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Constituição é o pressuposto de validade de

DIA 1 todas as leis.

CULTURALISTA - Michele Ainis


Constituição Federal: art. 1-4
LINDB ● Fato cultural, tomando por base os direitos
CLT: arts. 1-6 fundamentais pertinentes à cultura.
Código de Processo Civil: art. 1° - 15 ● A Constituição é produto da cultura.
● Meirelles Teixeira a partir dessa concepção

CONSTITUIÇÃO FEDERAL cultural cria o conceito de Constituição Total,


segundo o qual: "Constituição é um conjunto
de normas jurídicas fundamentais,
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO1
condicionadas pela cultura total, e ao mesmo
SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassalle
tempo condicionantes desta, emanadas da
● Soma dos fatores reais de poder. vontade existencial da unidade política, e
● “Mera folha de papel” reguladoras da existência, estrutura e fins do
● Para Lassale, coexistem em um Estado duas Estado e do modo de exercício e limites do
Constituições: uma real, efetiva, poder político" (expressão retirada do livro do
correspondente à soma dos fatores reais de professor Dirley da Cunha Júnior na página 85,
poder que regem este país; e outra, escrita, o qual retirou do livro de J. H. Meirelles Teixeira
que consistiria apenas numa “folha de papel”. página 78)2.

POLÍTICA - Carl Schimtt ABERTA - Peter Haberle

● Decisão política fundamental. ● Pode ser interpretada por qualquer do povo,


● Diferenciava Constituição de lei constitucional. não só pelos juristas
● Constituição: decisão política fundamental.
PLURALISTA - Gustavo Zagrebelsky
● Lei constitucional: pode ou não representar a
Constituição, não dizendo respeito à decisão ● Princípios universais

política fundamental. FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - Konrad


● A Constituição seria fruto da vontade do povo, Hesse
titular do poder constituinte ; por isso mesmo
● Resposta à concepção sociológica de Lassale.
é que essa teoria é considerada DECISIONISTA
● A constituição escrita, por ter um elemento
ou VOLUNTARISTA.
normativo, pode ordenar e conformar a
JURÍDICA - Hans Kelsen realidade política e social, ou seja, é o

● Norma hipotética fundamental. resultado da realidade, mas também interage

● Sentido lógico-jurídico: fundamento com esta, modificando-a, estando aí situada a

transcendental de sua validade. Norma força normativa da Constituição.

hipotética fundamental.
● Sentido jurídico-positivo: serve de
fundamento para as demais normas. A

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1 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-e-seus-sentidos-sociologic
Tabelas feitas com base nas aulas do professor Marcello Novelino e o-politico-e-juridico#:~:text=Meirelles%20Teixeira%20a%20partir%20dessa,unidade%2
Livro do Pedro Lenza. 0pol%C3%ADtica%2C%20e%20reguladoras%20da

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ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES ● Constituição escrita: é um documento formal,
solene. OBS: Todas as Constituições brasileiras
ORGÂNICO foram escritas.
● Constituição não-escrita (costumeira,
● Estrutura do estado.
consuetudinária ou histórica): fruto dos
● Normas reguladoras da estrutura do Estado e
costumes da sociedade.
do Poder
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO
LIMITATIVOS
● Constituição dogmática: fruto de um trabalho
● Direitos fundamentais – limitam atuação legislativo específico. Reflete os dogmas de um
estatal (caráter negativo). momento específico da história. OBS: Todas as
Constituições brasileiras foram dogmáticas.
SOCIOIDEOLÓGICO
● Constituição histórica: fruto de uma lenta
evolução histórica.
● Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao
longo da CF. QUANTO À ORIGEM
● Revelam a ideologia que permeia o conteúdo
● Constituição promulgada (democrática ou
constitucional, podendo ser identificados nas
popular): feita pelos representantes do povo.
normas que consagram os direitos sociais
Brasil: CF-1891, CF-1934, CF-1946 e CF-1988.
(Capítulo II, Título II)
● Constituição outorgada (ou carta

DE ESTABILIZAÇÃO constitucional): impostas ao povo pelo


governante. Brasil: CF-1824 (Dom Pedro I),
● Asseguram solução de conflitos institucionais e CF-1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime
protegem a integridade da Constituição e do militar).
Estado ● Constituição cesarista (plebiscitária ou
bonapartista): feita pelo governante e
FORMAIS DE APLICABILIDADE
submetida a apreciação do povo mediante

● Interpretação e aplicação da Constituição. Ex: referendo.

Preâmbulo. ● Constituição pactuada (contratual ou


dualista): fruto do acordo entre duas forças
políticas de um país. Ex: Constituição Francesa
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES de 1791, Magna Carta de 1215.

QUANTO AO CONTEÚDO QUANTO À EXTENSÃO

● Constituição material: possui apenas ● Constituição sintética (breve, sumária,


conteúdo constitucional. sucinta, resumida, concisa): trata apenas dos
● Constituição formal: além de possuir matéria temas principais. Ex: Constituição dos EUA.
constitucional, possui outros assuntos. Não ● Constituição analítica (longa, volumosa,
importa o seu conteúdo, mas a forma por meio inchada, ampla, extensa, prolixa,
da qual foi aprovada. desenvolvida, larga): entra em detalhes de

QUANTO À FORMA certas instituições. Ex: CF-1988.

QUANTO À IDEOLOGIA

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● Constituição ortodoxa (ou monista): fixa uma ● Constituição semântica: é a Constituição cujas
única ideologia estatal. Ex: Constituição chinesa, normas foram elaboradas para a legitimação de
Constituição da ex-URSS. práticas autoritárias de poder; geralmente
● Constituição eclética (ou compromissória): decorrem da usurpação do Poder Constituinte
permite a combinação de ideologias diversas. do povo. Ex: CF-1937, CF-1967.
● Constituição nominal (ou nominalista):
QUANTO À FUNÇÃO - J.J.CANOTILHO
quando não há uma concordância, absoluta,
● Constituição garantia (negativa ou entre as normas constitucionais e as exigências
abstencionista): limita-se a fixar os direitos e do processo político, estas não se adaptando
garantias fundamentais. É uma carta àquelas, isto é, se a dinâmica do processo
declaratória de direitos. político não se adaptar às normas da
● Constituição dirigente (ou programática): Constituição, esta será nominal. É Constituição
além de prever os direitos e garantias sem valor jurídico cujas normas, na maior parte,
fundamentais, fixa metas estatais. Ex: art. 196, são ineficazes.
CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º, parágrafo ATENÇÃO: Bernardo Gonçalves Fernandes,
único, CF. Marcelo Novelino e Marcelo Neves defendem

QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO que a Constituição Federal de 1988 é nominal


(e não normativa).
● Constituição unitária (codificada, reduzida
● Constituição normativa: são aquelas, que
ou orgânica): formada por um único
possuem valor jurídico, cujas normas dominam
documento.
o processo político, logrando submetê-lo à
● Constituição variada (legal, inorgânica ou
observação e adaptação de seus termos; é
esparsa): formada por mais de um documento.
aquela, na qual, há uma adequação entre o
Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e convenções
texto e a realidade social, o seu texto traduz os
internacionais sobre direitos humanos que
anseios de justiça dos cidadãos, sendo condutor
forem aprovados, em cada Casa do Congresso
dos processos de poder.
Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos
ATENÇÃO: Pedro Lenza afirma que a
respectivos membros, serão equivalentes às
Constituição brasileira está caminhando da
emendas constitucionais.
Constituição nominal para a normativa, é uma
ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma
Constituição que se pretende normativa.
Constituição unitária, mas vem passando por
Eduardo dos Santos afirma que a classificação
um processo de descodificação.
em questão examina como a Constituição é e
QUANTO AO SISTEMA não como ela pretende ser (SANTOS, Eduardo
dos. Manual de Direito Constitucional, 2 ed. p.
● Constituição principiológica: possui mais
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princípios do que regras. Paulo Bonavides
entende que é o caso da CF/1988. QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO - JORGE
● Constituição preceitual: possui mais regras do MIRANDA
que princípios.
● Constituição heterônoma (ou
QUANTO À ESSÊNCIA (CRITÉRIO ONTOLÓGICO) - heteroconstituição): feita em um país para
KARL LOEWENSTEIN vigorar em outro país.
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_ar ● Constituição autônoma (homoconstituição
tigos_leitura&artigo_id=7593
ou autoconstituição): feita em um país para

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nele vigorar. É a regra geral. Ex: Constituição QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO - ANDRÉ
brasileira. RAMOS TAVARES

CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA ● Constituição liberal: possui apenas direitos


individuais ou de 1a dimensão (ex: vida,
● Constituição expansiva: além de ampliar
liberdade, propriedade). O Estado tem o dever
temas já tratados, trata de novos temas. Ex:
principal de não fazer. Ex: CF-1824, CF-1891.
CF-1988.
● Constituição social: além de direitos
● Constituição plástica: permite sua ampliação
individuais, prevê direitos sociais ou de 2a
por meio de leis infraconstitucionais (segundo a
dimensão (ex: saúde, educação, moradia,
lei, nos termos da lei, etc.). Ex: CF-1988.
alimentação). O Estado tem o dever principal de
QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA fazer. Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF-1988.

● Constituição-lei: a constituição é tratada como SEGUNDO JORGE MIRANDA


uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao
● Constituição provisória (ou pré-constituição):
legislador ordinário.
possui duração reduzida, até que seja elaborada
● Constituição-fundamento (constituição total
a constituição definitiva.
ou ubiquidade constitucional): a constituição
● Constituição definitiva: possui prazo
tenta disciplinar detalhes da vida social. Dá uma
indeterminado de duração. Ex: CF-1988.
pequena liberdade ao legislador ordinário.
● Constituição-moldura (Canotilho: CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO
Constituição-quadro): como a moldura de um
● Periodicamente elabora-se uma constituição,
quadro, a constituição fixa os limites de atuação
fazendo uma análise do avanço social ocorrido
do legislador ordinário.
nos anos anteriores.
CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES
CONSTITUIÇÃO EM BRANCO
● É a constituição cujo simbolismo é maior que
● Não prevê regras e limites para o exercício do
seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves, a
poder constituinte derivado reformador.
CF/88 é simbólica por ter um elevado número
de normas programáticas e dispositivos de alto QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE

grau de abstração. ● Constituição imutável (permanente,


● Marcelo Neves afirma que a granítica ou intocável): não pode ser alterada,
constitucionalização simbólica tem como pretendendo-se eterna e fundando-se na crença
objetivos confirmar determinados valores de que não haveria órgão competente para
sociais, desejando-se apenas uma vitória proceder à sua reforma. Pode estar relacionada
legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi
governo ou no Estado, por meio da legislação imutável nos primeiros 4 anos (limitação
álibi, por meio da qual se esvaziam pressões temporal).
políticas e apresentam o Estado como sensível a ● Constituição rígida: possui um processo de
expectativas dos cidadãos, porém sem alteração mais rigoroso que o destinado às
efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo outras leis. Ex: CF-1988.
adiar a solução de conflitos sociais, por meio ● Constituição flexível: possui o mesmo
de compromissos dilatórios, postergando-se a processo de alteração que o destinado às outras
verdadeira decisão para o futuro.

