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Introdução ao Estudo do Direito

• Ciência do Direito: Define-se como


conhecimentos, metodicamente coordenados,
resultantes do estudo ordenado das normas
jurídicas com o propósito de apreender o
significado objetivo das mesmas e de construir
o sistema jurídico, bem como de descobrir as
suas raízes sociais e históricas.
Introdução ao Estudo do Direito
• O estudo do Direito pode apresentar-se como
ciência teórica, formuladora de conceitos e
princípios gerais do direito, denominada
Teoria Geral do Direito, síntese do
conhecimento jurídico de uma época;
• Compete à filosofia do Direito solucionar o
problema do conhecimento jurídico, na sua
parte especial designada epistomologia
jurídica
• Epistemologia jurídica tem a incumbência de
estudar os pressupostos, os caracteres do
objeto, o método do saber científico e de
verificar suas relações e princípios;
Introdução ao Estudo do Direito
• A introdução à ciência do Direito é uma
matéria que visa fornecer uma noção global
da ciência que trata do fenômeno jurídico,
propiciando uma compreensão de conceitos
jurídicos comum a todos os ramos do direito e
introduzindo o estudante e o jurista na
terminologia técnico jurídica;
Introdução ao Estudo do Direito
• MÉTODOS JURÍDICOS
São Procedimentos lógicos adequados ao
conhecimento do direito;
Espécies:
Método dedutivo: Regra geral para o particular.
(geral-caso concreto);
O silogismo é a forma típica de raciocínio
jurídico;
Introdução ao Estudo do Direito
• SILOGISMO: É o raciocínio que, de duas
proposições (premissas ou juízos), tira uma
conclusão, que não pode ser negada desde
que se admita as premissas;
• A premissa maior – ou primeira – deve ser
geral ou universal;
• Exemplo: Pedro é homem.
• A segunda é da premissa menor, geralmente
particular;
Introdução ao Estudo do Direito
• Exemplo: Pedro é homem, enquanto a
conclusão decorre delas que se Pedro é
homem, logo, Pedro é mortal;

• Exemplo jurídico: causar dano gera a


obrigação de indenizar; (premissa maior);João
causou dano ao automóvel de Manuel
(premissa menor)
Introdução ao Estudo do Direito

• Conclusão: Logo, João está obrigado a


indenizá-lo;
Introdução ao Estudo do Direito
• Método indutivo: Casos singulares para o
geral;

• Método comparativo: comparação entre os


casos concretos;

• Método sociológico: Se a investigação tiver


por objetivo as raízes sociais ou os efeitos
sociais do direito;
Introdução ao Estudo do Direito
• Método histórico: Se o passado do direito estiver
na mira do jurista. Investigação da origem;

• TÉCNICA JURÍDICA
• É um conjunto de procedimentos destinados a
tornar mais perfeita e eficaz a criação e aplicação
do direito, bem como a tornar mais completo o
seu conhecimento. (Paulo Dourado de Gusmão)
Introdução ao Estudo do Direito
• Compete à técnica jurídica dar forma ao
direito, enquanto à ciência fornecer o seu
conteúdo, dando os elementos para que a
técnica o formule com o auxílio de outras
ciências;
• Tripartição da técnica jurídica:
• 1ª - Técnica de formulação legislativa do
direito: Subdivide-se em 3 categorias;
Introdução ao Estudo do Direito
• PRESUNÇÃO: A presunção é baseada na
verossimilhança, generaliza o que normalmente
ocorre em certos casos, estendendo as
consequências jurídicas de um fato conhecido a
um desconhecido
• Ex.: Art.1597 do CC. Presumem-se concebidos na
constância do casamento os filhos: I- nascidos
cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal; II – nascidos
nos trezentos dias subsequentes à dissolução da
sociedade conjugal;
Introdução ao Estudo do Direito
• Ex.: Morte de duas pessoas da mesma família
em um mesmo acidente. (presunção de
falecimento simultâneo)

• FICÇÃO – Atribui realidade ao que não tem,


considerando verdadeira uma criação artificial
do pensamento.
• Dá igual tratamento a relações em si
materialmente diversas.
Introdução ao Estudo do Direito
• Ex.: acessórios de um imóvel, móveis por
natureza, são juridicamente imóveis.

