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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Este material foi atualizado até julho/2022.
Sumário
Temas Página
Teoria da Constituição 03
Constitucionalismo 29
Direitos e Garantias Fundamentais 35
Direitos e Garantias Individuais 80
Ações Constitucionais 95
Direitos Sociais 105
Nacionalidade 119
Direitos Políticos e Partidos Políticos 125
Organização Político Administrativa dos Estados 133
Intervenção Federal 167
Da Defesa dos Estado e Instituições Democráticas 184
Poder Executivo 195
Poder Legislativo 212
Processo Legislativo 248
Poder Judiciário 275
Funções Essenciais à Justiça 298
Repartição de Competências 308
Remédios Constitucionais 321
Da Ordem Social 351
Teoria da Constituição
Introdução
A palavra Constituição admite vários significados distintos. Conceito do Prof. José Afonso da Silva: “Constituição
é o sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo,
o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a constituição é o conjunto de normas
que organiza os elementos constitutivos do Estado (= elementos humano/povo, geográfico/território e
político/soberania)”.
Concepções de Constituição
Conceito de É nessa acepção que se pode considerar a Constituição enquanto o conjunto de normas
Constituição fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, responsáveis pela criação,
estruturação e organização político-jurídica de um Estado.
Lembre-se que em razão de a Constituição tratar dos assuntos mais importantes do
Estado, ela ocupa no ordenamento jurídico uma posição diferenciada. A Constituição
trata dos assuntos mais importantes do Estado, por isso ela ocupa no ordenamento
jurídico uma posição diferenciada, de superioridade.
Nossa Constituição Federal de 1988 foi elaborada pelo chamado "Poder Constituinte
Originário" e promulgada em 05/10/1988.
Em nossa Constituição existem normas constitucionais que são originárias (pois estão no
texto constitucional desde 5/10/1988) e normas constitucionais que são derivadas, que
foram sendo inseridas ao longo das últimas três décadas.
Estrutura Saiba que, estruturalmente, nossa Constituição pode ser dividida em três partes:
(1) preâmbulo;
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(2) parte permanente (ou parte dogmática) e
(3) ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias)
Constitucionalismo De início, é crucial que você recorde que a Constituição possui uma importância central para
a proteção dos direitos e das garantias individuais e é o documento jurídico mais adequado
para estruturar e organizar o sistema de poder de um Estado.
Constitucionalismo Antigo:
- Povo Hebreu: organizados politicamente em um regime teocrático, no qual os detentores
do poder eram limitados por dogmas religiosos ("leis divinas").
- Grécia: Ampla participação dos governados no processo político-decisório (democracia
direta).
- Roma: Valorização do indivíduo; desenvolvimento do direito privado contratual; embrião
da separação de poderes.
Constitucionalismo Medieval:
Simbolizado pela Magna Carta, celebrada pelo Rei João Sem Terra e a nobreza, em 1215,
cujo intuito era limitar o poder monárquico.
O Conceito de constitucionalismo
constitucionalismo Canotilho Kildare Gonçalves Carvalho André Ramos Tavares
é um movimento
Define-o Por seu turno, vislumbra tanto O termo
que busca limitar
constitucionalismo como uma perspectiva jurídica como “constitucionalismo” é
o poder do Estado
uma “... teoria (ou sociológica: “... em termos empregado com 04
através de um
ideologia) que ergue o jurídicos, reporta-se a um (quatro) diferentes
documento
princípio do governo sistema normativo, enfeixado sentidos. No primeiro, o
escrito.
limitado indispensável à na Constituição, e que se constitucionalismo é
garantia dos direitos em encontra acima dos detentores visto como um
dimensão estruturante da do poder; sociologicamente, movimento político-
organização político-social representa um movimento social cujo objetivo é a
de uma comunidade. social que dá sustentação à limitação do poder
Neste sentido, limitação do poder, estatal. No segundo,
constitucionalismo inviabilizando que os como a imposição de
moderno representará governantes possam fazer que os Estados adotem
uma técnica específica de prevalecer seus interesses e cartas constitucionais
limitação do poder com regras na condução do escritas. Na terceira
fins garantísticos. O Estado”. acepção, o
conceito de constitucionalismo serve
constitucionalismo para indicar a função e a
transporta, assim, um posição das constituições
claro juízo de valor. É, no nas diversas sociedades.
fundo, uma teoria Por último, o “termo
normativa da política, tal “constitucionalismo” é
como a teoria da também usado para se
democracia ou a teoria do referir à evolução
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liberalismo”. histórico-constitucional
de um determinado
Estado”.
* #OBS: Há doutrinadores que fazem a seguinte divisão de sentidos:
está associado à existência de uma Constituição em um
SENTIDO AMPLO Estado. É a ideia de que TODO ESTADO TEM CONSTITUIÇÃO,
porque todo Estado precisa ser constituído, e quem constitui
um Estado é uma Constituição.
Contudo, geralmente refere-se ao termo constitucionalismo
em sentido estrito, que é o mais importante. Nesse sentido, o
SENTIDO ESTRITO constitucionalismo está relacionado a duas ideias básicas e
fundamentais: a primeira ideia é a de garantia de direitos e a
segunda ideia é a de limitação do poder. O Constitucionalismo
se contrapõe ao absolutismo, garantindo direitos aos
cidadãos para protegê-los da arbitrariedade estatal e
limitando o poder deste!
Concepções da Constituição
Constituição A constituição escrita é apenas uma “folha de papel”. A verdadeira constituição de um
Sociológica Estado é a soma dos fatores reais de poder, que prevalece em caso de colisão com a “folha
(Ferdinand de papel”. Segundo Lassalle, em cada sociedade, o poder está dividido em vários atores,
Lassale) que atuam na arena social e defendem os seus próprios interesses. O que resulta da soma
de todos os fatores reais de poder é a verdadeira constituição.
Constituição Segundo Kelsen, a constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer
Jurídica (Hans fundamento sociológico, filosófico ou político. Kelsen entende a constituição em 2 sentidos
Kelsen) diferentes:
(1) Sentido jurídico-positivo: é a constituição formal, escrita, que possui supremacia
hierárquica formal (ápice da pirâmide normativa) e representa o fundamento de validade
das demais normas jurídicas inferiores;
(2) Sentido lógico-jurídico: é a norma hipotética fundamental, que está fora do direito
posto. Trata-se do fundamento último, pressuposto lógico de todo o direito positivo,
inclusive da constituição escrita.
Força Normativa A constituição não configura apenas a expressão de uma dada realidade. Graças ao
da Constituição elemento normativo, a constituição ordena e conforma a realidade política e social.
(Konrad Hesse) Konrad Hesse faz uma crítica à concepção sociológica de Lassalle, pois a constituição não é
apenas um espelho da soma dos fatores reais de poder, já que a constituição tem força
normativa, ou seja, ela é capaz de modificar e de interferir na realidade.
Obs: O próprio prof. Canotilho tem revisto a sua tese, pois a constituição portuguesa, na
atual realidade, não consegue dirigir sozinha o Estado, já que Portugal faz parte da União
Europeia. Assim, o dirigismo encontra-se em outro nível, não apenas na constituição, mas
também nas normas de direito internacional da União Europeia.
Constituição A atividade legislativa, inclusive a constituinte, pode possuir uma natureza eminentemente
Simbólica simbólica, visando atender objetivos políticos diversos da produção de normas jurídicas,
(Marcelo Neves) dando origem a uma legislação simbólica ou a uma constituição simbólica.
Ex1: o objetivo de determinada constituição pode ser o de confirmar valores sociais de
determinados grupos dominantes. Um exemplo disso é a criminalização do aborto na
Alemanha.
Ex 2: o objetivo pode ser o de fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado.
Trata-se da chamada legislação álibi, que serve para esvaziar pressões populares contra o
Estado, embora não se pretenda dar efetividade alguma ao que foi legislado. Um exemplo
são as cartas de direitos fundamentais que existem em Estados ditatoriais.
Ex 3: o objetivo pode ser o de adiar a solução de determinados conflitos sociais. É uma
espécie de compromisso dilatório. Um exemplo é a norma programática.
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É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práticos. Para Marcelo Neves,
a CF/88 é simbólica por ter um elevado número de normas programáticas e
dispositivos de alto grau de abstração. Marcelo Neves afirma que a constitucionalização
simbólica tem como objetivos confirmar determinados valores sociais, desejando-se
apenas uma vitória legislativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no
Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pressões políticas e
apresentam o Estado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem
efetividade. Por fim, teria como terceiro objetivo adiar a solução de conflitos sociais,
por meio de compromissos dilatórios, postergando-se a verdadeira decisão para o
futuro.
Constituição em Branco Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado
reformador.
Constituição Dúctil ou Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzione mite). É aquela que
Constituição Suave não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o
Gustavo Zagrebelsky exercício dos mais variados projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral,
político e econômico existente na sociedade.
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associada a “coexistência” e “compromisso”, com uma visão política de “integração
através da rede de valores e procedimentos comunicativos”.
Constituição Oral É “aquela em que o chefe supremo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de
normas que deverão reger a vida em comunidade” (BULOS, 2014, p. 108).
Constituição Chapa O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios
Branca tradicionalmente reconhecidos aos integrantes e dirigentes do setor público.
Constituição Ubíqua Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico. Parte-se
da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina jurídica foram impregnados
pelo direito constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um
elemento onipresente no direito brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização”
deve-se ao caráter detalhista da Constituição, que incorporou uma infinidade de
valores substanciais, princípios abstratos e normas concretas em seu programa
normativo.
Transconstitucionalismo É fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados
diferentes, se entrelaçam para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2014, p.
90)
Constituição.com ou “É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio
“Crowsaourcing” de sites de relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem
constitucionalizados. Foi a Islândia que, pioneiramente, no ano de 2011, fez uma
‘constituição.com’ (crowdsourcing)” (BULOS, 2014, p. 112).
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Constituição Liberal - Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes
Patrimonialista garantias ao direito de propriedade e procurando limitar a intervenção estatal na
economia.
Algumas curiosidades
O que é sentimento O conceito de sentimento constitucional foi cunhado por Pablo Lucas Verdu, pois,
constitucional? segundo o autor, a Constituição e os direitos fundamentais para serem efetivos não
dependem apenas de aspectos técnico-jurídicos, mas também de uma consciência
social em torno desses direitos, ou seja, as disposições jurídicas para serem efetivas
necessitam de um mínimo de reconhecimento social.
Esse conceito não dispõe sobre a existência de uma constituição global, em que as
constituições nacionais seriam hierarquicamente submetidas a essa constituição
superior, mas sim sobre a existência de problemas jurídico-constitucionais que
perpassam às distintas ordens jurídicas, impondo-se um diálogo entre estas ordens
jurídicas, possibilitando que os problemas que lhes são comuns tenham um
tratamento harmonioso e reciprocamente adequado.
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Constitucionalismo do O constitucionalismo do porvir ou do futuro visa aperfeiçoar um conjunto de ideias
Porvir ou do Futuro avaliadas a longo prazo. É a esperança de dias melhores da evolução humana. Uadi
Lammêgo Bulos define que o “constitucionalismo do porvir ou do futuro
proporcionará o aperfeiçoamento de um conjunto de ideias que foram avaliadas ao
longo do tempo. Sua concepção parte da esperança de dias melhores, numa etapa
vindoura da evolução humana.
O que é Constituição A Constituição não é uma estrutura do topo da hierarquia do sistema jurídico, mas
Horizontal? de coordenação. Diferente da figura clássica da pirâmide de Kelsen.
Em que consiste a Uadi Lammêgo Bulos define a Constituição em Branco (Blanko-Verfassung) como
Constituição em Branco “aquela que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma constitucional. O
(Blanko-Verfassung)? processo de sua mudança subordina à discricionariedade dos órgãos revisores, que,
por si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de
emendas ou revisões constitucionais” (BULOS, 2014, p. 107). O defensor dessa
concepção é Siegenthaler. Por fim, segundo Uadi Lammêgo Bulos, as Constituições
fixas foram exemplos de cartas ou Constituições em branco (BULOS, 2014, p. 107).
Novo Constitucionalismo Conforme afirmam Roberto Viciano Pastor e Rubén Martínez Dalmau, o Novo
Latino Americano ou Constitucionalismo Latino Americano propõe uma diversidade cultural e de
Constitucionalismo Andino identidade, sedimentando-se na ideia de Estado plurinacional e, assim, revendo os
ou Constitucionalismo conceitos de legitimidade e participação popular, especialmente de parcela da
Indígena
população historicamente excluída dos processos de decisão, como a população
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indígena. Esse Constitucionalismo possui como representantes as Constituições do
Equador e da Bolívia.
De todo o visto, pode-se afirmar que o Novo Constitucionalismo latino tem como
pilares inolvidáveis: a reestruturação dos Estado Latino-Americanos; a inclusão de
grupos étnicos fundamentais ao processo histórico dos países dessa região e que
foram historicamente excluídos pelo projeto constituinte liberal; e uma visão
ecocêntrica da realidade, baseada em uma noção de ecologia profunda.
O expoente dessa concepção é Hild Kruger. Em resumo, para Hild Kruger, uma
Constituição só deve ocupar-se daquilo que interesse para a sociedade como um todo,
sem particularizações e detalhamentos inúteis (BULOS, 2014, p. 111).
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popular se dá apenas formalmente, através da concordância popular a um
documento já pronto, sem possibilidade de inserção de conteúdo novo.
Dualista ou Convencionadas: Também intituladas pactuadas, as Constituições
dualistas — absolutamente antiquadas em face do constitucionalismo
contemporâneo —são formadas por textos constitucionais que nascem do instável
compromisso entre forças opositoras, no caso entre o monarca e o Poder
Legislativo (representação popular), de forma que o texto constitucional se
constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios antagônicos: o
monárquico e o democrático.
Flexível: Contrapõe-se à rígida, uma vez que pode ser modificada por intermédio
de um procedimento legislativo comum, ordinário.
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meio de um procedimento diferenciado e rigoroso, enquanto os demais (que
compõe a parte flexível) se alteram seguindo processo menos complexo, menos
dificultoso.
Quanto à forma Escrita: É a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos
de modo sistemático em um único documento, de forma codificada —por isso diz-
se que sua fonte normativa é única.
Histórica: Sempre não escrita, é uma Constituição que se constrói aos poucos, em
um lento processo de filtragem e absorção de ideais por vezes contraditórios; não
se forma de uma só vez como as dogmáticas. Em verdade, é o produto da gradativa
evolução jurídica e histórica de uma sociedade.
Quanto à extensão Analítica: Sua confecção se dá de maneira detalhada, já que regulamenta todos os
assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do Estado.
Todavia, referida Constituição não se preocupa em cuidar apenas de matérias
constitucionais, ao contrário, descreve os pormenores da vida no Estado, através
de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal.
Quanto ao conteúdo Material: Definida a partir de critérios que envolvem o conteúdo das normas, em
uma Constituição deste tipo considera-se constitucional toda norma que tratar de
matéria constitucional, independentemente de estar tal diploma inserido ou não
no texto da Constituição.
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(1) o sentido formal de uma Constituição só é possível se ela for escrita, ou seja, se
possuir todas assuas normas agregadas em um único documento. É justamente este
texto codificado e sistematizado que reunirá a totalidade das normas e princípios
constitucionais;
(2)na acepção formal, como só podem ser consideradas constitucionais as normas
integradas ao texto da Constituição, todas as demais normas, independentemente do
conteúdo, serão consideradas infraconstitucionais;
(3) todas as normas infraconstitucionais, independentemente da matéria que
regulem, são inferiores à Constituição, por isso lhe devem respeito e obediência;
(4) qualquer norma infraconstitucional que contrarie a Constituição será considerada
inconstitucional;
(5)por último, não há hierarquia normativa entre as normas constitucionais; todas
possuem o mesmo status, a mesma dignidade normativa, independentemente de
qual seja seu conteúdo.
Quanto à finalidade Garantia: Esta Constituição também pode ser denominada "Constituição-quadro".
É aquela que restringe o poder estatal, criando esferas de não ingerência do poder
público na vida dos indivíduos. Por possuir um corpo normativo repleto de direitos
individuais oponíveis ao Estado, diz-se que traz para os sujeitos liberdades-
negativas ou liberdades-impedimentos.
Quanto à interpretação Nominalista: Possui normas tão precisas e inteligíveis que para ser compreendida
só depende do método interpretativo gramatical ou literal. Todas as possíveis
ocorrências constitucionais da vida fática já encontram, previamente, resposta no
texto constitucional: basta aplicar na literalidade a norma jurídica cabível na
hipótese que solucionada estará a controvérsia.
Quanto à Desenvolvido em meados do século XX pelo alemão Karl Loewenstein, este critério
correspondência com a pretende avaliar o grau de comunicabilidade entre o texto constitucional e a
realidade = critério realidade a ser normatizada, partindo de uma teoria ontológica das Constituições.
ontológico
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Vê-se que esta classificação se define a partir de um parâmetro extrínseco à
Constituição.
Quanto à unidade Esta classificação só tem algum sentido para as Constituições escritas, pais é o
documental texto escrito que será unitextual (dando origem à Constituição orgânica) ou
(sistemática) pluritextual (estabelecendo a Constituição inorgânica).
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Quanto ao sistema Esta classificação divide os textos constitucionais em principiológicos e preceituais,
a depender da preponderância de regras ou princípios, vale dizer, do grau de
abstração das normas que predominam.
Quanto ao papel da A função que será desempenhada pela Constituição no ordenamento jurídico dá
Constituição ou função origem à Constituição-lei, à Constituição-moldura e à Constituição-fundamento
desempenhada pela (ou Constituição-total).
Constituição
Constituição-Lei: Nesta acepção têm-se Constituições equiparadas às demais leis
do ordenamento, desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido,
como as normas constitucionais estão em idêntico patamar da legislação ordinária,
não possuindo superioridade em relação a estas, não são capazes de moldar a
atuação do legislador e funcionam, unicamente, como diretrizes não vinculantes.
Quanto ao conteúdo- Proposta por André Ramos Tavares, esta classificação visa identificar o conteúdo
ideológico ideológico que permeia a construção do texto constitucional.
Outras Classificações
Suave Pensada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky, "Costituzione mite" (ou leve, soft,
dúctil) é aquela que, numa sociedade extremamente diversificada e fragmentada por
interesses plurais, não prevê um único modo de vida e o estabelece como parâmetro
exclusivo a ser seguido por seus cidadãos.
Expansiva Com a pretensão de dar conta de textos constitucionais que, comparativamente aos
anteriores que regiam a vida daquele mesmo Estado, têm seu conteúdo ampliado,
essa classificação, apresentada por Raul Machado Horta, indica Constituições que
conferem juridicidade a novas situações e estendem o tratamento jurídico de diversos
outros temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores.
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Classificação de José As normas de eficácia plena são aquelas capazes de produzir todos os seus efeitos
Afonso da Silva essenciais simplesmente com a entrada em vigor da Constituição,
independentemente de qualquer regulamentação por lei. São, por isso, dotadas de
aplicabilidade imediata, direta e integral.
Por seu turno, as normas de eficácia contida são aquelas que também estão aptas
para a produção de seus plenos efeitos desde a promulgação da Constituição
(aplicabilidade imediata), mas que podem vir a ser restringidas. O direito nelas
previsto é imediatamente exercitável, com a simples promulgação da Constituição,
mas pode ser, no futuro, restringido.
As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus plenos efeitos
depois da exigida regulamentação. Elas asseguram determinado direito, mas este não
poderá ser exercido na plenitude enquanto não for regulamentado pelo legislador
ordinário.
Foram divididas pelo Professor José Afonso da Silva em dois grupos: as definidoras de
princípios institutivos(organizativos ou orgânicos) e as definidoras de princípios
programáticos.
Classificação de Maria Para a autora Maria Helena Diniz, as normas constitucionais, segundo sua eficácia,
Helena Diniz dividem-se em:
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(1) normas com eficácia absoluta (ou supereficazes) - São consideradas imutáveis,
não podendo ser emendadas; como exemplo temos os princípios constitucionais
sensíveis e as chamadas cláusulas pétreas;
(2) normas com eficácia plena- Equivalem às normas de eficácia plena do Prof. José
Afonso da Silva;
Métodos de Interpretação
Método Jurídico Conforme afirma Bernardo Gonçalves o método jurídico “parte da afirmação de que a
ou Hermenêutico Constituição, apesar de suas particularidades, é uma lei, e como tal deve ser interpretada”.
Clássico Desse modo, a Constituição é uma lei e, portanto, deve-se interpretá-la a partir dos métodos
(Ernest Fosthoff) tradicionais de hermenêutica:
✓ Elemento Genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.
✓ Elemento Gramatical ou Filológico: a análise deve ser realizada a partir das regras da
gramática e da interpretação textual.
✓ Elemento Lógico: procura harmonia lógica das normas constitucionais.
✓ Elemento sistemático: busca a análise do todo.
✓ Elemento histórico: analisa o projeto de lei, as discussões que deram origem à elaboração
da redação do texto legal.
✓ Elemento Teleológico ou Sociológico: busca a finalidade da norma.
✓ Elemento Popular: partindo dos “corpos intermediários”, tais como: partidos políticos,
sindicatos, povo, etc.
✓ Elemento Doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina.
✓ Elemento Evolutivo: segue a linha de mutação constitucional.
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Método Tópico – Decorre de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter
Problemático ou prático na busca de solução de problemas.
Método da
Tópica Nas palavras de Bernardo Gonçalves o método tópico-problemático “[...] assume as
(Theodor premissas de que a interpretação constitucional é dotada de caráter prático (voltada a
Viehweg) resolução de um problema concreto, pela aplicação da norma ao caso concreto) e um de
caráter aberto ou indeterminado da lei constitucional (permitindo-se, assim, múltiplas
interpretações)”.
Por seu turno, segundo Novelino: “O método tópico-problemático tem como ponto de
partida a compreensão prévia do problema e da constituição e de apoio o consenso ou o
senso comum, os quais são revelados, e.g., pela doutrina dominante ou pela jurisprudência
pacífica”.
Método Conforme ensina Bernardo Gonçalves “tem por ponto de partida o fato de que a leitura de
Hermenêutico- qualquer texto, o que inclui o texto constitucional, se inicia de pré-compreensões já
Concretizador presentes no intérprete, a quem cabe a tarefa de concretizar a norma, sempre para e a partir
(konrad Hesse) de uma situação histórica concreta. Nesses termos, a interpretação constitucional nada mais
é do que um processo de concretização”.
Pré-compreensões
Parte-se do pressuposto de que, por não haver interpretação constitucional dissociada de
problemas concretos, interpretação e aplicação consistem em um processo único. Ou seja,
parte-se da Constituição para o problema, a partir dos seguintes pressupostos
interpretativos:
(1) Pressupostos Subjetivos: o intérprete vale de suas pré-comprensões para obter o
sentido da norma.
(2) Pressupostos Objetivos: o intérprete atua como mediador entre a norma e a situação
concreta, tendo como pano de fundo a realidade social.
(3) Círculo Hermenêutico: o motivo do subjetivo para o objetivo, até o interprete alcançar
o sentido da norma.
Norma-Problema: parte-se de pré-comprensões para se chegar ao sentido da norma /
Interpretação concretizadora / Constituição tem força para compreender e alterar a
realidade.
Método A interpretação da norma constitucional não se fixa na literalidade puramente da norma, mas
Científico- na realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional. Interpreta-se a
Espiritual Constituição como algo dinâmico e que se renova constantemente.
Ou Método
Valorativo Para Bernardo Gonçalves o método científico espiritual “atesta que a Constituição deve ter
Sociológico em conta as bases de valoração (ou ordens de valores) subjacentes ao texto constitucional,
(Rudolf Smend) bem como o sentido e a realidade que ela possui como elemento do processo de integração
– não apenas como norma-suporte, como queria Kelsen – mas, ainda, como perspectiva
valores subjacentes política e sociológica, de modo a absorver/superar conflitos, no sentido de preservar a
unidade social”
Não se utiliza apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores
extraconstitucionais, como a realidade social e a cultura do povo.
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Método Os doutrinadores que defendem a aplicação desse método reconhece a incompatibilidade
Normativo- entre a norma jurídica e o texto normativo. Nesse sentido, Bernardo Gonçalves “trabalha
Estruturante com a concepção de que a norma jurídica não se identifica com o seu texto (expresso), pois
(Frederic Muller) ela é o resultado do processo de concretização”.
Texto e contexto Isso porque o teor literal da norma (elemento literal da doutrina clássica), que será
considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua
realidade social. Assim a norma terá de ser concretizada não pela atividade do legislador,
mas também pela atividade do Judiciário, da administração, do governo, etc.
Este método considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: aquela
é mais ampla que este, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da
jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto
seu texto quanto a verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto)
Princípio da Não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim da legislação
Interpretação infraconstitucional. Este princípio encontra sua morada diante das chamadas normas
conforme à polissêmicas ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de
constituição maneiras diversas. Há, no entanto, regras a serem observadas ante a utilização da
interpretação conforme à Constituição:
(1) se o texto do dispositivo é unívoco, isto é, não tolera interpretações múltiplas, não há
que se falar em interpretação conforme;
(2) não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra seu
limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto, não
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podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa
interpretativa.
Princípio da Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, por consequência
Presunção de presume se que eles agem estritamente em consonância com esta. Isso confere às normas
Constitucionalidade produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais Poderes, no exercício da função
das leis atípica de natureza legislativa) a presunção de serem constitucionais. Ressalte-se que essa
presunção é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário, o que autoriza que as
normas (infraconstitucionais ou constitucionais derivadas) submetam-se ao controle de
constitucionalidade.
Princípio da Dotado de acentuada importância, o princípio da unidade da Constituição visa conferir um
Unidade da caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o
Constituição texto da Carta Maior seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido
de antinomias reais.
Evitar contradições e
não há hierarquia entre Em decorrência desse princípio interpretativo, pode-se afirmar que não há hierarquia
as normas da CF.
normativa, tampouco subordinação entre as normas constitucionais; eventuais conflitos
entre as normas originárias serão, pois, sanados por meio da tarefa hermenêutica. É nesse
sentido que no direito pátrio é inviável a declaração de inconstitucionalidade de uma
norma constitucional em face de outra.
Esse princípio determina que o texto da Constituição deve ser interpretado de forma a
evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais em abstrato.
Assim, não há antinomias reais no texto da Constituição; as antinomias são apenas
aparentes. Segundo esse princípio, na interpretação deve-se considerar a Constituição
como um todo, e não se interpretarem as normas de maneira isolada. Não há hierarquia
entre as normas da CF.
Princípio da Força Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do intérprete sempre "valorizar as
Normativa soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da
(Konrad Hesse) Constituição". Destarte, deve o intérprete priorizar a interpretação que dê concretude à
normatividade constitucional, jamais negando-lhes eficácia
Buscar eficácia
Esse princípio determina que toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob
pena de não ser aplicada. Estabelece, portanto, que, na interpretação constitucional, deve-
se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo
lhes eficácia e permanência. São reflexos:
* Efeito Transcendente
* Objetivação do Controle Difuso
* Relativização da Coisa Julgada
Princípio do Efeito Esse princípio busca que, na interpretação da Constituição, seja dada preferência às
Integrador ou determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade
Eficácia Integradora política. É, muitas vezes, associado ao princípio da unidade da constituição, justamente
por ter como objetivo reforçar a unidade política.
integração política e
social
Princípio da Esse princípio impõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles em
Concordância concreto, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. É geralmente
Prática ou usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais. Assim,
Harmonização apesar de a Constituição, por exemplo, garantir a livre manifestação do pensamento (art.
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Evitar sacrifício 5º, IV, CF/88), este direito não é absoluto. Ele encontra limites na proteção à vida privada
(art. 5º, X, CF/88), outro direito protegido constitucionalmente.
Princípio da Esse princípio estabelece que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido
Máxima que lhe dê maior efetividade social. Visa, portanto, a maximizar a norma, a fim de extrair
Efetividade ou da dela todas as suas potencialidades. Sua utilização se dá principalmente na aplicação dos
Eficiência direitos fundamentais, embora possa ser usado na interpretação de todas as normas
(interpretação constitucionais.
efetiva)
O princípio da máxima efetividade apresenta-se, pois, como um apelo, para que seja
Efetividade social realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar a maior
efetividade possível, de maneire a otimizar a norma e dela extrair todo o seu potencial
protetivo.
Princípio da Parte da presunção que não existem princípios absolutos, pois todos encontram limites em
Convivência das outros princípios também consagrados na constituição. Para que as liberdades possam
Liberdades Públicas conviver, elas não podem ser absolutas, devem encontrar óbices. BIZU: Não existem
ou da Relatividade princípios absolutos.
Elementos da Constituição
A doutrina estruturou cinco grupos que traduzem as principais categorias de normas que temos na Constituição
de 1988. Isso facilita, sobremaneira, a visualização da Constituição enquanto um conjunto harmônico. Parece-nos
que a mais completa é aquela apresentada pelo Professor José Afonso da Silva, a seguir apresentada:
(1) elementos orgânicos: contemplam as normas que regulam a estrutura do Estado e dos Poderes;
(2) elementos limitativos: estão presentes nas normas institutivas do rol de direitos e garantias fundamentais;
(3) elementos socioideológicos: são as normas que explicitam o compromisso social das Constituições modernas
com a proteção dos indivíduos e busca pela efetivação de um bem-estar social;
(4) elementos de estabilização constitucional: conjunto representado pela reunião das normas que objetivam
assegurar as solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições
democráticas;
(5)elementos formais de aplicabilidade: normas que instituem regras de aplicação das normas constitucionais.
Estrutura da Constituição
PREÂMBULO
Caráter normativo dos preâmbulos constitucionais
Tese da irrelevância jurídica Tese da relevância jurídica Tese da relevância jurídica específica
equivalente
O preâmbulo não é norma, nem A formulação do preâmbulo pode O preâmbulo possui apenas algumas
faz parte do domínio do direito implicar preceitos cuja eficácia características próprias da Constituição
jurídica assemelha-se à de (pode ser usado como elemento de
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
qualquer outra normada interpretação e integração), mas não
Constituição deve ser confundido com o texto
constitucional em si (não prevalece
contra disposições constitucionais
expressas)
Não pode servir como Capaz de servir como paradigma Incapaz de servir como paradigma de
paradigma de confronto no de confronto no controle de confronto no controle de
controle de constitucionalidade constitucionalidade constitucionalidade
Posição do STF Posição adotada no direito Posição adotada pela doutrina nacional
constitucional francês majoritária
ATENÇÃO: Como entendemos que o preâmbulo não tem força normativa, não faz nenhum sentido emendar o
preâmbulo. Ou seja, o preâmbulo não pode ser objeto de emenda!!!
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
São normas (têm força normativa) de natureza temporária. Tem como objetivo regular a transição de uma
realidade existente na data da promulgação da Const. e uma realidade projetada para o futuro. Depois de
cumprido o seu objetivo, terão sua eficácia exaurida. Podem servir de parâmetro para o controle de
constitucionalidade.
ATENÇÃO: Disposições transitórias PODEM ser modificadas por emenda!!
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
—Tripartição de poderes: adotou-se o modelo de separação de Poderes proposto por
Montesquieu (Executivo, Legislativo e Judiciário), tornado extinto o Poder Moderador.
—Ampliação dos direitos individuais, com a expressa consagração de uma importante
garantia, qual seja, o habeas corpus.
Por fim, insta recordar que em 1926, nossa primeira Constituição republicana foi alvo de
uma significativa reforma, marcadamente autoritária, que acabou precipitando a finalização da sua
vigência, especialmente após as revoluções de 1930 e 32.
Constituição de Promulgada pelo então Presidente Getúlio Vargas, a Constituição democrática de 1934 instituiu
1934 um constitucionalismo social, notadamente inspirado pela Constituição de Weimar, de 1919,
sendo o primeiro documento constitucional do Brasil a disciplinar os direitos sociais (direitos de
segunda geração), inscrevendo-os num título referente à ordem econômica e social. Este nosso
documento constitucional representa, pois, um importante marco jurídico na transição de uma
democracia liberal marcadamente individualista para uma democracia de cunho nitidamente
social, diligente na proteção das necessidades mais básicas dos indivíduos.
Quanto às novações introduzidas no constitucionalismo pátrio por essa carta constitucional, como
principais podem ser citadas as seguintes:
- Definição de normas de proteção social para o trabalhador.
- Definição de direitos políticos, com admissão do voto feminino (permitido apenas às mulheres
em exercício remunerado de funções públicas) e do voto secreto
-Instituição da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho, esta última vinculada ao Poder Executivo.
-Instituição do Ministério Público e do Tribunal de Contas.
-Instituição da assistência judiciária aos necessitados assistência judiciária e criação de
órgãos especiais assegurando, a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos.
-Consagração do mandado de segurança e da ação popular, além da manutenção do
habeas corpus (que fora constitucionalizado em 1891)
Constituição de A Carta de 1937, também conhecida como "Polaca" -numa óbvia alusão ao documento
1937 constitucional polonês, de 1935, que também exacerbava desmedidamente os poderes e
atribuições do Executivo-foi elaborada por Francisco Campos, Ministro da Justiça de Vargas, em
parceria com Carlos Medeiros Silva.
0 traço característico mais marcante da Carta em estudo é o seu caráter autoritário e
centralizador, traduzido pelo vasto rol de competências atribuídas ao Presidente da República.
Muito embora a separação de Poderes tenha sido consagrada em seu texto, na prática o Executivo
funcionava como um `superpoder', que poderia legislar através de decretos-lei (art. 13, da Carta
de 1937) ou discordar da decisão do Poder Judiciário declaratória de inconstitucionalidade de uma
lei ou ato normativo, submetendo-a ao Parlamento que poderia, por manifestação de 2/3 de cada
Casa, destituir os efeitos da manifestação judicial. (art. 96, parágrafo único, da Carta de 1937).
Constituição de Elaborada por uma Assembleia Constituinte, reunida em4 de fevereiro de1946 e composta por
1946 representantes eleitos pelo povo, foi promulgada em18 de setembro de 1946 a nova Carta
Constitucional, responsável pela renovação democrática do país, reestabelecendo as eleições
diretas para os membros do Executivo e do Legislativo e restituindo o equilíbrio entre os três
Poderes.
O Poder Executivo, indiscutível protagonista na vigência da Carta anterior, passa a ter
seus poderes limitados, prevendo-se, inclusive, a possibilidade de responsabilização do Presidente
da República pelos seus atos.
O Poder Legislativo retoma à condição estrutural bicameral (no âmbito federal), voltando o
Senado a ser uma das Casas do Congresso e tendo recebido, inclusive, a significativa competência
para julgar o Presidente da República e outras autoridades pela prática de crimes de
responsabilidade (art. 62, I).
O Poder Judiciário voltou a ter as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
vencimentos (art. 95,I a III) e o controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos
normativos tornou a ser competência exclusiva dos Tribunais (art. 200).
No campo dos direitos fundamentais, um importante acréscimo foi a inserção do direito de greve
e o retorno do rol de direitos individuais (agora com a previsão do princípio da inafastabilidade da
jurisdição); também o mandado de segurança voltou a ser previsto como remédio constitucional.
Constituição de Inspirada na Carta autoritária de 1937, a Constituição de 1967 foi outorgada em 24 de
1967 janeiro de 1967, e voltou a conceder poderes excepcionais ao Presidente da República, tendo
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
reduzido significativamente a autonomia dos Estados-membros-que parcialmente perderam a
capacidade de autogoverno, já que seus governadores passaram a ser eleitos indiretamente, o
que evidenciou um novo enfraquecimento da Federação e a consequente centralização política
no âmbito da União.
A ordem constitucional outorgada também previa a possibilidade de suspensão dos direitos
políticos, na hipótese de abuso de direitos individuais, como da liberdade de expressão, de reunião
e de associação (art.151, parágrafo único),além de estender à Justiça Militar a competência para
julgar civis pela prática de crimes contra a segurança interna ou contra as instituições militares
(art. 173, caput). A primeira emenda feita à Constituição de 1967 acabou por alterá-la por
completo.
Em razão disso, a maioria da doutrina fila-se à ideia de que a Emenda Constitucional nº 1 de 1969
(de17.10.1969, com entrada em vigor em 30.10.1969)foi utilizada como mecanismo de outorga
de um novo texto constitucional, o qual, embora reafirmasse parte dos dispositivos da Carta de
1967, introduziu alterações significativas para o sistema constitucional.
Em linhas gerais: fortaleceu ainda mais a figura do Presidente da República; alargou as hipóteses
autorizadoras da suspensão dos direitos políticos; além de estabelecer as penas de morte, de
prisão perpétua, de banimento ou confisco, nos casos de guerra "psicológica adversa, ou
revolucionária ou subversiva, nos termos que a lei determinar" (art.153, § 11)
Poder Constituinte
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO PODER CONSTITUINTE DERIVADO
(GENUÍNO OU DE 1º GRAU) (INSTITUÍDO, CONSTITUÍDO, SECUNDÁRIO, DE 2º
GRAU OU REMANESCENTE)
É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo
rompendo por completo com a ordem jurídica originário, sendo, nesse sentido, limitado e
precedente. condicionado aos parâmetros a ele impostos.
CARACTERÍSTICAS: PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (OU
a) Inicial: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo COMPETÊNCIA REFORMADORA):
por completo com a ordem jurídica anterior.
Tem a capacidade de modificar a Constituição
b) Autônomo: a estruturação da nova constituição será Federal, por meio de um procedimento específico,
determinada, autonomamente, por quem exerce o estabelecido pelo poder constituinte originário, sem
poder constituinte originário. que haja uma verdadeira revolução.
O poder de reforma constitucional, assim, tem
c) Ilimitado juridicamente: não tem de respeitar os natureza jurídica, ao contrário do originário, que é um
limites postos pelo direito anterior. poder de fato, um poder político, ou, segundo alguns,
uma força ou energia social.
ATENÇÃO: Alguns doutrinadores entendem que o poder A manifestação do poder constituinte reformador
constituinte originário sofre limitações, pois é verifica-se por meio das emendas constitucionais
estruturado e obedece a padrões e modelos de conduta (arts. 59, I, e 60, CF).
espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na
consciência jurídica geral da comunidade e, nesta LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EXPLÍCITAS) AO PODER
medida, considerados como “vontade do povo”. CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR:
Ademais, para tais autores há a necessidade de
observância de princípios de justiça (suprapositivos e a) Limitações formais subjetivas (art. 60, I, II, III, CF):
supralegais) e, também, dos princípios de direito estão relacionadas à iniciativa do processo de
internacional (princípio da independência, princípio da elaboração da emenda.
autodeterminação, princípio da observância de direitos
humanos - neste último caso de vinculação jurídica, b) Limitações formais objetivas (art. 60, § 2º e § 5º,
chegando a doutrina a propor uma juridicização e CF): necessidade de quórum de aprovação de 3/5, em
evolução do poder constituinte). dois turnos de votação. Além disso, conforme art. 60,
§ 5º, CF, a matéria constante de proposta de emenda
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
d) Incondicionado e soberano na tomada de suas rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
decisões: não tem de submeter-se a qualquer forma objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
prefixada de manifestação.
c) Limitações circunstanciais (art. 60, § 1º, CF):
e) Poder de fato e poder político: energia ou força Impedem a alteração da Constituição em situações
social, de natureza pré-jurídica, sendo que, por essas excepcionais nas quais a livre manifestação do Poder
características, a nova ordem jurídica começa com a sua Reformador possa estar ameaçada. Tais limitações são:
manifestação, e não antes dela. vigência de intervenção federal (art. 34, CF), de estado
f) Permanente: não se esgota com a edição da nova de defesa (art. 136, CF) ou de estado de sítio (art. 137,
Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma CF).
e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia
de subsistência. d) imitações materiais ou substanciais (art. 60, § 4º,
CF): Impedem a modificação de determinados
ATENÇÃO: A manifestação do Poder Constituinte conteúdos da Constituição. Os limites inferiores estão
originário pode ser legítima (suporte no princípio relacionados à inserção de certas matérias no texto da
democrático) e ilegal (rompe com o direito posto). Constituição. Tendo em vista a inexistência de uma
reserva de matéria constitucional estabelecida pelo
legislador constituinte, não há nenhum óbice a que um
novo assunto ou conteúdo seja inserido no texto da CF.
Os limites superiores são impostos pelo Poder
Constituinte Originário na tentativa de preservar a
identidade material da Constituição, impedindo a
violação do núcleo essencial de determinados direitos,
princípios e instituições.
Tais limitações exteriorizam-se nas cláusulas pétreas,
também denominadas cláusulas intangíveis ou de
eternidade (Alemanha), cláusulas constitucionais
entrincheiradas ou cravadas na pedra (Estados Unidos)
ou, ainda, cláusulas superconstitucionais, na expressão
utilizada por Oscar Vilhena Vieira, as quais possuem
três finalidades básicas: preservar a identidade
material da Constituição, proteger institutos e valores
essenciais e assegurar a continuidade do processo
democrático.
Decisões Manipuladoras São sentenças de aceitação em que a Corte constitucional não se limita a declarar a
ou Manipulativas ou inconstitucionalidade das normas, mas, agindo como legislador positivo, modifica (=
Normativas manipula) diretamente o ordenamento jurídico, adicionando lhe ou substituindo-lhe
normas, a pretexto de adequá-lo à Constituição. Podem ser:
ADITIVAS: a corte declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que
expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência. É
justificada muitas vezes pela não observância ao princípio da isonomia. Exemplo:
ADPF 54 – antecipação terapêutica do parto, MI 670/ES – direito de greve dos
servidores públicos.
Constitucionalismo
Noções Básicas A Constituição é um fenômeno cultural e histórico, construído no bojo de um movimento
histórico, político, cultural, social e jurídico denominado constitucionalismo.
A palavra constitucionalismo é plurívoca (pode ter vários significados).
O primeiro e principal significado de constitucionalismo é o de um movimento histórico-
cultural de natureza jurídica, política, filosófica e social com vistas à limitação do poder e
à garantia dos direitos que levou à adoção de constituições pela maioria dos Estados,
especialmente no que concerne à constituição formal (escrita). Essa constituição em
sentido moderno/formal (escrita) é fruto do constitucionalismo e representou um avanço
muito grande para o Direito, pois proporcionou publicidade, clareza e segurança jurídica.
Um outro significado para a palavra constitucionalismo é o de história constitucional de
um determinado Estado.
Canotilho: “teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável
à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma
comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica
específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo
transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa política, tal
como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo”.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
c.3) Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo (desde meados do
séc. XX – pós 2ª GM).
Constitucionalis Aqui, surgem vários documentos escritos destinados à limitação do poder do rei, antes
mo Inglês ilimitado (absolutismo). Os principais documentos históricos foram:
(Historicista) (i) Magna Carta (1215): consta a famosa cláusula 61, que previa o direito de os barões do
reino atacar o rei se o rei não cumprisse o que estava na Magna Carta. Diversos dispositivos
da Magna Carta continuam em vigor na atual Constituição Inglesa;
(ii) Petition of Rights (1628);
(iii) Habeas Corpus Act (1679); e
(iv) Bill of Rights inglês (1689): após a Rev. Gloriosa (1688) a Monarquia Absolutista é
transformada em Monarquia Constitucional. O Parlamento inglês impõe como condição
para que Guilherme de Orange a assinatura do Bill of Rights, documento limitador do
poder do rei. Trata-se do primeiro documento de origem parlamentar.
Após a Rev. Gloriosa, o poder na Inglaterra é dividido entre o rei e o Parlamento (ideia de
Constituição Mista), sendo este composto por 2 casas: a Câmara dos Lordes e a Câmara dos
Comuns. Trata-se de governo moderado.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
A principal contribuição do constitucionalismo norte-americano para o
constitucionalismo moderno foi a adoção da Constituição escrita a partir de uma decisão
do povo.
A Constituição de 1787 tem como base uma democracia dualista lastreada em 2 tipos de
decisões: as decisões raras do povo (momentos constitucionais que dão origem à
Constituição) e as decisões cotidianas dos governantes (decisões do Executivo e do
Legislativo). Em caso de conflito, prevalecem as decisões raras do povo, ou seja,
prevalece a Constituição. Aqui, temos o nascimento do p. da supremacia da Constituição.
Os poderes dos governantes são limitados pela Constituição, já que qualquer lei que
viole a Constituição é nula. Aqui, nasce o controle judicial e difuso de
constitucionalidade.
A Constituição de 1787 equilibra os poderes por meio de mecanismos de freios e
contrapesos.
A Constituição norte-americana tem como funções básicas garantir direitos (modelo de
Constituição garantia) e limitar poderes.
Encontramos também nessa Constituição o modelo federal de Estado em sentido
moderno e também a forma presidencialista de governo.
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Constitucionalis Tem como característica a existência de direitos de 1ª geração. O Estado pouco interfere na
mo Moderno vida do cidadão. As relações sociais e econômicas são movidas pela “mão invisível do
Constitucionalis mercado” (Adam Smith).
mo Liberal Aqui, encontram-se as Constituições de Cades da Espanha (1812), Constituição Portuguesa
(1822), Constituição Brasileira (1824) e Constituição da Bélgica (1831).
Constitucionalis As obrigações do Estado do Bem Estar Social não são mais meras obrigações de não fazer,
mo Social (início mas também obrigações de fazer. Aqui, encontramos os direitos fundamentais de 2ª geração,
do séc XX) vinculados a prestações positivas (saúde, educação, assistência social).
As 2 Constituições que inauguram esse modelo são a Constituição Mexicana (1917) e a
Constituição de Weimar da Alemanha (1919).
Neoconstituciona Na 1ª metade do séc. XX, predominava no direito o positivismo jurídico: o direito era um
lismo direito formal e neutro, que não se vinculava a questões éticas e morais.
A barbárie nazista vista na 2ª GM colocou em cheque essa neutralidade do positivismo,
pois o direito foi utilizado para legitimar atrocidades.
No pós 2ª GM, se começou a falar em neoconstitucionalismo, também chamado de
constitucionalismo contemporâneo. A dignidade da pessoa humana passa a ser o
fundamento de todo o direito. Adota-se uma leitura moral do direito e da Constituição,
ou seja, a interpretação da Constituição passa a sofrer a influência de valores éticos e
morais. O formalismo perde espaço para o chamado pós-positivismo, que privilegia os
valores. Todas as disposições constitucionais (regras e princípios) passam a ser encaradas
como normas jurídicas com força normativa. Os métodos de interpretação menos
formalistas e mais abertos são privilegiados.
Aqui, deve-se atentar para o fenômeno da constitucionalização dos demais ramos do
Direito.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Outra característica do neoconstitucionalismo é o fenômeno da jurisdicionalização da
política (as decisões políticas passam a ser filtradas pela Constituição e pela jurisdição
constitucional → o Poder Judiciário ganha destaque).
Crítica: excesso do protagonismo dos membros do Poder Judiciário, que não são eleitos
pelo povo. Segundo alguns autores, há um excesso de ativismo judicial, que gera uma
insegurança jurídica e uma desvalorização dos representantes eleitos.
Novo É uma forma constitucional de entender que não apenas as experiências históricas dos
Constitucionalis povos colonizadores da América Latina têm lugar no constitucionalismo, mas também as
mo Latino culturas dos povos originários. Todas as influências, sejam as dos países colonizares, sejam
Americano as dos povos originários, devem ser levadas em consideração em pé de igualdade.
(Andino ou O novo constitucionalismo latino americano propugna um Estado plurinacional e
Indígena) multiétnico, com base na valorização da cultura dos povos originários, que até então
haviam sido esquecidos. Pretende ter como base um diálogo intercultural não
hegemônico e uma ampla participação popular.
As duas grandes Constituições que representam um marco desse novo constitucionalismo
latino americano são as Constituição do Equador (2008) e da Bolívia (2009).
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Direitos e Garantias Fundamentais
Noções Introdutórias
A inconteste evolução que o direito constitucional alcançou é fruto, em grande medida, da aceitação dos direitos
fundamentais como cerne da proteção da dignidade da pessoa e da certeza de que inexiste outro documento
mais adequado para consagrar os dispositivos assecuratórios dessas pretensões do que a Constituição.
Direitos Humanos: têm base jusnaturalista. Os direitos humanos são pertencentes ao homem universalmente
considerado, não precisando estar consagrado em qualquer ordenamento jurídico. Pertencem ao homem por
ser uma pessoa humana.
Direitos Fundamentais: refere-se a direitos relacionado às pessoas inscritos dentro dos textos normativos de
cada Estado. Eles vigoram numa determinada ordem jurídica.
Direitos do Homem: é uma expressão jusnaturalista que conceitua direitos naturais aptos a proteção global do
homem, carecendo estes direitos de qualquer positivação, seja nacional ou internacional.
A partir do momento em que esses “ direitos do homem” passaram a ser positivados nas constituições
contemporâneas, passaram a ser denominadas “ direitos fundamentais”. Quando esses direitos previstos nas
normas internas passaram a ser regulados em tratados internacionais, seja no plano global, seja no plano
regional, passaram a receber o nome de “direitos humanos”.
Direitos x Garantias
Segundo doutrina majoritária no Brasil, as normas que cuidam de direitos fundamentais podem ser formuladas
de maneira (i) a simplesmente enunciar os próprios direitos fundamentais; ou (ii) com a intenção de assegurar a
defesa desses direitos fundamentais, impondo limites à atuação de quem deva observá-los.
Assim, como 2 faces da mesma moeda, surge a seguinte relação entre direito e garantia fundamentais: enquanto
os “direitos” costumam ser estabelecidos como normas meramente enunciativas dos próprios direitos
fundamentais, as “garantias” fundamentais são veiculadas por normas de proteção a esses “direitos”. As
garantias fundamentais dividem-se em:
a) Garantias gerais: aquelas que proíbem o abuso de poder e todas as espécies de violação a direitos que
asseguram e procuram torná-los efetivos. Ex: p. da legalidade e p. do devido processo legal.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
b) Garantias específicas: servem de instrumento de proteção não apenas dos direitos fundamentais a que se
referem, como também das próprias garantias fundamentais gerais. Ex: todos os remédios constitucionais, como
o MS.
Evolução Histórica
Embora se possa falar em antecedentes remotos dos direitos humanos, tal como o “cilindro de Ciro”, rei da Pérsia
Antiga (séc. VI a.C.), para fins dos nossos objetivos, daremos destaque maior para os antecedentes próximos.
Antecedentes próximos: representam uma série de documentos (conjunto de documentos escritos vinculados
principal aos constitucionalismos inglês, francês e norte-americano e às Nações Unidas) e pensamento de
determinados autores (Hobbes, Hugo Grocio, Rousseau, etc).
PRINCIPAIS DOCUMENTOS
a) Magna Carta (1215 - Inglaterra);
b) Petition of Rights (1628 - Inglaterra);
c) Habeas Corpus Amendment Act (1679 - Inglaterra);
d) Corpo de Liberdades de Massachusetts (1641 - EUA);
e) Forma de Governo da Pensilvânia (1682 - EUA);
f) Bill of Rights (1689 – Inglaterra);
g) Declaração de direitos do bom povo da Virgínia (1776 – EUA, redigida por Thomas Jefferson);
h) Declaração de Independência dos EUA (1776).
i) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Assembleia Constituinte Francesa, 1789) → tem papel
fundamental na universalização dos direitos humanos. A constituição é vista como um documento escrito que
trata da garantia dos direitos fundamentais (da 1ª geração) e da separação de poderes (“conceito ideal de
Constituição”). Essa declaração foi incorporada à Constituição Francesa de 1791 como preâmbulo. Esse
documento é o marco da 1ª geração de direitos humanos.
j) 10 primeiras emendas da Constituição dos EUA de 1787, aprovadas em 1791 (Bill of Rights norte-americano);
k) Carta das Nações Unidas (1945);
l) Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948)
Direitos de 2ª Exige um agir do Estado, estabelecendo um direito de igualdade material. São os direitos
Geração econômicos, sociais e culturais. Exige do Estado um fazer: saúde, trabalho e educação. São
(Igualdade) os direitos prestacionais (direitos positivos).
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Obrigações prestacionais do Estado. O foco é a igualdade material. Há a prevalência dos
direitos sociais, econômicos e culturais.
Direitos de 3ª São de titularidade difusa ou coletiva. Tem a ver com o princípio da Fraternidade,
Geração protegendo direitos de titularidade coletiva, tais como direito ao meio ambiente e paz.
(Fraternidade) Estão aqui os direitos difusos.
Direitos de 4ª Paulo Bonavides: diz que é o direito à democracia, a informação e ao pluralismo político.
Geração Norberto Bobbio: é direito de 4ª dimensão a decorrência da engenharia genética, pois ela
coloca em risco a própria existência humana, quando é possível fazer a manipulação do
patrimônio genético.
Direitos de 6ª Segundo Uado Lâmmego Bulos, a 6ª dimensão alcança a democracia, pluralismo político e
Geração direito à informação. Também há doutrina diversa mencionando a sexta geração seria
referente ao direito a água potável.
Características dos (1) Universalidade: Esta característica aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos
Direitos que deve estar presente em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da
Fundamentais condição jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito — porquanto a mera condição de
ser humano é suficiente para a titularização.
(2) Historicidade: Como os direitos fundamentais são proclamados em certa época, podem
desaparecer em outras ou serem modificados com o passar do tempo, apresentam-se como
um corpo de benesses e prerrogativas que somente fazem sentido se contextualizadas
determinado período histórico.
✓ Os direitos fundamentais são históricos, porque existem direitos que são comuns a
diversas sociedades;
✓ Os direitos fundamentais são históricos, pois no curso da história eles são aperfeiçoados
e novos direitos surgem.
(5)Relatividade: O exercício dos direitos individuais, não raro, acarreta conflitos com outros
direitos constitucionalmente resguardados, dada a circunstância de nenhum direito ser
absoluto ou prevalecer perante os demais em abstrato. Como todos os direitos são
relativos, eventualmente podem ter seu âmbito de incidência reduzido e ceder (em prol de
outros) em ocorrências fáticas específicas.
(8) Efetividade: A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de
se efetivar os direitos e garantais institucionalizados, inclusive por meio da utilização de
mecanismos coercitivos, se necessário for.
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Constitucionalização
Os DFs devem ser positivados no ordenamento jurídico, em especial no plano constitucional formal.
NÃO se deve confundir constitucionalização com fundamentalização (considerar o direito como sendo
fundamental por sua ligação com a dignidade da pessoa humana → a fundamentalidade material é uma noção
que permite a abertura a novos direitos fundamentais não escritos, aos quais se aplicam aspectos típicos da
fundamentalidade formal, como por ex a possibilidade de servir de fundamento para a inconstitucionalidade de
leis ordinárias – ex: dto fundamental ao duplo grau de jurisdição). Obs: O rol de DFs da CF NÃO esgota todos os
DFs (cláusula da inesgotabilidade dos direitos fundamentais escritos). É possível a existência de direitos
fundamentais implícitos.
#MPE/GO – A 9ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América diz textualmente: “A especificação de
certos direitos na Constituição não deve ser entendida como uma negação ou depreciação de outros direitos
conservados pelo povo”. Segundo a visão de alguns autores, e citada Emenda encerra “norma com fattispecie
aberta”, segundo a qual certos direitos não se limitam àqueles descritos na Constituição. Com base nessas
premissas, indique a assertiva correta: c) A fundamentalidade material fornece suporte para a abertura a novos
direitos fundamentais, sendo correto observar que aos direitos fundamentais só materialmente constitucionais
são aplicáveis aspectos típicos do regime jurídico da fundamentalidade formal.
Dimensão A doutrina brasileira, afinada com a tradição europeia, classifica os direitos fundamentais a
Subjetiva e partir de dupla perspectiva, uma subjetiva e outra objetiva, significando que referidos
Objetiva dos direitos são, a um só tempo, direitos subjetivos e elementos fundamentais da ordem
Direitos constitucional objetiva.
Fundamentais
Enquanto direitos subjetivos, os direitos fundamentais outorgam aos titulares a
prerrogativa de impor os seus interesses em face dos órgãos obrigados. Por outro lado, em
sua dimensão objetiva, os direitos fundamentais formam a base do ordenamento jurídico
de um Estado de Direito democrático. Em suma:
• dimensão subjetiva: tem a ver com o sujeito da relação jurídica, sendo o indivíduo em
face do poder público ou em face de outro indivíduo.
• dimensão objetiva: tem a ver com um conjunto de valores básicos de conformação do
Estado, devendo ser analisados os direitos fundamentais como parâmetro da forma que o
Estado deverá agir. Com isso, os direitos fundamentais passam a ter uma eficácia irradiante.
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Isto é, é a capacidade de orientar o exercício da atividade do poder público, fazendo ele
atuar daquela determinada forma.
A primeira dimensão é a subjetiva (ou seja, relativa aos sujeitos). É a dimensão mais
conhecida, que você já aprendeu. É aquela que diz respeito aos direitos de proteção
(negativos) e de exigência de prestação (positivos) por parte do indivíduo em face do poder
público (perspectiva subjetiva).
Ex: direito fundamental à alimentação (art. 6º CF) – a pretensão de jantar num restaurante fino e caro com um
bom vinho está dentro desse direito? NÃO!!! Isso não é uma limitação, já que é algo que nunca foi incluído no
âmbito de proteção do direito fundamental.
O âmbito de proteção efetiva dos direitos fundamentais pode ser delimitado: a) pela própria constituição (ex: no
inciso IV do art. 5º, a CF restringiu a liberdade de manifestação do pensamento ao proibir o anonimato); ou b)
pelo legislador ordinário, por delegação do constituinte (atividade de “conformação” ou de “regulação” – ex: no
art. 220, 3º, a Constituição autorizou restrições à liberdade de manifestação do pensamento, em eventos e
espetáculos públicos, conforme faixas etárias, locais e horários a serem estabelecidos em lei). As restrições ou
limitações dos direitos fundamentais podem ser vistas a partir de 2 teorias:
Teoria Interna Os limites aos direitos fundamentais são internos ou “imanentes” aos mesmos, ou seja, os
direitos fundamentais já nascem com essas limitações, são limites que existem “desde sempre”
ou “desde dentro”. É uma teoria que se compatibiliza com a teoria absoluta. Os limites são
fixados a priori, através da interpretação, em um processo interno ao próprio direito, sem a
influência de outras normas constitucionais. Esses direitos vão ter sempre a estrutura de regras
(tudo ou nada: ou aquilo faz parte do direito ou não faz parte).
Por essa teoria, o limite de um direito está interno a ele. A definição do conteúdo e da existência
de um direito não depende de fatores externos a esse direito, e, por isso, não cabem restrições.
Não existiria a possibilidade de esse direito não poder ser exercido por ter sido restringido. A
tese central é: ou se tem o direito, ou não. Fundamenta-se na tese da teoria dos limites
imanentes: cada direito apresenta limites lógicos, imanentes, oriundos da própria estrutura e
natureza do direito e, portanto, da própria distinção que o prevê. Os limites já estão contidos
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no próprio direito; portanto, não se cuida de uma restrição imposta a partir do exterior. Tem
apenas UM objeto: o direito e seus limites imanentes.
