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Assuntos ilustrativos*
Coordenadores
Caio Souza
Francimar Soares
Sumário
PLANO DE METAS ...............................................................................................................................3
E-BOOK ...............................................................................................................................................56
VIDEOAULAS......................................................................................................................................89
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PLANO DE METAS
SEMANA 01
Dia Disciplina Conteúdo Controle1
Constituição e
1 D L J Q R
constitucionalismo
Direito Constitucional
Direito à saúde, SUS e
2 judicialização de políticas D L J Q R
públicas
3
DIA 01
DIREITO CONSTITUCIONAL | CONSTITUIÇÃO E CONSTITUCIONALISMO
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE
Constituição
• Conceito de Constituição:
o Sentido sociológico: Ferdinand Lassale – Constituição legítima é aquela que reflete o
“somatório dos fatores reais de poder” na sociedade, do contrário, carece de
legitimidade, representando mera “folha de papel”;
o Sentido político: Carl Schmitt – O fundamento da constituição encontra-se na “decisão
política fundamental”. Constituição ≠ Lei Constitucional;
o Sentido formal – é a lei constitucional na concepção de Schmitt. É norma constitucional
aquela que ingressou no ordenamento jurídico pela via da Constituição,
independentemente de seu conteúdo – lembrar do art. 242, § 2º, CF;
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o Sentido material: é a Constituição na concepção de Schmitt. É a norma que tem
conteúdo constitucional, esteja ela no corpo da Constituição ou em legislação
extravagante;
o Sentido jurídico – Hans Kelsen: pirâmide de Kelsen. Acepções do termo Constituição:
▪ Acepção lógico-jurídica: é a norma fundamental hipotética;
▪ Acepção jurídico-positiva: é a norma constitucional positivada em
determinado Estado.
o Sentido culturalista – Constituição Total: A constituição é condicionada pela Cultura
total e é condicionante desta;
o Constituição aberta – A Constituição precisa ser mutável, dinâmica, sob pena de
ruptura;
o Constituição simbólica – Marcelo Neves. Compreensão acerca de legislação simbólica
e seus propósitos: a) confirmação de valores sociais; b) legislação-álibi; c) adiamento
da solução dos conflitos sociais por meio de compromissos dilatórios.
Constitucionalização simbólica:
▪ Acepção Negativa: déficit de concretização jurídico-normativa do texto
constitucional;
▪ Acepção Positiva: relevante papel político-ideológico.
• Classificação:
o Quanto à origem: outorgadas, promulgadas, cesaristas e pactuadas;
o Quanto à forma: escritas ou costumeiras;
o Quanto à extensão: sintéticas ou analíticas;
o Quanto ao conteúdo: material ou formal;
o Quanto à alterabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis, semirrígidas e superrígidas;
o Quanto à sistemática: unitárias e variadas;
o Quanto à dogmática: ortodoxa ou eclética;
o Critério ontológico – Karl Loewenstein: normativas, nominalistas e semânticas;
o Quanto ao sistema: principiológica ou preceitual;
o Quanto à função: provisórias ou definitivas;
o Quanto à origem do texto constitucional: autônomas ou heterônomas;
o Quanto à finalidade: garantia, balanço e dirigente;
o André Ramos Tavares (quanto à ideologia): Constituições liberais e sociais;
o Raul Machado Horta: Constituições expansivas.
• Elementos da Constituição:
o Orgânicos;
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o Limitativos;
o Sócioideológicos
o Estabilização constitucional;
o Formais de aplicabilidade.
• Evolução constitucional no Brasil: memorizar características destacadas no material do
curso.
Constitucionalismo
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CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO
c) inovações hermenêuticas;
NEOCONSTITUCIONALISMO
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NEOCONSTITUCIONALISMO
2. No Brasil:
3. Nova hermenêutica
constitucional:
o Teoria dos custos dos direitos (mais importante para 2ª fase): análise
econômica do Direito: os direitos condicionam-se à previsão orçamentária de seus
custos. Em outras palavras, apenas há direito, se houver orçamento. Propõe a
adequação da atividade jurisdicional aos parâmetros orçamentários: fora deles, não
pode o Judiciário atuar na implementação de políticas públicas.
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escassez de recursos, para satisfação de todas as demandas sociais. Nesse
contexto, analisa quem deve decidir sobre macrojustiça, devendo-se apontar, para
tanto, os Poderes Executivo e Legislativo, pois o Poder Judiciário é vocacionado
para resolver casos concretos (microjustiça).
ANOTAÇÕES
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DIA 02
DIREITO CONSTITUCIONAL | JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE?
• Tema 579 de repercussão geral: “é constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema
Único de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento
diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde, ou por médico conveniado,
mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes”.
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ao ente federado competente para tanto, ainda que o polo passivo seja composto por
entes de todos os níveis.
• Princípios do SUS:
• Vacinação:
Ocorre quando o Poder Público utiliza medidas Ocorre quando o Poder Público impõe aos
invasivas, aflitivas ou coativas para que o cidadãos que recusem a vacinação medidas
indivíduo seja vacinado. Não é permitida porque restritivas previstas em lei, tais como multa,
ofende o direito à intangibilidade, inviolabilidade impedimento de frequentar determinados
e integridade do corpo humano. A vacinação lugares, fazer matrícula em escola etc. A
não pode ser feita sem o expresso vacinação compulsória é permitida, desde que
consentimento informado da pessoa cumpridos requisitos fixados pelo STF.
vacinada.
• O STF decidiu que os pais não podem se recusar a vacinar seus filhos invocando a
liberdade de consciência e de crença (art. 5º, VI e VIII, da CF/88) ou convicção
filosófica.
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• Jurisprudência do STF e STJ sobre fornecimento de medicamentos:
o Medicamentos disponíveis no SUS como prioridade;
o Possibilidade de fornecimento de medicamentos fora da lista do SUS, desde que
haja (STJ):
▪ Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e
circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da
imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo
SUS;
▪ Incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
▪ Existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos
autorizados pela agência.
o O Poder Público não é obrigado a fornecer medicamentos para uso off-label, ou
seja, para aplicação fora das indicações do fabricante, salvo se a própria
ANVISA autorizar esse tipo de uso.
o Medicamentos NÃO registrados na ANVISA (tema 500 de repercussão geral):
Regras Exceção
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Regras Exceção
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INTERVENÇÃO JUDICIAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS (BARROSO)
Excepcional Condicionado
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TESES GERAIS DE JUDICIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
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Apresenta o estado de
escassez de recursos, para
satisfação de todas as
Guido Calabresi e Philip demandas sociais. Nesse
Escolhas trágicas Bobbit, na obra “Tragic contexto, analisa quem
Choices” ou “Escolhas deve decidir sobre
trágicas”. macrojustiça, devendo-se
apontar, para tanto, os
Poderes Executivo e
Legislativo, pois o Poder
Judiciário é vocacionado
para resolver casos
concretos (microjustiça).
Respeito à expertise técnica
de cada um dos poderes
Cass Sustein e Adrian constituídos, reservando ao
Vermeule, no artigo “A. Poder Executivo a decisão
Teoria das capacidades Intepretation and sobre políticas públicas,
institucionais institutions”. ressalvada a hipótese de
afronta ao mínimo
existencial ou patente
ilegalidade. Não cabe ao
Poder Judiciário substituir a
atuação do gestor quando
não possuir a capacidade
institucional para tanto.
Para os casos específicos
de medicamentos e serviços
de saúde, importante
destacar o Enunciado nº 76
da Jornada de Direito da
Saúde do CNJ: A decisão
judicial sobre fornecimento
de medicamentos e serviços
de saúde deverá, à vista do
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contido nos autos, trazer
fundamentação sobre as
suas consequências
práticas, considerando os
obstáculos e as dificuldades
reais do gestor e as
exigências das políticas
públicas (arts. 20 a 22 da
LINDB), não podendo
fundar-se apenas em
valores jurídicos abstratos
(art. 20 da LINDB).
Dica: Recomenda-se ao candidato mencionar, se possível, as obras e autores que sustentam
as teses ora estudadas. Isso demonstrará conhecimento ao examinador, que tenderá a
pontuar o espelho com generosidade. Uma resposta sólida buscar todos os temas tratados de
forma contextualizada.
ANOTAÇÕES
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DIA 03
DIREITO TRIBUTÁRIO | TRIBUTOS
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE?
• TRIBUTO
o Prestação pecuniária;
o Compulsória;
o Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir;
o Não constitui sanção de ato ilícito;
o Instituído por lei;
o Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
• ATENÇÃO – IMPOSSIBILIDADADE DE LEI LOCAL INSTITUIR, COMO FORMA DE
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BENS MÓVEIS:
Norma tributária local que pretenda instituir dação em pagamento de bens móveis é
inconstitucional segundo o STF, porquanto tal expediente seria o mesmo que adquirir um
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bem sem licitação. Desta feita, estar-se-ia invadindo seara afeta à reserva de lei federal.
