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MATERIAL DE AMOSTRA

Assuntos ilustrativos*

Coordenadores
Caio Souza
Francimar Soares
Sumário
PLANO DE METAS ...............................................................................................................................3

E-BOOK ...............................................................................................................................................56

SIMULADO OBJETIVO .......................................................................................................................66

FICHAS DE JURISPRUDÊNCIA .........................................................................................................70

VIDEOAULAS......................................................................................................................................89

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PLANO DE METAS
SEMANA 01
Dia Disciplina Conteúdo Controle1

Constituição e
1 D L J Q R
constitucionalismo

Direito Constitucional
Direito à saúde, SUS e
2 judicialização de políticas D L J Q R
públicas

3 Direito Tributário Tributos: conceitos e espécies D L J Q R

Fazenda pública: conceito,


prerrogativas, prescrição e D L J Q R
Direito Processual decadência.
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Civil
Valores exigidos do poder
D L J Q R
público em juízo

Introdução, regime jurídico


5 Direito Administrativo D L J Q R
administrativo e poderes

6 Direito Financeiro Finanças na CF e orçamento D L J Q R

Lei de Registros Públicos (título


7 Domingo 1 D L J Q R
II – arts. 29 a 113) + questões

*Obs.: assuntos meramente ilustrativos

1 Marcar a ferramenta estudada. D: Doutrina; L: Lei; J: Jurisprudência; Q: Questões; R: Revisão.

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DIA 01
DIREITO CONSTITUCIONAL | CONSTITUIÇÃO E CONSTITUCIONALISMO

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar os materiais abaixo postados na área do aluno:


o Material 01: Constituição e constitucionalismo;

• Resolver, pelo menos, 30 questões.

O QUE É IMPORTANTE

Constituição

• Conceito de Constituição:
o Sentido sociológico: Ferdinand Lassale – Constituição legítima é aquela que reflete o
“somatório dos fatores reais de poder” na sociedade, do contrário, carece de
legitimidade, representando mera “folha de papel”;
o Sentido político: Carl Schmitt – O fundamento da constituição encontra-se na “decisão
política fundamental”. Constituição ≠ Lei Constitucional;
o Sentido formal – é a lei constitucional na concepção de Schmitt. É norma constitucional
aquela que ingressou no ordenamento jurídico pela via da Constituição,
independentemente de seu conteúdo – lembrar do art. 242, § 2º, CF;

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o Sentido material: é a Constituição na concepção de Schmitt. É a norma que tem
conteúdo constitucional, esteja ela no corpo da Constituição ou em legislação
extravagante;
o Sentido jurídico – Hans Kelsen: pirâmide de Kelsen. Acepções do termo Constituição:
▪ Acepção lógico-jurídica: é a norma fundamental hipotética;
▪ Acepção jurídico-positiva: é a norma constitucional positivada em
determinado Estado.
o Sentido culturalista – Constituição Total: A constituição é condicionada pela Cultura
total e é condicionante desta;
o Constituição aberta – A Constituição precisa ser mutável, dinâmica, sob pena de
ruptura;
o Constituição simbólica – Marcelo Neves. Compreensão acerca de legislação simbólica
e seus propósitos: a) confirmação de valores sociais; b) legislação-álibi; c) adiamento
da solução dos conflitos sociais por meio de compromissos dilatórios.
Constitucionalização simbólica:
▪ Acepção Negativa: déficit de concretização jurídico-normativa do texto
constitucional;
▪ Acepção Positiva: relevante papel político-ideológico.
• Classificação:
o Quanto à origem: outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas;
o Quanto à forma: escritas ou costumeiras;
o Quanto à extensão: sintéticas ou analíticas;
o Quanto ao conteúdo: material ou formal;
o Quanto à alterabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis, semirrígidas e superrígidas;
o Quanto à sistemática: unitárias e variadas;
o Quanto à dogmática: ortodoxa ou eclética;
o Critério ontológico – Karl Loewenstein: normativas, nominalistas e semânticas;
o Quanto ao sistema: principiológica ou preceitual;
o Quanto à função: provisórias ou definitivas;
o Quanto à origem do texto constitucional: autônomas ou heterônomas;
o Quanto à finalidade: garantia, balanço e dirigente;
o André Ramos Tavares (quanto à ideologia): Constituições liberais e sociais;
o Raul Machado Horta: Constituições expansivas.
• Elementos da Constituição:
o Orgânicos;

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o Limitativos;
o Sócioideológicos
o Estabilização constitucional;
o Formais de aplicabilidade.
• Evolução constitucional no Brasil: memorizar características destacadas no material do
curso.

Constitucionalismo

• Conceito e evolução do constitucionalismo, com destaque especial para o


constitucionalismo durante a idade moderna;

• A constituição como garantia da limitação ao poder autoritário e da


prevalência dos direitos fundamentais;

• Constitucionalismo antigo: pólis grega, democracia constitucional ligada ao


homem político;

• A Magna Carta de 1215 como símbolo do constitucionalismo medieval: proteção


de direitos individuais;

• Constituições dos EUA (1787) e da França (1791): cunho liberal, organização e


limitação do poder, garantia de direitos e liberdades.

• Constituição do México (1917) e da Alemanha – Weimar (1919): cunho social,


surgimento dos direitos de segunda geração, Estado Social de Direito.

• O neoconstitucionalismo: também chamado de constitucionalismo pós-


moderno ou pós-positivismo. Sua concepção vai além da ideia de limitação do
poder político, para buscar a eficácia da Constituição, especialmente dos
direitos fundamentais;

• Características do neoconstitucionalismo e suas diferenças do


constitucionalismo clássico:

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CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO

a) reaproximação do Direito com a Moral;

a) positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais;

b) onipresença dos princípios e das regras;

c) inovações hermenêuticas;

d) densificação da força normativa da Constituição;

e) desenvolvimento da justiça distributiva.

f) Tensão entre constitucionalismo e democracia.

CONSTITUCIONALISMO MODERNO NEOCONSTITUCIONALISMO

Hierarquia entre as normas. Hierarquia entre as normas ultrapassa o


simples aspecto formal, sendo também
axiológica (valorativa).

Limitação do poder e garantia de liberdades Concretização dos Direitos Fundamentais de


individuais. todas as dimensões.

• Marcos do neoconstitucionalismo (Barroso): histórico, filosófico e teórico:

NEOCONSTITUCIONALISMO

MARCO HISTÓRICO MARCO FILOSÓFICO MARCO TEÓRICO

1. No mundo: 1. O pós-positivismo: 1. Força normativa da CF:

O constitucionalismo do pós- Reaproximação do Direito à Normas constitucionais como


guerra, especialmente na ética e aos valores de normas jurídicas e não
Alemanha e Itália; Justiça. como simples convite à
atuação dos poderes
majoritários;

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NEOCONSTITUCIONALISMO

MARCO HISTÓRICO MARCO FILOSÓFICO MARCO TEÓRICO

2. No Brasil:

A CF/88 e a redemocratização 2. Jurisdição constitucional:


do país.
Habilitação do Poder Judiciário
como coparticipante da
criação do Direito
Constitucional;

3. Nova hermenêutica
constitucional:

Interpretação com novas


categorias, como as
cláusulas gerais, os
princípios, as colisões de
normas constitucionais, a
ponderação e a
argumentação.

• Ativismo judicial e controle de políticas públicas:

o Reserva do possível: respeitado o mínimo existencial, a efetivação de direitos


fundamentais positivos depende da: 1) possibilidade fática: existência de recursos
financeiros; 2) possibilidade jurídica: existência de previsão orçamentária; 3)
razoabilidade da pretensão reclamada.

o Teoria dos custos dos direitos (mais importante para 2ª fase): análise
econômica do Direito: os direitos condicionam-se à previsão orçamentária de seus
custos. Em outras palavras, apenas há direito, se houver orçamento. Propõe a
adequação da atividade jurisdicional aos parâmetros orçamentários: fora deles, não
pode o Judiciário atuar na implementação de políticas públicas.

o Escolhas trágicas (mais importante para 2ª fase): apresenta o estado de

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escassez de recursos, para satisfação de todas as demandas sociais. Nesse
contexto, analisa quem deve decidir sobre macrojustiça, devendo-se apontar, para
tanto, os Poderes Executivo e Legislativo, pois o Poder Judiciário é vocacionado
para resolver casos concretos (microjustiça).

• Neoconstitucionalismo: tensão entre constitucionalismo e democracia:

o Constitucionalismo: caracteriza-se pela prevalência de liberdades


individuais e direitos fundamentais;

o Democracia: finca-se sobre os pilares da soberania popular e da vontade


majoritária;

o Tensão: os aspectos democráticos são restringidos pelos aspectos do


constitucionalismo, na medida em que o povo não pode tudo. No Brasil,
por exemplo, a CF/88 elenca cláusulas pétreas.

ANOTAÇÕES

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DIA 02
DIREITO CONSTITUCIONAL | JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar os materiais abaixo postados na área do aluno (versão full ou express):


o Material 01: Direito à saúde, Sistema Único de Saúde e a Judicialização de políticas públicas;

• Estudar (grifar, marcar, anotar):


o Arts. 196 a 200 da CF/88;
o Lei 8.080/90;

• Estudar a jurisprudência pela ficha respectiva.

• Resolver, pelo menos, 30 questões.

O QUE É IMPORTANTE?

• Tema 579 de repercussão geral: “é constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema
Único de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento
diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde, ou por médico conveniado,
mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes”.

• Responsabilidade solidária “mitigada” dos entes políticos pela concretização do direito


à saúde: o STF estabeleceu que, no âmbito das ações individuais de saúde, aplica-se a
chamada "solidariedade mitigada", pois o cumprimento da obrigação deve ser direcionado

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ao ente federado competente para tanto, ainda que o polo passivo seja composto por
entes de todos os níveis.

• Princípios do SUS:

o Universalidade: prestação dos serviços de saúde a todas as pessoas (inclusive


refugiados e pessoas em trânsito pelo país);

o Equidade: prestação dos serviços de saúde em todos os níveis, de acordo com a


complexidade e de maneira isonômica entre os usuários (princípio que tem relação
com o precedente citado sobre a “vedação à diferença de classes”);

o Integralidade: o serviço que garantirá a saúde do usuário deve ser pensado em


uma perspectiva integral, contemplando todos os níveis de atenção. Desta forma,
entende-se a integralidade como um conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso
em todos os níveis de complexidade do sistema

• Financiamento: a não observância dos percentuais mínimos para o financiamento dos


serviços de saúde poderá dar ensejo à intervenção federal nos Estados ou Estadual nos
municípios, nos termos do art. 34, VII, “e” e art. 35, III da CF/88.

• Vacinação:

Vacinação forçada - inconstitucional Vacinação compulsória/obrigatória -


constitucional

Ocorre quando o Poder Público utiliza medidas Ocorre quando o Poder Público impõe aos
invasivas, aflitivas ou coativas para que o cidadãos que recusem a vacinação medidas
indivíduo seja vacinado. Não é permitida porque restritivas previstas em lei, tais como multa,
ofende o direito à intangibilidade, inviolabilidade impedimento de frequentar determinados
e integridade do corpo humano. A vacinação lugares, fazer matrícula em escola etc. A
não pode ser feita sem o expresso vacinação compulsória é permitida, desde que
consentimento informado da pessoa cumpridos requisitos fixados pelo STF.
vacinada.

• O STF decidiu que os pais não podem se recusar a vacinar seus filhos invocando a
liberdade de consciência e de crença (art. 5º, VI e VIII, da CF/88) ou convicção
filosófica.

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• Jurisprudência do STF e STJ sobre fornecimento de medicamentos:
o Medicamentos disponíveis no SUS como prioridade;
o Possibilidade de fornecimento de medicamentos fora da lista do SUS, desde que
haja (STJ):
▪ Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da
imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo
SUS;
▪ Incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
▪ Existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos
autorizados pela agência.
o O Poder Público não é obrigado a fornecer medicamentos para uso off-label, ou
seja, para aplicação fora das indicações do fabricante, salvo se a própria
ANVISA autorizar esse tipo de uso.
o Medicamentos NÃO registrados na ANVISA (tema 500 de repercussão geral):

Regras Exceção

1. O Estado não pode ser obrigado a 3. É possível, excepcionalmente, a concessão


fornecer medicamentos experimentais. judicial de medicamento sem registro sanitário,
(Enunciado nº 9 da Jornada de Direito da em caso de mora irrazoável da Anvisa em
Saúde do CNJ: As ações que versem sobre apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na
medicamentos e tratamentos experimentais Lei 13.411/2016), quando preenchidos três
devem observar as normas emitidas pela requisitos:
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – a) a existência de pedido de registro do
Conep e Agência Nacional de Vigilância medicamento no Brasil (salvo no caso de
Sanitária - Anvisa, não se podendo impor aos medicamentos órfãos para doenças raras e
entes federados provimento e custeio de ultrarraras);
medicamento e tratamentos experimentais. b) a existência de registro do medicamento
em renomadas agências de regulação no
2. A ausência de registro na Agência Nacional exterior; e
de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como c) a inexistência de substituto terapêutico
regra geral, o fornecimento de medicamento com registro no Brasil.
por decisão judicial.

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Regras Exceção

3. As ações que demandem fornecimento de


medicamentos sem registro na Anvisa deverão
necessariamente ser propostas em face da
União.

• A regra, portanto, é a proibição de fornecimento de medicamento não registrado pela


ANVISA, ressalvados os casos de concessão judicial, em caso de mora irrazoável da
Anvisa em apreciar o pedido, quando preenchidos os requisitos acima elencados;

• Entretanto, no julgamento do RE 1165959/SP, com repercussão geral reconhecida –


Tema 1161, o STF fixou mais uma exceção a essa regra, qual seja, o dever de
fornecimento, pelo Estado, de medicamento que, embora não possua registro na
Anvisa, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária,
desde que comprovadas a incapacidade econômica do paciente, a
imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição por
outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamento e os
protocolos de intervenção terapêutica do SUS;

• Vedação à utilização de qualquer forma de amianto (STF);

• Intervenção judicial em políticas públicas:

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INTERVENÇÃO JUDICIAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS (BARROSO)

Excepcional Condicionado

Incidência do postulado da Separação dos Dever de argumentação:


Pode- res: cabe, primariamente, aos Poderes
Executivo e Legislativo a definição de políticas 1. A decisão judicial deve sempre remeter a
públicas. uma norma constitucional ou legal, pois esta,
Destaque-se, todavia, que o STF possui sim, foi constituída sob deliberação
jurisprudência no sentido de que a mera majoritária;
determinação de implementação de políticas
públicas na área da saúde não violaria o 2. A decisão judicial deve ter pretensão de
princípio: universa- lidade, sendo vedado o casuísmo
(...) É firme o entendimento deste Tribunal de judicial;
que o Poder Judiciário pode, sem que fique
configurada violação ao princípio da separação 3. A decisão judicial deve considerar as
dos Poderes, determinar a implementação de suas consequências no mundo real, pois o
políticas públicas nas questões relativas ao Direito serve para resolver problemas e não
direito constitucional à saúde. (...) STF. 1ª para criá-los em maior dimensão.
Turma. ARE 947.823 AgR, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 28/6/2016.
Dica 1: A partir dos requisitos para legitimidade da intervenção judicial, é possível que o
advogado público erija tese em sentido contrário, defendendo que a atuação judicial, na
espécie, é ilegítima, por: 1) violar o postulado da Separação dos Poderes; 2) não se sustentar
em norma constitucional ou legal; 3) ser casuística; ou 4) descambar em problema ainda maior
do que o veiculado na lide.
Dica 2: O grande nome da argumentação jurídica é Chaim Perelman, que escreveu a obra
“Tratado da argumentação: A nova retórica”. Portanto, ao abordar o tema da legitimidade das
decisões judiciais, a partir do dever de argumentação, recomenda-se ao candidato fazer
menção ao autor referenciado.

