a tortura e na Convenção
Interamericana sobre o desaparecimento
forçado de pessoas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Competência ratione temporis:
• A Corte pode conhecer de casos relativos a violações de Direitos
Humanos ocorridas no territórios (ratione loci) dos Estados que
aceitem sua jurisdição posteriormente a esse reconhecimento.
• O Brasil reconhece a jurisdição da Corte desde 1998, nos termos do
art. 62 do Pacto.
• Brasil fez a declaração sob condição de reciprocidade.
• Decreto 4.463, de 2002
• “Art. 1o É reconhecida como obrigatória, de pleno direito e por
prazo indeterminado, a competência da Corte Interamericana de
Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpretação ou
aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de
São José), de 22 de novembro de 1969, de acordo com art. 62 da
citada Convenção, sob reserva de reciprocidade e para fatos
posteriores a 10 de dezembro de 1998.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• CADH, Art. 63 (2)
• Em casos de extrema gravidade e urgência, e
quando se fizer necessário evitar danos
irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos
de que estiver conhecendo, poderá tomar as
medidas provisórias que considerar
pertinentes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Os indivíduos e a CtADH
• Os indivíduos não têm capacidade postulatória
para ingressar com a ação na CtADH.
• CADH:
• Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a
Comissão têm direito de submeter um caso à
decisão da Corte.
• Mas os indivíduos podem participar de casos
perante a Corte de algumas formas:
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• A Corte Interamericana também tem
competência consultiva.
• Qualquer Estado membro da OEA – parte ou
não na Convenção – pode solicitar pareceres
relativos à interpretação da CADH e de outros
tratados concernentes à proteção dos direitos
humanos nos Estados-parte.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Brasil foi condenado pela Corte Interamericana
em alguns casos:
• Caso Ximenes Lopes Vs Brasil (2006)
• Damião Ximenes Lopes, após tratamento
degradante em estabelecimento psiquiátrico,
veio a falecer.
• O Brasil foi condenado por violação do direito à
vida, à integridade pessoal e às garantias
judiciais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Caso Nogueira de Carvalho Vs Brasil (2006)
• Caso Escher e outros Vs Brasil (2009)
• Interceptação telefônica ilegal. Brasil condenado por
violação do direito à vida privada e à honra.
• Caso Garibaldi Vs Brasil (2009)
• Relativo ao homicídio do Senhor Sétimo Garibaldi,
ocorrido em 27 de novembro de 1998, uma operação
extrajudicial de despejo das famílias de trabalhadores
sem terra, que ocupavam uma fazenda no Município
de Querência do Norte, Estado do Paraná
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do
Araguaia) Vs Brasil (2010)
• Brasil foi condenado por violação dos direitos
à vida, à integridade pessoal, à liberdade
pessoal, a garantias judicias, e à liberdade de
pensamento e de expressão.
• Desaparecimento forçado é crime continuado.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• por unanimidade, que:
• 3.As disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a
investigação e sanção de graves violações de direitos
humanos são incompatíveis com a Convenção Americana,
carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir
representando um obstáculo para a investigação dos fatos
do presente caso, nem para a identificação e Punição dos
responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante
impacto a respeito de outros casos de graves violações de
direitos humanos consagrados na Convenção Americana
ocorridos no Brasil.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• por unanimidade, que:
• 9.O Estado deve conduzir eficazmente, perante a jurisdição
ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de
esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades
penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei
preveja, em conformidade com o estabelecido nos parágrafos 256 e
257 da presente Sentença.
• 10. O Estado deve realizar todos os esforços para determinar o
paradeiro das vítimas desaparecidas e, se for o caso, identificar e
entregar os restos mortais a seus familiares, em conformidade com
o estabelecido nos parágrafos 261 a 263 da presente Sentencia.
• 11.O Estado deve oferecer o tratamento médico e psicológico ou
psiquiátrico que as vítimas requeiram e, se for o caso, pagar o
montante estabelecido, em conformidade com o estabelecido nos
parágrafos 267 a 269 da presente Sentença.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• A jurisprudência da Corte é consolidada no sentido de
atribuir ao desaparecimento forçado de pessoas o
caráter de crime continuado.
• Caso paradigmático: Velasquez Rodriguez Vs Honduras
(1989)
• Desaparecimento forçado de pessoas viola normas de
jus cogens.
• Caso Gomes Lund vs Brasil (2010)
• Leis de anistia são incompatíveis com a CADH e
configuram ilícito internacional, sendo sua revogação
forma de reparação não pecuniária.
• Ex: Caso Barrios Altos (Peru), 2001.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Caso Fazenda Brasil Verde vs Brasil (2015)
• Brasil condenado em razão de trabalho
escravo no Pará.
• Caso Favela Nova Brasília (2016)
• Brasil condenado em razão de chacina em
favela do Rio de Janeiro.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• Casos perante a Comissão Interamericana de DH
• Caso Maria da Penha
• Com base em recomendações feitas pela Comissão no
Relatório 50, de 2001, o Brasil aprovou a Lei Maria da
Penha (lei 11.340, de 2006), para coibir a violência
doméstica contra a mulher.
• Caso Belo Monte
• Em 2011, a Comissão recomendou que o Brasil
suspendesse as obras de construção da usina de Belo
Monte, no Xingu.
• O Brasil considerou a atitude da Comissão uma
intervenção em assuntos internos e uma violação da
soberania brasileira.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema interamericano
• A Corte Interamericana de DH tem uma consolidada
jurisprudência de proteção dos direitos das minorias
indígenas no continente.
• Caso Comunidade Awas Tingni Vs Nicarágua (2001)
• Nicarágua queria realizar concessão de área indígena
sem consultar a comunidade.
• Condenado a demarcar as terras, o que foi concluído
em 2008
• Caso Comunidade indígena Yakye Axa Vs Paraguai
(2005)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• Sob a égide da Organização para a Unidade Africana
(criada em 1963 e transformada em União Africana em
2002), foi celebrada a Carta Africana de Direitos
Humanos e dos Povos (Carta de Banjul, 1981), em vigor
desde 1986.
• A Carta de Banjul contém não apenas direitos civis e
políticos, mas também direitos econômicos sociais e
culturais.
• Inclui, ainda, direitos dos povos, que alguns autores
denominam direitos humanos de terceira geração.
• Ex: Direitos ambientais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• A Carta de Banjul criou uma Comissão Africana de
Direitos Humanos e dos Povos, mas não criou uma
Corte.
• Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos:
em funcionamento em Banjul, Gâmbia, desde 1987.
• Formada por 11 membros, eleitos para mandato de 6
anos renovável.
• Competências: reunir documentação, realizar estudos,
interpretar a carta, cooperar com outras instituições.
• Suas competências são de caráter recomendatório.
• ACEITA PETIÇÕES INDIVIDUAIS.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• Corte Africana de Direitos Humanos e dos
Povos
• Criada pelo Protocolo à Carta Africana de
Direitos Humanos e dos Povos, celebrada em
Ouagadougou, capital de Burkina Faso, em
1998.
• Entrou em vigor em 2004.
• 11 juízes, mandato de 6 anos renovável um
única vez.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos
• Protocolo, Article 3 JURISDICTION
• 1. The jurisdiction of the Court shall extend to all
cases and disputes submitted to it concerning the
interpretation and application of the Charter, this
Protocol and any other relevant Human Rights
instrument ratified by the States concerned.
• 2. In the event of a dispute as to whether the
Court has jurisdiction, the Court shall decide.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• Podem submeter casos à Corte (art. 5(1) do protocolo
adicional):
• 1) A Comissão Africana
• 2) O Estado-parte que submeteu o caso à Comissão
• 3) O Estado-parte contra o qual o caso na Comissão foi
submetido
• 4) O Estado-parte cujo cidadão foi vítima da violação
de direitos humanos.
• 5) Organizações intergovernamentais africanas.
• Além desses, os Estados podem reconhecer a
competência da Corte para receber casos submetidos
por indivíduos e por ONGs com status de observadora
perante a Comissão (Art. 34(6) do Protocolo adicional)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Sistema Africano
• Protocolo, Article 4 ADVISORY OPINIONS
• 1. At the request of a Member State of the
OAU, the OAU, any of its organs, or any
African organization recognized by the OAU,
the Court may provide an opinion on any legal
matter relating to the Charter or any other
relevant human rights instruments, provided
that the subject matter of the opinion is not
related to a matter being examined by the
Commission.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Mundo Árabe
• Embrionário “sistema regional árabe” de
proteção dos direitos humanos.
• No âmbito da Liga Árabe (criada em 1945)
• Carta Árabe de Direitos Humanos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Mundo Árabe
• Carta Árabe de Direitos Humanos
• Celebrada em 1994, não chegou a entrar em
vigor.
• Foi, então, revisada em 2004, e entrou em
vigor em 2008.
• Objeto de críticas. Não é um instrumento
laico, submete sua interpretação à Shariah e
condena o sionismo como forma de racismo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunal de Nuremberg
• Em 1943, foi criada a Comissão das Nações Unidas
sobre Crimes de Guerra, para investigar os crimes que
porventura estivessem acontecendo durante a IIGM.