Em outras palavras, o crédito tributário não pode ser extinto mediante dação em
pagamento de bens móveis, tendo em vista a reserva de lei nacional para dispor sobre
regras gerais de licitação.
• ATENÇÃO – ART. 4º, II, DO CTN X ART. 9º DA LEI 4.320/64: Nos termos do art. 4º, II, do
CTN, é irrelevante, para definição de tributo, a destinação legal do produto arrecadado.
Todavia, o STJ sedimentou o entendimento segundo o qual a contribuição para o FGTS,
porque não se destina ao erário, mas às contas vinculadas dos trabalhadores, não possui
natureza jurídica de tributo, motivo por que a elas não se aplicam as disposições do CTN,
nos termos da súmula 353 da Corte. O fundamento do STJ baseou-se no art. 9º da Lei
Geral de Finanças (Lei n.º 4.320/64), cujo teor refere expressamente que o produto da
arrecadação tributária deve ser destinado ao custeio de atividades gerais ou específicas.
Portanto, CUIDADO: atente para a “blindagem” das questões, no que tange à relevância
da destinação dos tributos arrecadados (segundo o CTN... segundo a Lei 4.320/64...
Segundo o STJ, em relação às contribuições do FGTS...).
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ou imposto. Isso porque, em algumas situações, o fato gerador é o mesmo para
impostos e contribuições, tal como ocorre, por exemplo, com o IRPJ e a CSLL. Assim,
para “salvar” a teoria da pentapartição, propõe-se a não recepção parcial do art. 4º do
CTN, a fim de que se exclua do seu âmbito de incidência tais exceções: contribuições
especiais e empréstimos compulsórios. CUIDADO, a celeuma já foi cobrada pelo CESPE
(Juiz Federal, TRF5), que considerou correta a seguinte assertiva: “Consoante o CTN, a
natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes, para qualificá-la, tanto a denominação e demais
características formais adotadas pela lei quanto à destinação legal do produto da sua
arrecadação. Todavia, com o advento da Constituição de 1988, os empréstimos
compulsórios e as contribuições sociais assumiram o status de espécies tributárias.
Algumas dessas exações, todavia, têm fato gerador idêntico ao dos impostos, o que torna
inaplicável a citada regra do CTN”
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do poder de polícia, quando existente o órgão fiscalizador, sendo desnecessária a
comprovação de fiscalização individualizada.
• As custas judiciais são espécies de taxa e, como tal, devem ter suas bases de cálculo
referidas ao valor do serviço público prestado, sendo inconstitucional a cobrança de
custas calculadas sem limite sobre o valor da causa (Súmula 667 do STF).
• A vedação contida no art. 145, §2º, da CF/88, no sentido de que é impossível a instituição
de taxa com base de cálculo própria de imposto, deve ser interpretada com
temperamentos, para alcançar tão somente a identidade integral entre as 2 bases de
cálculo – a da taxa e a do imposto. Se apenas um (ou mais) elemento (s) coincidir (em),
não restará violado o referido comando constitucional. Eis o teor da súmula vinculante n.º
29: “É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da
base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra”.
• Para o STF e STJ, os serviços de água e esgoto são remunerados por tarifa ou preço
público, razão pela qual eventual repetição de indébito se sujeita ao prazo
prescricional do Código Civil (e não do CTN).
• Não obstante a necessidade de valorização imobiliária para que reste verificado o fato
gerador da contribuição de melhoria, o STJ tem entendido ser legítima a fixação de base
de cálculo mediante a utilização de montantes presumidos de valorização, desde que
facultada a apresentação de prova em sentido contrário pelo sujeito passivo.
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• CUIDADO: as taxas e as contribuições de melhoria são tributos vinculados quanto ao
fato gerador, ou seja, são exações marcadas pela referibilidade, respectivamente, direta
e indireta. Contudo, quanto ao destino da arrecadação, são tributos não vinculados,
com exceção das custas e emolumentos judiciários.
TAXA TARIFA
É uma prestação compulsória. É uma prestação voluntária.
O contribuinte paga a taxa de serviço não por É chamada de voluntária porque a pessoa só
conta de uma escolha que ele faça. Ele paga irá pagar se ela escolher utilizar aquele
porque a lei determina que ele é obrigado, determinado serviço que é efetivamente
mesmo que o serviço esteja apenas à sua prestado.
disposição, sem que haja uma utilização
efetiva.
A lei determina que ele pague, mesmo que O indivíduo escolhe se submeter a um
não utilize de forma efetiva. contrato, no qual irão lhe fornecer um serviço
e, em contraprestação, ele irá pagar o valor.
Súmula Vinculante 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola
o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.
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Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de
coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis
não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.
Súmula Vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas.
Súmula 69 do STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento
de tributos municipais.
Súmula 503 do STF: A dúvida, suscitada por particular, sobre o direito de tributar,
manifestado por dois Estados, não configura litígio da competência originária do Supremo
Tribunal Federal.
Súmula 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal
abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
Súmula 667 do STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa.
Súmula 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.
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Súmula 730 do STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social
sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
ANOTAÇÕES
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DIA 04
DIREITO PROCESSUAL CIVIL | FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE?
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• Foro por prerrogativa de função.
• O tratamento dispensado à Fazenda Pública pelo CPC (atenção aos arts. 183 e 219).
• Contagem em dias úteis, inaplicabilidade do art. 229, do CPC e suspensão dos prazos no
recesso.
o Prazos judiciais;
o STF: NÃO dobra o prazo (Tribunal Pleno, SS 4390 AgR-quinto, Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 05/02/2018, DJe 27/02/2018)
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• Atenção para o recente julgado do STF (RE 669069/MG), que destacou a prescritibilidade
das ações de ressarcimento do poder público contra particulares decorrentes de ilícito civil.
• Prescrição intercorrente.
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proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, do valor atualizado
da causa.
o A majoração dos honorários em virtude do julgamento de um recurso não depende
de pedido. Não tendo os honorários alcançado o limite máximo, o tribunal, ao
inadmitir ou desprover o recurso, deve aumentar o seu valor.
o Mesmo que não sejam apresentadas contrarrazões, haverá sucumbência recursal
se o recurso for inadmitido ou rejeitado, desde que o recorrido tenha advogado
constituído e tenha sido intimado para apresentá-las;
o Não há honorários recursais em qualquer recurso, apenas naqueles em que for
admissível condenação em honorários de sucumbência na primeira instância.199
Assim, não cabe, por exemplo, sucumbência recursal em agravo de instrumento
interposto contra decisão que versa sobre tutela provisória, mas cabe em agravo de
instrumento interposto contra decisão que versa sobre o mérito da causa.
o Exatamente por isso, não se aplica o § 11 do art. 85 do CPC nos recursos
interpostos no mandado de segurança.201 É que, no processo de mandado de
segurança, não cabe condenação em honorários de sucumbência (Lei
12.016/2009, art. 25).
o Opostos embargos de declaração ou agravo interno, não há sucumbência recursal,
pois “não é possível majorar os honorários advocatícios na hipótese de interposição
de recurso no mesmo grau de jurisdição” (Enunciado n. 16 ENFAM).
o Todavia, o julgamento de embargos de divergência pode acarretar majoração de
honorários de sucumbência. Conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça,
“com a interposição de embargos de divergência em recurso especial tem início
novo grau recursal, sujeitando-se o embargante, ao questionar decisão publicada
na vigência do CPC/2015, à majoração dos honorários sucumbenciais, na forma do
§ 11 do art. 85, quando indeferidos liminarmente pelo relator ou se o colegiado
deles não conhecer ou negar-lhes provimento”.
o Não se aplica o § 11 do art. 85 do CPC no julgamento da remessa necessária.
• MUITO IMPORTANTE: possibilidade ou impossibilidade de condenação em honorários
advocatícios contra a Fazenda Pública em cumprimentos de sentença:
o Art. 85, §7º, do CPC: “não serão devidos honorários no cumprimento de sentença
contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não
tenha sido impugnada”.
o Por outro lado, na execução de pequeno valor, haverá condenação em honorários,
independentemente de haver embargos da Fazenda Pública;
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o Caso o cumprimento da sentença se submeta a precatório, é possível ao autor
renunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de Pequeno
Valor – RPV –, evitando o precatório. Nessa situação, em que o cumprimento de
sentença foi iniciado desde logo via RPV, haverá honorários na execução, ainda
que não haja impugnação (STJ, 2ª Turma, AgRg no REsp 1.328.643/RS, Rel. Min.
Eliana Calmon, j. 23.10.2012, DJe 30.10.2012). Todavia, caso o exequente, após a
propositura da execução via precatorial, tenha renunciado ao valor excedente e
pleiteado apenas o teto da “dívida de pequeno valor”, neste caso a Fazenda
Pública não será condenada a pagar honorários advocatícios, aplicando-se o art.