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TESES GERAIS DE JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

TESE AUTOR/ORIGEM CONTEÚDO

Caso “numerus clausus”, Respeitado o mínimo


julgado pela Corte existencial, a efetivação de
Constitucional Alemã na direitos fundamentais
década de 70, em que se positivos depende da: 1)
Reserva do possível discutiu a limitação do possibilidade fática:
número de vagas nas existência de recursos
universidades públicas da financeiros; 2) possibili-
Alemanha. dade jurídica: existência de
previsão orçamentária; 3)
razoabilidade da pretensão
reclamada.
Análise econômica do
Direito: os direitos
condicionam-se à previsão
Stephen Holmes e Cass orçamentária de seus
Teoria dos custos dos Sustein, na obra “The cost custos. Em outras palavras,
direitos of Rights” ou “O custo dos apenas há direito, se houver
direitos”. orçamento. Propõe a
adequação da atividade
jurisdicional aos parâmetros
orça- mentários: fora deles,
não pode o Judiciário atuar
na implementação de
políticas públicas.

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Apresenta o estado de
escassez de recursos, para
satisfação de todas as
Guido Calabresi e Philip demandas sociais. Nesse
Escolhas trágicas Bobbit, na obra “Tragic contexto, analisa quem
Choices” ou “Escolhas deve decidir sobre
trágicas”. macrojustiça, devendo-se
apontar, para tanto, os
Poderes Executivo e
Legislativo, pois o Poder
Judiciário é vocacionado
para resolver casos
concretos (microjustiça).
Respeito à expertise técnica
de cada um dos poderes
Cass Sustein e Adrian constituídos, reservando ao
Vermeule, no artigo “A. Poder Executivo a decisão
Teoria das capacidades Intepretation and sobre políticas públicas,
institucionais institutions”. ressalvada a hipótese de
afronta ao mínimo
existencial ou patente
ilegalidade. Não cabe ao
Poder Judiciário substituir a
atuação do gestor quando
não possuir a capacidade
institucional para tanto.
Para os casos específicos
de medicamentos e serviços
de saúde, importante
destacar o Enunciado nº 76
da Jornada de Direito da
Saúde do CNJ: A decisão
judicial sobre fornecimento
de medicamentos e serviços
de saúde deverá, à vista do

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contido nos autos, trazer
fundamentação sobre as
suas consequências
práticas, considerando os
obstáculos e as dificuldades
reais do gestor e as
exigências das políticas
públicas (arts. 20 a 22 da
LINDB), não podendo
fundar-se apenas em
valores jurídicos abstratos
(art. 20 da LINDB).
Dica: Recomenda-se ao candidato mencionar, se possível, as obras e autores que sustentam
as teses ora estudadas. Isso demonstrará conhecimento ao examinador, que tenderá a
pontuar o espelho com generosidade. Uma resposta sólida buscar todos os temas tratados de
forma contextualizada.

ANOTAÇÕES

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DIA 03
DIREITO TRIBUTÁRIO | TRIBUTOS

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar o material respectivo postado na área do aluno (versão full ou express:


o Material 01: tributos: conceito e espécies
• Estudar (grifar, marcar, anotar):
o Arts. 3º, 16 a 18, 77 a 82 do CTN;
o Arts. 145 a 149-A e 154 da CF.
• Resolver, pelo menos, 30 questões;
• Estudar a jurisprudência colacionada abaixo;

O QUE É IMPORTANTE?

• TRIBUTO
o Prestação pecuniária;
o Compulsória;
o Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir;
o Não constitui sanção de ato ilícito;
o Instituído por lei;
o Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
• ATENÇÃO – IMPOSSIBILIDADADE DE LEI LOCAL INSTITUIR, COMO FORMA DE
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS:
Norma tributária local que pretenda instituir dação em pagamento de bens móveis é
inconstitucional segundo o STF, porquanto tal expediente seria o mesmo que adquirir um

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bem sem licitação. Desta feita, estar-se-ia invadindo seara afeta à reserva de lei federal.
Em outras palavras, o crédito tributário não pode ser extinto mediante dação em
pagamento de bens móveis, tendo em vista a reserva de lei nacional para dispor sobre
regras gerais de licitação.

• ATENÇÃO – POSSIBILIDADE DE LEI LOCAL INSTITUIR OUTRAS FORMAS, NÃO


PREVISTAS NO CTN, DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (EXCETO DAÇÃO EM
PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS): O STF, em outros julgados, assentou que é, sim,
possível que os entes locais instituam outras formas de extinção do crédito tributário. Tal
entendimento sustenta-se em dois argumentos: 1) pacto federativo: o ente federado tem
o direito de receber algo do seu interesse para quitar um crédito de que é titular; 2) “quem
pode o mais, pode o menos”: se o ente pode até perdoar que lhe é devido (o mais), não
é razoável que não possa autorizar a extinção do crédito tributária por uma forma não
prevista no CTN (o menos). Portanto, CUIDADO: para o STF, é possível que lei local
estabeleça formas de extinção do crédito tributário não previstas no CTN, exceto por
dação em pagamento de bens móveis, pois, nesse caso, haveria incursão indevida de
lei local em matéria afeta à lei nacional, já que o tema cuida de regras gerais de licitação.

• Em decorrência do princípio do “pecunia non olet” (dinheiro não cheira), o STF e a


doutrina são unânimes em afirmar que devem ser tributados ilícitos ou fatos geradores
criminosos. Do contrário, chancelar-se –ia uma imunidade a que pratica um ilícito, em
detrimento daquele que mantém sua conduta na conformidade da lei.

• ATENÇÃO – ART. 4º, II, DO CTN X ART. 9º DA LEI 4.320/64: Nos termos do art. 4º, II, do
CTN, é irrelevante, para definição de tributo, a destinação legal do produto arrecadado.
Todavia, o STJ sedimentou o entendimento segundo o qual a contribuição para o FGTS,
porque não se destina ao erário, mas às contas vinculadas dos trabalhadores, não possui
natureza jurídica de tributo, motivo por que a elas não se aplicam as disposições do CTN,
nos termos da súmula 353 da Corte. O fundamento do STJ baseou-se no art. 9º da Lei
Geral de Finanças (Lei n.º 4.320/64), cujo teor refere expressamente que o produto da
arrecadação tributária deve ser destinado ao custeio de atividades gerais ou específicas.
Portanto, CUIDADO: atente para a “blindagem” das questões, no que tange à relevância
da destinação dos tributos arrecadados (segundo o CTN... segundo a Lei 4.320/64...
Segundo o STJ, em relação às contribuições do FGTS...).

• Adotando-se a teoria da pentapartição, o fato gerador é insuficiente, às vezes, para se


identificar a natureza específica do tributo: se contribuição social/empréstimo compulsório

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ou imposto. Isso porque, em algumas situações, o fato gerador é o mesmo para
impostos e contribuições, tal como ocorre, por exemplo, com o IRPJ e a CSLL. Assim,
para “salvar” a teoria da pentapartição, propõe-se a não recepção parcial do art. 4º do
CTN, a fim de que se exclua do seu âmbito de incidência tais exceções: contribuições
especiais e empréstimos compulsórios. CUIDADO, a celeuma já foi cobrada pelo CESPE
(Juiz Federal, TRF5), que considerou correta a seguinte assertiva: “Consoante o CTN, a
natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes, para qualificá-la, tanto a denominação e demais
características formais adotadas pela lei quanto à destinação legal do produto da sua
arrecadação. Todavia, com o advento da Constituição de 1988, os empréstimos
compulsórios e as contribuições sociais assumiram o status de espécies tributárias.
Algumas dessas exações, todavia, têm fato gerador idêntico ao dos impostos, o que torna
inaplicável a citada regra do CTN”

• Em caso de guerra ou na sua iminência, a União pode instituir Imposto Extraordinário de


Guerra, inclusive sobre fato gerador sobre o qual já haja tributação. Eis uma hipótese em
que se permite a bitributação.

• Embora o princípio da capacidade contributiva seja de observância obrigatória (sempre


que possível) à instituição dos impostos, para o STF, nada impede que a criação de taxas
observe a referida diretriz.

• A taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o


efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera existência de órgão
administrativo que possua estrutura e competência para a realização da atividade de
fiscalização. Além disso, também é constitucional a base de cálculo da mencionada
taxa de polícia que leve em consideração a área de fiscalização. Por outro lado, as
taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte. Precedentes do
STF.

• ATENÇÃO: apenas as taxas de serviço admitem cobrança pela potencial utilização. As


taxas de polícia, para serem cobradas, o exercício do poder de polícia deve ser regular e
efetivo. Assim, ao passo em que é legítima, quando da inscrição inicial do
estabelecimento, a cobrança de taxa de licença e funcionamento, não é legítima a
cobrança anual do referido tributo pela simples renovação da licença, sem que se renove
também a fiscalização. Todavia, CUIDADO: o STF entende que é presumido o exercício

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do poder de polícia, quando existente o órgão fiscalizador, sendo desnecessária a
comprovação de fiscalização individualizada.

• As custas judiciais são espécies de taxa e, como tal, devem ter suas bases de cálculo
referidas ao valor do serviço público prestado, sendo inconstitucional a cobrança de
custas calculadas sem limite sobre o valor da causa (Súmula 667 do STF).

• A vedação contida no art. 145, §2º, da CF/88, no sentido de que é impossível a instituição
de taxa com base de cálculo própria de imposto, deve ser interpretada com
temperamentos, para alcançar tão somente a identidade integral entre as 2 bases de
cálculo – a da taxa e a do imposto. Se apenas um (ou mais) elemento (s) coincidir (em),
não restará violado o referido comando constitucional. Eis o teor da súmula vinculante n.º
29: “É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra”.

• Para o STF e STJ, os serviços de água e esgoto são remunerados por tarifa ou preço
público, razão pela qual eventual repetição de indébito se sujeita ao prazo
prescricional do Código Civil (e não do CTN).

• REGRA: As contribuições de melhoria somente podem ser instituídas após a realização da


obra pública e apuração da valorização imobiliária dela decorrente. Não pode, portanto, ser
instituída com fins a financiar a obra, já que não há como se avaliar a valorização do
imóvel antes da construção daquela. EXCEÇÃO: as contribuições de melhoria podem ser
cobradas quando estiver finalizada apenas parte da obra, desde que seja inequívoca a
valorização imobiliária, decorrente de tal parcela da obra já realizada.

• A pavimentação e o asfaltamento, embora não ensejem o pagamento de taxa, pois o


serviço não é específico e divisível, pode ensejar a cobrança de contribuição de melhoria,
caso preenchidos os requisitos legais, em especial, a valorização imobiliária. CUIDADO: o
simples recapeamento das vias, contudo, não pode ser custeado sequer por contribuição
de melhoria, já que, nesse caso, inexiste obra pública, mas mera manutenção de uma
anterior (STF).

• Não obstante a necessidade de valorização imobiliária para que reste verificado o fato
gerador da contribuição de melhoria, o STJ tem entendido ser legítima a fixação de base
de cálculo mediante a utilização de montantes presumidos de valorização, desde que
facultada a apresentação de prova em sentido contrário pelo sujeito passivo.

23
• CUIDADO: as taxas e as contribuições de melhoria são tributos vinculados quanto ao
fato gerador, ou seja, são exações marcadas pela referibilidade, respectivamente, direta
e indireta. Contudo, quanto ao destino da arrecadação, são tributos não vinculados,
com exceção das custas e emolumentos judiciários.

• O critério relevante para se identificar se um tributo é direto ou indireto é estritamente


jurídico, ou seja, há que existir norma jurídica estabelecendo a translação do encargo
econômico-financeiro a pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. É
irrelevante, por isso, o critério meramente econômico.

• Taxas x tarifas (preços públicos): distinções e o caso do pedágio. Dizer o Direito:

TAXA TARIFA
É uma prestação compulsória. É uma prestação voluntária.

O contribuinte paga a taxa de serviço não por É chamada de voluntária porque a pessoa só
conta de uma escolha que ele faça. Ele paga irá pagar se ela escolher utilizar aquele
porque a lei determina que ele é obrigado, determinado serviço que é efetivamente
mesmo que o serviço esteja apenas à sua prestado.
disposição, sem que haja uma utilização
efetiva.

A lei determina que ele pague, mesmo que O indivíduo escolhe se submeter a um
não utilize de forma efetiva. contrato, no qual irão lhe fornecer um serviço
e, em contraprestação, ele irá pagar o valor.

Ex: custas judiciais. Ex: pedágio.

SÚMULAS SOBRE O ASSUNTO

Súmula Vinculante 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola
o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.

24
Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de
coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis
não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou


mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja
integral identidade entre uma base e outra.

Súmula Vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas.

Súmula 69 do STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento
de tributos municipais.

Súmula 336 do STF: A imunidade da autarquia financiadora, quanto ao contrato de


financiamento, não se estende à compra e venda entre particulares, embora constantes os
dois atos de um só instrumento.

Súmula 503 do STF: A dúvida, suscitada por particular, sobre o direito de tributar,
manifestado por dois Estados, não configura litígio da competência originária do Supremo
Tribunal Federal.

Súmula 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal
abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Súmula 667 do STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa.

Súmula 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.

25
Súmula 730 do STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social
sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

ANOTAÇÕES

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DIA 04
DIREITO PROCESSUAL CIVIL | FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar os materiais respectivos postados na área do aluno (versão full ou express):


o Material 01: Fazenda Pública: conceito, prerrogativas, prazos, prescrição e decadência;
o Material 02: Fazenda Pública: valores exigidos do poder público no curso do processo.
• Estudar (grifar, marcar, anotar):
o Decreto-Lei n.º 20.910/32;
o Decreto-Lei n.º 4.597/1942;
o Arts. 82 a 97 do CPC/2015.
• Estudar a jurisprudência pelas fichas respectivas.
• Resolver, pelo menos, 30 questões sobre o assunto

O QUE É IMPORTANTE?

Conceito, prerrogativas, prazos, prescrição e decadência

• Abrangência do conceito de Fazenda Pública.

• Situação peculiar da ETC.

• Atribuições da Advocacia Pública.

• Responsabilidade do advogado público.

• Atentar para a responsabilidade do procurador na emissão de parecer.

27
• Foro por prerrogativa de função.

• O tratamento dispensado à Fazenda Pública pelo CPC (atenção aos arts. 183 e 219).

• Contagem em dias úteis, inaplicabilidade do art. 229, do CPC e suspensão dos prazos no
recesso.

• Hipóteses de não aplicação do prazo em dobro:

o Prazo próprio para o ente público;

o Prazos judiciais;

o Prazo em ADC e ADI;

▪ Cuidado com o julgado noticiado no informativo 745 do STF, que contrariou


jurisprudência pacificada, no sentido da inaplicabilidade do prazo em dobro
da Fazenda para recorrer de decisões proferidas em controle concentrado de
constitucionalidade.

o Prazo para Estado estrangeiro;

o Prazo em ação rescisória;

o Prazo em mandado de segurança;

o Prazo de contestação em ação popular.

• Prazo do agravo interno em pedido de suspensão: 15 dias. Porém, divergência em relação


à dobra de prazo:

o STF: NÃO dobra o prazo (Tribunal Pleno, SS 4390 AgR-quinto, Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 05/02/2018, DJe 27/02/2018)

o STJ: DOBRA (SLS 2572, 19/12/2021).

• Prescrição em ação de reparação de danos.

• Prescrição de fundo de direito X prescrição de trato sucessivo.

28
• Atenção para o recente julgado do STF (RE 669069/MG), que destacou a prescritibilidade
das ações de ressarcimento do poder público contra particulares decorrentes de ilícito civil.

• Imprescritibilidade das ações ressarcitórias fundadas em tortura militar praticada durante a


ditadura.

• Prescrição da multa por infração ambiental.

• Prescrição intercorrente.