• Criado por acordo entre as potências vencedoras da
IIGM: França, Reino Unido, Estados Unidos e URSS, por
meio do
• Acordo de Londres – Carta do Tribunal Internacional
Militar
• Embora se denominasse “militar”, apenas os juízes
soviéticos eram militares. O termo era uma forma de
os EUA driblarem o princípio da anterioridade, previsto
em seu direito penal comum, mas não no penal militar.
• Julgou os alemães.
• Julgou de 1945 a 1946.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunal de Nuremberg
• Competência ratione materiae:
• Crime de associação, crimes de guerra, crimes
contra a paz e crimes contra a humanidade
• Competência ratione personae:
• Julgou pessoas físicas e jurídicas (SS, SA,
Gestapo, Direção do Partido Nacional
Socialista)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunal de Nuremberg
• Críticas:
• Violação do princípio da reserva legal
• Condenação ex post facto – violação do princípio do juiz
natural (deve haver regras objetivas de
competência jurisdicional, garantindo a independência e
a imparcialidade do órgão julgador.).
• Führerprinzip: apenas Hitler tinha conhecimento integral
das ações praticadas pelos nazistas.
• Respostas: havia diversos tratados que proibiam a
Alemanha de recorrer à guerra (vedavam crimes contra a
paz). Ex: Pacto Briand-Kellog (1928); Pacto Ribbentrop-
Molotov (1939).
• O princípio do juiz natural é princípio de justiça. Seria
injusto absolver culpados com base nesse princípio. Kelsen.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunal de Tóquio
• Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.
• Criado por decisão do General Douglas MacArthur, em
1945, com base nos acordos de rendição japoneses.
• Era mais democrático.
• Havia juízes de 11 nacionalidades
• O Tribunal não absolveu nenhum acusado.
• Juiz indiano votou pela absolvição de todos (foi voto
vencido), entendendo ser o tribunal incompetente para
conhecer dos casos, nos termos da capitulação.
Entendeu, ainda, que haveria violação do princípio da
legalidade.
• Carta do Tribunal de Tóquio estava baseada no Acordo
de Londres.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunal de Tóquio
• Competência ratione materiae:
• Crimes contra a paz, contra a humanidade e de guerra.
• Competência ratione personae:
• Apenas indivíduos foram julgados.
• Julgou de 1946 a 1947
• Pena máxima: pena de morte
• Por questões políticas, o imperador Hirohito não foi
julgado. Foi mantido à frente do governo, com sua
autoridade submetida ao Comandante Supremo das
Forças Aliadas.
• Sofreu as mesmas críticas do tribunal de Nuremberg.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crime de genocídio
• Nomen iuris criado por Rafael Lemkin, aceito gradativamente no mundo
jurídico.
• Em 1948, pela RES. 260, a AGNU aprovou a Convenção para a Prevenção e
Punição do Crime de Genocídio.
• Art. 2: “Para os efeitos da presente Convenção, entende-se por
"genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado
com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, enquanto tal:
• a) Homicídio de membros do grupo;
• b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
• c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar
a sua destruição física, total ou parcial;
• d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do
grupo;
• e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.”
• Não foram acatadas as sugestões de Lemkin de incluir os conceitos de
genocídio cultural ou político.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crime de genocídio
• Convenção para a Prevenção e Punição do
Crime de Genocídio:
• Os acusados de genocídio serão julgados por
tribunais do Estado onde o crime ocorreu ou
por tribunal penal internacional que tenha
competência para conhecer do crime – Art. 6
• Menciona, mas não exige a criação de um
Tribunal penal internacional.
• Genocídio não pode ser considerado crime
político para fins de extradição – Art. 7
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crime de genocídio
• Artigo 6
• Crime de Genocídio
• Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio",
qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção
de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, enquanto tal:
• a) Homicídio de membros do grupo;
• b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo;
• c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar
a sua destruição física, total ou parcial;
• d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do
grupo;
• e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
• Artigo 7
• Crimes contra a Humanidade
• 1.Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime
contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando
cometido no quadro de um ataque generalizado ou sistemático,
contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse
ataque [elemento subjetivo]:
• a) Homicídio;
• b) Extermínio;
• c) Escravidão;
• (...)
• i) Desaparecimento forçado de pessoas;
• j) Crime de apartheid;
• h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano
análogo aos referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um
regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de
um grupo racial sobre um ou outros grupos nacionais raciais e
com a intenção de manter esse regime;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crimes de guerra
• Artigo 8
• Crimes de Guerra
• 1.O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular
quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou
como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes.
• 2.Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra":
• a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a
saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens
protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente:
• (...)
• b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados
internacionais no âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um dos
seguintes atos:
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crimes de guerra
• Art. 8 (2)
• “c) Em caso de conflito armado que não seja de
caráter internacional, as violações graves do artigo 3
comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de
Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos atos que a
seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não
participem diretamente nas hostilidades, incluindo os
membros das forças armadas que tenham deposto
armas e os que tenham ficado impedidos de continuar
a combater devido a doença, lesões, prisão ou
qualquer outro motivo: (...)”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crime de agressão
• Art. 5(2)
• “O Tribunal poderá exercer a sua competência em
relação ao crime de agressão desde que, nos
termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma
disposição em que se defina o crime e se
enunciem as condições em que o Tribunal terá
competência relativamente a este crime. Tal
disposição deve ser compatível com as
disposições pertinentes da Carta das Nações
Unidas.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Crime de agressão
• A jurisdição do TPI sobre esse crime só pode
ser ativada mediante nova decisão dos
Estados-parte, a ser tomada a partir de janeiro
de 2017.
• No que concerne à jurisdição temporal, o TPI
somente atuará com relação aos crimes
ocorridos um ano após o depósito do 30º
instrumento de ratificação das emendas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
TPI: admissibilidade
• Pode acontecer de o TPI ter jurisdição para
julgar um caso, mas o caso seja inadmissível.
• Princípio da complementaridade (Arts. 1 e
17)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
TPI: admissibilidade
• Artigo 17
• Questões Relativas à Admissibilidade
• 1.Tendo em consideração o décimo parágrafo
do preâmbulo e o artigo 1, o Tribunal decidirá
sobre a não admissibilidade de um caso se:
• a) O caso for objeto de inquérito investigação
ou de procedimento criminal por parte de um
Estado que tenha jurisdição sobre o mesmo,
salvo se este não tiver vontade de levar a cabo o
inquérito ou o procedimento de forma genuína,
ou não tenha capacidade para o fazer;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
TPI: Admissibilidade
• Artigo 20
• Ne bis in idem
• 1.Salvo disposição contrária do presente Estatuto, nenhuma pessoa
poderá ser julgada pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos
quais este já a tenha condenado ou absolvido.
• 3.O Tribunal não poderá julgar uma pessoa que já tenha sido julgada por
outro tribunal, por atos também punidos pelos artigos 6, 7 ou 8, a menos
que o processo nesse outro tribunal:
• a) Tenha tido por objetivo subtrair o acusado à sua responsabilidade
criminal por crimes da competência do Tribunal; ou
• b) Não tenha sido conduzido de forma independente ou imparcial, em
conformidade com as garantias de um processo equitativo reconhecidas
pelo direito internacional, ou tenha sido conduzido de uma maneira que,
no caso concreto, se revele incompatível com a intenção de submeter a
pessoa à ação da justiça.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
• Estatuto de Roma
• Artigo 29
• Imprescritibilidade
• Os crimes da competência do Tribunal não
prescrevem.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
• Art. 98
• 2.O Tribunal poderá decidir não dar andamento a um
pedido de entrega por força do qual o Estado
requerido devesse atuar de forma incompatível com as
obrigações que lhe incumbem em virtude de acordos
internacionais à luz dos quais o consentimento do
Estado de envio seja necessário para que uma pessoa
pertencente a esse Estado seja entregue ao Tribunal, a
menos que o Tribunal consiga, previamente, obter a
cooperação do Estado de envio para consentir na
entrega.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
• Artigo 120
• Não são admitidas reservas a este Estatuto.
• Artigo 127
• Retirada
• 1.Qualquer Estado Parte poderá, mediante notificação
escrita e dirigida ao Secretário-Geral da Organização
das Nações Unidas, retirar-se do presente Estatuto. A
retirada produzirá efeitos um ano após a data de
recepção da notificação, salvo se esta indicar uma data
ulterior.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• “They are essentially domestic courts applying
domestic law, but with a heightened
international element in terms, for example,
of their function or origins, the basis of their
applicable law or the use of international
experts.”
• Shaw, p. 418.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Corte Especial para Serra Leoa
• Acordo com a ONU (2002)
• Composta por Câmaras de julgamento e de apelação;
um procurador (nomeado pelo Secretário-Geral da
ONU) e uma Secretaria.
• Julga indivíduos acusados de violarem o direito
humanitário internacional e o direito de Serra Leoa,
desde 1996.