1º-D (STF. 1ª Turma. RE 679164 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/12/2012;
STJ. 1ª Seção. REsp 1406296/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
26/02/2014).
o A proteção do art. 85, §7º, do CPC para a Fazenda Pública somente alcança
condenações de obrigações de pagar. Tratando-se de cumprimento de sentença de
obrigação de fazer, não fazer e entregar coisa, não há submissão ao regime de
precatórios, de maneira que, nesses tipos de cumprimento de sentença, haverá
fixação de honorários.
o Problemática da súmula 345 do STJ: “são devidos honorários advocatícios pela
Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações
coletivas, ainda que não embargadas”. Leonardo Carneiro defende que esta deve
ser conformada com o entendimento do STF, consagrado pelo CPC/2015 (art. 85,
§7º), no sentido de que a condenação somente é possível se não houver a
necessidade da expedição de precatórios.
• Dispensa do preparo: art. 1.007, §1º, do CPC;
• Dispensa do depósito prévio para ajuizamento de ação rescisória: art. 968, §1º, do CPC;
• Incidência das multas processuais contra a Fazenda Pública. Porém, dispensa da
exigência do depósito prévio para a interposição de recursos, no caso das multas do art.
1.021, §4º e 1.026, §3º, do CPC.
• Máxima atenção no estudo das astreintes, haja vista a grande quantidade de
entendimentos jurisprudenciais existente, os quais foram reproduzidos no material de
apoio.
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SÚMULAS SOBRE O ASSUNTO
Súmula n. 383 do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por
dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos,
embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
Súmula n. 443 do STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei
não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito
reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta.
Súmula n. 106 do STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora
na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da
arguição de prescrição ou decadência.
Súmula n. 547 do STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos
a título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica,
o prazo prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de1g16. Na vigência do
Código Civil de 2002,0 prazo é de cinco anos se houver previsão contratual. de
ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse sentido, observada a regra de
transição disciplinada em seu art. 2.028.
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Valores exigidos do poder público no curso do processo
Súmula n. 483 do STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo
por gozar das prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública.
ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS
Enunciado n. 20, da I Jornada de Direito Processual Civil: Aplica-se o art. 219 do CPC
na contagem do prazo para oposição de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da
Lei n. 6.830/1980.
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Enunciado n. 21, da I Jornada de Direito Processual Civil: A suspensão dos prazos
processuais prevista no caput do art. 220 do CPC estende-se ao Ministério Público, à
Defensoria Pública e à Advocacia Pública.
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Enunciado n. 194 do FPPC: A prescrição intercorrente pode ser reconhecida no
procedimento de cumprimento de sentença.
Enunciado n. 452 do FPPC: Durante a suspensão do processo prevista no art. 982 não
corre o prazo de prescrição intercorrente.
Enunciado n. 3 do FNPP: Nos processos em que a Fazenda Pública for parte, em caso
de improcedência do pedido, os honorários advocatícios devem ser fixados, em regra,
sobre o proveito econômico obtido pelo vencedor.
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Enunciado n. 8 da I Jornada de Direito Processual Civil: Não cabe majoração de
honorários advocatícios em agravo de instrumento, salvo se interposto contra decisão
interlocutória que tenha fixado honorários na origem, respeitados os limites estabelecidos
no art. 85, §§ 2º, 3º e 8º, do CPC.
Enunciado n. 239 do FPPC: Fica superado o enunciado n. 472 da súmula do STF (“A
condenação do autor em honorários de advogado, com fundamento no art. 64 do Código
de Processo Civil, depende de reconvenção”), pela extinção da nomeação à autoria.
Enunciado n. 240 do FPPC: São devidos honorários nas execuções fundadas em título
executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública, a serem arbitrados na forma do § 3º do
art. 85.
Enunciado n. 244 do FPPC: Ficam superados o enunciado 306 da súmula do STJ (“Os
honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca,
assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte”) e a tese firmada no REsp Repetitivo n. 963.528/PR, após a
entrada em vigor do CPC, pela expressa impossibilidade de compensação.
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Enunciado n. 661 do FPPC: É cabível a fixação de honorários advocatícios na
reclamação, atendidos os critérios legais.
ANOTAÇÕES
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DIA 05
DIREITO ADMINISTRATIVO | INTRODUÇÃO AO DIREITO
ADMINISTRATIVO E REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE?
38
administração pública em sentido material exercidas por particulares sob o regime
de direito público a exemplo da prestação de serviços mediante concessão e
permissão.
o Atenção: a função política de governo (elaboração de políticas públicas) NÃO constitui
objeto de estudo do direito administrativo.;
• Conceito:
CRITÉRIOS
Critério Direito Administrativo é responsável pelo estudo das normas administrativas
legalista (leis, decretos, regulamentos) de um determinado país.
(Escola Crítica: não esclarece o que são normas administrativas.
Legalista)
Direito Administrativo é a disciplina jurídica das atividades do Poder
Executivo.
Critério do
Crítica: a função administrativa também é exercida pelos Poderes Legislativo e
Poder
Judiciário, de forma atípica. Ademais, o Poder Executivo, além das funções
Executivo
administrativas, exerce as funções de governo, que não são objeto do Direito
Administrativo.
Desenvolveu-se em torno de duas concepções:
1) Duguit e Bonnard: considerava o serviço público em sentido amplo,
abrangendo todas as funções do Estado (inclusive a judiciária), sem especificar
o regime jurídico a que estas se sujeitavam;
2) Jèze: adotava o sentido estrito de serviço público, para compreender
Critério do apenas as atividades materiais exercidas pelo Estado para a satisfação de
Serviço necessidades coletivas, desde que submetidas a regime exorbitante de direito
Público (ou comum.
Escola do Crítica: qualquer que seja o sentido que se atribua à expressão serviço público,
Serviço ela não serve para definir o objeto do Direito Administrativo, uma vez que o
Público) sentido amplo ultrapassa o seu objeto e o sentido estrito deixa de lado matérias
a ele pertinentes, a exemplo dos serviços públicos exercidos parcialmente sob
regime de direito privado.
39
segundo a qual a competência dos tribunais administrativos passou a ser fixada
em função da execução de serviços públicos” (certo).
Pergunta de concurso (ESAF): “Na evolução do conceito de Direito
Administrativo, surge a Escola do Serviço Público, que se desenvolveu em torno
de duas concepções. Na concepção de Leon Duguit, o Serviço Público deveria
ser entendido em sentido estrito, abrangendo toda a atividade material,
submetida a regime exorbitante do direito comum, desenvolvida pelo Estado
para a satisfação de necessidades da coletividade” (errado).
40
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO NA DOUTRINA NACIONAL
Celso Antônio “Direito Administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função
Bandeira de administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”.
Mello
“O ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
Maria Sylvia
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
Zanella Di
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
Pietro
consecução de seus fins, de natureza pública”.
José dos “O conjunto de normas e princípios que, visando sempre o interesse público,
Santos regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este
Carvalho Filho e as coletividades a que devem servir”.
• Sistemas:
41
denominado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que se encontra expresso como garantia
individual, ostentando status de cláusula pétrea, no inciso XXXV do art. 5º da CF.
Embora no Brasil sejam comuns processos, procedimentos, e mesmo litígios, instaurados e
solucionados em âmbito administrativo, sempre que o administrado entender que houve lesão a
direito seu, poderá recorrer ao Judiciário, antes ou depois de esgotada a via administrativa. Somente
após esgotada a via judicial pelo particular a questão suscitada estará definitivamente solucionada.
IMPORTANTE!!! Existem pelo menos três hipóteses em nosso ordenamento jurídico nas quais se
exige o exaurimento, ou a utilização inicial da via administrativa, como condição para acesso ao
Poder Judiciário, a saber:
1) JUSTIÇA DESPORTIVA: o Judiciário somente pode admitir ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após o exaurimento das instâncias administrativas da “justiça desportiva”
(art. 217, § 1º, da CF);
2) CONTRARIEDADE A SÚMULA VINCULANTE: ato administrativo ou omissão da Administração
Pública que contrarie súmula vinculante só pode ser objeto de reclamação ao STF após esgotadas as
vias administrativas (art. 7o, § 1o, da Lei 11.417/2006);
3) HABEAS DATA: é indispensável para caracterizar o interesse de agir no habeas data “a prova do
anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo; sem
que se configure situação prévia de pretensão, há carência da ação constitucional do habeas data”.
42
quando o ato invocado como precedente for ilegal; e b) quando o interesse público,
devidamente motivado, justificar a alteração do entendimento administrativo.