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leis. Os países de constituição flexível não CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL OU
possuem o controle de constitucionalidade. FORMAL
● Constituição transitoriamente flexível: é a
● É um "instrumento de governo definidor de
Constituição flexível por algum período, findo o
competências, regulador de processos e
qual se torna uma Constituição rígida.
estabelecedor de limites à acção política"
● Constituição semirrígida (ou semiflexível):
(Canotilho). Seu objetivo é definir
parte dela é rígida e parte é flexível.
competências, para limitar a ação dos
● Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que
Poderes Públicos, além de representar apenas
nada prevê sobre sua mudança formal, sendo
um instrumento pelo qual se eliminam conflitos
alterável somente pelo próprio poder originário.
sociais.
● Constituição super-rígida: é a Constituição
rígida que possui um núcleo imutável. CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
CONSTITUIÇÃO DÚCTIL ou CONSTITUIÇÃO SUAVE - 9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y

GUSTAVO ZAGREBELSKY
● O intuito principal da Constituição é tutelar
● Idealizada pelo jurista italiano Gustavo interesses e até mesmo privilégios
Zagrebelsky (constituzione mite). tradicionalmente reconhecidos aos integrantes
● É aquela que não define ou impõe uma forma e dirigentes do setor público.
de vida, mas assegura condições possíveis ● A Constituição é fundamentalmente um
para o exercício dos mais variados projetos conjunto normativo “destinado a assegurar
de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, posições de poder a corporações e organismos
político e econômico existente na sociedade. estatais ou paraestatais. É a visão da
Constituição “chapa-branca”, no sentido de uma
CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL OU ORGÂNICA
“Lei Maior da organização administrativa”.
● Rechaça a ideia de existência de um bloco de Apesar da retórica relacionada aos direitos
constitucionalidade, visto que a Constituição fundamentais e das normas liberais e sociais, o
seria disposta em uma estrutura documental núcleo duro do texto preserva interesses
única. corporativos do setor público e estabelece

CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL formas de distribuição e de apropriação dos


recursos públicos entre vários grupos.
● Constituição subconstitucional admite a
● Leitura socialmente pessimista da Constituição
constitucionalização de temas excessivos e o
que insiste na continuidade da visão
alçamento de detalhes e interesses
estatalista-patrimonialista da Constituição e
momentâneos ao patamar constitucional.
na centralidade do Poder Executivo em
● Para Uadi Lammêgo Bulos, citando Hild Krüger,
detrimento tanto da promessa democrática
as constituições só devem trazer aquilo que
como da tutela judicial dos direitos
interessa à sociedade como um todo, sem
individuais.
detalhamentos inúteis. Esse excesso de temas
forma as constituições substitucionais, que são CONSTITUIÇÃO UBÍQUA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095
normas que, mesmo elevadas formalmente
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
ao patamar constitucional, não o são, porque
encontram-se limitadas nos seus objetivos. ● Onipresença das normas e valores
constitucionais no ordenamento jurídico.

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● Parte-se da constatação de que os conflitos CONSTITUIÇÃO ORAL
forenses e a doutrina jurídica foram
● É “aquela em que o chefe supremo de um povo
impregnados pelo direito constitucional. A
reclama, de viva voz, o conjunto de normas que
referência a normas e valores constitucionais é
deverão reger a vida em comunidade” (BULOS,
um elemento onipresente no direito brasileiro
2014, p. 108).
pós-1988. Essa “panconstitucionalização”
deve-se ao caráter detalhista da Constituição, CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL

que incorporou uma infinidade de valores ● Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que
substanciais, princípios abstratos e normas suas normas equivalem a leis processuais. Seu
concretas em seu programa normativo. objetivo é definir competências, para limitar a

CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA ação dos Poderes Públicos” (BULOS, 2014, p.


http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095 108).
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
TRANSCONSTITUCIONALISMO
● Objetiva preponderantemente garantir os
● É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas
direitos individuais, preservando fortes
de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes,
garantias ao direito de propriedade e
se entrelaçam para resolver problemas
procurando limitar a intervenção estatal na
constitucionais” (BULOS, 2014, p. 90).
economia.
CONSTITUIÇÃO.COM ou “CROWDSOURCING”
CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1095 ● “É aquela cujo projeto conta a opinião maciça
9/Resiliencia_constitucional.pdf?sequence=3&isAllowed=y
dos usuários da internet, que, por meio de sites
Leitura da Constituição de 1988 com base nas de relacionamentos, externam seu pensamento
seguintes características: a respeito dos temas a serem
● Importância crucial dos direitos fundamentais, constitucionalizados. Foi a Islândia que,
incluindo os sociais, sendo a Constituição de pioneiramente, no ano de 2011, fez uma
1988 um texto denso exigente, limitando a ‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS,
liberdade do legislador e impondo sua 2014, p. 112).
implementação;
● Centralidade dos princípios constitucionais
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
que se multiplicam e adquirem relevância
prática e aplicabilidade imediata, desde que JURÍDICO ou HERMENÊUTICO CLÁSSICO - Ernerst
sejam adotados métodos de interpretação Fosthoff
abertos, evolutivos e desvinculados da
● Identidade entre Constituição e Leis.
textualidade das regras, em particular a
● Utiliza critérios de Savigny
ponderação de princípios e/ou valores;
TÓPICO PROBLEMÁTICO - Theodor Viehweg
● Importância do Poder Judiciário que se torna
protagonista da Constituição de 1988, em razão ● Problema-norma.
da ampliação e da intensificação do controle de ● Estudo da norma através de um problema.
constitucionalidade e da incumbência de
HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR - Konrad Hesse
implementar o projeto constitucional mediante
aplicação de métodos “abertos” de ● Norma-problema.
interpretação.

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● Parte-se de pré-compreensões para se chegar normativos inferiores) e material da
ao sentido da norma. Constituição (subordina o conteúdo de toda a
● Interpretação concretizadora. atividade normativa estatal à conformidade com
● Constituição tem força para compreender e os princípios e regras da Constituição), surge o
alterar a realidade. controle de constitucionalidade (judicial review),
que nada mais é do que uma técnica de atuação
NORMATIVO ESTRUTURANTE - Frederic Muller
da supremacia da Constituição.
● Parte-se do direito positivo para se chegar à
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
norma.
CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO
● Colhe elementos da realidade social para se
PODER PÚBLICO
chegar à norma.
● Não sendo evidente a inconstitucionalidade,
CIENTÍFICO ESPIRITUAL - Ruldof Smend
havendo dúvida ou a possibilidade de
● Não utiliza-se apenas valores consagrados na razoavelmente se considerar a norma como
Constituição, mas também valores válida, deve o órgão competente abster-se da
extra-constitucionais, como a realidade declaração de inconstitucionalidade.
social e cultura do povo. ● Havendo alguma interpretação possível que
● Interpretação sistêmica. permita afirmar-se a compatibilidade da norma

CONCRETISTA DA CONSTITUIÇÃO ABERTA - Peter com a Constituição, em meio a outras que

Haberle carreavam para ela um juízo de invalidade, deve


o intérprete optar pela interpretação
● Interpretação por todo o povo, não apenas
legitimadora, mantendo o preceito em vigor.
pelos juristas
● O princípio da presunção de constitucionalidade
COMPARAÇÃO - Peter Haberle das leis e dos atos do Poder Público (presunção
juris tantum) é uma decorrência do princípio
● Comparar com as diversas Constituições.
geral da separação dos Poderes e funciona
como fator de autolimitação da atividade do
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO Judiciário que, em reverência à atuação dos
CONSTITUCIONAL demais Poderes, somente deve invalidar os atos

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO diante de casos de inconstitucionalidade


flagrante e incontestável.
● Toda interpretação constitucional se assenta no
pressuposto da superioridade jurídica da PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A

Constituição sobre os demais atos CONSTITUIÇÃO

normativos no âmbito do Estado. Assim, em ● Diante de normas plurissignificativas ou


razão da supremacia constitucional, nenhum polissêmicas (que possuem mais de uma
ato jurídico ou manifestação de vontade interpretação), deve-se preferir a exegese que
pode subsistir validamente se for mais se aproxime da Constituição (ainda que
incompatível com a Lei Fundamental. não seja a que mais obviamente decorra de seu
● Em razão da superlegalidade formal texto) e, portanto, que não seja contrária ao
(Constituição como fonte primária da produção texto constitucional.
normativa, identificando competências e
PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
procedimentos para a elaboração dos atos

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● A Constituição deve ser sempre interpretada em c) Proporcionalidade em sentido estrito:
sua globalidade, como um todo, e, assim, as sendo a medida necessária e adequada, deve-se
aparentes antinomias deverão ser afastadas. investigar se o ato praticado, em termos de
● As normas deverão ser vistas como preceitos realização do objetivo pretendido, supera a
integrados (interpretação sistêmica) em um restrição a outros valores constitucionalizados.
sistema unitário de regras e princípios. Podemos falar em máxima efetividade e mínima
restrição.
PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR OU DA
EFICÁCIA INTEGRADORA PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE ou DA
EFICIÊNCIA ou DA INTERPRETAÇÃO EFETIVA
● Na resolução dos problemas
jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos ● Deve ser entendido no sentido de a norma
critérios ou pontos de vista que favoreçam a constitucional ter a mais ampla efetividade
integração política e social e o reforço da social.
unidade política, ou seja, as normas
PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA
constitucionais devem ser interpretadas com o
objetivo de integrar política e socialmente o ● Os aplicadores da Constituição, entre as

povo de um Estado Nacional. interpretações possíveis, devem adotar aquela


que garanta maior eficácia, aplicabilidade e
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU
permanência das normas constitucionais,
RAZOABILIDADE
conferindo-lhes sentido prático e concretizador,
● Consubstancia uma pauta de natureza em clara relação com o princípio da máxima
axiológica que emana diretamente das ideias de efetividade ou eficiência.
justiça, equidade, bom senso, prudência,
PRINCÍPIO DA JUSTEZA ou DA CONFORMIDADE
moderação, justa medida, proibição de excesso,
(EXATIDÃO ou CORREÇÃO) FUNCIONAL
direito justo e valores afins; precede e
condiciona a positivação jurídica, inclusive de ● O STF, ao concretizar a norma constitucional,

âmbito constitucional; e, ainda, enquanto será responsável por estabelecer a força

princípio geral do direito, serve de regra de normativa da Constituição, não podendo

interpretação para todo o ordenamento jurídico. alterar a repartição de funções

● Tal princípio exige a tomada de decisões constitucionalmente estabelecidas pelo

racionais, não abusivas, e que respeitem os constituinte originário, como é o caso da

núcleos essenciais de todos os direitos separação de poderes, no sentido de

fundamentais. Como parâmetro, é possível preservação do Estado de Direito.

destacar a necessidade de preenchimento de 3 ● O seu intérprete final não pode chegar a um

importantes elementos: resultado que subverta ou perturbe o

a) Necessidade/exigibilidade: a adoção da esquema organizatório-funcional

medida que possa restringir direitos só se constitucionalmente estabelecido.

legitima se indispensável para o caso concreto e PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA ou


não se puder substituí-la por outra menos HARMONIZAÇÃO
gravosa.
● Partindo da ideia de unidade da Constituição, os
b) Adequação/pertinência/idoneidade: o
bens jurídicos constitucionalizados deverão
meio escolhido deve atingir o objetivo
coexistir de forma harmônica na hipótese de
perquirido.