• Competência concorrente com os tribunais internos,
mas com prevalência sobre eles.
• Julgamento de Charles Taylor (ex-presidente da Libéria)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Câmaras Extraordinárias para o Camboja
• Para julgar os crimes cometidos pelo Kmer
Rouge.
• Criadas por acordo com a ONU
• Julga violações ao direito humanitário
internacional e a leis do Camboja cometidas
entre 1975 e 1979.
• Secretário-Geral da ONU nomeia 7 juízes, a
Corte Suprema do Camboja, 5.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Grupos de julgamento do Kosovo
• Criados pela Regulação 64, de2000, da UNMIK
• Grupos de 3 juízes, sendo 2 internacionais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Grupos especiais para o Timor Leste
• Criados pela UNTAET para julgar crimes de
genocídio, de guerra e contra a humanidade.
• 2 juízes internacionais e 1 juiz nacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Câmara de Crimes de Guerra da Bósnia
• Criada por recomendação do Tribunal
Internacional para a ex-Iugoslávia, para julgar
crimes de sua competência que tenham sido
cometidos acusados de menor relevância.
• Grupos de julgamento são compostos por 2
juízes internacionais e 1 nacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Tribunal Especial para o Líbano
• Criado pela resolução 1757, de 2007 do CSNU,
após um acordo com o governo do Líbano,
para julgar o assassinato do primeiro ministro
Rafiq Hariri e os crimes que ocorreram
posteriormente ao assassinato.
• Lei aplicável é a lei libanesa.
• Jurisdição concorrente à dos tribunais
libaneses, mas com primazia sobre este.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Alto Tribunal do Iraque
• Criado pelo Conselho de Administração do Iraque, após
a invasão de 2003, para julgar crimes de genocídio, de
guerra e contra a humanidade, de acordo com as
definições do Estatuto de Roma, recém-incorporado ao
direito iraquiano, cometidos durante a era Saddam
Hussein.
• Jurisdição concorrente à do poder judiciário iraquiano,
mas com primazia.
• Juízes e procuradores iraquianos, mas auxiliados por
expertos internacionais.
• Impunha pena de morte. Ex: Saddam Hussein.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Tribunais Híbridos
• Câmaras Africanas Extraordinárias
• Criadas por acordo entre a União Africana e o
Senegal (2012).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 05
Dúvidas e atualidades
Questão 1
1) Os direitos humanos saem do domínio reservado dos estados em 1945, porque, até então, não havia
nenhuma norma que protegesse direitos do indivíduo em âmbito internacional, fosse em tempos de
guerra, fosse em tempos de paz.
2) O Comitê de Direitos Humanos monitora a Carta Internacional de Direitos Humanos por meio de
relatórios, comunicações interestatais e petições individuais. Para que os estados possam ser objeto
de monitoramento, contudo, devem reconhecer a competência do Comitê para tanto. O Brasil, por
exemplo, apenas reconhece a competência do Comitê para receber relatórios sobre a situação dos
direitos humanos no país.
3) No último relatório do Conselho de Direitos Humanos, na terceira edição do mecanismo de Revisão
Periódica Universal, o Brasil foi instado a melhorar as condições de seu sistema prisional, a se
empenhar na promoção da igualdade racial e de gênero, a demarcar terras indígenas e a sancionar,
na íntegra, a nova lei de migração. Caso o Brasil não acate as decisões do Conselho, poderá ser
responsabilizado internacionalmente.
4) O Direito de Nova Iorque é aplicado exclusivamente em tempos de paz. Em termos de guerra, aplica-
se apenas o jus in bello, vale dizer, o direito internacional humanitário, conhecido como Direito de
Genebra ou Direito de Haia.
Questão 2
Questão 3
1) O Estatuto dos Refugiados no Brasil possui mais cláusulas de inclusão que a Convenção Internacional
de 1951. Isso porque o Brasil adotou uma das recomendações da Declaração de Cartagena, de 1984,
professorpedrosloboda@gmail.com
incluída na declaração final do colóquio por influência da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.
2) O Protocolo Adicional de 1967 eliminou a limitação temporal da Convenção Internacional de 1951.
Quanto à limitação geográfica prevista na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados, o Brasil a
levantou unilateralmente no final da década de 1980.
3) O non refoulement pode ser considerado parte do direito costumeiro internacional e impede que um
estado rechace um refugiado não apenas para o seu estado de origem, mas também para qualquer
outro estado em que sua vida ou liberdade estejam correndo risco.
4) O refúgio diplomático é costume regional latino-americano e é concedido em sedes de missões
diplomáticas àqueles que estejam sendo perseguidos por crime político ou de opinião. No Brasil, o
Conare é o órgão responsável por conferir o refúgio definitivo, uma vez em território nacional. O
senador boliviano Pinto Molina, por exemplo, goza, no Brasil, do status de refugiado concedido pelo
Conare.
Questão 4
Questão 5
1) O sistema interamericano de direitos humanos é dual, porque pode estar baseado no Pacto de São
José da Costa Rica, de 1969, com o eventual monitoramento da Corte Interamericana de Direitos
Humanos, ou apenas na Carta da OEA e na Declaração Americana de Direitos e Deveres dos Homens,
de 1948, sob o olhar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
2) A Corte de São José, cuja jurisdição é compulsória para os estados partes na Convenção Americana
de Direitos Humanos, que só recebe petições de estados e da comissão, pode julgar violações à
Convenção, a alguns poucos dispositivos do Protocolo de São Salvador, e às convenções
interamericanas contra a tortura e contra o desaparecimento forçado de pessoas.
3) A última condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos foi no caso Gomes
Lund e outros, no qual a corte determinou que as disposições da lei de anistia que impedem a
investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção
Americana, carecem de efeitos jurídicos.
4) No caso Maria da Penha vs Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil a
indenizar a vítima e a aprovar uma lei que punisse a violência doméstica contra a mulher. Essa foi a
origem da lei 11.340/2006, chamada Lei Maria da Penha.
Questão 6
Sobre os sistemas regionais de proteção dos direitos humanos, julgue os itens a seguir:
6- CECC
5 -CEEE
4–EEEE
3–CCCE
2–CCCE
1–EEEE
GABARITO
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD – 2009) Em 2009, comemoram-se 60 anos da assinatura das quatro Convenções de Genebra de 1949,
as quais, juntamente com seus dois protocolos adicionais de 1977, são consideradas os principais instrumentos
do direito internacional humanitário. Acerca desse ramo do direito internacional público, julgue (C ou E) os
seguintes itens.
A) O direito de Haia, assim chamado por ter seus fundamentos nas quatro convenções internacionais
ocorridas nessa cidade, destina-se à proteção das vítimas de conflitos armados — feridos, enfermos,
prisioneiros de guerra, náufragos, população civil e militares que estejam fora de combate.
B) O Direito Internacional Humanitário, campo das ciências jurídicas com o objetivo de prestar
assistência às vítimas de guerra, surgiu, efetivamente, com a primeira convenção de Genebra, em
1864.
C) Atualmente, a garantia da eficácia dos direitos humanos compete principalmente à Corte Europeia dos
Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo, na França, e à Corte Interamericana de Direitos
Humanos, sediada em São José da Costa Rica.
D) A Corte Interamericana de Direitos Humanos profere sentenças recorríveis pelos interessados, as
quais declaram eventual violação de direito protegido por tratado, não lhe competindo, no caso
concreto, determinar pagamento de indenização à parte lesada.
GABARITO
1–CCEE
2–ECEE
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
REVISÃO
Aula 06
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Revisão – Aula 06
• Direito da União Europeia; Direito do
Mercosul; Direito do Comércio Internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Modelos de integração
• Área de livre comércio: há livre circulação de mercadorias
entre as partes. Ex: Nafta (não tem personalidade jurídica
internacional).
• União aduaneira: além da livre circulação de mercadorias
há tarifa externa comum (TEC) para produtos que entram
no bloco. É o caso do MERCOSUL.
• Mercado comum: para além das características da união
aduaneira, há livre circulação de fatores produtivos (capital
e trabalhadores). Benelux é exemplo.
• União econômica e monetária: há unificação de políticas e
instituições econômicas monetárias. A União Europeia é o
único exemplo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• Celebrado em 2007, entrou em vigor em 2009.
• Altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que
institui a Comunidade Europeia
• A Constituição da UE (2004) não entrara em vigor,
porque fora rejeitada, por referendo, na França e na
Holanda (2005).
• “la operación de Lisboa consistió en meter por la
puerta de atrás lo que no pudo entrar por la de
delante. Esto es, se mantuvo prácticamente intacto el
cuerpo de la Constitución Europea, la cual fue
desnudad, eso sí, de revestimiento constitucional.”
Alonso García.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• Estabeleceu competências:
• Exclusivas (ex: comércio)
• Partilhadas – competências originalmente do
Estado e subsidiariamente da UE (ex: agricultura,
meio ambiente, energia)
• De apoio – competência do Estado que não pode
ser delegada. O Estado só pode receber apoio da
UE (ex: cultura e educação)
• Criou o cargo de Alto Representante da UE para
política externa e de segurança (desde 2014,
ocupado por Frederica Mogherini – Itália).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• Artigo 1:
• O Tratado da União Europeia é alterado nos termos do
presente artigo.