• PUBLICIDADE – O legislador se utiliza dessa


técnica para poder presumir conhecida a lei
por todos, bem como exige a publicidade de
certos atos jurídicos.
• Ex.: Escritura pública.
Introdução ao Estudo do Direito
• 2º - TÉCNICA DA CIÊNCIA DO DIREITO: Se
destina a concentrar, sistematizar e unificar a
matéria jurídica.

• Redução e concentração.
• Instituições jurídicas: categorias amplas do
direito. Ex.: Família, Propriedade, Liberdade
Individual, Etc...
Introdução ao Estudo do Direito
• 3ª - TÉCNICA DE APLICAÇÃO DO DIREITO –
Supõe a técnica de interpretação do direito,
estabelecedora do sentido objetivo da regra
do direito e a técnica de integração do direito,
usada no caso de lacuna do direito.
• Aplicação propriamente dita dos princípios da
norma jurídica nos casos concretos.
Introdução ao Estudo do Direito
• SISTEMA JURÍDICO
• É a unificação lógica das normas e dos
princípios jurídicos vigentes em um país, obra
da ciência do direito.
• O legislador formula as normas, enquanto
compete à ciência do direito reduzi-las a
unidade lógicas.
Introdução ao Estudo do Direito
• Finalidade: Descobrir os pontos obscuros e
contraditórios ou incompletos contidos nos
princípios e nas normas, bem como
harmonizar e coordenar as finalidades opostas
de dois ou mais institutos.

• Conjunto de normas aparecidas em diferentes


épocas; várias normas, destinadas a satisfazer
necessidades criadas por várias situações;
Introdução ao Estudo do Direito
DIREITO

• Algo criado pelo homem para estabelecer as condições gerais


de respeito, necessárias ao desenvolvimento da sociedade
• Visa favorecer à dinâmica das relações sociais
• Síntese preliminar da noção do Direito engloba três
elementos:
– Relações sociais – FATO
– Justiça – VALOR
– Regras impostas pelo Estado – NORMA
Introdução ao Estudo do Direito
DEFINIÇÃO DO DIREITO

• Definição Etimológica
– Direito – directum / rectum – direção, sem desvio, reto
– Jus – jussun – mandar, ordenar; justun – justo

• Definição Semântica (Pluralidade de significados)


– Sentido de norma – Conduta obrigatória (direito objetivo)
• O direito proíbe a bigamia
– Sistema de conhecimento jurídico (ciência do direito)
• Direito é a exposição sistematizada de todos os fenômenos da vida
jurídica e a determinação de suas causas
– Faculdade ou poderes que possui uma pessoa (direito subjetivo)
• Você tem direito a educação
Introdução ao Estudo do Direito
DIREITO NATURAL

• Cuida de discutir os fundamentos do surgimento do Direito


• Não depende de lei (ou do legislador)
• É evidente, espontâneo, universal, eterno, imutável
• Inspirador da Revolução Francesa e da Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão (1789)
• Legitimador do direito positivo – medida e linha diretriz
• Direitos naturais fundamentais
– Direito a vida
– Direito a liberdade
Introdução ao Estudo do Direito
DIREITO POSITIVO: Sistemas de normas vigentes, obrigatórias, aplicáveis
coercitivamente por órgãos institucionalizados, tendo a forma da lei,
de costume ou de tratado.
• Direito vigente, ou que teve vigência, em espaços geográficos
determinados
• Garantido por sanções, coercitivamente aplicadas por órgãos
institucionalizados
• É obrigatório para todos
• Não é só o prescrito em lei, códigos, tratados, costumes, mas também
o que os tribunais dizem estar na lei
• É o direito determinável na história de um país com pouca margem de
erro
• Dá certeza ao direito
• Direito cuja existência não é contestada por ninguém
• Direito promulgado (legislação) ou declarado (tribunais)
Introdução ao Estudo do Direito
DIREITOS HUMANOS

• Reflexo dos ocorridos pós 2ª Guerra Mundial


• Versão modernizada do Jusnaturalismo
– Não fica apenas no plano das ideias
– Tem a garantia de sua positividade
– Resolução da ONU
• Declaração Universal dos Direito do Homem
• Não são direitos declarados, outorgados ou reconhecidos –
são direitos absolutos
• Violá-los constitui crime contra a humanidade
– Julgados pela Corte Penal Internacional (1998)
Introdução ao Estudo do Direito
NORMA JURÍDICA