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eventual conflito ou concorrência entre eles, constitucional suficiente para serem respeitados,
buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um sendo eles o exercício dos direitos sociais e
princípio em relação a outro em choque. O individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o
fundamento da ideia de concordância decorre desenvolvimento, a igualdade e a justiça.
da inexistência de hierarquia entre os princípios.
Nos moldes jurídicos adotados pela CF/88, o
preâmbulo se configura como um elemento que
PREÂMBULO serve de manifesto à continuidade de todo o
ordenamento jurídico ao conectar os valores do

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em passado - a situação de início que motivou a

Assembleia Nacional Constituinte para instituir um colocação em marcha do processo legislativo - com o

Estado Democrático, destinado a assegurar o futuro - a exposição dos fins a alcançar -, descrição

exercício dos direitos sociais e individuais, a da situação que se aspira a chegar.

liberdade, a segurança, o bem-estar, o A invocação à proteção de Deus NÃO TEM força


desenvolvimento, a igualdade e a justiça como normativa, NÃO sendo norma de reprodução
valores supremos de uma sociedade fraterna, obrigatória na Constituição Estadual.
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia A invocação a Deus, presente no preâmbulo da
social e comprometida, na ordem interna e CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz,
internacional, com a solução pacífica das contudo, que o Brasil deixe de ser um Estado
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de laico.
Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
O preâmbulo constitucional situa-se no domínio da
FEDERATIVA DO BRASIL.
política e reflete a posição ideológica do
constituinte. Logo, não contém relevância
O preâmbulo da CR/88 NÃO PODE, por si só, servir
jurídica, não tem força normativa, sendo mero
de parâmetro de controle da constitucionalidade
vetor interpretativo das normas constitucionais,
de uma norma.
não servindo como parâmetro para o controle de
O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os constitucionalidade (STF).
fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e
Não tem força normativa, embora provenha do
econômicos e, dessa forma, norteia a
mesmo poder constituinte originário que elaborou
interpretação do texto constitucional.
toda a constituição
Em termos estritamente formais, o Preâmbulo
É destituído de qualquer cogência (MS 24.645
constitui-se em uma espécie de introdução ao
MC/DF);
texto constitucional, um resumo dos direitos que
permearão a textualização a seguir, apresentando NÃO INTEGRA o bloco de constitucionalidade;

o processo que resultou na elaboração da Não cria direitos nem estabelece deveres;
Constituição e o núcleo de valores e princípios de Seus princípios não prevalecem diante do texto
uma nação. expresso da constituição;

O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da


CF/88 constitui-se no marco da ruptura com o NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO
regime anterior e garante a instalação e
TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA
asseguramento jurídico dos direitos listados em
seguida e até então não dotados de força normativa

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● O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA DIMENSÃO DE
POLÍTICA, sem relevância jurídica (STF). VALIDADE.
ATENÇÃO: apesar de o preâmbulo não possuir
Ex: dignidade da pessoa Ex: eleição para
força normativa, ele traz as intenções, o sentido,
humana. Presidente da República.
a origem, as justificativas, os objetivos, os
valores e os ideais de uma Constituição,
servindo de vetor interpretativo. Trata-se,
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
assim, de um referencial
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
interpretativo-valorativo da Constituição.
Distrito Federal, constitui-se em Estado
TESE DA PLENA EFICÁCIA Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS

● O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica (SO-CI-DI-VA-PLU):

das normas constitucionais, sendo, porém, I - a SOberania;

apresentado de forma não articulada. II - a CIdadania


III - a DIgnidade da pessoa humana;
TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA
IV - os VAlores sociais do trabalho e da livre
● Ponto intermediário entre as duas, já que, muito iniciativa;
embora participe "das características jurídicas V - o PLUralismo político.
da Constituição'', não deve ser confundido com Parágrafo único. TODO O PODER EMANA DO POVO,
o articulado que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES – art. 1°, CF

PRINCÍPIO REPUBLICANO

PRINCÍPIOS REGRAS “A República”

Normas mais amplas, Normas mais específicas, PRINCÍPIO FEDERATIVO


abstratas, genéricas. delimitadas,
“Federativa do Brasil, formada pela união
determinadas.
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Alexy: princípios são Alexy: são MANDADOS Federal”
MANDAMENTOS DE DE DEFINIÇÃO.
PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
OTIMIZAÇÃO, que devem Dworkin: Devem ser
ser cumpridos na maior cumpridas integralmente “constitui-se em Estado Democrático de Direito”
intensidade possível. (all or nothing).
Dworkin: princípios são
mandamentos normativos Art. 2º São Poderes da União, independentes e
aplicados na DIMENSÃO harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
DE PESO ou DE Judiciário.
IMPORTÂNCIA.

Em caso de colisão, Em caso de colisão, Afronta o princípio da separação dos Poderes a


resolve-se pela resolve-se pela anulação judicial de cláusula de contrato de
PONDERAÇÃO. concessão firmado por Agência Reguladora e

10
prestadora de serviço de telefonia que, em
observância aos marcos regulatórios estabelecidos Os atos ilícitos praticados por Estados
pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de estrangeiros em violação a direitos humanos
alguns itens tarifários em percentual superior ao do não gozam de imunidade de jurisdição. STJ. RO
índice inflacionário fixado, quando este não é 109-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
superado pela média ponderada de todos os itens. por unanimidade, julgado em 07/06/2022 (info 740).
STF. RE 1059819/PE, relator Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 18.2.2022 (info
DL 4657/42 - LINDB
1044). Tese de Repercussão Geral – Tema 991
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada - PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA
Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da
SINCRÔNICA
República Federativa do Brasil (regra do verbo):
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da
I - CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e
lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses
solidária;
depois de oficialmente publicada.
II - GARANTIR o desenvolvimento nacional;
III - ERRADICAR a pobreza e a marginalização e
REDUZIR as desigualdades sociais e regionais; ENTRADA EM VIGOR

IV - PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos BRASIL ESTADO ESTRANGEIRO


de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
45 dias, salvo disposição 3 meses
outras formas de discriminação.
em contrário

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova

suas relações internacionais pelos seguintes publicação de seu texto, destinada a correção, o

princípios: prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores

I - independência nacional; começará a correr da nova publicação.

II - prevalência dos direitos humanos; § 4º As correções a texto de lei já em vigor

III - autodeterminação dos povos; CONSIDERAM-SE LEI NOVA.

IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados; LC 95/98. Art. 8º A vigência da lei será indicada de
VI - defesa da paz; forma expressa e de modo a contemplar prazo
VII - solução pacífica dos conflitos; razoável para que dela se tenha amplo
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; conhecimento, reservada a cláusula "entra em
IX - cooperação entre os povos para o progresso da vigor na data de sua publicação" para as leis de
humanidade; pequena repercussão.
X - concessão de asilo político. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil das leis que estabeleçam período de vacância
buscará a integração econômica, política, social e far-se-á com a inclusão da data da publicação e do
cultural dos povos da América Latina, visando à último dia do prazo, entrando em vigor no dia
formação de uma comunidade latino-americana de subsequente à sua consumação integral.
nações.

11
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância revogada, pela revogação da norma que a
deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor revogou.
após decorridos (o número de) dias de sua A repristinação deve ser expressa dada a dicção do
publicação oficial’ artigo 2º, § 3º da LICC

EFEITO REPRISTINATÓRIO / REPRISTINAÇÃO


OBLÍQUA OU INDIRETA
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a
É a reentrada em vigor de norma aparentemente
lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue
revogada, ocorrendo quando uma norma que a
[PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA]
revogou é declarada inconstitucional.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando
STF: “A declaração de inconstitucionalidade em
expressamente o declare, quando seja com ela
tese encerra um juízo de exclusão, que, fundado
incompatível ou quando regule inteiramente a
numa competência de rejeição deferida ao STF,
matéria de que tratava a lei anterior.
consiste em remover do ordenamento positivo a
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
manifestação estatal inválida e desconforme ao
especiais a par das já existentes, NÃO REVOGA NEM
modelo plasmado na Carta Política, com todas as
MODIFICA a lei anterior.
consequências daí decorrentes, inclusive a plena
restauração de eficácia das leis e das normas
REVOGAÇÃO TOTAL Ab-rogação
afetadas pelo ato declarado inconstitucional”
REVOGAÇÃO PARCIAL Derrogação *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

A lei nova taxativamente


declara revogada a lei
REVOGAÇÃO EXPRESSA Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei,
anterior ou aponta os
OU POR VIA DIRETA alegando que não a conhece [PRINCÍPIO DA
dispositivos que pretende
OBRIGATORIEDADE DA NORMA]
retirar

A lei posterior é CORRENTES DOUTRINÁRIAS QUE PROCURAM


incompatível com a JUSTIFICAR O CONTEÚDO DA NORMA
REVOGAÇÃO TÁCITA OU anterior, não havendo
TEORIA DA FICÇÃO LEGAL
POR VIA OBLÍQUA previsão expressa no
texto a respeito da sua A obrigatoriedade foi instituída pelo ordenamento
revogação para a segurança jurídica
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020
TEORIA DA PRESUNÇÃO ABSOLUTA

Haveria uma dedução iure et de iure de que todos


§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada
conhecem as leis
NÃO SE RESTAURA por ter a lei revogadora perdido
a vigência. (REPRISTINAÇÃO) TEORIA DA NECESSIDADE SOCIAL

Amparada, segundo Maria Helena Diniz, na premissa


“de que as normas devem ser conhecidas para que
REPRISTINAÇÃO melhor sejam observadas”, a gerar o princípio da
vigência sincrônica da lei
É um fenômeno legislativo no qual há a entrada
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de
novamente em vigor de uma norma efetivamente Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020

12
§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se
perante autoridades diplomáticas ou consulares DO
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso PAÍS DE AMBOS os nubentes.
de acordo com a analogia, os costumes e os § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os
princípios gerais de direito. casos de invalidade do matrimônio a lei do 1°
domicílio conjugal.
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional,
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem domicílio, e, se este for diverso, a do 1° domicílio
comum. conjugal.
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar
brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
e a coisa julgada. adoção do regime de comunhão parcial de bens,
§ 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já respeitados os direitos de terceiros e dada esta
consumado segundo a lei vigente ao tempo em adoção ao competente registro.
que se efetuou. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou
§ 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos ambos os cônjuges forem brasileiros, só será
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da
como aqueles cujo começo do exercício tenha sentença, salvo se houver sido antecedida de
termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida separação judicial por igual prazo, caso em que a
inalterável, a arbítrio de outrem. homologação produzirá efeito imediato, obedecidas
§ 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a as condições estabelecidas para a eficácia das
decisão judicial de que já não caiba recurso. sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de
Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá
reexaminar, a requerimento do interessado, decisões
Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa já proferidas em pedidos de homologação de
determina as regras sobre o começo e o fim da sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
de família

Com a Emenda Constitucional 66, de 13 de julho de


Estatuto pessoal: Pressupõe compatibilidade 2010, que instituiu o divórcio direto, a homologação
interna, chamada de filtragem constitucional. de sentença estrangeira de divórcio para alcançar
Somente é possível aplicar a lei do domicílio se eficácia plena e imediata não mais depende de
houver compatibilidade com o ordenamento decurso de prazo, seja de um ou três anos, bastando
interno. a observância das condições gerais estabelecidas na
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será (LINDB) e no Regimento Interno do STJ.(SEC 4.445/EX,

aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado

dirimentes e às formalidades da celebração. em 06/05/2015, DJe 17/06/2015)


*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

13
§ 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da aplicado a contratos em aplicada às partes
família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não que as partes estão em residentes no Brasil.
emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes Estados diferentes
sob sua guarda. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