• O artigo 1 é alterado do seguinte modo:
• b) O terceiro parágrafo passa a ter a seguinte redacção:
• “A União funda-se no presente Tratado e no Tratado
sobre o Funcionamento da União Europeia (a seguir
designados “os Tratados”). Estes dois Tratados têm o
mesmo valor jurídico. A União substitui e sucede à
Comunidade Europeia.”
• Esse dispositivo conferiu PERSONALIDADE JURÍDICA À
UE.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• Art. 49, TUE
• “Qualquer Estado europeu que respeite os valores referidos
no artigo 2 [respeito pela dignidade humana, da liberdade,
da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do
respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das
pessoas pertencentes a minorias] e esteja empenhado em
promovê-los pode pedir para se tornar membro da União.
O Parlamento Europeu e os Parlamentos nacionais são
informados desse pedido. O Estado requerente dirige o seu
pedido ao Conselho, que se pronuncia por unanimidade,
após ter consultado a Comissão e após aprovação do
Parlamento Europeu, que se pronunciará por maioria dos
membros que o compõem. São tidos em conta os critérios
de elegibilidade aprovados pelo Conselho Europeu.”
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• Art. 50 TUE
• 1. Qualquer Estado-Membro pode decidir, em conformidade com as
respectivas normas constitucionais, retirar-se da União.
• 2. Qualquer Estado-Membro que decida retirar-se da União notifica
a sua intenção ao Conselho Europeu. Em função das orientações do
Conselho Europeu, a União negocia e celebra com esse Estado um
acordo que estabeleça as condições da sua saída, tendo em conta o
quadro das suas futuras relações com a União. Esse acordo é
negociado nos termos do n.o 3 do artigo 218 do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia. O acordo é celebrado em nome
da União pelo Conselho, deliberando por maioria qualificada,
após aprovação do Parlamento Europeu.
• 3. Os Tratados deixam de ser aplicáveis ao Estado em causa a partir
da data de entrada em vigor do acordo de saída ou, na falta deste,
dois anos após a notificação referida no n.o 2, a menos que o
Conselho Europeu, com o acordo do Estado-Membro em causa,
decida, por unanimidade, prorrogar esse prazo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Lisboa
• As instituições da União são:
• — o Parlamento Europeu,
• — o Conselho Europeu,
• — o Conselho,
• — a Comissão
• — o Tribunal de Justiça da União Europeia,
• — o Banco Central Europeu,
• — o Tribunal de Contas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento
• 1. O Parlamento Europeu exerce, juntamente com o Conselho, a
função legislativa (desde a década de 1990) e a função orçamental.
O Parlamento Europeu exerce funções de controlo político e
funções consultivas em conformidade com as condições
estabelecidas nos Tratados. Compete-lhe eleger o Presidente da
Comissão.
• 2. O Parlamento Europeu é composto por representantes dos
cidadãos da União. O seu número não pode ser superior a
setecentos e cinquenta, mais o Presidente. A representação dos
cidadãos é degressivamente proporcional, com um limiar mínimo
de seis membros por Estado-Membro. A nenhum Estado-Membro
podem ser atribuídos mais do que noventa e seis lugares.
• Os membros do Parlamento Europeu são eleitos, por sufrágio
universal directo, livre e secreto, por um mandato de cinco anos.
(desde 1979).
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Conselho Europeu
• O Conselho Europeu dá à União os impulsos necessários ao
seu desenvolvimento e define as orientações e prioridades
políticas gerais da União.
• O Conselho Europeu não exerce função legislativa.
• 2. O Conselho Europeu é composto pelos Chefes de Estado
ou de Governo dos Estados-Membros, bem como pelo seu
Presidente e pelo Presidente da Comissão. O Alto
Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a
Política de Segurança participa nos seus trabalhos.
• Órgão intergovernamental
• 3. O Conselho Europeu reúne-se duas vezes por semestre,
por convocação do seu Presidente.
• Manifesta-se por consenso
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Comissão Europeia
• Órgão executivo
• Controla a aplicação do direito da União, sob a
fiscalização do Tribunal de Justiça da União Europeia.
• A Comissão executa o orçamento e gere os
programas. Exerce funções de coordenação, de
execução e de gestão em conformidade com as
condições estabelecidas nos Tratados.
• Com excepção da política externa e de segurança
comum e dos restantes casos previstos nos Tratados,
a Comissão assegura a representação externa da
União. Toma a iniciativa da programação anual e
plurianual da União com vista à obtenção de acordos
interinstitucionais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Comissão Europeia
• 2. Os actos legislativos da União só podem ser
adoptados sob proposta da Comissão, salvo
disposição em contrário dos Tratados.
• 3. O mandato da Comissão é de cinco anos. Os
membros da Comissão são escolhidos em função
da sua competência geral e do seu
empenhamento europeu de entre
personalidades que ofereçam todas as garantias
de independência.
• A Comissão exerce as suas responsabilidades
com total independência.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tribunal de Justiça da UE
• O Tribunal de Justiça da União Europeia inclui o
Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral e tribunais
especializados. O Tribunal de Justiça da União Europeia
garante o respeito do direito na interpretação e
aplicação dos Tratados.
• Os Estados-Membros estabelecem as vias de recurso
necessárias para assegurar uma tutela jurisdicional
efectiva nos domínios abrangidos pelo direito da
União.
• O Tribunal de Justiça é composto de um juiz por cada
Estado-Membro. O Tribunal de Justiça é assistido por
advogados-gerais.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Órgãos consultivos da UE
• TUE, Artigo 300
• 1. O Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão são
assistidos por um Comité Económico e Social e por um
Comité das Regiões, que exercem funções consultivas.
• 2. O Comité Económico e Social é composto por
representantes das organizações de empregadores, de
trabalhadores e de outros actores representativos da
sociedade civil, em especial nos domínios socioeconómico,
cívico, profissional e cultural.
• 3. O Comité das Regiões é composto por representantes
das autarquias regionais e locais que sejam quer titulares
de um mandato eleitoral a nível regional ou local, quer
politicamente responsáveis perante uma assembleia eleita.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Normativa europeia
• Normas primárias
• 1) Tratado da União Europeia = tratado de
Maastricht com as alterações de Amsterdã,
Nice e Lisboa
• 2) Tratado de Funcionamento da União
Europeia = Tratado de Roma (1957) com todas
as alterações posteriores. Recebeu esse nome
em Lisboa.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Normativa europeia
• Normas secundárias (derivadas)
• TUE Artigo 288
• “Para exercerem as competências da União, as
instituições adoptam regulamentos,
directivas, decisões, recomendações e
pareceres.
• As recomendações e os pareceres não são
vinculativos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Normativa europeia
• Normas secundárias (derivadas)
• O regulamento tem carácter geral. É obrigatório
em todos os seus elementos e directamente
aplicável em todos os Estados-Membros.
• A directiva vincula o Estado-Membro destinatário
quanto ao resultado a alcançar, deixando, no
entanto, às instâncias nacionais a competência
quanto à forma e aos meios. [Caso Francovich Vs
Itália, 1990 – Itália responsabilizada por não
respeitar diretiva]
• [Instrumento de harmonização das legislações e
regulamentações nacionais.
• Não têm, enquanto regra, efeito direto.]
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Diretivas
Normativa europeia
Processo legislativo
• “Artigo 289
• 1. O processo legislativo ordinário consiste na
adopção de um regulamento, de uma directiva ou
de uma decisão conjuntamente pelo Parlamento
Europeu e pelo Conselho, sob proposta da
Comissão. Este processo é definido no artigo
294.”
• Princípio da subsidiariedade: os Parlamentos
nacionais são notificados dos projetos de normas
secundárias. A intervenção de diversos
parlamentos nacionais pode impedir a adoção de
normas derivadas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Processo legislativo
• Iniciativa popular.
• Um milhão, pelo menos, de cidadãos da União,
nacionais de um número significativo de Estados-
Membros, pode tomar a iniciativa de convidar a
Comissão Europeia a, no âmbito das suas
atribuições, apresentar uma proposta adequada
em matérias sobre as quais esses cidadãos
considerem necessário um acto jurídico da União
para aplicar os Tratados.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
TJUE
• 3 “jurisdições”:
• 1) Tribunal de Justiça
• 2) Tribunal Geral
• 3) Tribunais especializados, nos quais se
enquadra o Tribunal da Função Pública.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Tratado de Funcionamento da UE
• Artigo 267
• O Tribunal de Justiça da União Europeia é competente para decidir, a título
prejudicial:
• a) Sobre a interpretação dos Tratados;
• b) Sobre a validade e a interpretação dos actos adoptados pelas
instituições, órgãos ou organismos da União.