Teoria Externa As restrições aos direitos fundamentais são externas aos mesmos. Compatibiliza-se com a teoria
relativa e utiliza a expressão restrição em vez de limites. Por ela, existem dois objetos: o direito
em si e suas restrições, as quais estão situadas fora do direito. O conteúdo permitido de um
direito vai depender da análise de outros direitos envolvidos no caso concreto. A princípio tudo
é possível, e analisando as colisões verifica-se na prática se determinada conduta é ou não
permitida. Então aqui a fixação dos limites de um direito é feita em duas etapas. 1ª)
identificação do conteúdo inicialmente protegido, determinado da forma mais ampla possível
(direito prima facie) e 2ª) definição dos limites externos decorrentes da necessidade de conciliar
o direito com outros direitos (direito definitivo).
Tem dois objetos: o direito em si e, destacado dele, as suas restrições. Com isso, passa-se a
reconhecer a possibilidade de restrições a direitos fundamentais e a aferição dos mesmos,
através da determinação de parâmetros. Nessa linha, a restrição ao direito não tem influência
no conteúdo do direito, pois a restrição ao seu exercício se dará em situação concreta,
contextualizada. Deixa a questão: como restringir direito fundamental sem eivar a prática de
inconstitucionalidade? A resposta leva à teoria dos limites dos limites.
Teoria dos Limites dos Limites (a partir de Bernardo Gonçalves Fernandes) O parâmetro para
a atividade legislativa restritiva de direitos é a proporcionalidade da atuação do Poder Público.
Assim, cria-se limites para as limitações (restrições) aos direitos fundamentais. Essa tese surge
no cenário constitucional como mecanismo de defesa dos direitos fundamentais contra atos
abusivos de origem legislativa ou administrativa. Nessa moldura, surge a teoria dos limites dos
limites (schranken-schranken). Como critérios dessa teoria tem-se que qualquer limitação
(restrição) aos direitos fundamentais tem que respeitar o núcleo essencial, que envolve
diretamente tais direitos fundamentais e, por derivação, a noção de dignidade da pessoa
humana, que não pode ser abalada.
(FGV/ TJ-SC/2021) André e Felipe travaram intenso debate a respeito da relevância do alicerce
teórico dos direitos fundamentais em um Estado Democrático de Direito, de modo a identificar
o surgimento de possíveis situações de conflito entre eles. André defendia que a teoria externa
alicerçava os direitos fundamentais. A partir deles seriam obtidas posições definitivas e teriam
natureza principiológica. Felipe, por sua vez, entendia que esses direitos estavam alicerçados na
teoria interna. Dariam origem a posições prima facie e teriam a natureza de regras. À luz da
forma como os direitos fundamentais têm sido compreendidos na realidade brasileira, é correto
afirmar que: André está parcialmente certo, já que os direitos fundamentais dão origem a
posições prima facie;
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Teoria Interna Teoria Externa (doutrina majoritária)
- Direitos fundamentais não podem ser - Direitos prima facie (direitos prestacionais)
restringidos
Teoria interna - para os adeptos dessa teoria, os limites aos direitos fundamentais estão definidos a priori por
eles mesmos, estão implícitos em seu conteúdo. Assim, sob esse ponto de vista, somente limitações previstas no
texto constitucional seriam legítimas. O maior expoente dessa teoria é o alemão Friedrich Müller.
Teoria externa - ao contrário da anterior, para os defensores dessa teoria o conteúdo e os limites de um direito
fundamental serão encontrados a partir do sopesamento entre esse direito e outros com os quais venha
eventualmente a colidir somente no caso concreto. O maior expoente é o também alemão Robert Alexy.
O autor propõe a conciliação entre aspectos centrais das duas perspectivas, defendendo que a hermenêutica
constitucional brasileira adote, ao lado da técnica da ponderação de interesses, o critério da teoria dos limites
dos limites como instrumento auxiliar de interpretação, "de maneira a garantir o núcleo essencial mínimo de
direitos fundamentais".
Há 2 grupos de destinatários expressos dos direitos do art. 5º, quais sejam: os brasileiros e estrangeiros residentes
no país.
# A CF fala em brasileiros como titulares de direitos e garantias fundamentais, mas todos os brasileiros
usufruem igualitariamente de todos os direitos fundamentais? Ou há diferenças no tratamento jurídico
constitucional acerca de determinados grupos?
Existem direitos fundamentais destinados a determinados grupos de brasileiros. Em primeiro lugar, há uma
distinção constitucional entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados, porém vale dizer que essa diferença só
pode ser feita pela Constituição (art. 12, §2º CF). As diferenças são:
a) Art. 5º, LI CF: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado em caso de crime praticado antes da
naturalização OU de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
b) Art. 12, §3º CF: prevê os cargos privativos de brasileiros natos, quais sejam:
(i) presidente e vice-presidente;
(ii) presidente da Câmara dos Deputados;
(iii) presidente do Senado;
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(iv) ministro do STF (aqui incluídos os cargos de presidente do CNJ e presidente e vice-presidente do TSE – arts.
103-B, §1º e art. 119 CF);
(v) da carreira diplomática;
(vi) oficial das Forças Armadas;
(vii) ministro de Estado da defesa.
c) Art. 89, VII CF: 6 cidadãos de brasileiros natos na composição do Conselho da República;
d) Art. 222, caput e §§1º e 2º CF: são privativos de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos o exercício
das atividades relativas à propriedade, gestão e responsabilidade editorial de empresas jornalísticas e de
radiofusão sonora e de sons e imagens.
Além disso, há diferença constitucional entre brasileiros que se encontram no gozo dos direitos políticos
(cidadãos) ou cujos direitos políticos estão suspensos, qual seja: somente o cidadão pode mover ação popular
(ação 5º, LXXIII CF).
Há também diferenças de gênero (entre brasileiros e brasileiras), que se encontram previstas no art. 5º, L CF
(serão asseguradas às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação), no art. 7º, XX CF (proteção do mercado de trabalho da mulher) e no art. 40, §1º, III, “a” e “b”
(aposentadoria voluntária dos servidores públicos) e 201, §7º, I e II (aposentadoria dos servidores filiados ao
RGPS).
STF: O princípio da igualdade não é absoluto, sendo mister a verificação da correlação lógica entre a situação de
discriminação apresentada e a razão do tratamento desigual. 3. A Constituição Federal de 1988 utilizou-se de
alguns critérios para um tratamento diferenciado entre homens e mulheres: i) em primeiro lugar, levou em
consideração a histórica exclusão da mulher do mercado regular de trabalho e impôs ao Estado a obrigação de
implantar políticas públicas, administrativas e/ou legislativas de natureza protetora no âmbito do direito do
trabalho; ii) considerou existir um componente orgânico a justificar o tratamento diferenciado, em virtude da
menor resistência física da mulher; e iii) observou um componente social, pelo fato de ser comum o acúmulo pela
mulher de atividades no lar e no ambiente de trabalho – o que é uma realidade e, portanto, deve ser levado em
consideração na interpretação da norma. 4. Esses parâmetros constitucionais são legitimadores de um
tratamento diferenciado desde que esse sirva, como na hipótese, para ampliar os direitos fundamentais sociais e
que se observe a proporcionalidade na compensação das diferenças. (...)” (RE 658312, Rel. Min. DIAS TOFFOLI,
Pleno, j. em 27/11/2014). Há, ainda, diferença entre os brasileiros ricos e brasileiros pobres, que pode ser
identificada no art. 5º, LXXIV e LXXVI CF.
Ademais, podemos identificar um direito fundamental dirigido especificamente a estrangeiros, tal como prevê o
art. 5º, LII CF (vedação de extradição de estrangeiro por crime político*** ou de opinião).
*** o crime político do art. 5º, LII não é o mesmo do previsto no art. 109, IV CF. O crime político do art. 5º é o
crime definido como tal no exterior, cuja prática viola uma legislação estrangeira e tem motivação política. Já o
crime político do art. 109, IV é definido como crime no Brasil, cuja prática viola a nossa lei e tem motivação de
natureza política (Lei 7.170/83 – crimes contra a segurança nacional).
# Ao utilizar a expressão “estrangeiros residentes no país”, o art. 5º afastou a possibilidade de estrangeiros não
residentes no país (turistas) serem titulares de direitos fundamentais? Divergência:
1ª corrente – José Afonso da Silva – Afirma que somente os estrangeiros residentes gozam do direito subjetivo
relativos aos enunciados constitucionais dos direitos e garantias fundamentais. Assim, estrangeiros não
residentes tem proteção em outras normas jurídicas do direito internacional e do direito infraconstitucional
brasileiro.
2ª corrente – majoritária e STF – Entende que a interpretação deve ser não literal, mas sim ampliativa de forma
a que estrangeiros não residentes no país também possam usufruir de determinados direitos previstos no art. 5º
CF. Nesse sentido, identificamos o art. 5º, XV CF, que parece se voltar aos estrangeiros não residentes no país
(livre locomoção no território nacional, podendo nele entrar, permanecer ou sair).
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# Direitos que podem ser usufruídos por pessoas jurídicas de direito privado:
A adoção de uma perspectiva puramente material (ligada à dignidade da pessoa humana) afasta a possibilidade
de pj serem titulares de direitos fundamentais. Apesar disso, em uma perspectiva formal (direitos fundamentais
são aqueles escritos na CF como sendo fundamentais), há direitos no art. 5º que podem ser usufruídos por pjs.
Art. 5º, XXIX CF - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
# Direitos fundamentais podem ser usufruídos por pessoas jurídicas de direito público?
A concepção clássica dos direitos fundamentais afirma que estes são direitos dirigidos especialmente contra o
Estado. Logo, o Estado não é credor de direitos fundamentais, mas sim devedor. Logo, essa concepção não se
coaduna com a possibilidade de pjs de direito público serem titulares de direitos fundamentais.
Apesar disso, a doutrina majoritária e o STF admitem que pj de direito público possam usufruir certos direitos
previstos no art. 5º (especialmente direitos procedimentais) tais como:
✓ Art. 5º, II CF (legalidade);
✓ Art. 5º, XII CF (direito de propriedade);
✓ Art. 5º, XXXV CF (apreciação do Poder Judiciário de lesão ou ameaça de lesão);
✓ Art. 5º, XXXVI CF (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada);
✓ Art. 5º, XXXVII CF (vedação do tribunal de exceção);
✓ Art. 5º, LIII CF (juiz natural);
✓ Art. 5º, LIV CF (devido processo legal);
✓ Art. 5º, LV CF (contraditório e ampla defesa).
✓ Art. 5º, LXIX CF (impetração de mandado de segurança).
Alguns autores afirmam que a dimensão objetiva dos direitos fundamentais pode justificar a existência de direitos
fundamentais titularizados pelas pj de direito público.
É preciso ter um certo cuidado com o reconhecimento de que pj de direito público possam usufruir de direitos
fundamentais. Quando esses direitos são exercidos por pj de direito público em face de outra pj de direito público,
a questão fica mais fácil, pois de qualquer forma os direitos fundamentais continuam sendo exercidos CONTRA O
ESTADO.
Porém, quando uma pj de direito público pretende exercer um direito fundamental contra um cidadão ou contra
pj de direito privado, o tema fica mais problemático, pois, como vimos, admitir que o Estado pode exercer um
direito fundamental contra um cidadão nos leva a uma subversão da ideia clássica de que direitos fundamentais
são garantias das pessoas contra o Estado.
Segundo o STJ, “o reconhecimento de direitos fundamentais a pessoas jurídicas de direito público não pode jamais
conduzir à subversão da própria essência desses direitos, que é o feixe de faculdades e garantias exercitáveis
principalmente contra o Estado, sob pena de confusão ou de paradoxo consistente em se ter, na mesma pessoa,
idêntica posição jurídica de titular ativo e passivo, de credor e, a um só tempo, devedor de direitos fundamentais,
incongruência essa já identificada pela jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão No caso em exame, o
reconhecimento da possibilidade teórica de o município pleitear indenização por dano moral contra o particular
constitui a completa subversão da essência dos direitos fundamentais, não se mostrando presente nenhum
elemento justificador do pleito”.
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Aplicabilidade das Normas Definidores dos Direitos e Garantias Fundamentais
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, o que retrata a preocupação
dos modernos sistemas constitucionais em evitar que as posições firmadas como essenciais para a identidade da
Constituição não passem de retórica, ou então que sejam dependentes da atuação legislativa para que tenham
eficácia. Todavia, conforme já explicitado no capítulo que trata da eficácia e aplicabilidade das normas
constitucionais, tal regra não é absoluta e não pode atropelar a natureza dos direitos constitucionalmente
proclamados. Como existem normas constitucionais, relativas a direitos fundamentais, que são evidentemente
não autoaplicáveis, isto é, que carecem de mediação legislativa para que possuam plena efetividade, é certo dizer
que sozinhas não produzirão todos os seus efeitos essenciais
Eficácia dos direitos Fundamentais nas Relações Privadas ( Eficácia Horizontal e Diagonal)
Eficácia vertical: Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical, pois o indivíduo
está subordinado ao Estado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios do Estado, fala-se
dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares e o Estado.
É a eficácia clássica.
c)Eficácia diagonal: Bem recente. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à relação entre particulares,
nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista.
A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio
do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais.
A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na
constitucionalização do direito privado a sua gênese.
A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se
configuram desigualdades fáticas.
Questão discursiva:
Os direitos fundamentais se apresentam como trunfo da modernidade e seus efeitos incidem nas relações
privadas e nas relações públicas. Essa duplicidade de efeitos se traduz na diferença entre eficácia vertical e eficácia
horizontal dos direitos fundamentais. De forma mais clara, a eficácia vertical está presente na relação entre o
Estado e o cidadão, cenário em que existe uma relação de direito público. Já a eficácia horizontal está presente
na relação entre cidadãos, caso em que está presente uma relação de direito privado.
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A eficácia horizontal pode ser classificada em eficácia direta e eficácia indireta. Na eficácia indireta, os direitos
fundamentais não ingressam no cenário privado como direitos subjetivos. Ou seja, não vai haver uma aplicação
direta dos direitos fundamentais na relação entre particulares. Isso porque, os direitos fundamentais devem ser
concretizados por uma intermediação legislativa para serem considerados aplicáveis na relação privada.
Na eficácia direta, os direitos fundamentais são aplicados diretamente nas relações entre particulares, mesmo
que sem previsão legal específica, havendo a necessidade de o aplicador da norma ponderar o direito
fundamental envolvido e a autonomia privada. O Supremo Tribunal Federal, em vários precedentes, defende a
eficácia direta dos direitos fundamentais, podendo-se citar o caso do sócio que foi expulso da sociedade sem que
lhe fossem garantidos o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, hipótese em que o Tribunal
anulou o ato privado e determinou o respeito desses direitos fundamentais.
Por fim, a eficácia diagonal dos direitos fundamentais é uma decorrência da eficácia horizontal, no sentido que
ambas dizem respeito à relação entre particulares. Contudo, parte da doutrina entende ser caso de eficácia
diagonal dos direitos fundamentais quando uma das partes na relação privada é hipossuficiente, como numa
relação trabalhista ou consumerista. Existiria, também nessas hipóteses, uma incidência direta dos direitos
fundamentais nas relações privadas.
Teoria dos Desenvolvida em fins do séc. XIX por George Jellinek (Sistema dos Direitos Subjetivos Públicos),
Quatro aponta quatro status (situações jurídicas) do indivíduo perante o Estado.
Status de
Jellinek STATUS PASSIVO (STATUS SUBJECTIONIS):
O indivíduo se encontra em situação de subordinação em relação ao poder público. Isso porque,
o Estado pode impor proibições e obrigações aos cidadãos.
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Funções dos FUNÇÕES DE DEFESA (OU DE LIBERDADE):
Direitos Os direitos fundamentais podem servir para evitar abusos do Estado, exigindo um não fazer
Fundamentais (atuação negativa). Essas funções de defesa relacionam-se com o status negativo e com a
chamada 1ª geração de direitos fundamentais (ex: proibição de prisão arbitrária).
FUNÇÕES DE PRESTAÇÃO:
Os direitos fundamentais podem servir para exigir uma atuação positiva do Estado, corporificada
em prestações materiais (políticas públicas) e também normativas ou legislativas.
Ex: educação e cultura. Essas funções estão relacionadas ao status positivo e a 2ª geração de
direitos fundamentais.
FUNÇÕES DE NÃO-DISCRIMINAÇÃO:
Os direitos fundamentais podem servir para promover a igualdade material, protegendo as
minorias.
Discussão da função contramajoritária do STF: uma das funções do STF é a de exercer oposição
à vontade da maioria quando essa maioria quer violar direitos das minorias (ex: situações que
envolvem uniões homoafetivas).
Colisão entre Os direitos fundamentais são dotados de conteúdos nucleares abertos e variados, os quais
os Direitos são revelados apenas no caso concreto e nas interações entre si ou quando relacionados com
Fundamentais outros valores consagrados na Constituição. Destarte, os direitos fundamentais entram em
colisão entre si, ou podem colidir com outros valores protegidos constitucionalmente.
Os direitos fundamentais se apresentam com maior frequência na forma de princípios. E,
havendo conflito entre princípios, deve-se buscar a conciliação entre eles, aplicando-se cada
um deles em extensões variadas, conforme a relevância que apresentarem no caso concreto.
Assim, na busca por soluções conciliadoras diante das colisões de direitos fundamentais, será
necessário o manuseio do princípio da proporcionalidade e da técnica de ponderação
Hierarquia A Emenda Constitucional nº 45/2004 introduziu o § 3º ao art. 5º, permitindo que tratados
Normativa internacionais de direitos humanos sejam aprovados com status normativo equivalente ao de
dos Tratados emenda constitucional, desde que observado 0 rito especial de aprovação, idêntico ao de
de Direitos aprovação das emendas constitucionais.
Humanos O STF, a partir de 2008, consagrou a denominada "teoria do duplo estatuto" dos tratados de
direitos humanos: terão natureza constitucional aqueles aprovados pelo rito do art. 5º, § 3;
para todos os demais, reconheceu-se a natureza supralegal, para os anteriores ou posteriores
à emenda constitucional 45/2004, e que tenham sido aprovados pelo rito comum. Foram
aprovados sob o rito especial previsto no § 3º, do art. 5º, a Convenção da ONU sobre os direitos
das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, incorporada, destarte, com status
normativo equivalente ao de emenda constitucional.
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Direitos Adquiridos e a Nova Constituição / Graus de Retroatividade
Retroatividade A lei nova atinge fatos consumados.
Máxima ou
Restitutória
Retroatividade A lei nova atinge os fatos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. Ou seja, a lei nova
Média atinge as prestações vencidas mas ainda não adimplidas.
Retroatividade A lei nova atinge os efeitos futuros dos atos jurídicos anteriores, verificados após a data em que
Mínima, ela entra em vigor. Trata-se de prestações futuras de negócios firmados antes do advento da
Temperada ou nova lei.
Mitigada
Ponto Cego Ao julgar a ADPF 347/MC que reconheceu o ECI do Sistema Carcerário Brasileiro, o Min. Marco
Legislativo Aurélio explicou em seu voto que a matéria relativa à melhoria do sistema prisional está no
“ponto cego legislativo” (legislative blindspot), uma vez que os parlamentares não discutem
tal situação com o engajamento que deveriam nas casas legislativas em virtude do “custo
político” e da impopularidade da matéria no Brasil. Vejamos um trecho do voto do Min. Marco
Aurélio na ADPF 347/ MC: “É difícil imaginar candidatos que tenham como bandeira de
campanha a defesa da dignidade dos presos. A rejeição popular faz com que a matéria relativa
à melhoria do sistema prisional enfrente o que os cientistas políticos chamam de “ponto cego
legislativo” (legislative blindspot): o debate parlamentar não a alcança. Legisladores e
governantes temem os custos políticos decorrentes da escolha por esse caminho, acarretando
a incapacidade da democracia parlamentar e dos governos popularmente eleitos de resolver
graves problemas de direitos fundamentais. A história possui vários exemplos de agentes
políticos haverem acionado cortes constitucionais, visando encontrar soluções a casos
moralmente controvertidos e impopulares e, assim, evitar choques com a opinião púbica. Os
poderes majoritários apostam no perfil contramajoritário das cortes constitucionais ou
supremas: condenadas judicialmente a atuar, autoridades públicas se escudam no Estado de
Direito e no consectário dever de observar ordens judiciais para implementar aquilo que
teriam feito voluntariamente se não temessem custos políticos”. (CEI – DPE/RJ – Revisão Final
– Pré-Edital – Direitos Humanos)
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*Teoria do Impacto Desproporcional ou Teoria do Impacto Adverso: A teoria do impacto
desproporcional tem total correlação com princípio da igualdade material.
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre
determinados grupos ou indivíduos.
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados
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grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente.
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em
3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98, que
limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a licença-
maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens.
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais.
Juris - Não se pode utilizar verbas do Fundeb para combater à pandemia da Covid-19 - É vedada a
selecionadas utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de
do Buscador combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ainda que se reconheça a gravidade da
pandemia da Covid-19 e os seus impactos na economia e nas finanças públicas, nada justifica o
emprego de verba constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento do ensino
básico para fins diversos da que ela se destina. STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044).
- Não há vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde que
inexistam reajustes automáticos - A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo
mostra-se compatível com o texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a reajustes
futuros. STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF e ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel.
Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044). No mesmo sentido é a OJ 71, da SBDI-2
do TST: “A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art.
7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito
constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.”
(Info 1044 STF)
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- ADPF das favelas
O STF determinou que:
1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano
para redução da letalidade policial e controle das violações aos direitos humanos pelas forças de
segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos
necessários para a sua implementação.
2) o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos
sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei.
3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no Observatório de Direitos Humanos
localizado no Conselho Nacional de Justiça;
4) nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de
Estado quando, ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do nível da força empregada para
neutralizar a situação de risco ou de violência, exauridos os demais meios, inclusive os de armas não-
letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério, decorrente de uma ameaça
concreta e iminente.
5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças ou adolescentes terão a
prioridade absoluta;
6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro,
devem ser observadas as seguintes diretrizes constitucionais, sob pena de responsabilidade:
(i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado judicial, deve ser realizada somente
durante o dia, vedando-se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite;
(ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial, pode ter por base denúncia anônima;
(iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por meio da elaboração de auto circunstanciado,
que deverá instruir eventual auto de prisão em flagrante ou de apreensão de adolescente por ato
infracional e ser remetido ao juízo da audiência de custódia para viabilizar o controle judicial
posterior; e
(iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins excepcionais a que se destina.
7) seja obrigatória a disponibilização de ambulâncias em operações policiais previamente planejadas
em que haja a possibilidade de confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos
e das operações;
8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale equipamentos de GPS e sistemas
de gravação de áudio e vídeo nas viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o
posterior armazenamento digital dos respectivos arquivos. STF. Plenário. ADPF 635 MC-ED/RJ, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 2 e 3/02/2022 (Info 1042).
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- É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de
medicamento para uso off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado
uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA. O Estado não é obrigado a
fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA. STJ. 1ª Seção.
PUIL 2101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi diagnosticado com glaucoma e o oftalmologista
prescreveu determinado colírio indicado para essa enfermidade. O problema é que esse remédio não
está especificado na lista de medicamentos que o SUS é obrigado a fornecer gratuitamente para a
população (Portaria 2.982/2009 do Ministério da Saúde).
O juiz pode obrigar que o Estado forneça esse medicamento? O Poder Judiciário pode determinar que
o Poder Público forneça remédios que não estão previstos na lista do SUS?
SIM, mas desde que cumpridos três requisitos. Veja o que decidiu o STJ:
A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença
cumulativa dos seguintes requisitos:
a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que
assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia,
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS;
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência.
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (Recurso
Repetitivo – Tema 106) (Info 633).
Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante entender o que é o uso off label de um
medicamento
Off label é uma expressão em inglês que, em tradução literal, significaria “fora de indicação”.
Off = fora / label = indicação.
Para que um medicamento seja fabricado ou comercializado no Brasil, ele precisa de registro
(autorização) na Anvisa.
Ao pedir o registro de um medicamento, o fabricante ou responsável apresenta à autarquia as indicações
daquele remédio, ou seja, para quais enfermidades a droga foi testada e aprovada. Essas indicações (e
sua respectiva eficácia) são baseadas em pesquisas e testes que levam anos para serem concluídos.
Assim, por exemplo, quando a fabricante do remédio Dorflex foi registrá-lo na Anvisa, ele informou que
este medicamento foi idealizado e testado para ser utilizado como “relaxante muscular”. Essa é a
indicação deste remédio.
Ocorre que, muitas vezes, um medicamento que foi planejado para determinada finalidade, quando
entra no organismo humano, acaba trazendo outros benefícios que não haviam sido previstos. Esse
efeito inicialmente não previsto é percebido pelos médicos, que passam a receitar aquele medicamento
não apenas para aquela indicação inicialmente pensada e sim para outra finalidade que não havia sido
prevista.
Quando isso ocorre, dizemos que há a prescrição e o uso do medicamento off label, ou seja, fora da sua
indicação.
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Assim, o medicamento off label é aquele cujo médico prescreve para uma determinada finalidade que
não consta expressamente na sua bula.
O exemplo mais famoso de medicamento off label é o AAS (ácido acetilsalicílico). Este remédio foi
desenvolvido para ser um mero analgésico. Posteriormente, contudo, percebeu-se que ele servia para
outras finalidades, como, por exemplo, para a prevenção de infartos. Assim, atualmente, muitos médicos
prescrevem o AAS para prevenir infartos, mesmo isso não sendo uma indicação oficial do remédio.
Vejamos agora uma outra situação hipotética que irá explicar o julgado:
Regina encontra-se com lúpus eritematoso sistêmico (LES), uma doença inflamatória crônica autoimune.
O médico que está atendendo Regina prescreveu que ela fizesse tratamento com um medicamento
chamado “Rituximabe 500mg”. Ocorre que esse medicamento Rituximabe não foi autorizado pela
agência reguladora ANVISA para tratamento de LES. Trata-se, portanto, de uso off label para essa
enfermidade.
Diante disso, indaga-se: é possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?
Infelizmente, não.
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para
uso off label;
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora
da bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA.
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da
ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).
- Não viola a Constituição Federal a exclusão dos aprendizes do rol de beneficiados por piso
salarial regional (Info 1035 STF)
- Se o hospital particular atender um paciente do SUS por força de decisão judicial ele deverá
ser ressarcido com base não na tabela do SUS nem com base nos valores de mercado; o
ressarcimento ocorrerá com base na tabela da ANS, aplicada por analogia A tabela da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de parâmetro para o pagamento dos serviços
de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de ordem judicial, em favor de
paciente do SUS.
Tese fixada pelo STF: “O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada em
favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial, deve utilizar
como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde por
serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021 (Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032).
- O princípio da reparação integral do dano, por si só, não justifica a imposição do ônus de
publicar o inteiro teor da sentença condenatória Não é cabível a condenação de empresa
jornalística à publicação do resultado da demanda quando o ofendido não tenha pleiteado
administrativamente o direito de resposta ou retificação de matéria divulgada, publicada ou
transmitida por veículo de comunicação social no prazo decadencial estabelecido no art. 3º da
Lei nº 13.188/2015, bem ainda, à adequação do montante indenizatório fixado.
STJ. 4ª Turma. REsp 1867286-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 24/08/2021 (Info 706).
- Não existe no Brasil a candidatura nata, ou seja, o direito de o titular do mandato eletivo ser,
obrigatoriamente, escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição (Info 1026
STF)
- STF determinou, como tutela provisória incidental na ADPF, que a União adote providências
para assegurar a vida, a saúde e a segurança de povos indígenas Cabível o deferimento de
tutela provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito fundamental para
adoção de todas as providências indispensáveis para assegurar a vida, a saúde e a segurança de
povos indígenas vítimas de ilícitos e problemas de saúde decorrentes da presença de invasores
de suas terras, em situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus
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(Covid-19). STF. Plenário. ADPF 709 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
18/6/2021 (Info 1022).
- Estado pode ser obrigado a fornecer medicamento não registrado na ANVISA, se a sua
importação estiver autorizada, ele se mostrar imprescindível ao tratamento e houver
incapacidade financeira do paciente Constatada a incapacidade financeira do paciente, o
Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não possuir registro sanitário, tem a
importação autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para tanto, devem
ser comprovadas a imprescindibilidade do tratamento e a impossibilidade de substituição por
outro similar constante das listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção
terapêutica do Sistema Único de Saúde (SUS). Tese fixada pelo STF: Cabe ao Estado fornecer, em
termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na Anvisa, tem a sua
importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a
incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a
impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de
medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS. STF. Plenário. RE
1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em
18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161) (Info 1022).
- STF determinou que a União adote todas as medidas legais necessárias para viabilizar a
realização do Censo, inclusive com a previsão dos créditos orçamentários necessários à
pesquisa (Info 1021 STF)
- É inconstitucional lei estadual que obriga que as escolas e bibliotecas públicas tenham um
exemplar da Bíblia A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e
bibliotecas públicas estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa
consagrada pela Constituição da República de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).
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- O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, voltado a famílias de todo
o País, de modo a fazer frente a situação de pobreza e vulnerabilidade; logo, não se pode fazer
restrição em relação à região ou ao Estado do beneficiário (Info 985 STF).
- É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no valor dos ingressos em casas
de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade. STF. Plenário.
ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
12/4/2018 (Info 897)
- União não pode requisitar seringas e agulhas que já foram contratadas pelo Estado-membro
para o plano estadual de imunização e que ainda estão na indústria, apesar de já terem sido
empenhados É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados
por unidade federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos
já foram empenhados. A requisição administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de
outro ente federativo. Isso para que não haja indevida interferência na autonomia de um sobre
outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021
(Info 1008 STF).
- STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro
dos grupos prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário).
- Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente
de vacinação forçada) O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação
conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que
o Poder Público pode determinar aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à
vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº 13.979/2020. O Estado pode impor aos cidadãos
que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento de
frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a imunização
à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm
autonomia para realizar campanhas locais de vacinação. A tese fixada foi a seguinte: (A) A
vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do
usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham como base
evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla
informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) respeitem a
dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente;
e (B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela
União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de
competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020.
(Info 1003)
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- É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção
filosófica
É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão
de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha
sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União,
estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos,
não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003).
O que se entende por aviso prévio para os fins do direito de reunião do art. 5º, XVI, da CF/88?
O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o direito de reunião nos seguintes termos: XVI - todos podem
reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Qual é o sentido de “prévio
aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional? O STF fixou a seguinte tese: A exigência
constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a
veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de
forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF. Plenário. RE
806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003).
- STF determina que Ministério da Saúde faça a divulgação integral de dados sobre Covid-19 A
redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa violação a
preceitos fundamentais da Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os
princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à saúde. STF.
Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
-Viola a liberdade de expressão a decisão de retirar da Netflix o especial de Natal do Porta dos
Fundos porque seu conteúdo satiriza crenças e valores do cristianismo Retirar de circulação
produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo
desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma
sociedade democrática e pluralista como a brasileira. STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 998).
- É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres para que
recebam pensão por morte (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994 STF).
- A exigência de que o leiloeiro preste caução para o exercício da profissão é compatível com
a Constituição, não havendo ofensa ao art. 5º, XIII, tendo em vista (Repercussão Geral –
Tema 457) (Info 994 STF).
- Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em ocorrências policiais Caso concreto:
o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse informações
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relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. O pedido foi negado
sob o fundamento de que, apesar de terem natureza pública, esses dados deveriam ser
divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para o trabalho jornalístico. O STJ não
concordou e afirmou que não cabe à administração pública ou ao Poder Judiciário discutir o uso
que se pretende dar à informação de natureza pública. A informação, por ser pública, deve
estar disponível ao público, independentemente de justificações ou considerações quanto aos
interesses a que se destina. Não se pode vedar o exercício de um direito – acessar a informação
pública – pelo mero receio do abuso no exercício de um outro e distinto direito – o de livre
comunicar. Em suma: veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter
dados públicos sobre óbitos relacionados a ocorrências policiais. STJ. 2ª Turma. REsp 1852629-
SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020 (Info 682).
- A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área
geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à
intimidade A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar
previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa
medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal
utilizado. Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros
de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida
desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe
risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal
diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020
(Info 678).
- É inconstitucional lei estadual que proíba a Administração Pública de contratar empresa que
tenha tido empregado condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de
atos discriminatórios - É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública
contra empresa cujo diretor, gerente ou empregado tenha sido condenado por crime ou
contravenção relacionados com a prática de atos discriminatórios. Essa lei viola os princípios da
intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e do devido processo legal. STF.
Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping).
- O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que podem ser dirigentes
sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola a garantia da liberdade sindical (STF)
- É cabível, em tese, ADO pedindo a instituição de pagamento de valor mínimo em favor dos
mais necessitados durante situação de calamidade pública decorrente de pandemia (Info 975
STF).
- A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não
significou censura nem restrição indevida à liberdade de imprensa (Info 973 STF).
- É inconstitucional lei distrital que preveja percentual de vagas nas universidades públicas
reservadas para alunos que estudaram nas escolas públicas do Distrito Federal, excluindo,
portanto, alunos de escolas públicas de outros Estados da Federação (STF).
- Se o indivíduo possui contra si uma condenação criminal transitada em julgado, ele não
poderá ser vigilante, mesmo que já tenha cumprido a pena há mais de 5 anos Viola o princípio
da presunção de inocência o impedimento de participação ou registro de curso de formação ou
reciclagem de vigilante, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação penal não
transitada em julgado. Assim, não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o
simples fato de existir um processo penal em andamento não pode ser considerada antecedente
criminal para o fim de impedir que o vigilante se matricule no curso de reciclagem. STJ. 2ª Turma.
REsp 1597088/PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2017. A existência de
condenação criminal transitada em julgado impede o exercício da atividade profissional de
vigilante por ausência de idoneidade moral. STJ. 2ª Turma. REsp 1666294-DF, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 05/09/2019 (Info 658).
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3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário,
em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei
13.411/2016), quando preenchidos três requisitos:
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de
medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior;
e
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão
necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2019 (repercussão geral)
(Info 941).
Responsabilidade pelo fornecimento do medicamento ou pela realização do tratamento de
saúde O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado,
porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto
por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente. A fim de otimizar a compensação
entre os entes federados, compete à autoridade judicial, diante dos critérios constitucionais de
descentralização e hierarquização, direcionar, caso a caso, o cumprimento conforme as regras
de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus
financeiro. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na ANVISA
deverão necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel.
orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2019 (Info 941).
- A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF, aplica-se tanto para
condenados a penas privativas de liberdade como também a penas restritivas de direitos A
suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Havendo condenação
criminal transitada em julgado, a pessoa condenada fica com seus direitos políticos suspensos
tanto no caso de pena privativa de liberdade como na hipótese de substituição por pena
restritiva de direitos. Veja o dispositivo constitucional: Art. 15. É vedada a cassação de direitos
políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada
em julgado, enquanto durarem seus efeitos; STF. Plenário. RE 601182/MG, Rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão geral) (Info
939).
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- É constitucional lei estadual que permite o sacrifício de animais em cultos de religiões de
matriz africana É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade
religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. STF.
Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 28/3/2019 (Info 935).
- Não há vedação para a fixação de piso salarial em múltiplos do salário mínimo, desde que
inexistam reajustes automáticos (STF).
- O STJ não pode determinar que as companhias aéreas ofereçam transporte gratuito para
pessoas com deficiência com base em um exercício hermenêutico da Lei nº 8.899/94 A Lei nº
8.899/94 previu que as pessoas com deficiência possuem direito à gratuidade no transporte
coletivo interestadual. Esta Lei foi regulamentada pela Portaria Interministerial nº 003/2001,
que, no entanto, afirmou que apenas as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e
aquaviário teriam o dever de oferecer essa gratuidade. Houve, assim, uma omissão quanto ao
transporte aéreo. O MP propôs ação civil pública na qual pretendia garantir a gratuidade
também no transporte aéreo. Ao julgar um recurso neste processo, o STJ afirmou que não
poderia conceder o pedido. Isso porque: O STJ não possui competência constitucional para
ampliar os modais de transporte interestadual submetidos ao regime da gratuidade prevista na
Lei nº 8.899/94 e nos atos normativos secundários que a regulamentam. STJ. 4ª Turma. REsp
1155590-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
- Colégios Militares do Exército podem cobrar mensalidade dos seus alunos (Info 921 STF).
- A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos pelo mesmo núcleo familiar aplica-se
também na hipótese em que um dos mandatos tenha sido para suceder o eleito que foi
cassado (Info 921 STF)
- É garantida a estabilidade à empregada gestante mesmo que no momento em que ela tenha
sido demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez A incidência da estabilidade
prevista no art. 10, II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) somente exige
a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. Art. 10. (...) II - fica vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa: (...) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto. O único requisito exigido é de natureza biológica. Exige-se apenas a
comprovação de que a gravidez tenha ocorrido antes da dispensa arbitrária, não sendo
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necessários quaisquer outros requisitos, como o prévio conhecimento do empregador ou da
própria gestante. Assim, é possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo que no momento
em que ela tenha sido demitida pelo empregador ele não soubesse de sua gravidez. STF.
Plenário. RE 629053/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 10/10/2018 (repercussão geral) (Info 919).
- É constitucional a lei que extinguiu a contribuição sindical obrigatória (Info 908 STF)
- Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de
blog - Uma decisão judicial determinou a retirada de matéria de “blog” jornalístico, bem como
a proibição de novas publicações, por haver considerado a notícia ofensiva à honra de delegado
da polícia federal. Essa decisão afronta o que o STF decidiu na ADPF 130/DF, que julgou não
recepcionada a Lei de Imprensa. A ADPF 130/DF pode ser utilizada como parâmetro para
ajuizamento de reclamação que verse sobre conflito entre a liberdade de expressão e de
informação e a tutela das garantias individuais relativas aos direitos de personalidade. A
determinação de retirada de matéria jornalística afronta a liberdade de expressão e de
informação, além de constituir censura prévia. Essas liberdades ostentam preferência em
relação ao direito à intimidade, ainda que a matéria tenha sido redigida em tom crítico. O
Supremo assumiu, mediante reclamação, papel relevante em favor da liberdade de expressão,
para derrotar uma cultura censória e autoritária que começava a se projetar no Judiciário. STF.
1ª Turma. Rcl 28747/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ ac. Min. Luiz Fux, julgado em
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5/6/2018 (Info 905). Sobre o mesmo tema: STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
- Dados obtidos com a quebra de sigilo bancário não podem ser divulgados abertamente em
site oficial Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem
ser mantidos sob reserva. Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os
dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito
(CPI). STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
- Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de
site O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de
expressão, em razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por
via judicial. No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações
jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação
de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão desfruta de uma posição preferencial no
Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o exercício esclarecido dos demais
direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer
hipótese, o que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade
de expressão com os direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito
de resposta ou pela reparação civil. Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire
do site de uma revista determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF,
cabendo reclamação. STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
6/3/2018 (Info 893).
- A pequena propriedade rural é impenhorável (art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC)
mesmo que a dívida executada não seja oriunda da atividade produtiva do imóvel. De igual
modo, a pequena propriedade rural é impenhorável mesmo que o imóvel não sirva de moradia
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
ao executado e à sua família. Desse modo, para que o imóvel rural seja impenhorável, nos
termos do art. 5º, XXVI, da CF/88 e do art. 833, VIII, do CPC, é necessário que cumpra apenas
dois requisitos cumulativos: 1) seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos
definidos pela lei; e 2) seja trabalhado pela família. STJ. 3ª Turma. REsp 1591298-RJ, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/11/2017 (Info 616).
- O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional A CF/88
prevê que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.” (art. 210, § 1º). Diante disso, nas escolas
públicas são oferecidas aulas de ensino religioso, normalmente vinculadas a uma religião
específica. É o chamado ensino religioso confessional. O PGR ajuizou ADI pedindo que fosse
conferida interpretação conforme a Constituição ao art. 33, §§ 1º e 2º da LDB e ao art. 11, § 1º
do acordo Brasil-Santa Sé. Na ação, o PGR afirmava que não é permitido que se ofereça ensino
religioso confessional (vinculado a uma religião específica). Para o autor, o ensino religioso deve
ser voltado para a história e a doutrina das várias religiões, ensinadas sob uma perspectiva laica
e deve ser ministrado por professores regulares da rede pública de ensino, e não por pessoas
vinculadas às igrejas. O STF julgou improcedente a ADI e decidiu que o ensino religioso nas
escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional, ou seja, pode sim ser vinculado a
religiões específicas. A partir da conjugação do binômio Laicidade do Estado (art. 19, I) e
Liberdade religiosa (art. 5º, VI), o Estado deverá assegurar o cumprimento do art. 210, § 1º da
CF/88, autorizando na rede pública, em igualdade de condições o oferecimento de ensino
confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais previamente fixados pelo
Ministério da Educação. Assim, deve ser permitido aos alunos, que expressa e voluntariamente
se matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com os
princípios de sua confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a
partir de chamamento público e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público.
Dessa forma, o STF entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião
específica, que ensine os dogmas ou valores daquela religião. Não há qualquer problema nisso,
desde que se garanta oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário.ADI 4439/DF,
rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017
(Info 879).
- Publicação no jornal dos nomes dos clientes que tinham contas de poupança no banco, em
determinado período, representa quebra do sigilo bancário A divulgação de elementos
cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil pública que determinou o
pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos configura quebra de
sigilo bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1285437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
23/5/2017 (Info 605).
- Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem
mandado judicial ou consentimento do morador O ingresso regular da polícia no domicílio, sem
autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja
fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A
mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar
abordagem policial, em via pública, para averiguação,. STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, não
configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu
consentimento e sem determinação judicial Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em
20/4/2017 (Info 606)
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
- Pesquisador tem direito de acesso aos áudios das sessões secretas de julgamento ocorridas
no STM durante a época do regime militar O STF deferiu mandado de segurança impetrado por
pesquisador que queria ter acesso aos áudios das sessões de julgamento do STM ocorridas na
década de 1970, época do regime militar. Entendeu-se que a coleta de dados históricos a partir
de documentos públicos e registros fonográficos, mesmo que para fins particulares, constitui-se
em motivação legítima a garantir o acesso a tais informações. Ocorre que, mesmo com essa
decisão judicial, o STM somente autorizou que o pesquisador tivesse acesso aos áudios das
sessões públicas realizadas (na qual havia leitura do relatório e sustentação oral dos advogados).
O Tribunal se negou, contudo, a fornecer os áudios das sessões secretas, nas quais os votos dos
magistrados eram colhidos. O impetrante ingressou, então, com reclamação, julgada
procedente pelo STF. Ao autorizar a consulta apenas dos registros relacionados com a parte
pública das sessões, o STM violou a decisão do Supremo, que deu acesso amplo aos áudios das
sessões. Além disso, a recusa do STM está em descompasso com a ordem constitucional vigente,
que garante o acesso à informação como direito fundamental. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857).
- Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento Não há perda do objeto em mandado de
segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à sobrevivência de
menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa
qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. Como se trata de direito
fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde e a vida, não há que se falar
que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da demanda ter demorado. A
necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase
de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal,
em virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a
conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 26647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, , julgado em 2/2/2017 (Info 601).
- Análise do caso "Jonas Abib" Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da
Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritismo e a religiões de matriz africana, como a
umbanda e o candomblé. O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela
prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei do racismo). No caso concreto, o STF entendeu
que não houve o crime. A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da
liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de não apenas escolher qual religião irá
seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso. Proselitismo religioso significa
empreender esforços para convencer outras pessoas a também se converterem à sua religião.
Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as
religiões (dizendo que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo. Só
haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão,
restrição de direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais
grupos. Por outro lado, se essa religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar
os "inferiores" para que estes alcancem um nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual
e, neste caso não haverá conduta criminosa. Na situação concreta, o STF entendeu que o réu
apenas fez comparações entre as religiões, procurando demonstrar que a sua deveria prevalecer
e que não houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo. Pregar um discurso de que as
religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não configura, por si, o elemento típico
do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado
demonstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade do diferente, elemento que
confere sentido à discriminação que atua como verbo núcleo do tipo. STF. 1ª Turma. RHC
134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
- A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. STF. 2ª
Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em
6/3/2018 (Info 893). Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 29/11/2016 (Info 849).
- Poder Judiciário pode obrigar Município a fornecer vaga em creche O Poder Judiciário pode
obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de idade. A educação
infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional indisponível garantida
às crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado (art. 208, IV, da CF/88). Os
Municípios, que têm o dever de atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação
infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem se recusar a cumprir este mandato constitucional,
juridicamente vinculante, que lhes foi conferido pela Constituição Federal. STF. Decisão
monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 12/05/2016 (Info 827).
- É possível que o Fisco requisite das instituições financeiras informações bancárias sobre os
contribuintes sem intervenção do Poder Judiciário As autoridades e os agentes fiscais
tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem requisitar
diretamente das instituições financeiras informações sobre as movimentações bancárias dos
contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC 105/2001, que foi
considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza como
"quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco.
Vale ressaltar que os Estados-Membros e os Municípios somente podem obter as informações
previstas no art. 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria de forma análoga ao
Decreto Federal nº 3.724/2001, observados os seguintes parâmetros: a) pertinência temática
entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de cobrança no procedimento
administrativo instaurado; b) prévia notificação do contribuinte quanto à instauração do
processo e a todos os demais atos, garantido o mais amplo acesso do contribuinte aos autos,
permitindo-lhe tirar cópias, não apenas de documentos, mas também de decisões; c) sujeição
do pedido de acesso a um superior hierárquico; d) existência de sistemas eletrônicos de
segurança que fossem certificados e com o registro de acesso; e, finalmente, e)
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estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios. A Receita
Federal, atualmente, já pode requisitar tais informações bancárias porque possui esse
regulamento. Trata-se justamente do Decreto 3.724/2001 acima mencionada, que regulamenta
o art. 6º da LC 105/2001. O art. 5º da LC 105/2001, que permite obrigar as instituições
financeiras a informarem periodicamente à Receita Federal as operações financeiras realizadas
acima de determinado valor, também é considerado constitucional. STF. Plenário. ADI 2390/DF,
ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24/2/2016 (Info
815). STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão
geral) (Info 815).
- Parâmetros para a validade da entrada forçada em domicílio sem mandado judicial A entrada
forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil
e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE
603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806).
- Extradição supletiva
A pessoa que foi extraditada somente pode ser julgada ou cumprir pena no Brasil pelo(s) crime(s)
contido(s) no pedido de extradição. Se o extraditando havia cometido outros crimes antes do
pedido de extradição, em regra, ele não poderá responder por tais delitos se não constaram
expressamente no pedido de extradição. A isso se dá o nome de "princípio da especialidade".
Ex: o Brasil pediu a extradição mencionando o crime 1; logo, em regra, o réu somente poderá
responder por este delito; como o crime 2 tinha sido praticado antes do pedido de extradição,
o governo brasileiro deveria ter mencionado expressamente não apenas o crime 1, como
também o 2. Para que o réu responda pelo crime 2, o governo brasileiro deverá formular ao
Estado estrangeiro um pedido de extensão da autorização da extradição. Isso é chamado de
"extradição supletiva". Assim, caso seja oferecida denúncia pelo Ministério Público por fato
anterior e não contido na solicitação de extradição da pessoa entregue, deve a ação penal
correspondente ser suspensa até que seja julgado pedido de extradição supletiva. STJ. 5ª Turma.
RHC 45569-MT, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 4/8/2015 (Info 566).
- Possibilidade de se obter dados do contribuinte que constem nos sistemas dos órgãos
fazendários O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados
concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas
informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes
estatais. No caso concreto, o STF reconheceu que o contribuinte pode ajuizar habeas data para
ter acesso às informações relacionadas consigo e que estejam presentes no sistema SINCOR da
Receita Federal. O SINCOR (Sistema de Conta Corrente de Pessoa Jurídica) é um banco de dados
da Receita Federal no qual ela armazena as informações sobre os débitos e créditos dos
contribuintes pessoas jurídicas. A decisão foi tomada com base no SINCOR, mas seu raciocínio
poderá ser aplicado para outros bancos de dados mantidos pelos órgãos fazendários. STF.
Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info
790).
- Biografias: não é necessária autorização prévia do biografado Para que seja publicada uma
biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas
retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não
sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do
STF foram as seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de
pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou
ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus
direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não
apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário.
ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).
- Súmula vinculante 40-STF: A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da
Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Aprovada pelo Plenário
do STF em 11/03/2015. Válida.
- Jornal tem direito de obter informações sobre o uso da verba indenizatória por senadores
Determinado jornal requereu ao Senado Federal cópia dos documentos que demonstrassem
como os Senadores utilizaram a verba indenizatória dos seus gabinetes. A Presidência do Senado
negou ao jornal o acesso aos dados sob o fundamento de que os documentos solicitados seriam
sigilosos e que haveria uma invasão à privacidade dos Parlamentares. O STF determinou que o
Senado fornecesse cópia dos documentos solicitados. A verba indenizatória destina-se a custear
despesas direta e exclusivamente relacionadas ao exercício da função parlamentar. Desse modo,
tais valores possuem natureza pública, tanto pelo fato de estarem sendo pagas por um órgão
público (Senado Federal) quanto pela finalidade a que se destinam, estando vinculadas ao
exercício da representação popular (mandato).Sendo a verba pública, a regra geral é a de que
as informações sobre o seu uso são públicas. A Corte entendeu que o fornecimento de tais
informações não acarreta qualquer risco à segurança nem viola a privacidade ou intimidade dos
Parlamentares. STF. Plenário. MS 28178/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/3/2015
(Info 776).
- Jornal tem direito de obter informações detalhadas dos gastos com cartão corporativo do
governo Determinado jornal solicitou que o governo federal fornecesse a relação dos gastos
efetuados com o cartão corporativo pela chefe da representação da Presidência da República
em SP. O Governo concedeu ao jornal a relação dos gastos efetuados no período, ou seja, os
valores despendidos. No entanto, negou-se a fornecer informações detalhadas como os tipos
de gastos, as datas, valores individuais de cada transação, CNPJ/razão social das empresas
contratadas etc. O STJ entendeu que essa recusa ao fornecimento do extrato completo
(incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores) constitui ilegal
violação ao direito de acesso à informação de interesse coletivo (Lei 12.527/2011), já que não
havia qualquer evidência de que a publicidade desses elementos atentaria contra a segurança
do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias. STJ. 1ª Seção. MS 20895-DF,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 12/11/2014 (Info 552).
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
pacientes, o que autoriza a ingerência do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. RE 429903/RJ, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/6/2014 (Info 752).
- Jornal tem direito de ter acesso à relação das pessoas que receberam passaportes
diplomáticos O Ministério das Relações Exteriores não pode sonegar o nome de quem recebe
passaporte diplomático emitido na forma do § 3º do art. 6º do Anexo do Decreto 5.978/2006. O
nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido por interesse público não pode ficar
escondido do público. Assim, se um jornal requer essa informação, o Ministro é obrigado a
fornecer. STJ. 1ª Seção. MS 16179-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 9/4/2014 (Info 543).
- É constitucional a lei que veda que ocupantes da carreira policial exerçam advocacia (Info
735 STF).
- Ministro da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização Segundo o art. 12,
§ 4º, I, da CF/88, após ter sido deferida a naturalização, seu desfazimento só pode ocorrer
mediante processo judicial, mesmo que o ato de concessão da naturalização tenha sido
embasado em premissas falsas (erro de fato). O STF entendeu que os §§ 2º e 3º do art. 112 da
Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) não foram recepcionados pela CF/88. Assim, o Ministro
de Estado da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização. STF. Plenário. RMS
27840/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 7/2/2013
(Info 694).
- É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas. STF.
Plenário. RE 597285/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/5/2012 (repercussão
geral) (Info 665).
- Não cabe habeas data se não houve recusa de informações por parte da autoridade
administrativa Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa. • Aprovada em 08/05/1990, DJ
18/05/1990. • Válida. • Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor
a ação. Falta interesse de agir (interesse processual). Lei nº 9.507/97 (regulamenta o habeas
data): Art. 8º (...) Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova: I - da recusa
ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - da recusa em fazer-
se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-
se a anotação a que se refere o § 2º do art. 4º ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
Caiu na prova do MP/BA (2015 - )A Teoria do Impacto Desproporcional também foi objeto de questionamento no
concurso para procurador da república (2011).
1. NOÇÕES GERAIS: Dizem que “de boas intenções o inferno está cheio“. Imagine-se o leitor, por um instante, na
condição de legislador. Repleto de boas intenções, você apresenta uma proposição legislativa com uma redação
impecável. No entanto, você saberia dizer, de antemão, o impacto que essa lei geraria na sociedade? Que
consequências práticas a norma geraria? Mesmo tomado pelos mais nobres sentimentos, o diploma legal poderia
gerar efeitos colaterais jamais previstos pelo seu criador.
Nem sempre o legislador tem a dimensão exata do impacto da sua obra legislativa. No mundo hipotético, um
projeto de lei pode ser considerado dos mais humanitários, porém, quando colocado em prática, algumas
distorções (injustiças) podem nascer. É possível que a redação de uma lei não vulnere a isonomia, mas a
sua aplicação, no caso concreto, resvale em discriminações. Trata-se de uma discriminação indireta, não por obra
do texto legal, mas pelos efeitos práticos provenientes da aplicação da norma. É como se um acidente
isonômico sobreviesse à aplicação da lei, cuja incidência acaba por ofender minorias ou grupos vulneráveis.
Parte-se da premissa de boa-fé do legislador, que supostamente agiu de maneira não deliberada. Se o fez
intencionalmente, conseguiu mascarar muito bem suas intenções, pois o texto por ele produzido foi neutro.
Somente na prática o dano pode ser percebido. Surge, nesse contexto a denominada Teoria do Impacto
Desproporcional (disparate impact doctrine), por força da qual o exame de constitucionalidade de uma lei, no que
tange à isonomia, não deve cingir-se ao seu teor (à mera redação), devendo-se aferir ainda se a sua incidência no
suporte fático não resvala em discriminações. Ou seja, a compatibilidade de uma lei com o princípio da igualdade
pode ser aquilatada em abstrato (discriminações diretas), mas também quanto aos seus efeitos práticos
(discriminações indiretas). Por exemplo, na petição inicial da ADIn 4424/DF, a Procuradoria Geral da República
afirmou que condicionar à representação a punição do crime de lesão corporal, no ambiente doméstico, é
exigência legal que gera “efeitos desproporcionalmente nocivos para as mulheres“.
2. ORIGEM: O leading case foi o caso Griggs v. Duke Power Co. (1971), julgado pela Suprema Corte Norte
Americana: para promover seus funcionários, uma empresa aplicava testes de conhecimentos gerais. A medida,
aparentemente neutra e meritocrática, acabava por beneficiar os trabalhadores que estudaram nas melhores
77
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escolas, prejudicando aqueles não brindados com a mesma oportunidade. Ocorre que os funcionários negros
eram justamente os que haviam estudado nas escolas de pior qualidade, ou seja, o impacto da medida foi a
promoção apenas de funcionários brancos. Isto levou a Suprema Corte a vedar a aplicação do teste. (VITORELLI,
Edilson. Estatuto da Igualdade Racial e Comunidades Quilombolas, 2ª Edição, p. 83).
Percebam que, no casso narrado, a discriminação não adveio de uma lei, mas sim de uma prática
empresarial. Apesar disso, à luz da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, a discriminação indireta pode (e
deve) ser invalidada pelo Judiciário. É o que veremos no conceito a seguir.
3. CONCEITO: como esclarece JOAQUIM BARBOSA, “Toda e qualquer prática empresarial, política governamental
ou semigovernamental, de cunho legislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória
no momento de sua concepção, deve ser condenada por violação do princípio constitucional da igualdade
material se, em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência especialmente
desproporcional sobre certas categorias de pessoas“. (Ação afirmativa e princípio constitucional da igualdade – O
Direito como instrumento de transformação social. A experiência dos EUA. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 24).
4. APLICAÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal empregou o raciocínio da Teoria do Impacto
Desproporcional no julgamento da ADIn 1946-5/DF, que tratou do salário-maternidade. Isso porque, a depender
das circunstâncias, a inserção da mulher no mercado de trabalho poderá ser turbada pelos encargos trabalhistas.
Como se vê, a pretexto de proteger a mulher, no caso concreto, a lei pode acabar voltando-se contra ela. É isto
que chamamos de discriminação indireta. Ao fim e ao cabo, na ADPF 291, o STF foi chamado a esclarecer se o
crime militar de pederastia (art. 235, CPM) recebeu as boas vindas da Constituição de 1988. O delito em apreço
veda que militares pratiquem atos libidinosos, homossexuais ou não, em lugares sujeitos à Administração Militar.
O STF acabou entendendo que o delito foi recepcionado, mas que as expressões alusivas à homossexualidade não
o foram. De maneira muito interessante, a teoria do impacto desproporcional foi utilizada no voto do Eminente
Ministro Luís Roberto Barroso como um argumento contrário à recepção do crime de pederastia: “Torna-se,
assim, evidente que o dispositivo, embora em tese aplicável indistintamente a atos libidinosos homo ou
heterossexuais, é, na prática, empregado de forma discriminatória, produzindo maior impacto sobre militares
gays. Esta é, portanto, uma típica hipótese de discriminação indireta, relacionada à teoria do impacto
desproporcional (disparate impact), originária da jurisprudência norte-americana. Tal teoria reconhece que
normas pretensamente neutras podem gerar efeitos práticos sistematicamente prejudiciais a um determinado
grupo, sendo manifestamente incompatíveis com o princípio da igualdade”
Como discorrer numa prova discursiva:
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A ideia de “derrotabilidade” (ou superabilidade), segundo Ávila, como o próprio nome já sugere, consiste na
superação da regra pelas exceções.
Em provas discursivas: O que é derrotabilidade das normas jurídicas? (Dirley cunha) site Brasil Juridico
Queridos amigos, ultimamente vem-se falando muito da teoria da derrotabilidade das normas jurídicas.
Deve-se ao autor inglês Herbert Hart o conceito de “derrotabilidade” (defeasibility), sustentado no famoso artigo
“The Ascription of Responsability and Rights”, que publicou em 1948.
A derrotabilidade da norma jurídica significa a possibilidade, no caso concreto, de uma norma ser afastada ou ter
sua aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente, ainda que a norma tenha preenchido
seus requisitos necessários e suficientes para que seja válida e aplicável.
Em razão dessa teoria, toda norma, seja ela qualificada como regra ou princípio, está sujeita a exceções que não
são previstas de forma exaustiva, podendo, em face da incidência da exceção, ser superada ou derrotada de
acordo com o caso concreto e a argumentação desenvolvida (neste sentido, Fernando Andreoni Vasconcellos).
Hart percebeu que em razão da impossibilidade de as normas preverem as diversas situações fáticas, ainda que
presentes seus requisitos, elas contém, de forma implícita, uma cláusula de exceção (tipo: a menos que), de modo
a ensejar, diante do caso concreto, a derrota/superação da norma.