Valores exigidos do poder público no curso do processo

• Espécies despesas processuais (Leonardo Carneiro da Cunha):


o Custas, que se destinam a remunerar a prestação da atividade jurisdicional,
desenvolvida pelo Estado-juiz por meio de suas serventias e cartórios;
o Emolumentos, que se destinam a remunerar os serviços prestados pelos
serventuários de cartórios ou serventias não oficializados, remunerados pelo valor
dos serviços desenvolvidos, e não pelos cofres públicos;
o Despesas em sentido estrito, que se destinam a remunerar terceiras pessoas
acionadas pelo aparelho judicial, no desenvolvimento da atividade do Estado-juiz.
Nesse sentido, os honorários do perito e o transporte do oficial de Justiça
constituem, por exemplo, despesas em sentido estrito.
• A Fazenda Pública está dispensada do pagamento de custas e emolumentos, não estando
liberada do dispêndio com as despesas em sentido estrito, de que são exemplos os
honorários do perito, o transporte externo do oficial de Justiça e a postagem de
comunicações processuais, que deverão ser pagas ao final caso reste vencida, conforme
prevê o art. 91 do CPC (Leonardo Carneiro da Cunha).
• Art. 91. do CPC: As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da
Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo
vencido.
• Muita ATENÇÃO com as regras sobre honorários advocatícios (art. 85 do CPC e seus
parágrafos), bem como com a jurisprudência relacionada.
• Sucumbência recursal (art. 85, §11º, do CPC):
o O valor dos honorários recursais soma-se aos honorários anteriormente fixados;
o O valor total dos honorários, aí incluída a parcela acrescida com o julgamento do
recurso, não deve superar o equivalente a 20% do valor da condenação, do

29
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, do valor atualizado
da causa.
o A majoração dos honorários em virtude do julgamento de um recurso não depende
de pedido. Não tendo os honorários alcançado o limite máximo, o tribunal, ao
inadmitir ou desprover o recurso, deve aumentar o seu valor.
o Mesmo que não sejam apresentadas contrarrazões, haverá sucumbência recursal
se o recurso for inadmitido ou rejeitado, desde que o recorrido tenha advogado
constituído e tenha sido intimado para apresentá-las;
o Não há honorários recursais em qualquer recurso, apenas naqueles em que for
admissível condenação em honorários de sucumbência na primeira instância.199
Assim, não cabe, por exemplo, sucumbência recursal em agravo de instrumento
interposto contra decisão que versa sobre tutela provisória, mas cabe em agravo de
instrumento interposto contra decisão que versa sobre o mérito da causa.
o Exatamente por isso, não se aplica o § 11 do art. 85 do CPC nos recursos
interpostos no mandado de segurança.201 É que, no processo de mandado de
segurança, não cabe condenação em honorários de sucumbência (Lei
12.016/2009, art. 25).
o Opostos embargos de declaração ou agravo interno, não há sucumbência recursal,
pois “não é possível majorar os honorários advocatícios na hipótese de interposição
de recurso no mesmo grau de jurisdição” (Enunciado n. 16 ENFAM).
o Todavia, o julgamento de embargos de divergência pode acarretar majoração de
honorários de sucumbência. Conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça,
“com a interposição de embargos de divergência em recurso especial tem início
novo grau recursal, sujeitando-se o embargante, ao questionar decisão publicada
na vigência do CPC/2015, à majoração dos honorários sucumbenciais, na forma do
§ 11 do art. 85, quando indeferidos liminarmente pelo relator ou se o colegiado
deles não conhecer ou negar-lhes provimento”.
o Não se aplica o § 11 do art. 85 do CPC no julgamento da remessa necessária.
• MUITO IMPORTANTE: possibilidade ou impossibilidade de condenação em honorários
advocatícios contra a Fazenda Pública em cumprimentos de sentença:
o Art. 85, §7º, do CPC: “não serão devidos honorários no cumprimento de sentença
contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não
tenha sido impugnada”.
o Por outro lado, na execução de pequeno valor, haverá condenação em honorários,
independentemente de haver embargos da Fazenda Pública;

30
o Caso o cumprimento da sentença se submeta a precatório, é possível ao autor
renunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de Pequeno
Valor – RPV –, evitando o precatório. Nessa situação, em que o cumprimento de
sentença foi iniciado desde logo via RPV, haverá honorários na execução, ainda
que não haja impugnação (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.328.643/RS, Rel. Min.
Eliana Calmon, j. 23.10.2012, DJe 30.10.2012). Todavia, caso o exequente, após a
propositura da execução via precatorial, tenha renunciado ao valor excedente e
pleiteado apenas o teto da “dívida de pequeno valor”, neste caso a Fazenda
Pública não será condenada a pagar honorários advocatícios, aplicando-se o art.
1º-D (STF. 1ª Turma. RE 679164 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/12/2012;
STJ. 1ª Seção. REsp 1406296/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
26/02/2014).
o A proteção do art. 85, §7º, do CPC para a Fazenda Pública somente alcança
condenações de obrigações de pagar. Tratando-se de cumprimento de sentença de
obrigação de fazer, não fazer e entregar coisa, não há submissão ao regime de
precatórios, de maneira que, nesses tipos de cumprimento de sentença, haverá
fixação de honorários.
o Problemática da súmula 345 do STJ: “são devidos honorários advocatícios pela
Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações
coletivas, ainda que não embargadas”. Leonardo Carneiro defende que esta deve
ser conformada com o entendimento do STF, consagrado pelo CPC/2015 (art. 85,
§7º), no sentido de que a condenação somente é possível se não houver a
necessidade da expedição de precatórios.
• Dispensa do preparo: art. 1.007, §1º, do CPC;
• Dispensa do depósito prévio para ajuizamento de ação rescisória: art. 968, §1º, do CPC;
• Incidência das multas processuais contra a Fazenda Pública. Porém, dispensa da
exigência do depósito prévio para a interposição de recursos, no caso das multas do art.
1.021, §4º e 1.026, §3º, do CPC.
• Máxima atenção no estudo das astreintes, haja vista a grande quantidade de
entendimentos jurisprudenciais existente, os quais foram reproduzidos no material de
apoio.

31
SÚMULAS SOBRE O ASSUNTO

Conceito, prerrogativas, prazos, prescrição e decadência

Súmula n. 150 do STF: Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.

Súmula n. 383 do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por
dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Súmula n. 443 do STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei
não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito
reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta.

Súmula n. 85 do STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda


Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a
prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à
propositura da ação.

Súmula n. 106 do STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora
na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da
arguição de prescrição ou decadência.

Súmula n. 467 do STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo


administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa
por infração ambiental.

Súmula n. 547 do STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos
a título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica,
o prazo prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de1g16. Na vigência do
Código Civil de 2002,0 prazo é de cinco anos se houver previsão contratual. de
ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse sentido, observada a regra de
transição disciplinada em seu art. 2.028.

32
Valores exigidos do poder público no curso do processo

Súmula n. 178 do STJ: O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e


emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual.

Súmula n. 190 do STJ: Na execução fiscal, processada perante a Justiça Estadual,


cumpre à Fazenda Pública antecipar o numerário destinado ao custeio das despesas
com o transporte dos oficiais de justiça.

Súmula n. 483 do STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo
por gozar das prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública.

ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS

Conceito, prerrogativas, prazos, prescrição e decadência

Enunciado n. 400 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: O art. 183 se aplica


aos processos que tramitam em autos eletrônicos.

Enunciado n. 401 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: Para fins de


contagem de prazo da Fazenda Pública nos processos que tramitam em autos eletrônicos,
não se considera como intimação pessoal a publicação pelo Diário da Justiça Eletrônicos.

Enunciado n. 416 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: A contagem do


prazo processual em dias úteis prevista no art. 219 aplica-se aos Juizados Especiais
Cíveis, Federais e da Fazenda Pública.
Enunciado n. 19, da I Jornada de Direito Processual Civil: O prazo em dias úteis
previsto no art. 219 do CPC aplica-se também aos procedimentos regidos pelas Leis n.
9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009.

Enunciado n. 20, da I Jornada de Direito Processual Civil: Aplica-se o art. 219 do CPC
na contagem do prazo para oposição de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da
Lei n. 6.830/1980.

33
Enunciado n. 21, da I Jornada de Direito Processual Civil: A suspensão dos prazos
processuais prevista no caput do art. 220 do CPC estende-se ao Ministério Público, à
Defensoria Pública e à Advocacia Pública.

Enunciado n. 5 do Fórum Nacional do Poder Público: A dilação de prazos processuais


prevista no art. 139, VI do CPC é compatível com o mandado de segurança.

Enunciado n. 11 do Fórum Nacional do Poder Público: Os prazos processuais no


mandado de segurança são contados em dias úteis, inclusive para as informações da
autoridade coatora.

Enunciado n. 12 do Fórum Nacional do Poder Público: Quando a intimação, no


processo eletrônico, frustrar-se ou não for possível, deve realizar-se por oficial de justiça
mediante mandado que preencha os requisitos do art. 250, entre os quais se insere a cópia
do despacho, da decisão ou da sentença (arts. 250, V e 269, § 2º, CPC), aplicando-se o
disposto no inciso II do art. 231, CPC, quanto à contagem do prazo.

Enunciado n. 31 do Fórum Nacional do Poder Público: A contagem dos prazos


processuais em dias úteis se aplica aos processos judiciais regulados em legislação
extravagante, inclusive juizados especiais, salvo disposição legal em sentido contrário.

Enunciado n. 32 do Fórum Nacional do Poder Público: A suspensão dos prazos


processuais do período de 20 de dezembro a 20 de janeiro aplica-se à advocacia pública,
sem prejuízo das demais atribuições administrativas do órgão.

Enunciado n. 49 do Fórum Nacional do Poder Público: Os prazos nos processos de


execução fiscal serão contados em dias úteis

Enunciado n. 136 do FPPC: A citação válida no processo judicial interrompe a


prescrição, ainda que o processo seja extinto em decorrência do acolhimento da alegação
de convenção de arbitragem.

Enunciado n. 161 do FPPC: É de mérito a decisão que rejeita a alegação de prescrição


ou de decadência.

34
Enunciado n. 194 do FPPC: A prescrição intercorrente pode ser reconhecida no
procedimento de cumprimento de sentença.

Enunciado n. 195 do FPPC: O prazo de prescrição intercorrente previsto no art. 921, §


4º, tem início automaticamente um ano após a intimação da decisão de suspensão de que
trata o seu § 1º.

Enunciado n. 196 do FPPC: O prazo da prescrição intercorrente é o mesmo da ação.

Enunciado n. 452 do FPPC: Durante a suspensão do processo prevista no art. 982 não
corre o prazo de prescrição intercorrente.

Enunciado n. 548 do FPPC: O simples desarquivamento dos autos é insuficiente para


interromper a prescrição.

Valores exigidos do poder público no curso do processo

Enunciado n. 2 do FNPP: A Fazenda Pública possui legitimidade extraordinária para


discutir, recorrer e executar os honorários sucumbenciais nos processos em que seja
parte.

Enunciado n. 3 do FNPP: Nos processos em que a Fazenda Pública for parte, em caso
de improcedência do pedido, os honorários advocatícios devem ser fixados, em regra,
sobre o proveito econômico obtido pelo vencedor.

Enunciado n. 4 do FNPP: A majoração dos honorários de sucumbência, prevista no § 11


do art. 85 do CPC, não se aplica ao julgamento da remessa necessária.

Enunciado n. 5 da I Jornada de Direito Processual Civil: Ao proferir decisão parcial de


mérito ou decisão parcial fundada no art. 485 do CPC, condenar-se-á proporcionalmente
o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor, nos termos do art. 85 do CPC.

Enunciado n. 6 da I Jornada de Direito Processual Civil: A fixação dos honorários de


sucumbência por apreciação equitativa só é cabível nas hipóteses previstas no § 8º do
art. 85 do CPC.

35
Enunciado n. 8 da I Jornada de Direito Processual Civil: Não cabe majoração de
honorários advocatícios em agravo de instrumento, salvo se interposto contra decisão
interlocutória que tenha fixado honorários na origem, respeitados os limites estabelecidos
no art. 85, §§ 2º, 3º e 8º, do CPC.

Enunciado n. 8 do FPPC: Fica superado o enunciado 453 da súmula do STJ após a


entrada em vigor do CPC (“Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão
transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria”).

Enunciado n. 239 do FPPC: Fica superado o enunciado n. 472 da súmula do STF (“A
condenação do autor em honorários de advogado, com fundamento no art. 64 do Código
de Processo Civil, depende de reconvenção”), pela extinção da nomeação à autoria.

Enunciado n. 240 do FPPC: São devidos honorários nas execuções fundadas em título
executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma do § 3º do
art. 85.

Enunciado n. 241 do FPPC: Os honorários de sucumbência recursal serão somados


aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observados os limites legais.

Enunciado n. 242 do FPPC: Os honorários de sucumbência recursal são devidos em


decisão unipessoal ou colegiada.

Enunciado n. 243 do FPPC: No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal


redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de
sucumbência recursal.

Enunciado n. 244 do FPPC: Ficam superados o enunciado 306 da súmula do STJ (“Os
honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca,
assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte”) e a tese firmada no REsp Repetitivo n. 963.528/PR, após a
entrada em vigor do CPC, pela expressa impossibilidade de compensação.

Enunciado n. 384 do FPPC: A lei regulamentadora não poderá suprimir a titularidade e o


direito à percepção dos honorários de sucumbência dos advogados públicos.

36
Enunciado n. 661 do FPPC: É cabível a fixação de honorários advocatícios na
reclamação, atendidos os critérios legais.

ANOTAÇÕES

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37
DIA 05
DIREITO ADMINISTRATIVO | INTRODUÇÃO AO DIREITO
ADMINISTRATIVO E REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar os materiais abaixo postados na área do aluno (versão full ou express):


o Material 01: Introdução ao Direito Administrativo e Regime Jurídico;
o Material 02: Poderes administrativos.

• Estudar (grifar, marcar, anotar):


o Arts. 11 a 15 da Lei nº 9.784/99;
o Art. 78 do CTN;
o Art. 1º da Lei nº 9.873/99.

• Estudar a jurisprudência pela ficha respectiva.

• Resolver, pelo menos, 30 questões.

O QUE É IMPORTANTE?

Introdução do Direito Administrativo


• Objeto:
o O objeto do direito administrativo abrange todas as relações internas à
administração pública – entre os órgãos e entidades administrativas, uns com os
outros, e entre a administração e seus agentes, estatutários e celetistas –, todas as
relações entre a administração e os administrados, regidas predominantemente
pelo direito público ou, excepcionalmente, direito privado, bem como atividades de

38
administração pública em sentido material exercidas por particulares sob o regime
de direito público a exemplo da prestação de serviços mediante concessão e
permissão.
o Atenção: a função política de governo (elaboração de políticas públicas) NÃO constitui
objeto de estudo do direito administrativo.;

• Conceito:

CRITÉRIOS
Critério Direito Administrativo é responsável pelo estudo das normas administrativas
legalista (leis, decretos, regulamentos) de um determinado país.
(Escola Crítica: não esclarece o que são normas administrativas.
Legalista)
Direito Administrativo é a disciplina jurídica das atividades do Poder
Executivo.
Critério do
Crítica: a função administrativa também é exercida pelos Poderes Legislativo e
Poder
Judiciário, de forma atípica. Ademais, o Poder Executivo, além das funções
Executivo
administrativas, exerce as funções de governo, que não são objeto do Direito
Administrativo.
Desenvolveu-se em torno de duas concepções:
1) Duguit e Bonnard: considerava o serviço público em sentido amplo,
abrangendo todas as funções do Estado (inclusive a judiciária), sem especificar
o regime jurídico a que estas se sujeitavam;
2) Jèze: adotava o sentido estrito de serviço público, para compreender
Critério do apenas as atividades materiais exercidas pelo Estado para a satisfação de
Serviço necessidades coletivas, desde que submetidas a regime exorbitante de direito
Público (ou comum.
Escola do Crítica: qualquer que seja o sentido que se atribua à expressão serviço público,
Serviço ela não serve para definir o objeto do Direito Administrativo, uma vez que o
Público) sentido amplo ultrapassa o seu objeto e o sentido estrito deixa de lado matérias
a ele pertinentes, a exemplo dos serviços públicos exercidos parcialmente sob
regime de direito privado.