§ 8º Quando a pessoa não tiver domicílio,


considerar-se-á domiciliada no lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre. Art. 10. A SUCESSÃO POR MORTE OU POR AUSÊNCIA
obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a

Art. 8º [LEX SITUA] Para qualificar os bens e regular as situação dos bens.

relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados

em que estiverem situados. no País, será regulada pela lei brasileira em

§ 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou

o proprietário, quanto aos bens móveis que ele de quem os represente, sempre que não lhes seja

trouxer ou se destinarem a transporte para outros mais favorável a lei pessoal do de cujus.

lugares.
§ 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que Na forma do art. 10, §1º, da LINDB e art. 5º, XXXI, da
tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa CF88, aplicar-se-á nesse processo a norma mais
apenhada. benéfica, entre a brasileira e a do domicílio do de
cujus, ao cônjuge ou filhos brasileiros, ou daqueles
que os representem. A doutrina vem denominando
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, esta situação de Princípio do Prélèvement.
aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. (FIGUEIREDO, Luciano e FIGUEIREDO, Roberto.
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Direito Civil. 6ª ed. Bahia: Juspodivm, 2016, p. 77).
Brasil e dependendo de forma essencial, será esta *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br

observada, admitidas as peculiaridades da lei


estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário
ato. regula a capacidade para suceder.
§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se
constituída no lugar em que residir o proponente. LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DA PESSOA

Começo e fim da personalidade


Art. 9, LINDB Art. 435, CC
Nome
A obrigação resultante do Reputar-se-á celebrado o
contrato reputa-se contrato no lugar em Capacidade

constituída no lugar em que foi proposto. Direitos de família


que residir o
Penhor
proponente.
LEI DO PAÍS DA SITUAÇÃO DOS BENS
norma de direito norma de direito interno
internacional privado Qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes

LEI DO PAÍS DO DOMICÍLIO DO PROPRIETÁRIO

14
Bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país

transporte para outros lugares estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo
LEI DO PAÍS EM QUE SE CONSTITUÍREM
os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
Qualificar e reger as obrigações desconheça.

LEI DO PAÍS EM QUE DOMICILIADO O DEFUNTO


OU O DESAPARECIDO Art. 376. A parte que alegar direito municipal,
estadual, estrangeiro ou consuetudinário
Sucessão por morte ou por ausência
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz
determinar.

Não viola a ordem pública brasileira o


Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse
compartilhamento direto de dados bancários
coletivo, como as sociedades e as fundações,
pelos órgãos investigativos mesmo que, no
obedecem à lei do Estado em que se constituírem.
Estado (país) de origem, essas informações
§ 1º Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais,
tenham sido obtidas sem prévia autorização
agências ou estabelecimentos antes de serem os atos
judicial, se a reserva de jurisdição não é exigida
constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro,
pela legislação local. STJ. 5ª Turma. AREsp
ficando sujeitas à lei brasileira.
701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
§ 2º Os Governos estrangeiros, bem como as
04/05/2021 (Info 695)
organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituído, dirijam ou hajam investido de funções
públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptíveis de desapropriação. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o

§ 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da

propriedade dos prédios necessários à sede dos vigência.

representantes diplomáticos ou dos agentes


consulares.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença
proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes

Art. 12. É competente a autoridade judiciária requisitos:

brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil a) haver sido proferida por juiz competente;

ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. b) terem sido as partes citadas ou haver-se

§ 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete legalmente verificado à revelia;

conhecer das ações relativas a imóveis situados no c) ter passado em julgado e estar revestida das

Brasil. formalidades necessárias para a execução no lugar

§ 2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, em que foi proferida;

concedido o exequatur e segundo a forma d) estar traduzida por intérprete autorizado;

estabelecida pela lei brasileira, as diligências e) ter sido homologada pelo STJ.

deprecadas por autoridade estrangeira competente,


observando a lei desta, quanto ao objeto das Art. 961. A decisão estrangeira somente terá
diligências. eficácia no Brasil após a homologação de sentença
estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas

15
rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de A TEORIA DO REENVIO, também conhecida como
lei ou tratado. TEORIA DO RETORNO ou DA DEVOLUÇÃO é uma
forma de interpretação de normas do Direito
A lei ou tratado internacional poderá facilitar ou
Internacional Privado, de forma que haja
dispensar a homologação de sentença estrangeira
substituição da lei nacional pela lei estrangeira,
ou a concessão do exequatur. Ex: a sentença
de modo pelo qual seja desprezado o elemento de
estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no
conexão da ordenação nacional, dando preferência
Brasil, independentemente de homologação pelo STJ
ao apontado pelo ordenamento jurídico alienígena.
(§ 5º do art. 961 do CPC/2015).
Esse instituto é utilizado sempre que ocorrer
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br
problemas nas interpretações de ordem
internacional, servindo como meio importante de
REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO
resolução de conflitos, e sempre que for necessário
ESTRANGEIRA
que o juiz aplique direito estrangeiro.
LINDB CPC/15 O reenvio é uma interpretação que desconsidera a

a) haver sido proferida I - ser proferida por norma material da regra de conexão e aplica o

por juiz competente; autoridade competente; direito internacional privado estrangeiro para chegar

b) terem sido as partes II - ser precedida de à nova norma material, geralmente de âmbito

citadas ou haver-se citação regular, ainda que nacional.

legalmente verificado à verificada a revelia; O reenvio pode ser dividido em 3 graus:

revelia; III - ser eficaz no país em 1° grau: consiste em dois países, onde o primeiro

c) ter passado em julgado que foi proferida; remete uma legislação ao segundo país, que por sua

e estar revestida das IV - não ofender a coisa vez reenvia ao primeiro;

formalidades necessárias julgada brasileira; 2° grau: compõe-se por três países, onde o primeiro

para a execução no lugar V - estar acompanhada envia sua legislação ao segundo que a reenvia ao

em que foi proferida; de tradução oficial, salvo terceiro;

d) estar traduzida por disposição que a 3° grau: formado por quatro países, no qual o

intérprete autorizado; dispense prevista em primeiro remete a legislação ao segundo, que por

e) ter sido homologada tratado; sua vez encaminha ao terceiro e finalmente reenvia

pelo STJ. VI - não conter ao quarto.

manifesta ofensa à Nesse sentido, o artigo 16 da LINDB proíbe o juiz

ordem pública. nacional de aplicar o reenvio, cabendo apenas a


aplicação do Direito Internacional Privado brasileiro
para determinar o direito material cabível, ficando a
cargo de estrangeiro, se houver, a aplicação do
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes,
reenvio.
se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em
*http://sabendoodireito.blogspot.com/2013/12/reenvio-artigo-16.html?m=1
vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer
remissão por ela feita a outra lei.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem


como quaisquer declarações de vontade, não terão
eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania
nacional, a ordem pública e os bons costumes.

16
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes Parágrafo único. A motivação demonstrará a
as autoridades consulares brasileiras para lhes necessidade e a adequação da medida imposta ou
celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou
de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de norma administrativa, inclusive em face das
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no possíveis alternativas.
país da sede do Consulado.
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também
poderão celebrar a separação consensual e o Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa,
divórcio consensual de brasileiros, não havendo controladora ou judicial, decretar a invalidação de
filhos menores ou incapazes do casal e observados ato, contrato, ajuste, processo ou norma
os requisitos legais quanto aos prazos, devendo administrativa deverá indicar de modo expresso
constar da respectiva escritura pública as disposições suas consequências jurídicas e administrativas.
relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput
pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à condições para que a regularização ocorra de
manutenção do nome adotado quando se deu o modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
casamento interesses gerais, não se podendo impor aos
§ 2º É INDISPENSÁVEL a assistência de advogado, sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função
devidamente constituído, que se dará mediante a das peculiaridades do caso, sejam anormais ou
subscrição de petição, juntamente com ambas as excessivos.
partes, ou com apenas uma delas, caso a outra
constitua advogado próprio, não se fazendo
necessário que a assinatura do advogado conste da Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão
escritura pública. pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das
políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no direitos dos administrados.
artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou
na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos administrativa, serão consideradas as circunstâncias
legais. práticas que houverem imposto, limitado ou
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses condicionado a ação do agente.
atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a
com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, natureza e a gravidade da infração cometida, os
ao interessado é facultado renovar o pedido dentro danos que dela provierem para a administração
em 90 dias contados da data da publicação desta lei. pública, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os antecedentes do agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e conta na dosimetria das demais sanções de mesma
judicial, não se decidirá com base em valores natureza e relativas ao mesmo fato.
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as
consequências práticas da decisão.

17
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou III - não poderá conferir desoneração permanente
judicial que estabelecer interpretação ou de dever ou condicionamento de direito reconhecidos
orientação nova sobre norma de conteúdo por orientação geral;
indeterminado, impondo novo dever ou novo IV - deverá prever com clareza as obrigações das
condicionamento de direito, deverá prever regime partes, o prazo para seu cumprimento e as
de transição quando indispensável para que o sanções aplicáveis em caso de descumprimento.
novo dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. Art. 27. A decisão do processo, nas esferas
administrativa, controladora ou judicial, poderá
impor compensação por benefícios indevidos ou
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, prejuízos anormais ou injustos resultantes do
controladora ou judicial, quanto à validade de ato, processo ou da conduta dos envolvidos.
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa § 1º A decisão sobre a compensação será motivada,
cuja produção já se houver completado levará em ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento,
conta as orientações gerais da época, sendo sua forma e, se for o caso, seu valor.
vedado que, com base em mudança posterior de § 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá
orientação geral, se declarem inválidas situações ser celebrado compromisso processual entre os
plenamente constituídas. envolvidos.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as
interpretações e especificações contidas em atos
públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial Art. 28. O agente público responderá pessoalmente
ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
prática administrativa reiterada e de amplo dolo ou erro grosseiro.
conhecimento público.

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de


Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza atos normativos por autoridade administrativa, salvo
jurídica ou situação contenciosa na aplicação do os de mera organização interna, poderá ser
direito público, inclusive no caso de expedição de precedida de consulta pública para manifestação de
licença, a autoridade administrativa poderá, após interessados, preferencialmente por meio eletrônico,
oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após a qual será considerada na decisão
realização de consulta pública, e presentes razões de § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo
relevante interesse geral, celebrar compromisso com e fixará o prazo e demais condições da consulta
os interessados, observada a legislação aplicável, o pública, observadas as normas legais e
qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação regulamentares específicas, se houver.
oficial.
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I - buscará solução jurídica proporcional, Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para
equânime, eficiente e compatível com os interesses aumentar a segurança jurídica na aplicação das
gerais; normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas
administrativas e respostas a consultas.