Porém, embora possa uma norma jurídica ser derrotada/afastada diante do caso concreto, ela continua sendo
aplicada a casos normais, pois, como advertiu Hart, uma norma que é excepcionada diante de um “hard case”, é
ainda uma norma.
Cite-se, como exemplo de derrotabilidade, o reconhecimento pelo STF da possibilidade de interrupção da gravidez
em razão da anencefalia, pois, com a decisão, o Supremo superou/derrotou uma norma jurídica de Direito Penal
proibitiva do aborto (salvo nos casos de gravidez decorrente de estupro ou para salvar a vida da gestante).
Entretanto, o crime de aborto continua a existir e incidir normalmente nos casos tipificados no CP.
De ver-se, a rigor, que não é a norma que é derrotada ou excepcionada, embora a teoria difundida seja a
derrotabilidade da norma; o que é derrotado ou superado é o enunciado normativo. Por isso, é mais tecnicamente
correto afirmar que a derrotabilidade incide sobre os textos normativos e não sobre as normas jurídicas,
exatamente porque o texto normativo não contém imediatamente e integralmente a norma, não se confundindo
com ela. A norma é o resultado da interpretação do texto, diante do caso concreto. Enfim, apesar da singularidade
da expressão “derrotabilidade”, na prática o fenômeno é cotidiano e diariamente verificável nas interpretações
jurídicas empregadas nas controvérsias processuais.
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OU INDIRETA OU INTEGRADORA
Quando os direitos fundamentais surgiram Bem recente. Consiste Com o desenvolvimento dos
eles tinham apenas a eficácia vertical, pois na aplicação dos direitos direitos fundamentais, percebeu-
o indivíduo está subordinado ao Estado e fundamentais à relação se que a opressão e a violência
por esses direitos protegerem os indivíduos entre particulares, nas conta o indivíduo vem também
contra os arbítrios do Estado, fala-se dessa quais existe um de entidades privadas. Consiste
eficácia vertical. Consiste na aplicação dos desequilíbrio fático, a na aplicação dos direitos
direitos fundamentais às relações entre exemplo da relação fundamentais às relações entre
particulares e o Estado. É a eficácia clássica. trabalhista. particulares.
Eficácia Vertical Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação Estado x Particular
entre o Estado e os particulares.
Eficácia Horizontal Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação Particular x Particular
entre os particulares.
Eficácia Diagonal Refere-se à aplicação dos direitos fundamentais na relação Particular x Particular
entre os particulares, sendo que, tais particulares estão vulnerável
em nível de desigualdade, havendo uma parte mais
vulnerável.
Eficácia Vertical com Eficácia em relação aos particulares decorrente da
Repercussão Lateral incidência do direito fundamental à tutela jurisdicional. O
direito fundamental será efetivado mediante a atuação
judicial (o juiz tutela um direito não protegido pelo
legislador).
https://focanoresumo.files.wordpress.com/2015/07/foca-
no-resumo-direitos-humanos1.pdf
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A conclusão a que se chegou é a de que a vida não se inicia com a fecundação do óvulo (a
partir da concepção), mas em determinada fase de desenvolvimento do embrião humano,
após a formação da placa neural.
Aborto
A interrupção prematura da gravidez, espontânea ou provocada, é conduta considerada
criminosa na legislação infraconstitucional, já que o Código Penal tipifica como infração a
provocação de aborto em si mesma ou a autorização para que outrem provoque, bem como
o ato de provocar o aborto com ou sem o consentimento da gestante.
Apenas em duas hipóteses o aborto não foi tipificado na nossa legislação como crime: (1)
quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, caso em que teremos o aborto
necessário (também chamado de terapêutico); (2) ou quando a gravidez resultar de estupro e
o aborto for precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
representante legal (caso em que teremos o aborto sentimental). Além dessas duas hipóteses
legais, o STF, no julgamento da ADPF nº 54, identificou uma terceira ao declarar a
inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto
anencefálico seria conduta tipificada no Código Penal.
Eutanásia e ortotanásia
A eutanásia é definida como a ação médica intencional que abrevia a vida de um paciente
terminal que vivencia extremo sofrimento e se encontra em situação incurável —já que pelos
padrões médicos em vigor não será capaz de se recuperar e sobreviver.
Para ilustrar, pensemos na injeção letal que induz a morte de um enfermo terminal.
A ortotanásia, por seu turno, ocasiona a morte em razão da interrupção dos tratamentos
médicos que, apesar de manterem o sujeito vivo, não ofertam a ele nenhuma chance de
recuperação. Essa hipótese, em que a vida se encerra em seu momento natural, sem que
haja dolorosos (e muitas vezes invasivos) prolongamentos artificias, pode ser exemplificada
pelo desligamento dos aparelhos de respiração artificial de um paciente com insuficiência
grave ou falência cardiorrespiratória. O direito brasileiro não empresta consequências
distintas para as duas espécies narradas: em ambos os casos tem-se, de acordo com a
legislação vigente, crime de homicídio.
Direito à Privacidade
Introdução A privacidade representa a plena autonomia do indivíduo em reger sua vida do modo
que entender mais correto, mantendo em seu exclusivo controle as informações
atinentes à sua vida doméstica (familiar e afetiva), aos seus hábitos, escolhas, segredos,
etc., sem se submeter ao crivo (e à curiosidade) da opinião alheia.
Direito à Núcleo mais restrito do direito à privacidade, a intimidade compreende as relações e opções
Intimidade mais íntimas e pessoais do indivíduo, compondo uma gama de escolhas que se pode
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manter ocultas de todas as outras pessoas, até das mais próximas. Representa, pois, o
direito de possuir uma vida secreta e inacessível a terceiros, evitando ingerências de
qualquer tipo.
Direito à Vida A vida privada é mais abrangente e contém a intimidade, pois abarca as relações pessoais,
Privada familiares, negociais ou afetivas, do indivíduo, incluindo seus momentos de lazer, seus
hábitos e seus dados pessoais, como os bancários e os fiscais. Nota-se que a tutela à vida
privada não busca proteger segredos ou particularidades confidenciais de ninguém, tarefa
que fica a cargo da tutela da intimidade.
Direito ao Trata-se o denominado direito ao esquecimento do direito de não permitir que um fato,
Esquecimento mesmo que verídico, ocorrido em determinado momento da vida de uma pessoa, seja
relembrado e exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento. Está amparado na
Constituição Federal, apresentando-se como uma consequência do direito à vida privada
(privacidade), intimidade e honra, consagrados pela CF/88 (art. 5º, X), bem como também
é amparado pelo CC/02 (art. 21). Outrossim, encontra fundamento também na dignidade
da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Direito à Honra A honra é um bem imaterial conectado ao valor moral do indivíduo, e envolve tanto um
aspecto subjetivo (honra subjetiva), relacionado a afeição e o apreço que se tem por si
mesmo, quanto o aspecto objetivo(honra objetiva), referente ao conceito social que a
pessoa desfruta diante da opinião pública.
Direito à Imagem A imagem física protegida pelo inciso inclui qualquer representação gráfica do aspecto
visual da pessoa ou dos traços característicos da sua fisionomia. Os meios de comunicação
não podem usurpar a imagem do indivíduo, utilizando-a sem o seu consentimento, ainda
que para louvar ou enaltecer a pessoa. Para evitar ingerências alheias nos aspectos pessoais
da vida do indivíduo e resguardar sua privacidade, a Constituição resguarda em sigilo seus
dados (bancários, fiscais, telefônicos e informáticos), seu domicílio e suas comunicações.
Sigilos Pessoais
Sigilo do Domicílio A previsão da inviolabilidade domiciliar é a consagração constitucional do "recesso do
lar'; local no qual a vida privada doméstica será exercida com plena liberdade, inacessível
às intromissões alheias.
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Sigilo de Proteger as correspondências é preservar a privacidade e a liberdade de expressão, afinal,
Correspondência a confidência de algo privado, íntimo, sigiloso a um terceiro, não pode ser objeto de
interferência da parte de nenhum particular, muito menos do Estado.
Sigilo de Dados Os dados que podem revelar aspectos da privacidade de um indivíduo e ficam
resguardados sob sigilo são os chamados dados sensíveis, referentes às informações
telefônicas, bancárias e fiscais da pessoa, bem como à sua orientação sexual, crença
religiosa, e o valor de sua remuneração.
Qualquer intervenção estatal direcionada a romper o sigilo desses dados deverá ser
devidamente fundamentada e somente poderá ser determinada pela autoridade
competente, conforme veremos nos itens a seguir.
Dados bancários
É certo que as movimentações e posições financeiras do indivíduo integram sua privacidade,
sendo dever das instituições bancárias manter o sigilo sobre esses dados. Sobre o tema, é
pacífico na jurisprudência do STF que:
(1) eventuais violações do sigilo bancário somente podem ser determinadas: (a) pela
autoridade judicial competente e (b) pelas comissões parlamentares de inquérito (federais
ou estaduais);
(2) desde fevereiro de 2016 o STF entende que são constitucionais os dispositivos da Lei
Complementar 105/2001 que permitem à Receita Federal receber dados bancários de
contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Não
se trata de "quebra de sigilo bancário", mas sim de "transferência de informações sigilosas"
no âmbito da Administração Pública.
Dados fiscais
Podem ser definidos como as informações obtidas pelos agentes da Fazenda Pública, no
exercício do ofício, referentes à posição econômica, financeira ou dos negócios e atividades
do contribuinte e terceiros. Segundo o STF:
(1) o sigilo fiscal só pode ser excepcionado extraordinariamente, em situações que
demonstrem claramente a necessidade dessa violenta ruptura à privacidade;
(2) somente a autoridade judicial ou as CPIs podem determinar a medida;
(3) não há qualquer precedente no STF autorizando que membros do MP possam
determinar a violação do sigilo fiscal.
Dados telefônicos
Referem-se aos registros numéricos dos telefones para os quais a pessoa fez ligações ou dos
quais as recebeu, abrangendo também a data, o horário e a duração da chamada. Segundo
o STF, autoridades judiciais e as CPIs, desde que demonstrem de modo inequívoco a
necessidade dessa excepcional ruptura à privacidade da pessoa, é que podem determinar
legitimamente violações ao sigilo dos dados telefônicos.
Sigilo das A Constituição protege, no inciso XII do art. 5º, a inviolabilidade do sigilo "da
Comunicações correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal".
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Sigilo das comunicações telefônicas: A interceptação telefônica é "a captação e
gravação de conversa telefônica, no mesmo momento em que ela se realiza, por terceira
pessoa sem o conhecimento de qualquer dos interlocutores". Sua decretação legítima
depende da presença de três requisitos: (1) ordem judicial; (2) finalidade específica:
investigação criminal ou instrução processual penal; (3) previsão em lei.
Não se pode confundir a interceptação telefônica com a escuta telefônica: esta última
representa o ato de captação ou gravação da conversa por uma terceira pessoa, mas
com o conhecimento e o consentimento de um dos interlocutores. Por seu turno, a
gravação clandestina é aquela realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento/consentimento do outro, podendo ser ambiental (gravação ambiental)
ou atingir a comunicação telefônica (gravação telefônica). Diz a doutrina: "é a captação
de conversa pessoal, ambiental ou telefônica, que ocorre no exato momento da
realização do diálogo". O fato de a gravação ser clandestina não significa que será ilícita.
Direito à igualdade
Noções Iniciais Princípio geral de todo o ordenamento e pedra angular do regime democrático, a
igualdade recebeu da Constituição especial e robusta proteção. De todas as menções, a
mais central é aquela constante do caput do art. 5º que, ao enunciar que "todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", contemplou uma perspectiva
formal, consagradora de um tratamento igualitário perante a lei.
Essa ótica de aplicação do princípio assegura que a lei, genérica e abstrata, incida de
modo neutro nas ocorrências fáticas, vale dizer, seja igual para todos e não tolere
espaços para privilégios ou distinções.
Aos poucos, porém, essa concepção puramente formalista demonstrou sua insuficiência
em equacionar verdadeiramente a igualdade entre os indivíduos. Iniciou-se, então, um
processo de questionamento dessa leitura oitocentista do princípio da isonomia, criando
o cenário adequado para o robustecimento da perspectiva material (substancial),que
considerasse as desigualdades reais existentes na vida fática, permitindo que situações
desiguais fossem destinatárias de soluções distintas.
O intuito dessa nova e abrangente leitura do princípio é inequívoco: evitar que certos
grupos de pessoas sejam deixadas em estado de indignidade e completo desalento.
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Igualdade entre Essa perspectiva da igualdade já estava contemplada na cláusula geral do caput do art. 5º,
Homens e ao assegurar que "todos são iguais perante a lei", assim como nas normas que vedam
Mulheres discriminações motivadas por questões de gênero. Nada obstante, o Poder originário optou
por enunciar no inciso I do art. 5º, de modo específico e destacado, que "homens e mulheres
são iguais em direitos e obrigações". Nota-se que, em respeito à diretriz constitucional, não
será válido estabelecer distinções entre homens e mulheres, salvo quando voltadas à
equiparação de condições entre eles — já que será a partir dessas diferenciações lícitas que
se efetivará verdadeiramente o princípio da isonomia.
Igualdade e 0 direito à sexualidade abrange o de ostentar um nome que esteja em consonância com a
Identidade de sua identidade sexual. Em razão disso, o STF, em decisão unânime e histórica (março de
Gênero 2018, na ADI 4275), reconheceu aos transgêneros, que assim o desejarem,
independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos
hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no
registro civil.
Aplicação do Exemplos corriqueiros de relativização do princípio isonômico podem ser extraídos das
princípio da discussões que envolvem os critérios diferenciados impostos para admissão em
isonomia nos concursos públicos.
critérios de
admissão em Nada obstante nosso documento constitucional ter vedado explicitamente a imposição
concurso público de distinções formatadas por motivo de sexo, idade, corou estado civil, o poder
constituído reformador, por intermédio da EC nº 19/1998, possibilitou ao legislador
infraconstitucional estabelecer em lei requisitos diferenciados de admissão em
concursos públicos quando a natureza do cargo o exigir (art. 39, § 3º, CF/88).
Direito à Liberdade
Liberdade de Ação Expressão da autonomia da vontade, a liberdade de agir é garantida no inciso II do art.
5º, CF/88, quando este determina que ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer
algo senão em virtude de lei.
Essa faceta da liberdade materializa-se como uma garantia constitucional, que assegura
ao particular a prerrogativa de rechaçar qualquer injunção que lhe seja imposta por via
diversa da legal.
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Em nosso texto constitucional o art. 5º, IV explicita essa faculdade, assegurando-a tanto
no aspecto positivo —proteção da exteriorização da opinião—, quanto no aspecto
negativo— de vedação à censura prévia.
Por seu turno, a liberdade de culto é a permissão para a exteriorização da crença, já que a
autonomia de um indivíduo em definir sua religião não se esgota na mera escolha,
demandando uma prática religiosa que se expressa por intermédio dos cultos, dos ritos, das
cerimônias, das reuniões e da fidelidade aos hábitos e tradições.
Inciso VIII: nos termos deste dispositivo, temos que "ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei". Eis a previsão do direito à "escusa de consciência". É esse o direito
constitucional que permite que um indivíduo não cumpra determinada obrigação legal (ou
que não pratique certo ato)não condizente com suas convicções religiosas, políticas ou
filosóficas, sem que com isso incida sobre ele qualquer represália quanto às suas garantias
constitucionais —desde que, ao se recusar a satisfazer a obrigação legal, o sujeito cumpra a
prestação alternativa prescrita em lei. Há que se notar, todavia, que se o Estado houver
fixado em lei uma prestação alternativa, consistente em um serviço administrativo que não
abala crenças ou convicções, o sujeito deverá cumpri-la, sob pena de seus direitos políticos
serem suspensos (art. 15, IV, CF/88).
Inciso VII: em finalização ao estudo dos incisos atinentes à liberdade religiosa, destaca-se
que a prestação de assistência religiosa a pessoas internadas em entidades civis e militares
é assegurada pelo art. 5º, VII, CF/88.
(3) Curandeirismo A invocação da liberdade religiosa não pode servir de abrigo para a
prática de ilícitos penais, razão pela qual a 2ª Turma do STF decidiu que a prática do
"curandeirismo" não está abrangida pela norma constitucional de proteção a crença.
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Liberdade de Nosso texto constitucional garante a liberdade no exercício de qualquer trabalho, ofício ou
Profissão profissão (a regra é a liberdade profissional); condiciona, no entanto, essa liberdade ao
atendimento das qualificações profissionais que eventualmente uma lei federal (art. 22,
XVI) estabelecer. Estamos diante, pois, de uma norma constitucional de eficácia contida,
possuidora de aplicabilidade direta e imediata, mas passível de restrição por disposição da
própria Constituição ou de legislação infraconstitucional.
Liberdade de Em tempos de paz, é livre a locomoção em território nacional, podendo qualquer pessoa
Locomoção (nacional ou estrangeira), nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
seus bens.
Vê-se que a liberdade inscrita no art. 5º, XV, CF/88 abarca: (1) o acesso e ingresso no
território nacional; (2) a saída do território nacional; (3) a permanência no território
nacional; e, ainda, (4) o deslocamento no território nacional.
Liberdade de Nos termos constitucionais (art. 5º, XVI), todos podem reunir-se pacificamente, sem
Reunião armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente.
Liberdade de Associação é uma aliança estável de pessoas, sob direção comum, na busca de fins lícitos.
Associação Constitui-se em direito individual de expressão coletiva, o que significa que muito
embora seja atribuído a cada pessoa individualmente considerada, somente poderá ser
exercido deforma coletiva.
Ressalte-se, todavia, que um Deste modo, pouco importa coma o contato entre o
membros vai ocorrer (se por e-mails, telefonemas, cartas, reuniões pessoais, etc.), sendo
importante que haja uma constância nessa relação, que dê solidez aos propósitos do
agrupamento.
Direito à Propriedade
Noções Iniciais Abarcando as prerrogativas de usar, gozar, dispor e possuir um bem (material ou não), bem
como a de reavê-la diante de detenção indevida por outrem, o direito de propriedade é
assegurado pela Constituição Federal em seu art. 5º, em variados incisos (XXII, XXIII, XXIV,
XXVII, XXIX e XXX).
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Função Social da Ao garantir o direito à propriedade, o texto constitucional impôs explicitamente que esta
Propriedade deveria atender a sua função social (art. 5º, XXIII). Esse preceito revela a função social
enquanto limitação ao exercício da prerrogativa.
Assim, ainda que o cumprimento da função social seja essencial para que o proprietário
usufrua plenamente de todas as faculdades que o direito lhe confere, sua eventual
inobservância não poderá subtrair do proprietário inadimplente todos os seus direitos
referentes ao bem.
Desapropriação A princípio, o direito de propriedade tem duração ilimitada, vale dizer, é perpétuo, já
que perdura ao longo de toda a vida do proprietário e, com sua morte, é transmitido aos
seus sucessores.
Existindo na modalidade civil (art. 5º, XXV, CF/88) e na militar (art. 139, VII, da CF/88),
na requisição não se fala em perda da propriedade (supressão de domínio), mas apenas
em uso do bem pelo Estado visando atender o interesse público.
Expropriação ou Expropriação é a supressão punitiva da propriedade privada, por ordem judicial, sem que
Confisco o proprietário tenha direito a receber qualquer indenização. Prevista no art. 243, CF/88,
ocorre nas situações em que o sujeito se utiliza de sua propriedade, rural ou urbana,
localizada em qualquer região do País, para culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
exploração de trabalho escravo.
Usucapião A Constituição Federal prevê, em seu art. 183, que aquele que possuir como sua área
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural. É o usucapião especial de imóvel urbano.
O usucapião de imóvel rural ocorre quando um sujeito, que não é proprietário de imóvel
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de
terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia (art. 191, CF/88).
São casos nos quais o acionamento do Poder Judiciário somente sedará após o prévio
esgotamento da via administrativa. Em outras palavras: em determinados casos, a lesão
ou ameaça de lesão a direito somente poderá ser levada ao conhecimento do Poder
Judiciário após o sujeito já ter tentado resolver a questão na via administrativa.
Limitação a O texto constitucional garante expressamente (art. 5º, XXXVI, CF/88) a estabilidade das
Retroatividade da relações jurídicas ao amparar o "direito adquirido", o "ato jurídico perfeito" e a "coisa
Lei julgada". Este inciso resguarda a segurança jurídica, ao determinar que certos atos, quando
consolidados, se tornam definitivos e impassíveis de nova discussão.
Juiz Natural Os incisos XXXVII e LIII traduzem princípios absolutamente vinculados: o da vedação de
tribunais de exceção e o do juiz natural. O intuito do estabelecimento dessas garantias
é o de impedir que o órgão julgador seja estabelecido após a ocorrência do fato, de
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
maneira arbitrária, propiciando perseguições políticas nada condizentes comum Estado
democrático.
Tribunal do Júri O júri terá competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Você sabe o
que é um crime doloso? É aquele no qual o agente (indivíduo que pratica o crime) prevê o
resultado lesivo de sua conduta e, ainda assim, pratica a ação, produzindo o resultado.
Porque ele deseja o resultado. Age com dolo, isto é, com vontade de que o resultado seja
efetivado, se concretize. O crime doloso contra a vida somente não será de competência do
Tribunal do Júri se a Constituição Federal tiver determinado outro foro para o caso.
Legalidade Penal e (1) o princípio da legalidade (ou reserva legal), vez que não há crime sem lei que o defina,
Irretroatividade da nem pena sem cominação legal;
Lei Penal
(2) o princípio da anterioridade, visto que não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal.
Práticas Sendo um dos objetivos da República Federativa do Brasil, posto no art. 3°, IV, o de
Discriminatórias e promover o bem de todos, sem preconceito de origem, sexo, cor, raça e quaisquer outras
Crimes formas de discriminação, é natural que tenhamos a previsão do inciso XLI, no sentido de
Inafiançáveis determinar que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais.
Já os incisos XLII a XLIV enunciam os crimes que, em razão de sua gravidade, não
admitem fiança (são os inafiançáveis), isto é, não admitem o pagamento em dinheiro
para que seja determinada a soltura do indivíduo preso. Costumamos usar uma frase
para memorizar os crimes inafiançáveis: Ra Ação He TTT (Racismos, Ação, Hediondos,
Tráfico, Tortura, Terrorismo).
Já no inciso XLIII, temos a informação de que os crimes de tráfico, tortura e terrorismo
(TTT), assim como os hediondos, além de serem inafiançáveis, são também insuscetíveis
de graça e anistia.
Intranscendência 0 inciso XLV traz o princípio da Intranscendência (ou personalização) da pena, assegurando
da Pena que ninguém sofrerá os efeitos da condenação de outrem. É este dispositivo que garante
que ninguém cumprirá a pena no lugar de outra pessoa.
Individualização Individualizar a pena significa impor uma sanção condizente com a gravidade do fato e as
da Pena características pessoais do infrator. Quanto mais censurável for a conduta, mais gravosa
será a pena imposta. Acaso o crime seja menos grave, a pena poderá ser mais branda.
Vedação de Penas Tendo o valor da dignidade da pessoa humana como norte, nossa Constituição veda a
aplicação de certas penas, a saber:
(a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
(b) de caráter perpétuo;
(c) de trabalhos forçados;
(d) de banimento;
(e) cruéis
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Direitos Ninguém poderá ser preso ou mantido preso se a lei admitir a liberdade provisória, com ou
assegurados aos sem fiança. Também a eventual prisão ilegal deverá ser imediatamente relaxada pela
presos autoridade judiciária. E se alguém for erroneamente preso ou ficar preso por mais tempo
do que o permitido em lei, o Estado estará obrigado a indenizar o sujeito por esse cárcere
indevido. Ademais, o indivíduo preso é privado da sua liberdade de locomoção, mas não de
sua dignidade, sendo merecedor de absoluto respeito quanto à sua integridade física e
moral.
Extradição Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
Juiz Natural Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Devido Processo Uma das mais amplas e relevantes garantias que temos no art. 5° é a do princípio do devido
Legal processo legal, que traduz-se na ideia de que um conjunto de garantais processuais, formais
e materiais, deverão ser observadas para que esta norma constitucional seja satisfeita.
Contraditório e Como consequência direta do princípio do devido processo legal, temos a previsão de
Ampla Defesa duas importantíssimas garantias constitucionais: o contraditório e a ampla defesa.
Ampla defesa significa o direito de apresentar no curso do processo todos os meios
lícitos que permitam ao sujeito provar seu ponto de vista.
Por seu turno, o contraditório representa o direito constitucional que o sujeito possui de
contradizer tudo aquilo que for apresentado no processo pela parte adversa.
Provas Ilícitas Como derivação do princípio do "Devido processo legal", estudado no inciso LIV, temos a
inadmissibilidade das provas ilícitas, que serão completamente rechaçadas nos processos
judiciais e também nos administrativos.
Identificação Aquele que estiver civilmente identificado (ou seja, que portar consigo algum documento
Criminal de identificação válido em todo o território nacional, como a CNH, o passaporte, a carteira
de identidade, etc.) não será submetido a identificação criminal (não será levado à delegacia
para o colhimento das suas impressões datiloscópicas, para tirar foto de frente e de perfil...),
salvo nas hipóteses previstas em lei.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Ação penal O art. 129,I é claro: é função institucional do MP promover, privativamente, a ação penal
Privada Subsidiária pública. No entanto, se esta não for apresentada pelo MP no prazo legal, oportuniza-se ao
da Pública particular a ação penal privada subsidiária da pública, ou seja, o próprio particular
apresentará a ação penal perante o Poder Judiciário em razão de o MP não ter agido dentro
do prazo estabelecido em lei.
Publicidade dos A regra é a publicidade dos atos processuais. No entanto, e muito excepcionalmente, tal
Atos Processuais publicidade poderá ser restringida, nos casos em que a defesa da intimidade ou do interesse
social exigirem.
Prisão Civil por O Supremo Tribunal Federal passou a entender não ser mais possível no Brasil a prisão
Dívida civil por dívida do depositário infiel, o que motivou inclusive a edição da súmula vinculante
25, cujo teor é o seguinte: "É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito".
Habeas Corpus Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Mandado de Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
Segurança por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Mandado de Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
Injunção inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Habeas Data Conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo.
Ação Popular Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Assistência Tal previsão constitucional tem por intuito garantir o acesso à Justiça. Fique atento ao fato
Jurídica Estatal de que a assistência jurídica integral e gratuita não é devida a qualquer pessoa, mas, tão
somente, aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Erro Judiciário 0 Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Gratuidade A gratuidade mencionada no texto constitucional abrange o registro civil de nascimento e a
certidão de óbito, estando assegurada aos reconhecidamente pobres.
Isenção de Custas São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
e Despesas necessários ao exercício da cidadania.
judiciais
Direito à Razoável O direito à razoável duração do processo foi introduzido ao art. 5ºpela emenda
Duração do constitucional 45/2004, no inciso LXXVIII, estabelecendo que "a todos, no âmbito judicial e
Processo administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação."
*Teoria do Impacto Desproporcional ou Teoria do Impacto Adverso: A teoria do impacto desproporcional tem
total correlação com princípio da igualdade material.
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre determinados grupos
ou indivíduos.
Igualdade material - é aquela que se preocupa em promover igualdade com políticas de equalização social a
depender do discrimimen em análise.
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados
grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente.
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em
3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98, que
limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a licença-
maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens.
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais.
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Resumo Tabelado de Direito Constitucional – Rotina de Estudos Sustentável - @corujinha_juridica
Ações Constitucionais
Direito de 0 direito de petição terá cabimento sempre que houver a necessidade de defender
Petição direitos, ou quando for constatado o cometimento, por parte de agentes do Poder
— art. 5º, Público, de uma ilegalidade ou de um abuso de poder.
XXXIV, Trata-se de direito que poderá ser exercido por todos, ou seja, por pessoas naturais,
"a", CF/88, c/c nacionais ou estrangeiras residentes no país, bem como pessoas jurídicas estabelecidas
Lei no Brasil, independentemente do pagamento de taxas.
nº 4.898/1965
Direito à Referido direito assegura a todos "a obtenção de certidões em repartições públicas,
obtenção para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal".
de Certidões — É um remédio constitucional que pode ser manejado, independentemente do
art. pagamento de qualquer taxa, por qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou
5º, XXXIV, "b", estrangeira, tendo por destinatário qualquer órgão ou autoridade da administração
CF/88; c/c Lei pública, direta ou indireta.
nº 9.051/1995 Ocorrendo a negativa ilegal do direito líquido e certo à obtenção das certidões—seja
para defesa de direitos ou mesmo para o esclarecimento de situações de interesse
pessoal —, a ação cabível será o mandado de segurança.
95
iminente, objetivando-se a obtenção do salvo conduto. Contudo, o HC também poderá ser
suspensivo, na hipótese de a prisão ter sido decretada, porém o mandado ainda estar
pendente de cumprimento (almeja-se assim a expedição de um contramandado de prisão).
Cabimento O HC tem por finalidade a tutela do direito de locomoção. Terá, portanto, cabimento
contra abuso de poder ou ilegalidade que afete o direito de locomoção do paciente. O
Código de Processo Penal, em seu art. 648, explicita hipóteses de cabimento do habeas
corpus. São elas:
(A) não houver justa causa;
(g) alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
(C) quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
(D) houver cessado o motivo que autorizou a coação;
(E) não for admitida a prestação
Pressupostos 0 STF editou alguns verbetes de sua súmula sobre HC, valendo a transcrição:
lógicos e — Súmula 693 do STF: "Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
especificidades multa ou relativa a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a
única cominada". Ex.: Crime de porte de drogas.
— Súmula 694 do STF: "Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão
de militar ou de perda de patente ou de função pública".
— Súmula 695, STF: "Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de
liberdade".
—Súmula 606 do STF: "Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão
de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso".
— Súmula 691do STF: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal
superior, indefere a liminar".
— Súmula 692 do STF: "Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos,
nem foi ele provocado a respeito".
Competência — Ato de autoridade policial estadual ou federal —Juiz de Direito ou Juiz Federal;
— Ato de Promotor de Justiça, Juiz de Direito ou Turma Recursal Estadual —Tribunal de
Justiça;
— Ato de Procurador da República ou Juiz Federal ou Turma Recursal Federal—Tribunal
Regional Federal;
—Ato de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal —Superior Tribunal de Justiça;
— Ato de Ministro de Estado, Comandantes da Marinha, Exército ou Aeronáutica ou
autoridade do STJ —Supremo Tribunal Federal;
— Ato de Juiz dos Juizados Especiais Criminais Estaduais e Juiz dos Juizados Especiais
Criminais Federal -Turma Recursal Criminal Estadual e Federal.
Procedimento O habeas corpus segue um rito especial, porém, ao contrário dos procedimentos
previstos nos Códigos de Processo Civil e Penal, é extremamente informal e célere,
devido à importância do direito que pretende defender. Assim, não há necessidade da
observância de rigor formal no procedimento.
Embora não haja previsão de concessão de liminar, em sendo o caso o juiz deverá deferi-
la, usando por analogia o procedimento do mandado de segurança.
Com a inicial, deferida ou não a liminar, será a autoridade coatora notificada para
apresentar informações, seguida, caso seja necessário, de oitiva do paciente e sentença,
na qual se concederá, ou se negará, a ordem pleiteada.
Sistema Recursal I —Juízo de primeiro grau: Da decisão do juízo de primeiro grau na ação de habeas corpus
caberá recurso em sentido estrito ao TJ/TRF, independentemente de ser a ordem
concessiva ou denegatório (art. 581, X, CPP).
96
II —TJ ou TRF
O acórdão denegatório do habeas corpus perante o Tribunal de segundo grau desafia
recurso ordinário constitucional ao STJ.
Já a concessão da ordem pelo TJ ou pelo TRF limita substancialmente a matéria a ser
ventilada em eventual recurso. É que agora o recorrente só poderá discutir matéria
manejando recurso especial ao STJ e/ou recurso extraordinário ao STF, desde que a situação
se enquadre em uma das hipóteses de admissibilidade constitucional (art. 102, III e art. 105,
III, CF).
Outro argumento que pode ser catalogado é o de que a ação coletiva emerge,
atualmente, coma sendo talvez a única solução viável para garantir o efetivo acesso
à Justiça de grupos mais vulneráveis do ponto de vista social e econômico.
Assim, temos:
(1) Quando a autoridade coatora for o Presidente da República, as Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, o Tribunal de Contas da União, o Procurador- Geral da
República ou o próprio Supremo Tribunal Federal, a competência originária para julgamento
será do Supremo Tribunal Federal, conforme art. 102, I, "d'; CF/88.
(2) A competência também será do Supremo Tribunal Federal, quando se tratar de
julgamento, em recurso ordinário, do mandado de segurança decidido em única instância
pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art.102,II, "a", CF/88).
(3) Por outro lado, será hipótese de competência originária do Superior Tribunal de Justiça
no caso de ato praticado por Ministro de Estado, pelos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, ou pelo próprio Tribunal (art.105,I,"b'; CF/88).
98
(4) 0 Superior Tribunal de Justiça também julgará, em recurso ordinário, os mandados de
segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
Tribunais dos Estados, do DF e territórios, quando denegatória a decisão (art. 105, II, “b”,
CF/88).
(5) Aos Tribunais Regionais Federais cabe julgar, originariamente, os mandados de
segurança contra ato de juiz federal ou do próprio Tribunal (art. 108, I, "c", CF/88).
(6) Aos juízes federais, por sua vez, cabe processar e julgar os mandados de segurança
contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos Tribunais
Regionais Federais (art. 109, VIII, CF/88).
(7) Finalmente, estabelece o art.114, IV, CF/88, que confere à Justiça do Trabalho
processamento e julgamento de mandado de segurança quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua competência.
Legitimidade O legitimado ativo para a impetração do MS será o detentor do direito líquido e certo,
Ativa e Passiva não amparado por habeas corpus ou por habeas data, podendo este ser qualquer pessoa
física (brasileiros ou estrangeiros, residentes ou não no país), ou pessoa jurídica (nacional
ou estrangeira, privada ou pública), alguns órgãos públicos com capacidade processual
(Mesas das Casas Legislativas, Chefia dos Executivos, Chefia do Tribunal de Contas,
Ministério Público), agentes políticos, além de outros entes despersonalizados com
capacidade processual (e exemplo do espólio e da massa falida).
O legitimado passivo, por outro lado, será a autoridade coatora. A autoridade coatora é
aquela que pratica ou ordena a execução ou a inexecução do ato a ser impugnado via
MS.
Procedimento O procedimento do MS será especial, de rito sumaríssimo, no qual o objeto principal do
instrumento é a anulação de ato ilegal ou abusivo de direito líquido e certo, ou a
determinação da prática do ato omitido pela respectiva autoridade coatora competente
ou mesmo uma ordem de não fazer. A causa de pedir envolve necessariamente a
ilegalidade ou o abuso de poder que venha a causar lesão ou ameaça de lesão ao direito
líquido e certo.
O writ deverá ser impetrado pelo legitimado ativo no órgão competente para julgá-lo. A
petição será apresentada em duas vias, com os documentos que instruírem a primeira e
indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha
vinculada ou na qual exerce atribuições. Na petição de impetração, o legitimado ativo
poderá formular pedido de medida liminar.
Caso o MS seja deferido, a autoridade coatora será notificada para prestar informações.
Após, o órgão do Poder Judiciário ouvirá o representante do Ministério Público, que
opinará, na condição de custos legis. Em seguida, independentemente da existência de
parecer do Parquet, os autos serão conclusos ao magistrado para decisão, que deverá
ser proferida no prazo de trinta dias.
Apontamentos Alguns apontamentos que dizem respeito ao trâmite procedimental são relevantes e
sobre o devem ser analisados. Vejamos:
procedimento do (1)a concessão da liminar é direito subjetivo do autor, sendo o juiz obrigado a concedê-la,
MS desde que preenchidos os requisitos processuais. Contudo, insta salientar que a Lei nº
12.016/2009 traz em seu bojo exceções legais, que deverão ser observadas pelo juiz. Nos
seguintes casos, será vedada a concessão de medida liminar:
(a) para a compensação de créditos tributários;
(b) para a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior;
(c) para a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento
ou extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza;
(2) concedida ou denegada a liminar pelo Juiz, caberá agravo de instrumento;
(3) da decisão do Presidente do Tribunal que denegar ou conceder a suspensão da liminar,
caberá recurso de agravo interno, conforme entendimento jurisprudencial;
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(4) os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da
sentença;
(5) a suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da
decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão
da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal,
desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da
impetração
Efeitos da No MS, a sentença concessiva do writ mandamental, contendo ordem direcionada à
decisão autoridade coatora. Em regra, estipula execução imediata. Há a possibilidade de
execução provisória, antes mesmo de transitada em julgado a sentença, salvo nos casos
em que for vedada a concessão da medida liminar.
Da decisão que conceder ou denegar o MS, será cabível o recurso de apelação. São
legitimados para recorrer o impetrante, a pessoa jurídica à qual está vinculada a
autoridade coatora, a própria autoridade coatora e o Ministério Público.
Outros recursos relacionados ao mandado de segurança também serão cabíveis. São
eles: recurso extraordinário para o STF (art. 102, III); recurso especial para o STJ (art.105,
III); recurso ordinário para o STF (art. 102, II, "a"); e recurso ordinário para o STJ (art. 105,
II, "b").
Prazo para O prazo para impetração do MS é de cento e vinte dias, contados do conhecimento oficial
impetração do pelo interessado do ato a ser impugnado. Trata-se de prazo decadencial. Destarte, após
MS iniciado, não se interrompe, tampouco se suspende. Na hipótese de o MS ser interposto
contra omissão de certa autoridade, não haverá prazo decadencial a ser observado caso a
administração não esteja sujeita a prazo para praticar o ato.
100
Procedimento O procedimento será semelhante ao do mandado de segurança individual. Porém, aqui há
uma marcante distinção: a concessão de medida liminar no mandado de segurança coletivo
somente será possível após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de
direito público, que deverá se manifestar no prazo de setenta e duas horas.
Efeitos da Os efeitos da decisão em mandado de segurança coletivo abrangem todos os associados
Decisão quer e encontram descritos na petição inicial do writ, independentemente se o ingresso na
associação tenha ocorrido antes ou após a impetração. A impetração do mandado de
segurança coletivo não gera litispendência entre a esfera individual e coletiva, o que
possibilita a posterior utilização do MS individual.
101
IV —pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante
para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos
dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
(1) Teoria concretista geral: a sentença judicial produz efeitos ergo omnes, permitindo a
viabilização do exercício do direito para todos, até que sobrevenha a norma pendente,
produzida pelo órgão ou autoridade;
(2) Teoria concretista individual direta: O Poder Judiciário deve implementar o direito de
forma imediata, sendo desnecessário aguardar que o órgão ou a autoridade competente se
disponham a fazê-lo;
(3) Teoria concretista individual intermediária: O Poder Judiciário não deve viabilizar o
direito de forma imediata, pois deve, inicialmente, reconhecer a mora e dar ciência ao órgão
ou autoridade impetrada a fim de que a solução seja apresentada. Caso o prazo transcorra
sem que a omissão seja suprida, isto é, em caso de persistência da letargia, aí sim o órgão
julgador da injunção deve tomar as providências pertinentes;
102
(4) Teoria não concretista: Preceitua ser a decisão concessiva da injunção possuidora de
natureza exclusivamente declaratória, tendo por objeto apenas o reconhecimento, por
meio de sentença, da omissão da norma regulamentadora.
Após quase vinte anos adotando a teoria não concretista, o STF (nos Mis 670, 708 e 712)
passou a adotar a teoria concretista, reconhecendo, pois, eficácia a este remédio
constitucional. Atualmente, o art. 8º da Lei do MI parece indicar. que o legislador optou, de
modo central, pela adoção da teoria concretista intermediária (já que o Poder Judiciário
deverá determinar um prazo para que o órgão omisso possa suprir a ausência de norma
regulamentadora).
103
Decisão A execução da sentença concessiva do habeas data será imediata e o recurso cabível —
apelação terá somente efeito devolutivo, não havendo a possibilidade de suspensão dos
efeitos da decisão por meio da interposição de recurso.
Ressalta-se, contudo, uma hipótese de suspensão dos efeitos da sentença: derivada de
um despacho fundamentado do Presidente do Tribunal no qual o recurso tramita.
Se a decisão for não concessiva também caberá apelação.
Por fim, não há reexame necessário (recurso de ofício) em habeas data.
Direitos Sociais
Atualizado com EC 114/2021
Sua origem está na crise do estado liberal e na consagração do paradigma do Estado social de direito, que rompendo com
os padrões formalistas de igualdade e de liberdade do paradigma anterior, vão buscar mecanismos mais concretos de
redução das desigualdades socioeconômicas dentre os membros da sociedade. Destaque para a constituição do México
de 1917 e da Wiemar (Alemanha) 1919. Sendo compreendidos como uma segunda geração dos diretos fundamentais.
Convém recordar que referidos direitos, enquanto prerrogativas constituídas na segunda dimensão dos direitos
fundamentais, exigem prestações positivas do Estado, que deverá implementar a igualda de jurídica, política e social entre
os sujeitos que compõem o desnivelado tecido social.
Notícias Históricas
No direito pátrio, o texto constitucional que primeiro disciplinou os direitos sociais foi o de 1934. Muito embora tenha vigido
por poucos anos e em tão conturbado momento histórico, essa Constituição traduziu com firmeza e veemência as aspirações
por um sistema jurídico pautado em direitos econômicos e sociais, sobretudo no direito ao trabalho.
Por sua vez, a Constituição da República de 1988 enunciou um extenso rol de direitos fundamentais relacionados à segunda
dimensão, e trouxe um grande avanço: inserindo-os no título II, superou a estéril e desnecessária discussão acerca da natureza
dos direitos sociais. Estes são direitos fundamentais, dotados de normatividade e força vinculante.
105
Finalidade Os direitos sociais foram arquitetados com o claro e inequívoco intuito de incrementar a qualidade devida dos
indivíduos, especialmente os hipossuficientes, assegurando-lhes o instrumental necessário para desfrutar das
benesses que outrora já estavam constitucionalmente asseguradas. Assim é que se pode concluir ser a
finalidade dos direitos sociais a de proteger os setores sociais economicamente débeis e estruturalmente
frágeis, de modo a construir uma sociedade mais homogênea.
Atualização EC 114/2021
Art. 6º PÚ Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e
orçamentária."
Art. 100 § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte,
quando terão seus valores atualizados monetariamente.
Art. 203 Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
Reserva do Possível
Introdução A cláusula da "reserva do possível" é uma limitação jurídico-fática que pode ser apresentada pelos Poderes
Públicos tanto em razão das restrições orçamentárias que impeça a implementação dos direitos e oferta de
todas as prestações materiais demandadas, quanto em virtude da desarrazoada prestação exigida pelo
indivíduo.
Notícias A teorização da reserva do possível, em sua origem, não se relacionava direta e unicamente com as restrições
Históricas de recursos materiais enquanto limites intransponíveis para a concretização do direito social, mas sim à
razoabilidade da pretensão deduzida com vistas a sua efetivação.
A transposição da doutrina para o direito pátrio, todavia, acabou por transformá-la em uma teoria da "reserva
do financeiramente possível", pois considerou ser a insuficiência de recursos públicos um limite à efetivação de
direitos fundamentais sociais.
A Teoria da Tornou-se clássica a leitura que Ingo Wolfgang Sarlet fez da teoria, ao delimitar que a mesma apresenta uma
Reserva do tríplice dimensão, alcançando:
Possível no (1) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos fundamentais sociais;
(2) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima conexão com a
106
Direito determinação das prioridades na alocação das receitas;
Pátrio (3 ) a proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua exigibilidade e, nesta quadra, também da
sua razoabilidade.
Na tentativa de ofertar alguma diretriz que permita a compreensão da dimensão que envolve a disponibilidade
fática, a doutrina sustenta ser necessário estipular algo como um "teste", tencionando verificar a razoabilidade
da universalização da prestação exigida, tendo em conta os recursos disponíveis. Destarte, em homenagem ao
princípio da isonomia, não seria adequado requerer do Estado uma prestação que não fosse no direito pátrio
"aprovada" no "teste" da universalização, isto é, que não pudesse ser estendida a todos que se encontram na
mesma situação.
Quanto à segunda dimensão, relacionada à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos
competentes para formular e efetivar as políticas públicas, determinando as preferências que orientarão os
gastos públicos, estipulando quais despesas são prioritárias.
Por fim, no que se refere à dimensão pertinente à proporcionalidade da prestação invocada e a razoabilidade
de a mesma ser pleiteada ao Estado, tem-se como necessário adequar à pretensão individual às reservas
orçamentárias. Assim, a efetivação e realização dos direitos sociais dependeria da existência simultânea de dois
requisitos: "a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e a existência de
disponibilidade financeira para tornar efetivas as prestações positivas reclamadas do Estado"
Mínimo Criada pela doutrina alemã, a expressão pretende delimitar um agrupamento reduzido de direitos
Existencial fundamentais formado pelos bens mais básicos e essenciais a uma vida digna. Há, no direito pátrio, ao menos
duas posições concernentes ao conteúdo do mínimo existencial:
1) de um lado temos quem considere que o mínimo existencial não possui um conteúdo definitivo, variando de
acordo com as contingências de tempo e local;
2) de outro, temos autores para quem o mínimo existencial engloba o direito à educação fundamental, o direito
à saúde, a assistência aos desamparados (que abrange o direito à alimentação, vestuário e abrigo) e o acesso à
Justiça.
Quanto à possibilidade de os Poderes Públicos alegarem a cláusula da reserva do possível diante dos direitos
mais básicos à subsistência do cidadão, que compõem o mínimo existencial, há divergência doutrinária.
Para alguns (Ingo Sarlet), os direitos que integram esse mínimo, exatamente por serem imprescindíveis autua
existência digna, não se sujeitam à cláusula. Em contrapartida, Novelino nos informa haver "quem defenda não
existir um direito definitivo ao mínimo existencial, mas sim a necessidade de um ônus argumentativo pelo
Estado tanto maior quanto mais indispensável for o direito postulado". Esta segunda posição nos parece mais
adequada.
A Ideia do “mínimo existencial”: É a implementação e garantia de um piso mínimo de direitos, voltados para
o atendimento das necessidades básicas de um ser humano.
107
Daniel Sarmento trabalha com duas dimensões: 1- dimensão negativa: o mínimo existencial opera como um
limite, impedindo a prática de atos pelo Estado ou por particulares que subtraiam do indivíduo as condições
materiais indispensáveis a uma vida digna. 2- dimensão positiva: diz respeito a um conjunto essencial de
direitos prestacionais a serem implementados e concretizados que possibilitam aos indivíduos uma vida digna.
Há três linhas de argumentação, conforme Sarmento: a) o mínimo existencial se trata de uma exigência
necessária para a garantia da liberdade real. B) o mínimo existencial é uma exigência para a proteção dos
pressupostos da democracia. C) o atendimento das necessidades materiais básicas constitui um fim em si
mesmo e não um meio para o exercício de outras finalidades.
Parte da doutrina faz uma diferenciação entre mínimo existencial e mínimo vital.
O mínimo vital é um conceito mais estrito, referindo apenas a proteção às condições de garantia da vida
humana, sem adjetivar qualquer preocupação com a dignidade dessa vida. O mínimo existencial abrange
também as condições socioculturais, que asseguram, para além da sobrevivência, a inserção do indivíduo na
vida social (vida digna).
A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo poder público, com o propósito de fraudar,
de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria CF – encontra
insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso
ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana (ARE 639.337
AgR, Min. Celso de Mello, j. 23-8-2011).
• STF: “[...] Dizer que a ação estatal deva caminhar no sentido da ampliação dos direitos fundamentais e de
assegurar-lhes a máxima efetividade possível, por certo, não significa afirmar que seja terminantemente
vedada qualquer forma de alteração restritiva na legislação infraconstitucional, desde que, é claro, não se
desfigure o núcleo essencial do direito tutelado [...]”.
• STF, RE 592581 - É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na
promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar
efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade
física e moral [...].
• A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou
de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita
no art. 41, § único, da Lei 7.210/84, proceder a interceptação da correspondência remetida pelos
sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento
de salvaguarda de práticas ilícitas. (STF - HC 70814 SP, Rel. CELSO DE MELLO, 01/03/1994).
108
Judicialização do Direito à Saúde
A judicialização significa a transferência, para o Poder Judiciário, de decisões sobre o reconhecimento e concretização
de um direito que deveriam ser realizados pelos demais Poderes da República (Poder Executivo e Poder Legislativo).
Apesar da relevância do direito à saúde, o que se verifica na prática é uma reiterada e sistemática omissão dos Poderes
Públicos na elaboração e implementação de políticas públicas eficientes no sentido de alcançar uma saúde pública
de qualidade. Nesse contexto, tem se multiplicado as demandas objetivando um provimento judicial sobre o tema.
A Segunda Turma do STF proferiu decisão, recentemente, privilegiando a prevalência do direito à saúde, reiterando a
109
inaplicabilidade da cláusula da reserva do possível quando esta puder comprometer o núcleo básico do mínimo existencial.
Sobre a questão, contudo, não há uma solução pacificadora, havendo, inclusive, repercussão geral reconhecida sobre
a controvérsia acerca da obrigatoriedade, ou não, de o Estado, ante o direito à saúde constitucionalmente garantido,
fornecer medicamento não registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA
Vedação do Retrocesso Social, Efeito Cliquet, Proibição de Contra Revolução Social, Proibição de Evolução Reacionária
Não expressa, mas decorrente do sistema jurídico-constitucional, a teoria da vedação do retrocesso foi acolhida pelo
constitucionalismo pátrio como princípio que visa impedir a edição de qualquer medida tendente a revogar ou reduzir
os direitos sociais já regulamentados e efetivados, sem que haja a criação de algum outro mecanismo alternativo apto
a compensar a anulação dos benefícios já conquistados.
Também chamado de princípio da não reversibilidade dos direitos fundamentais sociais ou efeito cliquet (essa terminologia
é derivada da França, sendo uma técnica de engenharia mecânica que não permite a reversão de um processo quando
ultrapassado determinado estágio do mesmo).
Vem sendo desenvolvido na doutrina pátria. Esse princípio deve ser entendido na atualidade como limite material implícito,
de forma que os direitos fundamentais sociais já constitucionalmente assegurados e que alcançaram um grau de densidade
normativa adequado não poderão ser suprimidos por emenda constitucional e nem mesmo por legislação infraconstitucional,
a não ser que se tenha prestações alternativas para o direito em questão.
Possui a finalidade de impedir toda e qualquer conduta que gere efeitos negativos sobre
determinados grupos ou indivíduos.
Teoria do impacto desproporcional (ou teoria do impacto adverso): visa aferir e impedir toda e
qualquer conduta (inclusive legislativa) gere, na prática, efeitos negativos sobre determinados
grupos ou indivíduos, ainda que não possua intenção de discriminação. Tem total correlação com
princípio da igualdade material, na medida em que as políticas públicas originariamente são
formatadas para colmatar as desigualdades existentes, mas, na sua aplicação, percebe-se que
houve na verdade é o aumento de nível de desigualdade existente.
Ex: No STF podemos destacar o julgamento da ADI 1.946, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento
em 3-4-2003, Plenário, DJ de 16-5-2003, em que se debateu a Emenda Constitucional n. 20/98,
que limitou os benefícios previdenciários a R$ 1.200,00, discutindo-se a quem caberia pagar a
licença-maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário superior a tal valor. Caso o
empregador fosse obrigado a pagar a diferença salarial, poderia ser levado a evitar contratar
mulheres para não ter que arcar com esse custo, causando um impacto negativo na oferta de
empregos a elas, o que geraria uma desigualdade em relação aos homens.
Diferenças entre igualmente material x formal: A igualdade formal é aquela preconizada pelo
liberalismo que garante condições igualitárias sem ingerência estatal com edição de políticas
públicas voltadas para a promoção de direitos sociais.
*#DEOLHONAJURISPRUÊNCIA #STF: Não viola a Constituição Federal a cobrança de contribuição obrigatória dos alunos
matriculados nos Colégios Militares do Exército Brasileiro. Os Colégios Militares apresentam peculiaridades que fazem com
que eles sejam instituições diferentes dos estabelecimentos oficiais de ensino, por razões éticas, fiscais, legais e institucionais
Podem, assim, ser qualificados como instituições educacionais sui generis. A quota mensal escolar exigida nos Colégios
Militares não representa ofensa à regra constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação ao
núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação. Por fim, deve-se esclarecer que esse valor cobrado dos alunos
para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária (não é tributo). Logo, é válida
a sua instituição por meio de atos infralegais. Portanto, são válidos os arts. 82 e 83, da Portaria 42/2008 do Comandante do
Exército, que disciplinam essa cobrança. STF. Plenário. ADI 5082/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/10/2018 (Info
921).
111
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso,
respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que
referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É
constitucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao Ministério da
Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010,
ambas emanadas da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), ao estabelecerem corte etário
para ingresso de crianças na primeira série do ensino fundamental (6 anos completos até 31 de março do correspondente
ano letivo), não incorreram em contexto de ilegalidade (não violaram a lei). Ao contrário, tais Resoluções encotram respaldo
na interpretação conjunta dos arts. 29 e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O Poder Judiciário não pode substituir-se às autoridades
públicas de educação para fixar ou suprimir requisitos para o ingresso de crianças no ensino fundamental, quando os atos
normativos de regência não revelem traços de ilegalidade, abusividade ou ilegitimidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE,
Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/12/2014.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos
de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fáchin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).
Nem todas as atividades potencialmente desempenhadas pelas universidades são relacionadas exclusivamente ao ensino.
Existem também atividades de pesquisa e extensão, que podem ser custeadas por recursos privados. Assim, o princípio da
gratuidade não obriga as universidades a terem os recursos públicos como única fonte de financiamento. O "ensino" tem
como missão a plena inclusão social (direito constitucional à educação) e, por isso, devem obedecer ao princípio da gratuidade
(art. 206, VI, da CF/88). Por outro lado, é possível que as universidades, no âmbito de sua autonomia didático-científica,
regulamentem, em harmonia com a legislação, atividades destinadas preponderantemente à extensão universitária, sendo-
lhes, nesse caso, possível a instituição de tarifa.
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação
de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural
redução da capacidade visual”.
#OUSESABER: A educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino?
Vamos relembrar alguns temas!
a) Ela deve ser prestada preferencialmente na rede regular de ensino, como dito no enunciado, que foi extraído do art. 58 da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, vejamos:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação;
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito
de cumprimento, pela família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta ao ensino domiciliar.
A CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não pode
ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos e as regras aplicáveis a essa modalidade de
ensino. Assim, o ensino domiciliar somente pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na
qual sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que
tratam sobre educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915). #IMPORTANTE
112
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual
por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a
vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados
com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a
título de complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. O
tema acima foi definido pelo STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN,
jugadas em 6/9/2017. Diante disso, é possível que o Ministro do STF, Relator de ações com pedidos semelhantes, decida
monocraticamente e julgue procedente os pedidos formulados por outros Estados-membros contra a União. Não haverá,
neste caso, violação ao princípio da colegialidade. STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
18/12/2019 (Info 964).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter acomodações superiores
ou ser atendido por médico de sua preferência, a chamada "diferença de classes". Existe uma portaria do Ministério da Saúde
(Portaria 113/1997) que proíbe a diferença de classe. Este ato estava sendo questionado e o STF, em recurso extraordinário
submetido à repercussão geral, declarou que ele é constitucional, firmando a seguinte tese, que vale de forma ampla para
todos os casos envolvendo diferença de classe: "É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde -
SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por
médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes." STF. Plenário. RE 581488/RS, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810).
#COMPLEMENTAÇÃO
O sistema de DIFERENÇA DE CLASSES, no âmbito do SUS, consiste na possibilidade de alguém internado em hospital particular
CONVENIADO AO SUS buscar acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS
ou por médico particular, MEDIANTE O PAGAMENTO DOS VALORES CORRESPONDENTES À DIFERENÇA ENTRE O TRATAMENTO
COBERTO PELO SUS E O TRATAMENTO DE MELHOR QUALIDADE OFERECIDO PELO HOSPITAL PARTICULAR. O STF no RE
581.488, constante no Info 810, considerou tal prática INCONSTITUCIONAL. "O Colegiado explicou que o SUS, conforme
instituído pela Lei 8.080/1990, prevê dois eixos de ação: estabelece a prestação de serviços públicos de saúde e uma gama
de atividades denominadas de ações de saúde, conforme o art. 200 da CF. É regido pelos princípios da: a) universalidade,
como garantia de atenção à saúde por parte do sistema a todo e qualquer cidadão, por meio de serviços integrados por todos
os entes da federação; b) equidade, a assegurar que serviços de todos os níveis sejam prestados, de acordo com a
complexidade que o caso venha a exigir, de forma isonômica, nas situações similares; e c) integralidade, reconhecendo-se
cada indivíduo como um todo indivisível e integrante de uma comunidade. Embora os serviços de saúde devam obedecer a
esses princípios, estão limitados pelos elementos técnico-científicos, e pela capacidade econômica do Estado. Nesse contexto,
possibilitar assistência diferenciada a pessoas numa mesma situação, dentro de um mesmo sistema, vulnera a isonomia e a
dignidade humana. Admitir que um paciente internado pelo SUS tenha acesso a melhores condições de internação ou a
médico de sua confiança mediante pagamento subverte a lógica do sistema e ignora suas premissas. Além disso, a
Constituição não veda o atendimento personalizado de saúde, e admite o sistema privado. Os atendimentos realizados pela
rede pública, todavia, não devem se submeter à lógica do lucro, por não ser essa a finalidade do sistema. Ainda que os
113
supostos custos extras corressem por conta do interessado, a questão econômica ocupa papel secundário dentre os objetivos
impostos ao ente estatal. (RE 581488/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 3.12.2015).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ
Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à
sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidade em
razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia. Como se trata de direito fundamental da pessoa e dever do Poder
Público garantir a saúde e a vida, não há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da
demanda ter demorado. A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase
de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão
judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS
26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 2/2/2017 (Info 601).
#IMPORTANTE
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável aos procedimentos médicos,
hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no
âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos. O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano de saúde
utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o ressarcimento que ele teve com essas
despesas. Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das operadoras de planos
privados de assistência à saúde de restituir as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que seja cliente e que esteja
coberta por esses planos. STF. Plenário. RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/2/2018 (repercussão geral)
(Info 890).
§ 3o Para as mulheres com dificuldade de acesso às ações de saúde previstas no art. 1o desta Lei, em razão de barreiras sociais,
geográficas e culturais, serão desenvolvidas estratégias intersetoriais específicas de busca ativa, promovidas especialmente
pelas redes de proteção social e de atenção básica à saúde, na forma de regulamento.
Art. 10. A Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 10-C:
“Art. 10-C. Os produtos de que tratam o inciso I do caput e o § 1º do art. 1º desta Lei deverão incluir cobertura de
atendimento à violência autoprovocada e às tentativas de suicídio.”