• Proposição normativa inserida em uma fórmula jurídica


– Lei, regulamento, tratado internacional
• Garantida pelo poder público (direito interno)
• Garantida pelas instituições internacionais (direito internacional)
• Disciplina regras de conduta e tipos de organizações
• Objetivo principal: ordem e a paz social
• Características:
– Bilaterais
– Forma típica é imperativa, geral e abstrata
– Compõe-se, em sua maioria, de preceito e sanção
Introdução ao Estudo do Direito
BILATERALIDADE E FUNÇÃO DA NORMA JURÍDICA

• Enlaça o direito de uma parte com o dever de outra


• Uma parte tem a faculdade de exigir a observância do dever jurídico
imposto pela norma à outra parte
• Conferir imperativo a uma parte e impor obediência a outra

• Desempenha varias funções


– Função distributiva (direitos e obrigações)
– Função de defesa social
– Função repressiva
– Função coordenadora
– Função organizadora
– Função arrecadadora de meios
– Função reparadora
Introdução ao Estudo do Direito
GENERALIDADE E ABSTRAÇÃO DA NORMA

• Geral: que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica


• Abstrata: prescreve ação ou ato típico

IMPERATIVIDADE DA NORMA

• Disciplina a maneira de agir em sociedade


• Contém um comando, uma prescrição – imposição de vontade
• Impõe um tipo de conduta ou proíbe
• Existem normas facultativas
Introdução ao Estudo do Direito
COERCIBILIDADE DA NORMA JURÍDICA

• A possibilidade de se colocar à disposição da autoridade a


força material para cumprimento da sanção predeterminada

• Norma inobservada, sanção imposta


– Sanção monopolizada pelo Estado

• Coação pode ser psicológica ou física


– Psicológica: geradora do temor de sanção
– Física: autoridade pública emprega o poder coercitivo
Introdução ao Estudo do Direito
• SANÇÃO JURÍDICA

• Consequência jurídica danosa


• Prevista na própria norma
– Estabelecida de antemão (Princípio da legalidade da pena)
– "nullum crimen, nulla poena, sine praevia lege"
• Aplicável no caso de inobservância
• Aplicável pelo poder público ou organização internacional
• Pode recair sobre a pessoa ou sobre o patrimônio

• Evolução da ideia de sanção


– Humaniza-se com a civilização – primeiro a pena depois a
reparação
– Individualiza-se
– Torna-se proporcional
ESPÉCIES DE SANÇÕES

Repressiva:
Sanção penal - pena privativa de liberdade
Prisão civil - não pagamento de alimentos
Preventiva
Direito penal – medida de segurança
Executiva
Obriga a execução forçada de algum ato
Restitutiva
Restabelece a condição anterior
Rescisória
Rescinde, dissolve, anulam, ...
Extintiva
Extingue relações jurídicas
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

Quanto ao sistema a que pertencem


Nacionais – Normas domésticas
Estrangeiras – Normas de um Estado aplicada em outro
Direito uniforme – Composta por dois o mais Estados
soberanos

Quanto a fonte
Legislativas
Consuetudinárias
Jurisprudenciais

Quanto ao âmbito espacial de validez


Geral – aplicam-se em todo o território nacional
Local – aplicam-se apenas em partes do território
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

• Quanto ao âmbito temporal de validez


Prazo indeterminado
Prazo determinado

• Quanto ao âmbito material de validez


Direito público - subordinação
Direito privado - coordenação
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

• Quanto a hierarquia
Constitucionais
Complementares / ordinárias
Regulamentares (decretos)
Individualizadas (testamentos, contratos, etc...)

• Quanto a qualidade
Positivas – permissivas
Negativas – proibitivas

• Quanto às relações de complementação


Primarias
Secundárias
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA

• Quanto a vontade das partes


Taxativas ou cogentes
Dispositivas

• Quanto a flexibilidade
Rígidas
Elásticas ou flexíveis

• Quanto a presença no ordenamento


Explícitas
Implícitas
LÍCITO E ILÍCITO JURÍDICO

• Lícito
Aquilo que lhe é permitido ou indiferente
O Direito prescreve: Impondo
Proibindo
Facultando
- O que não é juridicamente proibido é lícito
- No caso do Estado, só pode praticar atos
expressamente previstos em lei

• Ilícito (ou antijurídico)


Contrário ao prescrito ou ao expressamente
proibido
Consiste na ação ou omissão inobservadora de
norma proibitiva de atos
VALIDADE DO DIREITO