Pergunta de concurso (CESPE): “Na França, formou-se a denominada Escola


do Serviço Público, inspirada na jurisprudência do Conselho de Estado,

39
segundo a qual a competência dos tribunais administrativos passou a ser fixada
em função da execução de serviços públicos” (certo).
Pergunta de concurso (ESAF): “Na evolução do conceito de Direito
Administrativo, surge a Escola do Serviço Público, que se desenvolveu em torno
de duas concepções. Na concepção de Leon Duguit, o Serviço Público deveria
ser entendido em sentido estrito, abrangendo toda a atividade material,
submetida a regime exorbitante do direito comum, desenvolvida pelo Estado
para a satisfação de necessidades da coletividade” (errado).

Direito Administrativo é o conjunto de normas que regem as relações


jurídicas entre a Administração e os administrados.
Critério das
Crítica: há outras disciplinas jurídicas que têm esse mesmo objetivo, a exemplo
relações
do direito Constitucional e Tributário. Também deixa de fora as normas
jurídicas
referentes à organização interna da Administração, à atividade por ela exercida
e à disciplina jurídica atinente aos bens públicos
Direito Administrativo é o conjunto de normas que disciplinam a atuação
concreta do Estado para consecução de seus fins (fins públicos).

Critério Pergunta de concurso (CESPE): “Pelo critério teleológico, o Direito


teleológico (ou Administrativo é considerado como o conjunto de normas que regem as
finalístico) relações entre a administração e os administrados. Tal critério leva em conta,
necessariamente, o caráter residual ou negativo do Direito Administrativo”
(errado).

O Direito Administrativo tem por objeto as normas que disciplinam as atividades


Critério
desenvolvidas para a consecução dos fins públicos, excluídas a atividade
negativo ou
legislativa e a jurisdicional, além das atividades patrimoniais, regidas pelo
residual
direito privado.
Direito Administrativo corresponde ao conjunto de princípios e normas que
regem a Administração Pública.
Critério da
Pergunta de concurso (ESAF): “Na busca de conceituação do Direito
Administração
Administrativo encontra-se o critério da Administração Pública, segundo o qual,
Pública
sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o conjunto de
princípios que regem a Administração Pública”. (certo).

40
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO NA DOUTRINA NACIONAL

“Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e


Hely Lopes
as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os
Meirelles
fins desejados pelo Estado”.

Celso Antônio “Direito Administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função
Bandeira de administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”.
Mello

“O ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
Maria Sylvia
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
Zanella Di
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
Pietro
consecução de seus fins, de natureza pública”.

José dos “O conjunto de normas e princípios que, visando sempre o interesse público,
Santos regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este
Carvalho Filho e as coletividades a que devem servir”.

• Sistemas:

SISTEMA INGLÊS SISTEMA FRANCÊS


(unidade de jurisdição) (dualidade de jurisdição)
Todos os litígios – administrativos ou que É aquele em que se veda o conhecimento
envolvam interesses exclusivamente pelo Poder Judiciário de atos da
privados – podem ser levados ao Judiciário, administração pública, ficando estes sujeitos
único que em jurisdição, em sentido à chamada jurisdição especial do
próprio, resolve os litígios com força de contencioso administrativo, formada por
coisa julgada. tribunais de índole administrativa. Nesse
Não impede a realização do controle de sistema há a jurisdição administrativa
legalidade dos atos administrativos pela (formada pelos tribunais de natureza
própria administração pública que os tenha administrativa, com plena jurisdição em
editado. IMPORTANTE!!! A adoção do matéria administrativa) e a jurisdição comum
sistema de jurisdição única não implica a (formada pelos órgãos do Poder Judiciário,
vedação a existência de solução de litígios com a competência de resolver os demais
em âmbito administrativo. litígios).
IMPORTANTE!!! O BRASIL ADOTOU O SISTEMA DE JURISDIÇÃO ÚNICA, consagrado no

41
denominado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que se encontra expresso como garantia
individual, ostentando status de cláusula pétrea, no inciso XXXV do art. 5º da CF.
Embora no Brasil sejam comuns processos, procedimentos, e mesmo litígios, instaurados e
solucionados em âmbito administrativo, sempre que o administrado entender que houve lesão a
direito seu, poderá recorrer ao Judiciário, antes ou depois de esgotada a via administrativa. Somente
após esgotada a via judicial pelo particular a questão suscitada estará definitivamente solucionada.
IMPORTANTE!!! Existem pelo menos três hipóteses em nosso ordenamento jurídico nas quais se
exige o exaurimento, ou a utilização inicial da via administrativa, como condição para acesso ao
Poder Judiciário, a saber:
1) JUSTIÇA DESPORTIVA: o Judiciário somente pode admitir ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após o exaurimento das instâncias administrativas da “justiça desportiva”
(art. 217, § 1º, da CF);
2) CONTRARIEDADE A SÚMULA VINCULANTE: ato administrativo ou omissão da Administração
Pública que contrarie súmula vinculante só pode ser objeto de reclamação ao STF após esgotadas as
vias administrativas (art. 7o, § 1o, da Lei 11.417/2006);
3) HABEAS DATA: é indispensável para caracterizar o interesse de agir no habeas data “a prova do
anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo; sem
que se configure situação prévia de pretensão, há carência da ação constitucional do habeas data”.

• Fontes: a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes.


o Em relação aos costumes, importante destacar que os COSTUMES SOCIAIS
(conjunto de regras não escritas, porém observadas de modo uniforme pelo grupo
social, que as considera obrigatórias) só têm importância como fonte do direito
administrativo quando de alguma forma influenciam a produção legislativa ou
a jurisprudência, ou seja, é menos que uma fonte secundária. Quando muito é
uma fonte indireta.
o Diferente é a situação dos COSTUMES ADMINISTRATIVOS (praxe
administrativa), isto é, as práticas reiteradamente observadas pelos agentes
administrativos diante de determinada situação. A praxe administrativa, nos casos
de lacuna normativa, funciona efetivamente como fonte secundária do direito
administrativo, podendo gerar direitos aos administrados em razão dos princípios
da lealdade, da boa-fé, da moralidade administrativa, entre outros.
o Precedentes administrativos: O precedente administrativo pressupõe a prática
reiterada e uniforme de atos administrativos em situações similares. Aplicada em
relações jurídicas distintas que apresentam identidade subjetiva e objetiva.
Apenas em duas situações, a Administração poderia se afastar do precedente: a)

42
quando o ato invocado como precedente for ilegal; e b) quando o interesse público,
devidamente motivado, justificar a alteração do entendimento administrativo.
Nesses casos, é possível aplicar a teoria do prospective overruling, segundo a
qual os tribunais, ao mudarem suas regras jurisprudenciais, podem, por razões de
segurança jurídica (boa-fé e confiança legítima), aplicar a nova orientação apenas
para os casos futuros. Estudar arts. 23, 24 e 30 da LINDB.

Princípios administrativos

• Princípios de Direito Administrativo: expressos e implícitos;


• Princípio da legalidade;
o Legalidade para o direito privado x legalidade para o direito público;
o Legalidade x reserva legal;
o Legalidade x juridicidade;
• Princípio da impessoalidade:
o Sanções decorrentes de atos da gestão anterior (intranscendência das sanções);
• Princípio da moralidade:
o Nepotismo;
▪ Ordinário;
▪ Cruzado;
▪ Jurisprudência do STF e STJ a respeito.
• Princípio da publicidade:
o Condição de eficácia dos atos administrativos.
o Possibilidade e limites para divulgação de salários de servidores públicos (“portais
da transparência);
o Entendimento do STJ sobre nome do administrador em ruas, placas de obras etc.
• Princípio da eficiência:
o Princípio implícitos;
o Administração gerencial;
• Preponderância ou supremacia do interesse público:
o Manifesta-se quando a Administração atua com seu poder de império, criando
obrigações unilaterais aos administrados. Porém, não incide tal princípio quando:
▪ ela atua internamente,
▪ em suas atividades meio,
▪ em pé de igualdade com particulares,

43
▪ ou intervindo no domínio econômico.
o Mitigação: princípio da tutela do interesse público
• Indisponibilidade do interesse público:
o Distinção entre interesses públicos primário e secundário (Renato Alessi).
o Mitigação do princípio: consensualidade administrativa e métodos alternativos de
solução de conflitos.
• Proporcionalidade e razoabilidade:
o Não expressos;
o Utilização na técnica de interpretação da ponderação;
o Distinção:
CRITÉRIO DISTINTIVO ENTRE OS PRINCÍPIOS
Razoabilidade Proporcionalidade
Analisa a adequação e necessidade do ato Analisa se o sacrifício de um bem jurídico em
detrimento do outro foi proporcional

Permite que o ato administrativo seja analisado O ato administrativo somente será proporcional
isoladamente ou não diante do cotejo com outro bem jurídico

Convoca-se tal princípio quando as normas Utilizado quando se coloca em ponderação dois
fugirem ao senso comum princípios ou normas e suprime-se/afasta-se um
em relação ao outro

Exige que as medidas estatais sejam Determina que as medidas estatais, além de
racionalmente aceitáveis e não arbitrárias. serem razoáveis, constituam instrumentos de
maximização dos comandos constitucionais,
mediante a menor limitação possível aos bens
juridicamente protegidos

• Autotutela: também denominado de autotutela administrativa, é o princípio que permite à


Administração rever seus próprios atos, de ofício, sem necessidade de provocação
ou de recorrer ao Poder Judiciário, quando verificar que eles são ilegais (enseja a
anulação ou cassação, a depender do momento) ou inoportunos (enseja a revogação por
motivos de conveniência e oportunidade).
• Segurança jurídica: o princípio evita a surpresa e a aplicação retroativa de interpretação
maléfica ao administrado; também impõe prazos para correção de erros (decadenciais);
o Vertente objetiva: limites a retroatividade de atos do Estado, inclusive legislativos.
Relaciona-se à proteção da coisa julgada, direito adquirido e ato jurídico perfeito;

44
o Vertente subjetiva: proteção à confiança das pessoas com relação aos atos,
procedimentos e condutas do Estado
• Proteção da confiança:
o Acepção subjetiva do princípio da segurança jurídica;
o Efeito principal: preservação de atos inválidos, diante da boa-fé de quem confia.
“Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro
administrativo (operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea
ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas
as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-
fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o
pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp 1.769.306/AL, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1009) (Info 688).

• Princípio da isonomia:
o Entendimento do STF e STJ sobre limite de idade, altura e outros aspectos
pessoais em concursos públicos;

Poderes administrativos

• Abuso de Poder: desvio de poder x excesso de poder;

• As principais características dos poderes administrativos são: a) são instrumentais (não são
um fim em si mesmo, mas sim um meio para que se atinja o bem comum); b) indeclináveis
(não há uma faculdade de não exercício no caso concreto por parte do administrador); c)
irrenunciáveis (proibida a abdicação de forma permanente por parte do administrador)

• Poder normativo e poder regulamentar:


o Normativo: gênero; pode ser efetivado por qualquer poder;
o Regulamentar: espécie; pode ser efetivado pelo poder executivo apenas.
o Dizem respeito ao poder de dar concretude aos comandos legais por meio da
edição de atos administrativos com grau de generalidade e abstração maior do que
aquele visualizado em atos executivos.
o Devem ser praticados em favor da lei (secudum legis)
o Regulamentar: decretos regulamentares (art. 84, IV, da CF) e autônomos (art. 84,
VI, da CF)

45
o Normativo: agências reguladoras (obs.: será mais bem trabalhado na meta de
organização administrativa, em que abordaremos as agências reguladoras).

• Poder vinculado x Poder discricionário:


o O mérito administrativo e a judicialização das políticas públicas;
o Controle pelo Poder Judiciário de atos discricionários: princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade;
• Poder hierárquico:
o Distinção entre poder hierárquico e controle finalístico existente entre a
Administração Direta e a Indireta;
o Avocação e Delegação;
o Lembrar que delegação não exige relação hierárquica.
o Responsabilidade pela prática do ato delegado e a Súmula nº 510, STF.
o Vedações legais à delegação: edição de atos normativos; decisão de recurso
hierárquico e competência exclusiva.

• Poder de Polícia:
o Artigo 78 do CTN
o Discricionário ou vinculado?
o Delegação dos Atos de Polícia: Atos de mera execução.
o Ciclos do Poder de Polícia:

Ordem Indelegável

Consentimento Delegável
Ciclos de
polícia
Fiscalização Delegável

Sanção Indelegável

o Atributos do Poder de Polícia:


▪ Discricionariedade, em regra;

46
▪ Auto-executoridade (não dispensa contraditório e ampla defesa):
doutrina moderna divide em dois momentos. O primeiro, é a
exigibilidade, que é a possibilidade de o administrador exigir, do
cidadão, o cumprimento de obrigações, recorrendo a meios
indiretos de coerção (multa, por exemplo). Por sua vez, o
segundo é a executoriedade que consiste na possibilidade de
execução material do que se impôs ao cidadão.
▪ Coercibilidade
▪ Indelegabilidade
o Prescrição das sanções aplicadas.
o Decorre da Supremacia Geral da Administração Pública sobre seus
administrados, ou seja, o poder de polícia não exige nenhum vínculo
específico do particular com a administração pública.
o Polícia Administrativa x Polícia Judiciária:

POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA

Apura ilícitos não penais Para ilícitos penais

Exaure-se em si mesma Tem continuidade no Processo Penal

Atividade Principal Atividade Instrumental

Difundida por toda a Administração Concentra-se em determinados órgãos

Reprime, algumas vezes, comportamentos Reprime, apenas, comportamentos ilícitos


lícitos

SÚMULAS SOBRE O ASSUNTO

Súmula Vinculante n.º 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha


reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou
de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

47
Súmula 686 do STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.

Súmula 615: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros


restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora,
são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.

Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

Súmula 346 do STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.

Súmula 6 do STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou


qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de
aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a competência revisora do Judiciário.

Súmula 8 do STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso
do mandato.

ANOTAÇÕES

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DIA 06
DIREITO FINANCEIRO | FINANÇAS NA CF E ORÇAMENTO

✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES

COMO ESTUDAR?

• Estudar o material respectivo postado na área do aluno (versão full ou express).


• Estudar (grifar, marcar, anotar):
o Arts. 163 a 169 da CF/88;
• Estudar a jurisprudência colacionada abaixo;
• Resolver, pelo menos, 30 questões;

O QUE É IMPORTANTE?