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a
presença cumulativa dos seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado
expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da
ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; (II) incapacidade financeira de arcar com o custo
do medicamento prescrito; e (III) existência de registro na ANVISA do medicamento. STJ. 1ª Seção. REsp 1.657.156-RJ, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 625).
*DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Em, 25/04/2018, o STJ, ao julgar o REsp 1.657.156-RJ (Info 625), afirmou que o poder
público é obrigado a conceder medicamentos mesmo que não estejam incorporados em atos normativos do SUS, desde que
cumpridos três requisitos. Em 12/09/2018, o STJ decidiu retificar o terceiro requisito da tese anteriormente fixada:
REDAÇÃO ORIGINAL REDAÇÃO APÓS OS EMBARGOS
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF #IMPORTANTE:
Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA.
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.
2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de
medicamento por decisão judicial.
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da
Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos:
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e
ultrarraras);
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior;
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão
necessariamente ser propostas em face da União. STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2019 (repercussão geral) (Info 941).
Responsabilidade pelo fornecimento do medicamento ou pela realização do tratamento de Saúde. Os entes da Federação,
em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas demandas prestacionais na área da saúde e,
diante dos critérios constitucionais de descentralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o
cumprimento conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus
financeiro. STF. Plenário. RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2019
(Info 941).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A LC federal 141/2012 fixa os valores mínimos a serem aplicados anualmente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde. O art. 11 desta Lei estabelece que
as Constituições dos Estados ou as Leis Orgânicas dos Municípios podem fixar valores mais altos do que o previsto na LC
141/2012 de repasses em prol da saúde. O STF julgou inconstitucional esse art. 11 da LC 141/2012 porque, segundo o art.
198, § 3º, I, da CF/88, os percentuais mínimos que os Estados, DF e Municípios são obrigados a aplicar na saúde devem estar
previstos em lei complementar federal editada pelo Congresso Nacional, não podendo isso ser delegado para os Estados/DF
e Municípios. Além disso, o STF afirmou que são inconstitucionais normas da Constituição Estadual que prevejam percentuais
de aplicação mínima na saúde em patamares diferentes daquele fixado pela Lei complementar federal. STF. Plenário. ADI
5897/SC, Rel. Min. Luz Fux, julgado em 24/4/2019 (Info 938).
115
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A Lei nº 8.899/94 previu que as pessoas com deficiência possuem direito à
gratuidade no transporte coletivo interestadual. Esta Lei foi regulamentada pela Portaria Interministerial nº 003/2001, que,
no entanto, afirmou que apenas as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e aquaviário teriam o dever de oferecer
essa gratuidade. Houve, assim, uma omissão quanto ao transporte aéreo. O MP propôs ação civil pública na qual pretendia
garantir a gratuidade também no transporte aéreo. Ao julgar um recurso neste processo, o STJ afirmou que não poderia
conceder o pedido. Isso porque: O STJ não possui competência constitucional para ampliar os modais de transporte
interestadual submetidos ao regime da gratuidade prevista na Lei nº 8.899/94 e nos atos normativos secundários que a
regulamentam. STJ. 4ª Turma. REsp 1.155.590-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou
inferior a 2 (dois) salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das passagens,
abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de
utilização dos terminais. STJ. 1ª Turma. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018 (Info
641).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: É inconstitucional a expressão “quando apresentar atestado de saúde, emitido
por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento”, contida nos incisos II e III do art. 394-A da CLT, inseridos
pelo art. 1º da Lei nº 13.467/2017. Essa expressão, inserida no art. 394-A da CLT, tinha como objetivo autorizar que
empregadas grávidas ou lactantes pudessem trabalhar em atividades insalubres. Ocorre que o STF entendeu que o trabalho
de gestantes e de lactantes em atividades insalubres viola a Constituição Federal. O art. 6º da CF/88 proclama importantes
direitos, entre eles a proteção à maternidade, a proteção do mercado de trabalho da mulher e redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A proteção para que a gestante e a lactante não sejam
expostas a atividades insalubres caracteriza-se como importante direito social instrumental que protege não apenas a mulher
como também a criança (art. 227 da CF/88). A proteção à maternidade e a integral proteção à criança são direitos
irrenunciáveis e não podem ser afastados pelo desconhecimento, impossibilidade ou a própria negligência da gestante ou
lactante em apresentar um atestado médico, sob pena de prejudicá-la e prejudicar o recém-nascido. Em suma, é proibido o
trabalho da gestante ou da lactante em atividades insalubres. STF. Plenário. ADI 5938/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 29/5/2019 (Info 942). #IMPORTANTE
Obviamente o limite deve ser analisado, mas não como algo absoluto, porque senão para qualquer coisa poderia
ser usado o argumento da falta de orçamento. Além da dotação orçamentária, é necessária a análise de qual ente
federativo é a competência para instituir. Exemplo: saúde é competência comum, pode ser exigida tanto do
Município, Estado ou União. É mais difícil de ser prestada pelo Município do que pela União.
Dirley da Cunha Jr.: a liberdade orçamentária está diretamente ligada à efetivação dos DF’s. Devem servir de
parâmetro para a elaboração de políticas públicas ou planos econômicos. A constitucionalidade dos orçamentos
públicos depende de assegurarem os recursos para implementação das prestações materiais, objeto dos DS.
3º Dimensão: Razoabilidade da exigência e proporcionalidade da prestação. Exemplo: 02 tipos de medicamento
para o mesmo tipo da doença, os 2 surtem efeitos, porem o medicamento B é mais eficaz que o A, porem o B,
custa 20x mais. Estado tem como fornecer o A, atendendo grande parte das pessoas, mas se for fornecer o B, não
conseguira fornecer a todas. Qual deverá ser fornecido? Várias decisões judiciais tem obrigado o estado a conceder
medicamentos que não estão na lista do SUS, devido a médicos particulares opinar no sentido que não é melhor
para o paciente...o juiz teria esse poder? Questão que deve ser pensada.
117
Quem alega a RESERVA DO POSSÍVEL? Quem alega a reserva do possível é o estado em sua defesa, para não
cumprir a sua prestação. Como é o Estado quem alega, o ônus da prova cabe a quem alega, o problema é que
muitas vezes o Estado alega a reserva do possível e não demonstra isso ao juiz.
O Estado deve demonstrar como e porque não é possível o cumprimento da prestação, depende de uma atuação
da administração. Para o juiz considerar a reserva do possível o Estado deverá demonstrar para ele não em
alegações genéricas como é geralmente observado.
O Min. Celso de Mello, na ADPF 45, estabeleceu um critério interessante quanto a isso: não basta invocar
genericamente a reserva do possível, é necessário demonstrar a ocorrência de justo motivo objetivamente
aferível. “As normas programáticas não podem se converter em promessas constitucionais inconsequentes, sob a
pena de fraudar justas expectativas depositadas nos poderes públicos pela população”.
Sempre que em uma prova formos tratar da reserva do possível, faz-se pertinente salientar o tema mínimo
existencial.
Mínimo Existencial: Essa expressão foi utilizada pela primeira vez pelo Tribunal Administrativo Federal, por uma
decisão de 1953, migrando logo após para o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. No Brasil a expressão
começou a ser usada após a CF/88 pelo professor Ricardo L. Torres.
Por que ao invés de restringir os direitos sociais da CF, não ampliamos para outras que não estão ali?
Paradoxo: quanto maior a consagração do Direitos Sociais no papel, muitas vezes o efeito acaba sendo o contrário
do desejado, eles ficam na Constituição, mas na prática não são implementados. Quando se fala em DS o objetivo
é conferir maior efetividade a determinados direitos sociais. Pelo menos em relação ao mínimo existencial a
efetividade deve ser máxima. NEM MESMO A RESERVA DO POSSÍVEL PODE SER INVOCADA CONTRA ESSES
DIREITOS. O mínimo existencial é extraído:
1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana;
2) Liberdade material;
3) Princípio do Estado Social (bem estar social).
Princípio da Dignidade Humana: o mínimo existencial seria o conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma
vida humana digna da liberdade material do Estado Social, este dentro do Estado Democrático de Direito.
Quais seriam esses bens e essas utilidades indispensáveis? Por que falar em um MÍNIMO e não em um MÁXIMO?
O professor Ricardo Torres, entende que o mínimo existencial não teria um conteúdo definido, específico. Segundo
ele, este conteúdo é variável, depende do local, da época. Segundo Ana Paula de Barcellos, também professora da
UERJ, o mínimo existencial teria um conteúdo definido, seria formado por quatro direitos:
1) Educação Fundamental;
2) Direito à saúde;
Não adianta dizer que temos esses direitos, se não temos um que os que garanta...
1) Acesso à Justiça (fundamental na hipótese de esses direitos acima não serem implementados pelo estado, a
pessoa através desse instrumento possa garantir a efetividade desses direitos).
2) Direito à moradia (há quem o defenda aqui. É o único direito do art. 6º que não consta da redação original da
CF).
3) Moradia no Brasil como mínimo existencial – local, abrigo para pelo menos se recolher durante à noite.
OBS: alguns direitos sociais são princípios e outros são regras; quanto a estes não se pode falar em mínimo, pois
eles devem ser resguardados na exata medida de suas prescrições.
Reserva do Possível x Mínimo Existencial: segundo Ingo Sarlet, em relação ao mínimo existencial, o Estado não
pode alegar a reserva do possível. Como se o mínimo existencial tivesse um caráter absoluto.
118
STJ adotou a tese REsp 1.185.474/SC. Informativo 431. Diz que o Estado só pode utilizar este argumento quando
se tratar pela real insuficiência de recursos em razão da baixa arrecadação, quando tratar-se de falta de recursos
por “escolhas trágicas”, não poderia alegar a reserva do possível.
Daniel Sarmento – De um lado temos os Direitos Sociais, de outro Princípio Democrático/Separação dos
Poderes/Direito de terceiros. Quando o Mínimo Existencial estiver nesta ponderação, ele exigirá do Estado um
ônus argumentativo ainda maior para o caso de não cumprir o direito.
Exemplo: o princípio do LOAS para quem tem renda inferior ao ¼ do SM. É pouco, mas será que o estado tem como
pagar mais? Tem como aumentar o SM? Ele fala no sentido de aumentar a maneira com que o estado cumpre.
A.P. Barcellos – o orçamento deve ter como meta prioritária a efetivação do mínimo existencial.
Direitos da Nacionalidade
Direitos da Nacionalidade
Noções Iniciais Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado,
tornando-o um componente do povo.
É correto afirmar que toda pessoa possui o direito a uma nacionalidade, ninguém dela
poderá ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de
alterá-la.
Conceitos 0 termo "nação" designa um agrupamento humano homogêneo cujos membros são
relacionados à possuidores das mesmas tradições, costumes e ideais coletivos, partilhando, também,
matéria laços invisíveis, como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade.
Hipóteses de aquisição
O texto constitucional prevê taxativamente as hipóteses de aquisição da nacionalidade
primária originária. A primeira, constante do art. 12, I, “a”; é decorrente da aplicação do
critério territorial: será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido em território
nacional, independentemente da nacionalidade de seus ascendentes.
Há, no entanto, uma ressalva: não será contemplado com a nacionalidade originária
aquele que, muito embora tenha nascido em nosso território, é filho de (ambos) pais
estrangeiros e qualquer um deles (ou ambos) estava no Brasil a serviço do país de
origem.
Nas hipóteses subsequentes, alíneas “b” e “c”, do art. 12, I, adota-se o critério sanguíneo,
em nítida mitigação da exclusividade do critério territorial. Ressalte-se que, ao contrário
do critério territorial, o critério sanguíneo nunca será, sozinho, suficiente para
determinar a aquisição da nacionalidade; deve ser, sempre, conjugado com algum outro.
(1) criança nascida no estrangeiro, filha de pai ou/e mãe brasileiros, sendo que qualquer deles
(ou ambos, evidentemente) estava no exterior a serviço da República Federativa do Brasil.
Ressalte-se que estar a serviço do país significa desempenhar uma função ou prestar um
serviço público de natureza diplomática, administrativa ou consular, a quaisquer dos primária
órgãos da administração centralizada ou descentralizada da União, dos Estados-membros,
dos Municípios ou do Distrito Federal;
(2) Apesar de nascer no estrangeiro, a criança é filha de pai ou mãe, ou ambos, brasileiros,
e é registrada em repartição brasileira competente;
(3) A criança, filha de pai ou mãe (ou ambos brasileiros), nasce no estrangeiro, mas depois
vem a residir na República Federativa do Brasil e opta, após atingir a maioridade, pela
nacionalidade brasileira. A efetivação do critério residencial pode acontecer a qualquer
tempo. Já a realização da opção confirmativa, por ser ato personalíssimo, só pode ser feita
após a maioridade e, segundo entendimento do STF, muito embora potestativa, não é de
forma livre: há de ser feita em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que tramita
perante a Justiça Federal.
(1) alguns cargos estratégicos são privativos de brasileiros natos, ou porque compõem a linha
sucessória (e de substituição) presidencial (art. 80, CF) ou por razões de segurança nacional.
São os seguintes cargos: Presidente da República, Vice-Presidente da República, Presidente
da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal
Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa;
(2) a Constituição reserva seis assentos no Conselho da República para brasileiros natos;
(3) o brasileiro nato não pode ser extraditado, em hipótese alguma.
Já o brasileiro naturalizado pode ser extraditado em duas situações: (1) prática de um crime
comum antes da naturalização. (2) na hipótese de envolvimento comprovado com o tráfico
ilícito de entorpecentes ou drogas afins.
Extradição A extradição é ato através do qual um determinado Estado entrega um indivíduo, que está
sendo acusado de um crime ou já foi condenado pela atividade delituosa, à justiça de outro
Estado, que postula o direito de julgá-lo ou puni-lo. A efetivação da extradição fica na
dependência de alguns requisitos enunciados na Lei nova de Migração (Lei nº 13.445/2017)
e no Regimento Interno do STF (artigos 207 a 214). De acordo com a súmula 421do STF, a
circunstância de o extraditando possuir filhos brasileiros ou ter contraído matrimônio com
uma nacional não possui relevância para o processo extradicional. Existem duas espécies de
121
extradição, a passiva e a ativa. Existem dois outros modos de devolução de estrangeiros ao
exterior, além da extradição: a deportação e a expulsão.
Perda do Direito A perda da nacionalidade brasileira só poderá ocorrer nas duas hipóteses previstas na
de Nacionalidade Constituição da República, a saber:
(1) na primeira situação, também conhecida como perda-punição, será declarada a perda da
nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
(2) quanto à segunda hipótese, intitulada perda-mudança, pode-se dizer que ocorrerá
quando o indivíduo, voluntariamente, adquirir outra nacionalidade. No entanto, existem
exceções à ideia central de que a aquisição de nova nacionalidade ocasionará a perda da
nacionalidade brasileira, pois um brasileiro pode adquirir outra nacionalidade sem perdê-
la, bastando, para tanto, que referida aquisição importe:
- em recebimento de nacionalidade primária por Estado estrangeiro, ou
- seja fruto de imposição do Estado estrangeiro no qual o brasileiro reside, como condição
para que ele possa permanecer no território ou para exercer direitos civis.
Art. 13 da CF/88 Para finalizar o tópico, lembremos que o art.13 do texto constitucional indica que a língua
portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. Vale informar, todavia,
que às comunidades indígenas será também assegurada a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem (art. 210, § 2º, CF/88).
No mais, são símbolos da República Federativa do Brasil: a bandeira, o hino, as armas e o
selo nacionais. Estados, Distrito Federal e Municípios poderão ter símbolos próprios.
122
123
124
Direitos Políticos e Partidos Políticos
Atualizado com a EC nº 111/2021
Direitos Políticos São as normas que asseguram a liberdade do cidadão em participar ativamente da vida
Positivos pública estatal, incluindo-se, aqui, o direito de votar e ser votado.
A soberania origina-se do povo e é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, bem como mediante propositura de ação popular,
participação em plebiscito, referendo, e por intermédio da iniciativa popular para projetos
de lei.
Direito de Por muitos considerado o núcleo dos direitos políticos, é o direito público subjetivo que nos
Sufrágio permite eleger e sermos eleitos, ou seja, congrega o direito de votarmos (alistabilidade) e o
de sermos eleitos (elegibilidade). Importante destacar que o sufrágio, enquanto direito, não
deve ser confundido com o voto, que o instrumentaliza.
Direito de Voto e O voto, enquanto instrumento pelo qual os eleitores expressam sua vontade, é uma das
Escrutínio formas de exercer o direito de sufrágio. Suas principais características, aquelas petrificadas
no inciso II do § 4º do art. 60, CF/88, são: (1) direto; (2) secreto; (3) periódico; e (4) universal.
Ademais dessas características, podemos esquematizar as não petrificadas: (1)
personalíssimo; (2) obrigatório; e (3) livre.
Ação Popular Outra forma de realização direta da soberania popular é a propositura de ação popular, cuja
legitimidade é exclusiva do cidadão—o nacional que está no pleno gozo dos direitos políticos.
Referida ação tem o intuito de tutelar o patrimônio público material e o imaterial, visando a
125
anulação de ato lesivo ao erário ou a entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Plebiscito e Tanto o plebiscito quanto o referendo são mecanismos de consulta popular acerca de
Referendo matérias relevantes de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. A diferença
de destaque entre eles relaciona-se com o momento em que os cidadãos são acionados:
enquanto o plebiscito é convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo,
cabendo aos cidadãos, por meio do voto, aprovar ou denegar o que lhes tenha sido
submetido, o referendo é convocado com posterioridade ao ato legislativo ou
administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição da proposta
apresentada pelo poder público.
Alistabilidade ou Para conquistar o direito (e dever) de votar deve o indivíduo proceder ao alistamento
Capacidade perante a Justiça Eleitoral, providenciando seu título de eleitor. O alistamento eleitoral é
Eleitoral Ativa obrigatório para os indivíduos entre dezoito e setenta anos, desde que alfabetizados. E
somente pode ser feito por nacionais, pois direitos políticos não são exercitáveis por
estrangeiros. A única exceção a essa regra envolve os portugueses equiparados aos
brasileiros naturalizados, pois eles podem se alistar como eleitores. No que diz respeito aos
conscritos, a Constituição veda o alistamento dos mesmos.
Elegibilidade ou A Constituição enuncia um rol de condições para adquirir a elegibilidade, quais sejam:
Capacidade (1) a nacionalidade brasileira;
Eleitoral Passiva (2) o pleno exercício dos direitos políticos;
(3) alistamento eleitoral;
(4) domicílio eleitoral na circunscrição;
(5) filiação partidária;
(6) idade mínima: o texto constitucional determina que o candidato tenha uma idade mínima
(a ser comprovada na data da posse, e não do registro da candidatura ou eleição),
dependendo do cargo, nos seguintes termos:
Importante, desde já, deixar firmado que a cassação dos direitos políticos, é vedada pela
atual Constituição de 1988.
Perda dos É a privação definitiva e permanente dos direitos políticos, e ocorre unicamente na
Direitos Políticos hipótese do cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado.
Suspensão dos A suspensão importa em privação temporária dos direitos políticos e ocorre nas seguintes
Direitos Políticos situações:
(1) declaração de incapacidade civil absoluta;
(2)condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem os efeitos da
condenação;
(3) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (sendo importante
frisar que a situação estudada neste item é, ainda hoje, objeto de divergência
doutrinária, relativamente ao enquadramento como hipótese de perda ou suspensão);
127
(4)condenação por improbidade administrativa.
Inelegibilidades
Introdução "Inelegibilidade" é termo que exprime os impedimentos que inviabilizam a fruição da
capacidade eleitoral passiva suprimindo do cidadão sua capacidade de ser eleito para
mandatos eletivos.
Referentes a outro cargo: se o chefe do Executivo pleiteia outro cargo, que não o que
ocupa, deve renunciar ao seu mandato pelo menos seis meses antes da eleição — é a
chamada desincompatibilização - Essa regra de afastamento visa evitar que o candidato faça
uso do dinheiro público e prestígio do cargo para turbinar sua candidatura ao outro cargo,
colocando em nítida desvantagem os demais concorrentes. Um detalhe importante é que os
chefes do Executivo não precisam renunciar ao mandato para concorrerem à reeleição.
128
(3) Da condição de militar: a Constituição Federal determina, no art.14, § 8º, que o militar
alistável é elegível, mas:
(1)se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
(2) se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Princípio da A lei que alterar o processo eleitoral, apesar de entrar em vigor já na data de sua
Anterioridade publicação, somente poderá ser aplicada às eleições que ocorram após um ano da data
(ou Anualidade) de sua vigência. Isso significa que as regras do jogo eleitoral podem até ser modificadas,
Eleitoral mas não serão toleradas alterações casuísticas, feitas no curso do processo eleitoral.
Partidos Políticos
Introdução Os partidos políticos são instrumentos que propiciam aos indivíduos a condição de se
expressarem nos acontecimentos políticos nacionais e participarem com efetividade da
vida política estatal. Indispensáveis no regime representativo, é por meio deles que se
organiza a vontade popular, na busca da realização de projetos comuns.
É certo que a cidadania também se realiza fora dos partidos, pois os cidadãos a exercem
no cotidiano, quando apoiam alguma decisão polícia, quando votam ou subscrevem um
projeto de lei de iniciativa popular. Todavia, como não há mandato eletivo sem os
partidos, eles se afiguram como um relevante e fundamental canal para os cidadãos se
aproximarem do poder político e influenciarem as decisões.
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
Natureza Jurídica Os partidos políticos são pessoas jurídicas de Direito Privado. Para a criação é suficiente
e requisitos para Natureza jurídica que um grupo de pessoas estabeleça seus atos constitutivos e os
sua criação registrem no Cartório de e requisitos para Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Após o
registro no cartório—que para as pessoas jurídicas criação é requisito para a aquisição de
personalidade jurídica—, o novo partido deve registrar seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
Para que esse partido seja adequadamente estabelecida, há alguns preceitos que a
Constituição expressamente prevê e exige rigorosa observância, quais sejam:
(1)caráter nacional;
(2)proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou Governo
estrangeiros
ou de subordinação a estes;
(3) prestação de contas à Justiça Eleitoral;
(4 )funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Vale, ainda, informar que o § 4º do art.17, CF/88 veda que os partidos políticos se
utilizem de organizações paramilitares.
Liberdade e Em razão da autonomia inerente aos partidos, eles sofrerão intervenção mínima do
Autonomia Estado, tendo liberdade para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
Partidária escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária (art. 17, § 1º, CF/88, com redação dada pela EC nº 97, de 2017).
Sobre a regra da verticalização das coligações eleitorais, lembremos que a partir das
eleições de 2010 ela não mais foi aplicada.
130
No que tange à fidelidade partidária, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência
do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária para aqueles
que são eleitos pelo sistema proporcional, manifestando-se pela competência da justiça
eleitoral para decretar a perda do mandato do Deputado Federal (ou estadual, distrital ou
Vereador) que trocar de partido, sem justa causa.
Financiamento As contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e partidos políticos são
dos Partidos inconstitucionais. Por outro lado, as contribuições de pessoas físicas são válidas e
regulam-se de acordo com a lei em vigor.
Recursos do Art.17 § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
fundo partidário à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
e acesso gratuito
ao rádio e à I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos
televisão votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas;
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é
assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os
tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
131
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores
que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos
casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei,
não computada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de
recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à
televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
132
Organização Político Administrativa do Estado
Forma de Estado A forma de Estado está relacionada com a distribuição do exercício do poder político em
razão de um território, de modo que a existência (ou não) de descentralização dará o
tom da opção feita pelo poder originário ao estruturar o Estado.
Estado Unitário Sua nota marcante é a centralização política, pois o poder encontra-se enraizado em
Estado um único núcleo estatal, do qual emanam todas as decisões. Em que pese a
inexistência de descentralização política, existe descentralização administrativa, o que
torna o Estado governável.
Estado Federado É a forma de Estado na qual existe descentralização no exercício do poder político,
estando este pulverizado em mais de uma entidade política, todas funcionando como
centros emanadores de comandos normativos e decisórios. O federalismo é, portanto,
a unidade na pluralidade.
A forma federada é a que rege nosso Estado desde que o Decreto nº 01proclamou a
República como forma de Governo e transformou as províncias em Estados federados,
consagrando a federação. Em apertada síntese, optar pela forma federada de Estado
resulta no reconhecimento Estado dos seguintes caracteres:
(1) descentralização no exercício do Poder Político;
(2) indissolubilidade do vínculo federativo, com a consequente inexistência do direito
à secessão;
(3) rigidez constitucional capaz de tornar o núcleo essencial da federação intocável a
ação supressiva do legislador ordinário, que jamais poderá empreender sua extinção;
(4) existência de um Tribunal Constitucional apto a interpretar e proteger a
Constituição do Estado Federal e dirimir os confrontos que possam advir da relação
entre os entes;
(5) previsão de um órgão legislativo que represente os poderes regionais, fazendo com
que as vontades parciais participem da formação da vontade nacional (total).
133
Quanto à atual Centrípetas: São as federações que concentram o maior volume de atribuições no
concentração de centro, no plano federal – como é o caso do Brasil.
poder
Centrífugas: As competências são mais abundantes entre as entidades regionais do que
no plano central – é o caso dos E.U.A, onde os estados-membros possuem mais tarefas
do que a entidade federal.
Quanto à Dual: Quando repartir atribuições isoladas para os entes federados, entregando a cada
repartição de um deles suas competências privativas que serão exercidas sem comunicação com os
competências demais entes, de forma independente.
Quanto às esferas Federalismo de 2º grau: O de segundo grau é típico das federações, pois estas, para se
integrantes da constituírem, somente precisam de uma ordem jurídica central (primeiro grau) e das
Federação ordens jurídicas regionais (segundo grau). Criado nos Estados Unidos da América, pátria
do conceito de federação, é adotado na maioria das federações mundo afora.
Federação
Características - Descentralização político-administrativa fixada pela constituição.
- Participação das vontades parciais na vontade geral.
- Auto-organização dos Estados-membros.
- Estado Unitário
Sua nota marcante é a centralização política, pois o poder encontra-se enraizado em um
único núcleo estatal, do qual emanam todas as decisões. É a forma básica de organização
política, cuja característica essencial é a concentração de poder por um único homem ou
órgão.
Federação x - Federação
Confederação * Estado
* Unidos pela constituição
* Membros são dotados de autonomia
* Veda o direito de secessão
* Atividades relacionadas a assuntos internos e externos
* Cidadãos possuem a nacionalidade do Estado Federal
- Confederação
* Pessoa jurídica de Direito Público
* Unidos por tratado internacional
* Membros são dotados de soberania
* Permite o direito de secessão
* Atividades voltadas especialmente aos negócios externos
* Cidadãos são nacionais dos respectivos Estados
Tipos de Federalismo
Quanto ao * Por Agregação
surgimento ou à Surge quando Estados Soberanos abrem mão de uma parcela de sua soberania para
origem formar um ente único, no qual os integrantes passam a ter apenas autonomia. O Estado
Federal passa ser soberano e os estados-membros autônomos. É o que ocorreu com os
EUA. O poder é direcionado dos estados periféricos para o centro (movimento
centrípeto).
* Centrífugo ou Descentralizador
É uma tentativa de reação à centralização do poder na esfera federal. A federação
brasileira surgiu nesse federalismo.
* De equilíbrio
135
Prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e diversidade. Busca-se uma
relação mais harmoniosa e equânime por meio da repartição equilibrada de competências
entre o ente central e os entes periféricos.
Quanto as *Simétrico
características É aquele que permite a identificação das características dominantes, frequentemente
dominantes encontradas nos outros estados. Há uma simetria entre a federação e as demais
federações existentes (outros países).
* Assimétrico
É aquele no qual há um rompimento com as linhas tradicionais definidoras do federalismo
simétrico, em razão do funcionamento do sistema federal. Município como ente
federativo no Brasil. Brasil
* Por Integração
Há uma relação de subordinação dos Estados à União, veiculada por meio de uma
repartição vertical de competências. A União estabelece as diretrizes que os Estados-
membros devem seguir, e estes estão subordinados às leis federais. Há uma hierarquia
entre lei federal e lei estadual. Adotado pelo Brasil na CF/67 e CF/69.
136
Atenção no
esquema
137
Vedações Constitucionais
A Constituição Federal veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles, ou seus
representantes, relações de dependência ou aliança, ressalvada, na formada lei, a colaboração de interesse
público.
É, igualmente, vedado aos entes federados recusar fé aos documentos públicos, devida a presunção de
veracidade que estes possuem.
Também não podem criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
138
Assim, compete à União cuidar das matérias em que predomina o interesse nacional,
aos Estados outorga-se os assuntos em que o interesse regional é de acentuada
preponderância, restando aos Municípios aquelas matérias nas quais é marcante o
interesse local, ao Distrito Federal confere-se atribuições de caráter regional e de cunho
local.
Materiais Existem também as competências materiais comuns, sistematizadas no art. 23, CF/88, que
Comuns – art. 23 serão cumpridas pela União em conjunto com lodos os demais entes federados.
CF/88 Como todos os entes estão aptos a realizar as atividades relacionadas às matérias
mencionadas nos incisos, a possibilidade conflitiva das atuações é óbvia. Daí porque é
necessária a instituição de diretrizes, capazes de minimizar o aparecimento de divergências
e neutralizar as que se efetivarem. É nesse sentido que o parágrafo único estabelece a
fixação, por lei complementar federal, de normalização que vise harmonizar o exercício das
atividades por parte dos entes.
139
Legislativas Verifica-se para a União competências legislativas concorrentes, pertencentes ao ente
Concorrentes – em estudo em concorrência com os Estados-membros e o Distrito Federal.
art. 24 CF/88 Nesse contexto, pode-se afirmar que a competência da União se resume à edição da
normatização geral (art. 24, § 1º, CF/88).
Por seu turno, os Estados-membros e o Distrito Federal serão competentes para fixaras
normas específicas, complementando a norma geral elaborada pela União (competência
suplementar-complementar) (art. 24, § 2º, CF/88).
Se a União não editar as normas gerais os Estados-membros e o Distrito Federal poderão
exercer competência legislativa plena, para atenderem a suas peculiaridades, referida
competência é intitulada "suplementar supletiva" (art. 24, § 3º, CF/88).
Todavia, pode acontecer de, posteriormente à edição da norma geral por um Estado (ou
pelo DF), ante a inércia da União, este ente decidir-se pela atuação e, finalmente,
editar a norma geral. Nesse caso, teremos a superveniência da norma geral federal.
E se qualquer Estado membro ou o Distrito Federal já tiver exercido a atribuição do § 3º
do art. 24 (competência suplementar-supletiva), valerá a norma federal posterior, que
terá o condão de suspender a norma estadual (ou distrital) anterior, onde houver
contrariedade entre elas (art. 24, § 4º, CF/88).
A regra, portanto, é a previsão de competências legislativas residuais para os Estados. Ademais destas,
identifica-se para os Estados também as competências:
(1) Materiais exclusivas: as competências materiais exclusivas estaduais são, via de regra, as remanescentes, o
que significa que abarcam as tarefas não enumeradas para a União no art. 21 e dissociadas dos assuntos de
interesse local —para os quais a atribuição pertence aos Municípios. Há que se mencionar, todavia, a existência
de, ao menos, uma competência material exclusiva expressa para os Estados, concernente à autorização que
referidas entidades possuem para explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, sendo vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação (art. 25, §
2º, CF/88).
(2) Legislativas privativas: os Estados-membros legislarão sobre os temas que não tenham sido enunciados nem
para a União, nem para os Municípios, tampouco estejam vedados pela Constituição da República. Para
exemplificar, pensemos na edição de leis sobre transporte público intermunicipal.
Competências do DF
A Constituição da República o prestigiou com uma competência legislativa cumulativa, prevendo que ao DF serão
atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios e a competência tributária dos
Municípios. 0 Distrito Federal também exerce as competências materiais comuns(do art. 23,CF/88), as
legislativas concorrentes (do art. 24, CF/88) e, se houver delegação por parte da União por lei complementar,
também poderá legislar sobre temas específicos elencados no art. 22, CF/88 (que trata das competências
legislativas privativas da União).
140
Repartição Constitucional de Competências
COMPETÊNCIAS - EXCLUSIVAS (art. 21)
MATERIAIS União
Tratam da
responsabilidade pelo - COMUNS (art. 23)
exercício de
determinados serviços
Todos os entes federados
públicos/administrativos
COMPETÊNCIAS - EXCLUSIVAS
LEGISLATIVAS Cada ente tem a sua, excluindo os demais.
É a competência para
a edição de normas. - PRIVATIVAS (art. 22 e p. único)
Os entes federados União. Pode ser delegada aos Estados para legislarem sobre determinada matéria, por
não podem legislar meio de Lei complementar. Desde que, sobre questões específicas.
sobre assuntos de
competência uns dos
- CONCORRENTES (art. 24)
outros, evitando a
superposição de Os municípios estão excluídos, cabe a União, Estados e Distrito Federal, que poderão
atividade legislativa, legislar concorrentemente sobre os assuntos constantes no artigo 24, mas, não há
mesmo na superposição. §§ 1º a 4º (à união competem às normas gerais; os Estados têm
competência competência suplementar; se a União não emitir as normas gerais, os Estados poderão
legislativa comum do exercer a competência plena sobre o assunto; se após o exercício da competência plena
artigo 24. dos Estados, surgir supervenientemente regulamentação sobre normas gerais da União,
a norma dos Estados terá a eficácia suspensa).
141
142
FORMAS DE
FORMAS DE GOVERNO SISTEMAS DE GOVERNO REGIMES DE GOVERNO
ESTADO
Autoritário
Parlamentarismo
(poder baseado na força)
Presidencialismo
República Federal
E ainda (menos relevante)
Monarquia Democrático Unitário
Semipresidencialismo
(poder baseado no
Sistema diretorial
consentimento)
FORMAS DE GOVERNO
Monarquia República
São as principais características da Monarquia: Surge, contemporaneamente (Revolução Francesa para
cá), como alternativa à monarquia absoluta. Tanto na
França como nos Estados Unidos, a república foi a forma
143
a) Irresponsabilidade política do de governo idealizada para implementar a soberania
governante: o governante não responde popular.
politicamente perante os demais poderes. O República significa “coisa pública” ou “coisa de todos”.
monarca ou o rei não praticam crime de Ela não é o Governo de um só, e sim, Governo de muitos
responsabilidade (que são infrações político ou da maioria.
administrativa), e também não podem ser
destituídos pelo Parlamento. The King can do no São as principais características:
wrong.
a) Responsabilização política do
b) Hereditariedade: na monarquia o Governante: o Governante possui responsabilidade
poder é transmitido por laços consanguíneos, política. O presidente da República pode praticar crime de
através da ascendência e descendência. The King responsabilidade (ex: impeachment).
never dies.
b) Eletividade: a transmissão do poder se dar
c) Vitaliciedade: o poder na monarquia através da eleição, o poder não é transmitido de pai para
é um poder vitalício, o rei ou o monarca ficam no filho e sim através do voto popular.
poder enquanto tiverem vivos ou tiverem saúde
para isso. c) Temporariedade: o poder não é vitalício, e
sim, poder temporário, logo teremos eleições a cada 04
anos. A alternância de poder é uma ideia fundamental na
república. Na República o poder tem que ser transitório.
SISTEMAS DE GOVERNO
Parlamentarismo Presidencialismo
É o sistema de Governo mais antigo, originou – se na O sistema presidencialista foi criado nos EUA em 1787,
Inglaterra, no sec. XVIII. para substituir a figura do monarca.
O único período da história brasileira que foi
adotado o sistema de governo Parlamentarista foi Desde o advento da República o sistema presidencialista
nos anos de 61 a 63. vem sendo adotado. São características do
presidencialismo:
São características do parlamentarismo:
Divisão de funções do Executivo: as duas funções a) Concentração do poder: a função de chefe
exercidas pelo executivo são dividas para duas de estado e chefe de governo reúne-se em uma única
pessoas distintas, existe a função de chefe de Estado pessoa, ou seja, o Presidente é o chefe de Estado e de
e a função de chefe de Governo. Governo, ele representa o país dentro e fora do país.
144
chefe de poder é o primeiro ministro que governa
com auxílio do gabinete. O gabinete é uma espécie
de ministério.
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
É uma pessoa jurídica de direito público, composta por
É um Estado para a comunidade internacional.
vários Estados.
Os estados membros são unidos, em regra, por um
Os estados membros são unidos por uma
tratado internacional, porém nada impede que haja uma
Constituição.
Constituição unindo os membros.
Os estados membros possuem autonomia. No
estado Federal quem tem soberania é a República
Federativa (Estado Federal), nenhum ente que Os estados membros possuem soberania.
compõe a Federação tem soberania, porém todos
os entes possuem autonomia.
É vedado o direito de secessão (é o direito de
abandonar, se separar dos demais Estados).
Princípio da indissolubilidade do pacto federativo
Os estados membros têm direito de secessão, a qualquer
art. 1º CF
momento que eles queiram eles podem se separar dos
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
demais Estados.
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
As decisões dos órgãos centrais são obrigatórias
Os estados membros possuem o direito de nulificação
para todos, numa federação quando o órgão
(esse termo, significa que numa confederação como os
central cria uma lei estabelecendo normas gerais,
estados que o compõe são soberanos se eles não
estas normas se estiverem dentro da competência
quiserem acatar determinadas normas eles não são
da união estas normas gerais são obrigatórias para
obrigados). As normas feitas pelo parlamento não são
todos, todos os entes da federação devem
obrigatórias.
respeitá-las.
Exerce atividades relacionadas a assuntos internos
Exerce atividades relacionadas ao plano externo, ou seja,
e externos, ou seja, numa federação temos a União
em uma confederação quem cuida dos assuntos internos
exercendo atividades no plano internacional e
de cada país são os próprios países.
atividades no plano nacional.
146
As pessoas não tem apenas uma nacionalidade, as
Os cidadãos possuem a nacionalidade do Estado
pessoas possuem a nacionalidade de seu próprio país.
Federal, ou seja, numa federação só existe uma
Cada cidadão preserva a nacionalidade do seu respectivo
nacionalidade. Ex: todos que vivem no Brasil só
Estado. Ex: no MERCOSUL cada um possui sua
possuem uma nacionalidade, a brasileira.
nacionalidade, brasil – brasileiro, argentina – argentino,
A nacionalidade é do país e não dos Estados.
não existe “mercosunianos”.
Há apenas um órgão comum a todos os estados que é o
O poder central é dividido em Legislativo, Congresso Confederal, ou seja, a confederação em regra
Executivo e Judiciário. só tem o legislativo. O Judiciário e o Executivo
permanecem sendo restrito a cada país.
Quadro-resumo: A Federação brasileira é de primeiro grau, visto que declina competências da União para os
Estados, e de segundo grau, pois avança dos Estados para os Municípios. Foi formada por segregação ou
desagregação, ou seja, havia um Estado unitário que se descentralizou criando várias unidades autônomas. É
vedado o direito de secessão, pois um ente não pode decidir se separar do Brasil. E, por fim, realmente não há
superioridade de nenhum ente.
Súmulas de Competências Legislativas
Súmula Vinculante 49 STF Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
Súmula Vinculante 2 STF É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
Súmula Vinculante 38 STF É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Súmula Vinculante 46 STF A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.
Súmula 419 STF Os municípios tem competência para regular o horário do comércio local, desde que
não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. • Válida, em parte. Isso porque não
é da competência dos Estados-membros legislar sobre horário do comércio local. Já
no que tange a leis federais, estas, eventualmente, poderão legislar sobre horário de
funcionamento se a questão não for apenas de interesse local (vide Súmula 19-STJ).
Súmula 19 STJ A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da
União.
Súmula 722 STF São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade
e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. • O
entendimento acima continua válido, mas foi aprovada a súmula vinculante 46 com
praticamente o mesmo teor, substituindo esta.
Súmula 39 STF Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
Súmula 647 STF Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar do Distrito Federal.
Súmula 645 STF É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial. • O entendimento acima continua válido, mas foi
aprovada a súmula vinculante 38 com o mesmo teor.
147
sanitário inscrevam os usuários esgotamento sanitário. STF. Plenário. ADI 6668/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes,
inadimplentes no SPC/Serasa julgado em 11/2/2022 (Info 1043).
É inconstitucional lei estadual Os arts. 2º, III; 3º, II, “c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais,
que legitime ocupações em ampliaram os casos de ocupação antrópica em áreas de preservação permanente
solo urbano de área de
preservação permanente (APP) previstos na norma federal vigente à época (no caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada
fora das situações previstas em pela Lei nº 13.465/2017). Com isso, essa lei estadual, além de estar em descompasso
normas gerais editadas pela com o conjunto normativo elaborado pela União, flexibilizou a proteção ao meio
União ambiente local, tornando-o mais propenso a sofrer danos.
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional a lei estadual que disciplina, no âmbito do ente federado,
que imponha obrigações às aspectos das relações entre seguradoras e segurados Esta lei estadual viola a
empresas seguradoras, sendo
também inconstitucional lei competência privativa da União para legislar sobre direito civil, seguros, trânsito e
estadual, de iniciativa transporte (art. 22, I, VII e XI, da CF/88). São inconstitucionais normas estaduais que
parlamentar, que imponha disponham sobre relações contratuais securitárias, por consubstanciarem tema de
obrigações ao DETRAN direito civil e seguros, afetos à competência legislativa privativa da União (art. 22, I
e VII, CF/88).
É inconstitucional lei estadual Foi declarada a inconstitucionalidade da Lei nº 11.962/2021, do Estado da Paraíba,
que proíbe a cobrança de juros, que previa o seguinte: Art. 1º Fica vedada a cobrança de juros, multas e demais
multas e parcelas vencidas de
contratos de financiamento encargos financeiros, além da inscrição do consumidor junto aos órgãos de proteção
ao crédito, em razão do inadimplemento de contratos de financiamento, quando o
inadimplemento das parcelas decorrer de ação de boa-fé do consumidor no
cumprimento de legislação vigente a época do inadimplemento. STF. Plenário. ADI
6938/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/11/2021 (Info 1038).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de
que preveja que os serviços ensino a obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes
privados de educação são
obrigados a conceder, a seus preexistentes.
clientes preexistentes, os
mesmos benefícios de Lei fluminense dizia que os serviços privados de educação prestados de forma
promoções posteriormente contínua no Estado do Rio de Janeiro seriam obrigados a conceder, a seus clientes
realizadas
preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormente realizadas. O
STF declarou a inconstitucionalidade dessa previsão.
148
A norma estadual, ao impor aos prestadores de serviços de ensino a obrigação de
estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes, promove
ingerência indevida em relações contratuais estabelecidas, sem que exista conduta
abusiva por parte do prestador. Logo, afronta o art. 22, I, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 6614/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 12/11/2021 (Info 1037).
É constitucional lei estadual do É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de serviço
trote telefônico telefônico são obrigadas a fornecer, sob pena de multa, os dados pessoais dos
usuários de terminais utilizados para passar trotes aos serviços de emergência.
STF. Plenário. ADI 4924/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/11/2021 (Info
1036)
É inconstitucional lei estadual Compete à União definir regras de suspensão e interrupção do fornecimento dos
que veda o corte do serviços de energia elétrica. Em razão disso, é inconstitucional lei estadual que
fornecimento de água e luz, em
determinados dias, pelas proíbe que as empresas concessionárias ou permissionárias façam o corte do
empresas concessionárias, por fornecimento de água, energia elétrica e dos serviços de telefonia, por falta de
falta de pagamento pagamento, em determinados dias (ex: sextas-feiras, vésperas de feriados etc.).
STF. Plenário. ADI 5798/TO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/11/2021 (Info
1036).
Obs1: vide Lei nº 14.015/2020, que alterou a Lei nº 8.987/95 e a Lei nº 13.460/2017.
Obs2: cuidado com o entendimento excepcional do STF durante o período da
pandemia da Covid-19 (STF. Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 28/5/2021. Info 1019).
O proprietário de cão-guia ou Caso concreto: o art. 81 da Lei estadual nº 12.907/2008, do Estado de São Paulo,
seu instrutor/adestrador não exigiu que a identificação do cão-guia seja expedida por escola de cães-guia
estão obrigados a se filiarem,
ainda que indiretamente, a vinculada à Federação Internacional de Cães-Guia. De igual modo, o art. 85 afirmou
federação internacional que os instrutores e treinadores, assim como as escolas de treinamento, devem ser
reconhecidos e filiados à Federação Internacional de Cães-Guia.
O STF julgou inconstitucionais tais exigências. O art. 24, XIV, da CF/88 prevê que
compete à União editar normas gerais de proteção às pessoas com deficiência.
No exercício dessa competência, a União editou a Lei federal nº 11.126/2005, que
dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer
em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia. Essa Lei – que é a norma
geral sobre o tema – não exige essa filiação à Federação Internacional de Cães-Guia.
Além disso, tal exigência afronta o direito constitucional de livre associação
garantido no art. 5º, XX, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4267/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 22/10/2021 (Info 1035).stf
A competência privativa da A competência privativa da União para a edição de normas gerais sobre inatividades
União para legislar sobre e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares (artigo 22, XXI,
normas gerais de previdência
dos militares estaduais não da Constituição, na redação da Emenda Constitucional 103/2019) não exclui a
abrange a fixação das alíquotas competência legislativa dos Estados para a fixação das alíquotas da contribuição
das contribuições previdenciária incidente sobre os proventos de seus próprios militares inativos e
previdenciárias pensionistas, tendo a Lei Federal 13.954/2019, no ponto, incorrido em
inconstitucionalidade. STF. Plenário. RE 1.338.750/SC, Rel. Luiz Fux, julgado em
21/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 1.177).
Estado-membro possui É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de
competência para editar lei internet móvel e banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura
obrigando empresas de internet
149
a apresentar na fatura da conta mensal, gráficos sobre o registro médio diário de entrega da velocidade de
a velocidade efetivamente recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.
oferecida no mês
STF. Plenário. ADI 6893/ES, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info
1033).
Lei de iniciativa parlamentar É inconstitucional lei estadual de iniciativa parlamentar que disponha sobre a
não pode conceder anistia a concessão de anistia a infrações administrativas praticadas por policiais civis,
servidores públicos
militares e bombeiros. STF. Plenário. ADI 4928/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator
do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Info 1033).
É inconstitucional lei estadual Invade a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da
que dispõe sobre a aceitação de educação nacional lei estadual que dispõe sobre reconhecimento de diploma obtido
diplomas expedidos por
universidades estrangeiras por instituições de ensino superior de países estrangeiros. STF. Plenário. ADI
6592/AM, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info 1028).
É inconstitucional lei estadual Pendente a legislação federal prevista na redação atual do art. 18, § 4º, da
que permita a criação, Constituição Federal, são inadmissíveis os regramentos estaduais que possibilitem o
incorporação, fusão e
desmembramento de surgimento de novos municípios e que invadam a competência da União para
municípios sem a edição prévia disciplinar o tema. É inconstitucional lei estadual que permita a criação,
das leis federais previstas no incorporação, fusão e desmembramento de municípios sem a edição prévia das leis
art. 18, § 4º, da CF/88 federais previstas no art. 18, § 4º, da CF/88, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15/96. STF. Plenário. ADI 4711/RS, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 3/9/2021 (Info 1028).
É constitucional lei municipal Compete aos municípios legislar sobre a obrigatoriedade de instalação de
que disponha sobre a hidrômetros individuais nos edifícios e condomínios, em razão do preponderante
obrigatoriedade de instalação
de hidrômetros individuais em interesse local envolvido. STF. Plenário. RE 738481/SE, Rel. Min. Edson Fachin,
edifícios e condomínios julgado em 16/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 849) (Info 1025).
É constitucional lei estadual Não invade a competência da União para o estabelecimento de normas gerais sobre
que autoriza a comercialização consumo e desporto a autorização e regulamentação, por Estado-membro, da venda
de bebidas alcoólicas em
eventos esportivos e do consumo de bebidas alcoólicas em eventos esportivos. STF. Plenário. ADI
5112/BA, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 16/8/2021 (Info 1025).
150
Norma estadual não pode É formalmente inconstitucional portaria do Departamento Estadual de Trânsito
dispor sobre condições para o (Detran) que dispõe sobre condições para o exercício de atividade profissional.
exercício de atividade
profissional Caso concreto: o Detran/TO editou portaria regulamentando a profissão de
despachante de trânsito. STF. Plenário. ADI 6754/TO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 25/6/2021 (Info 1023).
Norma estadual pode proibir a Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição
caça em seu território estadual que proíbe a caça em seu respectivo território. STF. Plenário. ADI 350/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional legislação estadual que impeça as operadoras de planos de saúde
que obriga planos de saúde a de recusarem o atendimento ou a prestação de alguns serviços, no âmbito de seu
atenderem os clientes com
Covid-19 mesmo que eles território, aos usuários diagnosticados ou suspeitos de estarem com Covid-19, em
estejam no período de carência razão de período de carência contratual vigente. Essa norma é inconstitucional por
contratual usurpar competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil, Comercial e
política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6493/PB, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021).
É inconstitucional norma de Os Municípios têm competência para legislar sobre assuntos de interesse local
Constituição Estadual que veda compreendendo o ordenamento territorial, o planejamento urbano e a fiscalização
aos municípios a possibilidade
de alterarem destinação, os fins de áreas de uso e ocupação do solo (art. 30, I e VII, da CF/88).
e os objetivos originários de
loteamentos definidos como
áreas verdes ou institucionais É formalmente inconstitucional norma estadual pela qual se dispõe sobre direito
urbanístico em contrariedade ao que se determina nas normas gerais estabelecidas
pela União e em ofensa à competência dos Municípios para legislar sobre assuntos
de interesse local, sobre os quais incluídos política de desenvolvimento urbano,
planejamento, controle e uso do solo.
De igual modo, é inconstitucional norma de Constituição estadual que, a pretexto de
organizar e delimitar competência de seus respectivos Municípios, ofende o
princípio da autonomia municipal, previsto no art. 18, no art. 29 e no art. 30 da
CF/88. STF. Plenário. ADI 6602/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/6/2021
(Info 1021).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo de 24 horas para as
que estabeleça prazo máximo empresas de plano de saúde regionais autorizarem ou não solicitações de exames e
para que os planos de saúde
autorizem solicitações de procedimentos cirúrgicos em seus usuários que tenham mais de 60 anos. Essa lei é
exames e procedimentos inconstitucional por usurpar competência privativa da União para legislar sobre
cirúrgicos Direito Civil e política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 6452/ES, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021).
É inconstitucional norma A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual
constitucional estadual pela diferentes daquelas que são elencadas no art. 35 da Constituição Federal.
qual se prevê hipótese de
intervenção estadual em As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas.
municípios não contemplada no Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da
art. 35 da Constituição Federal Constituição do Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia intervir
nos Municípios quando: IV – se verificasse, sem justo motivo, impontualidade no
pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V – fossem praticados, na
administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados.
151
STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info
1014).
Não é possível o envio da Força Compete ao Ministro da Justiça determinar a ida da Força Nacional de Segurança
Nacional de Segurança para Pública para atuar em determinado Estado-membro ou Distrito Federal.
atuar no Estado-membro sem
que tenha havido pedido ou Segundo a redação do art. 4º do Decreto nº 5.289/2004 a determinação do emprego
concordância do Governador da Força Nacional pode ocorrer de duas formas:
1) mediante solicitação expressa do Governador formulada ao Ministro da Justiça;
2) mediante iniciativa do próprio Ministro da Justiça, mesmo sem solicitação do
Governador.
Vale ressaltar que Estados e Municípios não podem fechar fronteiras, pois sairiam
de suas competências constitucionais. A adoção de medidas restritivas relativas à
locomoção e ao transporte, por qualquer dos entes federativos, deve estar
embasada em recomendação técnica fundamentada de órgãos da vigilância
sanitária e tem de preservar o transporte de produtos e serviços essenciais, assim
definidos nos decretos da autoridade federativa competente.
STF. Plenário. ADI 6343 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 6/5/2020 (Info 976).
A Constituição Estadual não A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual
pode disciplinar sobre diferentes daquelas que são previstas no art. 35 da Constituição Federal.
intervenção estadual de forma
diferente das regras previstas As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas.
na Constituição Federal Caso concreto: STF julgou inconstitucional dispositivo da Constituição de
Pernambuco que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios caso
ali ocorressem atos de corrupção e improbidade administrativa.
STF. Plenário. ADI 2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
É inconstitucional lei estadual Os Estados-membros e o Distrito Federal não dispõem de competência para legislar
que disponha sobre o horário de sobre horário de verão, eis que falece a qualquer ente federado competência
verão pois usurpa competência
da União para organizar e legislativa para dispor sobre o seu próprio horário, considerada a dimensão nacional
manter os serviços oficiais de que qualifica essa particular atribuição que a Constituição da República outorgou,
geografia, geologia e em regime de exclusividade, à União Federal, sob pena de entendimento em sentido
cartografia em âmbito nacional, contrário gerar a possibilidade anárquica de o Brasil vir a submeter-se a tantas horas
vide art. 21, XV da CF.
oficiais quantas forem as unidades da Federação.
Para que sejam alterados os limites territoriais de um Município é necessária a
Alteração dos limites de um realização de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
Município exige plebiscito envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88.
STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,
julgado em 9/8/2017 (Info 872).
É necessária a edição de LC Para a criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º, da CF/88 exige a edição de uma
federal para que possam ser Lei Complementar Federal estabelecendo o procedimento e o período no qual os
criados novos municípios
Municípios poderão ser criados, incorporados, fundidos ou desmembrados.
Como atualmente não existe essa LC, as leis estaduais que forem editadas criando
novos Municípios serão inconstitucionais por violarem a exigência do § 4º do art. 18.
STF. Plenário. ADI 4992/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2014 (Info
758).
Norma estadual não pode tratar É inconstitucional norma de Constituição Estadual que disponha sobre o depósito
sobre depósito de lixo atômico e de lixo atômico e a instalação de usinas nucleares.
instalação de usinas nucleares
STF. Plenário. ADI 6895/PB, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 14/9/2021 (Info
1029).
É inconstitucional lei estadual Invade a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da
que dispõe sobre a aceitação de educação nacional lei estadual que dispõe sobre reconhecimento de diploma obtido
diplomas expedidos por
universidades estrangeiras por instituições de ensino superior de países estrangeiros. STF. Plenário. ADI
6592/AM, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info 1028).
É constitucional lei municipal Compete aos municípios legislar sobre a obrigatoriedade de instalação de
que disponha sobre a hidrômetros individuais nos edifícios e condomínios, em razão do preponderante
obrigatoriedade de instalação
de hidrômetros individuais em interesse local envolvido. STF. Plenário. RE 738481/SE, Rel. Min. Edson Fachin,
edifícios e condomínios julgado em 16/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 849) (Info 1025).
É constitucional lei estadual que Não invade a competência da União para o estabelecimento de normas gerais sobre
autoriza a comercialização de consumo e desporto a autorização e regulamentação, por Estado-membro, da venda
bebidas alcoólicas em eventos
esportivos e do consumo de bebidas alcoólicas em eventos esportivos. STF. Plenário. ADI
5112/BA, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 16/8/2021 (Info 1025).
Norma estadual não pode É formalmente inconstitucional portaria do Departamento Estadual de Trânsito
dispor sobre condições para o (Detran) que dispõe sobre condições para o exercício de atividade profissional.
exercício de atividade
profissional Caso concreto: o Detran/TO editou portaria regulamentando a profissão de
despachante de trânsito. STF. Plenário. ADI 6754/TO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 25/6/2021 (Info 1023).
Norma estadual pode proibir a Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição
caça em seu território estadual que proíbe a caça em seu respectivo território. STF. Plenário. ADI 350/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional legislação estadual que impeça as operadoras de planos de saúde
que obriga planos de saúde a de recusarem o atendimento ou a prestação de alguns serviços, no âmbito de seu
atenderem os clientes com
Covid-19 mesmo que eles território, aos usuários diagnosticados ou suspeitos de estarem com Covid-19, em
estejam no período de carência razão de período de carência contratual vigente. Essa norma é inconstitucional por
contratual usurpar competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil, Comercial e
política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 6493/PB, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021).
154
É inconstitucional norma de Os Municípios têm competência para legislar sobre assuntos de interesse local
Constituição Estadual que veda compreendendo o ordenamento territorial, o planejamento urbano e a fiscalização
aos municípios a possibilidade
de alterarem destinação, os fins de áreas de uso e ocupação do solo (art. 30, I e VII, da CF/88).
e os objetivos originários de É formalmente inconstitucional norma estadual pela qual se dispõe sobre direito
loteamentos definidos como urbanístico em contrariedade ao que se determina nas normas gerais estabelecidas
áreas verdes ou institucionais pela União e em ofensa à competência dos Municípios para legislar sobre assuntos
de interesse local, sobre os quais incluídos política de desenvolvimento urbano,
planejamento, controle e uso do solo.
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo de 24 horas para as
que estabeleça prazo máximo empresas de plano de saúde regionais autorizarem ou não solicitações de exames e
para que os planos de saúde
autorizem solicitações de procedimentos cirúrgicos em seus usuários que tenham mais de 60 anos. Essa lei é
exames e procedimentos inconstitucional por usurpar competência privativa da União para legislar sobre
cirúrgicos Direito Civil e política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI
6452/ES, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 11/6/2021 (Info 1021).
É incompatível com a O art. 50, caput e § 2º, da CF/88 traduz norma de observância obrigatória pelos
Constituição Federal ato Estados-membros que, por imposição do princípio da simetria (art. 25 da CF/88), não
normativo estadual que amplie
as atribuições de fiscalização podem ampliar o rol de autoridades sujeitas à fiscalização direta pelo Poder
do Legislativo local e o rol de Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade. STF. Plenário. ADI 5289/SP, Rel.
autoridades submetidas à Min. Marco Aurélio, julgado em 7/6/2021 (Info 1020).
solicitação de informações
Norma estadual não pode É formalmente inconstitucional ato normativo local que, a pretexto de prescrever
regulamentar a profissão de regras de caráter administrativo, regulamente o exercício da profissão de
despachante
despachante junto a órgãos de trânsito. STF. Plenário. ADI 6749/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 2/6/2021 (Info 1024).
É constitucional lei estadual que Atendida a razoabilidade, é constitucional legislação estadual que prevê a vedação
proibiu o corte de energia do corte do fornecimento residencial dos serviços de energia elétrica, em razão do
elétrica durante a pandemia da
Covid-19 inadimplemento, parcelamento do débito, considerada a crise sanitária.
STF. Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/5/2021 (Info
1019).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que estabeleça redução das mensalidades no âmbito
que reduziu o valor das da rede privada de ensino, enquanto perdurarem as medidas temporárias para o
mensalidades escolares
durante a pandemia da Covid- enfrentamento da pandemia da Covid-19. STF. Plenário. ADI 6445/PA, Rel. Min.
19 Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 28/5/2021 (Info
1019).
É constitucional lei estadual que Não havendo norma federal disciplinadora, é constitucional lei estadual que proíba
proíba a utilização de animais a utilização de animais para desenvolvimento, experimento e teste de produtos
para testes de produtos
cosméticos; a lei estadual, cosméticos, higiene pessoal, perfumes, limpeza e seus componentes.
contudo, não pode proibir a É inconstitucional norma estadual que vede a comercialização de produtos
comercialização de produtos
155
que tenham sido desenvolvidos desenvolvidos a partir de teste em animais, bem como a que determina que conste
a partir de testes em animais no rótulo informação acerca da não realização de testes em animais.