• Sentido Científico
- Depende da competência para legislar da autoridade que o prescreve
- Tem validade quando emanado de uma autoridade competente
- A competência pode ser originária ou derivada
A validade pode ser formal ou material

Sentido Filosófico
- Validade de uma norma por outra a ela imediatamente superior (KELSEN)
• A Constituição dá validade a lei
• Quem dá validade a Constituição?
- Validade vinculada a justiça, a moral, as reais necessidades
VIGÊNCIA DA NORMA

• Obrigatoriedade circunscrita a determinado período de tempo

• Tempo durante o qual a lei é obrigatória

• Começando da data em que for publicada no Diário Oficial

- Ou outra data que o legislador determinar


- Respeitada a vacatio legis

• Terminando na data de sua revogação, total ou parcial,


expressa ou tácita
EFICÁCIA DA NORMA
• Eficaz é a norma que visa alcançar certos resultados sociais
• O norma produz os efeitos planejados
EFETIVIDADE DA NORMA
• Observância da norma por parte das autoridades e pelos
seus destinatários
• O desempenho concreto de sua função social
• Simboliza a aproximação do dever ser normativo e do ser da
realidade social
EXEQUIBILIDADE DA NORMA
• Depende de haver as condições de fato para a sua aplicação
Ex. colônia agrícola como medida de segurança
LEGITIMIDADE
• Reconhecimento do direito como legítimo pela sociedade
civil
• Se a fonte é legitima a norma também será

LEGALIDADE

Qualidade do direito prescrito por autoridade competente


Observância da Constituição
Aplicada de acordo com a lei, por autoridade qualificada

Bobbio: O poder legal é aquele que está sendo exercido em


conformidade com as leis, o poder legítimo é aquele cuja titulação se
encontra alicerçada juridicamente. O contrário do poder legal é um
poder arbitrário, o contrário do poder legítimo é um poder de fato.
RETROATIVIDADE E IRRETROATIVIDADE DA NORMA
• Lei promulgada e publicada
Atinge relações jurídicas que ocorreram a partir de sua vigência
A lei é uma norma para o futuro

Situações excepcionais: hipóteses que a lei atinge fatos pretéritos


O Efeito retroativo deve ser visto como exceção
Qual efeito que ocorreria se as leis atingissem os fatos
passados?

Constituição Federal: art. 5º, XXXVI: “a lei não prejudicará o direito


adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”

Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro: art. 6º: “A Lei em


vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.”
ATO JURÍDICO PERFEITO

Art. 6º, § 1º:

Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei


vigente ao tempo em que se efetuou.

Ato já praticado e que surtiu os consequentes efeitos


Ex. contrato de compra e venda
DIREITO ADQUIRIDO

• Art. 6º, § 2º:

Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular,


ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

• Direitos que já se incorporaram definitivamente ao patrimônio


jurídico da pessoa
• Que já estão sendo exercidos ou já podem ser exercidos
- Ex. Aposentadoria
• Expectativa de direito???
COISA JULGADA

Art. 6º, § 3º:

Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de


que já não caiba recurso.

Principal efeito da sentença


Decisão que não cabe mais recurso
Possibilidade da imutabilidade não é absoluto:
Excepcionalmente “Ação rescisória” ou “Revisão criminal”
Ex. DNA
Ainda, no campo criminal admite-se a retroação benéfica da lei
REVOGAÇÃO
• Art. 2º da LINDB: “Não se destinando à vigência temporária, a lei
terá vigor até que outra a modifique ou revogue.”

• Revogação (termo geral): tornar sem efeito algo até então


existente
- Derrogação:
Lei nova revoga parcialmente lei anterior
O ordenamento fica com ambas as lei em vigor
- Ab-rogação:
Lei nova revoga totalmente lei anterior

• A revogação deveria ser sempre expressa

- Art. 2.045 do Código Civil: Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de


1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25
de junho de 1850.
LEI No 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005.

• Art. 192. Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de


concordata ajuizados anteriormente ao início de sua vigência,
que serão concluídos nos termos do Decreto-Lei no 7.661, de 21
de junho de 1945.

• Art. 200. Ressalvado o disposto no art. 192 desta Lei, ficam


revogados o Decreto-Lei no 7.661, de 21 de junho de 1945, e
os arts. 503 a 512 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de
1941 - Código de Processo Penal.

• Art. 201. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após
sua publicação.

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