• Atividade financeira
Obtenção de Gerência dos Dispêndio de Obtenção de
recursos recursos recursos recursos
emprestados
Receita pública Orçamento público Despesas públicas Crédito público

• Legislação financeira:
o Competência concorrente;
o Reserva de lei complementar para:
▪ finanças públicas;
▪ dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e

50
demais entidades
▪ concessão de garantias pelas entidades públicas;
▪ emissão e resgate de títulos da dívida pública;
▪ fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
▪ operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
▪ compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das
voltadas ao desenvolvimento regional.
▪ sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021): a) indicadores de sua apuração; b) níveis
de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; c)
trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos
em legislação; d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; e)
planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante
da dívida. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII
do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações previstas
no art. 167-A desta Constituição;
▪ dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e
a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da
lei orçamentária anual;
▪ estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração
direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento
de fundos;
▪ dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos
que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos,
cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter
obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166 da
CF.
o Leis ordinárias (indelegáveis):
▪ PPA;
▪ LDO;
▪ LOA.
o Impossibilidade de edição de medida provisória relativa a PPA, LDO, LOA e

51
créditos adicionais, ressalvada a abertura de crédito extraordinário para
atender despesas imprevisíveis e urgentes (guerra, comoção interna ou
calamidade pública).
• Natureza jurídica do orçamento: impositivo ou autorizativo?
• Natureza do orçamento: lei formal de efeitos concretos.
• Possibilidade de controle de constitucionalidade da lei orçamentária (STF, ADI 2925).
• Elementos do orçamento:
o Político: forma de controle da administração pública, que por intermédio do
orçamento fica vinculada à execução das despesas nos períodos e nos
limites fixados pelo legislativo. Evidencia a importância do Legislativo na
consecução e controle do orçamento;
o Econômico: relaciona-se com as duas vertentes do orçamento – receitas e
despesas.
▪ Debate o problema do orçamento deficitário: pode haver orçamento
deficitário, desde que haja uma previsão no orçamento de reequilíbrio
através de programas, metas e amortização de despesas e juros. A
esse respeito, o art. 7.º, § 1.º, da Lei n.º 4.320/1964 admite
expressamente a possibilidade de déficit orçamentário, desde que
sejam indicadas as fontes de recursos que o Poder Executivo fica
autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.
o Jurídico: o orçamento é viabilizado por meio de lei ordinária de iniciativa do
poder executivo.
• Espécies de orçamento:
o Tradicional:
▪ Desvinculado de planejamento;
▪ Foco em aspectos contábeis;
o De desempenho:
▪ Ênfase no desempenho organizacional;
▪ Desvinculação entre planejamento e orçamento;
o Orçamento-programa:
▪ Vinculado ao planejamento;
▪ Foco no aspecto administrativo da gestão;
▪ Privilegia aspectos gerenciais e o alcance de resultados.
o Base zero ou por estratégia:
▪ Necessidade de se justificar todo programa no início de cada ciclo

52
orçamentário;
▪ Ausência de vinculação ao exercício anterior como parâmetro para o valor
inicial mínimo do gasto.
• Compreensão dos princípios orçamentários (MUITO IMPORTANTE!)
o Princípio da unidade ou totalidade;
o Princípio da universalidade:
▪ Atenção: não confundir com o princípio da unidade;
o Princípio do orçamento bruto;
o Princípio da anualidade ou periodicidade:
▪ Atenção: não confundir com a anterioridade tributária ou, muito menos,
com a anualidade tributária, que sequer vigora atualmente.
o Princípio da exclusividade:
▪ Evita os chamados “orçamentos rabilongos”;
o Princípio da não afetação:
▪ Exceções: art. 167, IV e §4º, da CF/88; art. 204, parágrafo único e art.
216, §6º, da CF (anotar no VADE MECUM: “exceções ao princípio
orçamentário da não afetação”;
▪ CUIDADO: o princípio impede, como regra, a vinculação de receitas
provenientes da cobrança de impostos e não de tributos, como
corriqueiramente se costuma cobrar em provas.
o Princípio da especialização;
o Princípio da publicidade;
o Princípio do equilíbrio;
o Princípio da anterioridade orçamentária;
o Princípio da legalidade;
o Princípio da proibição do estorno de verbas;
o Princípio da programação;
o Princípio da transparência:
▪ RREO x RGF;
▪ Lei de acesso à informação;
o Princípio da unidade de caixa ou de tesouraria;

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ANOTAÇÕES

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DIA 07
DOMINGO 1

O QUE ESTUDAR?

• LEI SECA:
o Arts. 29 a 113 da Lei de Registros Públicos (Lei n.º 6.015/73);

• QUESTÕES SEMANAIS:

o Resolver pelo menos 50 itens sobre os assuntos da semana.

• OPCIONALMENTE:
o Assistir a(s) aula(s) disponibilizada(s) na área do aluno (semana 1).

ANOTAÇÕES

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55
E-BOOK
SUMÁRIO
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL............................................................. 58

A) MÉTODO JURÍDICO OU HERMENÊUTICO CLÁSSICO ......................................................... 58

B) MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO ...................................................................................... 58

C) MÉTODO HERMENÊUTICO- CONCRETIZADOR................................................................... 59

D) MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE ............................................................................. 60

E) MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL (OU INTEGRATIVO) .........................................................

F) MÉTODO DA COMPARAÇÃO CONSTITUCIONAL .....................................................................

2. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ..............................................................


A) PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO ...........................................................................

B) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR .......................................................................................

C) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO ..........................................

D) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA ..........................................................................................

E) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE .......................................................................................

F) PRINCÍPIO DA CORREÇÃO FUNCIONAL (CONFORMIDADE FUNCIONAL OU JUSTEZA) ....

G) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO ........................................

H) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE .....................................................................................

3. CORRENTES INTERPRETATIVISTA E NÃO-INTERPRETATIVISTA ...........................................


A) CORRENTE INTERPRETATIVISTA .............................................................................................

B) CORRENTE NÃO-INTERPRETATIVISTA ....................................................................................

4. REGRAS E PRINCÍPIOS ..................................................................................................................


A) CRITÉRIOS DISTINTIVOS ............................................................................................................

B) TEORIA DOS POSTULADOS NORMATIVOS ..............................................................................

C) DERROTABILIDADE (DEFEASIBILITY - HERBERT HART) .......................................................

5. LIMITES DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL (CRIAÇÃO JUDICIAL DO DIREITO)........


A) DECISÕES INTERPRETATIVAS EM SENTIDO ESTRITO..........................................................

56
B) DECISÕES MANIPULADORAS (MANIPULATIVAS OU ADITIVAS) ...........................................

6. MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS....................................................................................................
7. TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS ............................................................................................
8. A PLURALIZAÇÃO DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO ....................................................
9. INTEGRAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA..................................
10. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................
A) PREÂMBULO ................................................................................................................................

B) ADCT..............................................................................................................................................

57
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

A) MÉTODO JURÍDICO OU HERMENÊUTICO CLÁSSICO

Idealizado por Ernst Forsthoff, define que a interpretação da Constituição não se distingue
da dos demais atos normativos primários e, por isso, para se interpretar o sentido da lei
constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação (interpretação sistemática,
histórica, lógica e gramatical). Em suma: lei e CF se equivalem do ponto de vista hermenêutico
– “Tese da Identidade”.
Crítica2: Os elementos tradicionais, embora importantes para a interpretação constitucional, são
insuficientes para a resolução dos casos de maior complexidade, não podendo ser olvidado que
as reflexões feitas por Savigny tiveram por base institutos jurídicos próprios do direito privado. A
Constituição, em tantos dos seus dispositivos, assume o feitio de um ordenamento-marco,
estipulando parâmetros e procedimentos para a ação política concretizadora.

B) MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO

Elaborado por Theodor Viehweg3, tem como ponto de partida a compreensão prévia do
problema. A Constituição não abrange todas as situações constantes na realidade social. Assim,
este método busca conceder à Constituição um caráter aberto de interpretação, buscando
adaptar o texto constitucional ao problema concreto. O compromisso central do intérprete consiste
em encontrar a melhor solução para o problema apresentado. O intérprete verifica os diversos
topoi (pontos de vista) a respeito daquele problema, analisando-os a fim de obter a solução
normativa adequada ao caso. Não existem respostas corretas ou verdadeiras, mas sim
argumentos que se impõem pela força do convencimento. Assim, o “método da tópica” toma a
Constituição como um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve
escolher aquele que seja mais adequado para a promoção de uma solução justa ao caso concreto
que analisa. O foco, para o método, é o problema, servindo as normas constitucionais de catálogo
de múltiplos e variados princípios, onde se busca argumento para o desate adequado de uma
questão prática.
Memorize: parte-se do “problema” para criar a norma aplicável (método indutivo).

2 Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 2017.


3 Topik und Jurisprudenz (Tópica e Jurisprudência), de 1953.

58
Daniel Sarmento4 ressalta que a solução do problema apresentado se torna o objetivo
central do intérprete, cujo compromisso com o sistema jurídico deixa de ser absoluto. “Dentre os
topoi podem figurar elementos heterogêneos como o texto normativo, princípios morais, tradições
compartilhadas etc.”.
A tópica “pura”5 considera o sistema jurídico como um topos entre os demais a serem
ponderados pelo intérprete da norma diante de um problema concreto. Segundo Luiz Roberto
Barroso: “A tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico
deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca de coerência interna para o
sistema”.

Crítica6: Corre-se o risco de o método resultar em casuísmos e insegurança jurídica uma vez que
a coerência do sistema jurídico não é prioridade, sendo, no máximo, um topos a ser
(des)considerado, maculando inclusive a força normativa da Constituição. Além disso, alerta-se
para a falta de compromisso do intérprete com a jurisprudência formada àquele respeito, o que
compromete a coerência do sistema judicial.

C) MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR

Para Konrad Hesse, o teor da norma jurídica só se completa (se concretiza) mediante o
ato interpretativo, que deve considerar tanto o texto constitucional quanto a realidade em que será
aplicada a norma. Para tanto, o intérprete se vale de suas pré-compreensões sobre o tema
(aspecto subjetivo da interpretação) e atua como “mediador” entre a norma e a situação concreta,
para obter o” sentido da norma”.

INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO INTEGRAM UM PROCESSO UNITÁRIO DE CONCRETIZAÇÃO


DA NORMA.

 Memorize: a interpretação parte (da pré-compreensão) da “norma” (método dedutivo).

4 Daniel Sarmento. Direito Constitucional: Teoria, história e métodos de trabalho. Ed Fórum, 2012.
5 Segundo Daniel Sarmento, “é como ‘tópica pura’ que Hesse denomina a metodologia jurídica de Viehweg. Cf. HESSE,
Konrad. Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha, p. 65. Na obra de Hesse, bem
como na de Friedrich Müller, a tópica sofrerá certas correções de ordem normativa; será, portanto, uma tópica
mitigada.”
6 Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 2017.

59
O movimento de releitura do mesmo texto, que tem como “pano de fundo” a realidade
social (aspecto objetivo da interpretação), e promove uma relação entre texto e contexto, até que
o intérprete chegue a uma compreensão da norma adequada e possa aplicá-la ao fato concreto, é
denominado “Círculo hermenêutico”.

Obs. A hermenêutica concretizadora demanda do intérprete uma compreensão prévia justificada e


consciente. Por isso, não poderá ser considerado um intérprete legítimo da Constituição quem não
conhece a teoria da constituição. A partir daí o paradigma clássico da interpretação pressupõe
que o círculo de intérpretes das normas constitucionais e legais é fechado (em contraposição com
a teoria da interpretação constitucional aberta, de Peter Haberle, estudada adiante.

D) MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE

Criado por Friedrich Muller, parte-se da ideia de não haver identidade entre a norma
jurídica e o texto (“programa normativo”). O fenômeno normativo vai, portanto, além do texto
normativo, que é apenas a “ponta do iceberg” (o exemplo é do próprio autor). A interpretação se
inicia no texto (programa normativo), perpassa a realidade social (chamada pelo autor de “domínio
normativo”) e termina na norma aplicável (todo o “iceberg” existente).

A estrutura de uma norma resulta da conjunção entre o programa normativo, que é texto
positivado (a forma pela qual a norma se expressa), e o domínio normativo, que representa a
porção da realidade social sobre a qual a norma incide.

A norma constitucional é conformada não só pela atividade legislativa, mas também pela
jurisdicional e pela administrativa. O intérprete deve identificar o conteúdo da norma constitucional
mediante a análise de sua concretização normativa em todos os níveis na realidade social.

Servimo-nos, nesse ponto, da lição de Luiz Roberto Barroso7 (grifo nosso): A norma
jurídica resulta da conjugação do programa normativo com o âmbito normativo. O programa
normativo consiste nas possibilidades de sentido do texto, estabelecidas de acordo com os
recursos tradicionais da interpretação jurídica. Já o âmbito normativo se identifica com a parcela
da realidade social dentro da qual se coloca o problema a resolver, de onde o intérprete extrairá
os componentes fáticos e axiológicos que irão influenciar sua decisão. Este é o espaço da

7 Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 2017.

60
argumentação tópica, da busca da melhor solução para o caso concreto, tendo como limite
as possibilidades contidas no programa normativo. Esse modelo metodológico procura
harmonizar o pensamento tópico-problemático com o primado da norma.

(...)

Questões sobre o assunto

(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método hermenêutico-
concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de
pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico.
CERTO
(TJ/MG 2017) O método hermenêutico-concretizador de interpretação constitucional caracteriza-
se pela praticidade na busca da solução dos problemas, na medida em que considera a
Constituição como uma lei comum, em que a solução exegética prioriza elementos objetivos de
interpretação e se opera a partir do caso concreto em subsunção ao texto positivado.
ERRADO
(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método hermenêutico-concretizador; cuja teorização fundamental
é devida a K. Hesse, realça os seguintes pressupostos da tarefa interpretativa: (1) subjetivos, em
razão de que o intérprete desempenha um papel criador na obtenção do sentido do texto
constitucional, (2) objetivos, isto é, o contexto, atuando o intérprete como operador de mediações
entre o texto e a situação em que se aplica e (3) relação entre texto e contexto com a mediação
criadora do intérprete.
CERTO
(TJ/SP 2016) Acerca da hermenêutica constitucional, é possível afirmar que para determinado
método de interpretação, a realidade normada e os dispositivos constitucionais situam-se tão
próximos que o caso concreto é regulamentado quando se dá a implementação fática do
comando, ocasião, por exemplo, em que o juiz aplica a lei ao caso. A normatividade, a que se
refere o método, não se esgota no texto, como se afirma tradicionalmente, mas vai se exaurir nas
situações concretas e até no direito consuetudinário, considerando também os textos doutrinários,
já que o texto legal seria apenas uma das fontes iniciais de trabalho. Para este método não há
diferença entre interpretação e aplicação. A interpretação não se esgota na delimitação do
significado e do alcance da norma, mas inclui, também, sua aplicação. Esse método é
denominado normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método normativo-estruturante ou concretista aquele em que o intérprete

61
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(PGR 2015) Para a “teoria estruturante", de Friedrich Muller, e possível o raciocínio orientado para
o problema, desde que não ultrapasse o texto da norma.
CERTO
(TJ/SP 2017) Leia o texto a seguir.
“(…) arranca da ideia de que a leitura de um texto normativo se inicia pela pré-compreensão do
seu sentido através do intérprete. A interpretação da constituição também não foge a esse
processo: é uma compreensão de sentido, um preenchimento de sentido juridicamente criador,
em que o intérprete efectua uma atividade prático normativa, concretizando a norma a partir de
uma situação histórica concreta. No fundo esse método vem realçar e iluminar vários
pressupostos da atividade interpretativa: (1) os pressupostos subjetivos, dado que o intérprete
desempenha um papel criador (pré-compreensão) na tarefa de obtenção de sentido do texto
constitucional: (2) os pressupostos objectivos, isto é, o contexto, actuando o intérprete como
operador de mediações entre o texto e a situação a que se aplica: (3) relação entre o texto e o
contexto com a mediação criadora do intérprete, transformando a interpretação em ‘movimento de
ir e vir’ (círculo hermenêutico). (…) se orienta não por um pensamento axiomático mas para um
pensamento problematicamente orientado.” Da leitura do texto do constitucionalista J.J. Gomes
Canotilho, conclui-se que o autor se refere a que método de interpretação constitucional
hermenêutico-concretizador.
CERTO
(FCC DPE/SP 2015) No processo de concretização das normas constitucionais de Konrad Hesse,
a tópica é pura8, ou seja, o intérprete só pode utilizar na tarefa de concretização aqueles pontos
de vista relacionados ao problema. Ao mesmo tempo, o intérprete está obrigado a incluir na
interação do ciclo hermenêutico, composto pelo programa normativo (análise dos elementos
linguísticos) e pelo âmbito normativo (análise da realidade concreta), os elementos de
concretização que lhe ministram a norma constitucional e as diretrizes contidas na Constituição.
ERRADO
(CESPE AGU 2010) O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela praticidade na
busca da solução dos problemas, já que parte de um problema concreto para a norma.