STF. Plenário. ADI 5995/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2021 (Info
1019).
É inconstitucional a Lei Distrital É inconstitucional a Lei Distrital que atribui autonomia administrativa e financeira
que atribui autonomia aos respectivos órgãos policiais. STF. Plenário. ADI 6611, Rel. Min. Alexandre De
administrativa e financeira aos
respectivos órgãos policiais Moraes, julgado em 17/05/2021.
Lei estadual não pode proibir a Por usurpar a competência da União para legislar privativamente sobre direito civil
suspensão de planos de saúde e política de seguros, é formalmente inconstitucional lei estadual que estabelece a
por inadimplência, mesmo
durante a pandemia possibilidade de o Poder Executivo proibir a suspensão ou o cancelamento de planos
de saúde por falta de pagamento durante a situação de emergência do novo
coronavírus (Covid-19). STF. Plenário. ADI 6441/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 14/5/2021 (Info 1017).
É formalmente inconstitucional É inconstitucional norma estadual que vede ao consumidor, pessoa física, o
lei estadual que proíba a abastecimento de veículos em local diverso do posto de combustível.
atividade de delivery de
gasolina e etanol; isso porque a STF. Plenário. ADI 6580/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info
competência para legislar sobre 1016)
energia é privativa da União
Lei estadual pode proibir que É constitucional a proibição — por lei estadual — de que instituições financeiras,
instituições financeiras, correspondentes bancários e sociedades de arrendamento mercantil façam
correspondentes bancários e
empresas de leasing façam telemarketing, oferta comercial, proposta, publicidade ou qualquer tipo de atividade
propaganda de empréstimos tendente a convencer aposentados e pensionistas a celebrarem contratos de
para aposentados e empréstimo.
pensionistas
Essa lei trata sobre defesa do consumidor, matéria que é de competência
concorrente (art. 24, V, da CF/88), servindo para suplementar os princípios e as
normas do CDC e reforçar a proteção dos consumidores idosos, grupo em situação
de especial vulnerabilidade econômica e social. STF. Plenário. ADI 6727/PR, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016).
É inconstitucional lei municipal É inconstitucional lei municipal que estabeleça limitações à instalação de sistemas
que discipline a instalação de transmissores de telecomunicações por afronta à competência privativa da União
sistemas transmissores de
telecomunicações para legislar sobre telecomunicações, nos termos dos arts. 21, XI, e 22, IV, da
Constituição Federal. STF. Plenário. ADPF 732/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 26/4/2021 (Info 1014).
É inconstitucional lei estadual, É formalmente inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que, ao dispor
de iniciativa parlamentar, que sobre ensino a distância, proíba a utilização do termo “tutor”, além de criar
crie requisitos para o exercício
da atividade de tutoria no restrições e requisitos para exercício da atividade de tutoria.
ensino a distância STF. Plenário. ADI 5997/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 16/4/2021 (Info 1013).
É constitucional lei estadual que São constitucionais as normas estaduais, editadas em razão da pandemia causada
proibiu o corte de energia pelo novo coronavírus, pelas quais veiculados a proibição de suspensão do
elétrica durante a pandemia da
Covid-19 fornecimento do serviço de energia elétrica, o modo de cobrança, a forma de
pagamentos dos débitos e a exigibilidade de multa e juros moratórios.
STF. Plenário. ADI 6432/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info
1012).
156
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional norma estadual que onere contrato de concessão de energia
que autoriza o Poder Executivo elétrica pela utilização de faixas de domínio público adjacentes a rodovias estaduais
a cobrar um valor das
concessionárias de energia ou federais. Isso porque a União, por ser titular da prestação do serviço público de
elétrica pela utilização das energia elétrica (art. 21, XII, “b” e art. 22, IV, da CF/88), detém a prerrogativa
faixas de domínio e das áreas constitucional de estabelecer o regime e as condições da prestação desse serviço
adjacentes às rodovias por concessionárias, o qual não pode sofrer ingerência normativa dos demais entes
estaduais e federais delegadas
políticos. STF. Plenário. ADI 3763/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021
(Info 1012).
Lei estadual pode proibir É constitucional legislação estadual que proíbe toda e qualquer atividade de
publicidade dirigida às crianças comunicação comercial dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação
nos estabelecimentos de
educação básica básica. STF. Plenário. ADI 5631/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/3/2021
(Info 1011).
É possível que Município proíba É possível que Município proíba o uso de fogos de artifício ruidosos.
o uso de fogos de artifício STF. Plenário. ADPF 567, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 01/03/2021.
ruidosos
É constitucional lei estadual que Normas estaduais que disponham sobre obrigações destinadas às empresas de
limita ligações de telemarketing telecomunicações, relativamente à oferta de produtos e serviços, incluem-se na
competência concorrente dos estados para legislarem sobre direitos do consumidor.
STF. Plenário. ADI 5962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/2/2021 (Info
1007).
É inconstitucional lei estadual O STF julgou inconstitucional a Lei estadual 16.109/2009 do Paraná, que determinava que a
que trate sobre o registro de Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) e a Universidade Estadual de Ponte
diplomas de curso a distância Grossa (UEPG) procedessem aos registros dos diplomas de conclusão de cursos na área de
por universidades estaduais
Educação, na modalidade semipresencial, expedidos pela Faculdade Vizinhança Vale do
Iguaçu (Vizivali).
A lei paranaense, ao conferir validade nacional aos diplomas e restringir seu registro apenas
à UEPG e à Unicentro, descumpriu expressamente norma constitucional que confere à União
a competência para legislar sobre diretrizes e bases da educação.
Da análise da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal nº 9.394/96) e do
Decreto nº 5.622/2005, depreende-se que a competência para credenciar instituições de
ensino para oferta de cursos ou programas de formação a distância é apenas do Ministério
da Educação. Aos Conselhos Estaduais de Educação compete unicamente autorizar,
reconhecer e credenciar cursos das instituições de ensino superior na modalidade
presencial.
O STF, em outras ocasiões, tem reafirmado que a prerrogativa para credenciar instituições
de ensino superior, seja na modalidade a distância ou na semipresencial (que se apresentam
como vertentes do mesmo tipo de modalidade de ensino), é da União. Não se trata, no caso,
do exercício de competência suplementar estadual, pois a matéria já recebe tratamento
uniforme em nível federal.
Norma estadual que obriga É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviço público
notificação para vistoria no de fornecimento de energia elétrica e água a notificarem, com aviso de recebimento,
medidor de energia é
constitucional a realização de vistoria técnica em medidor localizado nas residências de usuários,
ante a competência concorrente dos Estados para legislar sobre proteção aos
consumidores.
STF. Plenário. ADI 4914, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/12/2020.
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das
que reduziu o valor das mensalidades da rede privada de ensino durante a vigência das medidas restritivas para o
mensalidades escolares enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo Coronavírus.
durante a pandemia da Covid-
Essa lei viola a competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil (art. 22, I, da
19
CF/88).
Ao estabelecer uma redução geral dos preços fixados nos contratos para os serviços
educacionais, a leis alterou, de forma geral e abstrata, o conteúdo dos negócios jurídicos, o
que as caracteriza como norma de Direito Civil.
É constitucional lei estadual queÉ constitucional norma estadual que disponha sobre a obrigação de as operadoras
obriga a empresa de telefonia de telefonia móvel e fixa disponibilizarem, em portal da “internet”, extrato
celular a disponibilizar na
internet extrato detalhado das detalhado das chamadas telefônicas e serviços utilizados na modalidade de planos
chamadas telefônicas e “pré-pagos”. Trata-se de norma sobre direito do consumidor que admite
serviços utilizados nos planos regulamentação concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da
pré-pagos Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5724/PI, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional norma estadual que autoriza a suspensão, pelo prazo de 120 dias,
que autoriza suspensão da do cumprimento de obrigações financeiras referentes a empréstimos realizados e
cobrança de empréstimos
consignados, mesmo que empréstimos consignados.
durante a pandemia da covid-19 Ao interferir nas relações obrigacionais firmadas entre instituições de crédito e os
tomadores de empréstimos, a lei adentrou em matéria relacionada com direito civil
e com política de crédito, assuntos que são de competência legislativa privativa da
158
União, nos termos do art. 22, I e VII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6495/RJ, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
É constitucional lei estadual que A exploração de loterias ostenta natureza jurídica de serviço público (art. 175, caput,
disponha sobre o serviço da CF/88), dada a existência de previsão legal expressa.
público de loteria?
Os arts. 1º e 32 do Decreto-Lei 204/1967, ao estabelecerem a exclusividade da União
sobre a prestação dos serviços de loteria, não foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988, pois colidem frontalmente com o art. 25, § 1º, da
CF/88, ao esvaziarem a competência constitucional subsidiária dos Estados-
membros para a prestação de serviços públicos que não foram expressamente
reservados pelo texto constitucional à exploração pela União (art. 21 da CF/88).
Por outro lado, as legislações estaduais instituidoras de loterias, seja via lei estadual
ou por meio de decreto, devem simplesmente viabilizar o exercício de sua
competência material de instituição de serviço público titularizado pelo Estado-
membro, de modo que somente a União pode definir as modalidades de atividades
lotéricas passíveis de exploração pelos Estados.
STF. Plenário. ADI 3050, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 04/11/2020.
É inconstitucional lei estadual São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações de
que obriga as operadoras de compartilhamento de dados com órgãos de segurança pública às concessionárias de
telefonia a fornecer os dados de
localização de celulares telefonia, por configurar ofensa à competência privativa da União para legislar sobre
furtados ou roubados telecomunicações (arts. 21, XI e 22, IV).
É constitucional lei estadual que É constitucional norma estadual que disponha sobre a exposição de produtos
preveja espaço exclusivo para orgânicos em estabelecimentos comerciais. STF. Plenário. ADI 5166/SP, Rel. Min.
produtos orgânicos nas lojas
Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 997).
Lei estadual que responsabiliza É constitucional a Lei nº 5.751/98, do estado do Espírito Santo, de iniciativa
Estado-membro por danos parlamentar, que versa sobre a responsabilidade do ente público por danos físicos e
causados a pessoas presas na
ditadura é constitucional psicológicos causados a pessoas detidas por motivos políticos.
STF. Plenário. ADI 3738/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info
997).
É inconstitucional lei estadual A Lei 3.528/2019, do Estado de Tocantins, instituiu o Cadastro Estadual de Usuários
que institui cadastro estadual e Dependentes de Drogas. Essa norma é formalmente inconstitucional, uma vez que,
de usuários de drogas
159
ao criar o Cadastro Estadual de Usuários e Dependentes de Drogas, no âmbito da
Secretaria Estadual de Segurança Pública, com informações relacionadas com o
registro de ocorrência policial, inclusive sobre reincidência, a lei invadiu
competência privativa da União para legislar sobre matéria penal e processual penal
(art. 22, I, da CF/88).
Lei estadual pode exigir que, no É constitucional norma estadual que dispõe sobre a obrigatoriedade de rotulagem
rótulo dos produtos em produtos de gêneros alimentícios destinados ao consumo humano e animal, que
alimentícios, seja mencionada a
presença de organismo sejam constituídos ou produzidos a partir de organismos geneticamente
geneticamente modificado modificados, no percentual igual ou superior a 1%, no âmbito do Estado federado.
quando o percentual existente É o caso, por exemplo, da Lei nº 14.274/2010, do Estado de São Paulo.
no produto seja igual ou STF. Plenário. ADI 4619/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 9/10/2020 (Info 994).
superior a 1%
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias ou
que veda o corte do permissionárias façam o corte do fornecimento de água, energia elétrica e dos
fornecimento de água e luz, em
determinados dias, pelas serviços de telefonia, por falta de pagamento, em determinados dias (ex: sextas-
empresas concessionárias, por feiras, vésperas de feriados etc.). STF. Plenário. ADI 3824/MS, Rel. Min. Celso de
falta de pagamento Mello, julgado em 02/10/2020.
Art. 6º São direitos básicos do usuário: (...) VII – comunicação prévia da suspensão
da prestação de serviço. Parágrafo único. É vedada a suspensão da prestação de
serviço em virtude de inadimplemento por parte do usuário que se inicie na sexta-
feira, no sábado ou no domingo, bem como em feriado ou no dia anterior a feriado.
Os estados-membros detêm A competência da União para legislar privativamente sobre sistemas de consórcios
competência administrativa e sorteios, inclusive loterias, não obsta a competência material (administrativa) para
para explorar loterias
a exploração dessas atividades pelos entes estaduais ou municipais, nem a
competência regulamentar dessa exploração. Os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do
Decreto-Lei 204/1967 não foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988.
STF. Plenário. ADPF 492/RJ, ADPF 493/DF e ADI 4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 30/9/2020 (Info 993).
Os entes federativos podem O art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020 autoriza que os gestores locais
decretar a requisição de saúde (secretarias estaduais e municipais, p. ex.), mesmo sem autorização do
administrativa de bens e
serviços para enfrentar a Covid- Ministério da Saúde, façam a requisição de bens e serviços.
19 sem necessidade de
autorização do Ministério da O STF afirmou que esses dispositivos são constitucionais. Não se exige autorização
Saúde do Ministério da Saúde para que os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
decretem a requisição administrativa prevista no art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei
nº 13.979/2020, no exercício de suas competências constitucionais. STF. Plenário.
ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).
CE não pode prever que o A exigência de prévia autorização da assembleia legislativa para o governador e o
Governador (ou o Vice) vice-governador do Estado ausentarem-se, “em qualquer tempo”, do território
precisará de autorização para
se ausentar do país "em nacional mostra-se incompatível com os postulados da simetria e da separação dos
qualquer tempo"; a autorização Poderes.
só pode ser exigida se o
período afastamento for A Constituição Federal, em seu art. 49, III e em seu art. 83, prevê que é da
superior a 15 dias
competência do Congresso Nacional autorizar o Presidente e o Vice-presidente da
República a se ausentarem do País quando a ausência for por período superior a 15
dias.
161
É constitucional lei estadual que A segurança pública é de competência comum dos Estados-membros (art. 144 da
conceda dois assentos CF/88), sendo também sua competência remanescente a prerrogativa de legislar
gratuitos a policiais militares
devidamente fardados nos sobre transporte intermunicipal (art. 25, § 1º).
transportes coletivos
intermunicipais A concessão de dois assentos a policiais militares devidamente fardados nos
transportes coletivos intermunicipais vai ao encontro da melhoria das condições de
segurança pública nesse meio de locomoção, em benefício de toda a Sociedade,
questão flagrantemente de competência dos Estados-membros (art. 144 da CF/88)
e afasta qualquer alegação de desrespeito ao princípio da igualdade, uma vez que o
discrímen adotado é legítimo e razoável, pois destinado àqueles que exercem
atividade de polícia ostensiva e visam à preservação da ordem pública.
Essa lei estadual não representa indevida interferência no contrato de concessão
firmado com a concessionária, uma vez que não há alteração na equação do
equilíbrio financeiro-econômico do contrato administrativo. STF. Plenário.ADI 1052,
Rel. Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, julgado em 24/08/2020 (Info
991).
É constitucional lei estadual que É constitucional lei estadual que proíba, no âmbito estadual, a inserção de cláusulas
proíba a prática de fidelização que exijam a fidelização nos contratos prestação de serviços. A fidelização contratual
nos contratos de consumo
consiste em contrapartida exigida do consumidor, em razão de benefícios oferecidos
pela prestadora na formação do contrato de prestação de serviços, todavia, não se
confunde com esse.
Lei estadual não pode impor A norma estadual que impõe à concessionária de geração de energia elétrica a
investimentos em preservação promoção de investimentos, com recursos identificados como parcela da receita que
ambiental a concessionárias de
energia aufere, voltados à proteção e à preservação de mananciais hídricos, é
inconstitucional por configurar intervenção indevida do Estado no contrato de
concessão da exploração do aproveitamento energético dos cursos de água,
atividade de competência da União, conforme art. 21, XII, b, da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 827538, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão Luiz Fux,
julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral - Tema 774)
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional Lei estadual que, a pretexto de proteger a saúde da população,
que discipline a instalação de estabelece limites de radiação para a instalação de antenas transmissoras de
antenas transmissoras de
telefonia celular telefonia celular.
162
Essa lei adentra na esfera de competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações. A União, no exercício de suas competências (art. 21, XI e art. 22,
IV, da CF/88), editou a Lei nº 9.472/97, que, de forma nítida, atribui à ANATEL a
definição de limites para a tolerância da radiação emitida por antenas transmissoras.
163
É inconstitucional lei estadual Os Estados-membros não possuem competência legislativa para determinar a
que determine aos titulares das microfilmagem de documentos arquivados nos cartórios extrajudiciais do Estado.
serventias extrajudiciais que
façam a microfilmagem dos Esse tema envolve registros públicos e responsabilidade civil dos notários e registros,
documentos arquivados no matéria que é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, XXV, da
cartório CF/88. STF. Plenário. ADI 3723, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
Inconstitucionalidade de lei É inconstitucional lei estadual que afasta as exigências de revalidação de diploma
estadual que afaste as obtido em instituições de ensino superior de outros países para a concessão de
exigências de revalidação de
diplomas emitidos por benefícios e progressões a servidores públicos. Essa lei invade a competência
instituições de ensino superior privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art.
estrangeiras 22, XXIV, CF/88). STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
27/03/2020.
Em regra, a competência para A Lei Orgânica do Município de Sorocaba/SP previu que cabe à Câmara Municipal
dar nome a logradouros legislar sobre “denominação de próprios, vias e logradouros públicos” (art. 33, XII).
públicos é do Prefeito, por meio
de decreto; contudo, a lei
orgânica poderá prever essa O STF afirmou que se deve realizar uma interpretação conforme a Constituição
competência também para a Federal para o fim de reconhecer que existe, no caso, uma coabitação normativa
Câmara Municipal, por meio de entre os Poderes Executivo (decreto) e Legislativo (lei formal) para o exercício da
lei, desde que não exclua a do
competência destinada à denominação de próprios, vias e logradouros públicos e
Prefeito
suas alterações, cada qual no âmbito de suas atribuições.
Lei estadual não pode proibir É inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias cobrem
que as concessionárias de “taxa” de religação no caso de corte de fornecimento de energia por atraso no
energia elétrica cobrem um
valor do consumidor para a pagamento.
religação do serviço que havia
Essa lei estadual invadiu a competência privativa da União para dispor sobre energia,
sido suspenso por
inadimplemento violando, assim, o art. 22, IV, da CF/88. Além disso, também interferiu na prestação
164
de um serviço público federal, considerando que o serviço de energia elétrica é de
competência da União, nos termos do art. 21, XII, “b”, da CF/88.
Ex: concessionária havia “cortado” (suspendido) o serviço de energia elétrica em
razão de inadimplemento; o consumidor regularizou a situação, quitando os débitos;
a concessionária pode exigir do cliente o pagamento de uma tarifa para efetuar o
religamento do serviço; lei estadual não pode proibir que a concessionária cobre
esse valor. STF. Plenário. ADI 5610/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/8/2019 (Info
946).
É constitucional lei municipal É constitucional lei municipal que estabelece que os supermercados e
que estabelece que os hipermercados do Município ficam obrigados a colocar à disposição dos
supermercados ficam
obrigados a colocar à consumidores pessoal suficiente no setor de caixas, de forma que a espera na fila
disposição dos consumidores para o atendimento seja de, no máximo, 15 minutos. Isso porque compete aos
pessoal suficiente nos caixas, Municípios legislar sobre assuntos de interesse local, notadamente sobre a definição
de forma que a espera na fila do tempo máximo de espera de clientes em filas de estabelecimentos empresariais.
não seja superior a 15 minutos
Vale ressaltar que essa lei municipal não obriga a contratação de pessoal, e sim sua
colocação suficiente no setor de caixas para o atendimento aos consumidores.
STF. 1ª Turma. ARE 809489 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 28/5/2019
(Info 942).
São inconstitucionais leis A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista
municipais que proíbam o cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre
serviço de transporte de
passageiros mediante iniciativa e da livre concorrência. STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE
aplicativo 1054110/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 8 e 9/5/2019 (repercussão
geral) (Info 939).
É constitucional lei estadual que É constitucional lei estadual que obriga as empresas de telefonia fixa e móvel a
dispensa multa por quebra da cancelarem a multa contratual de fidelidade quando o usuário comprovar que
fidelidade nos contratos com as
empresas de telefonia em caso perdeu o vínculo empregatício após a adesão do contrato. STF. Plenário. ADI
de desemprego superveniente 4908/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 11/4/2019 (Info 937).
do cliente
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que preveja que o pescador semiprofissional ou
que exija que o pescador, para esportivo, para o exercício da atividade, deverá se cadastrar e se habilitar na
exercer sua atividade, cadastre-
se em entidade privada Federação de Pescadores do Estado.
(Federação de Pescadores) que Também é inconstitucional a norma estadual que afirme que a taxa de cadastro e o
cobra taxa por essa fiscalização fornecimento da habilitação para exercer a atividade de pescador semiprofissional
ou esportivo será definida em Assembleia Geral da Federação de Pescadores do
Estado.
Tais disposições invadem a competência da União para editar as normas gerais sobre
pesca. Existe lei federal que regulamenta, de modo unificado, todo o procedimento
de habilitação de pesca com requisitos nacionais.
Além disso, a lei não poderia ter delegado a uma entidade de direito privado
(Federação dos Pescadores) o poder de definir o valor da taxa a ser cobrada.
165
STF. Plenário. ADI 3829/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/4/2019
(Info 937).
Constituição Estadual não pode Nos termos do § 1º do art. 27 da Constituição da República, os Estados-membros
condicionar a perda de mandato deverão observar as normas relativas à perda de mandato previstas no § 3º do art.
de deputados estaduais e de
governador ao trânsito em 55 da Constituição da República.
julgado de decisão da Justiça
Eleitoral O condicionamento da perda de mandato de deputados estaduais e de governador
ao trânsito em julgado de decisão da Justiça Eleitoral contraria os princípios
constitucionais da República brasileira por atrasar, sem fundamento constitucional,
o cumprimento de medidas que densificam a soberania popular, a moralidade
administrativa e a separação dos Poderes STF. Plenário. ADI 5007, Rel. Cármen Lúcia,
julgado em 11/04/2019.
Inconstitucionalidade de lei É inconstitucional lei estadual que discipline as obrigações contratuais relativas a
estadual que imponha seguros de veículos e regras de registro, desmonte e comercialização de veículos
obrigações contratuais para
seguradoras sinistrados. Esta lei estadual viola a competência privativa da União para legislar
sobre direito civil, seguros, trânsito e transporte (art. 22, I, VII e XI, da CF/88). STF.
Plenário. ADI 4704/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/3/2019 (Info 934).
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que discipline a ARRECADAÇÃO das receitas oriundas
que discipline a arrecadação da exploração de recursos hídricos para geração de energia elétrica e de recursos
das receitas decorrentes da
exploração de recursos hídricos minerais, inclusive petróleo e gás natural.
e minerais
Há uma inconstitucionalidade formal, considerando que cabe à União legislar sobre
o tema (art. 22, IV e XII, da CF/88). Por outro lado, a lei estadual pode dispor sobre a
fiscalização e o controle dessas receitas, tendo em vista que é de competência
comum aos entes registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios (art. 23, XI,
da CF/88). STF. Plenário. ADI 4606/BA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
28/2/2019 (Info 932).
É inconstitucional lei do Distrito É inconstitucional lei do Distrito Federal que institua, extinga e transforme órgãos
Federal que trate sobre a internos da Polícia Civil do Distrito Federal. Essa lei viola o art. 21, XIV, da CF/88, que
estrutura e o regime jurídico da
Polícia Civil do Distrito Federal fixa a competência da União para manter e organizar a Polícia Civil do Distrito
(a competência para isso é da Federal.
União)
Deve-se reconhecer que o art. 21, XIV, CF/88 trata tanto de competência
administrativa quanto legislativa, sendo a matéria, portanto, atribuída,
prioritariamente, à União.
É inconstitucional lei estadual É inconstitucional lei estadual que impõe às montadoras, concessionárias e
que obrigue a concessionária a importadoras de veículos a obrigação de fornecer veículo reserva a clientes cujo
fornecer um carro reserva ao
cliente que está aguardando o automóvel fique inabilitado por mais de quinze dias por falta de peças originais ou
conserto do seu veículo por impossibilidade de realização do serviço, durante o período de garantia
166
contratual. STF. Plenário. ADI 5158/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
6/12/2018 (Info 926).
CE pode prever que o Estado e É constitucional norma de Constituição Estadual que preveja que “o Estado e os
os Municípios deverão reservar Municípios reservarão vagas em seus respectivos quadros de pessoal para serem
vagas para pessoas com
deficiência preenchidas por pessoas portadoras de deficiência.”
Apesar de, em tese, a Constituição Estadual não poder dispor sobre servidores
municipais, sob pena de afronta à autonomia municipal, neste caso não há
inconstitucionalidade, considerando que se trata de mera repetição de norma da
CF/88: Art. 37 (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018
(Info 921).
Constituição estadual só pode A CE/AP trouxe regra dizendo que se o Prefeito ou o Vice-Prefeito for viajar ao
exigir que o Prefeito (ou o Vice) exterior, “por qualquer tempo”, ele deverá pedir uma licença prévia da Câmara
peça autorização da Câmara
Municipal para viajar se a Municipal para a viagem.
viagem for superior a 15 dias
O STF considerou inconstitucional a expressão “por qualquer tempo”.
Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo com o princípio da simetria.
Isso porque a CF/88 somente exige autorização do Congresso Nacional se a ausência
do Presidente da República for superior a 15 dias (art. 49, III).
167
STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
11/10/2018 (Info 919).
Os Municípios detêm É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de mercadorias realizada na
competência para legislar sobre saída de estabelecimentos comerciais localizados na cidade. A Lei prevê que, após o
assuntos de interesse local,
ainda que, de modo reflexo, cliente efetuar o pagamento nas caixas registradoras da empresa instaladas, não é
tratem de direito comercial ou possível nova conferência na saída.
do consumidor
Os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local
(art. 30, I, da CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de direito comercial ou do
consumidor. STF. 2ª Turma. RE 1052719 AgR/PB, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 25/9/2018 (Info 917).
Intervenção Federal
Segundo Alexandre de Moraes, intervenção é “medida excepcional de supressão temporária da autonomia de
determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no Texto Constitucional, visando
à unidade e à preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios”.
e) Proporcionalidade.
168
Intervenção Federal Intervenção Estadual
Compete à União intervir nos Estados-membros ou no Compete aos Estados-membros intervir nos
DF (art. 34 CF), bem como nos Municípios desde que Municípios localizados em seu território.
localizados em Territórios Federais (art. 35 CF). Atenção! Não há intervenção distrital, pois, o DF não
pode dividir-se em Municípios (art. 32 CF). Tampouco,
Atenção! Os Municípios situados no âmbito dos Estados- existe a necessidade de a CF regular a intervenção nos
membros NÃO se expõem à possibilidade constitucional Territórios Federais, já que estes não possuem
de sofrerem intervenção decretada pela União Federal, autonomia em face da União.
eis que, relativamente a esses entes, a única pessoa
política ativamente legitimada a neles intervir é o
Estado-membro.
Os entes federativos podem decretar a requisição administrativa de bens e serviços para enfrentar a Covid-19 sem
necessidade de autorização do Ministério da Saúde – COVID-19
O art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020 autoriza que os gestores locais de saúde (secretarias estaduais e
municipais, p. ex.), mesmo sem autorização do Ministério da Saúde, façam a requisição de bens e serviços. O STF afirmou
que esses dispositivos são constitucionais.
Não se exige autorização do Ministério da Saúde para que os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios decretem a
requisição administrativa prevista no art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020, no exercício de suas competências
constitucionais. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).
O que é requisição? Requisição é o poder que o Estado possui de utilizar bens móveis, imóveis ou serviços de particulares,
de forma compulsória, caso se esteja diante de uma situação de perigo público iminente. Se houver dano, o Estado, depois
do uso, irá indenizar o particular. A requisição administrativa não viola o direito de propriedade por três razões:
• o particular não perde a propriedade do bem;
• existe uma razão que justifica o uso: interesse público de enfrentar o perigo público iminente;
• o instituto está previsto na Constituição Federal: Art. 5º (...) XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
O que a confederação alegou na ADI proposta? Segundo argumentou a CNSaúde, vários Estados e Municípios editaram
decretos autorizando que as autoridades locais requisitassem, sem fundamentação específica, a utilização de leitos de UTIs
de hospitais privados, entre outros recursos. Explicando melhor: em vários Estados e Municípios existem decretos dizendo
que, se acabarem as vagas nos leitos dos hospitais públicos, é possível a requisição de vagas nos hospitais privados. Para a
entidade, essa requisição somente poderia ocorrer se houvesse autorização do Ministério da Saúde. Isso porque a requisição
deve estar vinculada “a uma ação global coordenada e controlada por autoridades federais, sob pena de desequilibrar uma
política unificada necessária em situações de emergência como a atual”. Outro argumento é o de que o abuso de requisições
gera insegurança jurídica e afeta o próprio direito à saúde, bem como a livre iniciativa e o direito de propriedade, em prejuízo
aos estabelecimentos privados de serviços de saúde. “Resolver o problema da escassez de equipamentos e leitos do setor
público às custas do setor privado é enfraquecer de forma injustificada o já sobrecarregado setor de saúde”.
O STF concordou com os argumentos da Confederação autora? NÃO. O STF julgou improcedente o pedido formulado na
ADI.
Dois importantes valores do Estado federal O Estado federal repousa sobre dois valores importantes: O primeiro refere-se
à inexistência de hierarquia entre os seus integrantes, de modo a não permitir que se cogite da prevalência da União sobre
os Estados-membros ou, destes, sobre os Municípios, consideradas as competências que lhe são próprias. O segundo, é o
princípio da subsidiariedade. Isso significa, em palavras simples, o seguinte: tudo aquilo que o ente menor puder fazer de
forma mais célere, econômica e eficaz não deve ser empreendido pelo ente maior.
Dimensões objetiva e subjetiva do direito à saúde É possível falar em dimensões objetiva e subjetiva do direito fundamental
à saúde. Quando se fala na dimensão objetiva do direito à saúde, isso significa que, independentemente de um caso
concreto, existe um dever jurídico geral do Poder Público de concretizar medidas para garantir as políticas públicas de saúde.
Quando se fala em dimensão subjetiva, estamos tratando do direito individual à saúde, materializado por meio de um
169
“direito subjetivo público”, ou seja, o direito de exigir do Poder Público a efetivação da prestação à saúde. A competência
comum dos entes refere-se tanto à dimensão objetiva como subjetiva.
Requisição administrativa é uma das medidas para a defesa da saúde Assim, a defesa da saúde compete a qualquer das
unidades federadas, sem que dependam da autorização de outros níveis governamentais para levá-las a efeito, cumprindo-
lhes, apenas, consultar o interesse público que têm o dever de preservar.
Julgamento da ADI 6341 Ao analisar a ADI 6341 MC-Ref, o STF afirmou que os entes federados possuem competência
concorrente para adotar as providências normativas e administrativas necessárias ao combate da pandemia em curso,
dentre as quais se inclui a requisição administrativa de bens e serviços constante do art. 3º, VII, da Lei nº 13.979/2020.
Naquela oportunidade, ficou registrado que o pior erro na formulação das políticas públicas é a omissão, sobretudo para as
ações essenciais exigidas pelo art. 23 da CF/88.
Em suma: Não se exige autorização do Ministério da Saúde para que os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
decretem a requisição administrativa prevista no art. 3º, caput, VII e § 7º, III, da Lei nº 13.979/2020, no exercício de suas
competências constitucionais. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).
Intervenção É ato privativo do Presidente da República (art. 84, X) mediante decreto. Poderá ser
Federal nos E/DF espontânea ou provocada.
Presidente
Mediante decreto
Intervenção O Presidente da República age ex officio.
Federal Tem como pressupostos materiais:
Espontânea a) Defesa da unidade nacional (art. 34, I e II): é a intervenção para (1) manter a integridade
- defesa da unidade nacional; ou (2) repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da federação em outra;
nacional b) Defesa da ordem pública (art. 34, III): é a intervenção para por termo a grave
- defesa da ordem
pública
comprometimento da ordem pública.
- defesa da finanças
públicas c) Defesa das finanças públicas (art. 34, V): é a intervenção para reorganizar as finanças da
unidade da Federação que (1) suspender o pagamento da dívida fundada*** por mais de
DOIS anos consecutivos, salvo por motivo de força maior ou (2) deixar de repassar aos
Municípios as receitas tributárias dentro dos prazos estabelecidos na CF.
*** Pelo conceito do art. 98 da Lei 4.320/67, dívida fundada equivale aos “compromissos de
exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender o desequilíbrio orçamentária ou
financiamentos de obras e serviços públicos”.
Intervenção Divide-se em facultativa (ou por solicitação) e obrigatória (ou por requisição).
Provocada
A) POR SOLICITAÇÃO
Para defesa do livre exercício dos Poderes Executivo ou Legislativo nas unidades da
Federação (art. 34, IV CF). Essa modalidade de intervenção é FACULTATIVA, daí porque fica
sujeita à discricionariedade do Presidente da República. Logo, segundo o STF, não há
170
direito subjetivo à decretação da intervenção, o que inviabiliza o uso do mandado de
segurança por parte das autoridades ou Poderes que se sintam coagidos.
B) POR REQUISIÇÃO
Hipóteses em que o Presidente deve obrigatoriamente decretar a intervenção, sob pena
de configuração dos crimes de desobediência e/ou responsabilidade. São elas:
a) Do STF: para garantir o livre exercício do Judiciário estadual (art. 34, IV c/c art. 36, I CF).
b) Do STF, STJ ou TSE: para prover o cumprimento de ordem ou decisão judicial (art. 34, VI
c/c art. 36, II CF).
Atenção! Se o descumprimento recair sobre decisões dos próprios STF, STJ ou TSE, a
requisição partirá do Tribunal respectivo “ex officio” ou mediante pedido da parte
interessada. Já se o descumprimento recair sobre ordens ou decisões proferidas por outros
órgãos jurisdicionais, é necessária que a solicitação do tribunal coagido se faça de maneira
fundamentada, após esgotadas todas as vias institucionais de solução do caso. Nessa
hipótese, a competência para requisitar a intervenção é do:
➢ STF: se a decisão descumprida envolver assunto constitucional bem como nos casos
provenientes da J. Militar da União ou da J. do Trabalho;
➢ STJ: se a decisão descumprida referir-se a medida de direito infraconstitucional;
➢ TSE: se a decisão descumprida provier de órgãos da J. Eleitoral, ressalvada a competência
do STF para matérias constitucionais.
c) Do STF: para garantir a execução de lei federal, mediante representação do PGR (art. 34,
VI c/c art. 36, III CF).
d) Do STF: para garantir a observância dos princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII
CF) mediante provimento de representação do PGR. Trata-se do objeto da chamada ação
direta interventiva (Lei 12.562/2011), cujo mérito gira em torno da comprovação concreta
da inobservância dos seguintes princípios constitucionais sensíveis:
➢ Da forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
➢ Dos direitos da pessoa humana;
➢ Da autonomia municipal;
➢ Da prestação de contas da Adm. Pública;
➢ Da aplicação do mínimo exigido da receita resultante dos impostos estaduais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino (cf. art. 212) e nas ações e serviços públicos de
saúde (cf. art. 198).
Decreto Cuida-se de ato normativo pelo qual o Presidente da República materializa a intervenção
Interventivo federal (art. 84, X). Salvo nas hipóteses previstas nos incs. VI e VII do art. 34, a Constituição
determina que o decreto deve ser submetido à apreciação do Congresso Nacional em 24
hrs. Devem vir especificados no decreto interventivo:
a) A amplitude da medida interventiva;
b) O prazo;
171
c) As condições de execução da intervenção; e
d) A nomeação de interventor, se necessário.
Em regra, esse controle político NÃO ocorre nas hipóteses em que a intervenção é precedida
por requisição judicial (art. 34, VI e VII c/c art. 36, §3º). Excepcionalmente, porém, mesmo
quando a intervenção visa a atender requisição do STF para garantir o livre exercício do
Judiciário estadual (art. 34, IV) o decreto interventivo será submetido à deliberação
parlamentar.
B.2) JUDICIAL
É pacífica a possibilidade do controle judicial dos pressupostos formais da intervenção
federal, mormente quando haja descumprimento da rejeição parlamentar do decreto
interventivo.
Quanto aos pressupostos materiais da medida, porém, prevalece o entendimento segundo
o qual a intervenção é ato discricionário do chefe do Executivo, salvo nas hipóteses
precedidas de requisição judicial.
Do Interventor Sempre que necessário, o decreto interventivo nomeará interventor federal para executar
Federal a medida. Assim, à medida do estritamente imprescindível, o interventor substituirá as
autoridades estaduais que normalmente se incumbiria, das atribuições atingidas pela
intervenção. Os atos praticados pelo interventor podem ser de 2 maneiras:
a) Atos diretamente ligados à intervenção: são atos que visam solucionar os motivos que
levaram à intervenção. Nesse caso, a responsabilidade civil dos atos é da entidade
interventora.
Intervenção nos Os motivos da intervenção vêm taxativamente expostos no art. 35 CF (numerus clausus),
Municípios não se permitindo às constituições estaduais a criação de outras hipóteses segundo o STF.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados
em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por DOIS anos consecutivos, a dívida
fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o MÍNIMO EXIGIDO DA RECEITA MUNICIPAL na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o TRIBUNAL DE JUSTIÇA der provimento a representação para assegurar a observância
de princípios indicados na Constituição Estadual (PRINCÍPIOS SENSÍVEIS → ação direta
interventiva estadual de legitimidade do PGJ, regulada pela Lei 5.778/52) ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
QUADRO SÍNTESE
174
175
Juris sobre - Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles
Segurança que estão previstos no art. 144 da CF/88 Não é possível que os Estados-membros criem órgão
Pública de segurança pública diverso daqueles que estão previstos no art. 144 da CF/88. Os Estados-
membros e o Distrito Federal devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Constituição aponta
os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública, sendo esse rol taxativo. Assim, a
Constituição Estadual não pode prever a criação de Polícia Científica como órgão integrante da
segurança pública. Vale ressaltar que nada impede que a Polícia Científica, criada pelo Estado-
membro para ser o órgão responsável pelas perícias, continue a existir e a desempenhar suas
176
funções, sem estar, necessariamente, vinculada à Polícia Civil. No entanto, deve-se afastar
qualquer interpretação que lhe outorgue caráter de órgão de segurança pública. STF. Plenário.
ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/6/2020 (Info 983).
- Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de
segurança pública a agentes e inspetores de trânsito A Constituição Federal, nos incisos do art.
144, estabelece quais são os órgãos de segurança pública. Esse rol é taxativo e de observância
obrigatória pelo legislador infraconstitucional. Como consequência, os Estados-membros não
podem atribuir o exercício de atividades de segurança pública a órgãos diversos daqueles
previstos na Constituição Federal. Assim, a lei distrital, ao estabelecer que os agentes de trânsito
exercem atividades de segurança pública, possui vício de inconstitucionalidade material porque
violou o rol taxativo dos órgãos encarregados da segurança pública previsto no art. 144 da CF/88.
Compete aos órgãos e agentes de trânsito estaduais, distritais e municipais o exercício da
“segurança viária”, que compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de
outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
eficiente (art. 144, § 10, da CF/88). As atividades de segurança viária não se confundem com
“segurança pública”. Compete à União, nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a
definição dos requisitos para a concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis titulares de
tal direito, inclusive no que se refere a servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da
uniformidade da regulamentação do tema no país, questão afeta a políticas de segurança
pública de âmbito nacional.Desse modo, é inconstitucional a lei distrital que disponha sobre
porte de arma de fogo, criando hipóteses não previstas na legislação federal de regência,
notadamente a Lei federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). STF. Plenário. ADI
3996, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping).
Chefe da Polícia Civil tem que ser um Delegado de carreira, mas não se pode limitar aos que
integram a última classe É inconstitucional dispositivo de CE que exija que o Superintendente da
Polícia Civil seja um delegado de polícia integrante da classe final da carreira. STF. Plenário. ADI
3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847). Cuidado. Existe julgado em
sentido contrário: Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA
CONSTITUCIONAL ESTADUAL. ESCOLHA DO DELEGADO-CHEFE DA POLÍCIA CIVIL. VÍCIO DE
INICIATIVA. 1. Não é materialmente inconstitucional a exigência de que o Chefe da Polícia Civil
seja delegado de carreira da classe mais elevada, conforme nova orientação do STF. Precedente:
ADI 3.062, Rel. Min. Gilmar Mendes. 2. Todavia, a instituição de requisitos para a nomeação do
Delegado-Chefe da Polícia Civil é matéria de iniciativa privativa do Poder Executivo (CRFB/1988,
art. 61, § 1º, II, c e e), e, desta forma, não pode ser tratada por Emenda Constitucional de
iniciativa parlamentar. Precedentes. 3. Pedido julgado procedente, para declarar a
inconstitucionalidade formal da EC nº 86/2013, do Estado de Rondônia, por vício de iniciativa.
(ADI 5075, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 19/08/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-175 DIVULG 04-09-2015 PUBLIC 08-09-2015)
177
É possível o envio da Força Nacional de Segurança para atuar no Estado-membro mesmo que não tenha
havido pedido do Governador?
Esses policiais são indicados para a Força Nacional pela Instituição de origem. Em seguida, realizam curso de
capacitação e são submetidos a treinamento. Depois disso, ficam cedidos por um período para a Força Nacional.
Os membros da Força Nacional ficam um batalhão localizado no Distrito Federal, esperando ser acionados. Trata-
se, portanto, de uma tropa de “pronta-resposta”.
Criação: A Força Nacional foi criada por meio do Decreto nº 5.289/2004. A Força foi inspirada no modelo da
Organização das Nações Unidas (ONU) de intervenção para a paz baseada na cooperação entre os Estados
integrantes.
A atuação da Força Nacional é como se fosse o emprego das Forças Armadas para garantia da lei e ordem?
NÃO. As Forças Armadas estão subordinadas ao Presidente da República. A Força Nacional, por sua vez, não é
uma tropa federal. Ela é uma integração entre os Estados-membros, DF e a União. Além disso, as hipóteses de
atuação da Força Nacional são diferentes daquelas que autorizam o emprego das Forças Armadas.
• ao auxílio às ações de polícia judiciária estadual na função de investigação de infração penal, para a elucidação
das causas, circunstâncias, motivos, autoria e materialidade;
• ao apoio a ações que visem à proteção de indivíduos, grupos e órgãos da sociedade que promovem e protegem
os direitos humanos e as liberdades fundamentais; ao apoio às atividades de conservação e policiamento
ambiental;
• ao apoio às ações de fiscalização ambiental desenvolvidas por órgãos federais, estaduais, distritais e municipais
na proteção do meio ambiente;
• à atuação na prevenção a crimes e infrações ambientais; execução de tarefas de defesa civil em defesa do
meio ambiente;
• a prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos.
Quem autoriza a ida da Força Nacional para atuar em determinado local? Como funciona isso?
178
Compete ao Ministro da Justiça autorizar/determinar a ida da Força Nacional de Segurança Pública para atuar
em determinado Estado-membro ou Distrito Federal.
Segundo a redação do art. 4º do Decreto nº 5.289/2004 a determinação do emprego da Força Nacional pode
ocorrer de duas formas:
O Estado da Bahia ajuizou ação cível originária no STF contra a União alegando que, como esse envio da Força
Nacional ocorreu sem que o Governador tivesse solicitado, isso representou violação da autonomia do Estado-
membro. Segundo argumentou, a medida representaria hipótese de intervenção federal fora das hipóteses do
art. 34 da CF/88.
Segundo o autor, o envio da Força Nacional somente se mostra possível se houver pedido ou consentimento do
Governador do Estado. Logo, o art. 4º do Decreto nº 5.289/2004 seria parcialmente inconstitucional.
No dia 17/09/2020, o Min. Relator Edson Fachin, monocraticamente, concedeu a medida liminar e determinou
à União que retire dos Municípios de Prado e Mucuri, na Bahia, no prazo de 48 horas, todo o contingente da
Força Nacional de Segurança Pública enviado ao local.
No dia 24/09/2020, o Plenário do STF, por maioria, referendou a decisão concessiva da cautelar. Ficou vencido
apenas o Min. Roberto Barroso.
Para o STF, em um juízo de delibação, a autorização unilateral do emprego da Força Nacional, parece contrariar
a Constituição Federal.
Além disso, com exceção das hipóteses de intervenção federal, previstas no art. 34 da CF/88, não se mostra
possível mitigar a autonomia dos Estados, em sua integridade administrativa e territorial.
Vale ressaltar, ademais que, em um juízo de validade, o art. 4º do Decreto 5.289/2004 parece contrastar com a
Lei nº 11.473/2007, que trata sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública. Essa Lei afirma que
“a União poderá firmar convênio com os Estados e o Distrito Federal para executar atividades e serviços
imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” (art. 1º). Logo,
exige-se a participação/concordância do Estado-membro.
SIM!!! O fato do Estado-membro deixar de pagar precatório configura descumprimento de decisão judicial
transitada em julgado e, portanto, pode, em tese, autorizar a intervenção federal com base no art. 34, VI, 2ª
parte, da CF/88.
A situação fática foi a seguinte (com adaptações): Determinado sítio foi invadido por membros do MST. O
proprietário ajuizou ação de reintegração de posse, tendo o juiz de direito concedido a liminar para
desocupação da área, requisitando, para tanto, força policial. O magistrado determinou por várias vezes a
intimação dos agentes públicos estaduais responsáveis (Governador do Estado, Secretário de Segurança,
Comandante da PM etc.) para que encaminhassem ao local força policial, no entanto, as seguidas ordens
judiciais foram descumpridas. Diante da inexecução da ordem judicial por mais de 6 anos, o proprietário do
imóvel apresentou ao Presidente do Tribunal de Justiça pedido de intervenção federal. O TJ concordou com o
autor e determinou a remessa do pedido de intervenção ao STJ.
O STJ era competente para julgar esse pedido de intervenção? SIM!!! Cabe ao STJ o exame da Intervenção
Federal nos casos em que a matéria é infraconstitucional (envolvendo legislação federal) e o possível recurso
deva ser encaminhado ao STJ. No presente caso, a decisão descumprida é uma sentença em ação de
reintegração de posse na qual se discutiram temas relacionados com direito civil privado, não tendo feito
considerações sobre questões constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a decisão, quando o processo
superasse as instâncias ordinárias e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de
recurso especial. Não caberia, no caso, recurso extraordinário ao STF, razão pela qual esta Corte não seria
competente para julgar o pedido de intervenção relacionada com o desatendimento da decisão.
A parte autora (no caso, o proprietário) poderia ter representado ao STJ pedindo a intervenção? Isso seria
correto? NÃO!!! A representação ou requisição de Intervenção Federal constituem providências que cabem aos
Tribunais e não à parte interessada. Isso porque a intervenção federal, no caso de descumprimento de decisão
judicial, não é um instrumento de realização do direito do particular vitorioso no caso. Trata-se de um
180
mecanismo de afirmação da autoridade do órgão judiciário cuja ordem ou decisão esteja sendo descumprida.
Em outras palavras, não é um instrumento de defesa do direito da parte, mas sim de garantia da independência
do Poder Judiciário. No caso concreto, a parte autora fez o correto. Provocou o Tribunal de Justiça e este
representou ao STJ pedindo a intervenção federal. Vale ressaltar que o autor não cometeu nenhuma
irregularidade ao formular o pedido ao TJ porque este Tribunal local poderia até mesmo de ofício pedir a
intervenção ao STJ. Ora, se ele poderia fazê-lo de ofício, nada impede que a parte o provoque.
No mérito, o que decidiu o STJ? O pedido de intervenção foi aceito? NÃO!!! O STJ julgou improcedente o
pedido de intervenção federal. Como já se passaram muitos anos desde que prolatada a decisão judicial
descumprida, a remoção das diversas famílias que vivem no local se fosse feita hoje iria causar um enorme
conflito social, até mesmo porque não existe lugar para acomodar de imediato, de forma digna, essas pessoas.
O Ministro salientou que, tecnicamente, a recusa do Estado em fornecer força policial para a desocupação
ordenada pelo Poder Judiciário caracteriza a situação prevista no art. 36, II, da CF, pois há desobediência à
ordem “judiciária”, o que justificaria a intervenção (art. 34, VI) para “prover a execução da ordem ou decisão
judicial”. Entretanto, a situação em análise revela quadro de inviável atuação judicial, assim como não
recomenda a intervenção federal para compelir a autoridade administrativa a praticar ato do qual vai resultar
conflito social muito maior que o suposto prejuízo do particular. Pelo princípio da proporcionalidade, não deve
o Poder Judiciário promover medidas que causem coerção ou sofrimento maior que sua justificação
institucional e, assim, a recusa pelo Estado não é ilícita. Para o Ministro houve a afetação do bem por razões de
interesse público, razão pela qual a questão deverá ser resolvida em reparação a ser buscada via ação de
indenização (desapropriação indireta) promovida pelo interessado.
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são
previstas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da CF/88
são taxativas. Caso concreto: STF julgou inconstitucional dispositivo da Constituição de Pernambuco que previa
que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios caso ali ocorressem atos de corrupção e improbidade
administrativa. STF. Plenário. ADI 2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
Viola a Constituição Federal a previsão contida na Constituição Estadual atribuindo aos Tribunais de Contas
a competência para requerer ou decretar intervenção em Município. Essa previsão não encontra amparo nos
arts. 34 e 36 da CF/88. STF. Plenário. ADI 3029, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
INTERVENÇÃO FEDERAL
A intervenção pode ser definida como uma medida excepcional, de natureza política, consistente na possibilidade
de afastamento temporário da autonomia de um ente federativo quando verificadas as hipóteses taxativamente
previstas na Constituição Federal.
Essa excepcionalidade se dá em razão do princípio da autonomia: margem de ação pela qual os entes federativos
têm a garantia de que não sofrerão a interferência de outros. Então, excepcionalmente, essa autonomia pode ser
afastada.
Tenham em mente que esse afastamento ocorre sempre temporariamente, pois se fosse em caráter definitivo
haveria violação do supracitado princípio da autonomia, que é um dos pilares da nossa federação. Além disso, as
hipóteses de ocorrência são taxativas e devem ser interpretadas restritivamente, como veremos a seguir! As
hipóteses são numerus clausus.
CARACTERÍSTICAS
EXCEPCIONALIDADE DA MEDIDA TEMPORARIEDADE DA EXECUÇÃO TAXATIVIDADE DAS
HIPÓTESES
PRESSUPOSTOS MATERIAIS
Os pressupostos possuem quatro finalidades – defesa do Estado, defesa do princípio federativo, defesa das
finanças estaduais, defesa da ordem constitucional.
181
DEFESA DO ESTADO DEFESA DO PRINCÍPIO FEDERATIVO
DEFESA DAS FINANÇAS ESTADUAIS DEFESA DA ORDEM CONSTITUCIONAL
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - Manter a integridade nacional; (defesa do Estado)
II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; (defesa do Estado e defesa do princípio
federativo)
#NÃOCONFUNDA: Enquanto a invasão estrangeira é repelida em nome da defesa do Estado, a invasão de uma
unidade da federação em outra é repelida em nome do princípio federativo.
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; (proteção do princípio federativo)
IV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; (proteção do princípio
federativo)
V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: (defesa das finanças estaduais)
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; (defesa da ordem constitucional)
VII - Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: (são os princípios constitucionais sensíveis
– defesa da ordem constitucional)
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Obs3: a CF prevê, como regra, a existência de um controle político, realizado pelo Congresso
Nacional, sobre o ato interventivo. No entanto, nas hipóteses tratadas por esta lei (previstas
no art. 34, VI e VII), o controle político é dispensado. De fato, tratando-se de requisição
judicial, não haveria sentido em o Legislativo obstá-la, sob pena de vulnerar o princípio da
separação dos poderes.
PUBLICAÇÃO DA Dentro do prazo de 10 dias, contado a partir do trânsito em julgado da decisão, a parte
DECISÃO dispositiva será publicada em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.
A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido da representação interventiva é
RECURSO CABÍVEL
irrecorrível.
AÇÃO RESCISÓRIA Não cabe ação rescisória contra a decisão que julga a representação interventiva.
184
Princípio da Proporcionalidade: as medidas a serem empreendidas nos estados de
defesa e de sítio devem guardar relação de proporcionalidade com os fatos que
justificaram a sua adoção.
Estado de Defesa
Introdução O estado de defesa apresenta-se como uma modalidade de restauração da habitualidade
menos gravosa, já que sua operacionalização é menos áspera aos direitos fundamentais
quando comparado ao estado de sítio.
Hipóteses de As hipóteses que legitimam a decretação do estado de defesa estão previstas, de modo
Decretação taxativo. São alternativos os dois pressupostos legitimadores: a grave e iminente
(Pressupostos instabilidade institucional e calamidade de grandes proporções na natureza.
Materiais)
- Instabilidade Instabilidade institucional + calamidade de grandes proporções na natureza.
institucional e
calamidade de grandes
proporções na natureza
Titularidade O Presidente da República é o único titular apto a decretar a medida.
PR
Requisitos Enquanto medida excepcional, sua decretação subordina-se à observância estrita dos
(condições de seguintes requisitos:
forma) 1- manifestação prévia dos Conselhos da República e da Defesa Nacional;
2- expedição do decreto instituidor da medida pelo Presidente da República;
3- referido decreto presidencial deverá determinar:
- o tempo de duração da medida, que não poderá ultrapassar o limite temporal máximo de
trinta dias, prorrogável, uma única vez, por mais trinta dias; (30d + 30 d)
- a área a ser abrangida, sendo que os locais compreendidos devem ser restritos e
determinados;
- as medidas coercitivas que vigorarão durante a sua vigência;
4- Aprovação do decreto editado pelo Presidente da República pela maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional. (Obs: no ES há prévia autorização do CN).
Procedimento O estado de defesa será instaurado por iniciativa exclusiva do Presidente da República,
após a oitiva dos Conselhos da República e da Defesa Nacional.
O decreto presidencial será submetido ao Congresso Nacional em até vinte e quatro
horas, que o aprovará, ou não. (24h)
Caso a decretação se dê em período de recesso parlamentar, o Congresso será
convocado pelo Presidente do Senado Federal, extraordinariamente, em até cinco dias.
(5 dias)
0 prazo que o Congresso possui para apreciar o decreto é de dez dias devendo a decisão
ser tomada pela maioria absoluta dos membros. (10 dias/ maioria absoluta)
Se o decreto for rejeitado, cessa imediatamente o estado de defesa, e todas as medidas
empregadas serão de imediato suspensas. Caso a rejeição do Congresso Nacional não
seja acatada pelo Presidente, ele poderá ser responsabilizado por crime de
responsabilidade. Por outro lado, se o Congresso Nacional validar o decreto, segue
vigorando o estado de defesa, lembrando que durante todo o período de funcionamento
da medida o Congresso manter-se-á em funcionamento.
Deve haver respeito estrito ao prazo constitucional de trinta dias que pode ser
prorrogado, uma única vez, por mais trinta dias. (Prazo: 30 + 30)
185
Por último, se a decretação do estado de defesa (e a eventual prorrogação) não forem
suficientes para corrigir as circunstâncias deflagradoras da medida, a solução será
recorrer a um instrumento bem mais rigoroso: o estado de sítio.
Estado de Sítio
Introdução O estado de sítio visa superar uma indesejável situação excepcional, tencionando
retornar ao status quo ante. Apresenta-se, no entanto, como uma medida
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significativamente mais onerosa e severa que o estado de defesa. É, portanto, reservado
para situações críticas, que resultem em grave comoção nacional, conflito armado
envolvendo um Estado estrangeiro, ou até mesmo quando o estado de defesa, outrora
decretado, revela-se insuficiente.
Sua decretação pelo Presidente da República sujeita-se à aprovação da maioria absoluta
do Congresso Nacional. Se o Congresso estiver em recesso, será extraordinariamente
convocado pelo Presidente do Senado Federal para se reunir no prazo de cinco dias, a
fim de apreciar o ato (art. 138, § 2º, CF/88).
Estado de Sítio = há uma solicitação do PR x Estado de Defesa = O PR decreta.
Titularidade Assim como no estado de defesa, quem decreta a medida, de forma exclusiva, é o
Presidente da República.
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deverá ter a duração estipulada no decreto que a instituiu. Na hipótese de guerra,
contudo, a medida perdurará enquanto durar a guerra.
Os procedimentos necessários à execução da medida e as garantias constitucionais que
deverão ser suspensas (nas hipóteses de comoção grave de repercussão nacional ou na
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia do estado de defesa) também devem
ser previstas originariamente no decreto.
Depois de publicado o decreto, o Presidente da República designará o executor das
medidas específicas, assim como as áreas abrangidas.
Restrições de Quando houver decretação do estado de sítio tendo por base a comoção grave de
Direitos repercussão nacional ou ineficácia das medidas tomadas durante o estado de defesa, as
seguintes medidas poderão ser empregadas:
- Obrigação de permanência em localidade determinada;
- Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
- Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma
da lei;
- Suspensão da liberdade de reunião; (Estado de defesa é restrição da liberdade de
reunião)
- Busca e apreensão em domicílio;
- Intervenção nas empresas de serviços públicos;
- Requisição de bens.
Noutro giro, se a medida houver sido decretada com fundamento no estado de guerra ou
resposta a agressão armada estrangeira qualquer garantia constitucional poderá ser
suspensa, ao menos em tese.
Controle Para afastar o arbítrio e eventuais abusos, o estado de sítio se sujeita a controle. Político,
feito pelo Congresso Nacional, e judicial, realizado pelo Judiciário.
Tabela Comparativa
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Forças Armadas
Preceitua a Constituição da República que as Forças Armadas, conjunto de instituições militares constituído pela
Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República. Pormenorizando as
características das Forças Armadas acima apresentadas temos que:
- Porque são instituições nacionais, veda-se aos Estados-membros à instituição de Exército, Marinha e
Aeronáutica;
- Porque são instituições regulares e permanentes sua existência se prolonga no tempo, independentemente de
contingências histórias;
- Sendo o Presidente da República a autoridade suprema das Forças Armadas, cabe a ele a orientação política da
guerra, mas não a estratégica, que é específica dos chefes militares;
- Igualmente compete ao Presidente a iniciativa de lei para fixar ou modificar os efetivos das Forças Armadas e
para dispor sobre os militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções,
estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva;
- A EC nº 23/1999 extinguiu os antigos Ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica, transformando-os em
Comandos subordinados ao Ministério da Defesa, que ela instituiu;
- A hierarquia e a disciplina, que constituem as bases da organização das Forças Armadas, são definidas no
Estatuto dos Militares.