18
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput desde que estes propiciem a melhoria das condições
deste artigo terão caráter vinculante em relação ao econômicas, sociais e jurídicas dos trabalhadores
órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior urbanos e rurais”.
revisão.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA RELAÇÃO DE
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO EMPREGO

TRABALHO Previsto no art. 7º, II, III, XXVIII, XIX e XIII, CF; Art. 10,
ADCT.
Protege a relação empregatícia contra a dispensa
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) teve a arbitrária ou sem justa causa.
sua assinatura comemorada junto a uma multidão (Obs.: Convenção 158 da OIT - que prevê que a
que lotou, em uma grande festa, o Estádio São dispensa deve ser motivada - não foi ratificada
Januário, do Club de Regatas Vasco da Gama, em pelo Brasil)
1º de maio de 1943, tendo entrado em vigor em
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO SALÁRIO
10 de novembro do mesmo ano. (TRT 15/2013 -
Juiz do Trabalho) É desdobrado em quatro princípios, todos previstos
no art. 7º da CF, como o princípio da garantia do
salário mínimo com reajustes periódicos que
COMISSÃO CRIADA EM 1942 RESPONSÁVEL PELA
assegurem o poder aquisitivo do trabalhador e sua
ELABORAÇÃO DA CLT
família (inc. IV), o princípio da irredutibilidade salarial
(inc. VI) e o princípio da isonomia salarial (XXX).
Getúlio Vargas à época chamou para compor a
referida Comissão, originalmente: PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO MERCADO DE
■ Luiz Augusto Rego Monteiro TRABALHO DA MULHER
■ Dorval Lacerda
Previsto no art. 7º,XX, CF.
■ Segadas Vianna
Tem por escopo estabelecer ações afirmativas em
■ Oscar Saraiva
prol das mulheres trabalhadoras.
Mais tarde, observando a necessidade de separar
Direito do Trabalho do Direito Previdenciário, foi PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO AO TRABALHO
chamado Arnaldo Sussekind à época com apenas INFANTIL E DA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO DO
29 anos. ADOLESCENTE

Previsto no art. 7º,XXXIII, CF.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS DO Proibição de qualquer trabalho aos menores de

DIREITO DO TRABALHO dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a


partir dos quatorze anos, e proibiu o trabalho
PRINCÍPIO DA FONTE NORMATIVA MAIS
noturno, insalubre ou perigoso aos menores de
FAVORÁVEL AO TRABALHADOR
dezoito anos
Previsto no art. 7º, caput, combinado com o art. 5º, §
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DO
2º, ambos da CF.
TRABALHO
“A Constituição prescreve um catálogo mínimo de
direitos fundamentais sociais trabalhistas e, ao O princípio da proteção ao meio ambiente do

mesmo tempo, autoriza a aplicação de outros trabalho (CF, art. 225 c/c o art. 200, VIII) é

direitos, previstos em outras fontes normativas, implementado por meio de outros princípios
previstos no art. 7º do texto constitucional, a saber:

19
princípio da limitação da duração do trabalho (incs. PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DO DIREITO
XIII, XIV, XV, XVI e XVII); princípio da proteção em face DO TRABALHO
da automação (inc. XXVII); princípio da redução dos
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
riscos inerentes ao trabalho (inc. XXII); princípio da
obrigatoriedade de seguro contra acidentes de O princípio da proteção (ou princípio tutelar)

trabalho (inc. XXVIII, 1ª parte); princípio da constitui a gênese do direito do trabalho, cujo objeto,

responsabilidade civil do empregador pelos danos consiste em estabelecer uma igualdade jurídica entre

morais e materiais sofridos pelo trabalhador (inc. empregado e empregador, em virtude da manifesta

XXVIII, 2ª parte); princípio do pagamento de superioridade econômica deste diante daquele.

adicionais de remuneração para as atividades Esse princípio desdobra-se em:

insalubres, perigosas ou penosas (inc. XXIII). ■ PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO: Auxilia a
interpretação da norma trabalhista em prol do
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO
trabalhador.
Desdobra-se em outros três, todos previstos no art. Quando se está diante de uma única norma que
7º da CF, a saber: princípio da proibição de diferença permita mais de uma interpretação, deve prevalecer
de salários, de exercício de funções e de critério de aquela que mais favoreça o empregado.
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado ■ PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS
civil (inc. XXX); princípio da proibição de qualquer FAVORÁVEL: Existindo mais de uma norma no
discriminação no tocante a salário e critérios de ordenamento jurídico versando sobre direitos
admissão do trabalhador com deficiência (inc. XXXI) e trabalhistas, prevalecerá a que mais favoreça o
princípio da proibição de distinção entre trabalho empregado.
manual, técnico e intelectual ou entre os OBSERVAÇÃO: Esse princípio só não será aplicável
profissionais respectivos. diante de norma proibitiva, de ordem pública,
A Lei 13.467/2017, no entanto, na contramão do imposta pelo Estado, como é a hipótese da vedação
princípio da proibição da vinculação do salário mínimo para qualquer fim
de discriminação, incluiu um parágrafo único no art. (CF, art. 7º, IV, in fine) * art. 3º, Lei 7.064/1982.
444 da CLT, criando a figura do “empregado ■ PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO (OU CLÁUSULA) MAIS
hipersuficiente”, uma vez que autoriza “a livre BENÉFICA: Existindo uma condição ou cláusula
estipulação” nos contratos individuais de trabalho às anterior oriunda de norma jurídica preexistente (ex.:
hipóteses previstas no art. 611-A da CLT: “com a cláusula de regulamento de empresa contendo uma
mesma eficácia legal e preponderância sobre os vantagem para o empregado), sobrevier outra norma
instrumentos coletivos, no caso de empregado versando sobre a mesma matéria, prevalecerá
portador de diploma de nível superior e que perceba aquela, anteriormente criada, salvo se a norma
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite posterior for mais benéfica ao trabalhador. Ex.:
máximo dos benefícios do Regime Geral de Súmula 51 do TST.
Previdência Social”.
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE OU
Todo o conteúdo foi extraído do Livro: Leite, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito
do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 12. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
INDISPONIBILIDADE
2020.
Princípio destinado exclusivamente ao empregado,
está previsto no art. 9º da CLT.
Tendo em vista a grande quantidade de normas de
ordem pública na seara do direito do trabalho, não

20
se admite, em princípio, que o trabalhador renuncie ENUNCIADOS DA 2º JORNADA DE DIREITO
a direitos trabalhistas. MATERIAL E PROCESSUAL DO TRABALHO
“A corrente doutrinária dominante não admite a
renúncia antes ou durante o curso do contrato de FUNDAMENTOS, PRINCÍPIOS E HERMENÊUTICA

trabalho, sendo mais aceita a renúncia posterior à DO DIREITO DO TRABALHO. LEI 13.467/2017. A Lei

extinção dele.” nº 13.467/2017, da Reforma Trabalhista, não afetou


os fundamentos do direito do trabalho
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE
positivados na CLT (art. 8º), bem como os
EMPREGO
princípios da proteção (Títulos II a IV), da primazia
O contrato de trabalho, em regra, deve ter a maior da realidade (arts. 3º e 442), da irrenunciabilidade
duração possível, pois, no paradigma do Estado (arts. 9º e 468), da norma mais favorável, da
Democrático de Direito, o direito ao trabalho digno é imodificabilidade contratual em prejuízo do
um direito humano e fundamental. trabalhador (art. 468), da supremacia do crédito
Esse princípio constituiu base para o instituto trabalhista (arts. 100 da CRFB/88 e 186 do CTN) e
tradicional da estabilidade. dos poderes inquisitórios do juiz do trabalho (art.
765), dentre outros, cuja observância é requisito
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE
para a validade da norma jurídica trabalhista.
A realidade fática na execução do contrato prevalece (Enunciado Aglutinado nº 4 da Comissão 1)
sobre o aspecto formal das condições nele
avençadas. (art. art. 9º, CLT)
TÍTULO I - INTRODUÇÃO
PRINCÍPIO DAS GARANTIAS MÍNIMAS AO
TRABALHADOR
Art. 1º - Esta Consolidação estatui as normas que
As partes são livres para, no momento da celebração regulam as relações individuais e coletivas de
do contrato, ajustarem as condições que lhes trabalho, nela previstas.
aprouverem, desde que respeitem as normas legais
de proteção do trabalhador, as convenções e
acordos coletivos, as decisões das autoridades
Difere uma consolidação de um código porque, em
competentes em matéria trabalhista (CLT, art. 444).
tese, a primeira é uma compilação de normas
PRINCÍPIO DA SUBSTITUIÇÃO AUTOMÁTICA DAS esparsas, e o segundo costuma apresentar
CLÁUSULAS CONTRATUAIS novidades legislativas junto ao esforço de
sistematizar, num só corpo, todas as regras sobre
As leis de proteção ao trabalhador têm vigência
determinada matéria, como os códigos tributário,
imediata, isto é, aplicam-se imediatamente aos
civil, de consumidores e assim por diante. No
contratos em curso, desde que mais favoráveis, salvo
entanto, a CLT, embora tenha acolhido normas
as leis proibitivas, de ordem pública, impostas pelo
esparsas do trabalho bancário e ferroviário, bem
Estado.
como do funcionamento da Justiça do Trabalho,
Todo o conteúdo foi extraído do Livro: Leite, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito
do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 12. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, teve, também ela, grande papel criativo, de modo
2020.
que a nomenclatura, aqui, é mais simbólica do que
propriamente científica. De toda forma, a sigla CLT
revelou-se um grande achado e está presente de
maneira profunda na cultura e no imaginário
brasileiro, tendo até mesmo gerado adjetivos

21
(“trabalhador celetista”) e alguns estranhos durante a mesma jornada de trabalho, não
subprodutos (“celetizado”, “celetizar”). caracteriza a coexistência de mais de um

Todo o conteúdo foi extraído do Livro: DA SILVA Homero Batista Mateus. CLT contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.
Comentada. Revista dos Tribunais, 2019.

Súmula 239/TST - É bancário o empregado de


empresa de processamento de dados que presta
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, serviço a banco integrante do mesmo grupo
individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da econômico, exceto quando a empresa de
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a processamento de dados presta serviços a banco e
prestação pessoal de serviço. a empresas não bancárias do mesmo grupo
§1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos econômico ou a terceiros.
exclusivos da relação de emprego, os profissionais
liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas ou outras instituições sem 📌 ATENÇÃO
fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como A Súmula 205 do TST previa que “O responsável

empregados. solidário, integrante do grupo econômico, que não


participou da relação processual como reclamado e
que, portanto, não consta no título executivo
Lei 5.764/1971, Art. 91. As cooperativas igualam-se
judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo
às demais empresas em relação aos seus empregados
na execução”. Ela foi cancelada em 2003 pelo TST e,
para os fins da legislação trabalhista e
atualmente, o entendimento predominante é que: é
previdenciária.
possível incluir uma empresa do grupo
econômico em fase de execução, ainda que ela
o
§ 2 Sempre que uma ou mais empresas, tendo, não tenha sido parte na fase de conhecimento.
embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou ⚠️ ATENÇÃO: "A vice-presidente do TST, Ministra
administração de outra, ou ainda quando, mesmo Dora Maria da Costa, suspendeu o trâmite dos
guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo recursos extraordinários interpostos em que se
econômico, serão RESPONSÁVEIS SOLIDARIAMENTE discuta a inclusão de empresas que não tenham
pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. participado das ações desde o início, com
(LEI 13467/17) fundamento na existência de grupo econômico.
O sobrestamento foi determinado após a ministra
acolher recurso extraordinário (RE) da Rodovias das
A redação original da CLT previa apenas o grupo
Colinas S.A., que será encaminhado ao Supremo
econômico por subordinação. Com a Reforma
Tribunal Federal (STF), juntamente com outro caso,
Trabalhista, o § 2º passou a tratar do grupo
para que sejam examinados sob a ótica da
econômico por subordinação (uma empresa
repercussão geral, ou seja, para a fixação de tese a
controla as demais) e do grupo econômico por
ser aplicada a todos os casos semelhantes.
coordenação (não há controle centralizado). A
Na decisão em que acolheu o RE, a vice-presidente
alteração foi inspirada na redação do art. 3º, § 2º,
destaca que a questão da configuração de grupo
da Lei do Trabalhador Rural (5.889/1973).
econômico e da possibilidade de inclusão de
Súmula 129/TST - A prestação de serviços a mais de empresa integrante na execução é matéria
uma empresa do mesmo grupo econômico, extremamente controvertida. O tema está em

