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● Fato cultural, tomando por base os direitos

DIA 1 fundamentais pertinentes à cultura.


● A Constituição é produto da cultura.
Constituição Federal: art. 1-4 ● Meirelles Teixeira a partir dessa concepção
LEI 4717/65 – AÇÃO POPULAR cultural cria o conceito de Constituição Total,
segundo o qual: "Constituição é um conjunto

CONSTITUIÇÃO FEDERAL de normas jurídicas fundamentais,


condicionadas pela cultura total, e ao mesmo
tempo condicionantes desta, emanadas da
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO1
vontade existencial da unidade política, e
SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassalle
reguladoras da existência, estrutura e fins do
● Soma dos fatores reais de poder. Estado e do modo de exercício e limites do
● “Mera folha de papel” poder político" (expressão retirada do livro do
● Para Lassale, coexistem em um Estado duas professor Dirley da Cunha Júnior na página 85,
Constituições: uma real, efetiva, o qual retirou do livro de J. H. Meirelles Teixeira
correspondente à soma dos fatores reais de página 78)2.
poder que regem este país; e outra, escrita,
ABERTA - Peter Haberle
que consistiria apenas numa “folha de papel”.
● Pode ser interpretada por qualquer do povo,
POLÍTICA - Carl Schimtt
não só pelos juristas
● Decisão política fundamental.
PLURALISTA - Gustavo Zagrebelsky
● Diferenciava Constituição de lei constitucional.
● Constituição: decisão política fundamental. ● Princípios universais

● Lei constitucional: pode ou não representar a FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - Konrad


Constituição, não dizendo respeito à decisão Hesse
política fundamental.
● Resposta à concepção sociológica de Lassale.
● A Constituição seria fruto da vontade do povo,
● A constituição escrita, por ter um elemento
titular do poder constituinte ; por isso mesmo
normativo, pode ordenar e conformar a
é que essa teoria é considerada DECISIONISTA
realidade política e social, ou seja, é o
ou VOLUNTARISTA.
resultado da realidade, mas também interage
JURÍDICA - Hans Kelsen com esta, modificando-a, estando aí situada a

● Norma hipotética fundamental. força normativa da Constituição.

● Sentido lógico-jurídico: fundamento


transcendental de sua validade. Norma
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
hipotética fundamental.
● Sentido jurídico-positivo: serve de ORGÂNICO
fundamento para as demais normas. A
Constituição é o pressuposto de validade de ● Estrutura do estado.

todas as leis. ● Normas reguladoras da estrutura do Estado e


do Poder
CULTURALISTA - Michele Ainis

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1 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-e-seus-sentidos-sociologic
Tabelas feitas com base nas aulas do professor Marcello Novelino e o-politico-e-juridico#:~:text=Meirelles%20Teixeira%20a%20partir%20dessa,unidade%2
Livro do Pedro Lenza. 0pol%C3%ADtica%2C%20e%20reguladoras%20da

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LIMITATIVOS ● Constituição dogmática: fruto de um trabalho
legislativo específico. Reflete os dogmas de um
● Direitos fundamentais – limitam atuação momento específico da história. OBS: Todas as
estatal (caráter negativo). Constituições brasileiras foram dogmáticas.
● Constituição histórica: fruto de uma lenta
SOCIOIDEOLÓGICO
evolução histórica.

● Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao QUANTO À ORIGEM


longo da CF.
● Constituição promulgada (democrática ou
● Revelam a ideologia que permeia o conteúdo
popular): feita pelos representantes do povo.
constitucional, podendo ser identificados nas
Brasil: CF-1891, CF-1934, CF-1946 e CF-1988.
normas que consagram os direitos sociais
● Constituição outorgada (ou carta
(Capítulo II, Título II)
constitucional): impostas ao povo pelo
DE ESTABILIZAÇÃO governante. Brasil: CF-1824 (Dom Pedro I),
CF-1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime
● Asseguram solução de conflitos institucionais e
militar).
protegem a integridade da Constituição e do
● Constituição cesarista (plebiscitária ou
Estado
bonapartista): feita pelo governante e
submetida a apreciação do povo mediante
FORMAIS DE APLICABILIDADE
referendo.
● Interpretação e aplicação da Constituição. Ex: ● Constituição pactuada (contratual ou
Preâmbulo. dualista): fruto do acordo entre duas forças
políticas de um país. Ex: Constituição Francesa
de 1791, Magna Carta de 1215.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
QUANTO À EXTENSÃO
QUANTO AO CONTEÚDO
● Constituição sintética (breve, sumária,
● Constituição material: possui apenas
sucinta, resumida, concisa): trata apenas dos
conteúdo constitucional.
temas principais. Ex: Constituição dos EUA.
● Constituição formal: além de possuir matéria
● Constituição analítica (longa, volumosa,
constitucional, possui outros assuntos. Não
inchada, ampla, extensa, prolixa,
importa o seu conteúdo, mas a forma por meio
desenvolvida, larga): entra em detalhes de
da qual foi aprovada.
certas instituições. Ex: CF-1988.
QUANTO À FORMA
QUANTO À IDEOLOGIA
● Constituição escrita: é um documento formal,
● Constituição ortodoxa (ou monista): fixa uma
solene. OBS: Todas as Constituições brasileiras
única ideologia estatal. Ex: Constituição chinesa,
foram escritas.
Constituição da ex-URSS.
● Constituição não-escrita (costumeira,
● Constituição eclética (ou compromissória):
consuetudinária ou histórica): fruto dos
permite a combinação de ideologias diversas.
costumes da sociedade.
QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO

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● Constituição garantia (negativa ou entre as normas constitucionais e as exigências
abstencionista): limita-se a fixar os direitos e do processo político, estas não se adaptando
garantias fundamentais. É uma carta àquelas, isto é, se a dinâmica do processo
declaratória de direitos. político não se adaptar às normas da
● Constituição dirigente (ou programática): Constituição, esta será nominal. É Constituição
além de prever os direitos e garantias sem valor jurídico cujas normas, na maior parte,
fundamentais, fixa metas estatais. Ex: art. 196, são ineficazes.
CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º, parágrafo ATENÇÃO: Bernardo Gonçalves Fernandes,
único, CF. Marcelo Novelino e Marcelo Neves defendem
que a Constituição Federal de 1988 é nominal
QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO
(e não normativa).
● Constituição unitária (codificada, reduzida ● Constituição normativa: são aquelas, que
ou orgânica): formada por um único possuem valor jurídico, cujas normas dominam
documento. o processo político, logrando submetê-lo à
● Constituição variada (legal, inorgânica ou observação e adaptação de seus termos; é
esparsa): formada por mais de um documento. aquela, na qual, há uma adequação entre o
Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e convenções texto e a realidade social, o seu texto traduz os
internacionais sobre direitos humanos que anseios de justiça dos cidadãos, sendo condutor
forem aprovados, em cada Casa do Congresso dos processos de poder.
Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos ATENÇÃO: Pedro Lenza afirma que a
respectivos membros, serão equivalentes às Constituição brasileira está caminhando da
emendas constitucionais. Constituição nominal para a normativa, é uma
ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma Constituição que se pretende normativa.
Constituição unitária, mas vem passando por Eduardo dos Santos afirma que a classificação
um processo de descodificação. em questão examina como a Constituição é e

QUANTO AO SISTEMA não como ela pretende ser (SANTOS, Eduardo


dos. Manual de Direito Constitucional, 2 ed. p.
● Constituição principiológica: possui mais
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princípios do que regras. Paulo Bonavides
entende que é o caso da CF/1988. QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO - JORGE

● Constituição preceitual: possui mais regras do MIRANDA

que princípios. ● Constituição heterônoma (ou

QUANTO À ESSÊNCIA (CRITÉRIO ONTOLÓGICO) - heteroconstituição): feita em um país para

KARL LOEWENSTEIN vigorar em outro país.


http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_ar ● Constituição autônoma (homoconstituição
tigos_leitura&artigo_id=7593 ou autoconstituição): feita em um país para

● Constituição semântica: é a Constituição cujas nele vigorar. É a regra geral. Ex: Constituição

normas foram elaboradas para a legitimação de brasileira.

práticas autoritárias de poder; geralmente CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA


decorrem da usurpação do Poder Constituinte
● Constituição expansiva: além de ampliar
do povo. Ex: CF-1937, CF-1967.
temas já tratados, trata de novos temas. Ex:
● Constituição nominal (ou nominalista):
CF-1988.
quando não há uma concordância, absoluta,

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● Constituição plástica: permite sua ampliação ● Constituição social: além de direitos
por meio de leis infraconstitucionais (segundo a individuais, prevê direitos sociais ou de 2a
lei, nos termos da lei, etc.). Ex: CF-1988. dimensão (ex: saúde, educação, moradia,
alimentação). O Estado tem o dever principal de
QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA
fazer. Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF-1988.
● Constituição-lei: a constituição é tratada como
SEGUNDO JORGE MIRANDA
uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao
legislador ordinário. ● Constituição provisória (ou pré-constituição):
● Constituição-fundamento (constituição total possui duração reduzida, até que seja elaborada
ou ubiquidade constitucional): a constituição a constituição definitiva.
tenta disciplinar detalhes da vida social. Dá uma ● Constituição definitiva: possui prazo
pequena liberdade ao legislador ordinário. indeterminado de duração. Ex: CF-1988.
● Constituição-moldura (Canotilho:
CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO
Constituição-quadro): como a moldura de um
quadro, a constituição fixa os limites de atuação ● Periodicamente elabora-se uma constituição,

do legislador ordinário. fazendo uma análise do avanço social ocorrido


nos anos anteriores.
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES
CONSTITUIÇÃO EM BRANCO
● É a constituição cujo simbolismo é maior que
seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, a ● Não prevê regras e limites para o exercício do

CF/88 é simbólica por ter um elevado número poder constituinte derivado reformador.

de normas programáticas e dispositivos de alto QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE


grau de abstração.
● Constituição imutável (permanente,
● Marcelo Neves afirma que a
granítica ou intocável): não pode ser alterada,
constitucionalização simbólica tem como
pretendendo-se eterna e fundando-se na crença
objetivos confirmar determinados valores
de que não haveria órgão competente para
sociais, desejando-se apenas uma vitória
proceder à sua reforma. Pode estar relacionada
legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no
a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi
governo ou no Estado, por meio da legislação
imutável nos primeiros 4 anos (limitação
álibi, por meio da qual se esvaziam pressões
temporal).
políticas e apresentam o Estado como sensível a
● Constituição rígida: possui um processo de
expectativas dos cidadãos, porém sem
alteração mais rigoroso que o destinado às
efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo
outras leis. Ex: CF-1988.
adiar a solução de conflitos sociais, por meio
● Constituição flexível: possui o mesmo
de compromissos dilatórios, postergando-se a
processo de alteração que o destinado às outras
verdadeira decisão para o futuro.
leis. Os países de constituição flexível não
QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ possuem o controle de constitucionalidade.
RAMOS TAVARES ● Constituição transitoriamente flexível: é a

● Constituição liberal: possui apenas direitos Constituição flexível por algum período, findo o

individuais ou de 1a dimensão (ex: vida, qual se torna uma Constituição rígida.

liberdade, propriedade). O Estado tem o dever ● Constituição semirrígida (ou semiflexível):

principal de não fazer. Ex: CF-1824, CF-1891. parte dela é rígida e parte é flexível.

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● Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que Poderes Públicos, além de representar apenas
nada prevê sobre sua mudança formal, sendo um instrumento pelo qual se eliminam conflitos
alterável somente pelo próprio poder originário. sociais.
● Constituição super-rígida: é a Constituição
CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA
rígida que possui um núcleo imutável. http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
CONSTITUIÇÃO DÚCTIL ou CONSTITUIÇÃO SUAVE -
GUSTAVO ZAGREBELSKY ● O intuito principal da Constituição é tutelar
interesses e até mesmo privilégios
● Idealizada pelo jurista italiano Gustavo
tradicionalmente reconhecidos aos integrantes
Zagrebelsky (constituzione mite).
e dirigentes do setor público.
● É aquela que não define ou impõe uma forma
● A Constituição é fundamentalmente um
de vida, mas assegura condições possíveis
conjunto normativo “destinado a assegurar
para o exercício dos mais variados projetos
posições de poder a corporações e organismos
de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral,
estatais ou paraestatais. É a visão da
político e econômico existente na sociedade.
Constituição “chapa-branca”, no sentido de uma
CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL OU ORGÂNICA “Lei Maior da organização administrativa”.