Segurança Pública
Introdução A Constituição declara ser a segurança pública um dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, e determina que ela será exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, sendo efetivada por meio do poder de polícia, no seu aspecto
especial de assegurar a segurança. Referida política de segurança será implementada tanto pela
polícia administrativa, quanto pela polícia judiciária. Os órgãos indicados pela Constituição como
os encarregados pela segurança pública são: polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia
ferroviária federal; polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares, e, por fim,
polícias penais federal, estaduais e distrital
Órgãos de A Lei Maior prevê órgãos de segurança pública na esfera federal e estadual, mas não na esfera
segurança municipal.
pública
Órgãos Na esfera federal, temos as seguintes polícias:
federais - Polícia Federal: é instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União,
estruturado em carreira e possuidor de funções de polícia judiciária e de polícia ostensiva.
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- Polícia Rodoviária Federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais;
- Polícia Ferroviária Federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais;
- Polícia Penal Federal: organizada e mantida pela União, vincula-se ao órgão administrador do
sistema penal federal, que é o DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), e destina-se à
segurança dos estabelecimentos prisionais.
A segurança No Distrito Federal temos a particularidade de suas polícias civil, militar e corpo de bombeiros
pública no serem organizadas e mantidas pela União, muito embora estejam subordinadas ao Governador
DF do Distrito Federal.
A segurança Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços
pública nos e instalações. Referidas guardas, porque responsáveis pelo policiamento preventivo e ostensivo,
Municípios possuem natureza de "polícia administrativa" e não de órgão policial de segurança pública.
A segurança Se novos Territórios forem constituídos por lei complementar, terão órgãos de segurança
pública pública, instituídos, organizados e mantidos pela União.
nos
Territórios
federais
Direito de Em decisão tomada em abril de 2017 — no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo
Greve e (ARE) 654.432—, o Plenário do STF (por maioria de votos) reafirmou entendimento no sentido de
carreiras de que é inconstitucional o exercício do direito de greve por parte de policiais civis e demais
segurança servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública.
pública Vale dizer: a Corte afirmou que o exercício do direito de greve é vedado aos integrantes de todas
as carreiras policiais enunciadas no art.144, CF, o que significa que os membros das seguintes
corporações não podem fazer greve: Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia
Ferroviária Federal; Polícia Civil; Polícia Militar e Corpo de Bombeiros militar.
191
Informativos Não é possível que os Estados-Membros criem órgãos de segurança pública diverso daqueles
Importantes que estão previstos no art. 144 da CF/88 (Info 983 STF).
Policiais são proibidos de fazer grave (Repercussão geral) (Info 860 STF).
Lei estadual não pode prever paridade e integralidade para os policiais civis nem conceder a
eles adicional de final de carreira para que recebam aposentadoria em classe superior ao que
estavam na ativa (Info 998 STF).
Chefe da Polícia Civil tem que ser um Delegado de carreira, mas não se pode limitar aos que
integram a última classe (Info 847 STF).
Judiciário pode determinar que Estado implemente plantão em Delegacia de Atendimento
ao adolescente infrator (Info 609 STJ).
Policiais civis aposentados não têm porte de arma (Info 554 STJ).
É CONSTITUCIONAL lei estadual que conceda dois assentos gratuitos a policiais militares
devidamente fardados nos transportes coletivos intermunicipais (Info 991 STF).
Guardas Municipais não têm direito à aposentadoria especial (Info 907 STF).
As Guardas Municipais podem realizar a fiscalização de trânsito, desde que autorizadas por
lei municipal. Elas têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de
trânsito e impor multas. (Repercussão Geral) (Info 793 STF)
O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício
do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas
legalmente previstas (ex.: multas de trânsito). - (Repercussão Geral) (Info 793 STF)
Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de
segurança pública a agentes e inspetores de trânsito (Info 987 STF).
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi
impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;
II – formação de cartel
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em
decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou
internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.
VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos,
quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação.
192
VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino,
definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração
de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.
VÁLVULAS DE PANELA DE PRESSÃO: São as medidas excepcionais na CRFB/88 utilizadas para retomar a
estabilidade em caso de tumulto institucional. Exemplo: Intervenção Federal; Estado de Defesa e Estado de Sítio
– considerados elementos de estabilização constitucional.
#OUSESABER
A administração Pública está subordinada ao princípio da legalidade. Entretanto, no caso de estado de defesa
e estado de sítio, a severidade da aplicação do citado princípio fica mitigado, face às excepcionalidades
existentes. Certo ou errado?
Vários são os princípios constitucionais e legais que a Administração Pública está subordinada. Entretanto, cabe
destaque o estudo detalhado daqueles trazidos no art. 37 da Constituição Federal, o famoso LIMPE: legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Nesta questão trataremos apenas do Princípio da
Legalidade.
O Princípio da Legalidade é a base da democracia e é o que nos assegura que todos os conflitos sejam resolvidos
pela lei. A legalidade tem dois aspectos:
a) Nas relações privadas: Aqui, os particulares buscam seus próprios interesses e são livres para atuarem, desde
que não contrariem o disposto na legislação. A lei funciona, neste caso, como limitadora de vontades.
b) Nas relações públicas: A Poder Público (Administração) só pode atuar nos moldes autorizados ou
determinados pela legislação. Aqui, a lei funciona como reguladora de vontade, ou seja, como ponto de partida
para que a Administração possa atuar.
Ocorre que, segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed., pág.
105 e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade: a) Medida
provisória; b) Estado de defesa e c) Estado de sítio
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua atuação, o que
revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade. O Prof. Celso Antônio é uma administrativista
de grande prestígio, então, fiquemos espertos à sua fala. Item correto!
194
as Casas Legislativas editando o
respectivo Decreto Legislativo.
A mesa do Congresso Nacional,
ouvidos os líderes partidários,
FISCALIZAÇÃO designará Comissão composta
POLÍTICA SOBRE AS de cinco de seus membros para
IDEM IDEM
acompanhar e fiscalizar a
MEDIDAS execução das medidas
referentes ao Estado de Defesa
e ao Estado de Sítio.
IDEM. Além disso, no Estado
O Congresso Nacional
de Sítio não se incluirá a
permanecerá em
possibilidade de restrição à
funcionamento até o término
ATIVIDADE liberdade de informação, a
das medidas coercitivas. Em IDEM AO ESTADO DE SÍTO
difusão de pronunciamentos
PARLAMENTAR hipótese alguma permite-se o ANTERIOR.
de parlamentares efetuados
constrangimento do Poder
em suas Casas Legislativas,
Legislativo, sob pena de crime
desde que liberada pela
de responsabilidade (art. 85, III)
respectiva mesa.
Cessado o Estado de Defesa ou o
Estado de Sítio, cessarão
RESPONSABILIDADE também seus efeitos, sem
IDEM IDEM
prejuízo da responsabilidade
pelos ilícitos cometidos por seus
executores ou agentes.
Cessada a situação excepcional,
as medidas aplicadas em sua
vigência serão relatadas pelo
Presidente da República, em
PRESTAÇÃO DE mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e IDEM IDEM
CONTAS
justificação das providências
adotadas, com relação nominal
dos atingidos, bem como a
indicação das restrições
aplicadas.
DESRESPEITO OS
REQUISITOS E
PRESSUPOSTOS
Crime de responsabilidade sem
CONSITUCIONAIS prejuízo das responsabilidades IDEM IDEM
POR PARTE DO civis e criminais.
PRESIDENTE DA
REPÚBLICA
195
- grave e iminente instabilidade institucional 3) Guerra
ou atingidas por calamidades de grandes 4) Resposta a agressão armada estrangeira.
proporções na natureza.
Presidente decreta. Presidente solicita autorização ao Congresso
Controle posterior do Congresso (por maioria Controle prévio do Congresso (por maioria
absoluta) absoluta).
Locais restritos e determinados. Abrange todo o território nacional.
Casos 1) e 2): 30 + 30 + 30 + 30 + 30...
30 dias (+ 1 prorrogação de 30 dias).
Casos 3) e 4): todo o tempo que perdurar a
Decreto determina tempo, área e restrições.
guerra.
Ouve-se o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional
Poder Executivo
Noções Introdutórias
O Poder Executivo é independente e autônomo e tem por função típica a de administrar a coisa pública, por meio de atos de
chefia de Estado, chefia de Governo e da administração. O Poder Executivo realiza, além de suas atribuições típicas, também
funções atípicas:
— de natureza jurisdicional, quando há um dissídio administrativo, e
— de natureza legislativa, ao, por exemplo, editar uma medida provisória
Presidencialismo X Parlamentarismo
Se há completa independência política entre os dois poderes e as funções executivas estão todas concentradas no próprio
Poder Executivo, temos o Presidencialismo. Se os poderes se articularem com relativa interdependência, afinal uma parcela
da função executiva (chefia de governo) terá sido deslocada para ser exercida pelo Poder Legislativo, estaremos diante do
sistema Parlamentarista.
Presidencialismo Parlamentarismo
As funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo A função de Chefe de Estado é exercida pelo Presidente
encontram-se nas mãos de uma única pessoa, o da República (República parlamentarista) ou Monarca
Presidente da República. (Monarquia parlamentarista), enquanto a função de
Chefe de Governo, pelo Primeiro-Ministro, chefiando o
Criação norte-americana; eleição do Presidente da Gabinete.
República pelo povo, para mandato determinado;
ampla liberdade para escolher os Ministros de Estado, Produto de longa evolução histórica; adquiriu os
que o auxiliam e podem ser exonerados contornos atuais no final do século XIX, recebendo forte
ad nutum, a qualquer tempo. influência inglesa;
197
O Poder Executivo O Poder Executivo é unipessoal exercido unicamente pelo Presidente da República, que é
na CF/88 auxiliado pelos Ministros de Estado. Estes se subordinam ao Presidente e são por ele
nomeados e demitidos livremente. São escolhidos dentre:
(1) brasileiros, natos ou naturalizados —salvo o Ministro de Estado da Defesa que
necessariamente será nato;
(2) maiores de vinte e um anos; e
(3) no pleno exercício dos direitos políticos.
198
No exercício dessa função, o Presidente No exercício dessa função, o Presidente
representa a República nas relações exerce a chefia superior da Administração
internacionais e, internamente, defende Pública
a unidade nacional (fala pelo pacto Pratica atos de administração e atos de
federativo) natureza política (estes últimos, quando o
Presidente participa do processo legislativo)
Eleição e Mandato Os requisitos constitucionais para que o indivíduo ocupe o cargo de Presidente da República
para Presidente da são:
República (1) ser brasileiro nato;
(2) possuir alistamento eleitoral;
(3) estar no pleno exercício dos direitos políticos;
(4) estar filiado a algum partido político;
(5) ter a idade mínima de trinta e cinco anos;
(6) não estar sujeito à incidência de nenhuma causa de inelegibilidade.
O sistema eleitoral que regerá as eleições para a chefia do Executivo será o majoritário
absoluto. Insta firmar que o mandato do Presidente é de quatro anos e terá início em
primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição, podendo o mesmo se reeleger para
um único período subsequente.
199
Posse A posse do Presidente e do Vice-Presidente da República ocorrerá em 1º de janeiro do ano
subsequente à eleição, em sessão do Congresso Nacional. Não comparecendo o Presidente
nem o Vice-Presidente da República para tomar posse dos cargos na data fixada (1º de
janeiro), estes serão declarados vagos depois de decorridos dez dias, salvo se houver
motivo de força maior.
Impossibilidades Os afastamentos temporários são intitulados impedimentos.
de exercer o cargo: A vacância é ocasionada pela impossibilidade categórica e decisiva de exercer a função.
Impedimento e Se o Presidente se ausentar de suas funções, temporária ou definitivamente, pertence ao
Vacância Vice Presidente a atribuição primária para substituí-lo (em caso de impedimento) ou
sucedê-lo (em caso de vacância).
Em se tratando de impedimento simultâneo do Presidente e do Vice-Presidente da
República, a Constituição Federal prevê um rol taxativo e ordenado das pessoas que
deverão ser chamadas sucessivamente para ocupar, interinamente, a Presidência da
República:
(1º) Presidente da Câmara dos Deputados;
(2º) Presidente do Senado Federal;
(3º) Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Obs.: Vale lembrar que, segundo entendeu nossa Corte Suprema, os substitutos
eventuais do Presidente da República, caso figurem na posição de réus criminais, ficarão
impossibilitados de exercer a Presidência da República, embora possam exercer a
chefia e direção de suas respectivas Casas.
Se a vacância dos dois cargos ocorrer nos dois primeiros anos do mandato presidencial
deverá ser organizada nova eleição direta em até noventa dias depois de aberta a
última vaga.
Por outro lado, se a vacância dos dois cargos se efetivar nos últimos dois anos do
mandato será feita nova eleição indireta (pelo Congresso Nacional), trinta dias depois
200
da última vaga se abrir. Ressalte-se que o Presidente e o Vice que forem escolhidos em
qualquer dessas modalidades de novas eleições deverão, tão somente, completar o
mandato de seus antecessores cumprindo o "mandato tampão".
Licença O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão sair do país por mais de quinze
dias, sem autorização do Congresso Nacional, pois se o fizerem estarão sujeitos à perda do
cargo. Conforme orientação do STF, referida disposição é norma de observância obrigatória
para os Estados-membros.
Não confundir com o prazo de dez dias: Não comparecendo o Presidente nem o Vice-
Presidente da República para tomar posse dos cargos na data fixada (1º de janeiro), estes
serão declarados vagos depois de decorridos dez dias, salvo se houver motivo de força
maior.
Info 850 STF (2016): O Tribunal assentou que os substitutos eventuais do presidente da
República a que se refere o art. 80 da CF, caso ostentem a posição de réus criminais perante
o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício de presidente da República; e negou a
determinação de afastamento imediato desses mesmos substitutos eventuais em relação
aos cargos de chefia e direção por eles titularizados em suas respectivas Casas.
# Caso haja eleição indireta, o eleito adquire novo mandato de 4 anos ou o restante do
mandato já iniciado (“mandato tampão”)?
Segundo o art. 81, §2º CF, o eleito indireto irá completar o mandato já iniciado pelo seu
antecessor.
Substituição Sucessão
É temporária É definitivo
É uma situação de fato ou de direito que É um ato ou fato jurídico que leva à
impede o exercício do fato extinção do mandato
É uma situação subjetiva do titular É um estado ou situação do cargo. O cargo
está vago.
Ex.: férias, doença, suspensão (art. 86, Ex.: cassação, renúncia, morte e arbitrária
§1º) desfiliação partidária (TSE, Consulta 1407,
Res. 22610)
Atribuições do 0 art. 84, CF/88 elenca, sem respeitar qualquer critério ordenador visível, as atribuições
Presidente da privativas do Presidente relacionadas à Chefia de Estado, de Governo e da Administração
República Federal. As competências ordenadas nesse rol não são exaustivas, mas sim meramente
exemplificativas.
Nem todas as competências elencadas no art. 84 poderão ser delegadas. Somente são
delegáveis as atividades previstas nos incisos VI, Xll e XXV 1ª parte. A delegação poderá ser
feita aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República (PGR) e ao Advogado-
Geral da União (AGU).
Crimes de
Responsabilidade
201
Perda do Mandato
Presidencial
Caso concreto: O Procurador-Geral da República ofereceu denúncia contra o Presidente Michel Temer pela
prática de crimes comuns. O STF encaminhou a denúncia à Câmara dos Deputados para a realização do juízo
de admissibilidade previsto no art. 51, I, e art. 86 da CF/88. Ocorre que a Câmara dos Deputados não autorizou
a instauração do processo contra o Presidente da República. O STF foi comunicado da decisão da Câmara por
meio de ofício. Diante disso, o Min. Edson Fachin, relator do inquérito no STF, proferiu decisão determinando
que o processo criminal contra Michel Temer fique suspenso até quando perdurar o seu mandato presidencial.
Isso significa que a denúncia será analisada pelo Poder Judiciário quando terminar o mandato de Temer (obs:
como ele, provavelmente, não terá nenhum outro mandato, esse processo criminal será julgado pela Justiça
Federal de 1ª instância). Até aí, sem nenhuma polêmica jurídica. O ponto interessante vem agora: o Ministro
Fachin determinou que investigados sem foro por prerrogativa de função e que praticaram, em tese, crimes
conexos aos do Presidente da República deveriam ser processados imediatamente em 1ª instância. Em outras
palavras, o STF determinou o desmembramento dos feitos e o processo de todos aqueles que não possuem
foro por prerrogativa de função deverá ser julgado em 1ª instância mesmo antes de terminar o mandato de
Temer. Esses investigados não concordaram com isso e recorreram contra a decisão do Ministro Fachin
alegando, entre outros argumentos, que, como os fatos são conexos, somente poderiam ser processados
quando terminasse o mandato de Temer.
Vale ressaltar que o fato de os corréus serem desde logo julgados não significa que se esteja indiretamente
julgando o Presidente da República, em contrariedade ao que decidiu a Câmara dos Deputados. Isso porque
202
vigora em nosso ordenamento jurídico o princípio da responsabilidade subjetiva, como corolário do Direito
Penal do fato, segundo o qual a análise da responsabilidade é de acordo com a conduta de cada indivíduo.
Assim, eventual condenação ou absolvição dos corréus não irá, necessariamente, influenciar no futuro
julgamento de Temer.
Imunidade O Presidente responde a qualquer processo em liberdade, não podendo ser preso
Temporária à provisoriamente (só pode ser preso após o trânsito em julgado de sentença condenatória
Prisão Provisória definitiva). Essa imunidade perdura apenas durante o curso do mandato (por isso é
(art. 86,§3º CF) temporária).
Imunidade Na vigência do mandato o Presidente não pode ser responsabilizado por atos estranhos
Temporária à ao exercício de suas funções. Quando o mandato for encerrado, começa a se contabilizar o
Persecução prazo de prescrição ou decadência para o exercício da persecução penal. Imuniza o
Criminal (art. Presidente apenas contra infrações penais (e não contra infrações civis, tal como
86,§4 º CF) improbidade administrativa, ou administrativas).
203
denúncia, tem a competência de decidir
sobre o afastamento liminar do governador.
204
Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional: órgãos consultivos
Introdução Os Conselhos da República e da Defesa Nacional são órgãos superiores de consulta do
Presidente da República para assuntos de acentuada relevância nacional; têm por tarefa
a deliberação sobre certos temas enumerados no texto constitucional, emitindo
pareceres meramente opinativos, que não vinculam o Presidente da República.
Conselho da De acordo com a dicção constitucional, o Conselho da República será acionado para
República Conselho da pronunciar-se sobre questões internas, como a intervenção federal, o
estado de defesa República e o estado de sítio, e também sobre os demais temas
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
Conselho de Defesa 0 Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República para
Nacional assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático.
206
(1) Em relação à prisão a prerrogativa assegura que o Presidente não poderá ser preso
enquanto não sobrevier sentença condenatória, prolatada pelo STF.
(2) Quanto à imunidade formal em relação ao processo, para que o Presidente da
República seja processado, tanto pela prática de crime comum, quanto pela prática de
crime de responsabilidade, deve haver autorização da Câmara dos Deputados, por 2/3
de seus membros.
(3) Quanto à relativa e temporária irresponsabilidade penal, o Presidente só poderá ser
responsabilizado, durante a vigência de seu mandato, pela prática de crimes que estão
relacionados ao exercício de suas funções. Não havendo conexão entre o crime
praticado e a atividade presidencial, ou se o crime foi praticado antes do início do
mandato, a responsabilização somente ocorrerá após o encerramento deste.
Imunidades dos A Constituição de 1988 não estabeleceu expressamente imunidades para os demais
Governadores e dos chefes do Poder Executivo. Segundo o STF, Prefeitos e Governadores não possuem
Prefeitos nenhuma das imunidades conferidas ao Presidente.
Responsabilidades do Presidente da República
Introdução O Presidente pode ser responsabilizado tanto pela prática de crimes comuns(infrações
penais comuns), quanto por crimes de responsabilidade(infrações político-
administrativas).
Crimes Comuns Se a infração for comum, o julgamento será feito no Supremo Tribunal Federal e a
primeira tarefa do Ministro relator será a de avaliar se o fato foi ou não cometido no
exercício das funções presidenciais (em ofício, em razão do ofício ou fora dele).
Assim, caso o relator entenda que o fato é conexo ao exercício das funções
presidenciais, deverá dar andamento ao trâmite (aguardando a denúncia ou a queixa-
crime).
No Senado, a condenação somente poderá ser proferida por 2/3 dos membros da
Casa Legislativa, formalizada em uma resolução e importará na aplicação das penas
de perda do cargo e inabilitação por oito anos para o exercício das funções públicas,
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos Municipais
# JURIS IMPORTANTE! Infos 863 e 872 STF (2017): NÃO há necessidade de prévia autorização da Assembleia
Legislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por
crime comum. Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado
criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional. Argumentos:
➢ Ausência de previsão expressa e inexistência de simetria → A exigência de prévia autorização foi
expressamente prevista apenas para Presidente da República, Vice-presidente e Ministros de Estado (art. 86 CF).
Essa é uma decorrência das características e competências que moldam e constituem o cargo de Presidente da
República, mas que não aplicam no caso de Governador. Sendo essa previsão uma excepcionalidade, não pode
ser transladada como se fosse regra ou como se estivesse cumprindo a suposta exigência de simetria para
Governador.
➢ Princípio republicano (art. 1º) → a exigência de autorização prévia da Assembleia Legislativa ocasiona o
congelamento de qualquer tentativa de apuração judicial de eventuais crimes praticados por Governadores
➢ Princípio da separação dos poderes (art. 2º) → a exigência viola, ainda, a separação dos Poderes, pois
estabelece uma condição não prevista pela CF/88 para o exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário
➢ Competência privativa da União (art. 22, I) → ao prever a necessidade de autorização prévia da Assembleia
Legislativa como condição para que o STJ receba a denúncia ou queixa, o Estado-membro acaba legislando sobre
direito processual penal, matéria que é de competência privativa da União.
➢ Princípio da igualdade (art. 5º) → estabelecer essa condição de procedibilidade faz com que o Governador seja
alçado à condição de superior em relação às outras pessoas apenas por ocupar este cargo.
Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará automaticamente suspenso de
suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO!!! O afastamento do cargo não se dá de forma automática. O
STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o
Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ
poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da
comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.).
Quanto à prática de crime de responsabilidade, o processamento e julgamento serão feitos por um Tribunal
especial,
formado por cinco membros da Assembleia Legislativa e cinco Desembargadores, sob a presidência do
208
Presidente do
Tribunal de Justiça local.
No que tange aos Prefeitos Municipais, estes poderão ser processados e julgados perante o Tribunal de Justiça,
Tribunal Regional Eleitoral ou pelo Tribunal Regional Federal, a depender da natureza da infração. Em relação
aos crimes de responsabilidade serão processados e julgados pela Câmara Municipal.
O Presidente da República e o Vice podem perder os respectivos mandatos por quatro razões funcionais
distintas:
(1) vacância do cargo;
(2) ausência do país;
(3) extinção do mandato; e
(4) cassação do mandato.
Aprofundamento - Impeachment:
» Definição:
É um processo de investigação e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade.
Alguns autores definem impeachment como sendo o meio de responsabilização dos agentes políticos na República → esse
conceito é muito feliz, pois deixa claro que o impeachment não se restringe ao Poder Executivo, alcançando qualquer poder
(ex: ministros do STF) e, inclusive, órgãos independentes (ex: PGR), salvo o Poder Legislativo (sujeita-se ao procedimento de
quebra de decoro parlamentar).
» Histórico:
A nossa CF buscou inspiração na Const. Americana, porém tem uma significativa diferença: a Const. Americana NÃO possui
a previsão de afastamento liminar do Presidente quando há uma acusação contra ele recebida, com duração máxima de
180 dias (art. 86, §§1º e 2º CF).
Obs2: Impeachment tardio = se por ventura um Presidente fosse eleito e reeleito, impeachment tardio seria a possibilidade
de este Presidente ser processado no curso do 2º mandato por fato praticado no mandato anterior. O impeachment tardio
é admitido no Brasil? 2 posições:
1ª posição – O impeachment tardio não é admissível, pois o mínimo que se exige é a contemporaneidade entre o fato e o
mandato. Cada mandato é autônomo!!!
2ª posição – Gustavo Badaró – É possível o impeachment tardio. A única condição que a legislação impõe está prevista no
art. 15 da Lei 1.079/50: estar o Presidente no desempenho do seu mandato (se ele for reeleito, ele estará no desempenho
do seu mandato).
Existem 4 PECs tramitando para autorizar o impeachment tardio.
» Natureza jurídica:
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É processo estritamente político (imune ao controle do Poder Judiciário) ou processo penal (é cabível o controle judicial)? 2
posições:
1ª posição – Paulo Brossard – É processo estritamente político e, por isso, NÃO está sujeito a controle por parte do Poder
Judiciário.
2ª posição – Miguel Reale Jr. – É processo político-jurídico, ou seja, teria motivação política, mas com consequências
jurídicas. É admissível controle judicial, via STF, dos atos praticados durante o processo de impeachment sobre a sua
legalidade. É a posição adotada pelo STF (“papel de guardião do procedimento do impeachment”) !!!
» Procedimento:
O impeachment, assim como o Júri, é um procedimento bifásico:
Juízo de admissibilidade (Câmara dos Deputados) + Juízo de mérito (SF)
O juízo de admissibilidade ou de prelibação, feito pela CD, pode ser negativo ou positivo. Se negativo, o caso é de
arquivamento normal, nômalo ou típico. Se positivo (com 2/3 dos votos), a consequência será a autorização para a
instauração do processo pelo Senado Federal.
O juízo de mérito é feito pelo SF → O ato de instauração do processo pelo SF é ato vinculado (ele está obrigado a instaurá-
lo) ou discricionário (ele pode deixar de instaurá-lo, mesmo se a CD autorizar)? Segundo o STF, o ato de instauração pelo SF
é discricionário, ou seja, o SF tem um juízo de conveniência e oportunidade, podendo instaurar o processo ou não. Trata-se,
portanto, de faculdade e não de obrigação.
Inabilitação Inelegibilidade
Compreende qualquer função/cargo público; Só alcança mandato eletivo (cargo pela via eleitoral);
Pode durar menos ou mais que 8 anos ou 8 anos;
O prazo de 8 anos é peremptório;
É uma sanção aplicada pelo Poder Legislativo no processo É uma sanção aplicada pelo Poder Judiciário no julgamento
de impeachment. em ação que se impute infração eleitoral.
» Conclusões importantes do STF sobre o impeachment:
Info 812 (2016): Principais conclusões do STF na decisão que definiu o rito do processo de impeachment da Presidente
Dilma:
1. NÃO há direito à defesa prévia ANTES do recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara.
2. É possível a aplicação subsidiária dos Regimentos Internos da Câmara e do Senado que tratam sobre o impeachment,
desde que sejam compatíveis com os preceitos legais e constitucionais pertinentes.
3. Após o início do processo de impeachment, durante a instrução probatória, a defesa tem o direito de se manifestar após
a acusação.
4. O interrogatório deve ser o ato final da instrução probatória.
5. O recebimento da denúncia no processo de impeachment ocorre apenas após a decisão do Plenário do Senado Federal.
Assim, a Câmara dos Deputados somente atua no âmbito pré-processual, não valendo a sua autorização como um
recebimento da denúncia, em sentido técnico. Compete ao Senado decidir se deve receber ou não a denúncia cujo
prosseguimento foi autorizado pela Câmara. O Senado não está vinculado à decisão da Câmara.
210
6. A decisão do Senado que delibera se instaura ou não o processo se dá pelo voto da maioria simples, presente a maioria
absoluta de seus membros.
7. É possível a aplicação analógica dos arts. 44, 45, 46, 47, 48 e 49 da Lei 1.079/1950 — os quais determinam o rito do
processo de impeachment contra Ministros do STF e o PGR — ao processamento no Senado Federal de crime de
responsabilidade contra o Presidente da República.
8. Não é possível que sejam aplicadas, para o processo de impeachment, as hipóteses de impedimento do CPP. Assim, não
se pode invocar o impedimento do Presidente da Câmara para participar do processo de impeachment com base em
dispositivos do CPP.
9. A eleição da comissão especial do impeachment deve ser feita por indicação dos líderes e voto aberto do Plenário. Os
representantes dos partidos políticos ou blocos parlamentares que irão compor a chapa da comissão especial da Câmara
dos Deputados deverão ser indicados pelos líderes, na forma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Assim, não
é possível a apresentação de candidaturas ou chapas avulsas para a formação da comissão especial.
Juris do - Lei estadual pode prever que, em caso de dupla vacância para os cargos de Governador e
Buscador do Vice nos dois últimos anos do mandato, a ALE realizará eleição indireta, de forma nominal e
Dizer o Direito aberta Os estados-membros, no exercício de suas autonomias, podem adotar o modelo federal
previsto no art. 81, § 1º, da Constituição, cuja reprodução, contudo, não é obrigatória.
No caso de dupla vacância, faculta-se aos estados-membros, ao Distrito Federal e aos municípios
a definição legislativa do procedimento de escolha do mandatário político.
No caso de realização de eleição indireta, a previsão normativa estadual de votação nominal e
aberta é compatível com a CF/88. Caso concreto: lei da Bahia afirmou que, se o Governador e o
Vice-Governador deixarem os cargos nos dois últimos anos do mandato, a Assembleia Legislativa
deverá realizar uma eleição indireta, de forma nominal e aberta. Para o STF, essa lei é
constitucional, sob os pontos de vista formal e material. STF. Plenário. ADI 1057/BA, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 16/8/2021 (Info 1025).
- Imunidade do art. 51, I, e art. 86 da CF/88 não se estende para codenunciados que não sejam
Presidente da República, Vice ou Ministro de Estado A imunidade formal prevista no art. 51, I,
e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os codenunciados que não se encontrem
investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e Ministro de
Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela
qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções.
STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin,
julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).
211
- Imunidade do art. 51, I, e art. 86 da CF/88 não se estende para codenunciados que não sejam
Presidente da República, Vice ou Ministro de Estado A imunidade formal prevista no art. 51, I,
e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os codenunciados que não se encontrem
investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e Ministro de
Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela
qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF.
Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados
em 14 e 19/12/2017 (Info 888).
- Não é possível que o STF examine questões jurídicas formuladas a respeito da denúncia antes
do seu envio à Câmara dos Deputados para o juízo político de que trata o art. 86 da CF/88
Imagine que foi formulada denúncia contra o Presidente da República por infrações penais
comuns. O STF deverá encaminhar esta denúncia para a Câmara dos Deputados exercer o seu
juízo político. É possível que, antes desse envio, o STF analise questões jurídicas a respeito desta
denúncia, como a validade dos elementos informativos (“provas”) que a embasaram? NÃO. Não
há possibilidade de o STF conhecer e julgar qualquer questão ou matéria defensiva suscitada
pelo Presidente antes que a matéria seja examinada pela Câmara dos Deputados. O juízo político
de admissibilidade exercido pela Câmara dos Deputados precede a análise jurídica pelo STF para
conhecer e julgar qualquer questão ou matéria defensiva suscitada pelo denunciado. A
discussão sobre o valor probatório dos elementos de convicção (“provas”), ou mesmo a respeito
da validade desses elementos que eventualmente embasarem a denúncia, constitui matéria
relacionada com a chamada “justa causa”, uma das condições da ação penal, cuja constatação
ou não se dará por ocasião do juízo de admissibilidade, a ser levado a efeito pelo Plenário do
STF após eventual autorização da Câmara dos Deputados. STF. Plenário.Inq 4483 QO/DF, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 20 e 21/9/2017 (Info 878).
- Não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o STJ receba denúncia criminal
contra o Governador do Estado Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia
Legislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador
de Estado, por crime comum. Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da
ALE para que o Governador do Estado seja processado por crime comum. Se a Constituição
Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa
previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir
normas que condicionem a instauração de ação penal contra Governador por crime comum à
previa autorização da Casa Legislativa. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o
Governador, ele ficará automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo
estadual? NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma automática. O STJ, no ato de
recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de
o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. Vale ressaltar que, além do afastamento
do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: prisão
preventiva, proibição de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF.
Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI
4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017
(Info 863).
- Réu em processo criminal não pode assumir, como substituto, o cargo de Presidente da
República Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da
CF/88, caso ostentem a posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de
exercer o ofício de Presidente da República. No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar
212
na chefia do Poder por eles titularizados. Ex: o Presidente do Senado Renan Calheiros tornou-se
réu em um processo criminal; logo, ele não poderá assumir a Presidência da República na forma
do art. 80 da CF/88; porém, ele pode continuar normalmente como Presidente do Senado, não
precisando ser afastado deste cargo. STF. Plenário. ADPF 402 MC-REF/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850).
- Impossibilidade de aplicação do art. 86, § 4º, da CF/88 a outras autoridades que não o
Presidente da República Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da
Câmara dos Deputados, considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada
expressamente ao chefe do Poder Executivo da União (Presidente da República). Desse modo,
por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível qualquer interpretação que
amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder Legislativo. STF. Plenário.
Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816).
Poder Legislativo
Noções Introdutórias
213
A tripartição de Poderes no sistema jurídico pátrio é, hodiernamente, consagrada por normatividade constitucional,
devendo ser lida deforma mais elástica, pois, como se sabe, o poder constituinte originário outorgou a cada um dos
órgãos estatais competências que se traduzem em funções típicas e atípicas.
Atualmente, o papel que cabe ao Legislativo nesse complexo mosaico de distribuição de tarefas é indeclinável em um
Estado de Direito, pois envolve, além da função típica de legislar, também aquela primordial de controlar e fiscalizar
os atos dos demais Poderes, evitando excessos e irregularidades que tanto arriscam as liberdades democráticas.
Relativamente a estas duas funções típicas do Poder Legislativo (de legislar e fiscalizar), deve-se ressaltar que não estão
hierarquizadas, ambas se encontram no mesmo patamar de importância. Quanto às competências atípicas do Poder,
estas abrangem as funções de "administrar" e "julgar".
De início, resta destacar que no Brasil vivemos sob a égide de uma federação, que tem como característica o
bicameralismo, o qual permite que a vontade regional tenha condições efetivas de participação na formação da
vontade nacional. Isso significa dizer que o poder legislativo federal está composto em 2 Casas: Câmara dos Deputados
e Senado Federal.
O bicameralismo NÃO se estende aos poderes legislativos dos Estados, DF e Municípios, os quais são todos
unicamerais.
Hipóteses de
Convocação
Extraordinária
216
Noções Iniciais Comissões Parlamentares são órgãos colegiados, de natureza técnica, que integram a
estrutura do Congresso Nacional e de suas Casas Legislativas. Têm por função primordial
o estudo inaugural das proposições apresentadas. Possuem também finalidade
investigativa, representativa e de fiscalização da gestão da coisa pública, além de
funcionarem como espaço singular e privilegiado de interação entre o Parlamento e a
sociedade. As comissões devem respeitar o ideal da proporcionalidade.
Requisitos para No artigo 58, § 3º, CF/88 temos os requisitos inafastáveis para a instauração das
criação da CPI comissões, quais sejam:
— subscrição de requerimento de Constituição de CPI por, no mínimo, l/3 dos Deputados
federais ou dos Senadores da República, ou 1/3 dos membros de cada Casa do Congresso
Nacional neste último caso formando uma CPMI.
— indicação de um fato determinado;
—previsão de prazo certo para a apuração de referido fato.
Essas três condições, satisfeitas, impõem a Constituição da comissão, independentemente
da submissão a qualquer outro requisito. Referido preceito é de observância compulsória
pelas Casas Legislativas estaduais e municipais, pelo princípio da simetria.
217
1ª corrente: SIM. Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello. O comparecimento do
investigado perante a CPI para ser ouvido é facultativo. Cabe a ele decidir se irá ou não
comparecer. Se decidir comparecer, ele terá direito: a) ao silêncio; b) à assistência de
advogado; c) de não prestar compromisso de dizer a verdade; d) de não sofrer
constrangimentos. Caso o investigado não compareça, a CPI não pode determinar a sua
condução coercitiva. Aplica-se para as CPIs o mesmo entendimento da ADPF 395/DF.
Aspecto relevante diz respeito à situação jurídica da testemunha que, já tendo firmado
acordo de colaboração de premiada, conduzido pelo MP e homologado pelo Poder
Judiciário, é acionada para prestar depoimento perante CPI sobre os mesmos fatos. Para
Nathalia Masson, tal circunstância é absolutamente compatível com o exercício do direito
ao silêncio perante à comissão, uma vez que o acordo delimita uma renúncia ao direito ao
silêncio que se mantém adstrita ao âmbito específico da colaboração e perante as
autoridades investidas de poder para tanto, não se estendendo, necessariamente, a
outras esferas de apuração.
218
Os poderes e os Inexiste uma lista precisa de atribuições para o Poder Legislativo cumprir esta tarefa, de
limites da atuação modo que o Poder Judiciário, progressivamente, equaciona um quadro de precedentes
da CPI que indicarão o que (não) pode ser determinado pela CPI.
(3) Separação de poderes: As CPIs não possuem poderes que não estejam elencados
dentro das atribuições do Poder Legislativo. Em consequência, não podem: i) promover a
responsabilização de quem quer que seja; ii) anular atos de qualquer outro Poder da
República; iii) convocar magistrado para investigar sua atuação jurisdicional; iv) subverter,
revogar, cassar, alterar decisões jurisdicionais proferidas nos processos, dentre as quais se
inserem as que decretam o chamado segredo de justiça.
219
Decisões da CPI: As CPIs devem fundamentar suas determinações, indicando razões que legitimem a
necessidade de excepcional medida invasiva e a necessidade de sua adoção para a investigação.
fundamentação
Controle Judicial As CPIs estão submetidas à totalidade do regramento constitucional, de modo que
dos atos qualquer desvio, exercício abusivo ou afronta a direito subjetivo tornar-se-á uma
praticados pela CPI controvérsia jurídica, passível de controle judicial. Afinal, conforme preceitua o princípio
da inafastabilidade da jurisdição, nenhuma lesão ou ameaça a direito deixará de ser
apreciada pelo Poder Judiciário.
Respeito ao A validade das deliberações das comissões está condicionada à manifestação da maioria
princípio da absoluta de seus membros, de modo que a inobservância do postulado da colegialidade
Colegialidade implicará numa decisão nula.
Relatórios e Encerrada a atividade investigativa da comissão deve ser apresentado um relatório final
conclusões da CPI com a descrição detalhada do trabalho que foi realizado e das conclusões alcançadas. As
proposições finais apresentadas pela CPI não são dotadas de autoexecutoriedade. Por
220
isso, caso conclua pela ocorrência de ilícitos, deve o relatório ser encaminhado ao
Ministério Público, para adoção das medidas ou providências tidas por necessárias.
A CPI nas demais É certo que as assembleias legislativas, a câmara legislativa do Distrito Federal e as
esferas federativas câmaras municipais poderão criar suas próprias comissões investigativas, e essa
possibilidade nada mais é do que uma decorrência do pacto federativo e da separação de
poderes.
- CPIs municipais: Devem observar os requisitos que legitimam a instituição das comissões
federais, por ser o modelo delineado na Constituição da República de observância
obrigatória.
Na investigação, devem se manter adstritas aos fatos que sejam de interesse fiscalizatório
marcadamente local, em obediência ao princípio federativo. Ressalte-se que as CPIs
municipais não poderão determinar providências hostis aos direitos fundamentais, como
por exemplo a quebra do sigilo de dados bancários, fiscais ou telefônicos.
Imunidade Também intitulada inviolabilidade — tem o condão de neutralizar, na esfera penal e civil,
Material (Freedom a responsabilização do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos, desde que
of speech) tenham sido proferidas no exercício da função. A ofensa pode ter sido irrogada no recinto
congressual ou fora dele: sempre deve haver inequívoca confirmação de que o ato está
relacionado com a função parlamentar para a imunidade incidir.
221
Imunidades Asseguram ao congressista a prerrogativa de não ser (ou não permanecer) preso, assim
Formais como a possibilidade de suspensão do processo penal que esteja em trâmite contra ele.
São irrelevantes ante a presença da imunidade material.
Imunidade Formal A imunidade formal relacionada à prisão não exclui o crime, antes o pressupõe, mas
relativa à prisão importa na impossibilidade de o parlamentar federal ser preso, salvo em flagrante de
(freedom from crime inafiançável. Em havendo a prisão, os autos deverão ser encaminhados à Casa
arrest) Legislativa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre o
tema.
DE OLHO NA JURIS! Parlamentares não têm imunidade formal quanto à prisão em caso
de condenação definitiva O § 2º do art. 53 da CF/88 veda apenas a prisão penal cautelar
222
(provisória) do parlamentar, ou seja, não proíbe a prisão decorrente da sentença
transitada em julgado, como no caso de Deputado Federal condenado definitivamente
pelo STF. STF. Plenário. AP 396 QO/RO, AP 396 ED-ED/RO, Rel.Min. Cármen Lúcia, julgado
em 26/6/2013 (Info 712).
Imunidade formal Atualmente, esta imunidade refere-se à possibilidade de a Casa Legislativa respectiva
relativa ao sustar, a qualquer tempo antes de prolatada a decisão final pelo STF, o trâmite da ação
processo penal proposta contra Deputado federal ou Senador em razão de crime relacionado à
função praticado após o ato da diplomação.
Imunidade Deputados Federais e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações
Testemunhal que foram recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
Imunidades dos No âmbito estadual e distrital: São aplicáveis, sem restrições, aos membros das
demais membros Assembleias Legislativas dos Estados e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, as
do P. Legislativo normas relativas às prerrogativas dos parlamentares integrantes do Congresso Nacional.
Vale lembrar que o STF discutiu, nas medidas cautelares das Ações Diretas de
Inconstitucionalidade 5823, 5824 e 5825, a extensão a deputados estaduais das
imunidades formais previstas no artigo 53 da CF/88 para deputados federais e senadores.
Por apertada maioria (6X5), nossa Corte concluiu que tais imunidades são sim
extensíveis aos parlamentares estaduais.
Nesta ocasião, restou firmado pelo STF que: "O foro por prerrogativa de função dos
Deputados Federais e Senadores aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas".
Quanto ao período de duração do foro especial no STF para crimes comuns praticados
na função, a regra, é: o termo inicial do foro por prerrogativa de função é a diplomação
(conforme dispõe expressamente a Constituição), enquanto o termo final é o
encerramento do mandato.
Quanto aos Vereadores a Constituição não concedeu a eles prerrogativa de foro, o que
pode, todavia, ser feito pelas Constituições estaduais, que podem conferir
competência originária para o processamento e julgamento das infrações penais aos
respectivos Tribunais de Justiça.
Incompatibilidades
Parlamentares –
art. 54 da CF/88
224
Hipóteses de Perda de Mandato
A cassação e a As possibilidades de perda do mandato parlamentar podem resultar da cassação ou da
extinção do extinção do mandato.
mandato
A cassação é uma espécie de sanção constitucional aplicável ao parlamentar em razão do
cometimento de falta funcional geradora da perda do mandato.
Nestes casos a perda do mandato será decidida pela maioria absoluta dos membros da
Casa Legislativa respectiva, em votação aberta, mediante provocação da respectiva Mesa
ou de partido político devidamente representado no Congresso Nacional, sendo
assegurada a ampla defesa ao parlamentar.
A renúncia é uma das causas de extinção do mandato e pode ser apresentada pelo
parlamentar a qualquer momento.
225
A perda como O STF confirmando entendimento já exposto pelo Tribunal Superior Eleitoral passou a
decorrência da compreender que a desfiliação partidária, sem justa causa, autoriza o partido político
desfiliação interessado a solicitar, na Justiça Eleitoral, a decretação da perda do cargo eletivo. Vale
partidária sem lembrar que essa perda em razão de troca partidária só atinge os que foram eleitos pelo
justa causa sistema proporcional(Deputados Federais, Estaduais, Distritais e Vereadores), em razão do
decidido na ADI 5081-DF (maio/2015).
Hipóteses que O texto constitucional elenca expressamente, no art. 56, CF, as hipóteses em que não haverá
não ensejam a a perda do mandato do Deputado Federal ou do Senador da República.
perda do
mandato
Perda do
Mandato Será decidida pela CD ou SF por maioria Será declarada pela mesa respectiva
absoluta
• Infringir qualquer das proibições • Deixar de comparecer, em cada
•Procedimento for declarado sessão legislativa, 1/3 das sessões
incompatível com o decoro ordinárias da Casa a que pertencer,
parlamentar
226
•Sofrer condenação criminal em salvo licença ou missão por esta
sentença transitada em julgado. autorizada
• Perder ou tiver suspensos os
direitos políticos
• Decretar a Justiça Eleitoral
Tribunal de Contas
Introdução Como cada Poder da República possui um sistema próprio de autofiscalização (controle
interno, art. 74, CF/88), engendrado por órgãos que compõem sua própria estrutura
administrativa, a função do Tribunal de Contas será a de auxiliar o Poder Legislativo no
exercício do controle externo, isto é, na atividade de fiscalização da execução do
orçamento e do uso do dinheiro público.
Composição O TCU é composto por nove Ministros, que devem satisfazer os seguintes requisitos: (i)
ser brasileiro (nato ou naturalizado); (ii) possuir mais de 35 e menos de 65 anos de idade;
(iii) ser detentor de idoneidade moral e reputação ilibada; (iv) ser notório possuidor de
conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou da Administração
Pública; (v) estar há mais de dez anos no exercício de função ou de efetiva atividade
profissional que exija os conhecimentos mencionados no item anterior.
Quanto à escolha, dois terços (seis Ministros) são escolhidos pelo Congresso Nacional. Os
outros três Ministros (um terço) são escolhidos pelo Presidente da República.
Quanto aos conselheiros das Cortes Estaduais de Contas, diga-se que possuem as mesmas
garantias, prerrogativas, impedimentos vencimentos e vantagens dos Desembargadores dos
Tribunais de Justiça.
Rejeição da A rejeição categórica, por parte do TCU, da prestação de contas mencionada no inciso II gera
prestação de a inelegibilidade do indivíduo que deveria tê-Ias prestado corretamente.
contas e
inelegibilidade Quanto às contas dos Chefes do Executivo a regra é distinta, afinal os Tribunais de Contas
não são competentes para julgá-Ias, mas somente para apreciá-Ias sob o aspecto técnico e
emitir um parecer opinativo em até 60 dias contados da data do recebimento da prestação
de contas em análise. Quem resolve, em definitivo, se a prestação de contas do Chefe do
Executivo será aprovada ou rejeitada é o Parlamento da respectiva esfera federativa (art. 49,
IX, CF/88)
MP que atua Com idênticas garantias, vedações e forma de investidura estipulados constitucionalmente
junto ao TCU para os membros do Ministério Público comum atua, juntamente ao TCU, um Ministério
Público especializado, no qual atuam sete membros, nomeados pelo Presidente da
República, após específico concurso público de provas e títulos.
Informações •As decisões dos Tribunais de Contas de que resulte imputação de débito ou multa terão
Importantes eficácia de título executivo;
• o TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem
quebra de sigilo bancário;
228
•o TCU não possui poder constitucionalmente estabelecido para rever decisão judicial
transitada em julgado;
• o TCU possui poderes constitucionais implícitos para expedir medidas cautelares visando
suspender procedimentos licitatórios maculados por irregularidades, no intuito de preservar
o erário.
229
São poderes das CPIs:
a) Determinar as diligências que reportarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado; tomar o
depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais; requisitar de repartições públicas e
autárquicas informações e documentos;
b) Obter as informações e os documentos sigilosos de que necessitarem, diretamente das instituições financeiras
ou por intermédio do Banco Central ou da CVM, devendo as solicitações serem previamente aprovadas pelo Plenário
da CD, do SF ou do plenário de suas respectivas CPIs.
c) Ouvir investigados ou indiciados → a CPI deve respeitar a garan a da não autoincriminação e o direito ao silêncio.
O direito ao silêncio não é o direito a não dizer aquilo que sabe, é o direito de não dizer coisas que possam incriminá-
lo. Se não for algo que possa incriminá-lo, não há direito ao silêncio.
d) Ouvir testemunhas, sob pena de CONDUÇÃO COERCITIVA;
e) Realizar busca e apreensão de documentos e equipamentos, contanto que respeitem a inviolabilidade do
domicílio. Não pode invadir o domicílio para apreender, só o juiz pode determinar (HC 71.039).
f) Os membros de uma CPI podem locomover-se no interesse da investigação, inclusive para fora do país;
g) Determinar, por autoridade própria, sempre por decisão fundamentada e motivada, a QUEBRA DO SIGILO FISCAL,
BANCÁRIO e DE DADOS → a quebra do sigilo telefônico é o acesso aos dados da ligação telefônica (histórico das
ligações, duração das chamadas). A CPI NÃO É COMPETENTE PARA A QUEBRA DO SIGILO DA COMUNICAÇÃO
TELEFÔNICA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA) !!!
230
PODEM NÃO PODEM
- CONDUÇÃO COECITIVA - BUSCA DOMICILIAR
- BUSCA E APREENSÃO DE DOCUMENTOS E - MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS (Ex.:
EQUIPAMENTOS indisponibilidade de bens)
- QUEBRA DO SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E DE - INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
DADOS - ORDEM DE PRISÃO
# Pode o investigado se recusar a comparecer na sessão da CPI na qual seria ouvido? Info 942 STF (2019):
Desse modo, tivemos dois votos favoráveis à tese de que o paciente não estava obrigado a comparecer à CPI e
dois votos contrários. Em caso de empate, prevalece a decisão mais favorável ao paciente.
Assim, a 2ª Turma do STF concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de
comparecimento em facultatividade e deixar a cargo do paciente a decisão de comparecer ou não à Câmara
dos Deputados, perante a CPI, para ser ouvido na condição de investigado.
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238
Jurisprudência Selecionada Poder Legislativo
Norma estadual ou municipal não O art. 101 da CE/RJ estabelecia que “a qualquer Deputado” seria
pode conferir a parlamentar, permitido formular requerimento de informação ao Poder Executivo,
individualmente, o poder de constituindo crime de responsabilidade, nos termos da lei, o não
requisitar informações ao Poder atendimento no prazo de trinta dias, ou a prestação de informações
Executivo falsas.
Assim como ocorre com os É proibido o pagamento de vantagem pecuniária a deputados estaduais
Parlamentares federais, é vedado o por convocação para sessão extraordinária. STF. Plenário. ADPF 836/RR,
pagamento de valor a mais a Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 2/8/2021 (Info 1024).
Deputados Estaduais pelo fato de
terem sido convocados para sessão
extraordinária
239
Governador não pode ser obrigado a Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de
depor em CPI instaurada no estados-membros da Federação por Comissão Parlamentar de Inquérito
Congresso Nacional (CPI) instaurada pelo Senado Federal. A convocação viola o princípio da
separação dos Poderes e a autonomia federativa dos estados-membros.
STF. Plenário. ADPF 848 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
25/6/2021 (Info 1023).
Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016.
Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no
período de 2015-2016. Em 2016, ele foi reeleito Deputado Federal para
a legislatura de 2017 a 2020. Significa que Pedro poderá ser novamente
241
Presidente da Câmara para no biênio de 2017-2018. Isso porque seria
uma reeleição para nova legislatura.
Desse modo, tivemos dois votos favoráveis à tese de que o paciente não
estava obrigado a comparecer à CPI e dois votos contrários.
Em caso de empate, prevalece a decisão mais favorável ao paciente.
Assim, a 2ª Turma do STF concedeu a ordem de habeas corpus para
transformar a compulsoriedade de comparecimento em facultatividade
e deixar a cargo do paciente a decisão de comparecer ou não à Câmara
dos Deputados, perante a CPI, para ser ouvido na condição de
investigado.
Deputados Estaduais gozam das São constitucionais dispositivos da Constituição do Estado que estendem
mesmas imunidades formais previstas aos Deputados Estaduais as imunidades formais previstas no art. 53 da
para os parlamentares federais no art. Constituição Federal para Deputados Federais e Senadores.
53 da CF/88
A leitura da Constituição da República revela, sob os ângulos literal e
sistemático, que os Deputados Estaduais também têm direito às
imunidades formal e material e à inviolabilidade que foram conferidas
pelo constituinte aos congressistas (membros do Congresso Nacional).
Isso porque tais imunidades foram expressamente estendidas aos
Deputados pelo § 1º do art. 27 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN,
ADI 5824 MC/RJ e ADI 582 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/
o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 939).
Assembleia Legislativa pode rejeitar a É constitucional resolução da Assembleia Legislativa que, com base na
prisão preventiva e as medidas imunidade parlamentar formal (art. 53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88),
cautelares impostas pelo Poder revoga a prisão preventiva e as medidas cautelares penais que haviam
Judiciário contra Deputados Estaduais sido impostas pelo Poder Judiciário contra Deputado Estadual,
determinando o pleno retorno do parlamentar ao seu mandato.
O Poder Legislativo estadual tem a prerrogativa de sustar decisões
243
judiciais de natureza criminal, precárias e efêmeras, cujo teor resulte em
afastamento ou limitação da função parlamentar. STF. Plenário. ADI
5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info
939).
Possibilidade de juiz afastar vereador É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a
da função que ocupa parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas
funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para
deliberação. STJ. 5ª Turma. RHC 88804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info 617).
Judiciário pode impor aos O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares,
parlamentares as medidas cautelares por autoridade própria, as medidas cautelares previstas no art. 319 do
do art. 319 do CPP, no entanto, a CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime
respectiva Casa legislativa pode inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos
rejeitá-las (caso Aécio Neves) gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional
gravidade.
245
Processo de cassação de mandato O ex-Deputado Federal Eduardo Cunha impetrou mandado de segurança
parlamentar e autocontenção do no STF pedindo a suspensão do processo de cassação que tramitava
Poder Judiciário contra ele na Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar.
O pedido do impetrante foi negado.
Perda do mandato por infidelidade Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido
partidária não se aplica a cargos político no qual foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa?
eletivos majoritários
a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO A perda do mandato em
razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo
sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das
escolhas feitas pelo eleitor. No sistema majoritário, o candidato
escolhido é aquele que obteve mais votos, não importando o quociente
eleitoral nem o quociente partidário. Nos pleitos dessa natureza, os
eleitores votam no candidato e não no seu partido político. Desse modo,
no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por
infidelidade partidária é antagônica (contrária) à soberania popular.
Inconstitucionalidade de vinculação É inconstitucional lei estadual que estabelece que a remuneração dos
de remuneração dos Deputados Deputados Estaduais será um percentual sobre o subsídio dos
Estaduais ao subsídio dos Federais Deputados Federais. Tal lei viola o princípio da autonomia dos entes
federativos. STF. Plenário. ADI 3461/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 22/5/2014 (Info 747).
Parlamentares não têm imunidade O § 2º do art. 53 da CF/88 veda apenas a prisão penal cautelar
formal quanto à prisão em caso de (provisória) do parlamentar, ou seja, não proíbe a prisão decorrente da
condenação definitiva sentença transitada em julgado, como no caso de Deputado Federal
condenado definitivamente pelo STF. STF. Plenário. AP 396 QO/RO, AP
396 ED-ED/RO, Rel.Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/6/2013 (Info 712).
Processo Legislativo
Introdução
Processo legislativo é o conjunto de atos pré-ordenados tendentes à elaboração das espécies normativas primárias,
previstas no art. 59, CF/88.
A atividade legiferante é exercida com primazia, mas não com exclusividade, pelo Poder Legislativo, razão pela qual
identifica-se no ordenamento jurídico situações nas quais outro Poder exerce função de natureza legislativa —como,
por exemplo, a edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo.
As linhas básicas do modelo constitucional federal referente ao processo legislativo são de absorção compulsória
pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais, conforme entendimento do STF. Do mesmo modo, as
matérias nas quais a iniciativa pertencer de forma reservada ao Presidente da República deverão ser atribuídas aos
Governadores e Prefeitos, no que couber.
A desobediência às regras do processo legislativo resulta em inconstitucionalidade formal da lei/ato normativo, que
poderá ser: (1) reconhecida pelo Poder Judiciário no exercício do controle repressivo de constitucionalidade, tanto
no âmbito do controle difuso como no do concentrado; (2) evitada no controle de constitucionalidade político
preventivo, realizado pelo Poder Legislativo, através das Comissões de Constituição e Justiça, e pelo Poder Executivo,
por meio do veto presidencial; (3) refreada pelo Poder Judiciário, por meio do excepcional controle de
constitucionalidade jurisdicional preventivo, no qual os parlamentares defendem seu direito público subjetivo à
correta e estrita observância do devido.
248
Espécies Normativas
Há sete espécies normativas primárias, a saber: (1) emendas constitucionais; (2) leis complementares; (3) leis
ordinárias; (4) leis delegadas; (5)medidas provisórias; (6) decretos legislativos; e (7) resoluções.
"Processo legislativo ordinário" é aquele que deve ser observada na elaboração das leis ordinárias. Trata-se
do procedimento mais básico e completo; caracteriza-se pela ausência de prazos para a realização dos atos de
deliberação e votação. Apesar de mais demorado, este procedimento comporta uma maior oportunidade para
o exame, o estudo e a discussão do projeto. Divide-se em três fases, quais sejam: (1) introdutória; (2)
constitutiva; e (3) complementar.
Fase A fase introdutória é a que inaugura o processo de elaboração das leis ordinárias, por meio
Introdutória do ato "iniciativa".
do Processo
Legislativo A Constituição Federal estabelece um rol amplo daqueles que são legitimados a estrear o
Ordinário processo legislativo ordinário, afinal a prerrogativa foi atribuída a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos (art. 61, CF/88).
Iniciativa Popular
De acordo com o que preceitua a Constituição, o projeto de lei de iniciativa popular será
apresentado na Câmara das Deputados e deve ser subscrito por pelo menos um por cento
do eleitorado nacional (só cidadãos podem assinar), distribuídos em pelo menos cinco
Estados-membros sendo que, em cada um dos Estados-membros participantes, não se
pode reunir menos que três décimos por cento do número total de eleitores de cada um
deles.
Por simetria, diga-se que o poder de corrente, ao elaborar as Constituições estaduais, deve
prever a iniciativa popular de lei em âmbito estadual. E, pelo mesmo princípio, existe
também iniciativa popular em âmbito municipal, com a apresentação de projetos de lei de
interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado.
250
3) Votação Plenária
No plenário, para início da votação, deve ser observado o quórum de instalação da sessão,
que é de maioria. Uma vez instalada a sessão, há que se observar a maioria de aprovação
que, em se tratando de lei ordinária, será a maioria simples.
Na votação em plenário a Casa Iniciadora, em um só turno de votação, poderá rejeitar ou
aprovar o projeto (com ou sem alterações ao seu texto inicial).
Havendo aprovação, o projeto deve ser encaminhado à casa revisora que irá realizar a
deliberação e a votação. Se a Casa revisora rejeitar, o projeto será encaminhado ao
arquivo, aplicando-se a ele o princípio da irrepetibilidade, ou seja, não poderá ser
novamente apresentado na mesma sessão legislativa, salvo mediante proposta da
maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional -conforme
dispõe o art. 67, CF/88.
