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DIA 1

Constituição Federal: art. 1-4


LINDB
Código de Processo Civil: art. 1° - 15
Código Penal: art. 1° - 12
Código de Processo Penal: art. 1° - 3-F

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO1

SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassalle

● Soma dos fatores reais de poder.


● “Mera folha de papel”
● Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constituições: uma real, efetiva, correspondente à soma
dos fatores reais de poder que regem este país; e outra, escrita, que consistiria apenas numa “folha de
papel”.

POLÍTICA - Carl Schimtt

● Decisão política fundamental.


● Diferenciava Constituição de lei constitucional.
● Constituição: decisão política fundamental.
● Lei constitucional: pode ou não representar a Constituição, não dizendo respeito à decisão política
fundamental.
● A Constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte ; por isso mesmo é que essa
teoria é considerada DECISIONISTA ou VOLUNTARISTA.

JURÍDICA - Hans Kelsen

● Norma hipotética fundamental.


● Sentido lógico-jurídico: fundamento transcendental de sua validade. Norma hipotética fundamental.
● Sentido jurídico-positivo: serve de fundamento para as demais normas. A Constituição é o
pressuposto de validade de todas as leis.

CULTURALISTA - Michele Ainis

● Fato cultural, tomando por base os direitos fundamentais pertinentes à cultura.


● A Constituição é produto da cultura.
● Meirelles Teixeira a partir dessa concepção cultural cria o conceito de Constituição Total, segundo o
qual: "Constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e
ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e
reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político"

1
Tabelas feitas com base nas aulas do professor Marcello Novelino e Livro do Pedro Lenza.

1
(expressão retirada do livro do professor Dirley da Cunha Júnior na página 85, o qual retirou do livro de J.
H. Meirelles Teixeira página 78)2.

ABERTA - Peter Haberle

● Pode ser interpretada por qualquer do povo, não só pelos juristas

PLURALISTA - Gustavo Zagrebelsky

● Princípios universais

FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - Konrad Hesse

● Resposta à concepção sociológica de Lassale.


● A constituição escrita, por ter um elemento normativo, pode ordenar e conformar a realidade política e
social, ou seja, é o resultado da realidade, mas também interage com esta, modificando-a, estando aí
situada a força normativa da Constituição.

ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES

ORGÂNICO

● Estrutura do estado.
● Normas reguladoras da estrutura do Estado e do Poder

LIMITATIVOS

● Direitos fundamentais – limitam atuação estatal (caráter negativo).

SOCIOIDEOLÓGICO

● Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao longo da CF.


● Revelam a ideologia que permeia o conteúdo constitucional, podendo ser identificados nas normas que
consagram os direitos sociais (Capítulo II, Título II)

DE ESTABILIZAÇÃO

● Asseguram solução de conflitos institucionais e protegem a integridade da Constituição e do Estado

FORMAIS DE APLICABILIDADE

● Interpretação e aplicação da Constituição. Ex: Preâmbulo.

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https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-e-seus-sentidos-sociologico-politico-e-juridico#:~:text=Meirelles%20Teixeira%20a%20partir%20dessa,unidade%20pol
%C3%ADtica%2C%20e%20reguladoras%20da

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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

QUANTO AO CONTEÚDO

● Constituição material: possui apenas conteúdo constitucional.


● Constituição formal: além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não importa o seu
conteúdo, mas a forma por meio da qual foi aprovada.

QUANTO À FORMA

● Constituição escrita: é um documento formal, solene. OBS: Todas as Constituições brasileiras foram
escritas.
● Constituição não-escrita (costumeira, consuetudinária ou histórica): fruto dos costumes da
sociedade.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO

● Constituição dogmática: fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas de um momento


específico da história. OBS: Todas as Constituições brasileiras foram dogmáticas.
● Constituição histórica: fruto de uma lenta evolução histórica.

QUANTO À ORIGEM

● Constituição promulgada (democrática ou popular): feita pelos representantes do povo. Brasil:


CF-1891, CF-1934, CF-1946 e CF-1988.
● Constituição outorgada (ou carta constitucional): impostas ao povo pelo governante. Brasil: CF-1824
(Dom Pedro I), CF-1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime militar).
● Constituição cesarista (plebiscitária ou bonapartista): feita pelo governante e submetida a apreciação
do povo mediante referendo.
● Constituição pactuada (contratual ou dualista): fruto do acordo entre duas forças políticas de um país.
Ex: Constituição Francesa de 1791, Magna Carta de 1215.

QUANTO À EXTENSÃO

● Constituição sintética (breve, sumária, sucinta, resumida, concisa): trata apenas dos temas principais.
Ex: Constituição dos EUA.
● Constituição analítica (longa, volumosa, inchada, ampla, extensa, prolixa, desenvolvida, larga):
entra em detalhes de certas instituições. Ex: CF-1988.

QUANTO À IDEOLOGIA

● Constituição ortodoxa (ou monista): fixa uma única ideologia estatal. Ex: Constituição chinesa,
Constituição da ex-URSS.
● Constituição eclética (ou compromissória): permite a combinação de ideologias diversas.

QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO

● Constituição garantia (negativa ou abstencionista): limita-se a fixar os direitos e garantias


fundamentais. É uma carta declaratória de direitos.
● Constituição dirigente (ou programática): além de prever os direitos e garantias fundamentais, fixa
metas estatais. Ex: art. 196, CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º, parágrafo único, CF.

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QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO

● Constituição unitária (codificada, reduzida ou orgânica): formada por um único documento.


● Constituição variada (legal, inorgânica ou esparsa): formada por mais de um documento.
Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma Constituição unitária, mas vem passando por um processo de
descodificação.

QUANTO AO SISTEMA

● Constituição principiológica: possui mais princípios do que regras. Paulo Bonavides entende que é o
caso da CF/1988.
● Constituição preceitual: possui mais regras do que princípios.

QUANTO À ESSÊNCIA (CRITÉRIO ONTOLÓGICO) - KARL LOEWENSTEIN


http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7593

● Constituição semântica: é a Constituição cujas normas foram elaboradas para a legitimação de práticas
autoritárias de poder; geralmente decorrem da usurpação do Poder Constituinte do povo. Ex: CF-1937,
CF-1967.
● Constituição nominal (ou nominalista): quando não há uma concordância, absoluta, entre as normas
constitucionais e as exigências do processo político, estas não se adaptando àquelas, isto é, se a dinâmica
do processo político não se adaptar às normas da Constituição, esta será nominal. É Constituição sem
valor jurídico cujas normas, na maior parte, são ineficazes.
ATENÇÃO: Bernardo Gonçalves Fernandes, Marcelo Novelino e Marcelo Neves defendem que a
Constituição Federal de 1988 é nominal (e não normativa).
● Constituição normativa: são aquelas, que possuem valor jurídico, cujas normas dominam o processo
político, logrando submetê-lo à observação e adaptação de seus termos; é aquela, na qual, há uma
adequação entre o texto e a realidade social, o seu texto traduz os anseios de justiça dos cidadãos, sendo
condutor dos processos de poder.
ATENÇÃO: Pedro Lenza afirma que a Constituição brasileira está caminhando da Constituição nominal
para a normativa, é uma Constituição que se pretende normativa. Eduardo dos Santos afirma que a
classificação em questão examina como a Constituição é e não como ela pretende ser (SANTOS, Eduardo
dos. Manual de Direito Constitucional, 2 ed. p. 77)

QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO - JORGE MIRANDA

● Constituição heterônoma (ou heteroconstituição): feita em um país para vigorar em outro país.
● Constituição autônoma (homoconstituição ou autoconstituição): feita em um país para nele vigorar. É
a regra geral. Ex: Constituição brasileira.

CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA

● Constituição expansiva: além de ampliar temas já tratados, trata de novos temas. Ex: CF-1988.
● Constituição plástica: permite sua ampliação por meio de leis infraconstitucionais (segundo a lei, nos
termos da lei, etc.). Ex: CF-1988.

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QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA

● Constituição-lei: a constituição é tratada como uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao legislador
ordinário.
● Constituição-fundamento (constituição total ou ubiquidade constitucional): a constituição tenta
disciplinar detalhes da vida social. Dá uma pequena liberdade ao legislador ordinário.
● Constituição-moldura (Canotilho: Constituição-quadro): como a moldura de um quadro, a constituição
fixa os limites de atuação do legislador ordinário.

CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES

● É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, a CF/88 é
simbólica por ter um elevado número de normas programáticas e dispositivos de alto grau de abstração.
● Marcelo Neves afirma que a constitucionalização simbólica tem como objetivos confirmar determinados
valores sociais, desejando-se apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no
governo ou no Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e
apresentam o Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem efetividade. Por fim, teria
como terceiro objetivo adiar a solução de conflitos sociais, por meio de compromissos dilatórios,
postergando-se a verdadeira decisão para o futuro.

QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ RAMOS TAVARES

● Constituição liberal: possui apenas direitos individuais ou de 1a dimensão (ex: vida, liberdade,
propriedade). O Estado tem o dever principal de não fazer. Ex: CF-1824, CF-1891.
● Constituição social: além de direitos individuais, prevê direitos sociais ou de 2a dimensão (ex: saúde,
educação, moradia, alimentação). O Estado tem o dever principal de fazer. Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967,
CF-1988.

SEGUNDO JORGE MIRANDA

● Constituição provisória (ou pré-constituição): possui duração reduzida, até que seja elaborada a
constituição definitiva.
● Constituição definitiva: possui prazo indeterminado de duração. Ex: CF-1988.

CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO

● Periodicamente elabora-se uma constituição, fazendo uma análise do avanço social ocorrido nos anos
anteriores.

CONSTITUIÇÃO EM BRANCO

● Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado reformador.

QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE

● Constituição imutável (permanente, granítica ou intocável): não pode ser alterada, pretendendo-se
eterna e fundando-se na crença de que não haveria órgão competente para proceder à sua reforma. Pode
estar relacionada a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi imutável nos primeiros 4 anos (limitação
temporal).
● Constituição rígida: possui um processo de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis. Ex:

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CF-1988.
● Constituição flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Os países de
constituição flexível não possuem o controle de constitucionalidade.
● Constituição transitoriamente flexível: é a Constituição flexível por algum período, findo o qual se torna
uma Constituição rígida.
● Constituição semirrígida (ou semiflexível): parte dela é rígida e parte é flexível.
● Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo alterável
somente pelo próprio poder originário.
● Constituição super-rígida: é a Constituição rígida que possui um núcleo imutável.