● Rechaça a ideia de existência de um bloco de Apesar da retórica relacionada aos direitos

constitucionalidade, visto que a Constituição fundamentais e das normas liberais e sociais, o

seria disposta em uma estrutura documental núcleo duro do texto preserva interesses

única. corporativos do setor público e estabelece


formas de distribuição e de apropriação dos
CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL
recursos públicos entre vários grupos.
● Constituição subconstitucional admite a ● Leitura socialmente pessimista da Constituição
constitucionalização de temas excessivos e o que insiste na continuidade da visão
alçamento de detalhes e interesses estatalista-patrimonialista da Constituição e
momentâneos ao patamar constitucional. na centralidade do Poder Executivo em
● Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger, detrimento tanto da promessa democrática
as constituições só devem trazer aquilo que como da tutela judicial dos direitos
interessa à sociedade como um todo, sem individuais.
detalhamentos inúteis. Esse excesso de temas
CONSTITUIÇÃO UBÍQUA
forma as constituições substitucionais, que são http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
normas que, mesmo elevadas formalmente 9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

ao patamar constitucional, não o são, porque


● Onipresença das normas e valores
encontram-se limitadas nos seus objetivos.
constitucionais no ordenamento jurídico.
CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL OU ● Parte-se da constatação de que os conflitos
FORMAL forenses e a doutrina jurídica foram
impregnados pelo direito constitucional. A
● É um "instrumento de governo definidor de
referência a normas e valores constitucionais é
competências, regulador de processos e
um elemento onipresente no direito brasileiro
estabelecedor de limites à acção política"
pós-1988. Essa “panconstitucionalização”
(Canotilho). Seu objetivo é definir
deve-se ao caráter detalhista da Constituição,
competências, para limitar a ação dos
que incorporou uma infinidade de valores

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substanciais, princípios abstratos e normas ● Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que
concretas em seu programa normativo. suas normas equivalem a leis processuais. Seu
objetivo é definir competências, para limitar a
CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
ação dos Poderes Públicos” (BULOS, 2014, p.
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y 108).

● Objetiva preponderantemente garantir os TRANSCONSTITUCIONALISMO


direitos individuais, preservando fortes
● É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas
garantias ao direito de propriedade e
de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes,
procurando limitar a intervenção estatal na
se entrelaçam para resolver problemas
economia.
constitucionais” (BULOS, 2014, p. 90).
CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA
CONSTITUIÇÃO.COM ou “CROWDSOURCING”
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y ● “É aquela cujo projeto conta a opinião maciça

Leitura da Constituição de 1988 com base nas dos usuários da internet, que, por meio de sites

seguintes características: de relacionamentos, externam seu pensamento

● Importância crucial dos direitos fundamentais, a respeito dos temas a serem

incluindo os sociais, sendo a Constituição de constitucionalizados. Foi a Islândia que,

1988 um texto denso exigente, limitando a pioneiramente, no ano de 2011, fez uma

liberdade do legislador e impondo sua ‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS,

implementação; 2014, p. 112).

● Centralidade dos princípios constitucionais


que se multiplicam e adquirem relevância
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
prática e aplicabilidade imediata, desde que
JURÍDICO ou HERMENÊUTICO CLÁSSICO - Ernerst
sejam adotados métodos de interpretação
Fosthoff
abertos, evolutivos e desvinculados da
textualidade das regras, em particular a ● Identidade entre Constituição e Leis.
ponderação de princípios e/ou valores; ● Utiliza critérios de Savigny
● Importância do Poder Judiciário que se torna
TÓPICO PROBLEMÁTICO - Theodor Viehweg
protagonista da Constituição de 1988, em razão
da ampliação e da intensificação do controle de ● Problema-norma.
constitucionalidade e da incumbência de ● Estudo da norma através de um problema.
implementar o projeto constitucional mediante
HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR - Konrad Hesse
aplicação de métodos “abertos” de
● Norma-problema.
interpretação.
● Parte-se de pré-compreensões para se chegar
CONSTITUIÇÃO ORAL
ao sentido da norma.
● É “aquela em que o chefe supremo de um povo ● Interpretação concretizadora.
reclama, de viva voz, o conjunto de normas que ● Constituição tem força para compreender e
deverão reger a vida em comunidade” (BULOS, alterar a realidade.
2014, p. 108).
NORMATIVO ESTRUTURANTE - Frederic Muller
CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL

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● Parte-se do direito positivo para se chegar à PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
norma. CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO
● Colhe elementos da realidade social para se PODER PÚBLICO
chegar à norma.
● Não sendo evidente a inconstitucionalidade,
CIENTÍFICO ESPIRITUAL - Ruldof Smend havendo dúvida ou a possibilidade de
razoavelmente se considerar a norma como
● Não utiliza-se apenas valores consagrados na
válida, deve o órgão competente abster-se da
Constituição, mas também valores
declaração de inconstitucionalidade.
extra-constitucionais, como a realidade
● Havendo alguma interpretação possível que
social e cultura do povo.
permita afirmar-se a compatibilidade da norma
● Interpretação sistêmica.
com a Constituição, em meio a outras que
CONCRETISTA DA CONSTITUIÇÃO ABERTA - Peter carreavam para ela um juízo de invalidade, deve
Haberle o intérprete optar pela interpretação

● Interpretação por todo o povo, não apenas legitimadora, mantendo o preceito em vigor.

pelos juristas ● O princípio da presunção de constitucionalidade


das leis e dos atos do Poder Público (presunção
COMPARAÇÃO - Peter Haberle
juris tantum) é uma decorrência do princípio
● Comparar com as diversas Constituições. geral da separação dos Poderes e funciona
como fator de autolimitação da atividade do
Judiciário que, em reverência à atuação dos
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO
demais Poderes, somente deve invalidar os atos
CONSTITUCIONAL
diante de casos de inconstitucionalidade
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO flagrante e incontestável.