Se a Casa revisora elaborar emendas significativas, estas deverão ser avaliadas pela Casa
iniciadora. Frise-se, contudo, que as emendas produzidas pela Casa revisora não serão
avaliadas pela Casa iniciadora quando simplesmente promoverem correções redacionais
do projeto ou se elas não modificarem o sentido e alcance da proposição jurídica.
Se o projeto for aprovado pela Casa revisora sem emendas, será encaminhado ao chefe
do Executivo, para sanção ou veto (deliberação executiva). Caso seja rejeitado, será
sepultado no arquivo, de onde pode ser retirado para nova apreciação, na mesma sessão
legislativa, desde que haja o requerimento da maioria absoluta dos membros.
Por último, insta destacar que tão logo haja a aprovação do projeto de lei (com ou sem
emendas) pelas duas Casas Legislativas, ele seguirá para o autógrafo. Este é o documento
formal que traduz todo o trâmite legislativo e explica, com rigor e exatidão, o teor final do
projeto de lei.
Veto
0 veto é o poder de desaprovação total ou parcial exercido pelo Poder Executivo sobre o
projeto de lei aprovado no Poder Legislativo. A recusa presidencial ao projeto deve ser
apresentada no Prazo fatal de quinze dias úteis e deve ser fundamentada, podendo o veto
justificar-se pela inconstitucionalidade do projeto de lei ou pela contrariedade ao
interesse público. No primeiro caso, a razão do veto é jurídica, no segundo, política.
Quanto ao alcance do veto, são duas as modalidades possíveis: o veto total e o veto
parcial.
Em sendo total ou parcial, uma coisa é certa: o veto será sempre expresso, pois do silêncio,
já sabemos, resulta sanção tácita.
Também podemos considerar o veto supressivo, afinal é impossível que o Presidente dele
se utilize para acrescentar algum termo ao projeto de lei.
252
Deverá ser também motivado, afinal precisam ser explicitadas as razões que
conduziram à discordância. Por isso, determina a Constituição que o veto, com suas
razões, seja comunicado ao Presidente do Senado Federal no prazo de quarenta e oito
horas.
Outra importante característica do veto que deve ser noticiada é sua irretratabilidade.
O veto não significa o arquivamento definitivo do projeto de lei, pois sua reapreciação
pelo Poder Legislativo é possível.
Nesse sentido, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar
de seu recebimento, só podendo ser rejeitado(isto é, derrubado) pelo voto da maioria
absoluta dos Deputados Federais e Senadores.
# Caso haja veto, quais as condições que a CF impõe para a sua derrubada?
O veto pode ser rejeitado pelo Congresso Nacional. Segundo o art. 66, §4º CF, o veto será
apreciado em sessão conjunta dentro de 30 dias a contar do seu recebimento, só podendo
ser rejeitado por maioria absoluta. A votação é pública (desde a EC 76/2013, que aboliu o
voto secreto na hipótese).
O STF aceita a rejeição parcial de veto total. Entretanto, a rejeição deve obedecer ao mesmo
raciocínio do art. 66, §2º CF de modo a abranger “texto integral do artigo, de parágrafo, de
inciso ou de alínea”.
Características do VETO:
253
Fase Promulgação
Complementar A promulgação é o ato que atesta formalmente a existência da lei, sendo, pois, a
( ou de certificação categórica de que o diploma legislativo existe, é executável e potencialmente
integração de obrigatório. Incide sobre a própria lei.
eficácia) A promulgação é ato que compete, em princípio, ao Presidente da República que, nos
termos do art. 66, § 7º, CF/88, deve promulgar a lei em até quarenta e oito horas. Se não
o fizer dentro deste prazo, caberá ao Presidente do Senado federal fazê-lo, em igual
prazo. Se este último também não promulgar a lei no prazo constitucionalmente
estipulado, o Vice-Presidente do Senado deverá promulgá-la, imediatamente.
Publicação
À promulgação segue-se, no direito pátrio, a publicação. Como o ato é uma condição de
eficácia para a lei, é requisito necessário para que o diploma legislativo passe a gozar de
obrigatoriedade. Muito embora não haja nenhuma previsão constitucional, entende-se que
a publicação compete à autoridade que efetivou a promulgação, sendo crime de
responsabilidade a circunstância de o chefe do executivo omitir ou retardar dolosamente a
publicação das lei.
254
0 procedimento sumário se desenvolve a partir das mesmas fases e mesmos atos previstos para o processo
legislativo ordinário, porém com prazo delimitado para que os atos de deliberação e votação sejam realizados.
São dois os pressupostos para que o regime denominado "urgência constitucional" seja utilizado: o projeto de
lei deve ser de iniciativa do Presidente da República e este deve expressamente solicitar ao Congresso
Nacional urgência na apreciação.
A Casa Legislativa iniciadora será, obrigatoriamente, a Câmara dos Deputados e a Casa Revisora, o Senado
Federal. Terão, cada qual, sucessivamente, o prazo de quarenta e cinco dias para deliberarem e votarem o
projeto encaminhado pelo Presidente da República.
Finalizado o prazo de quarenta e cinco dias sem qualquer manifestação conclusiva da Casa Legislativa a pauta
da Casa em que o prazo se esgotou será trancada e todas as demais deliberações sobrestadas, com exceção
das que tiverem prazo constitucional determinado até que se ultime a votação do projeto de lei que tramita
no procedimento sumário. Como os prazos são sucessivos e, portanto, contados em separado, cada uma das
Casas é responsável por acarretar o trancamento de sua própria pauta.
Se a Casa Legislativa revisora (necessariamente o Senado Federal) criar emendas ao projeto de lei, referidas
alterações serão apreciadas pela Câmara dos Deputados no prazo de dez dias.
Por último, vale informar que os prazos estipulados para reger o procedimento sumário não correm nos
períodos de recesso do Congresso Nacional, não se aplicam aos projetos de código, mas se aplicam aos atos
de outorga e concessão de emissoras de rádio e TV.
Emendas à Constituição
São formas de reforma constitucional. Lembrar que a CF menciona 2 espécies de processos formais de reforma,
quais sejam: as emendas à Constituição (a partir do art. 60 CF) e a revisão constitucional (art. 3º ADCT). Há 2
diferenças básicas entre emenda e revisão:
255
a) Diferença material (de conteúdo): a emenda é pontual, atingindo matéria certa, enquanto a revisão é global,
podendo alcançar a CF como um todo.
b) Diferença formal (de procedimento): a emenda obedece ao rito previsto no art. 60, §2º CF (a PEC é discutida
e votada em dois turnos em cada casa do Congresso Nacional, sendo considerada aprovada se obtiver 3/5 dos
votos dos membros). Já a revisão obedece ao rito previsto no art. 3º ADCT (voto de maioria absoluta de membros
do Congresso Nacional em sessão unicameral).
Info 921 STF (2018): A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição
Federal, encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI, da CF/88. Embora
a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas apenas
para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais prevejam a
possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal.
Leis O procedimento legislativo para a feitura das leis complementares não foi anunciado
Complementares expressamente na Constituição, que somente se preocupou em mencionar o quórum de
aprovação, que é de maioria absoluta. Nesse sentido, entendemos que, implicitamente,
restou definido que quanto ao mais se aplicaria o procedimento comum, válido para as
leis ordinárias, com os mesmos atos e fases procedimentais.
Destarte, importante será apontar as distinções entre as duas espécies normativas —que
se distanciam no aspecto material e no formal.
No aspecto formal, a diferença essencial é a maioria para aprovação. As leis
complementares são aprovadas mediante o voto favorável da maioria absoluta da Casa.
Já a aprovação de lei ordinária exige o voto favorável da maioria simples da Casa
Legislativa (ou comissão) onde a proposição esteja sendo discutida.
256
No que toca o aspecto material, as espécies normativas se diferenciam
fundamentalmente na taxatividade das matérias a serem tratadas por lei complementar
e no caráter residual das assuntos a serem disciplinados por leis ordinárias.
Por fim, segundo o STF não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, estando
ambas no mesmo patamar normativo.
Leis Delegadas As leis delegadas são elaboradas pelo chefe do Poder Executivo, que primeiro deverá
apresentar solicitação ao Poder Legislativo. Este irá avaliá-la e, se acatá-la, externará sua
aceitação por meio de uma resolução, na qual deverá constar (deforma específica e
explícita) o conteúdo e os termos de exercício da delegação.
No mais, é vedada a delegação de matéria de competência exclusiva do Congresso
Nacional, de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
matéria reservada à lei complementar; a legislação sobre a organização do Poder
Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; a
nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; e os planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
A lei delegada pode ter por objeto matéria de processo penal, penal, processo civil, etc,
diferentemente da MP.
Não esquecer ainda que a CF atribui competência ao CN para sustar a lei delegada que
exorbitar os limites da delegação (art. 49, V CF).
QUESTÃO TJGO (2015): O Presidente da República solicita ao Congresso Nacional
autorização para legislar sobre a instituição de gratificação de atividades para servidores
públicos civis da Administração direta federal. O Congresso edita, então, resolução,
autorizando-o a legislar sobre aspectos que especifica da matéria, dentro do prazo de até
4 meses contados de sua publicação. No período estabelecido, o Presidente edita lei
delegada, sobre os aspectos cogitados, dispondo que entrará em vigor 180 dias após sua
publicação. A lei delegada em questão:
a) atende aos requisitos materiais e procedimentais previstos na Constituição, para fins
de delegação legislativa → O CN pode delegar ao presidente a edição de leis que
originalmente seriam de sua iniciativa privativa? SIM. Se o presidente pode iniciar o
projeto de lei ("o menos" - art. 62, §1º, II, “a” CF), então pode fazer a lei inteira por
delegação ("o mais") – quem pode o mais pode o menos.
Medidas Provisórias
Legitimidade As medidas provisórias serão editadas pelo Presidente da República e, se houver previsão
para a edição expressa na Constituição do Estado (e desde que respeitada a simetria, isto é, desde que
observada toda a sistemática constitucional)Governadores também poderão editar
medidas provisórias, válidas na esfera estadual.
Do mesmo modo, e também pelo ideal de simetria, compreende-se possível a edição de
MP na esfera municipal. Neste caso, ademais da estrita obediência ao regramento básico
257
imposto pela Constituição Federal, é preciso que haja previsão expressa do cabimento da
espécie normativa na respectiva Constituição estadual e também na Lei Orgânica
Municipal, , para que os Prefeitos Municipais possam fazer uso das medidas.
Limites A válida edição de MP exige, além da observância estrita dos pressupostos constitucionais, que a
Materiais à espécie normativa não verse sobre temas que estão constitucionalmente vedados, por constituírem
edição limites materiais à sua incidência.
Referidos limites foram introduzidos pela EC nº 32/2001no art. 62, §1º, CF/88, que delineia os
assuntos que não podem ser regulados por meio de uma medida provisória.
Quanto à matéria tributária, pode-se dizer que, em geral, não representa uma vedação material à
edição de medida provisória, exceto nas hipóteses em que a própria Constituição exigiu a edição de
lei complementar (ex: art. 146, CF/88), devendo, contudo, ser observado o princípio da
anterioridade tributária (nos casos em que ele se aplica). Outros limites materiais expressos à edição
de MP estão espalhados no texto constitucional, são eles: art. 25, § 2º, CF/88; art. 246, CF/88; e,
por fim, art. 73 do ADCT.
Temos também limites implícitos, a saber, os artigos 49, 51e 52, todos da CF/88, que veiculam as
matérias que são de competência exclusiva do Congresso e competência privativa das Casas
Legislativas.
258
Produção de Tão logo é editada, a MP já começa, imediatamente, a produzir efeitos, pois é um ato
Efeitos normativo pronto e acabado, elaborado pelo presidente da República e que possui força de lei.
(Eficácia da A eficácia da MP é de sessenta dias, prorrogáveis uma única vez por igual período. O prazo,
Medida) pois, em que a MP produz efeitos é usualmente de cento e vinte dias.
Procedimento Por veicular matéria de lei ordinária, a medida provisória é apreciada pelo Poder Legislativo
segundo os mesmos trâmites verificados na deliberação parlamentar do processo
ordinário.
A Casa iniciadora será sempre a Câmara dos Deputados e a Casa revisora o Senado Federal,
já que quem apresenta a medida ao mundo normativo é, necessariamente, o Presidente da
República. A votação da medida deve ser feita no plenário, nunca nas comissões internas
das Casas Legislativas.
Antes de chegar à Casa iniciadora a MP passa pela apreciação e parecer de uma Comissão
mista, que irá verificar o cumprimento dos pressupostos constitucionais da medida
provisória emitindo, assim, um parecer opinativo.
Na verificação da medida pelo Poder Legislativo, o ideal é que a discussão e a votação nas
duas Casas sejam feitas no prazo de quarenta e cinco dias, contados da data da publicação
da MP, prazo este estipulado para que o processamento ocorra sem que haja o
trancamento da pauta de nenhuma das duas Casas. Referida obstrução da pauta significa a
paralisação das demais proposições legislativas na Casa em que a MP estiver tramitando.
Percebe-se, pois, que a votação é feita pelas Casas Legislativas em separado, e o prazo ideal
para sua efetivação é conjunto e é de quarenta e cinco dias.
Rejeição e A MP pode ser convertida em lei, com ou sem alterações de seu texto, ou rejeitada,
conversão da expressa ou tacitamente (isto é, por decurso de prazo).
MP em lei Na conversão em lei os parlamentares podem apresentar emendas ao texto da medida,
desde que haja pertinência temática (é vedado o chamado "contrabando legislativo')
O que é o contrabando legislativo?
259
Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso Nacional, os parlamentares
poderão apresentar emendas? SIM, no entanto, tais emendas deverão ter relação de
pertinência temática com a medida provisória que está sendo apreciada. Em outras palavras,
a emenda apresentada deverá ter relação com o assunto tratado na medida provisória.
Imagine que o Presidente da República edita medida provisória dispondo sobre matéria
tributária. Durante a tramitação no Congresso Nacional, um Deputado apresenta emenda
incluindo o art. 76 na medida provisória para tratar sobre os requisitos para a profissão de
contador. A medida provisória é aprovada, sendo convertida em lei, inclusive com o artigo
incluído. Indaga-se: esse art. 76 da lei é constitucional? NÃO. É incompatível com a
Constituição a apresentação de emendas sem relação de pertinência temática com medida
provisória submetida à sua apreciação. Assim, como essa emenda versa sobre assunto diverso
do que é tratado na medida provisória, deve-se considerá-la inconstitucional. A inserção, por
meio de emenda parlamentar, de assunto diferente do que é tratado na medida provisória
que tramita no Congresso Nacional é chamada de "contrabando legislativo", sendo uma
prática vedada. O uso de medidas provisórias se dá por motivos de urgência e relevância da
matéria, cuja análise compete ao chefe do Poder Executivo. Assim, toda e qualquer emenda
parlamentar em projeto de conversão de medida provisória em lei deve ficar restrita ao tema
definido como urgente e relevante. Vale ressaltar que a própria Resolução 1/2002, do
Congresso Nacional, que trata sobre os procedimentos para tramitação das medidas
provisórias, veda a apresentação de emendas sem pertinência temática com a MP. Veja:
Art. 4º (...) § 4º É vedada a apresentação de emendas que versem sobre matéria estranha
àquela tratada na Medida Provisória, cabendo ao Presidente da Comissão o seu indeferimento
liminar.
Assim, é até possível emenda parlamentar ao projeto de conversão da MP, no entanto, deverá
ser observada a devida pertinência lógico-temática. Essa foi a conclusão do STF ao julgar a ADI
5127/DF proposta contra o art. 76 da Lei nº 12.249/2010, inserido mediante emenda
parlamentar em projeto de conversão de medida provisória em lei, e que tratava sobre
assunto diferente daquele veiculado no texto da MP. O art. 76 foi acrescentado indevidamente
por emenda parlamentar durante a tramitação da MP 472/2009, convertida na Lei nº
12.249/2010. Isso porque o referido artigo dispunha sobre assunto diverso daquele tratado na
260
MP, faltando, portanto, pertinência temática. Assim, o art. 76 foi fruto de um contrabando
legislativo.
Quais foram os fundamentos utilizados pelo STF para não declarar o art. 76 da Lei nº
12.249/2010 inconstitucional? O STF apresentou dois argumentos para não declarar o art. 76
inconstitucional: 1) Essa foi a primeira oportunidade em que a Corte enfrentou esse tema
(contrabando legislativo) e, por isso, seria necessário antes de declarar inconstitucionais todas
as emendas que foram inseridas nesta mesma situação, iniciar um diálogo entre o Legislativo
e o Judiciário sobre a matéria. 2) O contrabando legislativo é uma prática já arraigada em nosso
processo legislativo, tendo ocorrido inúmeras outras vezes. Assim, se a decisão do STF já
valesse para todos os casos, isso poderia provocar enorme insegurança jurídica, considerando
que diversos dispositivos que estão em vigor e são fruto desse procedimento seriam
declarados inconstitucionais.
Recapitulando:
A prática de inserir, por meio de emenda parlamentar, assunto diferente do que é tratado na
medida provisória que tramita no Congresso Nacional é chamada de "contrabando legislativo".
O dispositivo inserido por meio de contrabando legislativo é considerado formalmente
inconstitucional.
Esse foi o entendimento do STF ao julgar a ADI 5127/DF, em 15/10/2015 (Info 803).
Como essa foi a primeira vez que enfrentou o tema e tendo em vista que a prática do
contrabando legislativo era algo comum, o STF modulou os efeitos da decisão e afirmou o
seguinte: todas as leis que foram aprovadas até 15/10/2015 serão mantidas como válidas
(hígidas) mesmo que tenham sido fruto de contrabando legislativo.
Os dispositivos legais aprovados após 15/10/2015 e que tenham sido resultado de
contrabando legislativo deverão ser julgados inconstitucionais.
** Um caso ilustrativo foi o de MP editada para alterar o nome de aeroporto, a qual foi
declarada inconstitucional pelo STF por ausência de relevância. Outro caso foi o de MP editada
para a criação de imposto em 1º de março, a qual foi declarada inconstitucional pelo STF por
ausência de urgência, já que tendo em vista o p. da anterioridade, o imposto só poderia ser
cobrado no ano seguinte (o Presidente tinha 10 meses para editar lei a esse respeito).
261
Info 851 STF (2016): No caso de MP que trate sobre situação tipicamente financeira e
tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF
declarar a norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88.
IMPORTANTE! Info 870 STF (2017): Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais
deliberações”, o STF, ao interpretar esse § 6º, não adotou uma exegese literal e afirmou que
ficarão sobrestadas (paralisadas) apenas as votações de projetos de leis ordinárias que versem
sobre temas que possam ser tratados por medida provisória. Assim, por exemplo, mesmo
havendo medida provisória trancando a pauta pelo fato de não ter sido apreciada no prazo de
45 dias (art. 62, § 6º), ainda assim a Câmara ou o Senado poderão votar normalmente
propostas de emenda constitucional, projetos de lei complementar, projetos de resolução,
projetos de decreto legislativo e até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre um dos
assuntos do art. 62, § 1º, da CF/88.
Obs: Recesso parlamentar → segundo o art. 62, §4º CF, o prazo a que se refere o §3º contar-
se-á da publicação da MP, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso
Nacional. Como há a suspensão do prazo no recesso parlamentar, é possível que a vida de uma
MP dure mais que 120 dias.
Info 851 STF (2016): Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser
julgada, a MP é convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI NÃO perde o
objeto e poderá ser conhecida e julgada. Vale ressaltar, no entanto, que o autor da ADI deverá
peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o aditamento da ação.
Info 896 STF (2018): É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria
ambiental, mas sempre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente.
Normas que importem diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado só podem ser
editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade
civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o direito de
todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição
de MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente
em se tratando de diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências
potencialmente danosas e graves ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente é
um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste
expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
Decretos Legislativos
O decreto legislativo é a espécie normativa primária utilizada pelo Congresso Nacional no uso de suas atribuições
exclusivas constantes do art.49, CF/88, para regulamentação dos assuntos ali dispostos. Em que pese ser ato
normativo primário, a disciplina de seu trâmite de elaboração é determinada pelo Congresso Nacional.
# Decretos autônomos:
São decretos que estabelecem normas de natureza primária, no mesmo patamar hierárquico concedido à lei. A
EC 32/2001 alterou o texto do inc. VI do art. 84 CF e passou a permitir a utilização de decreto autônomo nas
seguintes hipóteses:
(a) organização e funcionamento da Adm. federal, quando isso não implique aumento de despesa nem criação
ou extinção de órgãos públicos e
(b) extinção de funções ou cargos públicos quando vagos.
Tudo o que está previsto nos arts. 51 e 52 CF (competências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal)
tem a forma obrigatória de resolução. Há 2 incisos muito importantes, quais sejam: o art. 51, III CF e o art. 51,
XII CF (elaboração dos regimes internos das Casas)
262
Resoluções
As resoluções são espécies normativas primárias, editadas pelo Poder Legislativo (em âmbito federal, tanto pelo
Congresso Nacional, quanto pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados) no uso de suas atribuições fixadas
pela Constituição; em regra possuem efeitos internos, frisando-se a existência de exceções, em que a resolução
é editada com efeitos externos (como é o caso da resolução editada pelo Congresso Nacional para delegar ao
Presidente da República poderes para editar leis delegadas.
As resoluções não possuem procedimento legislativo fixado na Constituição, mas alguns aspectos da tramitação
estão definidos no texto constitucional, como a aprovação, que se dá por maioria relativa, seguindo a regra
genérica do art. 47, CF/88. Exige-se, no entanto, o quórum qualificado de 2/3 para aprovação de algumas
resoluções.
263
264
Leis Delegadas
265
Medidas Provisórias
266
Juris - Durante a pandemia da Covid-19 ficou reconhecido que as medidas provisórias podem ser
selecionadas do instruídas perante o plenário das Casas, ficando excepcionalmente autorizada a emissão de
Buscador do parecer por um deputado e um senador, em substituição à Comissão Mista
Dizer o Direito A tramitação de medidas provisórias pelo Sistema de Deliberação Remota (SRD) — instituído
em razão da pandemia do novo coronavírus e regulado pelo Ato Conjunto das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal n. 1/2020 — não viola o devido processo
legislativo. STF. Plenário. ADI 6751/DF, ADPF 661/DF e ADPF 663/DF, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgados em 3/9/2021 (Info 1028).
-Não caracteriza afronta à vedação imposta pelo art. 62, § 1º, IV, da CF a edição de MP no
mesmo dia em que o Presidente sanciona ou veta projeto de lei com conteúdo semelhante
É vedada a edição de medida provisória tratando sobre matéria já disciplinada em projeto de
lei aprovado pelo Congresso Nacional e que está pendente de sanção ou veto. Isso é proibido
pelo art. 62, § 1º, IV, da CF/88. Assim, se o Presidente da República estiver com um projeto de
lei aprovado pelo Congresso na sua “mesa” para análise de sanção ou veto, ele não poderá
editar uma MP sobre o mesmo assunto. Por outro lado, nada impede que o Presidente
sancione ou vete esse projeto e, no mesmo dia, edite uma medida provisória tratando sobre o
mesmo tema. Neste caso, não haverá afronta ao art. 62, § 1º, IV, da CF/88. STF. Plenário. ADI
2601/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/8/2021 (Info 1026).
- Não se pode declarar a inconstitucionalidade formal da lei sob o argumento de que houve
mero descumprimento das regras do regimento interno, sendo indispensável o desrespeito
às normas constitucionais que tratam sobre o processo legislativo - O controle judicial de atos
“interna corporis” das Casas Legislativas só é cabível nos casos em que haja desrespeito às
normas constitucionais pertinentes ao processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88).
Tese fixada pelo STF: “Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º
da Constituição Federal, quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais
pertinentes ao processo legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle
jurisdicional em relação à interpretação do sentido e do alcance de normas meramente
regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de matéria ‘interna corporis’.”
STF. Plenário. RE 1297884/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/6/2021 (Repercussão Geral
– Tema 1120) (Info 1021).
- Não há inconstitucionalidade formal no fato de a lei ter sido aprovada pelo Congresso
Nacional por meio de votação virtual em razão da pandemia da Covid-19 - A tramitação de
projeto de lei por meio de sistema de deliberação remota não viola as normas do processo
legislativo. Isso porque o fato de as sessões deliberativas do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados terem acontecido por meio virtual não afasta a participação e o acompanhamento
da população em geral. Ambas as Casas Legislativas fornecem meios de comunicação de amplo
e fácil acesso, em tempo real, em relação ao exercício da atividade legislativa. Ademais, a
circunstância de se estar diante de uma pandemia, cujo vírus se revelou altamente contagioso,
justifica a prudente opção do Congresso Nacional em prosseguir com suas atividades por meio
eletrônico. STF. Plenário. ADI 6442/DF, ADI 6447/DF, ADI 6450/DF e ADI 6525/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
- Não é possível republicar uma lei já sancionada, promulgada e publicada para incluir novos
vetos, ainda que sob o argumento de que se trata de mera retificação da versão original Não
se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada. Manifestada a aquiescência do Poder
Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão
entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação. STF. Plenário.
ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/2/2021
(Info 1005).
268
- É constitucional lei de iniciativa parlamentar que cria conselho de representantes da
sociedade civil com atribuição de fiscalizar ações do Executivo Surge constitucional lei de
iniciativa parlamentar a criar conselho de representantes da sociedade civil, integrante da
estrutura do Poder Legislativo, com atribuição de acompanhar ações do Executivo.
STF. Plenário. RE 626946/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2020 (Repercussão
Geral – Tema 1040) (Info 994).
- É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que trate sobre isenção de custas
judiciais É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que trate sobre isenção de
custas judiciais. Isso porque, os órgãos superiores do Poder Judiciário possuem reserva de
iniciativa (competência privativa) para apresentar os projetos de lei que tenham por objetivo
tratar sobre redução das custas judiciais (artigos 98, § 2º, e 99, caput e § 1º da CF). STF.
Plenário. ADI 3629, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 03/03/2020.
- A Constituição estadual só pode exigir lei complementar para tratar das matérias que a
Constituição Federal também exigiu lei complementar A Constituição Estadual não pode
ampliar as hipóteses de reserva de lei complementar, ou seja, não pode criar outras hipóteses
em que é exigida lei complementar, além daquelas que já são previstas na Constituição
Federal. Se a Constituição Estadual amplia o rol de matérias que deve ser tratada por meio de
lei complementar, isso restringe indevidamente o “arranjo democrático-representativo
desenhado pela Constituição Federal”. Caso concreto: STF declarou a inconstitucionalidade de
dispositivo da CE/SC que exigia a edição de lei complementar para dispor sobre: a) regime
jurídico único dos servidores estaduais; b) organização da Polícia Militar; c) organização do
sistema estadual de educação e d) plebiscito e referendo. Esses dispositivos foram declarados
inconstitucionais porque a CF/88 não exige lei complementar para disciplinar tais assuntos.
STF. Plenário. ADI 5003/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2019 (Info 962).
- A instalação de uma CPI não se submete a um juízo discricionário seja do Presidente da casa
legislativa, seja do plenário da própria casa legislativa - A instauração de Comissão
Parlamentar de Inquérito depende unicamente do preenchimento dos requisitos previstos no
art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja: a) o requerimento de um terço dos membros
das casas legislativas; b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e c) a definição de
prazo certo para sua duração. STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 14/4/2021 (Info 1013).
- Caso do Deputado Daniel Silveira O Deputado Federal Daniel Silveira publicou vídeo no
YouTube no qual, além de atacar frontalmente os Ministros do STF, por meio de diversas
ameaças e ofensas, expressamente propagou a adoção de medidas antidemocráticas contra a
Corte, bem como instigou a adoção de medidas violentas contra a vida e a segurança de seus
membros, em clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação de
Poderes. Tais condutas, além de tipificarem crimes contra a honra do Poder Judiciário e dos
Ministros do STF, são previstas como crime na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1973).
Não é possível invocar a imunidade parlamentar material (art. 53, da CF/88), neste caso. Isso
269
porque a imunidade material parlamentar não deve ser utilizada para atentar frontalmente
contra a própria manutenção do Estado Democrático de Direito. As condutas criminosas do
parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira clara e evidente, a
perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido vídeo continuava
disponível e acessível a todos os usuários da internet. Os crimes que, em tese, foram
praticados pelo Deputado são inafiançáveis por duas razões: 1) porque foram praticados
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, da CF/88; art. 323, III, do
CPP); e 2) porque, no caso concreto, estão presentes os motivos que autorizam a decretação
da prisão preventiva, de sorte que estamos diante de uma situação que não admite fiança, com
base no art. 324, IV, do CPP. Encontra-se, portanto, configurada a possibilidade constitucional
de prisão em flagrante de parlamentar pela prática de crime inafiançável, nos termos do § 2º
do art. 53 da CF/88. STF. Plenário. Inq 4781 Ref, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
17/2/2021 (Info 1006).
- Não é possível a recondução dos presidentes das casas legislativas para o mesmo cargo na
eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura, sendo permitido em caso
de nova legislatura (STF)
- A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si só, para acarretar a perda
automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?
Se o STF condenar criminalmente um Deputado Federal ou Senador, haverá a perda
automática do mandato ou isso ainda dependerá de uma deliberação (decisão) da Câmara ou
do Senado, respectivamente? A condenação criminal transitada em julgado é suficiente, por si
só, para acarretar a perda automática do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador?
1ª Turma do STF: DEPENDE.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda
do cargo será uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara
ou do Senado apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos
termos do art. 55, III e § 3º da CF/88.
• Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a
condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do
Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, da CF/88, se o condenado deverá ou não
perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017
(Info 863). STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903).
271
2ª Turma do STF: NÃO. A perda não é automática. A Casa é que irá deliberar. O STF apenas
comunica, por meio de ofício, à Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal
informando sobre a condenação do parlamentar. A Mesa da Câmara ou do Senado irá, então,
deliberar (decidir) como entender de direito (como quiser) se o parlamentar irá perder ou não
o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º, da CF/88. Assim, mesmo com a
condenação criminal, quem decide se haverá a perda do mandato é a Câmara dos Deputados
ou o Senado Federal. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018
(Info 904) (obs: o Relator Edson Fachin ficou vencido neste ponto).
Parlamentar, mesmo sem a aprovação da Mesa Diretora, pode, na condição de cidadão, ter
acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo dos órgãos públicos O parlamentar, na
condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental de acesso a
informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso XXXIII, da
Constituição Federal e das normas de regência desse direito. O parlamentar, na qualidade de
cidadão, não pode ter cerceado o exercício do seu direito de acesso, via requerimento
administrativo ou judicial, a documentos e informações sobre a gestão pública, desde que não
estejam, excepcionalmente, sob regime de sigilo ou sujeitos à aprovação de CPI. O fato de as
casas legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por intermédio de
seus órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como
indivíduo. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2018
(repercussão geral) (Info 899).
- Judiciário pode impor aos parlamentares as medidas cautelares do art. 319 do CPP, no
entanto, a respectiva Casa legislativa pode rejeitá-las (caso Aécio Neves) O Poder Judiciário
possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas
cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por
crime inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja
autonomamente, em circunstâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso de Deputados
Federais e Senadores, a competência para impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102,
I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medida cautelar imposta pelo
STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador exerça o seu
mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo de 24
horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se
a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a
Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.
No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou
Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar
(“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por
analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da
prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881).
- Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma que determinada Deputada "não merece
ser estuprada" deve pagar indenização por danos morais (Info 609 STF).
- Perda do mandato por infidelidade partidária não se aplica a cargos eletivos majoritários
(STF).
- Imunidade Material dos Vereadores: Durante sessão da Câmara Municipal, após discussão
sobre uma representação contra o Prefeito, um Vereador passou a proferir pesadas ofensas
contra outro Parlamentar. O Vereador ofendido ajuizou ação de indenização por danos morais
273
contra o ofensor. A questão chegou até o STF que, julgando o tema sob a sistemática da
repercussão geral, declarou que o Vereador não deveria ser condenado porque agiu sob o
manto da imunidade material. Na oportunidade, o STF definiu a seguinte tese que deverá ser
aplicada aos casos semelhantes: Nos limites da circunscrição do Município e havendo
pertinência com o exercício do mandato, garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da
CF aos vereadores. STF. Plenário. RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Roberto Barroso, julgado em 25/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).
274
Poder Judiciário
275
Padrão de idade
como requisito de
ingresso
Aprovação prévia A posse em determinados cargos do Poder Judiciário exige prévia aprovação do
pelo Senado Aprovação prévia Senado Federal, em sabatina. A assunção dos cargos por parte daqueles indicados
Federal como para integrar o STF, STJ, TST ou CNJ, está na dependência da aprovação da maioria
requisito para absoluta dos membros do Senado Federal. Por outro lado, os quinze membros que forem indicados
posse para assumir cargo no STM se sujeitam à aprovação por maioria simples dos membros do Senado
Federal.
Garantia de Vedações foram impostas ao juiz no intuito de garantir sua imparcialidade enquanto órgão julgador.
Imparcialidade dos O rol que as estabelece é taxativo e determina que aos magistrados é vedado:
órgãos judiciários (1) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
(2) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
(3) dedicar-se à atividade político-partidária;
(4) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
(5) e exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração, a chamada quarentena de saída
Cláusula de Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
Reserva de órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Plenário ou FULL Poder Público [CLÁUSULA DE RESERVA DO PLENÁRIO, FULL BENCH].
BENCH
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Exceções à a) Se o STF já decidiu sobre o caso, ainda que em controle difuso.
Cláusula de
Reserva de b) Se o próprio órgão ou Tribunal já reconheceu a inconstitucionalidade: o STF entende que o
Plenário procedimento do art. 97, CF, só seria necessário no caso de mudança de orientação por parte do
próprio Tribunal.
c) Se Tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo, ou seja, não afastar a sua presunção
de validade: o art. 97, CF determina a observância do full bench para declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público.
g) Julgamento de medida cautelar pelo STF: em virtude de não se afastar a incidência de determinada
norma e tampouco declarar sua inconstitucionalidade, não há a necessidade de se observar a regra
do art. 97, CF, segundo o STF (Rcl 10.864 AgR).
276
h) Segundo o STF (ARE 792.562-AgR), o art. 97, CF não atinge juizados de pequenas causas (art. 24,
X, CF) e juizados especiais (art. 98, I, CF), os quais, pela configuração atribuída pelo legislador, não
funcionam, na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial.
i) O STF (Rcl 10.864-AgR) tem precedentes no sentido do que o art. 97, CF não se aplica às decisões
cautelares, mas somente às decisões definitivas de mérito dos Tribunais.
j) De acordo com o STF (RE 361.829 ED), as Turmas daquele Tribunal podem reconhecer a
inconstitucionalidade de uma lei, independentemente da submissão da questão ao Plenário. Assim,
a elas não se aplica o art. 97, CF
277
Garantias dos Membros do Poder Judiciário
Garantias = proteções; ≠ Prerrogativas = diferenciações de tratamento dadas em razão do desempenho de determinada
função (ex: foro por prerrogativa de função).
O gênero “garantias” é subdividido em 2 espécies:
a) Garantias institucionais: alcança a instituição como um todo (proteção dada ao Poder Judiciário como instituição). A CF
prevê nos arts. 99 e 168 CF:
✓ Autonomia administrativa: o Poder Judiciário é autônomo em relação aos outros poderes da república (Executivo e
Legislativo) e em relação aos outros órgãos independentes (como o MP e os Tribunais de Contas).
✓ Autonomia financeira: compete ao Poder Judiciário elaborar os seus critérios para a efetuação das suas despesas.
✓ Autonomia orçamentária: os Tribunais em geral podem elaborar suas propostas orçamentárias e encaminhar aos
poderes competentes.
b) Garantias funcionais: alcança apenas os agentes (juízes, desembargadores, ministros). A CF prevê no art. 95 CF.
Estudaremos cada uma a seguir.
VITALICIEDADE
Indica que os cargos dos membros do Poder Judiciário, responsáveis pela sua atividade-fim (juízes, desembargadores e
ministros), são cargos vitalícios. No Brasil, há mais 2 cargos vitalícios: art. 73, §3º (ministros e conselheiros dos Tribunais de
Contas) e art. 128, §5º, I, “a” CF (procuradores e promotores).
Na prática, uma vez adquirida a vitaliciedade pelo exercício efetivo do cargo por 2 anos (período de estágio probatório
aplicado para magistrados concursados), o cargo só pode ser perdido por DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO.
Não há perda do cargo administrativamente!
INAMOVIBILIDADE
Remoção é mudança do agente público de um órgão para o outro. A remoção pode ser voluntária (unilateral/a pedido ou
bilateral/por permuta entre os titulares) ou compulsória (é sanção aplicada a infração administrativa de média gravidade).
No âmbito do Poder Judiciário, as remoções só podem ser voluntárias, salvo por motivo de INTERESSE PÚBLICO em razão
de decisão por voto de MAIORIA ABSOLUTA do TRIBUNAL OU DO CNJ, assegurada a ampla defesa (arts. 95, II c/c 93, VIII
CF).
O STF firmou entendimento no sentido de que essa garantia não se aplica APENAS aos juízes titulares, mas também aos
juízes substitutos (designação para outro juízo de circunscrição diversa da desempenhada depende de sua aquiescência).
IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO
A retribuição pecuniária paga ao magistrado é o subsídio (espécie de retribuição paga aos agentes políticos, em geral, e aos
membros das carreiras policiais) e não a remuneração (retribuição paga aos demais agentes públicos).
278
279
Conselho Nacional de Justiça
Introdução Em meio a um cenário de críticas severas ao isolacionismo social, morosidade e corporativismo
maléfico que acometiam o Poder Judiciário, foi instituído (pela ECnº 45/2004) o CNJ, órgão com
atribuições exclusivamente administrativas, desprovido de competências jurisdicionais, para
controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como fiscalizar os juízes
no cumprimento de seus deveres funcionais.
Regras sobre O Conselho é composto por quinze membros, com mandato de dois anos, sendo
composição admitida, apenas, uma recondução.
Os membros do Conselho são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, com exceção do Presidente do STF, que é
membro nato.
O Presidente do Supremo Tribunal Federal presidirá o Conselho e, nas suas ausências e
impedimentos, o Vice-Presidente do STF exercerá a função.
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor. Junto ao
Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da OAB.
Competências do Nâo são exaustivasas competências constitucionalmente designadas para o CNJ, haja
Conselho vista a possibilidade de ampliação que pode ser efetuada pelo Estatuto da Magistratura. A Carta
constitucional, no intuito de viabilizar que o Conselho exerça o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário, e também do cumprimento dos deveres
280
funcionais por parte dos juízes, conferiu-lhe as atribuições previstas no art.103-B, § 4º. Essas
tarefas referem-se à supervisão administrativa e financeira das atividades do Judiciário nacional
Controle Judicial da Por estarem as atribuições do CNJ restritas ao controle da atuação administrativa, financeira e
atuação do CNJ disciplinar dos órgãos do Poder Judiciário a ele sujeitos, pode-se afirmar que os seus atos
poderão ser revistos pelo Supremo Tribunal Federal que, além de ser órgão de cúpula
jurisdicional e nacional do Judiciário brasileiro, apresenta-se igualmente como órgão de cúpula
administrativa, financeira e de controle do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Por
último, vale informar que o STF não se submete às deliberações do CNJ
A discussão sobre a 0 STF afirmou a constitucionalidade do Conselho, determinando que sua criação não importou
constitucionalidade do violação ao ideal de separação de Poderes, tampouco ao princípio federativo.
CNJ
Súmulas Vinculantes
Cabe ao Supremo Tribunal Federal, e a nenhum outro órgão, a edição, a revisão e o cancelamento das súmulas vinculantes.
A utilização da súmula vinculante depende da observância de alguns requisitos, essenciais à legitimação da atuação da Corte:
(1) existência de reiteradas decisões sobre a matéria constitucional;
(2)controvérsia atual entre órgãos do Poder Judiciário ou entre estes e a Administração Pública que acarrete grave
insegurança jurídica ou a multiplicação de processos idênticos;
(3) aprovação por 2/3 dos membros da Corte.
As súmulas vinculantes terão por objeto a eficácia, a validade e a interpretação de normas jurídicas determinadas. Somente
o STF tem competência para editar/rever/cancelar súmulas vinculantes, o que pode ser feito de ofício (proposta apresentada
por um Ministro integrante da Corte)ou por provocação. Os mesmos legitimados à propositura de ação direta de
inconstitucionalidade podem provocar o STF. Vale mencionar que a Lei nº 11.417/2006 incrementou esse rol, pois trouxe
como novidade a legitimidade do Defensor Público-Geral da União e de todos os Tribunais.
Efeito vinculante: Todos os demais órgãos do Poder Judiciário e a administração pública, direta e indireta, de todas as
unidades da nossa federação, estão vinculados pelo teor do enunciado da súmula vinculante. Vale lembrar que os Poderes
Executivo e Legislativo ficam vinculados pela súmula, salvo quando estiverem no exercício da produção normativa.
Cabimento da reclamação: Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante,
negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao STF, sem prejuízo da utilização de outros recursos ou
281
meios admissíveis de impugnação. Se a reclamação for utilizada para questionar omissão ou ato da administração pública,
seu uso só será admitido após o esgotamento prévio das vias administrativas.
Reclamação Constitucional
Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá RECLAMAÇÃO ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
282
Órgãos de Superposição
O STF e o STJ são Tribunais nacionais na medida em que não pertencem a qualquer das divisões da Justiça pátria. Assim,
além de serem órgãos de convergência, são, também, órgãos de superposição. Isso porque, embora não pertençam a
qualquer Justiça, suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos órgãos inferiores das Justiças comum e especial.
283
Esquemas para
memorização
Esquemas para
memorização
Jurisprudências É proibida a expulsão caso o estrangeiro tenha filho brasileiro e ele esteja sob a sua guarda ou dependência
sobre econômica ou socioafetiva, mesmo que isso tenha ocorrido após o fato ensejador do ato expulsório (Info 1007
EXTRADIÇÃO STF).
O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente, pelos mesmos fatos, em
um Estado estrangeiro (Info 959 STF).
É necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a humanidade trazida pelo Estatuto
de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado (Info 659 STJ).
Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como
crime no Brasil (Info 946 STF).
Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar grupo terrorista que pretendia tomar
o poder caracteriza-se como crime político (Info 946 STF).
Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um quadro de instabilidade política (Info
946 STF)
Se o extraditando concordar com o pedido, a extradição poderá ser autorizada monocraticamente pelo Ministro
do STF em um procedimento simplificado (Info 941 STF)
Brasil deve negar a extradição se houver possibilidade concreta de o Estado requerente condenar o extraditando
a prisão perpétua ou a pena de morte (info 939 STF)
284
Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha sido negada: • STJ: Justiça
Federal (pacífico) • STF: Justiça Federal (é o que tem prevalecido) Compete à Justiça Federal o processamento e o
julgamento da ação penal que versa sobre crime praticado no exterior que tenha sido transferida para a jurisdição
brasileira, por negativa de extradição. STJ. 3ª Seção. CC 154.656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
25/04/2018 (Info 625). Em se tratando de cooperação internacional em que o Estado Brasileiro se compromete a
promover o julgamento criminal de indivíduo cuja extradição é inviável em função de sua nacionalidade, exsurge
o interesse da União, o que atrai a competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento da ação
penal, conforme preceitua o art. 109, III, da Constituição Federal. No caso dos autos, trata-se de imputação da
prática dos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e roubo, praticados por brasileiro
em território português. Diante desse cenário, faz-se imperiosa a incidência do art. 5º, 1, da Convenção
de Extradição entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, promulgada pelo
Decreto 7.935/2013. STF. 1ª Turma. RE 1270585 AgR, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 31/08/2020.
Cabe pedido de extensão da extradição caso se descubra outro delito que tenha sido praticado pelo extraditando
antes da extradição e que não tenha sido mencionado no pedido original (Info 926 STF).
Desnecessidade de novo processo de extradição em caso de reingresso de extraditando foragido (Info 885 STF).
Extradição concedida mesmo com pedido instruído de forma deficiente: Mesmo que o Estado requerente não
junte cópia dos textos legais dos crimes que teriam sido praticados pelo indivíduo, ainda assim é possível conceder
a extradição caso a defesa não impugne o descumprimento dessa formalidade e o extraditando manifeste
concordância em ser prontamente extraditado. STF. 2ª Turma. Ext 1512/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
24/10/2017 (Info 883).
É possível extraditar estrangeiro mesmo que ele possua filho e mulher brasileiros (Info 873 STF)
O fato de o Estado requerente ter qualificado os delitos do extraditando como de lesa-humanidade não torna
tais crimes imprescritíveis no Brasil (Info 846 STF)
A data do protocolo do pedido de extradição e a data do cumprimento da prisão preventiva para fins
de extradição não são considerados marcos interruptivos da prescrição (Info 838 STF)
Oitiva de estrangeiro, preso por ordem do STF em processo de extradiçãooA oitiva de estrangeiro, preso por ordem
do STF em processo de extradição, enquadra-se como providência a ser cumprida por meio de auxílio direto. O
pedido de cooperação jurídica internacional, na modalidade de auxílio direto, possui natureza distinta da carta
rogatória. Formulado pedido de assistência direta pelo Ministério Público português ao Parquet brasileiro, com
base em tratado internacional de mútua cooperação em matéria penal, firmado entre Brasil e Portugal – Decreto
1.320/94 –, o cumprimento em território pátrio depende de mero juízo de delibação, sendo desnecessária a
atuação homologatória em exequatur pelo STJ. STF. 1ª Turma. Pet 5946/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2016 (Info 835).
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da justiça federal.
STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
Não é possível conceder a extradição se o crime está prescrito no Brasil (Info 780 STF)
O apenado poderá progredir para o regime semiaberto, mesmo havendo uma ordem de extradição ainda
não cumprida (Info 777 STF).
INTERPOL possui legitimidade para requere a prisão cautelar para fins de extradição (Info 767 STF).
A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de extradição. O Estatuto do
Estrangeiro (Lei 6.815/80) foi recentemente alterado pela Lei 12.878/2013 e passou a prever expressamente que
o pedido de prisão cautelar pode ser apresentado ao Ministério da Justiça pela Interpol, desde que exista ordem
de prisão proferida por Estado estrangeiro (art. 82, § 2º). Um dos requisitos para que o Brasil conceda
a extradição é a chamada “dupla tipicidade”, ou seja, que o fato seja considerado crime no Estado estrangeiro de
origem e também aqui no Brasil (art. 77 do Estatuto do Estrangeiro). Se na data em que foi praticado (2011, p. ex.),
o fato era considerado crime apenas no país estrangeiro (não sendo delito no Brasil), não caberá
a extradição mesmo que, posteriormente, ou seja, em 2012 (p. ex.), ele tenha se tornado crime também aqui em
nosso país. Resumindo: a dupla tipicidade deve ser analisada no momento da prática do crime (e não no instante
do requerimento). O tratado bilateral de extradição é qualificado como lei especial em face da legislação doméstica
nacional, o que lhe atribui precedência jurídica sobre o Estatuto do Estrangeiro em hipóteses de omissão ou
antinomia. STF. 2ª Turma. PPE 732 QO/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2014 (Info 767).
Estrangeiro expulso só poderá reingressar se conseguir provar que não é pessoa nociva e perigosa.
Tortura cometida contra brasileiro no exterior: Crime de tortura praticado contra brasileiro no exterior: trata-se
de hipótese de extraterritorialidade incondicionada (art. 2º da Lei 9.455?97). No Brasil, a competência para julgar
será da Justiça Estadual. O fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter ocorrido no exterior não
torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. Isso porque a
situação não se enquadra, a princípio, em nenhuma das hipóteses do art. 109 da CF/88. STJ. 3ª Seção. CC 107397-
DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/9/2014 (Info 549).
O STF decidiu que não tem competência para julgar habeas corpus cuja autoridade apontada como coatora seja
delegado federal chefe da Interpol no Brasil. STF. Plenário. HC 119056 QO/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 3/10/2013 (Info 722).
285
Crime tributário, ausência definitiva e extradição: Se o estrangeiro está respondendo a ação penal por crime
tributário no exterior, ele poderá ser extraditado mesmo que ainda não tenha havido a constituição do crédito
tributário no país requerente. O que se exige, para o reconhecimento do pedido, é que o fato seja típico em ambos
os países, não sendo necessário que o Estado requerente siga as mesmas regras fazendárias existentes no Brasil.
STF. 2ª Turma. Ext 1222/República Federal da Alemanha, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/8/2013 (Info 716).
Ministro da Justiça não tem competência para rever ato de naturalização (Info 694 STF)
ROC
Se liga no
detalhe!
Não esqueça!
286
Legitimados
para controle
de
constitucionali
dade
Súmulas de
controle de
constitucionali
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Ações
Constitucionai
s
287
CNJ
288
Memorizem!
Atenção - STJ
289
Justiça do A Justiça do Trabalho tem como órgãos o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes
Trabalho do Trabalho, sendo possível que a lei atribua a jurisdição trabalhista aos juízes de direito nas comarcas onde não foram
instituídas Varas da Justiça do Trabalho (casos em que os recursos serão direcionados ao respectivo Tribunal Regional
do Trabalho).
O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional, compõe-se de
vinte e sete Ministros, escolhidos entre brasileiros natos ou naturalizados, com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal. O TST será composto por:
(1) um quinto entre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
do Trabalho, com mais de dez anos de efetivo exercício da função —nesse caso, haverá uma lista sêxtuplo elaborada
pelos órgãos das respectivas classes que será encaminhada ao TST. O TST, de posse da lista sêxtuplo, elabora outra,
agora tríplice, que será encaminhada ao Presidente da República, competente parar verificar o cumprimento das
requisitos. Ele procederá à escolha de um nome, tal escolha será encaminhada para sabatina do Senado Federal e
dependerá de aprovação por maioria absoluta. No fim de todo o trâmite, ocorrerá a nomeação pelo Presidente da
República;
(2) os demais componentes, quatro quintos, são escolhidos entre os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior— nesse caso, há indicação do TST ao
Senado Federal, que aprovará a escolha por maioria absoluta e a encaminhará para a nomeação, a ser realizada pelo
Presidente da República.
Já os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta
e cinco anos, sendo:
(1) um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94, CF/88;
(2) os demais, quatro quintos, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente. No que concerne aos Juízes do trabalho, com a EC nº 24/1999, as Juntas de Conciliação e Julgamento
foram substituí-las pelas Varas do Trabalho, nas quais um juiz singular exerce a jurisdição. Porém, nas comarcas em
que não houver Vara do Trabalho, o juiz de direito será competente para exercer a jurisdição do juiz do trabalho,
devendo encaminhar eventuais recursos para o Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região.
290
Tribunais e A Justiça Eleitoral é formada pelos seguintes órgãos: o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais, os
Juízes Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais.
Eleitorais O Tribunal Superior Eleitoral compõe-se de sete Ministros, sendo:
(1) três juízes eleitos, mediante voto secreto, entre os Ministros do STF;
(2) dois juízes eleitos, mediante voto secreto, entre os Ministros do STJ; e
(3) dois juízes nomeados pelo Presidente da República dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo STF.
No caso da indicação feita pelo STF, a Corte elaborará lista sêxtupla com os nomes dos advogados e encaminhará ao
Presidente da República, que irá realizar a nomeação sem necessidade de aprovação do Senado Federal.
Quanto aos Tribunais Regionais Eleitorais, haverá um na Capital de cada Estado e no Distrito Federal (serão, pois, 27
TREs), cada um deles composto por sete juízes, escolhidos do seguinte modo:
(1) mediante eleição, pelo voto secreto:
(a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
(b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
(2) de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de
juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
(3) por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
291
Tribunais e Juízes A Justiça Militar fraciona-se em Justiça Militar da União e Justiça Militar dos Estados e do Distrito Federal.
Militares Na Justiça Militar da União o órgão de cúpula é o Superior Tribunal Militar. Este é formado por quinze Ministros,
sendo dez militares e cinco civis. Todos os Ministros do STM são nomeados pelo Presidente da República, após
aprovação do Senado Federal e devem ser maiores de trinta e cinco anos, brasileiros natos ou naturalizados, salvo
os cargos de oficiais das forças armadas que são privativos de brasileiros natos.
Os dez militares integrantes do STM são compostos por três oficiais-generais da Marinha, quatro oficiais-generais
do Exército e três oficiais-generais da Aeronáutica, sendo todos da ativa e do posto mais elevado da carreira.
Os cinco civis, por outro lado, são compostos por três advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, além
de dez anos de efetiva atividade profissional e dois por escolha paritária, sendo um juiz auditor e um membro do
Ministério Público, ambos da Justiça Militar.
0 Presidente da República aponta o candidato livremente —não há lista tríplice ou sêxtupla — e encaminha ao
Senado Federal. Este aprova a escolha por maioria simples, encaminhando de volta para nomeação pelo Presidente
da República.
Quanto à Justiça Militar Estadual, em primeiro grau é constituída pelos Conselhos de Justiça e pelos juízes de direito
do Juízo Militar (que são os juízes auditores). Em segundo grau, a
Constituição Federal facultou a criação de um Tribunal de Justiça Militar (TJM) naqueles Estados-membros em que
o efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros for superior a vinte mil integrantes. Atualmente, existem TJMs
em três Estados-membros: Minas Gerais, São
Paulo e Rio grande do Sul; nas demais entidades federadas o segundo grau de jurisdição é exercido pelos Tribunais
de Justiça locais (TJs).
Importante destacar que das decisões dos TJMs (ou dos TJs, nas entidades federativas em que os Tribunais Militares
não foram instituídos) cabe recurso para o STJ e/ou STF, nunca para o Superior Tribunal Militar, pois este último é
um Tribunal com competência para julgar unicamente as causas da Justiça Militar da União, referentes às Forças
Armadas e seus integrantes.
Tribunais A Justiça Federal Comum é composta pelos Tribunais Regionais Federais e Juízes federais de 1ª instância.
Regionais Os Tribunais Regionais Federais são compostos de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível,
Federais e na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e
Juízes Federais menos de sessenta e cinco anos, sendo:
(i) um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
(ii) os demais, isto é, quatro quintos, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de
exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Com a Reforma do Judiciário, a EC nº 45/2004 previu a instalação da Justiça itinerante, assim como a
descentralização dos TRFs.
Quanto aos juízes federais, estes ingressam na carreira mediante aprovação em concurso público de
provas e títulos e são lotados nas varas federais abarcadas pela jurisdição de cada Tribunal Regional
Federal. A Constituição determinou que cada Estado (e o Distrito Federal) deve constituir uma seção
judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas (subseções judiciárias, com sede nas
cidades do interior do Estado). Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
federais caberão aos juízes da justiça local.
292
Cumpre, por fim, destacar que, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o STJ, em
qualquer fase do inquérito ou processo, o incidente de deslocamento de competência (IDC) para a Justiça
Federal, conforme art. 109, § 5º, CF/88. Tal regra tem sido denominada "federalização". Um exemplo: a
tortura e homicídio praticados por grupos de extermínio.
Olha a
malandragem!
Crimes
cometidos a
bordo de
navios e
aeronaves
Juris resumida - Crime contra a vida em desfavor de policiais militares, consumado ou tentado, praticado no contexto
sobre de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas públicas da União (Info 659, STJ);
competência - Conceder medida protetiva em favor de mulher ameaçada por ex-namorado que mora nos EUA e faz as
da Justiça ameaças por meio do Facebook (Info 636, STJ);
Federal - Contrabando e Descaminho, ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta (Info
635, STJ);
- Venda de cigarro importado, permitido pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem
comprovação de pagamento do imposto de importação (Info 631, STJ);
- Crime cometido no exterior e cuja extradição tenha sido negada (Info 625, STJ); Obs.: O STF entende
ser da competência da Justiça Estadual (Info 936).
- Crimes de violação de direito autoral e contra a lei de software relacionados com o card sharing (Info
620, STJ);
- Crimes praticados contra consulado estrangeiro (RE 831.996, STJ);
- Divulgação de imagens pornográficas de crianças e adolescentes em página da internet (CC 120.999/CE,
STJ)
- Disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente na rede mundial de
computadores - Arts. 241, 241-A e 241-B, ECA (Info 805, STF);
- Crime de estupro conexo com pornografia infantil (Info 715, STF);
- Crimes de caráter transnacional envolvendo animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes
exóticos ou protegidos por compromissos internacionais (Info 853, STF);
- Crime de redução à condição análoga à de escravo - art. 149, CP (Info 809, STF);
293
- Calúnia e difamação praticadas em disputa pela posição de cacique (Info 527, STJ);
- Uso de passaporte falso perante a Polícia Federal (RHC 31.039/RJ, STJ);
- Uso de documento falso perante a Polícia Rodoviária Federal (CC 124.498/ES, STJ);
- Latrocínio contra policiais rodoviários federais que reprimiram roubo a banco (HC 309.914/RS, STJ);
- Crimes cometidos contra a Agência dos Correios ou Agência Comunitária dos Correios (CC 122.596-SC,
STJ);
Obs.: Agência Franqueada NÃO – Justiça Estadual.
- Destruição de título de eleitor de terceiro sem finalidade eleitoral (Info 555, STJ);
- Crimes envolvendo recursos do FUNDEF (CC 123.817-PB, STJ);
- Crime de desvio de verbas do SUS (Info 527, STJ);
- Crime de importação de anabolizante (CC 128.668-SP, STJ);
Incidente de
Deslocamento
de
Competência
Tribunais e Não caracterizada a competência de nenhum dos órgãos da Justiça Especializada anteriormente listados,
Juízes dos nem da Justiça Federal, a atribuição será da Justiça Estadual, possuidora, pois, de competência residual.
Estados Os Estados devem organizar sua Justiça, observando os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
294
A competência dos Tribunais de Justiça estaduais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
Atenção
295
Juris - É inconstitucional norma de constituição estadual que, ao dispor a respeito da remoção de magistrados, cria
selecionada distinção indevida entre juízes titulares e substitutos (Info 1035 STF).
Dizer o
Direito - Se, após elaborar a lista sêxtupla para o quinto constitucional, a OAB perceber que um dos indicados não
preencheu os requisitos, ela poderá pedir a desconsideração da lista ainda que já tenha havido a nomeação
do indicado (Info 716 STJ)
-É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na magistratura (Info 1031).
- É inconstitucional o art. 58, VI, da Lei nº 11.697/2008 (lei de organização judiciária do DF), que prevê o tempo
de serviço público efetivo como sendo um dos critérios de apuração da antiguidade dos magistrados (Info
1027 STF).
- São inconstitucionais normas de regimento interno de tribunal local que, no processo de progressão na
carreira da magistratura, complementam a LOMAN com critérios de desempate estranhos à função
jurisdicional (Info 1026 STF).
- É inconstitucional a previsão de “controle de qualidade”, a cargo do Poder Executivo, para aferir os serviços
públicos prestados pelo Poder Judiciário (Info 1025 STF).
- Servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público não podem exercer a advocacia (Info 1021 STF).
- É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na magistratura (Info 1002
STF).
- Compete ao STF processar e julgar originariamente ações propostas contra o CNJ e contra o CNMP no
exercício de suas atividades-fim (Info 1000 STF).