Nesses casos, é possível aplicar a teoria do prospective overruling, segundo a
qual os tribunais, ao mudarem suas regras jurisprudenciais, podem, por razões de
segurança jurídica (boa-fé e confiança legítima), aplicar a nova orientação apenas
para os casos futuros. Estudar arts. 23, 24 e 30 da LINDB.
Princípios administrativos
43
▪ ou intervindo no domínio econômico.
o Mitigação: princípio da tutela do interesse público
• Indisponibilidade do interesse público:
o Distinção entre interesses públicos primário e secundário (Renato Alessi).
o Mitigação do princípio: consensualidade administrativa e métodos alternativos de
solução de conflitos.
• Proporcionalidade e razoabilidade:
o Não expressos;
o Utilização na técnica de interpretação da ponderação;
o Distinção:
CRITÉRIO DISTINTIVO ENTRE OS PRINCÍPIOS
Razoabilidade Proporcionalidade
Analisa a adequação e necessidade do ato Analisa se o sacrifício de um bem jurídico em
detrimento do outro foi proporcional
Permite que o ato administrativo seja analisado O ato administrativo somente será proporcional
isoladamente ou não diante do cotejo com outro bem jurídico
Convoca-se tal princípio quando as normas Utilizado quando se coloca em ponderação dois
fugirem ao senso comum princípios ou normas e suprime-se/afasta-se um
em relação ao outro
Exige que as medidas estatais sejam Determina que as medidas estatais, além de
racionalmente aceitáveis e não arbitrárias. serem razoáveis, constituam instrumentos de
maximização dos comandos constitucionais,
mediante a menor limitação possível aos bens
juridicamente protegidos
44
o Vertente subjetiva: proteção à confiança das pessoas com relação aos atos,
procedimentos e condutas do Estado
• Proteção da confiança:
o Acepção subjetiva do princípio da segurança jurídica;
o Efeito principal: preservação de atos inválidos, diante da boa-fé de quem confia.
“Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro
administrativo (operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea
ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas
as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-
fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o
pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp 1.769.306/AL, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1009) (Info 688).
• Princípio da isonomia:
o Entendimento do STF e STJ sobre limite de idade, altura e outros aspectos
pessoais em concursos públicos;
Poderes administrativos
• As principais características dos poderes administrativos são: a) são instrumentais (não são
um fim em si mesmo, mas sim um meio para que se atinja o bem comum); b) indeclináveis
(não há uma faculdade de não exercício no caso concreto por parte do administrador); c)
irrenunciáveis (proibida a abdicação de forma permanente por parte do administrador)
45
o Normativo: agências reguladoras (obs.: será mais bem trabalhado na meta de
organização administrativa, em que abordaremos as agências reguladoras).
• Poder de Polícia:
o Artigo 78 do CTN
o Discricionário ou vinculado?
o Delegação dos Atos de Polícia: Atos de mera execução.
o Ciclos do Poder de Polícia:
Ordem Indelegável
Consentimento Delegável
Ciclos de
polícia
Fiscalização Delegável
Sanção Indelegável
46
▪ Auto-executoridade (não dispensa contraditório e ampla defesa):
doutrina moderna divide em dois momentos. O primeiro, é a
exigibilidade, que é a possibilidade de o administrador exigir, do
cidadão, o cumprimento de obrigações, recorrendo a meios
indiretos de coerção (multa, por exemplo). Por sua vez, o
segundo é a executoriedade que consiste na possibilidade de
execução material do que se impôs ao cidadão.
▪ Coercibilidade
▪ Indelegabilidade
o Prescrição das sanções aplicadas.
o Decorre da Supremacia Geral da Administração Pública sobre seus
administrados, ou seja, o poder de polícia não exige nenhum vínculo
específico do particular com a administração pública.
o Polícia Administrativa x Polícia Judiciária:
47
Súmula 686 do STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 346 do STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 8 do STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso
do mandato.
ANOTAÇÕES
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DIA 06
DIREITO FINANCEIRO | FINANÇAS NA CF E ORÇAMENTO
✓ DOUTRINA
✓ LEI
✓ JURISPRUDÊNCIA
✓ QUESTÕES
COMO ESTUDAR?
O QUE É IMPORTANTE?
• Atividade financeira
Obtenção de Gerência dos Dispêndio de Obtenção de
recursos recursos recursos recursos
emprestados
Receita pública Orçamento público Despesas públicas Crédito público
• Legislação financeira:
o Competência concorrente;
o Reserva de lei complementar para:
▪ finanças públicas;
▪ dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e
50
demais entidades
▪ concessão de garantias pelas entidades públicas;
▪ emissão e resgate de títulos da dívida pública;
▪ fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
▪ operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
▪ compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das
voltadas ao desenvolvimento regional.
▪ sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021): a) indicadores de sua apuração; b) níveis
de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; c)
trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos
em legislação; d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; e)
planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante
da dívida. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII
do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações previstas
no art. 167-A desta Constituição;
▪ dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e
a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da
lei orçamentária anual;
▪ estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração
direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento
de fundos;
▪ dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos
que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos,
cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter
obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166 da
CF.
o Leis ordinárias (indelegáveis):
▪ PPA;
▪ LDO;
▪ LOA.
o Impossibilidade de edição de medida provisória relativa a PPA, LDO, LOA e
51
créditos adicionais, ressalvada a abertura de crédito extraordinário para
atender despesas imprevisíveis e urgentes (guerra, comoção interna ou
calamidade pública).
• Natureza jurídica do orçamento: impositivo ou autorizativo?
• Natureza do orçamento: lei formal de efeitos concretos.
• Possibilidade de controle de constitucionalidade da lei orçamentária (STF, ADI 2925).
• Elementos do orçamento:
o Político: forma de controle da administração pública, que por intermédio do
orçamento fica vinculada à execução das despesas nos períodos e nos
limites fixados pelo legislativo. Evidencia a importância do Legislativo na
consecução e controle do orçamento;
o Econômico: relaciona-se com as duas vertentes do orçamento – receitas e
despesas.
▪ Debate o problema do orçamento deficitário: pode haver orçamento
deficitário, desde que haja uma previsão no orçamento de reequilíbrio
através de programas, metas e amortização de despesas e juros. A
esse respeito, o art. 7.º, § 1.º, da Lei n.º 4.320/1964 admite
expressamente a possibilidade de déficit orçamentário, desde que
sejam indicadas as fontes de recursos que o Poder Executivo fica
autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.
o Jurídico: o orçamento é viabilizado por meio de lei ordinária de iniciativa do
poder executivo.
• Espécies de orçamento:
o Tradicional:
▪ Desvinculado de planejamento;
▪ Foco em aspectos contábeis;
o De desempenho:
▪ Ênfase no desempenho organizacional;
▪ Desvinculação entre planejamento e orçamento;
o Orçamento-programa:
▪ Vinculado ao planejamento;
▪ Foco no aspecto administrativo da gestão;
▪ Privilegia aspectos gerenciais e o alcance de resultados.
o Base zero ou por estratégia:
▪ Necessidade de se justificar todo programa no início de cada ciclo
52
orçamentário;
▪ Ausência de vinculação ao exercício anterior como parâmetro para o valor
inicial mínimo do gasto.
• Compreensão dos princípios orçamentários (MUITO IMPORTANTE!)
o Princípio da unidade ou totalidade;
o Princípio da universalidade:
▪ Atenção: não confundir com o princípio da unidade;
o Princípio do orçamento bruto;
o Princípio da anualidade ou periodicidade:
▪ Atenção: não confundir com a anterioridade tributária ou, muito menos,
com a anualidade tributária, que sequer vigora atualmente.
o Princípio da exclusividade:
▪ Evita os chamados “orçamentos rabilongos”;
o Princípio da não afetação:
▪ Exceções: art. 167, IV e §4º, da CF/88; art. 204, parágrafo único e art.
216, §6º, da CF (anotar no VADE MECUM: “exceções ao princípio
orçamentário da não afetação”;
▪ CUIDADO: o princípio impede, como regra, a vinculação de receitas
provenientes da cobrança de impostos e não de tributos, como
corriqueiramente se costuma cobrar em provas.
o Princípio da especialização;
o Princípio da publicidade;
o Princípio do equilíbrio;
o Princípio da anterioridade orçamentária;
o Princípio da legalidade;
o Princípio da proibição do estorno de verbas;
o Princípio da programação;
o Princípio da transparência:
▪ RREO x RGF;
▪ Lei de acesso à informação;
o Princípio da unidade de caixa ou de tesouraria;
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ANOTAÇÕES
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DIA 07
DOMINGO 1
O QUE ESTUDAR?
• LEI SECA:
o Arts. 29 a 113 da Lei de Registros Públicos (Lei n.º 6.015/73);
• QUESTÕES SEMANAIS:
• OPCIONALMENTE:
o Assistir a(s) aula(s) disponibilizada(s) na área do aluno (semana 1).