● Toda interpretação constitucional se assenta no PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A


pressuposto da superioridade jurídica da CONSTITUIÇÃO
Constituição sobre os demais atos
● Diante de normas plurissignificativas ou
normativos no âmbito do Estado. Assim, em
polissêmicas (que possuem mais de uma
razão da supremacia constitucional, nenhum
interpretação), deve-se preferir a exegese que
ato jurídico ou manifestação de vontade
mais se aproxime da Constituição (ainda que
pode subsistir validamente se for
não seja a que mais obviamente decorra de seu
incompatível com a Lei Fundamental.
texto) e, portanto, que não seja contrária ao
● Em razão da superlegalidade formal
texto constitucional.
(Constituição como fonte primária da produção
normativa, identificando competências e PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
procedimentos para a elaboração dos atos
● A Constituição deve ser sempre interpretada em
normativos inferiores) e material da
sua globalidade, como um todo, e, assim, as
Constituição (subordina o conteúdo de toda a
aparentes antinomias deverão ser afastadas.
atividade normativa estatal à conformidade com
● As normas deverão ser vistas como preceitos
os princípios e regras da Constituição), surge o
integrados (interpretação sistêmica) em um
controle de constitucionalidade (judicial review),
sistema unitário de regras e princípios.
que nada mais é do que uma técnica de atuação
da supremacia da Constituição.

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PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR OU DA Podemos falar em máxima efetividade e mínima
EFICÁCIA INTEGRADORA restrição.

● Na resolução dos problemas PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE ou DA


jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos EFICIÊNCIA ou DA INTERPRETAÇÃO EFETIVA
critérios ou pontos de vista que favoreçam a
● Deve ser entendido no sentido de a norma
integração política e social e o reforço da
constitucional ter a mais ampla efetividade
unidade política, ou seja, as normas
social.
constitucionais devem ser interpretadas com o
objetivo de integrar política e socialmente o PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA

povo de um Estado Nacional. ● Os aplicadores da Constituição, entre as

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU interpretações possíveis, devem adotar aquela

RAZOABILIDADE que garanta maior eficácia, aplicabilidade e


permanência das normas constitucionais,
● Consubstancia uma pauta de natureza
conferindo-lhes sentido prático e concretizador,
axiológica que emana diretamente das ideias de
em clara relação com o princípio da máxima
justiça, equidade, bom senso, prudência,
efetividade ou eficiência.
moderação, justa medida, proibição de excesso,
direito justo e valores afins; precede e PRINCÍPIO DA JUSTEZA ou DA CONFORMIDADE

condiciona a positivação jurídica, inclusive de (EXATIDÃO ou CORREÇÃO) FUNCIONAL

âmbito constitucional; e, ainda, enquanto ● O STF, ao concretizar a norma constitucional,


princípio geral do direito, serve de regra de será responsável por estabelecer a força
interpretação para todo o ordenamento jurídico. normativa da Constituição, não podendo
● Tal princípio exige a tomada de decisões alterar a repartição de funções
racionais, não abusivas, e que respeitem os constitucionalmente estabelecidas pelo
núcleos essenciais de todos os direitos constituinte originário, como é o caso da
fundamentais. Como parâmetro, é possível separação de poderes, no sentido de
destacar a necessidade de preenchimento de 3 preservação do Estado de Direito.
importantes elementos: ● O seu intérprete final não pode chegar a um
a) Necessidade/exigibilidade: a adoção da resultado que subverta ou perturbe o
medida que possa restringir direitos só se esquema organizatório-funcional
legitima se indispensável para o caso concreto e constitucionalmente estabelecido.
não se puder substituí-la por outra menos
PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA ou
gravosa.
HARMONIZAÇÃO
b) Adequação/pertinência/idoneidade: o
meio escolhido deve atingir o objetivo ● Partindo da ideia de unidade da Constituição, os
perquirido. bens jurídicos constitucionalizados deverão
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coexistir de forma harmônica na hipótese de
sendo a medida necessária e adequada, deve-se eventual conflito ou concorrência entre eles,
investigar se o ato praticado, em termos de buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um
realização do objetivo pretendido, supera a princípio em relação a outro em choque. O
restrição a outros valores constitucionalizados. fundamento da ideia de concordância decorre
da inexistência de hierarquia entre os princípios.

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PREÂMBULO Nos moldes jurídicos adotados pela CF/88, o
preâmbulo se configura como um elemento que

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em serve de manifesto à continuidade de todo o

Assembleia Nacional Constituinte para instituir um ordenamento jurídico ao conectar os valores do

Estado Democrático, destinado a assegurar o passado - a situação de início que motivou a

exercício dos direitos sociais e individuais, a colocação em marcha do processo legislativo - com o

liberdade, a segurança, o bem-estar, o futuro - a exposição dos fins a alcançar -, descrição

desenvolvimento, a igualdade e a justiça como da situação que se aspira a chegar.

valores supremos de uma sociedade fraterna, A invocação à proteção de Deus NÃO TEM força
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia normativa, NÃO sendo norma de reprodução
social e comprometida, na ordem interna e obrigatória na Constituição Estadual.
internacional, com a solução pacífica das A invocação a Deus, presente no preâmbulo da
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz,
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA contudo, que o Brasil deixe de ser um Estado
FEDERATIVA DO BRASIL. laico.