• Sempre que uma questão desta natureza seja suscitada perante qualquer
órgão jurisdicional de um dos Estados-Membros, esse órgão pode, se
considerar que uma decisão sobre essa questão é necessária ao
julgamento da causa, pedir ao Tribunal que sobre ela se pronuncie.
• Sempre que uma questão desta natureza seja suscitada em processo
pendente perante um órgão jurisdicional nacional cujas decisões não
sejam susceptíveis de recurso judicial previsto no direito interno, esse
órgão é obrigado a submeter a questão ao Tribunal.
• Se uma questão desta natureza for suscitada em processo pendente
perante um órgão jurisdicional nacional relativamente a uma pessoa que
se encontre detida, o Tribunal pronunciar-se-á com a maior brevidade
possível.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
TJUE: ações
• 1) Interpretação da legislação (decisões prejudicais) - os tribunais
nacionais dos países da UE devem velar pela correta aplicação da
legislação da UE, mas os tribunais dos vários países podem
interpretá-la de formas diversas. Se uma jurisdição tem dúvidas
sobre a interpretação ou a validade de um ato legislativo europeu,
pode pedir esclarecimentos ao Tribunal. O mesmo mecanismo pode
ser utilizado para determinar se uma dada lei ou prática nacional é
compatível com a legislação da UE.
• 2) Aplicação da legislação (ações por descumprimento) – processo
desencadeado quando um país da UE não respeita a legislação
europeia. Este tipo de ação pode ser iniciado pela Comissão
Europeia ou por um país da UE. Se o incumprimento é constatado,
o país deve imediatamente pôr termo ao mesmo, caso contrário
corre o risco de lhe ser intentada uma segunda ação e de lhe ser
imposta uma multa.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
TJUE: ações
• 3) Anulação de atos legislativos europeus (recurso de anulação) -
se considerarem que um ato legislativo infringe os tratados da UE
ou os direitos fundamentais, o Conselho da UE, a Comissão
Europeia ou, em certos casos, o Parlamento Europeu, podem
solicitar ao Tribunal a anulação do ato em questão.
Um particular pode também solicitar ao Tribunal a anulação de um
ato da UE que lhe diga diretamente respeito.
• 4) Obrigação de ação (ações por omissão): o Parlamento, o
Conselho e a Comissão são instados a agir em determinadas
circunstâncias. Se não o fizerem, os governos nacionais, as outras
instituições europeias ou (em certos casos) os particulares podem
recorrer ao Tribunal.
• 5) Aplicação de sanções às instituições da UE (ações de
indemnização): qualquer pessoa ou empresa cujos interesses
tenham sido lesados na sequência de ação ou inação da UE ou do
seu pessoal pode recorrer ao Tribunal.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Propósitos
• Tratado de Assunção, 1991
• Artigo 1 - Os Estados Partes decidem constituir um
Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de
dezembro de 1994, e que se denominará "Mercado Comum
do Sul" (MERCOSUL).
• Este Mercado Comum implica:
• A livre circulação de bens, de serviços e de fatores
produtivos entre os países, através, entre outros, da
eliminação dos direitos alfandegários restrições não
tarifárias à circulação de mercado de qualquer outra
medida de efeito equivalente;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Propósitos
• O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de
uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou
agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros
econômico-comerciais regionais e internacionais;
• A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os
Estados Partes - de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal,
monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de
transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim de
assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados
Partes; e
• O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações,
nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de
integração.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Protocolo de Ouro Preto, 1994
• Artigo 1
• A estrutura institucional do Mercosul contará com os seguintes
órgãos:
I. O Conselho do Mercado Comum (CMC);
• II. O Grupo Mercado Comum (GMC);
• III. A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM);
• IV. A Comissão Parlamentar Conjunta (CPC);
• V. O Foro Consultivo Econômico-Social (FCES);
• VI. A Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM).
Parágrafo único - Poderão ser criados, nos termos do presente
Protocolo, os órgãos auxiliares que se fizerem necessários à
consecução dos objetivos do processo de integração.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 2
• São órgãos com capacidade decisória, de natureza
intergovernamental, o Conselho do Mercado Comum, o Grupo
Mercado Comum e a Comissão de Comércio do Mercosul.
• Artigo 3
• O Conselho do Mercado Comum é o órgão superior do Mercosul
ao qual incumbe a condução política do processo de integração e a
tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos
estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr a constituição
final do mercado comum.
• Artigo 4
• O Conselho do Mercado Comum será integrado pelos Ministros das
Relações Exteriores; e pelos Ministros da Economia, ou seus
equivalentes, dos Estados Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 5
• A Presidência do Conselho do Mercado Comum será exercida por
rotação dos Estados Partes, em ordem alfabética, pelo período de
seis meses.
• Artigo 6
• O Conselho do Mercado Comum reunir-se-á quantas vezes estime
oportuno, devendo fazê-lo pelo menos uma vez por semestre com
a participação dos Presidentes dos Estados Partes.
• Artigo 7
• As reuniões do Conselho do Mercado Comum serão coordenadas
pelos Ministérios das Relações Exteriores e poderão ser convidados
a delas participar outros Ministros ou autoridades de nível
ministerial.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• São funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum:
I. Velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e
dos acordos firmados em seu âmbito;
• II. Formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do
mercado comum;
• III. Exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul.
• IV. Negociar e assinar acordos em nome do Mercosul com terceiros países,
grupos de países e organizações internacionais. Estas funções podem ser
delegadas ao Grupo Mercado Comum por mandato expresso, nas
condições estipuladas no inciso VII do artigo 14;
• V. Manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo
Mercado Comum;
• VI. Criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre os acordos que lhe
sejam remetidos pelas mesmas;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• VII. Criar os órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-
los ou extingui-los;
• VIII. Esclarecer, quando estime necessário, o conteúdo e o alcance
de suas Decisões;
• IX. Designar o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul.
• X. Adotar Decisões em matéria financeira e orçamentária;
• XI. Homologar o Regimento Interno do Grupo Mercado Comum;
• Artigo 9
• O Conselho do Mercado Comum manifestar-se-á mediante
Decisões, as quais serão obrigatórias para os Estados Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 10
• O Grupo Mercado Comum é o órgão executivo do
Mercosul.
• Artigo 11
• O Grupo Mercado Comum será integrado por quatro
membros titulares e quatro membros alternos por país,
designados pelos respectivos Governos, dentre os
quais devem constar necessariamente representantes
dos Ministérios das Relações Exteriores, dos
Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos
Bancos Centrais. O Grupo Mercado Comum será
coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• São funções e atribuições do Grupo Mercado Comum:
I. Velar, nos limites de suas competências, pelo cumprimento do Tratado de
Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu âmbito;
• II. Propor projetos de Decisão ao Conselho do Mercado Comum;
• III. Tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo
Conselho do Mercado Comum;
• IV. Fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do
mercado comum;
• V. Criar, modificar ou extinguir órgãos tais como subgrupos de trabalho e reuniões
especializadas, para o cumprimento de seus objetivos;
• VI. Manifestar-se sobre as propostas ou recomendações que lhe forem submetidas
pelos demais órgãos do Mercosul no âmbito de suas competências;
• VII. Negociar, com a participação de representantes de todos os Estados Partes,
por delegação expressa do Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites
estabelecidos em mandatos específicos concedidos para esse fim, acordos em
nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organismos
internacionais. O Grupo Mercado Comum, quando dispuser de mandato para tal
fim, procederá à assinatura dos mencionados acordos. O Grupo Mercado Comum,
quando autorizado pelo Conselho do Mercado Comum, poderá delegar os
referidos poderes à Comissão de Comércio do Mercosul;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• VIII. Aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela
Secretaria Administrativa do Mercosul;
• IX. Adotar Resoluções em matéria financeira e orçamentária, com base nas
orientações emanadas do Conselho do Mercado Comum;
• X. Submeter ao Conselho do Mercado Comum seu Regimento Interno;
• XI. Organizar as reuniões do Conselho do Mercado Comum e preparar os
relatórios e estudos que este lhe solicitar.
• XII. Eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul;
• XIII. Supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do Mercosul;
• XIV. Homologar os Regimentos Internos da Comissão de Comércio e do
Foro Consultivo Econômico-Social;
• Artigo 15
• O Grupo Mercado Comum manifestar-se-á mediante Resoluções, as quais
serão obrigatórias para os Estados Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 16
• À Comissão de Comércio do Mercosul, órgão encarregado de assistir o
Grupo Mercado Comum, compete velar pela aplicação dos instrumentos
de política comercial comum acordados pelos Estados Partes para o
funcionamento da união aduaneira, bem como acompanhar e revisar os
temas e matérias relacionados com as políticas comerciais comuns, com o
comércio intra-Mercosul e com terceiros países.
• Artigo 17
• A Comissão de Comércio do Mercosul será integrada por quatro membros
titulares e quatro membros alternos por Estado Parte e será coordenada
pelos Ministérios das Relações Exteriores.