ANOTAÇÕES
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55
E-BOOK
SUMÁRIO
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL............................................................. 58
56
B) DECISÕES MANIPULADORAS (MANIPULATIVAS OU ADITIVAS) ...........................................
6. MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS....................................................................................................
7. TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS ............................................................................................
8. A PLURALIZAÇÃO DOS INTÉRPRETES DA CONSTITUIÇÃO ....................................................
9. INTEGRAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA..................................
10. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................
A) PREÂMBULO ................................................................................................................................
B) ADCT..............................................................................................................................................
57
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Idealizado por Ernst Forsthoff, define que a interpretação da Constituição não se distingue
da dos demais atos normativos primários e, por isso, para se interpretar o sentido da lei
constitucional, devem-se utilizar as regras tradicionais da interpretação (interpretação sistemática,
histórica, lógica e gramatical). Em suma: lei e CF se equivalem do ponto de vista hermenêutico
– “Tese da Identidade”.
Crítica2: Os elementos tradicionais, embora importantes para a interpretação constitucional, são
insuficientes para a resolução dos casos de maior complexidade, não podendo ser olvidado que
as reflexões feitas por Savigny tiveram por base institutos jurídicos próprios do direito privado. A
Constituição, em tantos dos seus dispositivos, assume o feitio de um ordenamento-marco,
estipulando parâmetros e procedimentos para a ação política concretizadora.
B) MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO
Elaborado por Theodor Viehweg3, tem como ponto de partida a compreensão prévia do
problema. A Constituição não abrange todas as situações constantes na realidade social. Assim,
este método busca conceder à Constituição um caráter aberto de interpretação, buscando
adaptar o texto constitucional ao problema concreto. O compromisso central do intérprete consiste
em encontrar a melhor solução para o problema apresentado. O intérprete verifica os diversos
topoi (pontos de vista) a respeito daquele problema, analisando-os a fim de obter a solução
normativa adequada ao caso. Não existem respostas corretas ou verdadeiras, mas sim
argumentos que se impõem pela força do convencimento. Assim, o “método da tópica” toma a
Constituição como um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve
escolher aquele que seja mais adequado para a promoção de uma solução justa ao caso concreto
que analisa. O foco, para o método, é o problema, servindo as normas constitucionais de catálogo
de múltiplos e variados princípios, onde se busca argumento para o desate adequado de uma
questão prática.
Memorize: parte-se do “problema” para criar a norma aplicável (método indutivo).
58
Daniel Sarmento4 ressalta que a solução do problema apresentado se torna o objetivo
central do intérprete, cujo compromisso com o sistema jurídico deixa de ser absoluto. “Dentre os
topoi podem figurar elementos heterogêneos como o texto normativo, princípios morais, tradições
compartilhadas etc.”.
A tópica “pura”5 considera o sistema jurídico como um topos entre os demais a serem
ponderados pelo intérprete da norma diante de um problema concreto. Segundo Luiz Roberto
Barroso: “A tópica representa a expressão máxima da tese segundo a qual o raciocínio jurídico
deve orientar-se pela solução do problema, e não pela busca de coerência interna para o
sistema”.
Crítica6: Corre-se o risco de o método resultar em casuísmos e insegurança jurídica uma vez que
a coerência do sistema jurídico não é prioridade, sendo, no máximo, um topos a ser
(des)considerado, maculando inclusive a força normativa da Constituição. Além disso, alerta-se
para a falta de compromisso do intérprete com a jurisprudência formada àquele respeito, o que
compromete a coerência do sistema judicial.
C) MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR
Para Konrad Hesse, o teor da norma jurídica só se completa (se concretiza) mediante o
ato interpretativo, que deve considerar tanto o texto constitucional quanto a realidade em que será
aplicada a norma. Para tanto, o intérprete se vale de suas pré-compreensões sobre o tema
(aspecto subjetivo da interpretação) e atua como “mediador” entre a norma e a situação concreta,
para obter o” sentido da norma”.
4 Daniel Sarmento. Direito Constitucional: Teoria, história e métodos de trabalho. Ed Fórum, 2012.
5 Segundo Daniel Sarmento, “é como ‘tópica pura’ que Hesse denomina a metodologia jurídica de Viehweg. Cf. HESSE,
Konrad. Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha, p. 65. Na obra de Hesse, bem
como na de Friedrich Müller, a tópica sofrerá certas correções de ordem normativa; será, portanto, uma tópica
mitigada.”
6 Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 2017.
59
O movimento de releitura do mesmo texto, que tem como “pano de fundo” a realidade
social (aspecto objetivo da interpretação), e promove uma relação entre texto e contexto, até que
o intérprete chegue a uma compreensão da norma adequada e possa aplicá-la ao fato concreto, é
denominado “Círculo hermenêutico”.
D) MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE
Criado por Friedrich Muller, parte-se da ideia de não haver identidade entre a norma
jurídica e o texto (“programa normativo”). O fenômeno normativo vai, portanto, além do texto
normativo, que é apenas a “ponta do iceberg” (o exemplo é do próprio autor). A interpretação se
inicia no texto (programa normativo), perpassa a realidade social (chamada pelo autor de “domínio
normativo”) e termina na norma aplicável (todo o “iceberg” existente).
A estrutura de uma norma resulta da conjunção entre o programa normativo, que é texto
positivado (a forma pela qual a norma se expressa), e o domínio normativo, que representa a
porção da realidade social sobre a qual a norma incide.
A norma constitucional é conformada não só pela atividade legislativa, mas também pela
jurisdicional e pela administrativa. O intérprete deve identificar o conteúdo da norma constitucional
mediante a análise de sua concretização normativa em todos os níveis na realidade social.
Servimo-nos, nesse ponto, da lição de Luiz Roberto Barroso7 (grifo nosso): A norma
jurídica resulta da conjugação do programa normativo com o âmbito normativo. O programa
normativo consiste nas possibilidades de sentido do texto, estabelecidas de acordo com os
recursos tradicionais da interpretação jurídica. Já o âmbito normativo se identifica com a parcela
da realidade social dentro da qual se coloca o problema a resolver, de onde o intérprete extrairá
os componentes fáticos e axiológicos que irão influenciar sua decisão. Este é o espaço da
60
argumentação tópica, da busca da melhor solução para o caso concreto, tendo como limite
as possibilidades contidas no programa normativo. Esse modelo metodológico procura
harmonizar o pensamento tópico-problemático com o primado da norma.
(...)
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método hermenêutico-
concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de
pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico.
CERTO
(TJ/MG 2017) O método hermenêutico-concretizador de interpretação constitucional caracteriza-
se pela praticidade na busca da solução dos problemas, na medida em que considera a
Constituição como uma lei comum, em que a solução exegética prioriza elementos objetivos de
interpretação e se opera a partir do caso concreto em subsunção ao texto positivado.
ERRADO
(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método hermenêutico-concretizador; cuja teorização fundamental
é devida a K. Hesse, realça os seguintes pressupostos da tarefa interpretativa: (1) subjetivos, em
razão de que o intérprete desempenha um papel criador na obtenção do sentido do texto
constitucional, (2) objetivos, isto é, o contexto, atuando o intérprete como operador de mediações
entre o texto e a situação em que se aplica e (3) relação entre texto e contexto com a mediação
criadora do intérprete.
CERTO
(TJ/SP 2016) Acerca da hermenêutica constitucional, é possível afirmar que para determinado
método de interpretação, a realidade normada e os dispositivos constitucionais situam-se tão
próximos que o caso concreto é regulamentado quando se dá a implementação fática do
comando, ocasião, por exemplo, em que o juiz aplica a lei ao caso. A normatividade, a que se
refere o método, não se esgota no texto, como se afirma tradicionalmente, mas vai se exaurir nas
situações concretas e até no direito consuetudinário, considerando também os textos doutrinários,
já que o texto legal seria apenas uma das fontes iniciais de trabalho. Para este método não há
diferença entre interpretação e aplicação. A interpretação não se esgota na delimitação do
significado e do alcance da norma, mas inclui, também, sua aplicação. Esse método é
denominado normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método normativo-estruturante ou concretista aquele em que o intérprete
61
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(PGR 2015) Para a “teoria estruturante", de Friedrich Muller, e possível o raciocínio orientado para
o problema, desde que não ultrapasse o texto da norma.
CERTO
(TJ/SP 2017) Leia o texto a seguir.