O preâmbulo constitucional situa-se no domínio da


O preâmbulo da CR/88 NÃO PODE, por si só, servir
política e reflete a posição ideológica do
de parâmetro de controle da constitucionalidade
constituinte. Logo, não contém relevância
de uma norma.
jurídica, não tem força normativa, sendo mero
O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os vetor interpretativo das normas constitucionais,
fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e não servindo como parâmetro para o controle de
econômicos e, dessa forma, norteia a constitucionalidade (STF).
interpretação do texto constitucional.
Não tem força normativa, embora provenha do
Em termos estritamente formais, o Preâmbulo mesmo poder constituinte originário que elaborou
constitui-se em uma espécie de introdução ao toda a constituição
texto constitucional, um resumo dos direitos que
É destituído de qualquer cogência (MS 24.645
permearão a textualização a seguir, apresentando
MC/DF);
o processo que resultou na elaboração da
Constituição e o núcleo de valores e princípios de NÃO INTEGRA o bloco de constitucionalidade;

uma nação. Não cria direitos nem estabelece deveres;

O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da Seus princípios não prevalecem diante do texto

CF/88 constitui-se no marco da ruptura com o expresso da constituição;

regime anterior e garante a instalação e


asseguramento jurídico dos direitos listados em
NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO
seguida e até então não dotados de força normativa
TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA
constitucional suficiente para serem respeitados,
sendo eles o exercício dos direitos sociais e ● O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA
individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o POLÍTICA, sem relevância jurídica (STF).
desenvolvimento, a igualdade e a justiça. ATENÇÃO: apesar de o preâmbulo não possuir
força normativa, ele traz as intenções, o sentido,
a origem, as justificativas, os objetivos, os

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valores e os ideais de uma Constituição, Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela

servindo de vetor interpretativo. Trata-se, união indissolúvel dos Estados e Municípios e do

assim, de um referencial Distrito Federal, constitui-se em Estado

interpretativo-valorativo da Constituição. Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS


(SO-CI-DI-VA-PLU):
TESE DA PLENA EFICÁCIA
I - a SOberania;
● O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica II - a CIdadania
das normas constitucionais, sendo, porém, III - a DIgnidade da pessoa humana;
apresentado de forma não articulada. IV - os VAlores sociais do trabalho e da livre
iniciativa;
TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA
V - o PLUralismo político.
● Ponto intermediário entre as duas, já que, muito Parágrafo único. TODO O PODER EMANA DO POVO,
embora participe "das características jurídicas que o exerce por meio de representantes eleitos ou
da Constituição'', não deve ser confundido com diretamente, nos termos desta Constituição.
o articulado

PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES – art. 1°, CF

PRINCÍPIO REPUBLICANO
TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
“A República”

PRINCÍPIOS REGRAS PRINCÍPIO FEDERATIVO

Normas mais amplas, Normas mais específicas, “Federativa do Brasil, formada pela união

abstratas, genéricas. delimitadas, indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito

determinadas. Federal”

Alexy: princípios são Alexy: são MANDADOS PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

MANDAMENTOS DE DE DEFINIÇÃO. “constitui-se em Estado Democrático de Direito”


OTIMIZAÇÃO, que devem Dworkin: Devem ser
ser cumpridos na maior cumpridas integralmente
intensidade possível. (all or nothing).
Art. 2º São Poderes da União, independentes e
Dworkin: princípios são
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
mandamentos normativos
Judiciário.
aplicados na DIMENSÃO
DE PESO ou DE
IMPORTÂNCIA. Afronta o princípio da separação dos Poderes a
anulação judicial de cláusula de contrato de
Em caso de colisão, Em caso de colisão,
concessão firmado por Agência Reguladora e
resolve-se pela resolve-se pela
prestadora de serviço de telefonia que, em
PONDERAÇÃO. DIMENSÃO DE
observância aos marcos regulatórios estabelecidos
VALIDADE.
pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de
Ex: dignidade da pessoa Ex: eleição para alguns itens tarifários em percentual superior ao do
humana. Presidente da República. índice inflacionário fixado, quando este não é
superado pela média ponderada de todos os itens.

10
STF. RE 1059819/PE, relator Min. Marco Aurélio, 109-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, por unanimidade, julgado em 07/06/2022 (info 740).
julgamento virtual finalizado em 18.2.2022 (info
1044). Tese de Repercussão Geral – Tema 991
LEI 4717/65 – AÇÃO POPULAR

Art. 5°, LXXIII, CF/88 - qualquer cidadão é parte


Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da
legítima para propor ação popular que vise a anular
República Federativa do Brasil (regra do verbo):
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
I - CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e
que o Estado participe, à moralidade
solidária;
administrativa, ao meio ambiente e ao
II - GARANTIR o desenvolvimento nacional;
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
III - ERRADICAR a pobreza e a marginalização e
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
REDUZIR as desigualdades sociais e regionais;
do ônus da sucumbência;
IV - PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação. Art. 1º QUALQUER CIDADÃO (comprovação através
do título de eleitor) será parte legítima para pleitear
a anulação ou a declaração de nulidade de atos

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal,

suas relações internacionais pelos seguintes dos Estados, dos Municípios, de entidades

princípios: autárquicas, de sociedades de economia mista

I - independência nacional; (Constituição, art. 141, § 38, CF/46 - art. 5°, LXXIII,

II - prevalência dos direitos humanos; CF/88), de sociedades mútuas de seguro nas quais a

III - autodeterminação dos povos; União represente os segurados ausentes, de

IV - não-intervenção; empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de

V - igualdade entre os Estados; instituições ou fundações para cuja criação ou custeio

VI - defesa da paz; o tesouro público haja concorrido ou concorra com

VII - solução pacífica dos conflitos; mais de 50% do patrimônio ou da receita ânua, de

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; empresas incorporadas ao patrimônio da União, do

IX - cooperação entre os povos para o progresso da Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de

humanidade; quaisquer pessoas jurídicas ou entidades

X - concessão de asilo político. subvencionadas pelos cofres públicos.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil § 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins

buscará a integração econômica, política, social e referidos neste artigo, os bens e direitos de valor

cultural dos povos da América Latina, visando à econômico, artístico, estético, histórico ou

formação de uma comunidade latino-americana de turístico.

nações.
O objeto da ação popular abarca direito difusos, mas
não direitos individuais homogêneos.
Os atos ilícitos praticados por Estados
estrangeiros em violação a direitos humanos
não gozam de imunidade de jurisdição. STJ. RO § 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para
cuja criação ou custeio o tesouro público concorra