• Artigo 18
• A Comissão de Comércio do Mercosul reunir-se-á pelo menos uma vez por
mês ou sempre que solicitado pelo Grupo Mercado Comum ou por
qualquer dos Estados Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 19
• São funções e atribuições da Comissão de Comércio do Mercosul:
• I. Velar pela aplicação dos instrumentos comuns de política comercial intra-
Mercosul e com terceiros países, organismos internacionais e acordos de
comércio;
• II. Considerar e pronunciar-se sobre as solicitações apresentadas pelos Estados
Partes com respeito à aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum e dos
demais instrumentos de política comercial comum;
• III. Acompanhar a aplicação dos instrumentos de política comercial comum nos
Estados Partes;
• IV. Analisar a evolução dos instrumentos de política comercial comum para o
funcionamento da união aduaneira e formular Propostas a respeito ao Grupo
Mercado Comum;
• V. Tomar as decisões vinculadas à administração e à aplicação da tarifa externa
comum e dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados
Partes;
• VI. Informar ao Grupo Mercado Comum sobre a evolução e a aplicação dos
instrumentos de política comercial comum, sobre o trâmite das solicitações
recebidas e sobre as decisões adotadas a respeito delas;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• VIII. Propor a revisão das alíquotas tarifárias de itens específicos da tarifa
externa comum, inclusive para contemplar casos referentes a novas
atividades produtivas no âmbito do Mercosul;
• IX. Estabelecer os comitês técnicos necessários ao adequado cumprimento
de suas funções, bem como dirigir e supervisionar as atividades dos
mesmos;
• X. Desempenhar as tarefas vinculadas à política comercial comum que lhe
solicite o Grupo Mercado Comum;
• XI. Adotar o Regimento Interno, que submeterá ao Grupo Mercado
Comum para sua homologação.
• Artigo 20
• A Comissão de Comércio do Mercosul manifestar-se-á mediante Diretrizes
ou Propostas. As Diretrizes serão obrigatórias para os Estados Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 28
• O Foro Consultivo Econômico-Social é o órgão de
representação dos setores econômicos e sociais e
será integrado por igual número de
representantes de cada Estado Parte.
• Artigo 29
• O Foro Consultivo Econômico-Social terá função
consultiva e manifestar-se-á mediante
Recomendações ao Grupo Mercado Comum.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 31
• O Mercosul contará com uma Secretaria Administrativa como órgão de apoio
operacional. A Secretaria Administrativa do Mercosul será responsável pela
prestação de serviços aos demais órgãos do Mercosul e terá sede permanente na
cidade de Montevidéu.
• Artigo 32
• A Secretaria Administrativa do Mercosul desempenhará as seguintes atividades:
• I. Servir como arquivo oficial da documentação do Mercosul;
• II. Realizar a publicação e a difusão das decisões adotadas no âmbito do Mercosul.
Nesse contexto, lhe corresponderá:
• i) Realizar, em coordenação com os Estados Partes, as traduções autênticas para os
idiomas espanhol e português de todas as decisões adotadas pelos órgãos da
estrutura institucional do Mercosul, conforme previsto no artigo 39.
• ii) Editar o Boletim Oficial do Mercosul.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• III. Organizar os aspectos logísticos das reuniões do Conselho do
Mercado Comum, do Grupo Mercado Comum e da Comissão de
Comércio do Mercosul e, dentro de suas possibilidades, dos demais
órgãos do Mercosul, quando as mesmas forem realizadas em sua
sede permanente. No que se refere às reuniões realizadas fora de
sua sede permanente, a Secretaria Administrativa do Mercosul
fornecerá apoio ao Estado que sediar o evento.
• IV. Informar regularmente os Estados Partes sobre as medidas
implementadas por cada país para incorporar em seu ordenamento
jurídico as normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no
Artigo 2 deste Protocolo.
• V. Registrar as listas nacionais dos árbitros e especialistas, bem
como desempenhar outras tarefas determinadas pelo Protocolo de
Brasília, de 17 de dezembro de 1991;
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• VII. Elaborar seu projeto de orçamento e, uma vez
aprovado pelo Grupo Mercado Comum, praticar todos os
atos necessários à sua correta execução;
• VIII. Apresentar anualmente ao Grupo Mercado Comum a
sua prestação de contas, bem como relatório sobre suas
atividades;
• Artigo 33
• A Secretaria Administrativa do Mercosul estará a cargo de
um Diretor, o qual será nacional de um dos Estados Partes.
Será eleito pelo Grupo Mercado Comum, em bases
rotativas, prévia consulta aos Estados Partes, e designado
pelo Conselho do Mercado Comum. Terá mandato de dois
anos, vedada a reeleição.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 22
• A Comissão Parlamentar Conjunta é o órgão representativo
dos Parlamentos dos Estados Partes no âmbito do
Mercosul.
• Artigo 23
• A Comissão Parlamentar Conjunta será integrada por igual
número de parlamentares representantes dos Estados
Partes.
• Artigo 24
• Os integrantes da Comissão Parlamentar Conjunta serão
designados pelos respectivos Parlamentos nacionais, de
acordo com seus procedimentos internos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Estrutura Institucional
• Artigo 34
• O Mercosul terá personalidade jurídica de
Direito Internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL, 2005
• ARTIGO 1
• Constituir o Parlamento do MERCOSUL, doravante o Parlamento,
como órgão de representação de seus povos, independente e
autônomo, que integrará a estrutura institucional do MERCOSUL.
• O Parlamento substituirá à Comissão Parlamentar Conjunta.
• O Parlamento estará integrado por representantes eleitos por
sufrágio universal, direto e secreto, conforme a legislação interna
de cada Estado Parte e as disposições do presente Protocolo. O
Parlamento será um órgão unicameral e seus princípios,
competências e integração se regem de acordo com o disposto
neste Protocolo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 2 São propósitos do Parlamento:
• 1. Representar aos povos do MERCOSUL, respeitando sua pluralidade
ideológica e política.
• 2. Assumir a promoção e defesa permanente da democracia, da liberdade
e da paz.
• 3. Promover o desenvolvimento sustentável da região com justiça social e
respeito à diversidade cultural de suas populações.
• 4. Garantir a participação dos atores da sociedade civil no processo de
integração.
• 5. Estimular a formação de uma consciência coletiva de valores cidadãos e
comunitários para a integração.
• 6. Contribuir para consolidar a integração latino-americana mediante o
aprofundamento e ampliação do MERCOSUL.
• 7. Promover a solidariedade e a cooperação regional e internacional.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 4
• Competências
• O Parlamento terá as seguintes competências:
• 1. Velar, no âmbito de sua competência, pela observância das normas do
MERCOSUL.
• 2. Velar pela preservação do regime democrático nos Estados Partes, de acordo
com as normas do MERCOSUL, e em particular com o Protocolo de Ushuaia sobre
Compromisso Democrático no MERCOSUL, na República da Bolívia e República do
Chile.
• 3. Elaborar e publicar anualmente um relatório sobre a situação dos direitos
humanos nos Estados Partes, levando em conta os princípios e as normas do
MERCOSUL.
• 4. Efetuar pedidos de informações ou opiniões por escrito aos órgãos decisórios e
consultivos do MERCOSUL estabelecidos no Protocolo de Ouro Preto sobre
questões vinculadas ao desenvolvimento do processo de integração. Os pedidos
de informações deverão ser respondidos no prazo máximo de 180 dias.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• 12. Com o objetivo de acelerar os correspondentes procedimentos internos para a entrada em vigor das
normas nos Estados Partes, o Parlamento elaborará pareceres sobre todos os projetos de normas do
MERCOSUL que requeiram aprovação legislativa em um ou vários Estados Partes, em um prazo de noventa
dias (90) a contar da data da consulta. Tais projetos deverão ser encaminhados ao Parlamento pelo órgão
decisório do MERCOSUL, antes de sua aprovação.
• Se o projeto de norma do MERCOSUL for aprovado pelo órgão decisório, de acordo com os termos do
parecer do Parlamento, a norma deverá ser enviada pelo Poder Executivo nacional ao seu respectivo
Parlamento, dentro do prazo de quarenta e cinco (45) dias, contados a partir da sua aprovação.
• Nos casos em que a norma aprovada não estiver em de acordo com o parecer do Parlamento, ou se este
não tiver se manifestado no prazo mencionado no primeiro parágrafo do presente literal a mesma seguirá
o trâmite ordinário de incorporação. Os Parlamentos nacionais, segundo os procedimentos internos
correspondentes, deverão adotar as medidas necessárias para a instrumentalização ou criação de um
procedimento preferencial para a consideração das normas do MERCOSUL que tenham sido adotadas de
acordo com os termos do parecer do Parlamento mencionado no parágrafo anterior.
• O prazo máximo de duração do procedimento previsto no parágrafo precedente, não excedera cento
oitenta (180) dias corridos, contados a partir do ingresso da norma no respectivo Parlamento nacional.
• Se dentro do prazo desse procedimento preferencial o Parlamento do Estado Parte não aprovar a norma,
esta deverá ser reenviada ao Poder Executivo para que a encaminhe à reconsideração do órgão
correspondente do MERCOSUL.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• 13. Propor projetos de normas do MERCOSUL para consideração
pelo Conselho do Mercado Comum, que deverá informar
semestralmente sobre seu tratamento.