“(…) arranca da ideia de que a leitura de um texto normativo se inicia pela pré-compreensão do
seu sentido através do intérprete. A interpretação da constituição também não foge a esse
processo: é uma compreensão de sentido, um preenchimento de sentido juridicamente criador,
em que o intérprete efectua uma atividade prático normativa, concretizando a norma a partir de
uma situação histórica concreta. No fundo esse método vem realçar e iluminar vários
pressupostos da atividade interpretativa: (1) os pressupostos subjetivos, dado que o intérprete
desempenha um papel criador (pré-compreensão) na tarefa de obtenção de sentido do texto
constitucional: (2) os pressupostos objectivos, isto é, o contexto, actuando o intérprete como
operador de mediações entre o texto e a situação a que se aplica: (3) relação entre o texto e o
contexto com a mediação criadora do intérprete, transformando a interpretação em ‘movimento de
ir e vir’ (círculo hermenêutico). (…) se orienta não por um pensamento axiomático mas para um
pensamento problematicamente orientado.” Da leitura do texto do constitucionalista J.J. Gomes
Canotilho, conclui-se que o autor se refere a que método de interpretação constitucional
hermenêutico-concretizador.
CERTO
(FCC DPE/SP 2015) No processo de concretização das normas constitucionais de Konrad Hesse,
a tópica é pura8, ou seja, o intérprete só pode utilizar na tarefa de concretização aqueles pontos
de vista relacionados ao problema. Ao mesmo tempo, o intérprete está obrigado a incluir na
interação do ciclo hermenêutico, composto pelo programa normativo (análise dos elementos
linguísticos) e pelo âmbito normativo (análise da realidade concreta), os elementos de
concretização que lhe ministram a norma constitucional e as diretrizes contidas na Constituição.
ERRADO
(CESPE AGU 2010) O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela praticidade na
busca da solução dos problemas, já que parte de um problema concreto para a norma.
8 "O método concretizador “permanece no meio-termo, entre a tópica desvinculada da norma e a vinculação clássica da
interpretação, pois não admite a superioridade do problema sobre a norma, mas também não se prende cegamente
ao texto legal. A concretização não admite uma livre escolha de topoi, tomando a Constituição escrita como
fronteira para o intérprete (BONAVIDES, 2000, p. 557)."
62
ERRADO
(CESPE TJ/PI 2013) O método hermenêutico-concretizador parte do pressuposto de que a
interpretação constitucional é concretização, entendida como uma norma preexistente na qual o
caso concreto é individualizado.
CERTO
(TRT9ª – Juiz do Trab 2009) O método tópico-problemático parte das seguintes premissas: (1)
caráter prático da interpretação constitucional; (2) caráter aberto, fragmentário ou indeterminado
63
da lei constitucional e (3) preferência pela discussão do problema em virtude da abertura das
normas constitucionais que não permitam qualquer dedução subsuntiva a partir delas mesmo.
CERTO
(MPE/BA 2015)
“A relevância dos problemas envolvidos na interpretação da Constituição tem motivado a proposta
de métodos a serem seguidos nesta tarefa. Todos eles tomam a Constituição como um conjunto
de normas jurídicas, como uma lei, que se destina a decidir casos concretos. Ocorre que nem
todo o problema concreto acha um desate direto e imediato num claro dispositivo da Constituição,
exigindo que se descubra ou se crie uma solução, segundo um método que norteie a tarefa. (…)”.
(MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 9
ed., IDP, 2014, p.91)
Levando-se em consideração a doutrina dos autores acima, bem como a caracterização dos
Métodos de Interpretação da Constituição, é possível AFIRMAR que o método jurídico-
estruturante:
Enfatiza que a norma não se confunde com o seu texto (programa normativo), mas tem a
sua estrutura composta, também, pelo trecho da realidade social em que incide (o domínio
normativo), sendo esse elemento indispensável para a extração do significado da norma.
(DPE/BA 2014) Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete
parte do direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto
legal. Há influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.
CERTO
(FCC TCE/PI 2014) Na interpretação da norma constitucional, por meio do método normativo-
estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo-se os
demais Poderes federais.
ERRADO
(MPE/RN 2009) “Desde o momento da elaboração do texto até o instante de sua aplicação, a
norma é determinada histórica e socialmente. Logo, quando o jurista cogita dos elementos e
situações do mundo da vida sobre os quais recai determinada norma, não se refere a um tema
metajurídico. A norma é composta pela história, pela cultura e pelas demais características da
sociedade no âmbito da qual se aplica.
O texto normativo - diz Muller - é uma fração da norma, aquela parte absorvida pela linguagem
jurídica, porém não é a norma, pois a norma jurídica não se reduz à linguagem jurídica. A norma
congrega todos os elementos que compõem o âmbito normativo (elementos e situações do mundo
da vida sobre os quais recai determinada norma).
64
Além disso, os textos normativos são formulados tendo em vista determinado estado da realidade
social (que eles pretendem reforçar ou modificar); este estado da realidade social geralmente não
aparece no texto da norma.
O texto é abstrato e geral (isto é, sem referência a motivos e contexto real). Mas o aspecto da
realidade referida pela norma constitui conjuntamente seu sentido (esse sentido não pode, a partir
daí, ser perseguido apartado da realidade a ser regulamentada). A realidade é tanto parte da
norma quanto o texto; na norma, estão presentes inúmeros elementos do mundo da vida.”
Eros Roberto Grau. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito. 3.ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005, p. 74-5 (com adaptações).
O método de interpretação constitucional tratado pelo autor no trecho de texto acima é o método
normativo-estruturante.
CERTO
(DPE/MG 2014) Diz-se método tópico problemático aquele em que o intérprete se vale de suas
pré-compreensões valorativas para obter o sentido da norma em um determinado problema pois o
conteúdo da norma somente é alcançado a partir de sua interpretação concretizada a, dotada de
cárter criativo que emana do exegeta.
ERRADO
(A definição se amolda perfeitamente ao método hermenêutico-concretizador).
(...)
65
SIMULADO OBJETIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
01. (THEMAS) À luz do entendimento do STF sobre competências legislativas dos entes
federativos, assinale a alternativa incorreta:
a) É constitucional lei estadual ou municipal que imponha sanções às agências bancárias que não
instalarem divisórias individuais em caixas de atendimento. Trata-se de matéria que envolve
relação de consumo, que garante ao Estado competência concorrente para legislar sobre o tema.
b) Compete aos Municípios legislar sobre meio ambiente em assuntos de interesse local.
c) Viola a Constituição lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, motorizados ou não,
transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município.
d) O Município é competente para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
e) É constitucional norma de Constituição Estadual que estabelece como competência do
Governador a nomeação e exoneração do “Procurador da Fazenda Estadual”.
Comentários:
a) CORRETA. STF. Plenário. ADI 4633/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/04/2018. Ver
também art. 24, V da CRFB/88: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...) V – produção e consumo; (...)”.
66
regional, determinado tema deve ser disciplinado pelo ente menor. Na ausência de norma
federal que, de forma nítida (clear statement rule), retire a presunção de que gozam os
entes menores para, nos assuntos de interesse comum e concorrente, exercerem
plenamente sua autonomia, detêm Estados e Municípios, nos seus respectivos âmbitos de
atuação, competência normativa. (...)” (RE 194704, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/06/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-261 DIVULG 16-11-2017 PUBLIC 17-11-2017).
Resposta: E.
67
I. Intervenção federal é aquela realizada pela União nos Estados, no Distrito Federal, ou nos
Municípios situados em território federal. Dentre as hipóteses que possibilitam que a União
intervenha nos Estados ou no Distrito Federal, encontram-se: manter a integridade nacional;
repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da federação na outra; pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública; e garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação.
III. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
membros natos o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o
Presidente do Senado Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da Defesa, o Ministro das
Relações Exteriores, o Ministro do Planejamento e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
Comentários:
I. CORRETA. Basta a leitura dos artigos 34 e 35 da CRFB/88: “Art. 34. A União não intervirá nos
Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I – manter a integridade nacional; II – repelir
invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III – pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública; IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação; V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o
pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b)
68
deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei; VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII –
assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 35. O
Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando: I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada; II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não
tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV – o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou
para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.”.
II. CORRETA. É o que dispõe o art. 84, X; e os §§1º e 2º do art. 36; todos da CRFB/88: “Art. 84.
Compete privativamente ao Presidente da República: (...) X – decretar e executar a intervenção
federal; (...).”. “Art. 36 (...). “§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e
as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.”.
III. CORRETA. Art. 91, da CRFB/88: “O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado democrático, e dele participam como membros natos: I – o Vice-Presidente da República;
II – o Presidente da Câmara dos Deputados; III – o Presidente do Senado Federal; IV – o Ministro
da Justiça; V – o Ministro de Estado da Defesa; VI – o Ministro das Relações Exteriores; VII – o
Ministro do Planejamento; VIII – os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (...).”.
IV. CORRETA. Eis o que decidiu o STF: “Não se justifica decreto de intervenção federal por
não pagamento de precatório judicial, quando o fato não se deva a omissão voluntária e
intencional do ente federado, mas a insuficiência temporária de recursos financeiros ” (Relator:
Min. CEZAR PELUSO [Presidente], Tribunal Pleno, julgado em 28/03/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-176, DIVULG 05-09-2012, PUBLIC 06-09-2012).