8 "O método concretizador “permanece no meio-termo, entre a tópica desvinculada da norma e a vinculação clássica da
interpretação, pois não admite a superioridade do problema sobre a norma, mas também não se prende cegamente
ao texto legal. A concretização não admite uma livre escolha de topoi, tomando a Constituição escrita como
fronteira para o intérprete (BONAVIDES, 2000, p. 557)."

62
ERRADO
(CESPE TJ/PI 2013) O método hermenêutico-concretizador parte do pressuposto de que a
interpretação constitucional é concretização, entendida como uma norma preexistente na qual o
caso concreto é individualizado.
CERTO

(CM/RJ 2015) De acordo com o entendimento doutrinário, o método de interpretação da


Constituição que preconiza que a Constituição deve ser interpretada com os mesmos recursos
interpretativos das demais leis, denomina-se método clássico.
CERTO
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método jurídico ou
hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os
métodos tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa.
CERTO
(CESPE TJ/DFT-Juiz 2014) Conforme o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição
deve ser considerada como uma lei e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de
hermenêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa, mediante a utilização de vários
elementos de exegese, tais como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.
CERTO
(CESPE 2017) O método de interpretação da Constituição que, por considerá-la um sistema
aberto de regras e princípios, propõe que se deva encontrar a solução mais razoável para
determinado caso jurídico partindo-se da situação concreta para a norma, é denominado método
tópico-problemático.
CERTO
(CM/RJ 2014) O método de interpretação do texto constitucional que toma a Constituição como
um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve escolher aquele que seja
mais adequado para a promoção de uma solução justa ao caso concreto que analisa, denomina-
se método da tópica.
CERTO
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método tópico-
problemático, parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à intepretação um
caráter prático visando à solução dos problemas concretizados.
CERTO

(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método tópico-problemático parte das seguintes premissas: (1)
caráter prático da interpretação constitucional; (2) caráter aberto, fragmentário ou indeterminado

63
da lei constitucional e (3) preferência pela discussão do problema em virtude da abertura das
normas constitucionais que não permitam qualquer dedução subsuntiva a partir delas mesmo.
CERTO
(MPE/BA 2015)
“A relevância dos problemas envolvidos na interpretação da Constituição tem motivado a proposta
de métodos a serem seguidos nesta tarefa. Todos eles tomam a Constituição como um conjunto
de normas jurídicas, como uma lei, que se destina a decidir casos concretos. Ocorre que nem
todo o problema concreto acha um desate direto e imediato num claro dispositivo da Constituição,
exigindo que se descubra ou se crie uma solução, segundo um método que norteie a tarefa. (…)”.
(MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 9
ed., IDP, 2014, p.91)
Levando-se em consideração a doutrina dos autores acima, bem como a caracterização dos
Métodos de Interpretação da Constituição, é possível AFIRMAR que o método jurídico-
estruturante:
 Enfatiza que a norma não se confunde com o seu texto (programa normativo), mas tem a
sua estrutura composta, também, pelo trecho da realidade social em que incide (o domínio
normativo), sendo esse elemento indispensável para a extração do significado da norma.

(DPE/BA 2014) Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método normativo-
estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo-se os
demais Poderes federais.
ERRADO
(MPE/RN 2009) “Desde o momento da elaboração do texto até o instante de sua aplicação, a
norma é determinada histórica e socialmente. Logo, quando o jurista cogita dos elementos e
situações do mundo da vida sobre os quais recai determinada norma, não se refere a um tema
metajurídico. A norma é composta pela história, pela cultura e pelas demais características da
sociedade no âmbito da qual se aplica.
O texto normativo - diz Muller - é uma fração da norma, aquela parte absorvida pela linguagem
jurídica, porém não é a norma, pois a norma jurídica não se reduz à linguagem jurídica. A norma
congrega todos os elementos que compõem o âmbito normativo (elementos e situações do mundo
da vida sobre os quais recai determinada norma).

64
Além disso, os textos normativos são formulados tendo em vista determinado estado da realidade
social (que eles pretendem reforçar ou modificar); este estado da realidade social geralmente não
aparece no texto da norma.
O texto é abstrato e geral (isto é, sem referência a motivos e contexto real). Mas o aspecto da
realidade referida pela norma constitui conjuntamente seu sentido (esse sentido não pode, a partir
daí, ser perseguido apartado da realidade a ser regulamentada). A realidade é tanto parte da
norma quanto o texto; na norma, estão presentes inúmeros elementos do mundo da vida.”
Eros Roberto Grau. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 3.ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005, p. 74-5 (com adaptações).
O método de interpretação constitucional tratado pelo autor no trecho de texto acima é o método
normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método tópico problemático aquele em que o intérprete se vale de suas
pré-compreensões valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema pois o
conteúdo da norma somente é alcançado a partir de sua interpretação concretizada a, dotada de
cárter criativo que emana do exegeta.
ERRADO
(A definição se amolda perfeitamente ao método hermenêutico-concretizador).

(...)

65
SIMULADO OBJETIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL

01. (THEMAS) À luz do entendimento do STF sobre competências legislativas dos entes
federativos, assinale a alternativa incorreta:
a) É constitucional lei estadual ou municipal que imponha sanções às agências bancárias que não
instalarem divisórias individuais em caixas de atendimento. Trata-se de matéria que envolve
relação de consumo, que garante ao Estado competência concorrente para legislar sobre o tema.
b) Compete aos Municípios legislar sobre meio ambiente em assuntos de interesse local.
c) Viola a Constituição lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, motorizados ou não,
transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município.
d) O Município é competente para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
e) É constitucional norma de Constituição Estadual que estabelece como competência do
Governador a nomeação e exoneração do “Procurador da Fazenda Estadual”.

Comentários:

a) CORRETA. STF. Plenário. ADI 4633/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/04/2018. Ver
também art. 24, V da CRFB/88: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...) V – produção e consumo; (...)”.

b) CORRETA. Na defesa de interesses locais, cabe ao Município legislar sobre a proteção ao


meio ambiente e o combate à poluição. O caso concreto decidido pelo STF envolvia a alegação
de inconstitucionalidade (por ofensa à regra constitucional de repartição de competências
federativas) da lei municipal 4.253/85 do Município de Belo Horizonte, e sua previsão de
imposição de multa decorrente da emissão de fumaça acima dos padrões aceitos. Segundo o
Tribunal, na ausência de norma federal que retire dos Estados e Municípios a autonomia para
legislar sobre assuntos de interesse comum e concorrente, estes exercem plenamente a
competência normativa: “Nos casos em que a dúvida sobre a competência legislativa recai sobre
norma que abrange mais de um tema, deve o intérprete acolher interpretação que não tolha a
competência que detêm os entes menores para dispor sobre determinada matéria (presumption
against preemption). Porque o federalismo é um instrumento de descentralização política que visa
realizar direitos fundamentais, se a lei federal ou estadual claramente indicar, de forma adequada,
necessária e razoável, que os efeitos de sua aplicação excluem o poder de complementação que
detêm os entes menores (clear statement rule), é possível afastar a presunção de que, no âmbito

66
regional, determinado tema deve ser disciplinado pelo ente menor. Na ausência de norma
federal que, de forma nítida (clear statement rule), retire a presunção de que gozam os
entes menores para, nos assuntos de interesse comum e concorrente, exercerem
plenamente sua autonomia, detêm Estados e Municípios, nos seus respectivos âmbitos de
atuação, competência normativa. (...)” (RE 194704, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/06/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16-11-2017 PUBLIC 17-11-2017).

c) CORRETA. Ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão urbana de


seu território, o Município violou a competência da União, que já estabeleceu diretrizes para a
política agropecuária, que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização. Além disso, sob
a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal impôs
restrição desproporcional, evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série
de instrumentos para garantir, simultaneamente, a qualidade dos produtos destinados ao
consumo pela população, e a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no
transporte quanto no seu abate. Para maior aprofundamento, caso queira: STF. Plenário. ADPF
514 e ADPF 516 MC – SP, Rel.: Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018 (noticiado no
Informativo 919).

d) CORRETA. É o disposto na Súmula Vinculante n. 38 do STF.

e) INCORRETA. Na verdade, é inconstitucional norma de Constituição Estadual que estabelece


como competência do Governador a nomeação e exoneração do “Procurador da Fazenda
Estadual”. Isso porque o art. 132 da CRFB/88 determina que a representação judicial e a
consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita pelos
“Procuradores dos Estados e do Distrito Federal”. Essa previsão constitucional é chamada de
princípio da unicidade da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito
Federal. Assim, só um órgão pode desempenhar esta função, a Procuradoria-Geral do Estado,
que detém essa competência funcional exclusiva. O modelo constitucional da atividade de
representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a unicidade orgânica da advocacia
pública estadual, incompatível com a criação de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho
das mesmas atribuições no âmbito da Administração Pública Direta ou Indireta (STF. Plenário.
ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018, noticiado no Informativo
921).

Resposta: E.

02. (THEMAS) Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta:

67
I. Intervenção federal é aquela realizada pela União nos Estados, no Distrito Federal, ou nos
Municípios situados em território federal. Dentre as hipóteses que possibilitam que a União
intervenha nos Estados ou no Distrito Federal, encontram-se: manter a integridade nacional;
repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da federação na outra; pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública; e garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação.

II. É da competência privativa do Presidente da República a decretação e execução da


intervenção federal, cujo Decreto especificará a amplitude, o prazo de duração, as condições de
execução e se for o caso, nomeará interventor, com posterior submissão ao controle político do
Congresso Nacional, no prazo de 24 horas (devendo ser feita convocação extraordinária, no
mesmo prazo de 24 horas, na hipótese da casa legislativa não estar funcionando).

III. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
membros natos o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o
Presidente do Senado Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da Defesa, o Ministro das
Relações Exteriores, o Ministro do Planejamento e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.

IV. O inadimplemento de obrigação referente ao pagamento de precatório judicial pelos Estados,


em razão de insuficiência transitória de recursos financeiros, não caracteriza descumprimento
voluntário e intencional do ente federado, apto a autorizar a decretação da intervenção federal.

a) Estão corretas apenas as assertivas I e III.

b) Estão corretas apenas as assertivas II e IV.

c) Estão corretas apenas as assertivas I, II e III.

d) Estão corretas todas as assertivas.

e) Nenhuma assertiva está correta.

Comentários:

I. CORRETA. Basta a leitura dos artigos 34 e 35 da CRFB/88: “Art. 34. A União não intervirá nos
Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I – manter a integridade nacional; II – repelir
invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III – pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública; IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação; V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o
pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b)

68
deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei; VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII –
assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 35. O
Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando: I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não
tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV – o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou
para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.”.

II. CORRETA. É o que dispõe o art. 84, X; e os §§1º e 2º do art. 36; todos da CRFB/88: “Art. 84.
Compete privativamente ao Presidente da República: (...) X – decretar e executar a intervenção
federal; (...).”. “Art. 36 (...). “§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e
as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.”.

III. CORRETA. Art. 91, da CRFB/88: “O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado democrático, e dele participam como membros natos: I – o Vice-Presidente da República;
II – o Presidente da Câmara dos Deputados; III – o Presidente do Senado Federal; IV – o Ministro
da Justiça; V – o Ministro de Estado da Defesa; VI – o Ministro das Relações Exteriores; VII – o
Ministro do Planejamento; VIII – os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (...).”.

IV. CORRETA. Eis o que decidiu o STF: “Não se justifica decreto de intervenção federal por
não pagamento de precatório judicial, quando o fato não se deva a omissão voluntária e
intencional do ente federado, mas a insuficiência temporária de recursos financeiros ” (Relator:
Min. CEZAR PELUSO [Presidente], Tribunal Pleno, julgado em 28/03/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-176, DIVULG 05-09-2012, PUBLIC 06-09-2012).

Resposta: D.

69
FICHAS DE JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência selecionada foi retirada do BUSCADOR DO DIZER O DIREITO com a devida autorização
do professor Márcio André. Para acessar este conteúdo online, acesse
www.buscadordodizerodireito.com.br, utilizando os seguintes filtros de categoria e subcategoria do
menu jurisprudência: “Direito Tributário” | “Temas Diversos” e “Outros Temas”.

DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO


ASSUNTO: INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
BUSCA REALIZADA EM: 13/12/2023
INFORMATIVOS 2023-2012

2023

• O cumprimento da função social é requisito para que um imóvel produtivo não possa
ser desapropriado para fins de reforma agrária. São constitucionais os arts. 6º e 9º da
Lei nº 8.629/93, que exigem a presença simultânea do caráter produtivo da propriedade e
da função social como requisitos para que determinada propriedade seja insuscetível de
desapropriação, para fins de reforma agrária. STF. Plenário. ADI 3.865/DF, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 04/09/2023 (Info 1106).

• As ações de desapropriação observam na fase de cumprimento de sentença, no que


couber, o regime do art. 27, § 1º, do DL 3.365/41, o que inclui os seus limites
percentuais na fixação de honorários arbitrados com base em proveito econômico.
As ações de desapropriação por utilidade pública orientam-se especialmente pelas
disposições do Decreto-Lei nº 3.365/1941. O art. 27, § 1º do DL estabelece base de cálculo
e percentuais próprios para a fixação dos honorários, distintos da ordenação geral do CPC:
Art. 27 (...) § 1º A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao
preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão
fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do
art. 20 do Código de Processo Civil, (...) O preceito contempla opção do legislador pela
existência de ônus de sucumbência apenas quando o valor indenizatório for superior à

70
oferta inicial. A base de cálculo dos honorários corresponderá à diferença entre ambos, o
que aparentemente elege como critério não o valor condenatório propriamente, porque este
seria o equivalente à própria indenização arbitrada, mas a um parâmetro ligado à
condenação. Apesar de o texto do dispositivo fazer remissão claramente à fase de
conhecimento - tanto que remete à definição da indenização e à oferta inicial, que vem
consignada na petição inicial -, o Decreto-Lei disciplina a sucumbência para as ações de
desapropriação. Portanto, é devida a sua observância em todas as suas fases, no que for
cabível.
Sendo cabível a sucumbência no caso da fase de cumprimento de sentença, a sua
estipulação é regida com base na mesma diferença entre indenização e oferta inicial, tendo
em vista que esses parâmetros já foram definidos na fase de conhecimento. Nesse sentido,
afasta-se a utilização da equidade - porque ausentes as hipóteses autorizativas. STJ. 2ª
Turma. REsp 2.075.692-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/8/2023 (Info
783).

• Em regra, não cabe indenização em favor dos proprietários dos imóveis abrangidos
por ato administrativo que institua limitação administrativa, a não ser que
comprovem efetivo prejuízo, ou limitação além das já existentes. Caso hipotético: João
recebeu como herança dezenas de lotes de terra. Ele começou a comercializar esses lotes.
Ocorre que foi editado o plano diretor municipal que instituiu, na área onde se localizam os
lotes, uma zona de proteção ambiental, o que restringiu o uso e a ocupação do solo. Foi
realizada perícia que atestou que, em razão das limitações administrativas, os lotes
perderam substancialmente valor econômico. A indenização será devida. Isso porque as
provas dos autos, notadamente o laudo pericial, atestaram que houve efetivo prejuízo. STJ.
2ª Turma. AREsp 551.389-RN, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 5/8/2023 (Info
786).