CONSTITUIÇÃO DÚCTIL ou CONSTITUIÇÃO SUAVE - GUSTAVO ZAGREBELSKY

● Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite).


● É aquela que não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o
exercício dos mais variados projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, político e
econômico existente na sociedade.

CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL OU ORGÂNICA

● Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a Constituição seria disposta
em uma estrutura documental única.

CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL

● Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alçamento de


detalhes e interesses momentâneos ao patamar constitucional.
● Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que interessa à
sociedade como um todo, sem detalhamentos inúteis. Esse excesso de temas forma as constituições
substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional, não
o são, porque encontram-se limitadas nos seus objetivos.

CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL OU FORMAL

● É um "instrumento de governo definidor de competências, regulador de processos e estabelecedor


de limites à acção política" (Canotilho). Seu objetivo é definir competências, para limitar a ação dos
Poderes Públicos, além de representar apenas um instrumento pelo qual se eliminam conflitos sociais.

CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA


http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

● O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios tradicionalmente


reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público.
● A Constituição é fundamentalmente um conjunto normativo “destinado a assegurar posições de poder a
corporações e organismos estatais ou paraestatais. É a visão da Constituição “chapa-branca”, no sentido
de uma “Lei Maior da organização administrativa”. Apesar da retórica relacionada aos direitos
fundamentais e das normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do
setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos públicos entre
vários grupos.
● Leitura socialmente pessimista da Constituição que insiste na continuidade da visão

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estatalista-patrimonialista da Constituição e na centralidade do Poder Executivo em detrimento
tanto da promessa democrática como da tutela judicial dos direitos individuais.

CONSTITUIÇÃO UBÍQUA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

● Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico.


● Parte-se da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados pelo direito
constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um elemento onipresente no direito
brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que
incorporou uma infinidade de valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu
programa normativo.

CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

● Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes garantias ao direito


de propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na economia.

CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA


http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10959/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

Leitura da Constituição de 1988 com base nas seguintes características:


● Importância crucial dos direitos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a Constituição de 1988 um texto
denso exigente, limitando a liberdade do legislador e impondo sua implementação;
● Centralidade dos princípios constitucionais que se multiplicam e adquirem relevância prática e
aplicabilidade imediata, desde que sejam adotados métodos de interpretação abertos, evolutivos e
desvinculados da textualidade das regras, em particular a ponderação de princípios e/ou valores;
● Importância do Poder Judiciário que se torna protagonista da Constituição de 1988, em razão da ampliação
e da intensificação do controle de constitucionalidade e da incumbência de implementar o projeto
constitucional mediante aplicação de métodos “abertos” de interpretação.

CONSTITUIÇÃO ORAL

● É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de normas que deverão
reger a vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108).

CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL

● Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é
definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos” (BULOS, 2014, p. 108).

TRANSCONSTITUCIONALISMO

● É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes, se
entrelaçam para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2014, p. 90).

CONSTITUIÇÃO.COM ou “CROWDSOURCING”

● “É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio de sites de
relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem constitucionalizados. Foi a
Islândia que, pioneiramente, no ano de 2011, fez uma ‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p.

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112).

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

JURÍDICO ou HERMENÊUTICO CLÁSSICO - Ernerst Fosthoff

● Identidade entre Constituição e Leis.


● Utiliza critérios de Savigny

TÓPICO PROBLEMÁTICO - Theodor Viehweg

● Problema-norma.
● Estudo da norma através de um problema.

HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR - Konrad Hesse

● Norma-problema.
● Parte-se de pré-compreensões para se chegar ao sentido da norma.
● Interpretação concretizadora.
● Constituição tem força para compreender e alterar a realidade.

NORMATIVO ESTRUTURANTE - Frederic Muller

● Parte-se do direito positivo para se chegar à norma.


● Colhe elementos da realidade social para se chegar à norma.

CIENTÍFICO ESPIRITUAL - Ruldof Smend

● Não se utilizam apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores extra-constitucionais,
como a realidade social e cultura do povo.
● Interpretação sistêmica.

CONCRETISTA DA CONSTITUIÇÃO ABERTA - Peter Haberle

● Interpretação por todo o povo, não apenas pelos juristas

COMPARAÇÃO - Peter Haberle

● Comparar com as diversas Constituições.

PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

● Toda interpretação constitucional se assenta no pressuposto da superioridade jurídica da Constituição


sobre os demais atos normativos no âmbito do Estado. Assim, em razão da supremacia
constitucional, nenhum ato jurídico ou manifestação de vontade pode subsistir validamente se for
incompatível com a Lei Fundamental.
● Em razão da superlegalidade formal (Constituição como fonte primária da produção normativa,
identificando competências e procedimentos para a elaboração dos atos normativos inferiores) e material
da Constituição (subordina o conteúdo de toda a atividade normativa estatal à conformidade com os

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princípios e regras da Constituição), surge o controle de constitucionalidade (judicial review), que nada mais
é do que uma técnica de atuação da supremacia da Constituição.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO

● Não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se


considerar a norma como válida, deve o órgão competente abster-se da declaração de
inconstitucionalidade.
● Havendo alguma interpretação possível que permita afirmar-se a compatibilidade da norma com a
Constituição, em meio a outras que carreavam para ela um juízo de invalidade, deve o intérprete optar
pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em vigor.
● O princípio da presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público (presunção juris
tantum) é uma decorrência do princípio geral da separação dos Poderes e funciona como fator de
autolimitação da atividade do Judiciário que, em reverência à atuação dos demais Poderes, somente deve
invalidar os atos diante de casos de inconstitucionalidade flagrante e incontestável.

PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

● Diante de normas plurissignificativas ou polissêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se
preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição (ainda que não seja a que mais obviamente
decorra de seu texto) e, portanto, que não seja contrária ao texto constitucional.

PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

● A Constituição deve ser sempre interpretada em sua globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes
antinomias deverão ser afastadas.
● As normas deverão ser vistas como preceitos integrados (interpretação sistêmica) em um sistema unitário
de regras e princípios.

PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR OU DA EFICÁCIA INTEGRADORA

● Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista
que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política, ou seja, as normas
constitucionais devem ser interpretadas com o objetivo de integrar política e socialmente o povo de um
Estado Nacional.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE

● Consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana diretamente das ideias de justiça, equidade,
bom senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins;
precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e, ainda, enquanto
princípio geral do direito, serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico.
● Tal princípio exige a tomada de decisões racionais, não abusivas, e que respeitem os núcleos essenciais de
todos os direitos fundamentais. Como parâmetro, é possível destacar a necessidade de preenchimento de
3 importantes elementos:
a) Necessidade/exigibilidade: a adoção da medida que possa restringir direitos só se legitima se
indispensável para o caso concreto e não se puder substituí-la por outra menos gravosa.
b) Adequação/pertinência/idoneidade: o meio escolhido deve atingir o objetivo perquirido.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: sendo a medida necessária e adequada, deve-se investigar se o

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ato praticado, em termos de realização do objetivo pretendido, supera a restrição a outros valores
constitucionalizados. Podemos falar em máxima efetividade e mínima restrição.

PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE ou DA EFICIÊNCIA ou DA INTERPRETAÇÃO EFETIVA

● Deve ser entendido no sentido de a norma constitucional ter a mais ampla efetividade social.

PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA

● Os aplicadores da Constituição, entre as interpretações possíveis, devem adotar aquela que garanta maior
eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais, conferindo-lhes sentido prático e
concretizador, em clara relação com o princípio da máxima efetividade ou eficiência.

PRINCÍPIO DA JUSTEZA ou DA CONFORMIDADE (EXATIDÃO ou CORREÇÃO) FUNCIONAL

● O STF, ao concretizar a norma constitucional, será responsável por estabelecer a força normativa da
Constituição, não podendo alterar a repartição de funções constitucionalmente estabelecidas pelo
constituinte originário, como é o caso da separação de poderes, no sentido de preservação do Estado de
Direito.
● O seu intérprete final não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema
organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido.

PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA ou HARMONIZAÇÃO

● Partindo da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir


de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim,
evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro em choque. O fundamento da ideia de
concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios.

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

O preâmbulo da CR/88 NÃO PODE, por si só, servir de parâmetro de controle da constitucionalidade de
uma norma.

O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e,
dessa forma, norteia a interpretação do texto constitucional.

Em termos estritamente formais, o Preâmbulo constitui-se em uma espécie de introdução ao texto


constitucional, um resumo dos direitos que permearão a textualização a seguir, apresentando o processo
que resultou na elaboração da Constituição e o núcleo de valores e princípios de uma nação.

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O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da CF/88 constitui-se no marco da ruptura com o regime
anterior e garante a instalação e asseguramento jurídico dos direitos listados em seguida e até então
não dotados de força normativa constitucional suficiente para serem respeitados, sendo eles o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça.

Nos moldes jurídicos adotados pela CF/88, o preâmbulo se configura como um elemento que serve de
manifesto à continuidade de todo o ordenamento jurídico ao conectar os valores do passado - a situação
de início que motivou a colocação em marcha do processo legislativo - com o futuro - a exposição dos fins a
alcançar -, descrição da situação que se aspira a chegar.

A invocação à proteção de Deus NÃO TEM força normativa, NÃO sendo norma de reprodução
obrigatória na Constituição Estadual.
A invocação a Deus, presente no preâmbulo da CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz, contudo,
que o Brasil deixe de ser um Estado laico.

O preâmbulo constitucional situa-se no domínio da política e reflete a posição ideológica do constituinte.


Logo, não contém relevância jurídica, não tem força normativa, sendo mero vetor interpretativo das
normas constitucionais, não servindo como parâmetro para o controle de constitucionalidade (STF).

Não tem força normativa, embora provenha do mesmo poder constituinte originário que elaborou toda a
constituição

É destituído de qualquer cogência (MS 24.645 MC/DF);

NÃO INTEGRA o bloco de constitucionalidade;

Não cria direitos nem estabelece deveres;


Seus princípios não prevalecem diante do texto expresso da constituição;

NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO

TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA

● O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA POLÍTICA, sem relevância jurídica (STF).


ATENÇÃO: apesar de o preâmbulo não possuir força normativa, ele traz as intenções, o sentido, a origem,
as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo.
Trata-se, assim, de um referencial interpretativo-valorativo da Constituição.

