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Turmas 2 e 3 | 2022/2023
SEMANA 4| SUMÁRIO
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AS DIMENSÕES DA NORMATIVIDADE CONSTITUCIONAL
Texto
constitucional
substrato formal
Realidade Cultura
constitucional constitucional
substrato substrato
fáctico, valorativo
sociopolítico
1. O TEXTO
CONSTITUCIONAL
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v O texto constitucional como sistema normativo aberto de preceitos e princípios
“Os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro
das possibilidades jurídicas e reais existentes (...) são mandatos de otimização, que estão
caracterizados pelo facto de que podem ser cumpridos em diferentes graus (...).”
“As regras são normas que só podem ser cumpridas ou não. Se uma regra é válida, então deve
fazer-se exatamente o que esta exige, nem mais, nem menos. Assim, as regras contêm
determinações no âmbito do que é fáctica e juridicamente possível.”
Robert Alexy, Theorie der Grundrechte
v Função
• Função normogenética e fundamentante: base fundadora e ratio dos preceitos e do
ordenamento jurídico
v Tipologia
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v Segundo Gomes Canotilho
i. Regras jurídico-organizatórias
• Parte III: arts. 108.º a 276.º CRP
• Visam a organização do Estado (“Constituição orgânica”)
• Certeza, segurança, previsibilidade Normas orgânicas (criação de órgãos constitucionais)
Normas de competência
Normas de procedimento (eleitoral, legislativo, de revisão)
ii. Regras jurídico-materiais
• Parte I e II
• Conteúdo valorativo: direitos fundamentais, garantias institucionais (proteção família, comissão
trabalhadores)
• Visam
- Status do cidadão
- Atuação do Estado:
a) ordens de legislar - únicas (ex. art. 26.º, n.º 2 CRP)
b) imposições legiferantes – permanentes e concretas (ex. arts. 63.º, n.º 2, 64.º, n.º 3 CRP)
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v Segundo Jorge Miranda
i. Normas precetivas
• Regras/preceito
• Completas = estrutura clara, precisa e incondicionada è conteúdo é determinado
• Dirigem-se direta e imediatamente aos cidadãos = aplicabilidade direta e imediata è
invocáveis pelos cidadãos em tribunal
a) Exequíveis por si mesmas: não necessitam de b) Não exequíveis por si mesmas: necessitam de
interpositio legislatoris para poderem realizar-se interpositio legislatoris para poderem realizar-se
Ex. Arts. 24.º, 25.º da CRP Ex. Art. 36.º CRP è art. 1577ºss do CC
• Normas precetivas exequíveis por si mesmas ≠ Normas precetivas não exequíveis por si mesmas
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Precetivas Programáticas
• Regras/preceitos • Valores/princípios
• Podem ser invocadas pelos cidadãos nos tribunais • Não podem ser invocadas pelos cidadãos nos
tribunais
2. Normas programáticas
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Tê Pê Cê
Preâmbulo da CRP 76
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v A realidade constitucional situa o texto no contexto sociológico da sua aplicação
• Relevante no momento de conceção e na vigência da Constituição
Impulso Operatividade
Limite horizontal ao poder constituinte originário Revisões e mutações constitucionais
Constituição semântica Constituição normativa
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• Qual a relevância do costume constitucional?
- Constitucionalismo português:
> Relevante na interpretação e integração do texto constitucional
² costume secundum constitutionem
≠ experiências: constitucionalismo
² costume praeter constitutionem
britânico (common law); Direito
² costume contra constitutionem
Internacional Público
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v A cultura constitucional contribui com os dados valorativos e espirituais
• Manuel Afonso Vaz: princípios jurídicos fundamentais como fonte de Direito
O que acontece se o legislador constituinte consagra, no texto constitucional, normas que violam
os princípios jurídicos fundamentais/limites materiais verticais superiores ao poder constituinte?
“normas constitucionais inconstitucionais”
normas formalmente constitucionais e materialmente inconstitucionais
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v Normas constitucionais inconstitucionais
Posições adotadas
² Gomes Canotilho: recusa a sua existência
> quem controlaria a conformidade da Constituição com o direito supraconstitucional?
² Afonso Queiró, Castanheira Neves, Manuel Afonso Vaz: reconhecem a sua existência
> Artigo 292.º CRP: viola os princípios jurídicos nullum crimen sine lege e nulla poena sine lege
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4.1. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. Mutações constitucionais:
• Constituição só poderia evoluir por via da revisão e não por via interpretativa do sentido do
texto (posição inicial de Gomes Canotilho)
2. Interpretação autêntica
• A acontecer, por lei de revisão e nunca por lei ordinária
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4.2. INTEGRAÇÃO DE LACUNAS
“incompletude contrária ao plano normativo”
(Wilhelm Canaris)
a. Lacunas constitucionais autónomas
- Situações constitucionalmente relevantes que não têm previsão constitucional
- Merecem tratamento jurídico-constitucional
- Não podem ser supridas por interpretação extensiva de outra norma
- Solução: deduzir norma por analogia dentro do sistema jurídico-constitucional ou norma ad hoc
Ex. Qual o prazo para promulgação de lei de revisão?
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b. Lacunas constitucionais heterónomas
- Situações constitucionalmente previstas (espaços jurídicos livres ou incompletos), às quais faltam
adequadas estatuições legais (legislação ordinária)
- Relação com normas precetivas não exequíveis por si mesmas e normas programáticas
Omissões legais contrárias à Constituição è inconstitucionalidade por omissão, art. 283.º CRP
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