• Não incide imposto de renda sobre a indenização recebida pela instituição de


servidão administrativa. Não incide imposto de renda sobre a compensação pela
limitação decorrente da instalação de linhas de alta tensão na propriedade privada -
servidão administrativa.
O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica
decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). Os valores pagos a título de
compensação por servidão administrativa não configuram acréscimo patrimonial. A
servidão administrativa se dá quando o Poder Público intervém no direito de propriedade do
particular, fixando condições e limites ao seu livre exercício sem, contudo, privá-lo por

71
completo. Nesse sentido, a compensação pela limitação decorrente da instalação de linhas
de alta tensão na propriedade privada possui nítido caráter indenizatório, cujo valor tem por
finalidade recompor o patrimônio, não gerando acréscimo patrimonial do proprietário do
imóvel. STJ. 2ª Turma. REsp 1992514-CE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
21/3/2023 (Info 769).

• Se o autor da ação de desapropriação não faz o depósito da quantia arbitrada, o juiz


deverá negar a imissão provisória na posse, mas não pode, por essa razão, extinguir
o processo. A ausência do depósito previsto no art. 15 do Decreto-Lei nº 3.365/41 para o
deferimento de pedido de imissão provisória na posse veiculado em ação de
desapropriação por utilidade pública não implica a extinção do processo sem resolução do
mérito, mas, tão somente, o indeferimento da tutela provisória. STJ. 1ª Turma. REsp
1930735-TO, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 28/2/2023 (Info 767).

• Um dos requisitos específicos da petição inicial da ação de desapropriação de


imóveis urbanos é a demonstração do impacto orçamentário-financeiro da medida e
da compatibilidade da indenização a ser paga com as leis orçamentárias. Para
cumprimento dos requisitos arrolados no art. 16, caput, I e II, e § 4º, II, da LRF é necessário
instruir a petição inicial da ação expropriatória de imóveis com a estimativa do impacto
orçamentário-financeiro e apresentar declaração a respeito da compatibilidade das
despesas necessárias ao pagamento das indenizações ao disposto no plano plurianual, na
lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual. STJ. 1ª Turma. REsp 1930735-
TO, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 28/2/2023 (Info 767).

2022

• É cabível a avaliação pericial provisória como condição à imissão na posse nas


ações regidas pelo DL 3.365/41, quando não observados os requisitos previstos no
art. 15, § 1º, do referido diploma. Em regra, nos termos do caput do art. 15 do DL
3.365/1941, para haver a imissão provisória na posse o ente público interventor deve
cumulativamente: a) alegar urgência; e b) depositar a quantia apurada, mediante
contraditório, em avaliação prévia, da qual pode resultar inclusive a complementação da
oferta inicial. A imissão provisória na posse pode ser feita, sem a oitiva do proprietário, e
sem a avaliação prévia, desde que: a) seja depositado o preço oferecido, sendo este
superior a vinte vezes o valor locativo do imóvel sujeito a IPTU; b) seja depositada a
quantia correspondente a vinte vezes o valor locativo do imóvel sujeito a IPTU, se o preço

72
for menor; c) seja depositado o valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do IPTU,
caso tenha havido atualização no ano fiscal imediatamente anterior; ou d) se não tiver
havido essa atualização, o juiz fixará o valor a ser depositado tendo em conta a época em
que houver sido fixado originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização
posterior do imóvel. STJ. 2ª Turma. AREsp 1674697-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 08/11/2022 (Info 756).

• A requisição administrativa prevista no art. 15, XIII, da Lei do SUS não pode recair
sobre bens e/ou serviços públicos de outro ente federativo. A requisição administrativa
“para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de
situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias” —
prevista no art. 15, XIII, da Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080/90) —
não recai sobre bens e/ou serviços públicos de outro ente federativo. Veja o dispositivo
legal: Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu
âmbito administrativo, as seguintes atribuições: XIII - para atendimento de necessidades
coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de
calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera
administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais
como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; O permissivo constitucional
para a requisição administrativa de bens particulares, em caso de iminente perigo público,
tem aplicação nas relações entre Poder Público e patrimônio privado, não sendo possível
estender a hipótese às relações entre as unidades da Federação. Ofende o princípio
federativo a requisição de bens e serviços de um ente federado por outro, o que somente
se admitiria excepcionalmente à União durante a vigência de estado de defesa (art. 136, §
1º, II) e estado de sítio (art. 139, VII). Entre os entes federados não há hierarquia, sendo-
lhes assegurado tratamento isonômico, ressalvadas apenas as distinções porventura
constantes na própria CF/88. Portanto, como as relações entre eles se caracterizam pela
cooperação e horizontalidade, tal requisição, ainda que a pretexto de acudir situação fática
de extrema necessidade, importa ferimento da autonomia daquele cujos bens ou serviços
públicos são requisitados, acarretando-lhe incontestável desorganização. STF. Plenário.
ADI 3454/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2022 (Info 1059).

• Há violação aos limites das matérias que podem ser discutidas em ação de
desapropriação direta quando se admite o debate - e até mesmo indenização - de
área diferente da verdadeiramente expropriada, ainda que vizinha. Ao admitir a
discussão e determinar o pagamento de indenização relacionada com área diferente da que

73
é objeto de desapropriação, ainda que vizinha, o magistrado violou o art. 20 do Decreto nº
3.365/1941, a qual reserva às ações próprias as discussões que vão além do imóvel
expropriado. No caso, mostrava-se ainda mais necessário submeter à sede autônoma a
discussão sobre a área contígua à expropriada, pois o valor da indenização foi muito
superior ao do próprio imóvel objeto da desapropriação (cerca de três vezes), e
apresentava complexa discussão própria sobre o cálculo que deveria ser adotado para
determinação dos lucros cessantes de exploração de seringueiras. Registre-se que não
tratou a decisão recorrida de indenizar a depreciação de área remanescente (art. 27 do
Decreto nº 3.365/1941), mas de produzir efeitos semelhantes ao de verdadeira
desapropriação indireta, ampliação objetiva não admitida no caso, porque ultrapassa os
limites da lide. STJ. 1ª Turma.REsp 1577047-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
10/05/2022 (Info 738).

• Se a parte desistir da ação de desapropriação, como serão calculados os honorários


advocatícios de sucumbência? Na hipótese de desistência da ação de desapropriação
por utilidade pública, face a inexistência de condenação e de proveito econômico, os
honorários advocatícios sucumbenciais observam o valor atualizado da causa, assim como
os limites da Lei das Desapropriações. Ao considerar que não houve condenação e que a
parte ré não obteve proveito econômico nenhum, porque permaneceu com a mesma
situação de antes da demanda, isto é, proprietária do imóvel antes sujeito à pretensão
desapropriatória, o parâmetro há de ser o valor atualizado da causa. STJ. 2ª Turma. REsp
1834024-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/05/2022 (Info 736).

2021

• É possível o ajuizamento de ACP alegando que o particular que recebeu a


indenização na desapropriação não era o seu real proprietário mesmo que já tenham
se passado 2 anos do trânsito em julgado da ação de desapropriação: I - O trânsito em
julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória não obsta a
propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para discutir a
dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação
Rescisória; II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só
serão devidos caso haja devido pagamento da indenização aos expropriados. STF.
Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 858) (Info 1019).

74
• Desapropriação para fins de reforma agrária e área de reserva legal: Não se
encontrando averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não
poderá ser excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da
produtividade do imóvel rural. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1301751/MT, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 08/04/2014 (Info 539). STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp
1505446/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2021.

• Se, quando o proprietário adquiriu o imóvel, já havia a restrição administrativa ele


não poderá pedir indenização, salvo se se tratar de negócio jurídico gratuito ou se for
vulnerável econômico: Em regra, quem adquire bem anteriormente atingido por restrição
administrativa não é parte legítima, por carência de efetivo prejuízo, para, com fundamento
em desapropriação direta ou indireta, ingressar com ação indenizatória contra o Estado.
Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando lesão que não
sofreu, afronta os princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa
e da moralidade, representando, não o exercício de um direito, mas a invocação abusiva do
direito. Observam-se duas exceções, em numerus clausus, para a regra geral: • quando a
transferência da propriedade for realizada por negócio jurídico gratuito; • quando o
adquirente for sujeito vulnerável, na acepção de indivíduo incontestavelmente pobre ou
humilde. Em ambos os casos há presunção relativa de boa-fé objetiva, de moralidade e de
inexistência de enriquecimento sem causa. STJ. 1ª Seção. REsp 1750660/SC, Rel. Min.
Gurgel De Faria, Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 10/03/2021 (Tema
Repetitivo 1004).

2020

• Revisão dos Temas Repetitivos do STJ envolvendo juros na desapropriação em


virtude da decisão do STF na ADI 2332: O STF, no dia 17/05/2018, ao julgar a ADI 2332,
modificou vários entendimentos jurisprudenciais consolidados envolvendo desapropriação.
Como o STJ vinha seguindo esses entendimentos consolidados, teve que acompanhar as
alterações promovidas pela ADI 2332 e modificar suas teses. Taxa dos juros
compensatórios Tese revisada no Tema Repetitivo n. 126/STJ Tese original: Nas ações
de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577,
de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em
12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal. Tese revisada: O
índice de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até
11/06/1997, data anterior à vigência da MP 1577/97. Foi cancelada a súmula 408 do STJ: A

75
Súmula 408 do STJ tinha redação igual à tese 126/STJ original e, por isso, foi cancelada.
Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a
Medida Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e
a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.
Imóvel improdutivo e não cabimento de juros compensatórios Tese revisada no Tema
Repetitivo n. 280/STJ Tese original: A eventual improdutividade do imóvel não afasta o
direito aos juros compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado deixou
de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a
possibilidade do imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada,
ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista. Tese revisada: Até 26/9/1999,
data anterior à edição da MP n. 1901-30/1999, são devidos juros compensatórios nas
desapropriações de imóveis improdutivos. Imóvel que não pode ser explorado
economicamente e não cabimento de juros compensatórios Tese revisada no Tema
Repetitivo n. 281/STJ Tese original: São indevidos juros compensatórios quando a
propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica seja atual
ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do
local onde se situa a propriedade. Tese revisada: Mesmo antes da MP n. 1901-30/1999,
são indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de
qualquer espécie de exploração econômica atual ou futura, em decorrência de limitações
legais ou fáticas. Imóvel com índice de produtivo zero e não cabimento de juros
compensatórios Tese revisada no Tema Repetitivo n. 282/STJ Tese original: Para aferir a
incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve ser observado o princípio
do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do percentual desses juros. As
restrições contidas nos §§ 1º e 2º do art. 15-A, inseridas pelas MP's n. 1.901-30/99 e 2.027-
38/00 e reedições, as quais vedam a incidência de juros compensatórios em propriedade
improdutiva, serão aplicáveis, tão somente, às situações ocorridas após a sua vigência.
Tese revisada: i) A partir de 27/9/1999, data de edição da MP n. 1901-30/1999, exige-se a
prova pelo expropriado da efetiva perda de renda para incidência de juros compensatórios
(art. 15-A, § 1º, do Decreto-Lei n. 3365/1941); e ii) Desde 5/5/2000, data de edição da MP
2027-38/2000, veda-se a incidência dos juros compensatórios em imóveis com índice de
produtividade zero (art. 15-A, § 2º, do Decreto-Lei n. 3365/1941). Cancelada a tese fixada
no Tema Repetitivo n. 283/STJ Cancelamento do Tema Repetitivo n. 283/STJ Tese
cancelada: Para aferir a incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve
ser observado o princípio do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do
percentual desses juros. Publicada a medida liminar concedida na ADI 2.332/DF (DJU de

76
13.09.2001), deve ser suspensa a aplicabilidade dos §§ 1º e 2º do artigo 15-A do Decreto-
lei n. 3.365/41 até que haja o julgamento de mérito da demanda. Nova tese repetitiva
afirmada no Tema Repetitivo 1072 Tese fixada no Tema Repetitivo 1072: Os juros
compensatórios observam o percentual vigente no momento de sua incidência. Não cabe
ao STJ definir os efeitos da liminar que vigorou na ADI 2332 A discussão acerca da eficácia
e efeitos da medida cautelar ou do julgamento de mérito da ADI 2332 não comporta revisão
em recurso especial. Limitação temporal das súmulas 12, 70 e 102 do STJ Súmula 12-STJ:
Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios. Súmula 70-STJ:
Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em
julgado da sentença. Súmula 102-STJ: A incidência dos juros moratórios sobre os
compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei. As
Súmulas n. 12, 70 e 102 somente se aplicam às situações ocorridas até 12/01/2000, data
anterior à vigência da MP 1.997-34. STJ. 1ª Seção. Pet 12344-DF, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 28/10/2020 (Recurso Repetitivo) (Info 684).

2019

• O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra, de 10


anos; excepcionalmente, será de 15 anos caso de comprove que não foram feitas
obras ou serviços públicos no local: Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta?
Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002). Exceção: o prazo será de 15
anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local. Em regra,
portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10
anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou
serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos,
caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente, que não foram feitas obras ou
serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1575846-SC, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 658). O prazo prescricional aplicável à
desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no local
ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos,
conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671).
Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação
indireta prescreve em vinte anos).

77
• Edição de leis ambientais que restringem o uso da propriedade caracterizam-se
como limitações administrativas: As restrições ao direito de propriedade, impostas por
normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não configuram
desapropriação indireta. A desapropriação indireta só ocorre quando existe o efetivo
apossamento da propriedade pelo Poder Público. Logo, as restrições ao direito de
propriedade impostas por normas ambientais configuram limitações administrativas. STJ. 1ª
Turma. AgInt no AREsp 1443672/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 11/02/2020. O
prazo prescricional para exercer a pretensão de ser indenizado por limitações
administrativas é de 5 anos, nos termos do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/1941, disposição
de regência específica da matéria. STJ. 2ª Turma. EDcl no REsp 1784226/RJ, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 06/06/2019.

• Em ação de desapropriação indireta é cabível reparação decorrente de limitações


administrativas: Imóvel do particular foi incluído em unidade de conservação. Houve,
no caso, uma limitação administrativa. Ele ajuizou ação de desapropriação indireta
pedindo indenização. Mesmo não tendo havido desapropriação indireta, mas sim mera
limitação administrativa, o juiz deverá conhecer da ação e julgar seu mérito. Devem ser
observados os princípios da instrumentalidade das formas e da primazia da solução
integral do mérito. STJ. 1ª Turma. REsp 1653169-RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 19/11/2019 (Info 662).

• Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços


públicos de infraestrutura em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação
consolidada e irreversível: Não se imputa ao Poder Público a responsabilidade integral
por alegada desapropriação indireta quando, em gleba cuja ocupação por terceiros
apresenta situação consolidada e irreversível, limita-se a realizar serviços públicos de
infraestrutura, sem que tenha concorrido para o esbulho ocasionado exclusivamente por
particulares. Assim, na medida em que o Poder Público não pratica o ato ilícito denominado
“apossamento administrativo” nem, portanto, toma a propriedade do bem para si, não deve
responder pela perda da propriedade em desfavor do particular, ainda que realize obras e
serviços públicos essenciais para a comunidade instalada no local. STJ. 2ª Turma. REsp
1770001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

• Se um imóvel é incluído dentro da abrangência de uma Estação Ecológica (Unidade


de Conservação de Proteção Integral), deixa de ser devido o pagamento de IPTU: A
qualificação de imóvel como estação ecológica limita o direito de propriedade, o que afasta
a incidência do IPTU. A inclusão do imóvel do particular em Estação Ecológica representa

78
uma evidente limitação administrativa imposta pelo Estado, ocasionando o esvaziamento
completo dos atributos inerentes à propriedade, retirando-lhe o domínio útil do imóvel. Além
disso, o art. 49 da Lei nº 9.985/2000 estabelece que a área de uma unidade de
conservação de proteção integral é considerada zona rural para efeitos legais, motivo pelo
qual não incide IPTU, mas sim ITR, sendo este último tributo de competência tributária
exclusiva da União. STJ. 2ª Turma. REsp 1695340-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 17/09/2019 (Info 657).