TESE DA PLENA EFICÁCIA

● O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado
de forma não articulada.

TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA

● Ponto intermediário entre as duas, já que, muito embora participe "das características jurídicas da
Constituição'', não deve ser confundido com o articulado

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TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PRINCÍPIOS REGRAS

Normas mais amplas, abstratas, genéricas. Normas mais específicas, delimitadas, determinadas.

Alexy: princípios são MANDAMENTOS DE Alexy: são MANDADOS DE DEFINIÇÃO.


OTIMIZAÇÃO, que devem ser cumpridos na maior Dworkin: Devem ser cumpridas integralmente (all or
intensidade possível. nothing).
Dworkin: princípios são mandamentos normativos
aplicados na DIMENSÃO DE PESO ou DE
IMPORTÂNCIA.

Em caso de colisão, resolve-se pela PONDERAÇÃO. Em caso de conflito, resolve-se pela DIMENSÃO DE
VALIDADE.

Ex: dignidade da pessoa humana. Ex: eleição para Presidente da República.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS
(SO-CI-DI-VA-PLU):
I - a SOberania;
II - a CIdadania
III - a DIgnidade da pessoa humana;
IV - os VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o PLUralismo político.
Parágrafo único. TODO O PODER EMANA DO POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES – art. 1°, CF

PRINCÍPIO REPUBLICANO

“A República”

PRINCÍPIO FEDERATIVO

“Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”

PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

“constitui-se em Estado Democrático de Direito”

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

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Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de concessão
firmado por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos
regulatórios estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de alguns itens tarifários em
percentual superior ao do índice inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada de
todos os itens. STF. RE 1059819/PE, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 18.2.2022 (info 1044). Tese de Repercussão Geral – Tema 991

Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da República Federativa do Brasil (regra do verbo):


I - CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e solidária;
II - GARANTIR o desenvolvimento nacional;
III - ERRADICAR a pobreza e a marginalização e REDUZIR as desigualdades sociais e regionais;
IV - PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos humanos não gozam de
imunidade de jurisdição. STJ. RO 109-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 07/06/2022 (info 740).

DL 4657/42 - LINDB

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente
publicada - PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA SINCRÔNICA
§ 1o Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois
de oficialmente publicada.

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ENTRADA EM VIGOR

BRASIL ESTADO ESTRANGEIRO

45 dias, salvo disposição em contrário 3 meses

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor CONSIDERAM-SE LEI NOVA.

LC 95/98. Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável
para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua
publicação" para as leis de pequena repercussão.
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consumação integral.
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após
decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue
[PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA]
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, NÃO REVOGA NEM
MODIFICA a lei anterior.

REVOGAÇÃO TOTAL Ab-rogação

REVOGAÇÃO PARCIAL Derrogação

A lei nova taxativamente declara revogada a lei


REVOGAÇÃO EXPRESSA OU POR VIA DIRETA anterior ou aponta os dispositivos que pretende
retirar

A lei posterior é incompatível com a anterior, não


REVOGAÇÃO TÁCITA OU POR VIA OBLÍQUA havendo previsão expressa no texto a respeito da sua
revogação
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada NÃO SE RESTAURA por ter a lei revogadora perdido a
vigência. (REPRISTINAÇÃO)

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REPRISTINAÇÃO

É um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma efetivamente


revogada, pela revogação da norma que a revogou.
A repristinação deve ser expressa dada a dicção do artigo 2º, § 3º da LINDB

EFEITO REPRISTINATÓRIO / REPRISTINAÇÃO OBLÍQUA OU INDIRETA

É a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que a revogou é
declarada inconstitucional.
STF: “A declaração de inconstitucionalidade em tese encerra um juízo de exclusão, que, fundado numa
competência de rejeição deferida ao STF, consiste em remover do ordenamento positivo a manifestação
estatal inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as consequências daí
decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia das leis e das normas afetadas pelo ato declarado
inconstitucional”
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece [PRINCÍPIO DA
OBRIGATORIEDADE DA NORMA]

CORRENTES DOUTRINÁRIAS QUE PROCURAM JUSTIFICAR O CONTEÚDO DA NORMA

TEORIA DA FICÇÃO LEGAL

A obrigatoriedade foi instituída pelo ordenamento para a segurança jurídica

TEORIA DA PRESUNÇÃO ABSOLUTA

Haveria uma dedução iure et de iure de que todos conhecem as leis

TEORIA DA NECESSIDADE SOCIAL

Amparada, segundo Maria Helena Diniz, na premissa “de que as normas devem ser conhecidas para que
melhor sejam observadas”, a gerar o princípio da vigência sincrônica da lei

Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

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§ 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família

Estatuto pessoal: Pressupõe compatibilidade interna, chamada de filtragem constitucional. Somente é


possível aplicar a lei do domicílio se houver compatibilidade com o ordenamento interno.

§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos
dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares DO PAÍS
DE AMBOS os nubentes.
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do 1° domicílio
conjugal.
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e,
se este for diverso, a do 1° domicílio conjugal.
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge,
requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido
no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por
igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para
a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno,
poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de
sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.

Com a Emenda Constitucional 66, de 13 de julho de 2010, que instituiu o divórcio direto, a homologação de
sentença estrangeira de divórcio para alcançar eficácia plena e imediata não mais depende de decurso de
prazo, seja de um ou três anos, bastando a observância das condições gerais estabelecidas na Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no Regimento Interno do STJ.(SEC 4.445/EX, Rel. Ministro
RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/05/2015, DJe 17/06/2015)
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

§ 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não
emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou
naquele em que se encontre.

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Art. 8º [LEX SITUA] Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados.
§ 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele
trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa
apenhada.

Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada,
admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.

Art. 9, LINDB Art. 435, CC

A obrigação resultante do contrato reputa-se Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que


constituída no lugar em que residir o proponente. foi proposto.

norma de direito internacional privado norma de direito interno

aplicado a contratos em que as partes estão em aplicada às partes residentes no Brasil.


Estados diferentes
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

Art. 10. A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou
o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável
a lei pessoal do de cujus.

Na forma do art. 10, §1º, da LINDB e art. 5º, XXXI, da CF88, aplicar-se-á nesse processo a norma mais benéfica,
entre a brasileira e a do domicílio do de cujus, ao cônjuge ou filhos brasileiros, ou daqueles que os
representem. A doutrina vem denominando esta situação de Princípio do Prélèvement. (FIGUEIREDO,
Luciano e FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. 6ª ed. Bahia: Juspodivm, 2016, p. 77).
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

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LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DA PESSOA

Começo e fim da personalidade

Nome

Capacidade

Direitos de família

Penhor

LEI DO PAÍS DA SITUAÇÃO DOS BENS

Qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes

LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DO PROPRIETÁRIO

Bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares

LEI DO PAÍS EM QUE SE CONSTITUÍREM

Qualificar e reger as obrigações

LEI DO PAÍS EM QUE DOMICILIADO O DEFUNTO OU O DESAPARECIDO

Sucessão por morte ou por ausência

Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem
à lei do Estado em que se constituírem.
§ 1º Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos
constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2º Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído,
dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis
de desapropriação.
§ 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos
representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.

Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui
tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no
Brasil.
§ 2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei
brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao
objeto das diligências.

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos
meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.

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Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e
a vigência, se assim o juiz determinar.

Não viola a ordem pública brasileira o compartilhamento direto de dados bancários pelos órgãos
investigativos mesmo que, no Estado (país) de origem, essas informações tenham sido obtidas sem
prévia autorização judicial, se a reserva de jurisdição não é exigida pela legislação local. STJ. 5ª Turma.
AREsp 701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695)

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi
proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo STJ.

Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira
ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado.

A lei ou tratado internacional poderá facilitar ou dispensar a homologação de sentença estrangeira ou a


concessão do exequatur. Ex: a sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente de homologação pelo STJ (§ 5º do art. 961 do CPC/2015).
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA

LINDB CPC/15

a) haver sido proferida por juiz competente; I - ser proferida por autoridade competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente II - ser precedida de citação regular, ainda que
verificado à revelia; verificada a revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das III - ser eficaz no país em que foi proferida;
formalidades necessárias para a execução no lugar IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
em que foi proferida; V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo
d) estar traduzida por intérprete autorizado; disposição que a dispense prevista em tratado;
e) ter sido homologada pelo STJ. VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a
disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

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A TEORIA DO REENVIO, também conhecida como TEORIA DO RETORNO ou DA DEVOLUÇÃO é uma forma
de interpretação de normas do Direito Internacional Privado, de forma que haja substituição da lei
nacional pela lei estrangeira, de modo pelo qual seja desprezado o elemento de conexão da ordenação
nacional, dando preferência ao apontado pelo ordenamento jurídico alienígena.
Esse instituto é utilizado sempre que ocorrer problemas nas interpretações de ordem internacional,
servindo como meio importante de resolução de conflitos, e sempre que for necessário que o juiz aplique
direito estrangeiro.
O reenvio é uma interpretação que desconsidera a norma material da regra de conexão e aplica o direito
internacional privado estrangeiro para chegar à nova norma material, geralmente de âmbito nacional.
O reenvio pode ser dividido em 3 graus:
1° grau: consiste em dois países, onde o primeiro remete uma legislação ao segundo país, que por sua vez
reenvia ao primeiro;
2° grau: compõe-se por três países, onde o primeiro envia sua legislação ao segundo que a reenvia ao
terceiro;
3° grau: formado por quatro países, no qual o primeiro remete a legislação ao segundo, que por sua vez
encaminha ao terceiro e finalmente reenvia ao quarto.
Nesse sentido, o artigo 16 da LINDB proíbe o juiz nacional de aplicar o reenvio, cabendo apenas a
aplicação do Direito Internacional Privado brasileiro para determinar o direito material cabível, ficando a cargo
de estrangeiro, se houver, a aplicação do reenvio.
*http://sabendoodireito.blogspot.com/2013/12/reenvio-artigo-16.html?m=1

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia
no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o
casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos
filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio
consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos
legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e
à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu
nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento
§ 2º É INDISPENSÁVEL a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a
subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua
advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.

Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na
vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.

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Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares,
com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90
dias contados da data da publicação desta lei.

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas.

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado
a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes do agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma
natureza e relativas ao mesmo fato.