11
com menos de 50% do patrimônio ou da receita ânua, Art. 2º São NULOS os atos lesivos ao patrimônio das
bem como de pessoas jurídicas ou entidades entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos
subvencionadas, as consequências patrimoniais da de:
invalidez dos atos lesivos terão por limite a a) incompetência;
repercussão deles sobre a contribuição dos cofres b) vício de forma;
públicos. c) ilegalidade do objeto;
§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, d) inexistência dos motivos;
será feita com o título eleitoral, ou com documento e) desvio de finalidade.
que a ele corresponda. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de
§ 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
às entidades, a que se refere este artigo, as certidões a) a INCOMPETÊNCIA fica caracterizada quando o ato
e informações que julgar necessárias, bastando para não se incluir nas atribuições legais do agente que
isso indicar a finalidade das mesmas. o praticou;
§ 5º As certidões e informações, a que se refere o b) o VÍCIO DE FORMA consiste na omissão ou na
parágrafo anterior, deverão ser fornecidas dentro de observância incompleta ou irregular de
15 dias da entrega, sob recibo, dos respectivos formalidades indispensáveis à existência ou
requerimentos, e só poderão ser utilizadas para a seriedade do ato;
instrução de ação popular. c) a ILEGALIDADE DO OBJETO ocorre quando o
§ 6º Somente nos casos em que o interesse público, resultado do ato importa em violação de lei,
devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser regulamento ou outro ato normativo;
negada certidão ou informação. d) a INEXISTÊNCIA DOS MOTIVOS se verifica quando
§ 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a a matéria de fato ou de direito, em que se
ação poderá ser proposta desacompanhada das fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou
certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, juridicamente inadequada ao resultado obtido;
após apreciar os motivos do indeferimento, e salvo em e) o DESVIO DE FINALIDADE se verifica quando o
se tratando de razão de segurança nacional, requisitar agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
umas e outras; feita a requisição, o processo previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
correrá em segredo de justiça, que cessará com o competência.
trânsito em julgado de sentença condenatória.

Súmula 365-STF: Pessoa jurídica não tem Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de
legitimidade para propor ação popular direito público ou privado, ou das entidades
mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se
No âmbito da Ação Popular, em que se pleiteia "a
compreendam nas especificações do artigo anterior,
anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
serão anuláveis, segundo as prescrições legais,
ao patrimônio" público (art. 1º da Lei 4.717/1965),
enquanto compatíveis com a natureza deles.
não se pode condenar o réu ao pagamento de
ressarcimento ao Erário se não se configurar o dano.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1497559/PA, Rel. Min.
Art. 4º São também NULOS os seguintes atos ou
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 05/10/2020.
contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das
pessoas ou entidades referidas no art. 1º.
I - A admissão ao serviço público remunerado, com
desobediência, quanto às condições de habilitação,

12
das normas legais, regulamentares ou constantes de b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de
instruções gerais. exportador ou importador.
II - A operação bancária ou de crédito real, quando: VII - A operação de redesconto quando sob
a) for realizada com desobediência a normas legais, qualquer aspecto, inclusive o limite de valor,
regulamentares, estatutárias, regimentais ou desobedecer a normas legais, regulamentares ou
internas; constantes de instruções gerais.
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central
for inferior ao constante de escritura, contrato ou da República, quando:
avaliação. a) concedido com desobediência de quaisquer
III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço normas legais, regulamentares, regimentais ou
público, quando: constantes de instruções gerias:
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem b) o valor dos bens dados em garantia, na época da
prévia concorrência pública ou administrativa, operação, for inferior ao da avaliação.
sem que essa condição seja estabelecida em lei, IX - A emissão, quando efetuada sem observância
regulamento ou norma geral; das normas constitucionais, legais e
b) no edital de concorrência forem incluídas regulamentadoras que regem a espécie.
cláusulas ou condições, que comprometam o seu
caráter competitivo;
c) a concorrência administrativa for processada em DA COMPETÊNCIA
condições que impliquem na limitação das
possibilidades normais de competição.
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
IV - As modificações ou vantagens, inclusive
competente para conhecer da ação, processá-la e
prorrogações que forem admitidas, em favor do
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
adjudicatário, durante a execução dos contratos de
judiciária de cada Estado, o for para as causas que
empreitada, tarefa e concessão de serviço público,
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou
sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos
ao Município.
instrumentos.,
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis,
Em face da magnitude econômica, social e ambiental
nos casos em que não cabível concorrência pública ou
do caso concreto (responsabilidade civil e ambiental
administrativa, quando:
envolvendo o rompimento da barragem de
a) for realizada com desobediência a normas legais,
Brumadinho), é possível a fixação do juízo do local do
regulamentares, ou constantes de instruções gerais;
fato para o julgamento de ação popular que
b) o preço de compra dos bens for superior ao
concorre com diversas outras ações individuais,
corrente no mercado, na época da operação;
populares e civis públicas decorrentes do mesmo
c) o preço de venda dos bens for inferior ao
dano ambiental.” STJ. 1ª Seção. CC 164.362-MG, Rel.
corrente no mercado, na época da operação.
Min. Herman Benjamin, julgado em 12/06/2019 (Info
VI - A concessão de licença de exportação ou
662).
importação, qualquer que seja a sua modalidade,
quando:
a) houver sido praticada com violação das normas § 1º Para fins de competência, equiparam-se atos

legais e regulamentares ou de instruções e ordens da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos

de serviço; Municípios os atos das pessoas criadas ou


mantidas por essas pessoas jurídicas de direito

13
público, bem como os atos das sociedades de que proposta somente contra as outras pessoas indicadas
elas sejam acionistas e os das pessoas ou neste artigo.
entidades por elas subvencionadas ou em relação § 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art.
às quais tenham interesse patrimonial. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da
§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas
União e a qualquer outra pessoas ou entidade, será públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º,
competente o juiz das causas da União, se houver; apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os
quando interessar simultaneamente ao Estado e ao beneficiários da mesma.
Município, será competente o juiz das causas do § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de
Estado, se houver. direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação,
§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá
juízo para todas as ações, que forem posteriormente atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure
intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos útil ao interesse público, a juízo do respectivo
fundamentos. representante legal ou dirigente – LEGITIMIDADE
§ 4º Na defesa do patrimônio público CABERÁ A PENDULAR ou BIFRONTE/INTERVENÇÃO MÓVEL
SUSPENSÃO LIMINAR do ato lesivo impugnado. § 4º O Ministério Público acompanhará a ação,
cabendo-lhe apressar a produção da prova e
promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos

DOS SUJEITOS PASSIVOS DA AÇÃO E DOS que nela incidirem, sendo-lhe VEDADO, em qualquer

ASSISTENTES hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou


dos seus autores.
§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas
como litisconsorte ou assistente do autor da ação
públicas ou privadas e as entidades referidas no art.
popular.
1º, contra as autoridades, funcionários ou
administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado,
ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à DO PROCESSO

lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo


Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário

SUJEITOS PASSIVOS (CPC/15 = procedimento comum), previsto no CPC,

STJ entende que é hipótese de litisconsórcio observadas as seguintes normas modificativas:

passivo necessário. Resp. 931528/SP I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

Litisconsórcio NECESSÁRIO e SIMPLES a) além da citação dos réus, a intimação do


representante do Ministério Público;
Pessoas públicas ou privadas e as entidades
b) a requisição, às entidades indicadas na petição
referidas no art. 1º
inicial, dos documentos que tiverem sido referidos
Autoridades, funcionários ou administradores pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se
lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos,
Beneficiários diretos
ficando prazos de 15 a 30 dias para o atendimento.
§ 1º O representante do Ministério Público
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se
providenciará para que as requisições, a que se refere
for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será
o inciso anterior, sejam atendidas dentro dos prazos
fixados pelo juiz.

14
§ 2º Se os documentos e informações não puderem forem os do retardamento, salvo motivo justo,
ser oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá declinado nos autos e comprovado perante o órgão
autorizar prorrogação dos mesmos, por prazo disciplinar competente.
razoável.
II - Quando o autor o preferir, a citação dos
beneficiários far-se-á por edital com o prazo de 30 Art. 8º Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo
dias, afixado na sede do juízo e publicado 3 vezes no motivo justo devidamente comprovado, a autoridade,
jornal oficial do Distrito Federal, ou da Capital do o administrador ou o dirigente, que deixar de
Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A fornecer, no prazo fixado no art. 1º, § 5º, ou naquele
publicação será gratuita e deverá iniciar-se no que tiver sido estipulado pelo juiz (art. 7º, n. I, letra
máximo 3 dias após a entrega, na repartição "b"), informações e certidão ou fotocópia de
competente, sob protocolo, de uma via autenticada do documento necessários à instrução da causa.
mandado. Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo entregue, sob recibo, o requerimento do interessado
ato impugnado, cuja existência ou identidade se torne ou o ofício de requisição (art. 1º, § 5º, e art. 7º, n. I,
conhecida no curso do processo e antes de proferida letra "b").
a sentença final de primeira instância, deverá ser
citada para a integração do contraditório, sendo-lhe
restituído o prazo para contestação e produção de Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à
provas, Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se absolvição da instância, serão publicados editais nos
houver feito na forma do inciso anterior. prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II,
IV - O prazo de CONTESTAÇÃO é de 20 dias, ficando assegurado a QUALQUER CIDADÃO, bem
prorrogáveis por mais 20, a requerimento do como ao representante do Ministério Público,
interessado, se particularmente difícil a produção de dentro do prazo de 90 dias da última publicação
prova documental, e será comum a todos os feita, promover o prosseguimento da ação.
interessados, correndo da entrega em cartório do
mandado cumprido, ou, quando for o caso, do MP não pode ajuizar AP, mas pode ser AUTOR
decurso do prazo assinado em edital. SUPERVENIENTE em caso de desistência.
V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a
produção de prova testemunhal ou pericial, o juiz
ordenará vista às partes por 10 dias, para alegações,
Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a
sendo-lhe os autos conclusos, para sentença, 48
final.
horas após a expiração desse prazo; havendo
requerimento de prova, o processo tomará o rito
ordinário.
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação
VI - A sentença, quando não prolatada em audiência
popular, decretar a invalidade do ato impugnado,
de instrução e julgamento, deverá ser proferida
condenará ao pagamento de perdas e danos os
dentro de 15 dias do recebimento dos autos pelo juiz.
responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele,
Parágrafo único. O proferimento da sentença além
ressalvada a ação regressiva contra os funcionários
do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em
causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
lista de merecimento para promoção, durante 2
anos, e acarretará a perda, para efeito de
promoção por antigüidade, de tantos dias quantos

15
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação Art. 16. Caso decorridos 60 dias da publicação da
dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e sentença condenatória de 2a instância, sem que o
demais despesas, judiciais e extrajudiciais, autor ou terceiro promova a respectiva execução,
diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, o representante do Ministério Público a promoverá
bem como o dos honorários de advogado. nos 30 dias seguintes, sob pena de falta grave.

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou
direito do pedido, julgar a lide manifestamente entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam
temerária, condenará o autor ao pagamento do contestado a ação, promover, em qualquer tempo,
décuplo das custas. e no que as beneficiar a execução da sentença
contra os demais réus.

Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da


causa, será indicado na sentença; se depender de Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada
avaliação ou perícia, será apurado na execução. oponível "erga omnes", exceto no caso de haver
§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de sido a ação julgada improcedente por deficiência
qualquer pagamento, a condenação imporá o de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá
pagamento devido, com acréscimo de juros de mora e intentar outra ação com idêntico fundamento,
multa legal ou contratual, se houver. valendo-se de nova prova.
§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta,
simulada ou irreal de contratos, a condenação versará
sobre a reposição do débito, com juros de mora. Art. 19. A sentença que concluir pela CARÊNCIA ou
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres pela IMPROCEDÊNCIA da ação está sujeita ao duplo
públicos, a execução far-se-á por desconto em folha grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
até o integral ressarcimento do dano causado, se depois de confirmada pelo tribunal (REEXAME
assim mais convier ao interesse público. NECESSÁRIO INVERTIDO); da que julgar a ação
§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores procedente caberá apelação, COM EFEITO
ficará sujeita a sequestro e penhora, desde a prolação SUSPENSIVO.
da sentença condenatória. § 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de
instrumento.
§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o
Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá
infringência da lei penal ou a prática de falta recorrer qualquer cidadão e também o Ministério
disciplinar a que a lei comine a pena de demissão ou Público.
a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz,
"ex-officio", determinará a remessa de cópia
Aplica-se à ação de improbidade administrativa o
autenticada das peças necessárias às autoridades
previsto no art. 19, § 1º, da Lei da Ação Popular,
ou aos administradores a quem competir aplicar a
segundo o qual das decisões interlocutórias cabe
sanção.
agravo de instrumento. A decisão interlocutória
proferida no bojo de uma ação de improbidade
administrativa pode ser impugnada por agravo de

16
instrumento, com base no art. 19, §1º, da Lei nº difusos, a afastar os prazos do Código Civil, mesmo
4.717/65, ainda que a hipótese não esteja prevista na tutela de direitos individuais homogêneos.
no rol do art. 1.015 do CPC. Nas ações de Assim, a despeito da existência de recurso especial
improbidade administrativa, o CPC aplica-se apenas julgado sob o rito dos recursos repetitivos sobre a
subsidiariamente, privilegiando-se as normas do prescrição trienal para ações de cobrança contra
Microssistema Processual Coletivo, para assegurar a plano de saúde, nota-se que esse versou sobre as
efetividade da jurisdição no trato dos direitos ações ordinárias individuais, de modo que o
coletivos. STJ. 2ª Turma. REsp 1925492-RJ, Rel. Min. entendimento referente à aplicação do prazo
Herman Benjamin, julgado em 04/05/2021 (Info quinquenal às tutelas coletivas é específico e,
695). consequentemente, prevalece no caso. STJ. 4ª
Turma. AgInt no REsp 1807990-SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 20/04/2020 (Info 671).

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código


Art. 20. Para os fins desta lei, consideram-se
de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os
entidades autárquicas:
dispositivos desta lei, nem a natureza específica da
a) o serviço estatal descentralizado com
ação.
personalidade jurídica, custeado mediante
orçamento próprio, independente do orçamento
É possível a declaração incidental de
geral;
inconstitucionalidade em Ação Popular, desde
b) as pessoas jurídicas especialmente instituídas
que a controvérsia constitucional não figure como
por lei, para a execução de serviços de interesse
pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento
público ou social, custeados por tributos de qualquer
ou simples questão prejudicial, indispensável à
natureza ou por outros recursos oriundos do Tesouro
resolução do litígio principal, em torno da tutela do
Público;
interesse público. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
c) as entidades de direito público ou privado a que
1352498/DF
a lei tiver atribuído competência para receber e
aplicar contribuições parafiscais. A sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência de ação de improbidade
administrativa está sujeita ao reexame necessário,
Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 anos. com base na aplicação subsidiária do CPC e por
aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da

Na falta de dispositivo legal específico para a ação Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.220.667-MG

civil pública, aplica-se, por analogia, o prazo de REGRA: O STJ entende que é possível aplicar, por
prescrição da ação popular, que é o quinquenal (art. analogia, a primeira parte do art. 19 da Lei nº
21 da Lei nº 4.717/65), adotando-se também tal 4.717/65 paras as sentenças de improcedência de
lapso na respectiva execução, a teor da Súmula 150 ação civil pública. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgInt
do STF. A lacuna da Lei nº 7.347/85 é melhor suprida no REsp 1596028/MG
com a aplicação de outra legislação também EXCEÇÃO: Não se admite o cabimento da remessa
integrante do microssistema de proteção dos necessária, tal como prevista no art. 19 da Lei nº
interesses transindividuais, como os coletivos e 4.717/65, nas ações coletivas que versem sobre

17
direitos individuais homogêneos. STJ. 3ª Turma. REsp reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas
1.374.232-ES data para ter acesso às informações relacionadas
consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR
Para o cabimento da Ação Popular, basta a
da Receita Federal. O SINCOR (Sistema de Conta
ilegalidade do ato administrativo por ofensa a
Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados da
normas específicas ou desvios dos princípios da
Receita Federal no qual ela armazena as informações
Administração Pública, dispensando-se a
sobre os débitos e créditos dos contribuintes
demonstração de prejuízo material. STJ. 2ª Turma.
pessoas jurídicas. A decisão foi tomada com base no
AgInt no AREsp 949.377/MG
SINCOR, mas seu raciocínio poderá ser aplicado para
O STF não possui competência originária para outros bancos de dados mantidos pelos órgãos
processar e julgar ação popular, ainda que fazendários. STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min.
ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente Luiz Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral)
da República. A competência para julgar ação (Info 790).
popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra,
do juízo de 1º grau. STF. Plenário. Pet 5856 AgR

EXCEÇÕES:
1) ação popular que envolva conflito federativo entre
a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou
entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades
da administração indireta (art. 102, I, “f”, da CF/88);
2) ação popular em que todos os membros da
magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, e aquela em que mais da metade dos
membros do tribunal de origem estejam impedidos
ou sejam direta ou indiretamente interessados (art.
102, I, “n”, da CF/88);
3) ação popular proposta contra o Conselho Nacional
de Justiça ou contra o Conselho Nacional do
Ministério Público (art. 102, I, “r”, da CF/88).
4) ação popular cujo pedido seja próprio de
mandado de segurança coletivo contra ato de
Presidente da República, por força do art. 102, I, “d”,
da CF/88 (STF. Plenário. Pet 8104 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 06/12/2019).

O habeas data é a garantia constitucional adequada


para a obtenção dos dados concernentes ao
pagamento de tributos do próprio contribuinte
constantes dos sistemas informatizados de apoio à
arrecadação dos órgãos da administração fazendária
dos entes estatais. No caso concreto, o STF

18

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