Resposta: D.
69
FICHAS DE JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência selecionada foi retirada do BUSCADOR DO DIZER O DIREITO com a devida autorização
do professor Márcio André. Para acessar este conteúdo online, acesse
www.buscadordodizerodireito.com.br, utilizando os seguintes filtros de categoria e subcategoria do
menu jurisprudência: “Direito Tributário” | “Temas Diversos” e “Outros Temas”.
2023
• O cumprimento da função social é requisito para que um imóvel produtivo não possa
ser desapropriado para fins de reforma agrária. São constitucionais os arts. 6º e 9º da
Lei nº 8.629/93, que exigem a presença simultânea do caráter produtivo da propriedade e
da função social como requisitos para que determinada propriedade seja insuscetível de
desapropriação, para fins de reforma agrária. STF. Plenário. ADI 3.865/DF, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 04/09/2023 (Info 1106).
70
oferta inicial. A base de cálculo dos honorários corresponderá à diferença entre ambos, o
que aparentemente elege como critério não o valor condenatório propriamente, porque este
seria o equivalente à própria indenização arbitrada, mas a um parâmetro ligado à
condenação. Apesar de o texto do dispositivo fazer remissão claramente à fase de
conhecimento - tanto que remete à definição da indenização e à oferta inicial, que vem
consignada na petição inicial -, o Decreto-Lei disciplina a sucumbência para as ações de
desapropriação. Portanto, é devida a sua observância em todas as suas fases, no que for
cabível.
Sendo cabível a sucumbência no caso da fase de cumprimento de sentença, a sua
estipulação é regida com base na mesma diferença entre indenização e oferta inicial, tendo
em vista que esses parâmetros já foram definidos na fase de conhecimento. Nesse sentido,
afasta-se a utilização da equidade - porque ausentes as hipóteses autorizativas. STJ. 2ª
Turma. REsp 2.075.692-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/8/2023 (Info
783).
• Em regra, não cabe indenização em favor dos proprietários dos imóveis abrangidos
por ato administrativo que institua limitação administrativa, a não ser que
comprovem efetivo prejuízo, ou limitação além das já existentes. Caso hipotético: João
recebeu como herança dezenas de lotes de terra. Ele começou a comercializar esses lotes.
Ocorre que foi editado o plano diretor municipal que instituiu, na área onde se localizam os
lotes, uma zona de proteção ambiental, o que restringiu o uso e a ocupação do solo. Foi
realizada perícia que atestou que, em razão das limitações administrativas, os lotes
perderam substancialmente valor econômico. A indenização será devida. Isso porque as
provas dos autos, notadamente o laudo pericial, atestaram que houve efetivo prejuízo. STJ.
2ª Turma. AREsp 551.389-RN, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 5/8/2023 (Info
786).
71
completo. Nesse sentido, a compensação pela limitação decorrente da instalação de linhas
de alta tensão na propriedade privada possui nítido caráter indenizatório, cujo valor tem por
finalidade recompor o patrimônio, não gerando acréscimo patrimonial do proprietário do
imóvel. STJ. 2ª Turma. REsp 1992514-CE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
21/3/2023 (Info 769).
2022
72
for menor; c) seja depositado o valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do IPTU,
caso tenha havido atualização no ano fiscal imediatamente anterior; ou d) se não tiver
havido essa atualização, o juiz fixará o valor a ser depositado tendo em conta a época em
que houver sido fixado originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização
posterior do imóvel. STJ. 2ª Turma. AREsp 1674697-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 08/11/2022 (Info 756).
• A requisição administrativa prevista no art. 15, XIII, da Lei do SUS não pode recair
sobre bens e/ou serviços públicos de outro ente federativo. A requisição administrativa
“para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de
situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias” —
prevista no art. 15, XIII, da Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080/90) —
não recai sobre bens e/ou serviços públicos de outro ente federativo. Veja o dispositivo
legal: Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu
âmbito administrativo, as seguintes atribuições: XIII - para atendimento de necessidades
coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de
calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera
administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais
como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; O permissivo constitucional
para a requisição administrativa de bens particulares, em caso de iminente perigo público,
tem aplicação nas relações entre Poder Público e patrimônio privado, não sendo possível
estender a hipótese às relações entre as unidades da Federação. Ofende o princípio
federativo a requisição de bens e serviços de um ente federado por outro, o que somente
se admitiria excepcionalmente à União durante a vigência de estado de defesa (art. 136, §
1º, II) e estado de sítio (art. 139, VII). Entre os entes federados não há hierarquia, sendo-
lhes assegurado tratamento isonômico, ressalvadas apenas as distinções porventura
constantes na própria CF/88. Portanto, como as relações entre eles se caracterizam pela
cooperação e horizontalidade, tal requisição, ainda que a pretexto de acudir situação fática
de extrema necessidade, importa ferimento da autonomia daquele cujos bens ou serviços
públicos são requisitados, acarretando-lhe incontestável desorganização. STF. Plenário.
ADI 3454/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2022 (Info 1059).
• Há violação aos limites das matérias que podem ser discutidas em ação de
desapropriação direta quando se admite o debate - e até mesmo indenização - de
área diferente da verdadeiramente expropriada, ainda que vizinha. Ao admitir a
discussão e determinar o pagamento de indenização relacionada com área diferente da que
73
é objeto de desapropriação, ainda que vizinha, o magistrado violou o art. 20 do Decreto nº
3.365/1941, a qual reserva às ações próprias as discussões que vão além do imóvel
expropriado. No caso, mostrava-se ainda mais necessário submeter à sede autônoma a
discussão sobre a área contígua à expropriada, pois o valor da indenização foi muito
superior ao do próprio imóvel objeto da desapropriação (cerca de três vezes), e
apresentava complexa discussão própria sobre o cálculo que deveria ser adotado para
determinação dos lucros cessantes de exploração de seringueiras. Registre-se que não
tratou a decisão recorrida de indenizar a depreciação de área remanescente (art. 27 do
Decreto nº 3.365/1941), mas de produzir efeitos semelhantes ao de verdadeira
desapropriação indireta, ampliação objetiva não admitida no caso, porque ultrapassa os
limites da lide. STJ. 1ª Turma.REsp 1577047-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
10/05/2022 (Info 738).
2021
74
• Desapropriação para fins de reforma agrária e área de reserva legal: Não se
encontrando averbada no registro imobiliário antes da vistoria, a reserva florestal não
poderá ser excluída da área total do imóvel desapropriando para efeito de cálculo da
produtividade do imóvel rural. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1301751/MT, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 08/04/2014 (Info 539). STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp
1505446/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2021.
2020
75
Súmula 408 do STJ tinha redação igual à tese 126/STJ original e, por isso, foi cancelada.
Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a
Medida Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e
a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.
Imóvel improdutivo e não cabimento de juros compensatórios Tese revisada no Tema
Repetitivo n. 280/STJ Tese original: A eventual improdutividade do imóvel não afasta o
direito aos juros compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado deixou
de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a
possibilidade do imóvel ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada,
ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista. Tese revisada: Até 26/9/1999,
data anterior à edição da MP n. 1901-30/1999, são devidos juros compensatórios nas
desapropriações de imóveis improdutivos. Imóvel que não pode ser explorado
economicamente e não cabimento de juros compensatórios Tese revisada no Tema
Repetitivo n. 281/STJ Tese original: São indevidos juros compensatórios quando a
propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração econômica seja atual
ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do
local onde se situa a propriedade. Tese revisada: Mesmo antes da MP n. 1901-30/1999,
são indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de
qualquer espécie de exploração econômica atual ou futura, em decorrência de limitações
legais ou fáticas. Imóvel com índice de produtivo zero e não cabimento de juros
compensatórios Tese revisada no Tema Repetitivo n. 282/STJ Tese original: Para aferir a
incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve ser observado o princípio
do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do percentual desses juros. As
restrições contidas nos §§ 1º e 2º do art. 15-A, inseridas pelas MP's n. 1.901-30/99 e 2.027-
38/00 e reedições, as quais vedam a incidência de juros compensatórios em propriedade
improdutiva, serão aplicáveis, tão somente, às situações ocorridas após a sua vigência.