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,
deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as

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orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se
declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos
de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito
público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão
jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse
geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá
efeitos a partir de sua publicação oficial.
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais;
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por
orientação geral;
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções
aplicáveis em caso de descumprimento.

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da
conduta dos envolvidos.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua
forma e, se for o caso, seu valor.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre os
envolvidos.

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo
ou erro grosseiro.

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de
mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública,
observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.

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Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao
órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DEVIDO PROCESSO LEGAL

Art. 5º, LIV.


Assegura que ninguém perca os seus bens ou a sua liberdade sem que sejam respeitadas a lei e as garantias
processuais inerentes ao processo. Pode ser substancial ou processual.

ACESSO À JUSTIÇA

Art. 5º, XXXV.


A lei não pode excluir da apreciação do Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito. E o Judiciário
deve responder a todos os requerimentos a ele dirigidos (ação em sentido amplo).

CONTRADITÓRIO

Art. 5º, LV.


Deve-se dar ciência aos participantes do processo de tudo o que nele ocorre, dando-lhes oportunidade de se
manifestar e de se opor aos requerimentos do adversário

DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

Art. 5º, LXXVIII.


Princípio dirigido ao legislador e ao juiz. Ao legislador, a fim de que, na edição de leis processuais, cuide para
que o processo chegue ao fim almejado no menor tempo possível e com a maior economia de esforços e
gastos. Ao juiz, a fim de que conduza o processo com toda a presteza possível.

ISONOMIA

Art. 5º, caput e inc. I.


Também dirigida ao legislador e ao juiz, exige que a lei e o Judiciário tratem igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade (isonomia real).

IMPARCIALIDADE DO JUIZ

Art. 5º, LIII e XXXVII.


Para toda causa há um juiz natural, apurado de acordo com regras previamente existentes no ordenamento
jurídico. Em razão disso, é vedada a criação de juízos ou tribunais de exceção.

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Não tem previsão expressa.

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Conquanto não previsto, decorre implicitamente da adoção, pela CF, de um sistema de juízos e tribunais que
julgam recursos contra decisões inferiores. No entanto, nada impede que, em algumas circunstâncias, não
exista o duplo grau.

PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 5º, LX, que atribui à lei a regulamentação dos casos de sigilo (art. 189 do CPC).
Os atos processuais são públicos, o que é necessário para assegurar a transparência da atividade
jurisdicional. A Constituição atribui à lei a regulamentação dos casos de
sigilo, quando a defesa da intimidade ou o interesse público ou social o exigirem. Tal regulamentação foi feita
no art. 189 do CPC

MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES

Art. 93, IX.


Também para que haja transparência da atividade judiciária, há necessidade de que todas as decisões dos
juízos e tribunais sejam motivadas, para que os litigantes, os órgãos superiores e a sociedade possam
conhecer a justificação para cada uma das decisões.

PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL

DISPOSITIVO

Não há dispositivo específico.


Nos processos que versam sobre interesses disponíveis, as partes podem transigir, o autor pode renunciar ao
direito e o réu pode reconhecer o pedido. Cumpre ao interessado ajuizar a demanda e definir os limites
objetivos e subjetivos da lide. Mas, no que concerne à condução do processo e à produção de provas, vigora o
princípio inquisitivo, por força do art. 370 do CPC, sendo supletivas as regras do ônus da prova.

IMEDIAÇÃO

Art. 456 do CPC.


Derivado da oralidade, determina que o juiz colha diretamente a prova, sem intermediários

IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

Não há dispositivo específico no CPC, mas prevalece a regra do art. 132 do CPC de 1973.
O juiz que colheu prova oral em audiência fica vinculado ao julgamento do processo, desvinculando-se apenas
nas hipóteses do art. 132 do CPC de 1973.

CONCENTRAÇÃO

Art. 365 do CPC.


A audiência de instrução e julgamento é una e contínua. Caso não seja possível concluí-la no mesmo dia, o juiz
designará outra data em continuação

IRRECORRIBILIDADE, EM SEPARADO DAS INTERLOCUTÓRIAS

Art. 1.009, § 1º, do CPC.


Em regra, contra as decisões interlocutórias, o recurso cabível – o agravo – não suspenderá o processo

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PERSUASÃO RACIONAL

Art. 371 do CPC.


Cabe ao juiz apreciar livremente as provas, devendo indicar, na sentença, os motivos de sua decisão, que
devem estar amparados nos elementos constantes dos autos.

BOA-FÉ

Art. 5º do CPC.
Todos aqueles que participam do processo devem comportar-se de acordo com a boa-fé.

COOPERAÇÃO

Art. 6º do CPC.
Exige que as partes cooperem para que o processo alcance bom resultado, em tempo razoável.
Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil / Pedro Lenza ; Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – Esquematizado® – 11. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020

PARTE GERAL
LIVRO I - DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
TÍTULO ÚNICO - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
CAPÍTULO I - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.

FPPC369. (arts. 1º a 12) O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da
Parte Geral do CPC não é exaustivo
FPPC370. (arts. 1º a 12) Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio

A edição da Lei 13.105/2015, conhecida como Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015), consagrou o
entendimento de que o processo não deve ser um fim em si mesmo, devendo-se buscar uma adequada
mediação entre o direito nele previsto e a sua realização prática, a fim de torná-lo efetivo, exigindo-se
postura interpretativa orientada a reafirmar e reforçar esse objetivo. ADI 5.492/DF, relator Ministro Dias
Toffoli, julgamento virtual finalizado em 24.4.2023 (segunda-feira), às 23:59; ADI 5.737/DF, relator Ministro
Dias Toffoli, redator do acórdão Ministro Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 24.4.2023
(segunda-feira), às 23:59. (Info 1092 STF)

Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei. [PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO + PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL]

Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. [PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE
DA JURISDIÇÃO]

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§ 1o É PERMITIDA A ARBITRAGEM, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no
curso do processo judicial.

Súmula 485-STJ: A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição.

FPPC371. (arts. 3, §3º, e 165). Os métodos de solução consensual de conflitos devem ser estimulados
também nas instâncias recursais
FPPC485. (art. 3º, §§ 2º e 3º; art. 139, V; art. 509; art. 513) É cabível conciliação ou mediação no processo de
execução, no cumprimento de sentença e na liquidação de sentença, em que será admissível a
apresentação de plano de cumprimento da prestação.
FPPC573. (arts.3º,§§2ºe3º;334) As Fazendas Públicas devem dar publicidade às hipóteses em que seus órgãos
de Advocacia Pública estão autorizados a aceitar autocomposição.
FPPC618. (arts.3º, §§ 2º e 3º, 139, V, 166 e 168; arts. 35 e 47 da Lei nº 11.101/2005; art. 3º, caput, e §§ 1º e 2º,
art. 4º, caput e §1º, e art. 16, caput, da Lei nº 13.140/2015). A conciliação e a mediação são compatíveis
com o processo de recuperação judicial.
FPPC707. (art. 3º, § 3º; art. 151, caput, parágrafo único, da Lei nº 14.133/2021) A atuação das serventias
extrajudiciais e dos comitês de resolução de disputas (dispute boards) também integra o sistema brasileiro de
justiça multiportas.
FPPC708. (art. 3º, §3º; art. 35, III da lei 12.594/2012; art. 1º, III, da Resolução CNJ nº 225/2016; arts. 13-14 da
Resolução CNMP nº 118/2004) As práticas restaurativas são aplicáveis ao processo civil.

ESPÉCIES DE AUTOCOMPOSIÇÃO

TRANSAÇÃO

Ocorre por meio de transações bilaterais, ou seja, ambos renunciam a parcela de seus interesses, buscando a
realização de um acordo. Pode ocorrer judicial ou extrajudicialmente.

RENÚNCIA

O autor abdica/renuncia integralmente de sua pretensão

SUBMISSÃO

O réu reconhece a procedência do pleito autoral.


*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa. [PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO]

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Princípios da primazia da solução integral de mérito, executividade dos provimentos jurisdicionais e duração
razoável do processo.

FPPC372. (art. 4º) O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em
incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de
vícios para examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção.
FPPC373. (arts. 4º e 6º) As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética e lealdade, agindo de
modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução do mérito e cumprindo com
deveres mútuos de esclarecimento e transparência.
FPPC574. (arts.4º; 8º) A identificação de vício processual após a entrada em vigor do CPC de 2015 gera
para o juiz o dever de oportunizar a regularização do vício, ainda que ele seja anterior.
FPPC666 (arts. 4º, 139, X, 317, 488 e 932, parágrafo único; art. 5º, §3º, Lei 7.347/1985 e art. 9º da Lei de Ação
Popular) O processo coletivo não deve ser extinto por falta de legitimidade quando um legitimado
adequado assumir o polo ativo ou passivo da demanda

Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

FPPC374. (art. 5º) O art. 5º prevê a boa-fé objetiva


FPPC375. (art. 5º) O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva.
FPPC376. (art. 5º) A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
FPPC377. (art. 5º) A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração, decisões
diferentes sobre uma mesma questão de direito aplicável às situações de fato análogas, ainda que em
processos distintos.
FPPC378. (arts. 5º, 6º, 322, §2º, e 489, §3º) A boa fé processual orienta a interpretação da postulação e da
sentença, permite a reprimenda do abuso de direito processual e das condutas dolosas de todos os sujeitos
processuais e veda seus comportamentos contraditórios.
JDPC1 A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do animus do sujeito
processual.
JDPC2 As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se supletiva e subsidiariamente às Leis n.
9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009, desde que não sejam incompatíveis com as regras e princípios
dessas Leis.

COROLÁRIOS DA BOA-FÉ OBJETIVA

SUPRESSIO (VERWIRKUNG)

Supressão a um direito pelo seu não exercício. No campo processual, verifica-se na perda de um poder
processual pelo seu não exercício.
A chamada “nulidade de algibeira (ou de bolso) se configura quando a parte, embora tenha o direito de
alegar nulidade mantém-se inerte durante longo período, deixando para realizar a alegação no
momento que melhor lhe convier, não é admitida, por violar a boa-fé processual.

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Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos
autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.

SURRECTIO

Surgimento de um direito em razão da supressão causada pelo comportamento da parte contrária. Note-se
que surrectio e supressio são dois lados da mesma moeda.