• 14. Elaborar estudos e anteprojetos de normas nacionais,
orientados à harmonização das legislações nacionais dos Estados
Partes, os quais serão comunicados aos Parlamentos nacionais com
vistas a sua eventual consideração.
• 15. Desenvolver ações e trabalhos conjuntos com os Parlamentos
nacionais, a fim de assegurar o cumprimento dos objetivos do
MERCOSUL, em particular aqueles relacionados com a atividade
legislativa.
• 16. Manter relações institucionais com os Parlamentos de terceiros
Estados e outras instituições legislativas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 5
• Integração
• 1. O Parlamento integrar-se-á de acordo com o
critério de representação cidadã.
• 2. Os integrantes do Parlamento, doravante
denominados Parlamentares, terão a qualidade
de Parlamentares do MERCOSUL.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 6
• Eleição
• 1. Os Parlamentares serão eleitos pelos cidadãos dos respectivos Estados Partes,
por meio de sufrágio direto, universal e secreto.
• 2. O mecanismo de eleição dos Parlamentares e seus suplentes reger-se-á pelo
previsto na legislação de cada Estado Parte, e que procurará assegurar uma
adequada representação por gênero, etnias e regiões conforme as realidades de
cada Estado.
• 3. Os Parlamentares serão eleitos conjuntamente com seus suplentes, que os
substituirão, de acordo com a legislação eleitoral do Estado Parte respectivo, nos
casos de ausência definitiva ou transitória. Os suplentes serão eleitos na mesma
data e forma que os Parlamentares titulares, para idênticos períodos.
• 4. Por proposta do Parlamento, o Conselho do Mercado Comum estabelecerá o
"Dia do MERCOSUL Cidadão", para a eleição dos parlamentares, de forma
simultânea em todos os Estados Partes, por meio de sufrágio direto, universal e
secreto dos cidadãos.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 9
• Independência
• Os membros do Parlamento não estarão sujeitos a mandato imperativo e
atuarão com independência no exercício de suas funções.
• Artigo 10
• Mandato
• Os Parlamentares terão um mandato comum de quatro (4) anos, contados
a partir da data de assunção no cargo, e poderão ser reeleitos.
• Artigo 13
• Opiniões Consultivas
• O Parlamento poderá solicitar opiniões consultivas ao Tribunal
Permanente de Revisão.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• Artigo 21
• Sede
• 1. A sede do Parlamento será a cidade de Montevidéu, República Oriental do
Uruguai.
• 2. O MERCOSUL celebrará com a República Oriental do Uruguai um Acordo Sede
que definirá as normas relativas aos privilégios, às imunidades e às isenções do
Parlamento, dos parlamentares e demais funcionários, de acordo com as normas
de direito internacional vigentes.
• Artigo 22
• Adesão e denúncia
• 1. Em matéria de adesão ou denúncia, reger-se-ão como um todo, para o presente
Protocolo, as normas estabelecidas no Tratado de Assunção.
• 2. A adesão ou denúncia ao Tratado de Assunção significa, ipso jure, a adesão ou
denúncia ao presente Protocolo. A denúncia ao presente Protocolo significa ipso
jure a denúncia ao Tratado de Assunção.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Parlamento do MERCOSUL
• A partir de 2011 o Parlamento está operando de
acordo com o critério da proporcionalidade
atenuada, aprovado pelo Acordo Político para a
Consolidação do Parlamento, em 2010, segundo
o qual o número de representantes de cada
Estado membro deve ser proporcional à sua
população, mas, no caso específico do
MERCOSUL, de maneira atenuada, de sorte a
minimizar as graves assimetrias presentes no
bloco econômico.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Questão 05
• Protocolo de Olivos, Artigo 15
• “Medidas Provisórias
• 1. O Tribunal Arbitral Ad Hoc poderá, por solicitação
da parte interessada, e na medida em que existam
presunções fundamentadas de que a manutenção da
situação poderá ocasionar danos graves e irreparáveis
a uma das partes na controvérsia, ditar as medidas
provisórias que considere apropriadas para prevenir
tais danos.
• 2. O Tribunal poderá, a qualquer momento, tornar sem
efeito tais medidas.”
• 3 árbitros
• Questões de fato e de direito
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Denúncia
• Tratado de Assunção, Artigo 21 - O Estado Parte que desejar desvincular-
se do presente Tratado deverá comunicar essa intenção aos demais
Estados Partes de maneira expressa e formal, efetuando no prazo de
sessenta (60) dias a entrega do documento de denúncia ao Ministério das
Relações Exteriores da República do Paraguai, que o distribuirá aos demais
Estados Partes.
• Artigo 22 - Formalizada a denúncia, cessarão para o Estado denunciante os
direitos e obrigações que correspondam a sua condição de Estado Parte,
mantendo-se os referentes ao programa de liberação do presente Tratado
e outros aspectos que os Estados Parte, juntos com o Estado denunciante,
acordem no prazo de sessenta (60 ) dias após a formalização da denúncia.
Esses direitos e obrigações do Estado denunciante continuarão em vigor
por um período de dois (2) anos a partir da data da mencionada
formalização.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• Protocolo de Ushuaia sobre compromisso com a
Democracia no MERCOSUL (1998)
• ARTIGO 1
• A plena vigência das instituições democráticas é condição
essencial para o desenvolvimento dos processos de
integração entre os Estados Partes do presente Protocolo.
• ARTIGO 2
• O presente Protocolo se aplicará às relações que decorram
dos respectivos Acordos de Integração vigentes entre os
Estados Partes do presente protocolo, no caso de ruptura
da ordem democrática em algum deles.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• ARTIGO 5
• Quando as consultas mencionadas no artigo anterior resultarem
infrutíferas, os demais Estados Partes do presente Protocolo, no âmbito
específico dos Acordos de Integração vigentes entre eles, considerarão a
natureza e o alcance das medidas a serem aplicadas, levando em conta a
gravidade da situação existente.
• Tais medidas compreenderão desde a suspensão do direito de participar
nos diferentes órgãos dos respectivos processos de integração até a
suspensão dos direitos e obrigacões resultantes destes processos.
• ARTIGO 6
• As medidas previstas no artigo 5 precedente serão adotadas por consenso
pelos Estados Partes do presente Protocolo, conforme o caso e em
conformidade com os Acordos de Integração vigentes entre eles, e
comunicadas ao Estado afetado, que não participará do processo
decisório pertinente. Tais medidas entrarão em vigor na data em que se
faça a comunicação respectiva.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• ARTIGO 7
• As medidas a que se refere o artigo 5
aplicadas ao Estado Parte afetado cessarão a
partir da data da comunicação a tal Estado da
concordância dos Estados que adotaram tais
medidas de que se verificou o pleno
restabelecimento da ordem democrática, que
deverá ocorrer tão logo o restabelecimento
seja efetivo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• Protocolo de Montevidéu sobre o compromisso com a democracia (2011)
– Ushuaia II
• ARTIGO 6
• Em caso de ruptura ou ameaça de ruptura da ordem democrática em uma
Parte do presente Protocolo, os Presidentes das demais Partes -ou na falta
destes seus Ministros das Relações Exteriores em sessão ampliada do
Conselho do Mercado Comum-, poderão estabelecer, dentre outras, as
medidas que se detalham a seguir:
• a.- Suspender o direito de participar nos diferentes órgãos da estrutura
institucional do MERCOSUL.
• b.- Fechar de forma total ou parcial as fronteiras terrestres. Suspender ou
limitar o comércio, o tráfico aéreo e marítimo, as comunicações e o
fornecimento de energia, serviços e abastecimento.
• c.- Suspender a Parte afetada do goze dos direitos e benefícios emergentes
do Tratado de Assunção e seus Protocolos, e dos Acordos de integração
celebrados entre as Partes, conforme couber.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• d.- Promover a suspensão da Parte afetada no âmbito de outras
organizações regionais e internacionais. Promover junto a terceiros países
ou grupos de países a suspensão à Parte afetada de direitos e/ou
benefícios derivados dos acordos de cooperação dos que for parte.
• e.- Respaldar os esforços regionais e internacionais, em particular no
âmbito das Nações Unidas, encaminhados a resolver e a encontrar uma
solução pacífica e democrática para a situação ocorrida na Parte afetada.
• f.- Adotar sanções políticas e diplomáticas adicionais.
• As medidas guardarão a devida proporcionalidade com a gravidade da
situação existente; não deverão pôr em risco o bem-estar da população e
o goze efetivo dos direitos humanos e liberdades fundamentais na Parte
afetada; respeitarão a soberania e integridade territorial da Parte afetada,
a situação dos países sem litoral marítimo e os tratados vigentes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• Protocolo de Assunção sobre Compromisso com
a Promoção e a Proteção dos Direitos Humanos
do Mercosul (2005, em vigor em 2010)
• ARTIGO 1
• A plena vigência das instituições democráticas e o
respeito dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais são condições essenciais para a
vigência e evolução do processo de integração
entre as Partes.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• ARTIGO 3
• O presente Protocolo se aplicará em caso de que se registrem graves e
sistemáticas violações dos direitos humanos e liberdades fundamentais
em uma das Partes em situações de crise institucional ou durante a
vigência de estados de exceção previstos nos ordenamentos
constitucionais respectivos. A tal efeito, as demais Partes promoverão as
consultas pertinentes entre si e com a Parte afetada.