• O prazo prescricional no caso de ação de desapropriação indireta é, em regra, de 10


anos; excepcionalmente, será de 15 anos caso de comprove que não foram feitas
obras ou serviços públicos no local: Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta?
Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002). Exceção: o prazo será de 15
anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local. Em regra,
portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10
anos porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou
serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos,
caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente, que não foram feitas obras ou
serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1575846-SC, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 658). STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Info 671) - Recurso Repetitivo – Tema
1.019 Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de
desapropriação indireta prescreve em vinte anos).

2018

• Análise da constitucionalidade da MP 2.183-56/2001, que alterou o DL 3.365/41: O DL


3.365/41 dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Veja o que diz o art. 15-A, que
foi incluído pela MP 2.183-56/2001: “Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na
desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins
de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem,
fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis
por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na
posse, vedado o cálculo de juros compostos. § 1º Os juros compensatórios destinam-se,
apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. § 2º
Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da
terra e de eficiência na exploração iguais a zero. § 3º O disposto no caput deste artigo

79
aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou
desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições
decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção
ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas no
§ 3º, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período
anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.” O STF analisou a
constitucionalidade do art. 15-A do DL 3.365/41 e chegou às seguintes conclusões: 1) em
relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41: 1.a) reconheceu a constitucionalidade do
percentual de juros compensatórios no patamar fixo de 6% ao ano para remuneração do
proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.b) declarou a
inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.c) deu interpretação conforme a Constituição ao
“caput” do art. 15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80%
do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2)
declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o pagamento dos juros
compensatórios à comprovação da “perda da renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário”; 3) declarou a constitucionalidade do § 2º do art. 15-A, afastando o pagamento
de juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de
eficiência iguais a zero; 4) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A, estendendo
as regras e restrições de pagamento dos juros compensatórios à desapropriação indireta.
5) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A; 6) declarou a constitucionalidade
da estipulação de parâmetros mínimo (0,5%) e máximo (5%) para a concessão de
honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários
ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27.
STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).

• Não cabimento de restituição pelo expropriado dos honorários periciais: Nas ações
de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a restituição,
pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA e
do MPF. STJ. 1ª Turma. REsp 1306051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 08/05/2018 (Info 626).

2017

• É possível o tombamento por ato legislativo e o Estado pode tombar bem da União: O
princípio da hierarquia verticalizada, previsto no Decreto-Lei 3.365/1941, não se aplica ao
tombamento, disciplinado no Decreto-Lei 25/1937. A lei de tombamento apenas indica ser

80
aplicável a bens pertencentes a pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado e de
direito público interno. Ademais, o tombamento feito por ato legislativo possui caráter
provisório, ficando o tombamento permanente, este sim, restrito a ato do Executivo. Por fim,
o tombamento provisório por ato legislativo não precisa ser precedido de notificação prévia
da União, exigência restrita ao procedimento definitivo promovido pelo Executivo estadual.
STF. Plenário. ACO 1208 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 24/11/2017 (não
divulgado em info).

• Ente desapropriante não responde por tributos anteriores à desapropriação: O ente


desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas
hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de
aquisição originária da propriedade. STJ. 2ª Turma. REsp 1668058-ES, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 8/6/2017 (Info 606).

2016

• Possibilidade de o proprietário afastar a sanção do art. 243 da CF/88 se provar que


não teve culpa: A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser
afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in
vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).
• É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação? É possível que o
expropriante desista da ação de desapropriação? SIM, é possível a desistência da
desapropriação a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que: a) ainda
não tenha havido o pagamento integral do preço (pois nessa hipótese já terá se
consolidado a transferência da propriedade do expropriado para o expropriante); e b) o
imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de forma substancial (que
impeça sua utilização como antes era possível). É ônus do expropriado provar a existência
de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação. STJ. 2ª Turma. REsp
1368773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado
em 6/12/2016 (Info 596).

• Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas: A


preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre convencimento motivado e
não cabe compelir o magistrado a colher com primazia determinada prova em detrimento
de outras pretendidas pelas partes se, pela base do conjunto probatório tiver se convencido

81
da verdade dos fatos. STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o
acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 8/3/2016 (Info 817).

2015

• Prazo prescricional no caso de desapropriação indireta: O prazo prescricional no caso


de ação de desapropriação indireta é de 10 anos. STJ. 2ª Turma. REsp 1300442-SC, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 18/6/2013 (Info 523). STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1536890/SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/11/2015. O prazo prescricional para a
ação indenizatória por desapropriação indireta é de 10 anos, em regra, salvo comprovação
da inexistência de obras ou serviços públicos no local, caso em que o prazo passa a ser de
15 anos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.575.846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
26/06/2019 (Info 658).

2014

• Valor da indenização: O art. 26 do Decreto-Lei nº 3.365/41 determina que o valor da


indenização será calculado com base no preço do imóvel no momento da perícia
(avaliação): “no valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se
incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado.” A avaliação de que trata esse artigo
é a administrativa ou a judicial? Em outras palavras, o valor da indenização a ser paga será
calculado com base no preço do imóvel no momento da avaliação administrativa ou
judicial? No momento da avaliação judicial. Nas desapropriações para fins de reforma
agrária, o valor da indenização deve ser contemporâneo à avaliação efetivada em juízo,
tendo como base o laudo adotado pelo juiz para a fixação do justo preço, pouco importando
a data da imissão na posse ou mesmo a da avaliação administrativa. De fato, a avaliação
efetivada em juízo, ordinariamente, deverá se reportar à época em que for realizada — e
não ao passado — para fixar a importância correspondente ao bem objeto da expropriação,
haja vista que exigir que esses trabalhos técnicos refiram-se à realidade passada (de anos,
muitas vezes) pode prejudicar a qualidade das avaliações e o contraditório. Logo, quando o
art. 26 do DL 3.365/41 afirma que a indenização, em regra, deverá corresponder ao valor
do imóvel apurado na data da perícia, ela está se referindo à avaliação judicial. STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1459124-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, 18/9/2014 (Info 549).

82
• Dispensa de citação do cônjuge na ação de desapropriação por utilidade pública: Na
ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel
desapropriado dispensa a do respectivo cônjuge. A desapropriação por utilidade pública
rege-se pelo Decreto-Lei nº 3.365/41. A ação de desapropriação é uma ação de natureza
real, uma vez que tem por objeto (pedido) a propriedade de um bem imóvel. O CPC/2015
determina que, nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários, em regra, tanto o
réu como o seu cônjuge devem ser citados (art. 73, § 1º, I) (art. 10, § 1º do CPC/1973).
Essa regra não se aplica nas ações de desapropriação por utilidade pública. Se a Fazenda
Pública ajuíza ação de desapropriação por utilidade pública contra o proprietário, o seu
cônjuge não precisará ser citado. Isso porque o art. 16 do DL 3.365/1941 (Lei das
Desapropriações) dispõe que a “citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário
dos bens; a do marido dispensa a da mulher”. Logo, não se aplica o § 1º do art. 10 do
CPC/1973 (art. 73, § 1º, I, do CPC/2015) considerando que esta é norma geral em relação
ao art. 16 do DL 3.365/41, que é lei específica. STJ. 2ª Turma. REsp 1404085-CE, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 5/8/2014 (Info 547).

• Indenização por desapropriação e prova de apenas parte da propriedade do


imóvel: Se, em procedimento de desapropriação por interesse social, ficar constatado
que a área medida do bem é maior do que a escriturada no Registro de Imóveis, o
expropriado receberá indenização correspondente à área registrada, ficando a diferença
depositada em Juízo até que, posteriormente, se complemente o registro ou se defina a
titularidade para o pagamento a quem de direito. A indenização devida deverá
considerar a área efetivamente desapropriada, ainda que o tamanho real seja maior do
que o constante da escritura, a fim de não se configurar enriquecimento sem causa em
favor do ente expropriante. STJ. 2ª Turma. REsp 1466747-PE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 24/2/2015 (Info 556). STJ. 2ª Turma. REsp 1286886-MT, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 6/5/2014 (Info 540).

• Juros e correção monetária na complementação de TDA: Em desapropriação para fins


de reforma agrária, é possível a incidência de juros e de correção monetária, com a
inclusão dos expurgos inflacionários, no cálculo de complementação de título da dívida
agrária (TDA). STJ. 2ª Turma. AgRg no Resp 1293895-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 11/2/2014 (Info 535).

83
2013

• Honorários periciais na desapropriação indireta: No âmbito de ação de indenização por


desapropriação indireta, os honorários periciais devem ser adiantados pela parte que
requer a realização da perícia. Isso porque os arts. 19 e 33 do CPC/1973 (arts. 82 e 95 do
CPC/2015) — que preveem a regra segundo a qual cabe à parte que requereu a prova
pericial o ônus de adiantar os respectivos honorários de perito — são plenamente
aplicáveis à ação de indenização por desapropriação indireta, regida pelo procedimento
comum. STJ. 2ª Turma. REsp 1343375-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 5/9/2013
(Info 530).

• Estado que desapropria domínio útil de imóvel em terreno de marinha deverá pagar
laudêmio: A transferência, para fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel aforado
da União constitui operação apta a gerar o recolhimento de laudêmio. STJ. 2ª Turma. REsp
1296044-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/8/2013 (Info 528).

• Honorários advocatícios no caso de desapropriação indireta: Aplicam-se às


desapropriações indiretas, para a fixação de honorários advocatícios, os limites percentuais
estabelecidos no art. 27, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 3.365/1941 (entre 0,5% e 5%). STJ. 2ª
Turma. REsp 1.300.442-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/6/2013 (Info 523).

• Ação de indenização proposta pelo arrendatário de terra desapropriada: A União é


parte legítima para figurar no polo passivo de ação em que o arrendatário objetive ser
indenizado pelos prejuízos decorrentes da desapropriação por interesse social, para a
reforma agrária, do imóvel arrendado. STJ. 2ª Turma. REsp 1130124-PR, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 4/4/2013 (Info 522).

• Desapropriação indireta não se confunde com limitação administrativa: A limitação


administrativa distingue-se da desapropriação, uma vez que nesta há transferência da
propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral indenização; e naquela
há apenas restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários,
sem qualquer indenização. Não há desapropriação indireta sem que haja o efetivo
apossamento da propriedade pelo Poder Público. Desse modo, as restrições ao direito de
propriedade impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico,
não constituem desapropriação indireta. A edição de leis ambientais que restringem o uso
da propriedade caracteriza uma limitação administrativa, cujos prejuízos causados devem
ser indenizados por meio de uma ação de direito pessoal, e não de direito real, como é o

84
caso da ação contra a desapropriação indireta. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1359433/MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/03/2013).

2012

• Limitação administrativa e indenização: Em regra, o proprietário não tem direito à


indenização por conta das limitações administrativas que incidam sobre sua propriedade (a
limitação administrativa é gratuita). No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência
reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor
econômico do bem. O prazo prescricional para que o proprietário busque a indenização por
conta das limitações administrativas é de 5 anos. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1317806-
MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012 (Info 508).

• Responsabilidade pela conservação do imóvel tombado: A responsabilidade de reparar


e conservar o imóvel tombado é do proprietário, salvo quando demonstrado que ele não
dispõe de recurso para proceder à reparação. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 176140-BA,
Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/10/2012 (Info 507).

• Indenização paga ao promissário comprador no caso de desapropriação indireta: O


promissário comprador do imóvel tem direito de receber a indenização no caso deste
imóvel ter sofrido desapropriação indireta, ainda que esta promessa não esteja registrada
no Cartório de Registro de Imóveis. STJ. 2ª Turma. REsp 1204923-RJ, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 20/3/2012 (Info 493).

ENUNCIADOS DA I JORNADA DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Enunciado 3 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: Não constitui ofensa ao


artigo 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o exame por parte do Poder Judiciário, no curso do
processo de desapropriação, da regularidade do processo administrativo de desapropriação
e da presença dos elementos de validade do ato de declaração de utilidade pública.

• Enunciado 4 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: O ato declaratório da


desapropriação, por utilidade ou necessidade pública, ou por interesse social, deve ser
motivado de maneira explícita, clara e congruente, não sendo suficiente a mera referência à
hipótese legal.

85
Súmulas

• Súmula 12-STJ: Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios.


Aprovada em 30/10/1990, DJ 05/11/1990. SUPERADA, EM PARTE. A Súmula 12 do STJ
somente se aplica às situações ocorridas até 12/01/2000, data anterior à vigência da MP
1.997-34 (STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2020).
• Súmula 23-STF: Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o
impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da
obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada. Válida.
• Súmula 56-STJ: Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os
juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade. Válida.
• Súmula 67-STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de
uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo
pagamento da indenização. Válida.
• Súmula 69-STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a
antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do
imóvel. Importante.
• Súmula 70-STJ: Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se
desde o trânsito em julgado da sentença. Aprovada em 15/12/1992, DJ 04/02/1993.
SUPERADA EM PARTE. A Súmula 70 do STJ somente se aplica às situações ocorridas
até 12/01/2000, data anterior à vigência da MP 1.997-34 (STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2020).
• Súmula 102-STJ: A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações
expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei. Aprovada em 17/05/1994, DJ
26/05/1994. SUPERADA EM PARTE. A Súmula 102 do STJ somente se aplica às
situações ocorridas até 12/01/2000, data anterior à vigência da MP 1.997-34 (STJ. 1ª
Seção. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2020).
• Súmula 113-STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da
imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
Aprovada em 25/10/1994, DJ 03/11/1994. Importante.
• Súmula 114-STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da
ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente. Importante.

86
• Súmula 131-STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba
advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente
corrigidas. Válida.
• Súmula 141-STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados
sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente. Válida.
• Súmula 157-STF: É necessária prévia autorização do presidente da república para
desapropriação, pelos estados, de empresa de energia elétrica. Prevalece que ainda está
válida.
• Súmula 164-STF: No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios
desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência. Válida.
• Súmula 354-STJ: A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório
para fins de reforma agrária. Importante.
• Súmula 378-STF: Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado
do expropriado. Válida.
• Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após
a Medida Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001
e a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.
Aprovada em 28/10/2009, DJe 24/11/2009. CANCELADA. Segundo afirmou o STJ:
Cancelamento da Súmula 408/STJ, por despicienda a convivência do enunciado com tese
repetitiva dispondo sobre a mesma questão (Tese 126/STJ). Providência de simplificação
da prestação jurisdicional. STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
28/10/2020. E qual é a Tese 126 do STJ? A atual redação é a seguinte:
O índice de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até
11.6.97, data anterior à publicação da MP 1577/97. STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel. Min.
Og Fernandes, julgado em 28/10/2020. Vale ressaltar que, mesmo antes do cancelamento
acima explicado, as súmulas 618-STF e 408-STJ já haviam sido superadas com a decisão
do STF na ADI 2332/DF.

• Súmula 416-STF: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe


indenização complementar além dos juros. Válida.
• Súmula 475-STF: A Lei 4.686, de 21.06.1965, tem aplicação imediata aos processos em
curso, inclusive em grau de recurso extraordinário. Aprovada em 03/12/1969, DJ
10/12/1969. Válida, mas sem nenhuma relevância atualmente.

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• Súmula 476-STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante,
imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos
títulos. Válida.
• Súmula 561-STF: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo
pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por
mais de uma vez. Válida.
• Súmula 617-STF: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a
diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente. Válida. Vide
Súmulas 141 e 131 do STJ.
• Súmula 652-STF: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Dl. 3.365/41 (Lei da
Desapropriação por utilidade pública). Importante.

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AULA 00
DIREITO EMPRESARIAL PÚBLICO:
Desestatizações, privatizações e participações minoritárias
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