22
atuação conjunta das empresas dele integrantes.
discussão na Arguição de Descumprimento de
(LEI 13467/17)
Preceito Fundamental (ADPF) 488, ainda pendente
de julgamento pelo STF, sob a ótica das garantias
constitucionais da ampla defesa, do Decreto 10.854/2021, Art. 40, Parágrafo único. É
contraditório, do devido processo legal e da vedada a caracterização de grupo econômico pela
igualdade. No mesmo sentido, tramita no STF a mera identidade de sócios, hipótese em que será
ADPF 951.” necessária, para a sua configuração, conforme o
disposto no § 3º do art. 2º da CLT a demonstração: I -
do interesse integrado; II - da efetiva comunhão de
Lei 6.019/1974, Art. 10, § 7º A contratante é
interesses; e III - da atuação conjunta das
subsidiariamente responsável pelas obrigações
empresas que o integrem.
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o
trabalho temporário, e o recolhimento das Viola o princípio da legalidade insculpido no art. 5º,
contribuições previdenciárias observará o disposto no II, da CF, por impor obrigação não prevista no art.
art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. - em 2º, § 2º, da CLT, decisão que, na fase de execução de
caso de falência, será solidariamente responsável sentença, reconhece a configuração de grupo
(art. 16) econômico e atribui responsabilidade solidária a
empresa distinta daquela com a qual se estabeleceu
o vínculo de emprego, com fundamento
ENUNCIADOS DA 2º JORNADA DE DIREITO
estritamente na existência de sócios comuns,
MATERIAL E PROCESSUAL DO TRABALHO
sem a demonstração de relação hierárquica de
uma empresa sobre a outra. TST-E-ED-RR-92-
GRUPO ECONÔMICO. INTEGRAÇÃO. CONCEITO
21.2014.5.02.0029, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa
DO DIREITO EMPRESARIAL. BASE SOCIETÁRIA,
da Veiga, red. p/ acórdão Min. João Oreste
OBRIGACIONAL E PESSOAL. Não configurado o
Dalazen, 5.10.2017 (info 167).
grupo econômico na forma do novo art. 2º, § 2º, da
CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, é
possível a integração do direito, na forma do art. 8º
ENUNCIADOS DA 2º JORNADA DE DIREITO
da CLT (especialmente considerando sua nova
MATERIAL E PROCESSUAL DO TRABALHO
redação), para abarcar situações não disciplinadas
pela nova legislação trabalhista. O grupo GRUPO ECONÔMICO TRABALHISTA.
econômico pode ter natureza societária, DISTRIBUIÇÃO RACIONAL DO ÔNUS DA PROVA.
obrigacional ou pessoal, bastando apenas a I. A Lei nº 13.467/2017 reconheceu expressamente a
atuação coordenada, conjunta ou coligada das figura do grupo econômico trabalhista por
sociedades empresárias. Assim, como tal coordenação (art. 2º, §2º) e estabeleceu requisitos
concepção destina-se à defesa da ordem subjetivos (interesse integrado e comum) e
econômica e da livre concorrência, com mais objetivos (atuação conjunta) para a caracterização
razão ainda deve ser aplicada à defesa das verbas do grupo, a serem verificados no caso concreto pelo
trabalhistas. (Enunciado nº 5 da Comissão 1) juízo (art. 2º, §3º).
II. Nas hipóteses restritas de aplicação do parágrafo
3º do artigo 2º da CLT, a mera identidade de sócios
§ 3o NÃO CARACTERIZA GRUPO ECONÔMICO a mera
entre as empresas integrantes, embora não baste à
identidade de sócios, sendo necessárias, para a
caracterização do grupo econômico, constitui
configuração do grupo, a demonstração do interesse
integrado, a efetiva comunhão de interesses e a

23
indício que autoriza a inversão ou redistribuição RELAÇÃO DE EMPREGO
do ônus da prova, nos termos do art. 818 § 1º da
■ CONCEITO: espécie de relação de trabalho,
CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017.
marcada pela presença da subordinação,
Incumbe então ao empregador o ônus de
pessoalidade, não
comprovar a ausência de interesses integrados,
■ EVENTUALIDADE E ONEROSIDADE
da comunhão de interesses e/ou da atuação
■ FUNDAMENTO: art. 3º da CLT
conjunta das empresas. Aplicação dos princípios
■ NATUREZA JURÍDICA: contrato de trabalho
da aptidão para a prova e da paridade de armas em
subordinado
concreto (isonomia processual). (Enunciado
Aglutinado nº 5 da Comissão 1)
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS EMPRESAS
QUE ATUAM EM CADEIA PRODUTIVA GLOBAL OU
📌 ATENÇÃO: O empregado nunca poderá ser
pessoa jurídica.
NACIONAL. Subordinação estrutural. Grupo
econômico. Responsabilidade solidária das
empresas que atuam em cadeia produtiva ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO
nacional ou global, por interpretação dos EMPREGATÍCIA
parágrafos 2º e 3º do artigo 2º da CLT,
PESSOALIDADE
acrescentados pela lei 13.467/2017. (Enunciado nº
4 da Comissão 1) O contrato de trabalho é, via de regra, intuitu
personae com relação ao empregado, que é sempre
pessoa física.
Não há, porém, pessoalidade em relação ao
Art. 3º - Considera-se EMPREGADO toda pessoa física
empregador (CLT, arts. 10 e 448), que pode ser
que prestar serviços de natureza não eventual a
pessoa física ou jurídica ou, ainda, ente
empregador, sob a dependência deste e mediante
despersonalizado, como a massa falida , uma vez
salário.
que a mudança da propriedade da empresa
(sucessão empresarial) não descaracteriza, em
RELAÇÃO DE TRABALHO princípio, a relação empregatícia

■ CONCEITO: possui caráter genérico, referindo-se NÃO EVENTUALIDADE OU HABITUALIDADE

a toda modalidade de contratação de trabalho O contrato de trabalho exige uma prestação de


humano modernamente admissível, em troca de serviço de forma habitual, constante e regular,
um valor pecuniário ou não-pecuniário. levando-se em conta um espaço de tempo ou uma
■ FUNDAMENTO: valor social do trabalho e livre tarefa a ser cumprida. Assim, o trabalho eventual,
iniciativa esporádico, a princípio, não tipifica uma relação
■ NATUREZA JURÍDICA: negócio jurídico empregatícia.
■ ESPÉCIES:
▸ Relação de emprego (empregado – art. 3º da 🚩 OBSERVAÇÃO: O art. 1º da LC 150/2015 (lei dos
CLT) empregados domésticos) fala em “continuidade”, que
▸ Relação de trabalho em sentido estrito não se confunde com não eventualidade.
(autônomo, temporário, eventual etc)
SUBORDINAÇÃO JURÍDICA
▸ Relação de consumo (não é da competência
da JT)

24
Há quem sustente que a subordinação decorre da O contrato de prestação de serviço voluntário
situação de “dependência” (CLT, art. 3º) do celebrado sem “termo de adesão” gera vínculo de
empregado em relação ao empregador (corrente emprego?
minoritária)
Todavia, o empregado não é “dependente” do ■ Sabe-se que o “serviço voluntário não gera

empregador, e sim, a sua atividade laboral (física, vínculo empregatício, nem obrigação de

mental ou intelectual) é que fica num estado de natureza trabalhista previdenciária ou afim”.

sujeição ao poder (diretivo, regulamentar e Afinal, trata-se de uma atividade voluntária da

disciplinar) do empregador, sendo que este critério pessoa, sem qualquer intenção de contrapartida

é, para a maioria dos doutrinadores, o mais financeira.

relevante, dentre os demais, para caracterizar a ■ O art. 2º da Lei n. 9.608/98, porém, estabelece

relação empregatícia. que o “serviço voluntário será exercido mediante


a celebração de termo de adesão entre a
ONEROSIDADE
entidade, pública ou privada, e o prestador do
O empregado tem que receber remuneração, seja serviço voluntário, dele devendo constar o
salário fixo, comissões ou utilidades, cujo pagamento objeto e as condições de seu exercício”.
pode ser estabelecido por dia, hora ou mês. O ■ A pergunta que não quer calar é: sendo a forma
trabalho prestado a título gratuito, voluntário, por um elemento do plano da validade, a ausência de
caridade, não é protegido pelo direito do trabalho. tal termo caracterizaria um vínculo de natureza
empregatícia. A resposta é: somente por isso,
INTENCIONALIDADE OU PROFISSIONALIDADE
não!
assevera José de Ribamar da Costa, inspirado em ■ A forma em um negócio jurídico é a maneira pela
Cabanellas, “para que qual se expressa a manifestação de vontade, no
exista um contrato de trabalho, é necessário que a plano da existência. No campo da validade, deve
pessoa tenha ânimo de prestar serviços sob a forma ela ser a adequada, entendida como a prescrita ou
de empregado. É o elemento subjetivo do contrato” não defesa em lei. No caso, a lei estabelece uma

AJENIDAD forma do contrato de atividade voluntária. O que se


tem de saber é se a celebração deste termo de
Segundo Luciano Viveiros, Refere-se à atribuição
compromisso é uma forma “ad solenitatem” (ou
inicial e direta dos frutos do trabalho,
seja, uma solenidade indispensável, como a forma
compreendendo-se “todo resultado do trabalho
no casamento) ou “ad probationem” (forma para a
produtivo do homem, intelectual ou manual, valioso
prova do negócio jurídico). ■ Parece-nos que, dada
por si mesmo ou associado ao de outros, quer
a finalidade da atividade voluntária, a
consista em um bem, quer em um serviço”. A
irregularidade de não tomada de assinatura não
ajenidad pode ser entendida como “a utilidade
desvirtua a prestação, mas pode ser um
patrimonial do trabalho”. (corrente minoritária a
elemento a mais para a formação da convicção
considera como requisito da relação de emprego)
do magistrado na instrução de um processo de
Todo o conteúdo foi extraído do Livro: Leite, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito
do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 12. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
reconhecimento de vínculo empregatício, desde
2020. que presentes todos os elementos
caracterizadores.
Prevalece na doutrina que a exclusividade não é Todo o conteúdo foi extraído do Instragram @lucianomartinez10

requisito da relação de emprego.

25
Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas em lei, representam tempo à disposição da
por este todas as formalidades legais, com ou sem empresa, remunerados como serviço
exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.
qualidade de empregado prevista no art. 3º desta
Consolidação.
§ 1º Computar-se-ão, na CONTAGEM DE TEMPO DE
SERVIÇO, para efeito de indenização e estabilidade,
Decreto 10.854/2021, Art. 39, § 5º A mera
os períodos em que o empregado estiver afastado do
identificação do trabalhador na cadeia produtiva da
trabalho prestando serviço militar e por motivo de
contratante ou o uso de ferramentas de trabalho ou
acidente do trabalho. (LEI 13467/17)
de métodos organizacionais e operacionais
estabelecidos pela contratante não implicará a
existência de vínculo empregatício. § 6º A Lei 8.036/1990, Art. 15, § 5º O depósito de que trata o
caracterização da subordinação jurídica deverá ser caput deste artigo [FGTS = 8% da remuneração
demonstrada no caso concreto e incorporará a mensal] é obrigatório nos casos de afastamento
submissão direta, habitual e reiterada do para prestação do serviço militar obrigatório e
trabalhador aos poderes diretivo, regulamentar e licença por acidente do trabalho.
disciplinar da empresa contratante, dentre outros.