• ARTIGO 4
• Quando as consultas mencionadas no artigo anterior resultarem
ineficazes, as demais Partes considerarão a natureza e o alcance das
medidas a aplicar, tendo em vista a gravidade da situação existente.
• Tais medidas abarcarão desde a suspensão do direito a participar deste
processo de integração até a suspensão dos direitos e obrigações
emergentes do mesmo.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Suspensão
• ARTIGO 5
• As medidas previstas no artigo 4 serão adotadas por consenso pelas
Partes e comunicadas à Parte afetada, a qual não participará no
processo decisório pertinente. Essas medidas entrarão em vigência
na data em que se realize a comunicação respectiva à Parte
afetada.
• ARTIGO 6
• As medidas a que se refere o artigo 4 aplicadas à Parte afetada,
cessarão a partir da data da comunicação a dita Parte de que as
causas que as motivaram foram sanadas. Tal comunicação será
transmitida pelas Partes que adotaram tais medidas.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
GATT 47
• “pode-se dizer que o antigo sistema do GATT
repousava na prevalência do pragmatismo, em
detrimento do legalismo, predominando a prática
diplomática do poder orientado, que segue a
teoria de que o direito, na melhor das hipóteses,
serviria como pano de fundo para uma discussão
diplomática com vistas a solucionar um conflito”.
Ana Cristina Paulo Pereira.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
OMC
• Na Rodada Uruguai, decidiu-se pela criação de
uma nova ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
• O Acordo de Marraqueche põe fim à Rodada
Uruguai e cria a OMC.
• A OMC começa a funcionar em 01 de janeiro
de 1995.
• Natureza jurídica de ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
OMC - Membros
• Para ser membro da OMC, não é necessário
ser Estado.
• UE é membro
• Taiwan e Hong Kong são membros (como
territórios alfandegários)
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
UE Vs Brasil (DS-472)
• Dez. 2013 – pedido de consultas relativas ao sistema de
tributação de automóveis e eletrônicos (IPI reduzido) e à Zona
Franca de Manaus.
• 2014 – “União Europeia denuncia formalmente Brasil na
Organização Mundial do Comércio”.
• Panel established, but not yet composed on 17 December 2014.
https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds472_
e.htm
• Questiona, principalmente, o Programa Inovar Auto, que tem
validade até 2017, e que oferece descontos de IPI a montadoras
que se comprometem com planos de investimento no Brasil.
• Exigência de conteúdo local – UE considera as medidas
discriminatórias.
• UE desistiu de questionar as vantagens fiscais concedidas à ZFM.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
UE Vs Brasil (DS-472)
• 11/11/16:
• ”A Organização Mundial do Comércio (OMC) condena
a política industrial brasileira e exige que políticas de
incentivos fiscais e redução de IPI (imposto sobre
produtos industrializados) adotados ainda pelo
governo de Dilma Rousseff sejam abandonadas, pelo
menos da forma que são aplicadas. O governo
brasileiro poderá recorrer da decisão. Mas a decisão é
um dos maiores golpes já sofridos pelo Brasil no
organismo internacional.”
• Fonte: Estadão
• Relatório do Grupo Especial
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
UE Vs Brasil (DS-472)
• As regras da OMC estabelecem exceções para
estímulo à inovação tecnológica e a
instrumentos de proteção ao meio ambiente.
• A defesa brasileira foca nesses aspectos.
• Por isso, a ZFM foi deixada de fora. Ela
consiste em uma forma de promover
crescimento econômico e justiça social,
mantendo a floresta em pé.
DIREITO INTERNACIONAL AVANÇADO – REVISÃO
PROFESSOR PEDRO SLOBODA
AULA 06
Dúvidas e atualidades
Mercosul/União Europeia/OMC
Questões inéditas
Questão 1
a) A Comissão Europeia e o Conselho Europeu são os órgãos com poder legiferante no direito da União
Europeia, atuando, no mais das vezes, em sistema de co-decisão.
b) O Parlamento Europeu é o órgão de representação dos cidadãos da União Europeia e, desde 1979, é
composto por parlamentares eleitos por voto direto, secreto e universal. Apesar do nome, contudo,
o Parlamento não tem poder decisório, salvo para questões orçamentárias.
c) As diretivas são parte da normativa derivada da União Europeia e, em razão da supranacionalidade
que pauta o processo de integração europeu, têm aplicabilidade imediata no direito interno dos
estados.
d) De acordo com o Tratado da União Europeia, o acordo de retirada de qualquer membro entrará em
vigor após ser ratificado por todos os estados partes, de acordo com os respectivos procedimentos
constitucionais.
Questão 2
a) O Tribunal de Justiça da União Europeia é formado por três jurisdições: o Tribunal de Justiça, o
Tribunal Geral e o Tribunal da Função Pública.
b) O Tribunal de Justiça da União Europeia decide, a título prejudicial, a pedido dos órgãos
jurisdicionais nacionais, sobre a interpretação do direito da União ou sobre a validade dos atos
adotados pelas instituições.
c) É admitida ação de omissão no TJUE diante de inércia injustificada por parte das instituições
comunitárias.
d) Pessoas físicas e jurídicas têm acesso direto ao Tribunal de Justiça da União Europeia.
Questão 3
a) O Conselho Mercado Comum é o órgão superior do Mercosul e é a ele que cabe exercer a
titularidade da personalidade jurídica da organização.
b) São órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o Conselho do Mercado
Comum, o Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do Mercosul.
c) No Dia do Mercosul Cidadão deve haver, de forma simultânea em todos os estados partes do
Mercosul, a eleição, por voto direto, secreto e universal, dos deputados no Parlasul.
professorpedrosloboda@gmail.com
d) O Parlamento pode solicitar pareceres consultivos ao Tribunal Permanente do Mercosul mediante
autorização do Grupo Mercado Comum.
Questão 4
Questão 5
Questão 6
6- ECEC
5 -EEEE
4–CECE
3–CCCE
2–CCCC
1–EEEE
GABARITO
QUESTÕES ANTERIORES
(CACD 2008) Segundo a doutrina da integração regional, que se desenvolve com a disseminação e o
aprofundamento dos blocos econômicos, o MERCOSUL recebe a classificação de união aduaneira imperfeita.
Tal classificação justifica-se porque:
A) há expressa previsão legal a esse respeito, conforme definido no preâmbulo do Código Aduaneiro do
MERCOSUL.
B) há um regime de exceções tributárias decorrente das assimetrias internas que impede a aplicação de
um único imposto aduaneiro, comum a todos os países-membros do bloco regional.
C) essa união aduaneira não dispõe de personalidade jurídica internacional, sendo reconhecida apenas no
MERCOSUL como um todo, conforme previsto no Protocolo de Ouro Preto.
D) não existe, no MERCOSUL, livre circulação de trabalhadores, com direito de estabelecimento, como
ocorre na União Européia.
E) sua tarifa externa comum (TEC) é ainda muito elevada e incompatível com os padrões internacionais
de liberalização comercial.
(CACD 2008) O Brasil é um dos mais freqüentes usuários do sistema de solução de controvérsias da
Organização Mundial do Comércio (OMC), a qual foi dinamizada e fortalecida com a adesão recente de
importantes países. Com relação à OMC, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.
(CACD 2011) Assinale a opção correta a respeito da atuação diplomática brasileira na condução de
contenciosos internacionais, em particular no que concerne às controvérsias no âmbito da Organização
Mundial do Comércio (OMC).
A) A cláusula que dispõe sobre a nação mais favorecida, avanço introduzido na transição do Acordo
Geral de Tarifas e Comércio para a OMC, constitui um dos princípios diretores do sistema
multilateral de comércio.
B) Os relatórios dos painéis, com poder de decisão arbitral, são, além de irrecorríveis, compulsórios a
todos os Estados- membros da OMC.
C) No caso das aeronaves regionais, que envolveu a Empresa Brasileira de Aeronáutica e a empresa
canadense Bombardier, as partes não exerceram o direito de retaliação que lhes foi garantido pela
OMC.
D) Ainda debutante na máxima instância do sistema multilateral de comércio, a China, apesar de sua
atuação agressiva na busca de novos mercados e de inserção internacional, ainda não participou de
nenhum caso no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC.
E) O consenso invertido, regra adotada na instauração da OMC, favoreceu, não obstante seus propósitos
de legalidade, a prevalência de decisões políticas sobre decisões jurídicas.
(CACD 2014) Acerca da tipologia normativa e da forma de aplicação do direito da União Europeia, julgue (C
ou E) os próximos itens.
GABARITO
1–B
2–EEEC
3–C
4–ECEC