EXCEPCIO DOLI

Defesa da parte contra ações dolosas da parte contrária, sendo a boa-fé nesse caso utilizada como
defesa. No processo vem sendo entendida como a exceção que a parte tem para paralisar o comportamento
de quem age dolosamente contra si.

VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM

Proíbe a adoção de comportamento contraditório (contrariando comportamento anterior), violando os


deveres de confiança e lealdade (a legítima confiança de outrem na conservação objetiva da conduta
anterior).
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Enunciado FPPC 376. (Art. 5º): A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão
jurisdicional.

TU QUOQUE

Como decorrência do princípio da boa-fé processual objetiva não pode a parte criar dolosamente situações
que viciem o processo para, depois, alegar nulidade, tirando proveito da situação. Assim, veda-se o
comportamento não esperado, adotado em situação de abuso.
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser
requerida pela parte que lhe deu causa.
Aquele que despreza a norma não pode dela se aproveitar.
*Informações retiradas do site https://blog.ebeji.com.br/funcoes-reativas-ou-aspectos-parcelares-da-boa-fe-objetiva-na-jurisprudencia-do-stj/

Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.

FPPC6. (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico processual não pode afastar os deveres inerentes à boa-fé e
à cooperação.
FPPC619. (arts.6º, 138, 982, II, 983, §1º) O processo coletivo deverá respeitar as técnicas de ampliação do
contraditório, como a realização de audiências públicas, a participação de amicus curiae e outros meios
de participação
FPPC667 (arts. 6º, 8º e 18; art. 6º, § 3º, da Lei n.º 4.717/1965) Admite-se a migração de polos nas ações
coletivas, desde que compatível com o procedimento.

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DEVERES DE COOPERAÇÃO DO JUIZ
“PECA”

PREVENÇÃO: O juiz deve advertir as partes sobre os riscos e deficiências das manifestações e
estratégias por elas adotadas, conclamando-as a corrigir os defeitos sempre que possível.

ESCLARECIMENTO: Cumpre ao juiz esclarecer-se quanto às manifestações das partes: questioná-las


quanto a obscuridades em suas petições; pedir que esclareçam ou especifiquem requerimentos feitos em
termos mais genéricos e assim por diante.

CONSULTA (DIÁLOGO): Impõe-se reconhecer o contraditório não apenas como garantia de embate entre as
partes, mas também como dever de debate do juiz com as partes

AUXÍLIO (ADEQUAÇÃO): o juiz deve ajudar as partes, eliminando obstáculos que lhes dificultem ou
impeçam o exercício das faculdades processuais.

Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades


processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.

FPPC107. (arts. 7º, 139, I, 218, 437, §2º) O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar
sobre a prova documental produzida.
FPPC235. (arts. 7º, 9º e 10, CPC; arts. 6º, 7º e 12 da Lei 12.016/2009) Aplicam-se ao procedimento do
mandado de segurança os arts. 7º, 9º e 10 do CPC.
FPPC379. (art. 7º) O exercício dos poderes de direção do processo pelo juiz deve observar a paridade de
armas das partes.

Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

FPPC380. (arts. 8º, 926, 927) A expressão “ordenamento jurídico”, empregada pelo Código de Processo Civil,
contempla os precedentes vinculantes
FPPC620. (arts.8º, 11, 554, §3º) O ajuizamento e o julgamento de ações coletivas serão objeto da mais ampla e
específica divulgação e publicidade.

Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II (as alegações de fato puderem ser
comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em

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súmula vinculante) e III (pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de
depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa);
III - à decisão prevista no art. 701 (sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu
prazo de 15 dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor
atribuído à causa).

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual
deva decidir de ofício [PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL - objetiva evitar decisões surpresas]

Não ofende o art. 10 do CPC/2015 o provimento jurisdicional que dá classificação jurídica à questão
controvertida apreciada em sede de embargos de divergência. EDcl nos EREsp 1.213.143-RS, Rel. Ministra
Regina Helena Costa, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 8/2/2023. (Info 763 STJ)

Em respeito ao princípio da não surpresa, é vedado ao julgador decidir com base em fundamentos
jurídicos não submetidos ao contraditório no decorrer do processo. REsp 2.049.725-PE, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 25/4/2023. (Info 772 STJ)

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

FPPC709. (art. 11; CF, art. 93, X, CF/1988) A oposição da parte ao julgamento virtual é suficiente para que seja
determinada a inclusão do processo em pauta presencial, física ou por videoconferência, independentemente
do cabimento de sustentação oral, garantida a participação do advogado.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, PREFERENCIALMENTE, à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública
em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do
pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos
repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;

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VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo CNJ;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências
legais.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento formulado pela parte NÃO
ALTERA a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a
conversão do julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente
se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de
complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II (publicado o acórdão paradigma o órgão que proferiu o
acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa necessária ou o
recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior).

FPPC382. (art. 12) No juízo onde houver cumulação de competência de processos dos juizados especiais com
outros procedimentos diversos, o juiz poderá organizar duas listas cronológicas autônomas, uma para os
processos dos juizados especiais e outra para os demais processos.
FPPC486. (art. 12; art. 489) A inobservância da ordem cronológica dos julgamentos NÃO IMPLICA, POR SI, A
INVALIDADE DO ATO DECISÓRIO

CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas
previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.

Art. 14. A norma processual NÃO RETROAGIRÁ e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada

SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: cada ato deve ser considerado isoladamente, devendo
ser regido pela lei em vigor no momento de sua prática.
Pelo SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS, não é possível a lei nova retroagir para
alcançar ato já praticado ou efeito dele decorrente; a lei nova só alcança os próximos atos a serem
praticados no processo.

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Fundamentos constitucionais para tal sistema: (i) princípio da segurança jurídica e a (ii) regra da
irretroatividade das leis.

STJ, REsp 1.404.79/SP: Ocorre que, por mais que a lei processual seja aplicada imediatamente aos processos
pendentes, deve-se ter conhecimento que o processo é constituído por inúmeros atos. Tal entendimento nos
leva à chamada “Teoria dos Atos Processuais Isolados”, em que cada ato deve ser considerado
separadamente dos demais para o fim de se determinar qual a lei que o rege, recaindo sobre ele a preclusão
consumativa, ou seja, a lei que rege o ato processual é aquela em vigor no momento em que ele é praticado.
Seria a aplicação do Princípio tempus regit actum. Com base neste princípio, temos que a lei processual
atinge o processo no estágio em que ele se encontra, onde a incidência da lei nova não gera prejuízo algum às
parte, respeitando-se a eficácia do ato processual já praticado. Dessa forma, a publicação e entrada em vigor
de nova lei só atingem os atos ainda por praticar, no caso, os processos futuros, não sendo possível falar em
retroatividade da nova norma, visto que os atos anteriores de processos em curso não serão atingidos.

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

JDPC3 As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se supletiva e subsidiariamente ao Código de


Processo Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei.
FPPC124 A desconsideração da personalidade jurídica no processo do trabalho deve ser processada na forma
dos arts. 133 a 137.

CÓDIGO PENAL

CONCEITO DE DIREITO PENAL

ASPECTO FORMAL ou ESTÁTICO

▸ Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações
penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas.

ASPECTO MATERIAL

▸ O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao


organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade.

ASPECTO SOCIOLÓGICO ou DINÂMICO

▸ O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a
harmônica convivência dos membros da sociedade.
▸ Aprofundando o enfoque sociológico
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes.
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais).

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- Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o Direito Civil, Direito Administrativo,
etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do controle social.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por
parte do Estado, valendo-se do Direito Penal.
IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica, ou
seja, pena privativa de liberdade (PPL)
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando os outros ramos do
direito falham.
*Tabelas de Direito Penal foram produzidas a partir de aulas do Professor Rogério Sanches

CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL


DIREITO PENAL
(CIÊNCIA PENAL) (CIÊNCIA POLÍTICA)

Analisa os fatos humanos Ciência empírica que estuda o Trabalha as estratégias e os meios
indesejados, define quais devem crime, o criminoso, a vítima e o de controle social da
ser rotulados como crime ou comportamento da sociedade. criminalidade.
contravenção, anunciando as
penas.

Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto


NORMA. FATO social. VALOR.

ex.: define como crime lesão no ex.: quais fatores contribuem para a ex.: estuda como diminuir a
ambiente doméstico e familiar. violência doméstica e familiar violência doméstica e familiar.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL

Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS

▸ O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, indispensáveis ao convívio da
sociedade.
▸ Decorrência do princípio da ofensividade.

Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA

▸ O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica
condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os
casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
▸ PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE (ou caráter fragmentário do Direito Penal): estabelece que nem
todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais
para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o
Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim
de permitir a criação de tipos penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa
de proteção de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.

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▸ FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS: situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de
interessar ao Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito.
IMPORTANTE: O princípio da insignificância é desdobramento lógico da fragmentariedade.
▸ PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros
ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o
controle da ordem pública. Assim, o Direito Penal funciona como um executor de reserva (ultima ratio),
entrando em cena somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos
invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem jurídico tutelado. Projeta-se no
plano concreto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios
disponíveis já tiverem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação,
portanto, com a tarefa de aplicação da lei penal.

Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE

Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO

▸ O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos.


ATENÇÃO: Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo baseada em seus
pensamentos, desejos e estilo de vida. Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato.
▸ RESQUÍCIOS DE DIREITO PENAL DO AUTOR NO DIREITO BRASILEIRO: Até 2009, mendicância era
contravenção penal; Vadiagem é contravenção penal.
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao direito penal do fato:
- Fixação da pena
- Regime de cumprimento da pena e espécies de sanção.

Princípio da LEGALIDADE

Art. 5º , II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;”
Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”

▸ DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:


a) não há crime ou pena sem lei (medida provisória não pode criar crime, nem cominar pena)
b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade)
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador)
d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador -
analogia in malam partem).
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da determinação; Proibição de criação
de tipos penais vagos e indeterminados)
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima)

▸ Fundamentos do Princípio da Legalidade


- JURÍDICO: taxatividade, certeza ou determinação.
- POLÍTICO: garantia contra a devida ingerência no Estado na vida particular.
- HISTÓRICO: Magna Carta (1215)
- DEMOCRÁTICO: separação dos poderes

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Princípio da OFENSIVIDADE/LESIVIDADE

▸ Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
▸ Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante e de terceiro, podem estar
sujeitas ao Direito Penal.
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio.
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante; porte de arma.
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
b) Perigo concreto:
● De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando pessoa certa em perigo.
● De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando vítima determinada.

Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO

Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL

▸ Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal coletiva.
▸ DESDOBRAMENTOS:
a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia genérica, vaga ou evasiva). O
Promotor de Justiça deve individualizar os comportamentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais
Superiores flexibilizam essa obrigatoriedade.
b) Obrigatoriedade da individualização da pena (é mandamento constitucional, evitando responsabilidade
coletiva).

Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA

▸ Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade condicionada
à existência da voluntariedade (dolo/culpa). Está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem
dolo ou culpa.
▸ Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA (autorizadas por lei):
1- Embriaguez voluntária
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita da imputabilidade, mas
também da consciência e vontade do agente.
2- Rixa Qualificada
Crítica: só responde pelo resultado agravador quem atuou frente a ele com dolo ou culpa, evitando-se
responsabilidade penal objetiva.
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais

Princípio da CULPABILIDADE

▸ Postulado limitador do direito de punir.


▸ Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente capaz, com potencial
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível
conduta diversa.

Princípio da ISONOMIA

▸ A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma igual o que é igual, e
desigualmente o que é desigual.

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Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

▸ Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a
que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo,
toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:”
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;”

Princípios relacionados com a PENA

Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

▸ A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana, vedando-se a sanção indigna,
cruel, desumana e degradante.

Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

▸ A individualização da pena deve ser observada em 3 momentos:


1- FASE LEGISLATIVA: observada pelo legislador no momento da definição do crime e na cominação de sua
pena. Pena abstrata.
2- FASE JUDICIAL: observada pelo juiz na fixação da pena. Pena concreta.
3- FASE DE EXECUÇÃO: garantindo-se a individualização da execução penal (art. 5°, LEP).

Princípio da PROPORCIONALIDADE

▸ Trata-se de princípio constitucional implícito (desdobramento da individualização da pena).


Curiosidade: foi durante o Iluminismo, marcado pela obra “Dos delitos e das penas” (Beccaria) que se
despertou maior atenção para a proporcionalidade na resposta estatal (Beccaria propunha a retribuição
proporcional).
RESUMO: a pena deve ajustar-se à gravidade do fato, sem desconsiderar as condições do agente.

▸ Dupla face do princípio da proporcionalidade (Lenio Streck):


1a Face: IMPEDIR A HIPERTROFIA DA PUNIÇÃO; GARANTISMO NEGATIVO (Ferrajoli); Garantia do
indivíduo contra o Estado.
2a Face: Evitar a insuficiência da intervenção do Estado (EVITAR PROTEÇÃO DEFICIENTE); Imperativo de
tutela; GARANTISMO POSITIVO (Ferrajoli); Garantia do indivíduo em ver o Estado protegendo bens
jurídicos com eficiência.

Princípio da PESSOALIDADE

“Artigo 5º, XLV CF – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.”

Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”

▸ Veda-se segunda punição pelo mesmo fato.


▸ Exceção: Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas – possibilidade do sujeito ser processado duas
vezes pelo mesmo fato.

36
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ

EDIÇÃO N. 219: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

1) A aplicação do princípio da insignificância requer a presença cumulativa das seguintes condições


objetivas:
a) mínima ofensividade da conduta do agente;
b) nenhuma periculosidade social da ação;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente; e
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.

2) A reiteração delitiva, a reincidência e os antecedentes, EM REGRA, afastam a aplicação do princípio


da insignificância, por ausência de reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente.

3) É possível aplicar, EXCEPCIONALMENTE, o princípio da insignificância, inclusive nas hipóteses de reiteração


delitiva, reincidência ou antecedentes, se as peculiaridades do caso concreto evidenciarem
inexpressividade da lesão jurídica provocada e reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento do agente.

4) É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a


mulher no âmbito das relações domésticas (Súmula n. 589/STJ).

5) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20
da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da
Fazenda (Tese revisada sob o rito do art. 1.046 do CPC/2015 - TEMA 157).

6) É POSSÍVEL aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n. 157/STJ, para fins de incidência do princípio
da insignificância no patamar estabelecido pela União aos tributos dos demais entes federados, quando
existir lei local no mesmo sentido da lei federal.

7) Não se aplica o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.

● Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicações:


Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de
R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrente para o crime.

8) Os delitos de porte ou posse de munição, de uso permitido ou restrito, são crimes de mera conduta e
de perigo abstrato, em que se presume a potencialidade lesiva e, por isso, EM REGRA, não é aplicável o
princípio da insignificância.

9) É POSSÍVEL aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de munição de uso
permitido ou restrito, DESDE QUE a quantidade apreendida seja pequena e esteja desacompanhada de
armamento apto ao disparo e as circunstâncias do caso concreto demonstrem a ausência de lesividade da

37
conduta.

10) NÃO É POSSÍVEL aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de munição, de
uso permitido ou restrito, AINDA QUE em pequena quantidade e desacompanhada de armamento apto
ao disparo, se a apreensão acontecer no contexto do cometimento de outro crime.

EDIÇÃO N. 220: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA II

1) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública (Súmula n.


599/STJ).

2) É possível, EXCEPCIONALMENTE, afastar a incidência da Súmula n. 599/STJ para aplicar o princípio da


insignificância aos crimes praticados contra a administração pública quando for ínfima a lesão ao bem
jurídico tutelado.

3) O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de estelionato cometido contra a administração


pública, uma vez que a conduta ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública, e possui
elevado grau de reprovabilidade.

4) A obtenção de vantagem econômica indevida mediante fraude ao programa do seguro-desemprego


afasta a aplicação do princípio da insignificância.

5) O princípio da insignificância não se aplica aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de


sonegação de contribuição previdenciária, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência da
Previdência Social.

6) Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes previstos na Lei n. 7.492/1986, diante da
necessidade de maior proteção à credibilidade, estabilidade e higidez do Sistema Financeiro Nacional.

7) Nos crimes ambientais, é cabível a aplicação do princípio da insignificância como causa excludente
de tipicidade da conduta, DESDE QUE presentes os seguintes requisitos: conduta minimamente ofensiva,
ausência de periculosidade do agente, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e lesão
jurídica inexpressiva.

8) É inaplicável o princípio da insignificância ao delito de violação de direito autoral.

9) É inaplicável o princípio da insignificância na conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas, diante da
reprovabilidade e ofensividade do delito.

10) Não é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de dano qualificado ao patrimônio
público, diante da lesão a bem jurídico de relevante valor social, que afeta toda a coletividade.

EDIÇÃO N. 221: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA III

1) Para fins de aplicação do princípio da insignificância na hipótese de furto, é imprescindível compreender


a distinção entre valor irrisório e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime (fato atípico) e o
segundo pode caracterizar furto privilegiado.

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2) A lesão jurídica resultante do crime de furto, em regra, não pode ser considerada insignificante
quando o valor dos bens subtraídos for superior a 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos.

3) A restituição da res furtiva à vítima não constitui, por si só, motivo suficiente para a aplicação do
princípio da insignificância.

4) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de furto praticado com corrupção de filho menor,
AINDA QUE o bem possua inexpressivo valor pecuniário, pois as características dos fatos revelam elevado
grau de reprovabilidade do comportamento.

5) A prática de furto qualificado, em regra, afasta a aplicação do princípio da insignificância, por revelar,
a depender do caso, maior periculosidade social da ação e/ou elevado grau de reprovabilidade do
comportamento do agente.

6) É possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de furto qualificado quando há, no caso
concreto, circunstâncias excepcionais que demonstrem a ausência de interesse social na intervenção
do Estado.

7) A reiteração delitiva afasta a aplicação do princípio da insignificância no crime de descaminho.

8) Inaplicável o princípio da insignificância ao crime do art. 273 do CP, qualquer que seja a quantidade de
medicamentos apreendidos, pois a conduta traz prejuízos efetivos à saúde pública.

9) Não se aplica o princípio da insignificância na hipótese em que o agente introduz no território nacional
medicamentos não autorizados pelas autoridades competentes, diante da potencial lesividade à saúde
pública.

10) É possível, excepcionalmente, aplicar o princípio da insignificância aos casos de importação não
autorizada de pequena quantidade de medicamento para consumo próprio.

11) O princípio da insignificância não se aplica aos delitos do art. 33, caput, e do art. 28 da Lei de Drogas,
pois são crimes de perigo abstrato ou presumido.

12) Não é possível aplicar o princípio da insignificância à importação não autorizada de arma de pressão,
pois configura delito de contrabando, que tutela, além do interesse econômico, a segurança e a
incolumidade pública.

TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

Lei penal no tempo

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Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, CESSANDO em virtude
dela a EXECUÇÃO e os EFEITOS PENAIS da sentença condenatória (abolitio criminis)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado (retroatividade de lei penal
benéfica)

TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR) RETROATIVIDADE

Fato atípico Fato típico Irretroatividade

Fato típico Aumento de pena, p.ex. Irretroatividade

Fato típico Supressão de figura Retroatividade


criminosa

Fato típico Diminuição de pena, p.ex. Retroatividade

Fato típico Migra o conteúdo criminoso para Princípio da continuidade


outro tipo penal normativo-típica

ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVA-TÍPICO

O crime é revogado formal e materialmente. O crime é revogado formalmente, mas não


materialmente.

O fato não é mais punível (ocorre extinção da O fato continua sendo punível (a conduta criminosa é
punibilidade – art. 107, III, do CP). deslocada para outro tipo penal).

Exemplo: crime de adultério (art. 240 do CP), Exemplo: crime de atentado violento ao pudor passou
revogado. a ser tipificado no art. 213 em conjunto com o crime
de estupro (Lei 12.015/2009).
MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017.

Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES a
aplicação de lei mais benigna.

Lei excepcional ou temporária


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (ultratividade)

A lei excepcional ou temporária possuem duas características essenciais:


- Autorrevogabilidade
- Ultratividade

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Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado.

TEMPO DO CRIME

Considera-se praticado o crime no momento da conduta (A/O)


TEORIA DA ATIVIDADE
Adotada

TEORIA DO RESULTADO Considera-se praticado o crime no momento do resultado.

Considera-se praticado o crime no momento da conduta (A/O) ou do


TEORIA MISTA ou UBIQUIDADE
resultado.

Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

O crime de injúria praticado pela internet por mensagens privadas, as quais somente o autor e o
destinatário têm acesso ao seu conteúdo, consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento
do conteúdo ofensivo. STJ. 3ª Seção. CC 184.269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/02/2022 (Info 724)

LUGAR DO CRIME

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O crime considera-se praticado no lugar da conduta.
TEORIA DA ATIVIDADE

TEORIA DO RESULTADO O crime considera-se praticado no lugar do resultado.

O crime considera-se praticado no lugar da conduta ou do resultado.


TEORIA MISTA ou UBIQUIDADE
Adotada

DICA: LuTa (Lugar do crime = Ubiquidade/Tempo do crime=Atividade)

CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS


(ART. 6.º DO CP X ART. 70 DO CPP)

TEORIA DA UBIQUIDADE (ART. 6.º DO CP) TEORIA DO RESULTADO (ART. 70 DO CPP)

O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas ou
território de dois ou mais países, ou seja, conflitos mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, conflitos
internacionais de jurisdição. internos de competência local.

Nos CRIMES À DISTÂNCIA (ou crimes de espaço Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito envolve
máximo), a prática do delito envolve o território de duas ou mais comarcas/ seções judiciárias dentro do
dois ou mais países. mesmo país.
MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017.

NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA UBIQUIDADE

● Crimes Conexos: não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não constituem unidade
jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado no país em que foi cometido.

● Crimes Plurilocais: aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do Código de Processo Penal, ou seja, a
competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo
local em que for praticado o último ato de execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se
a teoria da atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução criminal
em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real

● Infrações penais de menor potencial ofensivo: teoria da atividade - “A competência do Juizado será
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal” (art. 63, L. 9099)

● Crimes falimentares: foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou
homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei 11.101/2005)

● Atos infracionais: competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei 8.069/1990 – ECA, art.
147, § 1.º).
Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.

Extraterritorialidade

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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I (INCONDICIONADA)- os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (P. DEFESA OU REAL);
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (P.
DEFESA OU REAL);
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (P. DEFESA OU REAL);
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (P. PERSONALIDADE OU
NACIONALIDADE);
II (CONDICIONADA) - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (P. JUSTIÇA UNIVERSAL);
b) praticados por brasileiro (P. NACIONALIDADE ATIVA);
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados (P. REPRESENTAÇÃO).
§ 1º - Nos casos do inciso I (INCONDICIONADA), o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro (possibilidade de dupla condenação pelo mesmo fato)
§ 2º - Nos casos do inciso II (CONDICIONADA), a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (HIPERCONDICIONADA)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro


Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
ou nela é computada, quando idênticas.

Eficácia de sentença estrangeira


Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis (depende de pedido da
parte interessada)
II - sujeitá-lo a medida de segurança. (depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do ministro da justiça).
Parágrafo único - A homologação depende:

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a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

Contagem de prazo +C-F


Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

Frações não computáveis da pena


Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e,
na pena de multa, as frações de cruzeiro.

Legislação especial
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
modo diverso.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

LIVRO I - DO PROCESSO EM GERAL


TÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro (PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE OU LEX
FORI), por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100 arts. 50, § 2º; 52, I, parágrafo único; 85; 86, § 1º, II; e 102, I,
b );
III - os processos da competência da Justiça Militar (aplicação subsidiária do CPP – art. 3°, “a”, CPPM);
IV - os processos da competência do tribunal especial (inciso não é mais válido)
V - os processos por crimes de imprensa (inciso não é mais válido; STF não recepcionou a Lei de Imprensa).
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis
especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior. [“TEMPUS REGIT ACTUM” OU PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE]

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JDPP 1 A norma puramente processual tem eficácia a partir da data de sua vigência, conservando-se os
efeitos dos atos já praticados. Entende-se por norma puramente processual aquela que regulamente
procedimento sem interferir na pretensão punitiva do Estado. A norma procedimental que modifica a
pretensão punitiva do Estado deve ser considerada norma de direito material, que pode retroagir se
for mais benéfica ao acusado.

Art. 3o A lei processual penal ADMITIRÁ INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E APLICAÇÃO ANALÓGICA, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PENAL

Admite interpretação extensiva. Prevalece que não se admite interpretação extensiva


em prejuízo do réu.

Admite analogia. É possível o emprego da analogia desde que seja in


bonnan partem (em favor do réu). O princípio da
legalidade proíbe a analogia in mallan partem (contra o
réu).

Admite interpretação analógica. Admite interpretação analógica.


https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/da9e6a4a4aeca98588e4dd77ceb37695?lei=4&artigo=3525&criterio-pesquisa=e

JUIZ DAS GARANTIAS

O STF fixou a seguinte regra de transição: quanto às ações penais já instauradas no momento da efetiva
implementação do juiz das garantias pelos tribunais, a eficácia da lei não acarretará qualquer
modificação do juízo competente. STF, ADI 6298.

Art. 3º-A. O processo penal terá ESTRUTURA ACUSATÓRIA, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (LEI 13964/19)

Adoção do SISTEMA ACUSATÓRIO de forma expressa

SISTEMA INQUISITORIAL

▸ Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, que estão concentradas em uma única
pessoa.
▸ Juiz inquisidor, com ampla iniciativa acusatória e probatória.
▸ Princípio da verdade real.

SISTEMA ACUSATÓRIO (ADOTADO NO BRASIL)

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▸ Há separação das funções de acusar, defender e julgar.
▸ Princípio da busca da verdade.
▸ A gestão da prova recai sobre as partes. O juiz, durante a instrução processual, tem certa iniciativa
probatória (subsidiariamente)

SISTEMA MISTO ou FRANCÊS

▸ Há uma fase inquisitorial e uma fase acusatória.

O STF atribui interpretação conforme ao art. 3º-A do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, para assentar que o
juiz, pontualmente, nos limites legalmente autorizados, pode determinar a realização de diligências
suplementares, para o fim de dirimir dúvida sobre questão relevante para o julgamento do mérito. STF, ADI
6298.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder
Judiciário, competindo-lhe especialmente: (LEI 13964/19)
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição
Federal; (LEI 13964/19)
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no
art. 310 deste Código; (LEI 13964/19)
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
presença, a qualquer tempo; (LEI 13964/19)
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; (LEI 13964/19)
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no §
1º deste artigo; (LEI 13964/19)
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto
neste Código ou em legislação especial pertinente; (LEI 13964/19)
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; (LEI 13964/19)
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas
pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; (LEI 13964/19)
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua
instauração ou prosseguimento; (LEI 13964/19)
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação;
XI - decidir sobre os requerimentos de: (LEI 13964/19)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras
formas de comunicação; (LEI 13964/19)
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; (LEI 13964/19)
c) busca e apreensão domiciliar; (LEI 13964/19)
d) acesso a informações sigilosas; (LEI 13964/19)
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; (LEI 13964/19)

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XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; (LEI 13964/19)
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; (LEI 13964/19)
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; (LEI
13964/19)
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor
de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal,
salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; (LEI 13964/19)
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; (LEI 13964/19)
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada,
quando formalizados durante a investigação; (LEI 13964/19)
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. (LEI 13964/19)
§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória será encaminhado à presença do
juiz de garantias no prazo de 24 horas, momento em que se realizará audiência com a presença do
Ministério Público e da Defensoria Pública ou de advogado constituído, VEDADO o emprego de
videoconferência (LEI 13964/19)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 dias,
após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (LEI
13964/19)

O STF, na ADI 6298, fixou os seguintes pontos:


● Declarou a constitucionalidade do caput do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, e, por
unanimidade, fixou o prazo de 12 meses, a contar da publicação da ata do julgamento, para que
sejam adotadas as medidas legislativas e administrativas necessárias à adequação das
diferentes leis de organização judiciária, à efetiva implantação e ao efetivo funcionamento do juiz
das garantias em todo o país, tudo conforme as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça e sob a
supervisão dele. Esse prazo poderá ser prorrogado uma única vez, por no máximo 12 meses,
devendo a devida justificativa ser apresentada em procedimento realizado junto ao Conselho Nacional
de Justiça.
● Declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do art. 20 da Lei 13.964/2019, quanto
à fixação do prazo de 30 dias para a instalação dos juízes das garantias.
● Atribui interpretação conforme aos incisos IV, VIII e IX do art. 3º-B do CPP, incluídos pela Lei nº
13.964/2019, para que todos os atos praticados pelo Ministério Público como condutor de
investigação penal se submetam ao controle judicial (HC 89.837/DF, Rel. Min. Celso de Mello) e
fixou o prazo de até 90 dias, contados da publicação da ata do julgamento, para os
representantes do Ministério Público encaminharem, sob pena de nulidade, todos os PIC e
outros procedimentos de investigação criminal, mesmo que tenham outra denominação, ao
respectivo juiz natural, independentemente de o juiz das garantias já ter sido implementado na
respectiva jurisdição.
● Atribui interpretação conforme ao inciso VI do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019,
para prever que o exercício do contraditório será preferencialmente em audiência pública e oral.
● Atribui interpretação conforme ao inciso VII do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019,
para estabelecer que o juiz pode deixar de realizar a audiência quando houver risco para o

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processo, ou diferi-la em caso de necessidade.
● Declarou a inconstitucionalidade do inciso XIV do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, e
atribuiu interpretação conforme para assentar que a competência do juiz das garantias cessa
com o OFERECIMENTO da denúncia.
● Atribui interpretação conforme ao § 1º do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, para
estabelecer que o preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória será
encaminhado à presença do juiz das garantias, no prazo de 24 horas, salvo impossibilidade
fática, momento em que se realizará a audiência com a presença do ministério público e da
defensoria pública ou de advogado constituído, cabendo, excepcionalmente, o emprego de
videoconferência, mediante decisão da autoridade judiciária competente, desde que este meio seja
apto à verificação da integridade do preso e à garantia de todos os seus direitos.
● Atribui interpretação conforme ao § 2º do art. 3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, para
assentar que: a) o juiz pode decidir de forma fundamentada, reconhecendo a necessidade de
novas prorrogações do inquérito, diante de elementos concretos e da complexidade da
investigação; e b) a inobservância do prazo previsto em lei não implica a revogação automática
da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a avaliar os motivos que a ensejaram,
nos termos da ADI 6581.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA POR VIDEOCONFERÊNCIA