Súmula 386/TST - Preenchidos os requisitos do art. § 2o Por NÃO SE CONSIDERAR TEMPO À DISPOSIÇÃO

3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação DO EMPREGADOR, não será computado como

de emprego entre policial militar e empresa período extraordinário o que exceder a jornada

privada, independentemente do eventual normal, ainda que ultrapasse o limite de 5 minutos

cabimento de penalidade disciplinar prevista no previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação,

Estatuto do Policial Militar. quando o empregado, por escolha própria, buscar


proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias
públicas ou más condições climáticas, bem como
Parágrafo único - NÃO haverá distinções relativas à
adentrar ou permanecer nas dependências da
espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem
empresa para exercer atividades particulares, entre
entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
outras: (LEI 13467/17)
I - práticas religiosas; (LEI 13467/17)
II - descanso; (LEI 13467/17)
Art. 4º - Considera-se como de SERVIÇO EFETIVO o
III - lazer; (LEI 13467/17)
período em que o empregado esteja à disposição do
IV - estudo; (LEI 13467/17)
empregador, aguardando ou executando ordens,
V - alimentação; (LEI 13467/17)
salvo disposição especial expressamente consignada.
VI - atividades de relacionamento social; (LEI
13467/17)
Súmula 429/TST - Considera-se à disposição do VII - higiene pessoal; (LEI 13467/17)
empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não
necessário ao deslocamento do trabalhador entre a houver obrigatoriedade de realizar a troca na
portaria da empresa e o local de trabalho, desde empresa. (LEI 13467/17)
que supere o limite de 10 minutos diários.

Súmula 118/TST - Os intervalos concedidos pelo


🚩 Súmula parcialmente superada pela Lei
13.467/2017, mas ainda não alterada
empregador na jornada de trabalho, não previstos

26
Parágrafo único. Os meios telemáticos e
Súmula 366/TST - Não serão descontadas nem
informatizados de comando, controle e supervisão
computadas como jornada extraordinária as
SE EQUIPARAM, para fins de subordinação jurídica,
variações de horário do registro de ponto não
aos meios pessoais e diretos de comando, controle
excedentes de cinco minutos, observado o limite
e supervisão do trabalho alheio.
máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado
esse limite, será considerada como extra a
totalidade do tempo que exceder a jornada normal,
pois configurado tempo à disposição do
empregador, não importando as atividades CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo
residual (troca de uniforme, lanche, higiene
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
pessoal, etc).
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DEVIDO PROCESSO LEGAL

Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá Art. 5º, LIV.

salário igual, sem distinção de sexo. Assegura que ninguém perca os seus bens ou a sua
liberdade sem que sejam respeitadas a lei e as
garantias processuais inerentes ao processo. Pode
Art. 5º CF/88 - Todos são iguais perante a lei, sem
ser substancial ou processual.
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a ACESSO À JUSTIÇA

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à Art. 5º, XXXV.


igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos A lei não pode excluir da apreciação do Judiciário
seguintes: I - homens e mulheres são iguais em nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito. E o
direitos e obrigações, nos termos desta Judiciário deve responder a todos os requerimentos
Constituição; a ele dirigidos (ação em sentido amplo).

CONTRADITÓRIO

Art. 5º, LV.


Art. 6o NÃO SE DISTINGUE entre o trabalho realizado
Deve-se dar ciência aos participantes do processo de
no estabelecimento do empregador, o executado no
tudo o que nele ocorre, dando-lhes oportunidade de
domicílio do empregado e o realizado a distância,
se manifestar e de se opor aos requerimentos do
desde que estejam caracterizados os pressupostos
adversário
da relação de emprego.
DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

Decreto 10.854/2021, Art. 106. São beneficiários do Art. 5º, LXXVIII.


vale-transporte, nos termos do disposto na Lei nº Princípio dirigido ao legislador e ao juiz. Ao
7.418, de 1985, os trabalhadores em geral, tais como: legislador, a fim de que, na edição de leis
VI - os empregados a domicílio, para os processuais, cuide para que o processo chegue ao
deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho fim almejado no menor tempo possível e com a
e à percepção de salários e os necessários ao maior economia de esforços e gastos. Ao juiz, a fim
desenvolvimento das relações com o empregador. de que conduza o processo com toda a presteza
possível.

27
ISONOMIA DISPOSITIVO

Art. 5º, caput e inc. I. Não há dispositivo específico.


Também dirigida ao legislador e ao juiz, exige que a Nos processos que versam sobre interesses
lei e o Judiciário tratem igualmente os iguais e disponíveis, as partes podem transigir, o autor pode
desigualmente os desiguais na medida da sua renunciar ao direito e o réu pode reconhecer o
desigualdade (isonomia real). pedido. Cumpre ao interessado ajuizar a demanda e
definir os limites objetivos e subjetivos da lide. Mas,
IMPARCIALIDADE DO JUIZ
no que concerne à condução do processo e à
Art. 5º, LIII e XXXVII. produção de provas, vigora o princípio inquisitivo,
Para toda causa há um juiz natural, apurado de por força do art. 370 do CPC, sendo supletivas as
acordo com regras previamente existentes no regras do ônus da prova.
ordenamento jurídico. Em razão disso, é vedada a
IMEDIAÇÃO
criação de juízos ou tribunais de exceção.
Art. 456 do CPC.
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Derivado da oralidade, determina que o juiz colha
Não tem previsão expressa. diretamente a prova, sem intermediários
Conquanto não previsto, decorre implicitamente da
IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ
adoção, pela CF, de um sistema de juízos e tribunais
que julgam recursos contra decisões inferiores. No Não há dispositivo específico no CPC, mas prevalece
entanto, nada impede que, em algumas a regra do art. 132 do CPC de 1973.
circunstâncias, não exista o duplo grau. O juiz que colheu prova oral em audiência fica
vinculado ao julgamento do processo,
PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS
desvinculando-se apenas nas hipóteses do art. 132
Art. 5º, LX, que atribui à lei a regulamentação dos do CPC de 1973.
casos de sigilo (art. 189 do CPC).
CONCENTRAÇÃO
Os atos processuais são públicos, o que é necessário
para assegurar a transparência da atividade Art. 365 do CPC.
jurisdicional. A Constituição atribui à lei a A audiência de instrução e julgamento é una e
regulamentação dos casos de contínua. Caso não seja possível concluí-la no
sigilo, quando a defesa da intimidade ou o interesse mesmo dia, o juiz designará outra data em
público ou social o exigirem. Tal regulamentação foi continuação
feita no art. 189 do CPC
IRRECORRIBILIDADE, EM SEPARADO DAS
MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

Art. 93, IX. Art. 1.009, § 1º, do CPC.


Também para que haja transparência da atividade Em regra, contra as decisões interlocutórias, o
judiciária, há necessidade de que todas as decisões recurso cabível – o agravo – não suspenderá o
dos juízos e tribunais sejam motivadas, para que os processo
litigantes, os órgãos superiores e a sociedade
PERSUASÃO RACIONAL
possam conhecer a justificação para cada uma das
decisões. Art. 371 do CPC.
Cabe ao juiz apreciar livremente as provas, devendo
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DO
indicar, na sentença, os motivos de sua decisão, que
PROCESSO CIVIL

28
devem estar amparados nos elementos constantes Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional

dos autos. ameaça ou lesão a direito. [PRINCÍPIO DA


INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO]
BOA-FÉ
§ 1o É PERMITIDA A ARBITRAGEM, na forma da lei.
Art. 5º do CPC. § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a
Todos aqueles que participam do processo devem solução consensual dos conflitos.
comportar-se de acordo com a boa-fé. § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de
solução consensual de conflitos deverão ser
COOPERAÇÃO
estimulados por juízes, advogados, defensores
Art. 6º do CPC. públicos e membros do Ministério Público, inclusive
Exige que as partes cooperem para que o processo no curso do processo judicial.
alcance bom resultado, em tempo razoável.
Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil / Pedro Lenza ; Marcus Vinicius
Rios Gonçalves. – Esquematizado® – 11. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020
Súmula 485-STJ: A Lei de Arbitragem aplica-se aos
contratos que contenham cláusula arbitral, ainda
que celebrados antes da sua edição.

PARTE GERAL
LIVRO I - DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
FPPC371. (arts. 3, §3º, e 165). Os métodos de solução
TÍTULO ÚNICO - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA
consensual de conflitos devem ser estimulados
APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
também nas instâncias recursais
CAPÍTULO I - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO
FPPC485. (art. 3º, §§ 2º e 3º; art. 139, V; art. 509; art.
PROCESSO CIVIL
513) É cabível conciliação ou mediação no
processo de execução, no cumprimento de
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e sentença e na liquidação de sentença, em que
interpretado conforme os valores e as normas será admissível a apresentação de plano de
fundamentais estabelecidos na Constituição da cumprimento da prestação.
República Federativa do Brasil, observando-se as FPPC573. (arts.3º,§§2ºe3º;334) As Fazendas Públicas
disposições deste Código. devem dar publicidade às hipóteses em que seus
órgãos de Advocacia Pública estão autorizados a
FPPC369. (arts. 1º a 12) O rol de normas aceitar autocomposição.
fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único FPPC618. (arts.3º, §§ 2º e 3º, 139, V, 166 e 168; arts.
do Livro I da Parte Geral do CPC não é exaustivo 35 e 47 da Lei nº 11.101/2005; art. 3º, caput, e §§ 1º e
FPPC370. (arts. 1º a 12) Norma processual 2º, art. 4º, caput e §1º, e art. 16, caput, da Lei nº
fundamental pode ser regra ou princípio 13.140/2015). A conciliação e a mediação são
compatíveis com o processo de recuperação
judicial.

Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se FPPC707. (art. 3º, § 3º; art. 151, caput, parágrafo

desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções único, da Lei nº 14.133/2021) A atuação das

previstas em lei. [PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA serventias extrajudiciais e dos comitês de resolução

JURISDIÇÃO + PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL] de disputas (dispute boards) também integra o


sistema brasileiro de justiça multiportas.
FPPC708. (art. 3º, §3º; art. 35, III da lei 12.594/2012;
art. 1º, III, da Resolução CNJ nº 225/2016; arts. 13-14

29
da Resolução CNMP nº 118/2004) As práticas FPPC574. (arts.4º; 8º) A identificação de vício
restaurativas são aplicáveis ao processo civil. processual após a entrada em vigor do CPC de
2015 gera para o juiz o dever de oportunizar a
regularização do vício, ainda que ele seja
ESPÉCIES DE AUTOCOMPOSIÇÃO
anterior.
TRANSAÇÃO FPPC666 (arts. 4º, 139, X, 317, 488 e 932, parágrafo

Ocorre por meio de transações bilaterais, ou seja, único; art. 5º, §3º, Lei 7.347/1985 e art. 9º da Lei de

ambos renunciam a parcela de seus interesses, Ação Popular) O processo coletivo não deve ser

buscando a realização de um acordo. Pode ocorrer extinto por falta de legitimidade quando um

judicial ou extrajudicialmente. legitimado adequado assumir o polo ativo ou


passivo da demanda
RENÚNCIA

O autor abdica/renuncia integralmente de sua


pretensão Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do

SUBMISSÃO processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

O réu reconhece a procedência do pleito autoral.