Tese revisada: i) A partir de 27/9/1999, data de edição da MP n. 1901-30/1999, exige-se a
prova pelo expropriado da efetiva perda de renda para incidência de juros compensatórios
(art. 15-A, § 1º, do Decreto-Lei n. 3365/1941); e ii) Desde 5/5/2000, data de edição da MP
2027-38/2000, veda-se a incidência dos juros compensatórios em imóveis com índice de
produtividade zero (art. 15-A, § 2º, do Decreto-Lei n. 3365/1941). Cancelada a tese fixada
no Tema Repetitivo n. 283/STJ Cancelamento do Tema Repetitivo n. 283/STJ Tese
cancelada: Para aferir a incidência dos juros compensatórios em imóvel improdutivo, deve
ser observado o princípio do tempus regit actum, assim como acontece na fixação do
percentual desses juros. Publicada a medida liminar concedida na ADI 2.332/DF (DJU de
76
13.09.2001), deve ser suspensa a aplicabilidade dos §§ 1º e 2º do artigo 15-A do Decreto-
lei n. 3.365/41 até que haja o julgamento de mérito da demanda. Nova tese repetitiva
afirmada no Tema Repetitivo 1072 Tese fixada no Tema Repetitivo 1072: Os juros
compensatórios observam o percentual vigente no momento de sua incidência. Não cabe
ao STJ definir os efeitos da liminar que vigorou na ADI 2332 A discussão acerca da eficácia
e efeitos da medida cautelar ou do julgamento de mérito da ADI 2332 não comporta revisão
em recurso especial. Limitação temporal das súmulas 12, 70 e 102 do STJ Súmula 12-STJ:
Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios. Súmula 70-STJ:
Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em
julgado da sentença. Súmula 102-STJ: A incidência dos juros moratórios sobre os
compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei. As
Súmulas n. 12, 70 e 102 somente se aplicam às situações ocorridas até 12/01/2000, data
anterior à vigência da MP 1.997-34. STJ. 1ª Seção. Pet 12344-DF, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 28/10/2020 (Recurso Repetitivo) (Info 684).
2019
77
• Edição de leis ambientais que restringem o uso da propriedade caracterizam-se
como limitações administrativas: As restrições ao direito de propriedade, impostas por
normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não configuram
desapropriação indireta. A desapropriação indireta só ocorre quando existe o efetivo
apossamento da propriedade pelo Poder Público. Logo, as restrições ao direito de
propriedade impostas por normas ambientais configuram limitações administrativas. STJ. 1ª
Turma. AgInt no AREsp 1443672/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 11/02/2020. O
prazo prescricional para exercer a pretensão de ser indenizado por limitações
administrativas é de 5 anos, nos termos do art. 10 do Decreto-Lei 3.365/1941, disposição
de regência específica da matéria. STJ. 2ª Turma. EDcl no REsp 1784226/RJ, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 06/06/2019.
78
uma evidente limitação administrativa imposta pelo Estado, ocasionando o esvaziamento
completo dos atributos inerentes à propriedade, retirando-lhe o domínio útil do imóvel. Além
disso, o art. 49 da Lei nº 9.985/2000 estabelece que a área de uma unidade de
conservação de proteção integral é considerada zona rural para efeitos legais, motivo pelo
qual não incide IPTU, mas sim ITR, sendo este último tributo de competência tributária
exclusiva da União. STJ. 2ª Turma. REsp 1695340-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 17/09/2019 (Info 657).
2018
79
aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou
desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições
decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção
ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas no
§ 3º, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período
anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.” O STF analisou a
constitucionalidade do art. 15-A do DL 3.365/41 e chegou às seguintes conclusões: 1) em
relação ao “caput” do art. 15-A do DL 3.365/41: 1.a) reconheceu a constitucionalidade do
percentual de juros compensatórios no patamar fixo de 6% ao ano para remuneração do
proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.b) declarou a
inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.c) deu interpretação conforme a Constituição ao
“caput” do art. 15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80%
do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2)
declarou a constitucionalidade do § 1º do art. 15-A, que condiciona o pagamento dos juros
compensatórios à comprovação da “perda da renda comprovadamente sofrida pelo
proprietário”; 3) declarou a constitucionalidade do § 2º do art. 15-A, afastando o pagamento
de juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de
eficiência iguais a zero; 4) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A, estendendo
as regras e restrições de pagamento dos juros compensatórios à desapropriação indireta.
5) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A; 6) declarou a constitucionalidade
da estipulação de parâmetros mínimo (0,5%) e máximo (5%) para a concessão de
honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários
ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27.
STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).
• Não cabimento de restituição pelo expropriado dos honorários periciais: Nas ações
de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a restituição,
pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA e
do MPF. STJ. 1ª Turma. REsp 1306051-MA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 08/05/2018 (Info 626).
2017
• É possível o tombamento por ato legislativo e o Estado pode tombar bem da União: O
princípio da hierarquia verticalizada, previsto no Decreto-Lei 3.365/1941, não se aplica ao
tombamento, disciplinado no Decreto-Lei 25/1937. A lei de tombamento apenas indica ser
80
aplicável a bens pertencentes a pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado e de
direito público interno. Ademais, o tombamento feito por ato legislativo possui caráter
provisório, ficando o tombamento permanente, este sim, restrito a ato do Executivo. Por fim,
o tombamento provisório por ato legislativo não precisa ser precedido de notificação prévia
da União, exigência restrita ao procedimento definitivo promovido pelo Executivo estadual.
STF. Plenário. ACO 1208 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 24/11/2017 (não
divulgado em info).
2016
81
da verdade dos fatos. STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o
acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 8/3/2016 (Info 817).
2015
2014
82
• Dispensa de citação do cônjuge na ação de desapropriação por utilidade pública: Na
ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel
desapropriado dispensa a do respectivo cônjuge. A desapropriação por utilidade pública
rege-se pelo Decreto-Lei nº 3.365/41. A ação de desapropriação é uma ação de natureza
real, uma vez que tem por objeto (pedido) a propriedade de um bem imóvel. O CPC/2015
determina que, nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários, em regra, tanto o
réu como o seu cônjuge devem ser citados (art. 73, § 1º, I) (art. 10, § 1º do CPC/1973).
Essa regra não se aplica nas ações de desapropriação por utilidade pública. Se a Fazenda
Pública ajuíza ação de desapropriação por utilidade pública contra o proprietário, o seu
cônjuge não precisará ser citado. Isso porque o art. 16 do DL 3.365/1941 (Lei das
Desapropriações) dispõe que a “citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário
dos bens; a do marido dispensa a da mulher”. Logo, não se aplica o § 1º do art. 10 do
CPC/1973 (art. 73, § 1º, I, do CPC/2015) considerando que esta é norma geral em relação
ao art. 16 do DL 3.365/41, que é lei específica. STJ. 2ª Turma. REsp 1404085-CE, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 5/8/2014 (Info 547).
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2013
• Estado que desapropria domínio útil de imóvel em terreno de marinha deverá pagar
laudêmio: A transferência, para fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel aforado
da União constitui operação apta a gerar o recolhimento de laudêmio. STJ. 2ª Turma. REsp
1296044-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/8/2013 (Info 528).
84
caso da ação contra a desapropriação indireta. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1359433/MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/03/2013).
2012
85
Súmulas
86
• Súmula 131-STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba
advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente
corrigidas. Válida.
• Súmula 141-STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados
sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente. Válida.
• Súmula 157-STF: É necessária prévia autorização do presidente da república para
desapropriação, pelos estados, de empresa de energia elétrica. Prevalece que ainda está
válida.
• Súmula 164-STF: No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios
desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência. Válida.
• Súmula 354-STJ: A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório
para fins de reforma agrária. Importante.
• Súmula 378-STF: Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado
do expropriado. Válida.
• Súmula 408-STJ: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após
a Medida Provisória 1.577 de 11/06/1997 devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001
e a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula 618 do Supremo Tribunal Federal.
Aprovada em 28/10/2009, DJe 24/11/2009. CANCELADA. Segundo afirmou o STJ:
Cancelamento da Súmula 408/STJ, por despicienda a convivência do enunciado com tese
repetitiva dispondo sobre a mesma questão (Tese 126/STJ). Providência de simplificação
da prestação jurisdicional. STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
28/10/2020. E qual é a Tese 126 do STJ? A atual redação é a seguinte:
O índice de juros compensatórios na desapropriação direta ou indireta é de 12% até
11.6.97, data anterior à publicação da MP 1577/97. STJ. 1ª Seção. PET 12344, Rel. Min.
Og Fernandes, julgado em 28/10/2020. Vale ressaltar que, mesmo antes do cancelamento
acima explicado, as súmulas 618-STF e 408-STJ já haviam sido superadas com a decisão
do STF na ADI 2332/DF.
87
• Súmula 476-STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante,
imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos
títulos. Válida.
• Súmula 561-STF: Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo
pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por
mais de uma vez. Válida.
• Súmula 617-STF: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a
diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente. Válida. Vide
Súmulas 141 e 131 do STJ.
• Súmula 652-STF: Não contraria a Constituição o art. 15, § 1º, do Dl. 3.365/41 (Lei da
Desapropriação por utilidade pública). Importante.
(...)
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VIDEOAULAS
AULA 00
DIREITO EMPRESARIAL PÚBLICO:
Desestatizações, privatizações e participações minoritárias
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