“A Resolução 357/20 do CNJ, alterando o art. 19 da sua Resolução 329/20, admite a audiência de custódia por
videoconferência quando não for possível a realização presencial em 24 horas. Deve ser garantido o direito de
entrevista prévia e reservada entre o preso e o advogado ou defensor, tanto presencialmente quanto por
videoconferência, telefone ou qualquer outro meio de comunicação. Para prevenir qualquer tipo de abuso ou
constrangimento ilegal:
I – deverá ser assegurada privacidade ao preso na sala em que se realizar a videoconferência. O preso deve
permanecer sozinho durante a realização de sua oitiva, ressalvada a possibilidade de presença física de seu
advogado ou defensor no ambiente;
II – a condição exigida no inciso I poderá ser certificada pelo próprio Juiz, Ministério Público e Defesa, por meio
do uso concomitante de mais de uma câmera no ambiente ou de câmeras 360 graus, de modo a permitir a
visualização integral do espaço durante a realização do ato;
III – deverá haver também uma câmera externa a monitorar a entrada do preso na sala e a porta desta; e
IV – o exame de corpo de delito, a atestar a integridade física do preso, deverá ser realizado antes do ato.
A norma administrativa ainda dispõe que deve ser assegurada a participação do Ministério Público, que pode
propor, inclusive, o acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP). Alerta, por fim, que as salas
destinadas à realização de atos processuais por sistema de videoconferência podem ser fiscalizadas pelas
corregedorias e pelos juízes que presidem as audiências. Agora, com a promulgação do §1º do art. 3º-B,
instala-se o retrocesso. A videoconferência não pode ser demonizada; deve ser encarada como inevitável
instrumento de progresso, celeridade e eficiência. Adotadas as cautelas impostas pelo CNJ, a presença virtual
não traz prejuízos.”
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/04/21/pacote-anticrime-congresso-derruba-vetos-dispositivos-cp-cpp-e-da-lep/

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A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora do âmbito territorial da
jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial
competente na localidade em que ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua
realização por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar.
STJ. 3ª Seção. CC 168522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (Info 663).

OBSERVAÇÕES
● Após esse julgado, o CNJ aprovou resolução proibindo a realização de audiência de custódia por
videoconferência. Segundo o Min. Dias Toffoli, “audiência de custódia por videoconferência não é
audiência de custódia e não se equiparará ao padrão de apresentação imediata de um preso a um juiz,
em momento consecutivo a sua prisão, estandarte, por sinal, bem definido por esse próprio Conselho
Nacional de Justiça quando fez aplicar em todo o país as disposições do Pacto de São José da Costa Rica.”
● Considerando a pandemia mundial (Covid-19), o CNJ aprovou a Resolução 357/2020, permitindo a
audiência de custódia por videoconferência quando não for possível a realização, em 24 horas, de forma
presencial. Além disso, também prevê a possibilidade de o Ministério Público propor acordo de não
persecução penal (ANPP) nas hipóteses previstas no artigo 28-A do Código de Processo Penal.

No mesmo sentido, confira esse julgado do STF:


A pandemia causada pelo novo coronavírus não afasta a imprescindibilidade da audiência de custódia, que
deve ser realizada, caso necessário, por meio de videoconferência, diante da ausência de lei em sentido formal
que proíba o uso dessa tecnologia.
A audiência por videoconferência, sob a presidência do Juiz, com a participação do autuado, de seu defensor
constituído ou de Defensor Público, e de membro do Ministério Público, permite equacionar as medidas
sanitárias de restrição decorrentes do contexto pandêmico com o direito subjetivo do preso de participar de
ato processual vocacionado a controlar a legalidade da prisão.
STF. 2ª Turma. HC 186421, Rel. Celso de Mello, Rel. P/ Acórdão Edson Fachin, julgado em 20/10/2020.

A Recomendação 62/2020 do CNJ não aconselha a realização de audiência de custódia na forma presencial.
Realização por videoconferência. Medida destinada a minimizar os riscos de contaminação dos suspeitos,
membros do Ministério Público, magistrados, defensores e servidores. O atual estado de guerra viral sugere
cautela e prudência a fim de evitar seu agravamento. (...) Agravo improvido, com determinação para que o
Juízo realize a audiência de custódia em ambiente virtual, com nova avaliação da necessidade da prisão
preventiva, de forma fundamentada.
STF. 2ª Turma HC 198399, Rel. Min. Gilmar Mendes de Mello, julgado em 22/04/2021.

⚠️ ATENÇÃO: Com o julgamento da ADI 6298, foi atribuída a interpretação conforme ao inciso VI do art.
3º-B do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, para prever que o exercício do contraditório será
preferencialmente em audiência pública e oral, porém o juiz pode deixar de realizar a audiência
quando houver risco para o processo, ou diferi-la em caso de necessidade.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. (Não) É cabível a realização de audiência de custódia por meio de videoconferência. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:

<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/219e052492f4008818b8adb6366c7ed6>. Acesso em: 26/04/2021

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Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, EXCETO AS DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste código.
(LEI 13964/19)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento.
(LEI 13964/19)
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias NÃO VINCULAM o juiz da instrução e julgamento, que, após o
recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso,
no prazo máximo de 10 dias. (LEI 13964/19)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo
enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis,
medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento
em apartado. (LEI 13964/19)
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. (LEI
13964/19)

CPP STF

A competência do juiz das garantias abrange todas As normas relativas ao juiz das garantias NÃO SE
as infrações penais, EXCETO AS DE MENOR APLICAM ÀS SEGUINTES SITUAÇÕES:
POTENCIAL OFENSIVO. a) processos de competência originária dos
tribunais, os quais são regidos pela Lei nº
8.038/1990;
b) processos de competência do tribunal do júri;
c) casos de violência doméstica e familiar; e
d) infrações penais de menor potencial ofensivo.

A competência do juiz das garantias cessa com o A competência do juiz das garantias cessa com o
RECEBIMENTO da denúncia ou queixa. OFERECIMENTO da denúncia.

O STF, na ADI 6298, fixou os seguintes pontos:


● Atribuiu interpretação conforme à primeira parte do caput do art. 3º-C do CPP, incluído pela Lei nº
13.964/2019, para esclarecer que as normas relativas ao juiz das garantias NÃO SE APLICAM ÀS
SEGUINTES SITUAÇÕES:
a) processos de competência originária dos tribunais, os quais são regidos pela Lei nº 8.038/1990;
b) processos de competência do tribunal do júri;
c) casos de violência doméstica e familiar; e
d) infrações penais de menor potencial ofensivo.
● Declarou a inconstitucionalidade da expressão “recebimento da denúncia ou queixa na forma do
art. 399 deste Código” contida na segunda parte do caput do art. 3º-C do CPP, incluído pela Lei nº
13.964/2019, e atribuiu interpretação conforme para assentar que a competência do juiz das
garantias cessa com o OFERECIMENTO da denúncia.
● Declarou a inconstitucionalidade do termo “Recebida” contido no § 1º do art. 3º-C do CPP, incluído

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pela Lei nº 13.964/2019, e atribuiu interpretação conforme ao dispositivo para assentar que,
OFERECIDA a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução
e julgamento.
● Declarou a inconstitucionalidade do termo “recebimento” contido no § 2º do art. 3º-C do CPP,
incluído pela Lei nº 13.964/2019, e atribuiu interpretação conforme ao dispositivo para assentar que,
após o OFERECIMENTO da denúncia ou queixa, o juiz da instrução e julgamento deverá
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias.
● Declarou a inconstitucionalidade, com redução de texto, dos §§ 3º e 4º do art. 3º-C do CPP,
incluídos pela Lei nº 13.964/2019, e atribuiu interpretação conforme para entender que os autos
que compõem as matérias de competência do juiz das garantias serão remetidos ao juiz da
instrução e julgamento.

Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º
deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (LEI 13964/19)
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de
magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (LEI 13964/19)

O STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º-D do CPP (caput e parágrafo único), incluído pela Lei nº
13.964/2019. STF, ADI 6298.

Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos
Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo
tribunal. (LEI 13964/19)

CPP STF

O juiz das garantias será DESIGNADO conforme as o juiz das garantias será INVESTIDO, e não
normas de organização judiciária. designado, conforme as normas de organização
judiciária.

O STF atribuiu interpretação conforme ao art. 3º-E do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019, para assentar
que o juiz das garantias será investido, e não designado, conforme as normas de organização judiciária da
União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados
pelo respectivo tribunal. STF, ADI 6298.

Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos,
impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem
da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. (LEI 13964/19)

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Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 dias, o modo pelo qual
as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a
programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da
persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (LEI 13964/19)

O STF, na ADI 6298, fixou os seguintes pontos:


● Declarou a constitucionalidade do caput do art. 3º-F do CPP, incluído pela Lei nº 13.964/2019.
● Atribuiu interpretação conforme ao parágrafo único do art. 3º-F do CPP, incluído pela Lei nº
13.964/2019, para assentar que a divulgação de informações sobre a realização da prisão e a
identidade do preso pelas autoridades policiais, ministério público e magistratura deve assegurar a
efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à
prisão.

JUIZ DAS GARANTIAS

É responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
individuais

REGRA DE TRANSIÇÃO: No tocante às ações penais já instauradas no momento da efetiva


implementação do juiz das garantias pelos tribunais, a eficácia da lei não acarretará qualquer
modificação do juízo competente.

Será INVESTIDO, e não designado, conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do
Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA: Pode deixar de realizar a audiência quando houver risco para o
processo, ou diferi-la em caso de necessidade.

INVESTIGADO PRESO: o juiz pode decidir de forma fundamentada, reconhecendo a necessidade de


novas prorrogações do inquérito, diante de elementos concretos e da complexidade da investigação.
⚠️ A inobservância do prazo previsto em lei não implica a revogação automática da prisão preventiva,
devendo o juízo competente ser instado a avaliar os motivos que a ensejaram, nos termos da ADI 6581.

A competência NÃO SE APLICAM ÀS SEGUINTES SITUAÇÕES:


1. processos de competência originária dos tribunais, regidos pela Lei 8038/90;
2. processos de competência do tribunal do júri;
3. casos de violência doméstica e familiar; e
4. infrações penais de menor potencial ofensivo.

A competência CESSA COM O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA

OFERECIDA a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e
julgamento.

Suas decisões NÃO vinculam o juiz da instrução e julgamento.

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Após o OFERECIMENTO da denúncia ou queixa, o juiz da instrução e julgamento DEVERÁ reexaminar a
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias.

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