FPPC374. (art. 5º) O art. 5º prevê a boa-fé objetiva
*Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br
FPPC375. (art. 5º) O órgão jurisdicional também
deve comportar-se de acordo com a boa-fé
objetiva.
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo
FPPC376. (art. 5º) A vedação do comportamento
razoável a solução integral do mérito, incluída a
contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
atividade satisfativa. [PRINCÍPIO DA DURAÇÃO
FPPC377. (art. 5º) A boa-fé objetiva impede que o
RAZOÁVEL DO PROCESSO]
julgador profira, sem motivar a alteração, decisões
diferentes sobre uma mesma questão de direito
Princípios da primazia da solução integral de mérito,
aplicável às situações de fato análogas, ainda que
executividade dos provimentos jurisdicionais e
em processos distintos.
duração razoável do processo.
FPPC378. (arts. 5º, 6º, 322, §2º, e 489, §3º) A boa fé
processual orienta a interpretação da postulação
FPPC372. (art. 4º) O art. 4º tem aplicação em todas as e da sentença, permite a reprimenda do abuso de
fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive direito processual e das condutas dolosas de todos
em incidentes processuais e na instância recursal, os sujeitos processuais e veda seus comportamentos
impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o contraditórios.
saneamento de vícios para examinar o mérito, JDPC1 A verificação da violação à boa-fé objetiva
sempre que seja possível a sua correção. dispensa a comprovação do animus do sujeito
FPPC373. (arts. 4º e 6º) As partes devem cooperar processual.
entre si; devem atuar com ética e lealdade, JDPC2 As disposições do Código de Processo Civil
agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios aplicam-se supletiva e subsidiariamente às Leis n.
que extingam o processo sem resolução do mérito e 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009, desde que
cumprindo com deveres mútuos de esclarecimento e não sejam incompatíveis com as regras e princípios
transparência. dessas Leis.

30
COROLÁRIOS DA BOA-FÉ OBJETIVA TU QUOQUE

SUPRESSIO (VERWIRKUNG) Como decorrência do princípio da boa-fé processual


objetiva não pode a parte criar dolosamente
Supressão a um direito pelo seu não exercício. No
situações que viciem o processo para, depois,
campo processual, verifica-se na perda de um poder
alegar nulidade, tirando proveito da situação.
processual pelo seu não exercício.
Assim, veda-se o comportamento não esperado,
A chamada “nulidade de algibeira (ou de bolso) se
adotado em situação de abuso.
configura quando a parte, embora tenha o direito
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma
de alegar nulidade mantém-se inerte durante
sob pena de nulidade, a decretação desta não pode
longo período, deixando para realizar a alegação
ser requerida pela parte que lhe deu causa.
no momento que melhor lhe convier, não é
Aquele que despreza a norma não pode dela se
admitida, por violar a boa-fé processual.
aproveitar.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na
*Informações retiradas do site
primeira oportunidade em que couber à parte falar
https://blog.ebeji.com.br/funcoes-reativas-ou-aspectos-parcelares-da-boa-fe-obj
nos autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. etiva-na-jurisprudencia-do-stj/

Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o


juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a
preclusão provando a parte legítimo impedimento. Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar
entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
SURRECTIO
decisão de mérito justa e efetiva.
Surgimento de um direito em razão da supressão
causada pelo comportamento da parte contrária.
FPPC6. (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico
Note-se que surrectio e supressio são dois lados da
processual não pode afastar os deveres inerentes
mesma moeda.
à boa-fé e à cooperação.
EXCEPCIO DOLI FPPC619. (arts.6º, 138, 982, II, 983, §1º) O processo
coletivo deverá respeitar as técnicas de
Defesa da parte contra ações dolosas da parte
ampliação do contraditório, como a realização de
contrária, sendo a boa-fé nesse caso utilizada
audiências públicas, a participação de amicus
como defesa. No processo vem sendo entendida
curiae e outros meios de participação
como a exceção que a parte tem para paralisar o
FPPC667 (arts. 6º, 8º e 18; art. 6º, § 3º, da Lei n.º
comportamento de quem age dolosamente contra si.
4.717/1965) Admite-se a migração de polos nas
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM ações coletivas, desde que compatível com o
procedimento.
Proíbe a adoção de comportamento contraditório
(contrariando comportamento anterior), violando
os deveres de confiança e lealdade (a legítima DEVERES DE COOPERAÇÃO DO JUIZ
confiança de outrem na conservação objetiva da “PECA”
conduta anterior).
PREVENÇÃO: O juiz deve advertir as partes sobre
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou
os riscos e deficiências das manifestações e
tacitamente a decisão não poderá recorrer.
estratégias por elas adotadas, conclamando-as a
Enunciado FPPC 376. (Art. 5º): A vedação do
corrigir os defeitos sempre que possível.
comportamento contraditório aplica-se ao órgão
jurisdicional.

31
ESCLARECIMENTO: Cumpre ao juiz esclarecer-se Processo Civil, contempla os precedentes
quanto às manifestações das partes: questioná-las vinculantes
quanto a obscuridades em suas petições; pedir que FPPC620. (arts.8º, 11, 554, §3º) O ajuizamento e o
esclareçam ou especifiquem requerimentos feitos julgamento de ações coletivas serão objeto da mais
em termos mais genéricos e assim por diante. ampla e específica divulgação e publicidade.

CONSULTA (DIÁLOGO): Impõe-se reconhecer o


contraditório não apenas como garantia de embate
entre as partes, mas também como dever de Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das

debate do juiz com as partes partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
AUXÍLIO (ADEQUAÇÃO): o juiz deve ajudar as
I - à tutela provisória de urgência;
partes, eliminando obstáculos que lhes dificultem
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no
ou impeçam o exercício das faculdades
art. 311, incisos II (as alegações de fato puderem ser
processuais.
comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou
o
Art. 7 É assegurada às partes paridade de em súmula vinculante) e III (pedido reipersecutório
tratamento em relação ao exercício de direitos e fundado em prova documental adequada do
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos contrato de depósito, caso em que será decretada a
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções ordem de entrega do objeto custodiado, sob
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo cominação de multa);
contraditório. III - à decisão prevista no art. 701 (sendo evidente o
direito do autor, o juiz deferirá a expedição de
FPPC107. (arts. 7º, 139, I, 218, 437, §2º) O juiz pode, mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para
de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar execução de obrigação de fazer ou de não fazer,
sobre a prova documental produzida. concedendo ao réu prazo de 15 dias para o
FPPC235. (arts. 7º, 9º e 10, CPC; arts. 6º, 7º e 12 da Lei cumprimento e o pagamento de honorários
12.016/2009) Aplicam-se ao procedimento do advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à
mandado de segurança os arts. 7º, 9º e 10 do CPC. causa).
FPPC379. (art. 7º) O exercício dos poderes de direção
do processo pelo juiz deve observar a paridade de
armas das partes. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de
jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de

Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre

atenderá aos fins sociais e às exigências do bem a qual deva decidir de ofício [PRINCÍPIO DO

comum, resguardando e promovendo a dignidade CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL - objetiva evitar

da pessoa humana e observando a decisões surpresas]

proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a


publicidade e a eficiência.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
FPPC380. (arts. 8º, 926, 927) A expressão
decisões, sob pena de nulidade.
“ordenamento jurídico”, empregada pelo Código de

32
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, quando implicar a reabertura da instrução ou a
pode ser autorizada a presença somente das partes, conversão do julgamento em diligência.
de seus advogados, de defensores públicos ou do § 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o
Ministério Público. processo retornará à mesma posição em que
anteriormente se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no §
FPPC709. (art. 11; CF, art. 93, X, CF/1988) A oposição
da parte ao julgamento virtual é suficiente para que 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
seja determinada a inclusão do processo em pauta I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo
presencial, física ou por videoconferência,
quando houver necessidade de realização de
independentemente do cabimento de sustentação
oral, garantida a participação do advogado. diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II
(publicado o acórdão paradigma o órgão que proferiu
o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão,
processo de competência originária, a remessa
PREFERENCIALMENTE, à ordem cronológica de
necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o
conclusão para proferir sentença ou acórdão.
acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá
superior).
estar permanentemente à disposição para consulta
pública em cartório e na rede mundial de
computadores. FPPC382. (art. 12) No juízo onde houver cumulação
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: de competência de processos dos juizados especiais
I - as sentenças proferidas em audiência, com outros procedimentos diversos, o juiz poderá
homologatórias de acordo ou de improcedência organizar duas listas cronológicas autônomas,
liminar do pedido; uma para os processos dos juizados especiais e
II - o julgamento de processos em bloco para outra para os demais processos.
aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de FPPC486. (art. 12; art. 489) A inobservância da
casos repetitivos; ordem cronológica dos julgamentos NÃO IMPLICA,
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR; POR SI, A INVALIDADE DO ATO DECISÓRIO
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e
932;
V - o julgamento de embargos de declaração; CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
VI - o julgamento de agravo interno; PROCESSUAIS
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas
pelo CNJ; Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
que tenham competência penal; específicas previstas em tratados, convenções ou
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a
ordem cronológica das conclusões entre as Art. 14. A norma processual NÃO RETROAGIRÁ e
preferências legais. será aplicável imediatamente aos processos em
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata curso, respeitados os atos processuais praticados e as
o § 1o, o requerimento formulado pela parte NÃO situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
ALTERA a ordem cronológica para a decisão, exceto norma revogada

33
JDPC3 As disposições do Código de Processo Civil
SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS aplicam-se supletiva e subsidiariamente ao
PROCESSUAIS: cada ato deve ser considerado Código de Processo Penal, no que não forem
isoladamente, devendo ser regido pela lei em vigor incompatíveis com esta Lei.
no momento de sua prática. FPPC124 A desconsideração da personalidade
Pelo SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS jurídica no processo do trabalho deve ser
PROCESSUAIS, não é possível a lei nova retroagir processada na forma dos arts. 133 a 137.
para alcançar ato já praticado ou efeito dele
decorrente; a lei nova só alcança os próximos
atos a serem praticados no processo.
Fundamentos constitucionais para tal sistema: (i)
princípio da segurança jurídica e a (ii) regra da
irretroatividade das leis.

STJ, REsp 1.404.79/SP: Ocorre que, por mais que a lei


processual seja aplicada imediatamente aos
processos pendentes, deve-se ter conhecimento que
o processo é constituído por inúmeros atos. Tal
entendimento nos leva à chamada “Teoria dos Atos
Processuais Isolados”, em que cada ato deve ser
considerado separadamente dos demais para o fim
de se determinar qual a lei que o rege, recaindo
sobre ele a preclusão consumativa, ou seja, a lei que
rege o ato processual é aquela em vigor no momento
em que ele é praticado. Seria a aplicação do
Princípio tempus regit actum. Com base neste
princípio, temos que a lei processual atinge o
processo no estágio em que ele se encontra, onde a
incidência da lei nova não gera prejuízo algum às
parte, respeitando-se a eficácia do ato processual já
praticado. Dessa forma, a publicação e entrada em
vigor de nova lei só atingem os atos ainda por
praticar, no caso, os processos futuros, não sendo
possível falar em retroatividade da nova norma, visto
que os atos anteriores de processos em curso não
serão atingidos.

Art. 15. Na ausência de normas que regulem


processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos,
as disposições deste Código lhes serão aplicadas
supletiva e subsidiariamente.

34

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