- Decisões administrativas do CNJ devem ser cumpridas mesmo que exista decisão judicial em sentido
contrário proferida por outro órgão judiciário que não seja o STF (Info 1000 STF).
- Lei estadual pode prever que os oficiais de justiça também auxiliem nos serviços de secretaria da vara (Info
997 STF).
- A promoção na magistratura por antiguidade precede a mediante remoção. STF. Plenário. RE 1037926, Rel.
Marco Aurélio, julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 964) (Info 994).
- Não é compatível com a Constituição Federal a regra segundo a qual apenas os Desembargadores mais
antigos possam concorrer aos cargos diretivos dos Tribunais de Justiça (Info 982 STF).
- Se o Tribunal aplica censura para magistrado que praticou conduta grave, essa decisão enseja revisão
disciplinar do CNJ por ser contrária ao texto expresso da lei considerando que o art. 44 da LOMAN afirma que
a censura será aplicada se a infração não justificar punição mais grave (Info 970 STF).
- Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro que restringiu o ingresso de pessoas
portando arma de fogo nas dependências do Fórum (Info 667 STJ).
- A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional
nem na Constituição Federal de 1988 (Info 666 STJ).
296
- Para os fins do art. 102, I, “n”, da CF/88, o impedimento deve ser afirmado nos autos do processo cujo
deslocamento se pretende (Info 945 STF).
- É válido o provimento de pessoas para exercerem a função de titular de serventias judiciais, com caráter
privado (serventias judicias privatizadas / não estatizadas), antes da CF/88 (Info 942 STF).
- Juiz do Trabalho Substituto, durante seu afastamento para tratamento de saúde, não tem direito de
continuar recebendo a verba de substituição (Info 934 STF)
- O STF entende que não é possível a revisão do mérito das decisões do CNJ, cujos atos e procedimentos estão
sujeitos apenas ao controle de legalidade daquela Corte (Info 933 STF).
- É inconstitucional o provimento de pessoas para exercerem a função de titular de serventias judiciais, com
caráter privado, após a CF/88 (Info 930 STF).
- O fato de o PCA instaurado no CNJ contar com um número elevado de partes interessadas não significa,
necessariamente, violação ao devido processo legal (Info 923 STF).
- CNJ pode determinar que Tribunais de Justiça reduzam o adicional de férias dos magistrados para 1/3 (Info
915 STF).
- Inconstitucionalidade de norma da Constituição Estadual que vincula vencimentos de escrivães aos dos juízes
(Info 907 STF).
- CNJ pode avocar PAD que tramita no Tribunal se não há quórum suficiente para se atingir maioria absoluta
(Info 901 STF).
- CNJ pode anular decisão do TJ que, em concurso de cartório, conferiu, na fase de títulos, pontuação com
base em interpretação contrária à Resolução do Conselho (Info 895 STF).
- O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88 incide apenas para revisões de PADs, não se
aplicando para atuação originária do CNJ (Info 886 STF).
- CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário (Info 1000 STF).
- É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luz do art. 5º da Resolução CJF nº 51/2009, quando o
deslocamento de juiz federal convocado para substituição em tribunais regionais for superior a esse lapso.
STJ. 2ª Turma.REsp 1536434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/10/2017 (Info 614).
- A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos
do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. STF. Plenário. RE
655265/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 13/4/2016 (repercussão
geral) (Info 821).
- Férias coletivas de 60 dias para serventuários da Justiça não são compatíveis com a CF/88 (Info 816 STF).
- O CNJ possui a competência para rever, de ofício ou mediante provocação, as decisões das Corregedorias
locais que julgam, a favor ou contra, juízes e membros de Tribunais. No entanto, essa competência revisora
deverá ser exercida no prazo máximo de 1 ano depois da decisão proferida (art. 103-B, § 4º, V, da CF/88). STF.
2ª Turma. MS 32724/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808).
- Para admitir-se a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante, é necessário demonstrar que houve: a)
evidente superação da jurisprudência do STF no tratamento da matéria; b) alteração legislativa quanto ao
tema; ou c) modificação substantiva de contexto político, econômico ou social. Vale destacar que o mero
297
descontentamento ou eventual divergência quanto ao conteúdo da súmula vinculante não autoriza que o
legitimado ingresse com pedido para cancelamento ou rediscussão da matéria. STF. Plenário. PSV 13/DF,
julgado em 24/9/2015. Em um caso concreto, o STF negou o pedido feito pela Confederação Brasileira dos
Trabalhadores Policiais Civis – Cobrapol para cancelar a SV 11 por entender que a autora não provou nenhum
dos requisitos acima listados.
- É desnecessário esgotar as vias ordinárias para que o CNJ instaure processo de revisão disciplinar. STF. 1ª
Turma. MS 28918 AgR/DF, Rel. Min. Dias Tofoli, julgado em 4/11/2014 (Info 766).
- O juiz substituto também goza da garantia da inamovibilidade, mesmo que ainda não seja vitalício. Vale
ressaltar que a inamovibilidade não é absoluta, podendo ser afastada por motivo de interesse público
segundo decisão motivada da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
assegurada ampla defesa. STF. Plenário. MS 25747/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/5/2012 (Info
666).
- Decisões administrativas dos tribunais devem ser motivadas (Info 666 STF).
Ministério Público
Introdução O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
Natureza Em consonância com as lições doutrinárias majoritárias, temos que o Ministério Público não
integra nenhum dos Poderes estatais, sendo uma instituição independente e autônoma, que
não se inclui na estrutura de nenhum dos Poderes tradicionais (Legislativo, Executivo e
Judiciário).
298
(1) princípio da unidade: os integrantes do MP são parte de uma única instituição,
sendo dirigidos por um mesmo chefe institucional (o Procurador-Geral) e possuidores
das mesmas prerrogativas funcionais;
(2) princípio da indivisibilidade: sinaliza que os integrantes do MP podem ser substituídos uns
pelos outros, desde queda mesma carreira, sem que isso acarrete qualquer prejuízo aos atos
já praticados;
(3) princípio da independência funcional, protege a instituição de constrangimentos
indevidos e ingerências externas— por meio das garantias institucionais —, e garante
independência aos membros do MP, de forma que estes não se subordinem às convicções
jurídicas de outrem, podendo atuar livremente, de acordo com suas próprias convicções
jurídicas, às leis e, sobretudo, à Constituição Federal. Por último, temos o princípio do
Promotor Natural que, ao contrário dos demais, está
implícito no ordenamento pátrio.
Ingresso na O ingresso na carreira do Ministério depende do preenchimento dos seguintes
carreira requisitos: (1) bacharelado em Direito; (2) comprovação de três anos, no mínimo, de atividade
jurídica; (3) aprovação em concurso público de provas e títulos, com a obrigatória participação
da OAB em sua realização e observância, nas nomeações, da ordem de classificação no
certame.
Garantias e A Constituição enunciou algumas garantias institucionais, que podem ser apresentadas da
Vedações aos seguinte maneira: (1) autonomia funcional da instituição; (2) autonomia administrativa; e (3)
Membros do MP autonomia financeira.
Além dessas garantias, que são institucionais, existem as garantias próprias aos membros do
Ministério Público, que são as seguintes:
(1) a vitaliciedade: o membro do Ministério Público se torna vitalício após dois anos de efetivo
exercício, não podendo mais perder o cargo senão após decisão judicial transitada em julgado;
(2) a inamovibilidade: os membros do Ministério Público, uma vez titulares do cargo, somente
poderão ser removidos, ou mesmo promovidos, por iniciativa própria. Importante destacar
que essa garantia é constitucionalmente excepcionada por motivo de interesse público,
mediante decisão, por maioria absoluta de votos, do órgão colegiado competente (o Conselho
Nacional do Ministério Público), assegurada ampla defesa.
(3) a irredutibilidade de subsídio: garantia que assegura que os membros do Ministério Público
não sofram pressões por diminuições remuneratórias indevidas no exercício de suas funções e
atribuições.
Seu mandato é de dois anos, sendo permitida a recondução ilimitada, desde que observado
idêntico procedimento ao da nomeação. Sua destituição antes do término do mandato é
possível, e ocorrerá por iniciativa do Presidente da República, sendo precedida de autorização
da maioria absoluta do Senado Federal.
0 processo e julgamento do PGR, em razão do relevante status funcional que possui, é feito no
Senado Federal, em se tratando de crimes de responsabilidade, e no STF, na hipótese do
cometimento de crime comum.
Procurador-Geral O Chefe dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal é o Procurador-Geral de
de Justiça Justiça, nomeado pelo respectivo Chefe do Poder Executivo, através da escolha de um dos
nomes inscritos em lista tríplice formada por integrantes da carreira. Não há participação do
Poder Legislativo local nesta escolha, haja vista a desnecessidade da aprovação da escolha feita
pelo chefe do Executivo.
O mandato do PGJ é de dois anos, sendo permitida uma única recondução. Sua destituição
antes do término do mandato é possível, mas deve ser precedida de deliberação da maioria
absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. Se houver vacância
do cargo de PGJ, a eleição e a nomeação de outro titular do cargo deve ser feita para um novo
mandato de dois anos, e não para cumprir o período que restava do antecessor. Não se trata,
pois, de "mandato tampão'; exatamente para evitar afronta à Constituição.
Conselho Adicionado ao documento constitucional pela emenda que engendrou a reforma do Poder
Nacional do MP Judiciário, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) é um órgão de controle interno
da instituição, sediado em Brasília e com atuação em todo o território nacional.
Sua composição está delimitada no art. 130-A, que determina a participação de 14 membros,
nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
do Senado Federal. Os integrantes são detentores de um mandato de dois anos, admitida uma
recondução. 0 PGR é o Presidente do Conselho e seu membro nato.
Funções As funções institucionais do Ministério Público estão definidas no art. 129, CF/88.
Instituições do
MP Trata-se, todavia, de rol meramente exemplificativo, eis que existem outras funções
institucionais enunciadas ao longo documento constitucional e também na legislação
infraconstitucional. Ademais, o órgão deve atuar sempre que necessário à defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme
determinação do art. 127, caput, CF/88.
Por determinação constitucional, as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
autorização do chefe da instituição.
300
Investigação Durante muito tempo foi discutida a possibilidade de o Ministério Público realizar
Criminal e Teoria investigações no âmbito criminal, sustentando, os defensores dessa atribuição, com
dos Poderes fundamento na teoria dos poderes implícitos, que, se a Constituição Federal conferiu
Implícitos ao Ministério Público a atribuição de promover, privativamente, ação penal pública
(art.129,I), ela atribuiu; também, os meios necessários para o exercício desta função,
dentre eles a possibilidade de realizar atos investigatórios, afim de reunir provas
para que fundamentem a acusação. O STF, por sua vez, reconheceu, recentemente,
a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de
natureza penal.
Ministério A Constituição estabeleceu um tipo específico de Ministério Público, dotado de
Público nos fisionomia institucional própria, que não se confunde comado Ministério Público
Tribunais de comum, sejam os dos Estados, seja o da União. É o Ministério Público que atua junto
Conta ao Tribunal de Contas, cujos membros foram agraciados com as mesmas, e expressivas,
garantias (bem como direitos, vedações e a forma de investidura) atinentes ao Parquet
comum.
Súmulas • Súmula 189, STJ. É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.
Importantes
• Súmula 234, STJ. A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
• Súmula 643, STF.O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo
fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
• Súmula 226, STJ.O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do
trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por advogado.
• O Ministério Público tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização
decorrente do DPVAT (seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de vias
terrestres) em benefício do segurado.
Considerações # O Ministério Público está legitimado à defesa de interesses individuais (MPRJ)? SIM, desde
Importantes que individual indisponível!!! Segundo o art. 127, caput CF, o MP tem a função de defesa dos
direitos sociais e individuais indisponíveis. Logo, conclui-se que o MP não tem legitimidade
apenas para atuar em causas envolvendo direitos individuais disponíveis.
# Info 624 STJ (2018). O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico
ou entrega de medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos,
mesmo quando se tratar de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere
a direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público). STJ. 1ª Seção. REsp 1.682.836-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 624).
301
Advocacia Pública
Introdução Até a promulgação da atual Constituição, a representação judicial da União era efetivada pelos
Procuradores da República. A atual Constituição inovou significativamente ao instituir a
Advocacia-Geral da União, atribuindo-lhe a representação da União, judicial e
extrajudicialmente, e, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e
funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
Organização A Advocacia-Geral da União compreende:
da Advocacia- (1) como órgãos de direção superior:
Geral da União • o Advogado-Geral da União;
• a Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional;
(2) Consultoria-Geral da União;
• o Conselho Superior da Advocacia-Geral da União; e
• a Corregedoria-Geral da Advocacia da União.
O Advogado- A Advocacia-Geral da União é chefiada pelo Advogado-Geral da União. Este é livremente
Geral da União nomeado pelo Presidente da República (ou seja, a escolha não há de ser confirmada pelo Senado
Federal), dentre advogados maiores de trinta e cinco anos, possuidores de notável saber jurídico
e de reputação ilibada. Nota-se, pois, que o AGU não precisa integrar os quadros da Advocacia-
Geral da União para ser nomeado para a função. Possuidor do status de Ministro de Estado, o
AGU é processado e julgado, nos crimes de responsabilidade, no Senado Federal, e nos crimes
comuns no STF.
Os Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal integram a respectiva Procuradoria-
Procuradores -Geral, órgão ao qual a Constituição confiou a representação da entidade federada (judicial e
dos Estados- extrajudicialmente) e a prestação da atividade de consultoria e assessoramento.
Membros e do
DF Como essas atividades, de representação judicial e assessoramento jurídico, devem ser prestadas,
no âmbito do Poder Executivo, de modo exclusivo pela Procuradoria, são inconstitucionais os
302
dispositivos das Constituições estaduais que facultem a realização de representação judicial a
assessor jurídico, de cargo efetivo ou de provimento em comissão.
Quanto ao ingresso na carreira, ele ocorre mediante concurso público, de provas e títulos, com a
participação da OAB em todas as suas fases.
Aos procuradores foi assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante
avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
corregedorias. A remuneração deles é feita por subsídio fixado em parcela única.
Por último, insta destacar que para a esfera municipal não há qualquer determinação de
estruturação de carreiras próprias de Procurador nos Municípios, mas nada impede que referidas
entidades federadas criem cargos com essa finalidade.
Info 907 STF (2018): A Constituição do Estado do Ceará previa que o Governador deveria
encaminhar à ALE projetos de lei dispondo sobre a organização e o funcionamento da
Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias autárquicas.
O STF decidiu que essa regra é inconstitucional. Isso porque a CF/88 determina que a
representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações,
deve ser feita pela PGE, nos termos do art. 132 da CF/88.
O art. 132 da CF/88 consagra o chamado “princípio” da unicidade da representação judicial e da
consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal e, dessa forma, estabelece competência
funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado.
A exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF deixou evidente que, a partir da Constituição de
1988, não se permite mais a criação de órgãos jurídicos distintos da Procuradoria-Geral do Estado,
admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes quando da
promulgação da Carta. Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do passado e, por
essa razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação entre os
termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que esta última pode englobar as
atividades de consultoria e representação judicial.
Info 921 STF (2018): A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à
defesa das prerrogativas inerentes ao Poder Legislativo.
Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este
órgão ficará responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo.
A representação estadual como um todo, independentemente do Poder, compete à
Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade institucional da
representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às
vezes, há conflito entre os Poderes.
Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e
que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese, a propositura de ação judicial pela Assembleia
Legislativa e quem irá representar judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE.
Info 921 STF (2018): É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que compete
ao Governador nomear e exonerar o “Procurador da Fazenda Estadual”.
303
Isso porque o art. 132 da CF/88 determina que a representação judicial e a consultoria jurídica do
Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita pelos “Procuradores dos Estados e
do Distrito Federal”.
Essa previsão do art. 132 da CF/88 é chamada de princípio da unicidade da representação judicial
e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal.
Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procuradoria-Geral
do Estado, que detém essa competência funcional exclusiva. O modelo constitucional da atividade
de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a unicidade orgânica da
advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos jurídicos paralelos para o
desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administração Pública Direta ou Indireta.
Info 927 STF (2018): É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de autarquia (no
caso, era Técnico Superior do DETRAN) será responsável por:
• representar a entidade “em juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia”.
• praticar “todos os demais atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto,
exercer as suas funções profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos
Advogados do Brasil OAB”.
Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito
Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88.
A legislação impugnada, apesar de não ter criado uma procuradoria paralela, atribuiu ao cargo
de Técnico Superior do Detran/ES, com formação em Direito, diversas funções privativas de
advogado.
Ao assim agir, conferiu algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN a pessoas
estranhas aos quadros da Procuradoria-Geral do Estado, com violação do art. 132, caput, da
CF/88. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para:
• manter os cargos em questão, excluídas as atribuições judiciais inerentes às procuradorias;
• declarar a validade dos atos praticados (ex: contestações, recursos etc.) até a data do
julgamento, com base na teoria do funcionário de fato.
ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores façam a atuação jurídica no âmbito
interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber e formular
medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar textos e instrumentos
legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades da entidade,
elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições podem sim ser exercidas pelos
Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o princípio da unicidade da representação
judicial. O STF entendeu que não se pode deslocar qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia
para a PGE, porque esta não conseguirá fazer frente a essa gama de trabalho, sob pena de ter
suas atividades inviabilizadas.
Advocacia Privada
Introdução O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos
e manifestações no exercício da profissão e nos limites da lei.
Habilitação para a Alcança-se a qualificação de bacharel em direito mediante a conclusão do curso respectivo e
profissão de colação de grau. Porém, para o exercício profissional da advocacia o bacharel
advogado e a tem de estar habilitado perante a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que exige,
questão da para o ingresso em seus quadros, a aprovação no Exame de Ordem. Referido exame
indispensabilidade foi considerado constitucional pelo STF. Quanto à indispensabilidade dos advogados, ela
decorre da circunstância de eles serem os profissionais que possuem, com exclusividade, a
capacidade postulatória. Admite-se, no entanto, a participação facultativa dos advogados em
algumas situações, por ex.: (1) impetração de habeas corpus; (2) J exercício do direito de
petição; (3) o ajuizamento de reclamação trabalhista também dispensa a obrigatoriedade do
advogado; dentre outras situações.
304
A inviolabilidade A inviolabilidade do advogado constante do texto constitucional deve ser lida como uma
do advogado prerrogativa vinculada ao exercício profissional, prevista pelo constituinte no
intuito último de resguardar o exercício do direito de defesa.
Defensoria Pública
Introdução No intuito de equacionar o acesso ao Judiciário e a obtenção das prestações jurisdicionais a
todos os indivíduos, independentemente da (in) capacidade econômica que os distingue, a
Constituição de 1988 edificou a Defensoria Pública, instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º, CF/88.
Arquitetura e A competência legislativa para a regulamentação da assistência jurídica e da Defensoria Pública
Organização da é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal. Por isso, e apesar da unidade e
DP indivisibilidade da instituição, temos a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública dos
Estados, a Defensoria Pública do Distrito Federal e a dos Territórios.
Garantias, Aos defensores públicos foram asseguradas as seguintes garantias: (1) inamovibilidade; (2) a
Prerrogativas e independência funcional; (3) irredutibilidade dos vencimentos; e (4) estabilidade.
Vedações aos
Membros da DP Quanto às prerrogativas enunciadas para os integrantes da carreira, temos:
(1) todos os membros da Defensoria são detentores do direito à prisão especial ou em sala
especial de Estado Maior e, após sentença condenatória transitada em julgado, ser recolhido
em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser cumprida a pena;
305
(2)os defensores não serão presos, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso
em que a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral;
(3) os defensores serão intimados pessoalmente em qualquer processo e grau de jurisdição ou
instância administrativa, mediante entrega dos autos com vista, contando-se lhes em dobro
todos os prazos;
(4) se vencedores na causa, os órgãos da Defensoria são destinatários de honorários
advocatícios, salvo quando a Defensoria Pública tenha atuado contra a pessoa jurídica de
direito público à qual pertença.
Dentre as vedações impostas aos defensores pela Constituição da República, encontra-se a de
exercer a advocacia fora das atribuições institucionais.
Destinatários dos Nos termos do art. 5º, LXXIV, a assistência judiciária é gratuita para os que comprovarem a
serviços insuficiência de recursos, isto é, lograrem demonstrar que estão desprovidos dos recursos
prestados pela necessários para o custeio dos encargos processuais.
DP
Quanto à assistência. ser prestada também às pessoas jurídicas (possuidoras, ou
não, de fins lucrativos), o STJ tem reconhecido a possibilidade, todavia, se a pessoa
jurídica tem fins lucrativos, ela deve demonstrar, satisfatoriamente, a impossibilidade de
custear as despesas processuais sem comprometer sua própria existência (sendo seu o ônus
da comprovação).
Legitimidade A Lei 11.448/2007 inseriu a Defensoria Pública ao rol dos legitimados para a propositura de
para a Ação Civil Pública, modificando o art. 5º da Lei nº 7.347/1985. A Associação Nacional dos
propositura da Membros do Ministério Público (CONAMP), contudo, ajuizou perante o Supremo Tribunal
ACP Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contestando a constitucionalidade da
referida Lei. O STF, em decisão unânime, desacolheu os argumentos expostos pela CONAMP e,
acertadamente, declarou a constitucionalidade da Lei nº 11.448/2007. Ademais, no
julgamento do Recurso Extraordinário 733.433 fixou a tese de que a Defensoria Pública pode
apresentar a ACP na defesa de direitos difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese,
pessoas necessitadas.
Custos Info 657 do STJ (2019). Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos
Vulnerabilis vulneráveis”). Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da
ordem jurídica), a Defensoria Pública possui a função de custos vulnerabilis. Assim, segundo a
tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis
seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não
advogado particular constituído. Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a
sua participação processual ocorre não como representante da parte em juízo, mas sim como
protetor dos interesses dos necessitados em geral. O STJ afirmou que deve ser admitida a
intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em
que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos. STJ. 2ª
Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).
No âmbito das execuções penais, a Defensoria Pública argumenta que, desde 2010, existe
previsão expressa na Lei nº 7.210/84 autorizando a intervenção da Instituição como custos
vulnerabilis: Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida
de segurança, oficiando, no processo executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos
necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (Incluído pela Lei
nº 12.313/2010).
No âmbito cível, especificamente no caso das ações possessórias, o art. 554, § 1º do CPC é
exemplo de intervenção custos vulnerabilis: Art. 554. (...) § 1º No caso de ação possessória em
que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos
306
ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se,
ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência
econômica, da Defensoria Pública.
Vale ressaltar que as duas previsões acima são exemplificativas, admitindo-se a intervenção
defensoral como custos vulnerabilis em outras hipóteses. A Defensoria Pública defende,
inclusive, que essa intervenção pode ocorrer mesmo em casos nos quais não há
vulnerabilidade econômica, mas sim vulnerabilidade social, técnica, informacional, jurídica. É
o caso, por exemplo, dos consumidores, das crianças e adolescentes, dos idosos, dos indígenas
etc. Veja o que diz o ECA: Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
Assim, nos casos de outras espécies de vulnerabilidades, não importa se estamos tratando de
pessoas economicamente necessitadas. As outras formas de vulnerabilidades já justificariam a
intervenção do órgão na causa.
Considerações • É inconstitucional dispositivo da CE que concede aos Defensores Públicos a aplicação do
Importantes regime de garantias, vencimentos, vantagens e impedimentos do MP e da Procuradoria-Geral
do Estado (STF, Info 907).
• É inconstitucional o estabelecimento - em prol dos defensores públicos e em face autoridades
públicas e entidades particulares - do poder de requisição de certidões, exames, perícias,
vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências,
necessários ao exercício de suas atribuições.
Assistência jurídica ≠ Gratuidade de justiça → Assistência jurídica é um direito positivo, que
importa numa ação do Estado (direito subjetivo à prestação de serviços públicos em matéria
jurídica). Gratuidade de justiça é um direito negativo, ou seja, direito subjetivo à dispensa
temporária do pagamento de despesas processuais (se no prazo de 5 anos, houver mudança
na realidade financeira, a pessoa será obrigada a pagar essas despesas, incluídas custas,
emolumentos e honorários).
Posicionamento Institucional
Defensoria Pública Ministério Público
Para provas da Defensoria Pública, deve-se sustentar a Em relação ao Ministério Público, há uma certa dúvida.
AUTOMIA DA DP. Isso porque, a CF previu no Título IV Alguns autores sustentam que o MP não teve pela CF o
a Organização dos Poderes e dentro desse título, no tratamento formal de um quarto poder (não está no rol
Cap. IV, as Funções Essenciais à Justiça, as quais não do art. 2º CF), mas tem características materiais de poder
estão vinculadas a nenhum outro Poder do Estado (se (ex: MP tem autonomia financeira plena, iniciativa
o constituinte quisesse atrelar a DP a algum dos legislativa e pode sofrer impeachment do seu chefe).
poderes, ele teria colocado dentro do capítulo Logo, o MP não está vinculado a nenhum outro poder!!!
referente a Poder Executivo). Ademais, vale dizer que Veja 3 expressões utilizadas pela doutrina:
esse 4º complexo orgânico do Cap. IV não pode ser ✓ “Quase quarto Poder” (Hugo Nigro Mazzilli);
classificado como um 4º Poder do Estado. ✓ “Órgão com elevado status constitucional” (Paulo
Cezar Pinheiro Carneiro);
✓ “Organismo constitucional independente” (Diogo de
Figueiredo Moreira Neto).
QUESTÃO DE PROVA ORAL → A expressão “função essencial à justiça” utilizada pela CF é correta? NÃO!!! Essa
expressão é duplamente equivocada. O termo “essencial” é excessivo, pois as funções ditas “essenciais à justiça”
307
não atuam em qualquer processo, mas apenas nos processos em que haja causas que possam justificar a sua
intervenção no Poder Judiciário (ex: DP atua, em princípio, apenas nas causas nas quais as partes envolvidas são
hipossuficientes). Ademais, a expressão “justiça” é insuficiente, pois dá a entender que as funções essenciais “à
justiça” só atuam perante o Poder Judiciário, o que não é verdade, já que cada vez mais se reconhece a sua atividade
extrajudicial (ex: DP pode requisitar a prática de atos jurídicos extrajudiciais, como expedição de certidão de
nascimento, de casamento e de óbito).
A) Defensoria Pública: assistência jurídica;
B) Advocacia Pública: consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo;
C) Ministério Público: defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
Repartição de Competências – simplificado
Definição de Segundo José Afonso da Silva, competência é “a faculdade juridicamente atribuída a uma
Competência entidade ou a um órgão ou agente do poder público para emitir decisões (administrativas
ou legislativas)”.
Uniformidade Quando o constituinte desejou que determinada matéria fosse tratada de maneira
Nacional uniforme em todo o território nacional, ele entregou a competência à União (única
entidade federada que atua em todo o território nacional). Ex: competência para legislar
em matéria criminal é da União.
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA: Em relação aos arts. 21, 22, 23 e 24 CF, NÃO temos a utilização
PURA de nenhuma dessas técnicas!!! Temos como ponto de partida a 1ª técnica, porém
combinamo-la com a existência dos municípios (algo típico do constitucionalismo
brasileiro) e também com áreas de competência material comum e áreas de competência
legislativa concorrente.
308
Classificação da Competência
Quanto à origem a) Originária: é aquela que, desde o início, o constituinte entregou a uma determinada
entidade federada.
Quanto à extensão a) Exclusiva (indelegável): atribuída a um ente com exclusão dos demais (art. 21 CF).
d) Concorrente (geral e suplementar): uma entidade tem competência para o que é geral
e outra entidade para suplementar as regras gerais estabelecidas pela primeira.
Quanto ao objeto a) Material: é a competência para praticar atos materiais. Pode ser:
a.1. Exclusiva (art. 21 e 30, IV CF): entregue a uma única entidade, não admitindo
delegação (ex: somente a União pode emitir moeda).
a.2. Comum (art. 23 CF): atribuída a todas as entidades federadas (União, Estados, DF e
Municípios).
309
b.3. Concorrente (arts. 24, §§1º a 4º e 219-B, §2º CF): uma entidade (União) irá legislar
sobre normas gerais (art. 24, §1º CF) e outra entidade (Estados) irá legislar de maneira
suplementar (art. 24, §2º CF).
Correlação entre Segundo o princípio da legalidade administrativa (art. 37 CF), o administrador só pode
competência material fazer (competência material) aquilo que a lei autoriza (competência legislativa). Portanto,
e competência como princípio geral temos o seguinte: aquilo que só a União deve fazer (por seus agentes
legislativa públicos federais), só ela deve também legislar sobre (atribuição do Congresso Nacional);
aquilo que todos os entes federados devem fazer, todos devem também legislar sobre.
311
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
Competência legislativa concorrente
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
Dica: material – verbo x legislativa – substantivo
Atenção Especial 1º) A regra de que cada entidade federada cuida de seus próprios órgãos e instituições é
excepcionada no que diz respeito ao DF, pois a finalidade do DF é abrigar a capital da
União. É perfeitamente possível, portanto, que a União auxilie o DF a legislar sobre alguns
temas. Isso se reflete nos seguintes dispositivos:
Art. 21. Compete à União:
XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XVII – organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e
da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes;
2º) Ainda com relação à União, existem algumas competências que, à primeira vista,
parecem dizer respeito a questões de interesse predominantemente regional ou local e
não nacional. Veja os seguintes dispositivos:
Art. 21. Compete à União:
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e as inundações;
Art. 21. Compete à União:
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
básico e transportes urbanos;
≠
Art. 30. Compete aos Municípios: (...)
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
3º) Quem vai legislar sobre os diversos ramos do direito? Ler arts. 22 e 24 CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual**, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;
** ATENÇÃO:
312
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: XI - procedimentos em matéria processual;
≠ Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios: XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.
≠ STF: Cabe ao Município regular a utilização das vias públicas dentro de sua área
territorial e determinar os pontos de estacionamento de veículos.
313
5ª) Competência “suplementar” dos Municípios:
Art. 30. Compete aos Municípios: (...)
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber → só irão suplementar
quando houver interesse municipal/local (ex: proteção ao meio ambiente, cultura,
educação, etc).
Info 870 STF (2017): O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e
controle da poluição, quando se tratar de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal,
regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários de
veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis.
Atenção!!! Os Municípios NÃO podem legislar sobre normas gerais na ausência de lei
federal!!! Veja a decisão abaixo transcrita do STF:
6º) Serviços locais de gás canalizado são explorados pelos Estados e NÃO pelos municípios,
apesar de haver interesse local muito forte nesse tema. Trata-se de exceção à regra geral.
Art. 25 (...) § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória
para a sua regulamentação.
314
Atenção as pegadinhas de provas
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Remédios Constitucionais
Introdução Os remédios constitucionais são espécies do gênero garantias fundamentais, mais precisamente, as que estão consagradas no texto
constitucional como tais, a exemplo do habeas corpus, do habeas data, do mandado de segurança e das demais figuras que
veremos aqui. Eles são garantias fundamentais que possuem natureza de ação.
Habeas Corpus Nos seus contornos atuais, o habeas corpus é o remédio constitucional que se presta a evitar ou reparar lesão à liberdade de ir
e vir (ou seja, tutela a liberdade física de locomoção).
O autor da ação de habeas corpus é chamado impetrante, enquanto aquele a quem se imputa a prática do ato ilegal é
chamado de impetrado ou autoridade coatora. Já a pessoa em favor da qual se impetra o habeas corpus é
chamada paciente.
O impetrante pode ser qualquer pessoa física ou jurídica. O paciente apenas pode ser pessoa física, evidentemente, já que pessoa
jurídica não se locomove, de modo que não goza de direito tutelável por meio de habeas corpus. Inclusive, nem mesmo quando
trancar inquérito policial ou ação penal envolvendo
se trata de habeas corpus com o objetivo de
crime ambiental é possível o seu ajuizamento em favor de pessoa jurídica.
O impetrante pode ajuizar o habeas corpus em favor próprio (apenas quando for pessoa
física) ou de terceiro, sem necessidade de assistência de advogado.
O habeas corpus é uma ação gratuita, nos termos do art. 5º, LXXVII, da CF/88.
O habeas corpus é admitido até mesmo em face de particular, como nos conhecidos casos
de clínicas psiquiátricas que privam ilegalmente pacientes da liberdade de ir e vir.
O STF não admite habeas corpus impetrado para trancar processo de impeachment (HC
134315 AgR, j. 16/06/2016).
O art. 142, § 2º, da CF/88 diz não caber habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares. No entanto, essa disposição, segundo o Supremo Tribunal Federal, significa tão
somente que não se pode, por meio do referido remédio constitucional, apreciar o mérito
da punição aplicada, mas é possível sindicar o respeito aos seus pressupostos de
legalidade.
Quando o ato coator é praticado por Turma Recursal de Juizado Especial, a competência
para seu processo e julgamento é do respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional
Federal, tendo em vista que as Turmas Recursais são compostas por juízes de primeiro
grau de jurisdição.
Não cabe HC para questionar decisão fundamentada que fixou guarda unilateral no
âmbito de ação de divórcio.
Condições para concessão de HC: (1) violação à jurisprudência consolidada do STF; (2)
violação clara à Constituição; ou (3) teratologia na decisão impugnada, caracterizadora
de absurdo jurídico.
Não é cabível habeas corpus para impugnar ato normativo que fixa medidas restritivas
para prevenir a disseminação da covid-19.
321
A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas
corpus se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa.
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza
criminal diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é
possível o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir.
• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de
acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente
impetrado. A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus
para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema negocial possa trazer
aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no processo
penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o
controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do
imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar
a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou
ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª Turma.
HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).
Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se
existe conexão entre os crimes.
Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena.
322
Não cabe revisão criminal contra decisão que se limita a inadmitir recurso.
Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os
réus delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores.
Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja julgado pelo Plenário do
STF (e não pela Turma).
2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma
ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC
146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição
jurídica nacional de conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina
brasileira do habeas corpus). Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento
jurídico, existem dois dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de
habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP.
O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas
corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em
determinado habeas corpus seja estendida para todos que se encontram na mesma situação.
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem
na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma
pessoa.
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16
mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o
objetivo de emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração
do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional.
323
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia,
o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de
injunção coletivo. Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:
1) o Ministério Público;
2) o partido político com representação no Congresso Nacional;
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma.HC
143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
Não cabe habeas corpus para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 da LD.
Não cabimento de habeas corpus contra decisão do Ministro do STJ que nega a liminar
em ação cautelar.
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de
urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e
familiar.
Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos.
Não cabe habeas corpus para questionar pena de suspensão do direito de dirigir.
Não cabe habeas corpus quando não está em jogo a liberdade de locomoção.
Não cabe habeas corpus para excluir qualificadora que não era manifestamente
improcedente.
HC – para trancamento da ação penal: O habeas corpus, por ser ação de rito célere,
demandar prova pré-constituída e dotada de absoluta certeza, somente poderá ser o
instrumento apto para trancar a ação penal quando, excepcionalmente, manifestarem-
se, de forma inequívoca e patente: a) a inocência do acusado b) a atipicidade da conduta
ou c) a extinção da punibilidade. STJ. 5ª Turma. REsp 1046892-CE, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 16/8/2012. STF. 1ª Turma. HC 157.306, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 01/03/2019.
Não cabe habeas corpus para rediscutir dosimetria: Como regra, o STJ e o STF não
admitem habeas corpus para rediscutir a dosimetria da pena aplicada na sentença.
Excepcionalmente, é admitido o HC para analisar a pena aplicada se: • houver ilegalidade
manifesta e • desde que não seja necessária a rediscussão de provas.
HC- Substitutivo
O habeas corpus substitutivo ocorre quando o impetrante, ao invés de interpor o recurso
cabível contra a decisão, opta por questioná-la ajuizando novo habeas corpus, dirigido à
instância superior. Na prática, os advogados e Defensores Públicos preferem valer-se do
HC substitutivo por ser este mais simples e rápido que o recurso.
A jurisprudência admite a utilização do habeas corpus como substitutivo de recurso
próprio (o chamado “habeas corpus substitutivo”)? 1ª corrente: NÃO. Posição do STJ e da
1ª Turma do STF (mas pode ser conhecido HC de ofício). 2ª corrente: SIM. Posição da 2ª
Turma do STF.
Súmulas HC Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de
trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.
325
Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior,
indefere a liminar. • Válida, mas com ressalva.
• A Súmula 691 pode ser afastada em casos excepcionais, quando houver teratologia,
flagrante ilegalidade ou abuso de poder que possam ser constatados “ictu oculi”.
STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868).
• Embora a Súmula n. 691 do STF vede a utilização de habeas corpus impetrado ante decisão
de relator que, em writ impetrado perante o Tribunal de origem, indefere o pedido liminar,
admite-se, em casos excepcionais, configurada flagrante ilegalidade, a superação do
entendimento firmado no referido enunciado sumular STJ. 6ª Turma, HC 551.676/RN, Rel.
Min. Antonio Saldanha, julgado em 19/05/2020.
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de
turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
• Válida. • Prática forense.
Cabe habeas corpus contra decisão monocrática de Ministro do STF? NÃO. Não cabe pedido
de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão
fracionário da Corte. STF. Plenário. HC 170263/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
22/06/2020.
Não cabe ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL conhecer de Habeas Corpus impetrado contra
decisão proferida por Ministro do STF. Incidência, por analogia, da Súmula 606/STF.
STF. Plenário. HC 208219 ED, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/11/2021.
Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar
ou de perda de patente ou de função pública.
• O STF entende que nesses casos não há risco ou ameaça à liberdade de locomoção.
• Não caberá "habeas corpus" em relação a punições disciplinares militares (art. 142, § 2º,
da CF/88).
Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre
o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição,
se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele
provocado a respeito.
Mandado de Atualmente, o mandado de segurança está previsto no art. 5º, LXIX, da CF/88 e
Segurança regulamentado pela Lei 12.016/09.
326
O mandado de segurança se presta a tutelar (preventiva ou repressivamente) direitos que
não se identifiquem com a liberdade de locomoção (protegidos por habeas corpus) e que
não se refiram ao acesso ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante (protegidos por
habeas data), podendo ser manejado para atacar atos de autoridade ou mesmo omissões administrativas que violem direito líquido
e certo por estarem inquinados de ilegalidade ou abuso de poder.
O mandado de segurança deve ser impetrado dentro do prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias a partir da ciência do ato
pelo interessado (art. 23, Lei 12.016/09). Esse prazo, nos termos da Súmula 430 do STF não é interrompido pela apresentação de pedido
de reconsideração na esfera administrativa.
327
· art. 23;
· art. 25.
Em 2021, a ação foi julgada. Vejamos com calma cada um dos pontos decididos.
Art. 1º, § 2º: constitucional
Confira inicialmente a redação do dispositivo:
Art. 1º (...) § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista
e de concessionárias de serviço público.
A OAB alegou que a Lei, ao cercear a possibilidade de apreciação pelo Poder Judiciário dos
atos de gestão comercial, interferiu na harmonia e independência entre os Poderes.
O STF rejeitou o pedido neste ponto e decidiu que o art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2009 é
constitucional.
Desse modo, é válido dizer que: Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão
comercial praticados por administradores de empresas públicas, sociedades de economia
mista e concessionárias de serviço público (art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2019).
STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
328
“Os atos praticados por empresas públicas e sociedades de economia mista devem
ser caracterizados, em regra, como atos privados. Contudo, os atos praticados por
estatais no desempenho de funções administrativas, como em concurso público ou
licitação, são considerados atos materialmente administrativos. Por tal motivo, é
possível o ajuizamento de mandado de segurança contra atos dos dirigentes das
empresas estatais, quando praticados na qualidade de autoridade pública:
Súmula nº 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
Por outro lado, não caberá o MS quando o ato for de mera gestão econômica. Esse
entendimento inicialmente jurisprudencial foi consolidado na Lei 12.016/09 (Lei do
Mandado de Segurança), a qual prevê:
Art. 1º (...)
§ 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados
pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionárias de serviço público.”
329
Desse modo, é válido dizer que: O juiz tem a faculdade de exigir caução, fiança ou depósito
para o deferimento de medida liminar em mandado de segurança, quando verificada a real
necessidade da garantia em juízo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto (art.
7º, III, da Lei nº 12.016/2019). STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator
do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
330
Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança.
Assim, depois que uma autoridade praticar um ato ilegal ou abusivo, a pessoa prejudicada
terá o prazo de até 120 dias para impugná-lo por meio de mandado de segurança.
Ultrapassado este período, o interessado continua com o direito de questionar o ato, mas
deverá fazer isso mediante ação ordinária.
O termo inicial deste prazo é a data em que a pessoa prejudicada teve ciência do ato.
Obs: no caso de mandado de segurança preventivo, não há prazo decadencial.
É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo decadencial de 120 dias
para a impetração de mandado de segurança. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
Art. 25: constitucional
O art. 25 da Lei nº 12.016/2009 prevê que não é cabível, no processo de mandado de
segurança, a condenação ao pagamento de honorários:
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos
infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da
aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.
A OAB questionou esse trecho acima destacado.
O STF, contudo, rejeitou o pedido e afirmou que essa previsão é constitucional.
Vale ressaltar, inclusive, que a Corte possui entendimento sumulado, desde 03/12/1969, no
sentido de que não cabem honorários de sucumbência na via mandamental:
Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de
segurança.
O STJ também comunga da mesma posição:
Súmula 105-STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em
honorários advocatícios.
Vale ressaltar que o art. 25 veda exclusivamente honorários sucumbenciais, não tratando
sobre honorários advocatícios contratuais. Assim, é lícita a cobrança, por parte do advogado,
de honorários ajustados com o seu cliente por meio de contrato.
É constitucional o art. 25 da Lei nº 12.016/2009, que prevê que não cabe, no processo de
mandado de segurança, a condenação em honorários advocatícios.
STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedentes os
pedidos formulados na ADI e julgou
· inconstitucionais o art. 7º, § 2º e o art. 22, § 2º, da Lei nº 12.016/2009;
· constitucionais o art. 1º, § 2º, o art. 7º, III, o art. 23 e o art. 25 da Lei nº 12.016/2009.
Requisitos
O STJ, ao apreciar este caso acima relatado (RMS 12.779/DF), afirmou que são três os
requisitos para aplicação da teoria da encampação no mandado de segurança:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
a) vínculo hierárquico entre as autoridades
No caso concreto, o Ministro da Previdência alegou que quem praticou o ato foi o Chefe de
Arrecadação Previdenciária. Está certo. No entanto, esse Chefe de Arrecadação está
subordinado hierarquicamente ao Ministro, de forma que o primeiro requisito da teoria da
encampação está preenchido.
b) defesa do mérito do ato
O segundo requisito para a aplicação da teoria é que a autoridade que foi indicada no MS e
que apresentou as informações tenha se manifestado a respeito do mérito do ato
impugnado. Esse requisito também foi preenchido, considerando que o Ministro afirmou,
expressamente, que o ato praticado foi legal e que a impetrante não teria direito.
c) ausência de modificação de competência
Esse terceiro requisito significa o seguinte:
A autoridade indicada no MS foi “A”. No entanto, a autoridade que praticou o ato realmente
foi “B”.
Se o mandado de segurança tivesse sido impetrado contra a autoridade correta (ou
seja, contra “B”), esta ação estaria tramitando perante o mesmo juiz ou Tribunal que está
agora? O mandado de segurança proposto contra “A” é julgado pelo mesmo juízo que
julgaria o mandado de segurança impetrado contra “B”? Se a resposta for sim para essas
perguntas, o terceiro requisito está preenchido.
Por outro lado, se a Constituição Federal prever que o mandado de segurança impetrado
contra a autoridade “A” é julgado pelo Tribunal e que o mandado de segurança contra a
autoridade “B” é de competência da 1ª instância, neste caso, não será possível aplicar a
teoria da encampação. Isso porque, na prática, estaria havendo uma burla às regras de
competência. A parte autora poderia, de forma maliciosa, indicar autoridade errada para
escolher outro juízo que não fosse o natural.
No caso concreto acima explicado (RMS 12.779/DF), este terceiro requisito não foi
preenchido e, por isso, a teoria da encampação não pode ser aplicada.
O mandado de segurança contra o Ministro da Previdência era de competência do STJ. Por
outro lado, o mandado de segurança contra o Chefe de Arrecadação Previdenciária deveria
ter sido impetrado perante um juiz federal de 1ª instância (art. 109, VIII, da CF/88).
Logo, se fosse admitida a teoria da encampação, teríamos uma modificação da competência
que é prevista na Constituição Federal.
332
Juris MS O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não tem competência para
processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato do Controlador-Geral do
Distrito Federal. (Info 728 STJ)
Partido político não possui legitimidade para postular pedido de suspensão de segurança
- Partido político não possui legitimidade para postular pedido de suspensão de
segurança, já que se trata de pessoa jurídica de direito privado, com base na vedação legal
disposta no art. 15 da Lei 12.016/2009. STF. Tribunal Pleno, SL 1424 AgRg, Min. Luiz Fux
(Presidente), julgado em 15/09/2021.
Partido político não possui legitimidade para postular pedido de suspensão de segurança.
A anulação dos atos administrativos e da licitação não constitui, por si só, demonstrativo
de ofensa a interesse público para concessão da suspensão de segurança.
O STJ reconhece a legitimidade ativa das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público (empresas públicas, sociedades de economia mista, concessionárias e
permissionárias de serviço público) para a propositura de pedido de suspensão, quando
na defesa do interesse público primário. Frise-se que a lesão ao bem jurídico deve ser
grave e iminente, devendo o requerente demonstrar, de modo cabal e preciso, tal
aspecto da medida impugnada. STJ. Corte Especial. AgInt nos EDcl na SLS 2.814/SP, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 22/06/2021.
333
O mandado de segurança não é o instrumento processual adequado para o controle
abstrato de constitucionalidade de leis e atos normativos.
Cabe mandado de segurança contra ato do Ministro da Defesa que não efetua o
pagamento dos valores atrasados decorrentes da reparação econômica devida a anistiado
político (art. 8º do ADCT). Diferentemente de uma ação de cobrança, que é proposta para
o pagamento de valores atrasados, no caso em tela temos um mandado de segurança
impetrado para que seja cumpra norma editada pela própria Administração (Portaria do
Ministro da Justiça). STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/11/2016 (Info 847).
Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido de liminar formulado em
mandado de segurança. Obs: caberá sustentação oral no julgamento final do MS.
STF. Plenário. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF, Rel. orig. Min. Roberto Barroso, red.
p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, julgados em 14/4/2016 (Info 821). Obs: foi publicada a
334
Lei nº 13.676/2018, que alterou a Lei nº 12.016/2009, para permitir a defesa oral do
pedido de liminar na sessão de julgamento do mandado de segurança. Veja a nova
redação do art. 16 da Lei do MS: Art. 16. Nos casos de competência originária dos
tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na
sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.
É possível que o impetrante desista do MS após já ter sido prolatada sentença de mérito?
Em regra, SIM. Existem julgados do STF e STJ admitindo (STF. RE 669367/RJ, Min. Rosa
Weber, julgado em 02/05/2013; STJ. 2ª Turma. REsp 1.405.532-SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 10/12/2013. Info 533). O entendimento acima parecia consolidado.
Ocorre que, em um caso concreto noticiado no Informativo 781, o STF afirmou que não é
cabível a desistência de mandado de segurança, nas hipóteses em que se discute a
exigibilidade de concurso público para delegação de serventias extrajudiciais, quando na
espécie já houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos recursos. No caso
concreto, o pedido de desistência do MS foi formulado após o impetrante ter interposto
vários recursos sucessivos (embargos de declaração e agravos regimentais), todos eles
julgados improvidos. Dessa forma, o Ministro Relator entendeu que tudo levaria a crer
que o objetivo do impetrante ao desistir seria o de evitar o fim da discussão com a
constituição de coisa julgada. Com isso, ele poderia propor uma ação ordinária em 1ª
instância e, assim, perpetuar a controvérsia, ganhando tempo antes do desfecho
definitivo contrário. Assim, com base nessas peculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu
o pedido de desistência. STF. 2ª Turma. MS 29093 ED-ED-AgR/DF, MS 29129 ED-ED-
AgR/DF, MS 29189 ED-ED-AgR/DF, MS 29128 ED-ED-AgR/DF, MS 29130 ED-ED-AgR/DF,
MS 29186 ED-ED-AgR/DF, MS 29101 ED-ED-AgR/DF, MS 29146 ED-ED-AgR/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgados em 14/4/2015 (Info 781).
335
• Supressão: ato ÚNICO (prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado tomou
ciência do ato).
• Redução: prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo para o MS renova-se mês a mês).
STJ. 2ª Turma. RMS 34363-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2012 (Info
513).
Não é possível que o autor impetre um mandado de segurança para obter fornecimento
de medicamentos para tratamento da doença que o acomete. Isso porque a instrução de
MS somente com laudo médico particular não configura prova pré-constituída da liquidez
e certeza do direito do impetrante de obter do Poder Público determinados
medicamentos e insumos para o tratamento de enfermidade. STJ. 2ª Turma. RMS 30746-
MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/11/2012.
Não é cabível ROC contra decisão monocrática do relator no Tribunal que denegou o MS
Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida
por sociedade de economia mista ou empresa pública.
Súmula 212-STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória. • Superada. Isso porque o STF
336
declarou a inconstitucionalidade do art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009 (ADI 4296/DF, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 09/06/2021).
Súmula 202-STJ: A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se
condiciona à interposição de recurso.
• Aprovada em 17/12/1997, DJ 02/02/1998.
• Válida, mas com ressalvas.
• Não se aplica a súmula se o impetrante já tinha ciência do processo e já tinha postulado no
feito.
Afasta-se a incidência da Súmula n. 202/STJ na hipótese em que a impetrante tenha tido
ciência do processo e já postulado no feito, inclusive requerendo a reconsideração da decisão
impugnada no writ.
É entendimento do STJ que o enunciado da Súmula n. 202 socorre tão somente aquele que
não teve condições de tomar ciência da decisão que lhe prejudicou, ficando impossibilitado
de se utilizar do recurso cabível. STJ. 3ª Turma. RMS 42.593/RJ, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 08/10/2013.
• Outra observação importante é que esse enunciado deve ser interpretado em conjunto
com a Súmula 267 do STF
A Súmula 202 do STJ (“a impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se
condiciona a interposição de recurso”) deve ser conjugada com o teor do enunciado 267 da
Súmula do STF (“não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição”). Assim, é permitido que o terceiro se utilize da via mandamental sempre que não
tenha obtido condições de tomar ciência do ato judicial que lhe prejudicou, a impossibilitar
a utilização do recurso cabível. STJ. 3ª Turma. AgInt no RMS 50.779/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 18/02/2019.
O Supremo Tribunal Federal não dispõe de competência originária para processar e julgar
mandado de segurança quando impetrado contra decisão administrativa proferida pelo
Diretor da Coordenação de Secretariado Parlamentar, no desempenho de competência que
lhe foi delegada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. STF. Plenário. MS 30492 AgR,
Rel. Celso de Mello, julgado em 27/02/2014.
A Lei nº 9.784/99, que trata sobre o processo administrativo federal, possui disposição no
mesmo sentido, ao dizer que as decisões adotadas por delegação se consideram editadas
pelo delegado (art. 14, § 3º).
337
Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança,
quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional
pelo Supremo Tribunal Federal.
Súmula 270-STF: Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da Lei
3.780, de 12 de julho de 1960, que envolva exame de prova ou de situação funcional
complexa.
Súmula 268-STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.
Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado
de segurança.
Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede
o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.
Súmula 267-STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição.
• O art. 5º, II, da Lei 12.016/2009 prevê regra semelhante, falando, contudo, em recurso com
efeito suspensivo.
• Exceção: o STJ admite MS contra ato judicial passível de recurso se houver, no caso
concreto, uma situação teratológica, abusiva, que possa gerar dano irreparável e desde que
o recurso previsto não tenha ou não possa obter efeito suspensivo. (STJ AgRg no MS
18.995/DF, julgado em 16/09/2013).
Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança.
Súmula 304-STF: Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada
contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.
Súmula 330-STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de mandado
de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos estados.
Súmula 623-STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal
para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-
se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado
a maioria ou a totalidade de seus membros.
Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar,
originariamente, mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dos respectivos
órgãos.
Mandado de As diferenças primordiais entre o mandado de segurança individual e o coletivo (criação da CF/88) dizem respeito ao objeto e à
legitimação ativa. No mais (questões atinentes a direito líquido e certo, ilegalidade e abuso de poder, legitimação passiva, ato praticado
Segurança Coletivo por autoridade ou particular no exercício de atribuições do poder público etc.), o que foi visto sobre o mandado de segurança individual
se aplica ao mandado de segurança coletivo.
A legitimidade ativa para o mandado de segurança coletivo está prevista já no art. 5º, LXX, da CF/88, bem como no art. 21, caput,
da Lei 12.016/09. Ele pode ser ajuizado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados;”
339
Em relação ao partido político, basta, para se caracterizar sua representação no
Congresso Nacional, possuir um único filiado seu como Parlamentar na Câmara dos
Deputados ou no Senado Federal.
Nos termos da literalidade do art. 21 da Lei 12.016/09, os partidos políticos apenas podem
defender, por mandado de segurança coletivo, direitos políticos, além de apenas poderem
representar seus filiados (ficando vedada a impetração coletiva na defesa de quem seja
estranho a seus quadros). E a jurisprudência do STJ é nesse sentido (RMS 2423, j.
27/04/1993).
Mandado de O mandado de injunção, assim como a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
Injunção (ADO), presta-se a combater omissões inconstitucionais. No entanto, enquanto a ADO é
instrumento de controle concentrado abstrato, o mandado de injunção é instrumento
de controle difuso concreto; enquanto a ADO consubstancia um processo objetivo, o
mandado de injunção consiste em um processo de caráter subjetivo.
O mandado de injunção foi criado pela CF/88 e passou quase 30 (trinta) anos sem que
fossem editadas normas disciplinando seu processo e julgamento. No entanto, o
340
Supremo Tribunal Federal sempre admitiu a aplicação da Lei de Mandado de Segurança
por analogia.
No ano 2016 foi editada a Lei 13.300, disciplinando o processo e julgamento do mandado
de injunção, inclusive prevendo o mandado de injunção coletivo (que, no entanto, já era
admitido pelo STF), inovando, nesse ponto, em relação ao previsto no art. 5º, LXXI, da
CF/88.
Mantendo-se na linha de pensamento adotada pelo STF ao longo das últimas décadas,
o art. 14 da Lei 13.300/16 determinou a aplicação subsidiária, ao mandado de injunção,
da Lei do Mandado de Segurança e do CPC.
Quanto à omissão que pode ser impugnada em sede de mandado de injunção, nos
termos do art. 2º da Lei 13.300/16, pode ela ser total ou parcial.
“Art. 2º, Lei 13.300/16 Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes s normas
editadas pelo órgão legislador competente.”
“Art. 12, Lei 13.300/16. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para
a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e
coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
“Art. 13, Lei 13.300/2016. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa
julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da
categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art.
9º.”
Os interesses que podem ser tutelados por meio do mandado de injunção coletivo são
os transindividuais de caráter coletivo stricto sensu (pertencentes a uma coletividade
342
determinada) e de caráter difuso (pertencentes a uma coletividade indeterminada), não
tendo a Lei 13.300/16 contemplado os chamados individuais homogêneos (art. 12)
Assim como ocorre com o mandado de segurança, a competência para processar e julgar
o mandado de injunção é definida de acordo como órgão, poder ou autoridade
responsável pela edição da norma regulamentadora.
A CF/88, nesse sentido, já traz em seu texto algumas hipóteses de competência dos
tribunais para julgar mandado de injunção, seja de forma originária ou em grau recursal.
Há quem afirme, na doutrina, que apenas tribunais possuem competência para julgar
mandado de injunção, porém, também há vozes doutrinárias (e esse parece ser o melhor
entendimento) no sentido da possibilidade de qualquer juízo (inclusive de primeira
instância) apreciar tal remédio constitucional, de acordo com o que dispuserem as
Constituições Estaduais e as normas de organização judiciária de cada tribunal local. Na
prática, inclusive, há casos de impetração de mandados de injunção perante juízos
singulares de primeira instância.
A Lei 13.300/16 (arts. 8º e 9º, caput e § 1º) adotou, como regra, a eficácia concretista
intermediária individual, de modo que, em um primeiro momento, confere-se prazo
para que a omissão seja suprida, apenas havendo a definição da norma pelo Poder
Judiciário (com efeitos apenas em relação ao impetrante) se esse prazo não for
observado pelo impetrado.
“Art. 8º. Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o
caso, as condições em que
poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a
edição da norma.
Art. 9º. A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o
advento da norma regulamentadora. § 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou
erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito,
da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
343
A eficácia concretista intermediária cede espaço à concretista direta, se o impetrado já
houver, em caso anterior semelhante, descumprido o prazo concedido pelo órgão
jurisdicional.
E a eficácia individual cede espaço à geral, se, pela sua natureza, o direito, liberdade ou
prerrogativa depender de efeitos para fora do processo para que possa ser exercido (a
exemplo do direito de greve, que apenas pode ser exercido de forma coletiva).
A Lei 13.300/16 prevê a coisa julgada secundum eventum probationis para o mandado
de injunção, pois permite a repropositura da ação injuncional se o indeferimento do
pedido houver se fundamentado na insuficiência de provas (nesse caso, será necessário
haver novos elementos probatórios). Ademais, uma vez julgado o mandado de injunção,
a sua decisão pode ser estendida a casos análogos, o que é uma medida de economia
processual. Tudo isso decorre dos §§ 2º e 3º do art. 9º da Lei.
“Art. 9º, Lei 13.300/16. (...) § 2o Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão
ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da
impetração fundada em outros elementos probatórios.”
“Art. 10, Lei 13.300/16. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser
revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações
das circunstâncias de fato ou de direito. Parágrafo único. A ação de revisão observará,
no que couber, o procedimento estabelecido nesta Lei.
“Art. 13, parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta)
dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
Cabível apenas na falta total ou parcial de Cabível quando faltar qualquer norma
norma regulamentadora torne inviável o regulamentadora relacionada a qualquer
exercício dos direitos e liberdades norma constitucional de eficácia limitada
constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
347
Habeas Data O habeas data, remédio constitucional criado pela CF/88 e regulamentado pela Lei Federal
9.507/97, presta-se a assegurar o direito de obtenção de informações pessoais (isto é,
relativas à pessoa do próprio impetrante) constantes de bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; ou para retificar (em virtude de incorreção,
imprecisão ou desatualização) tais informações.
A legitimidade ativa para o habeas data é da pessoa física ou jurídica que pretenda obter
e/ou retificar informações a respeito de sua pessoa. Já a legitimidade passiva é da
entidade governamental (tanto da Administração direta quanto da Administração
indireta) ou privada de caráter público a que pertença o banco de dados em que se
encontre a informação desejada.
Nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.507/97, “considera-se de caráter público
todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser
transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora
ou depositária das informações”. Bons exemplos de bancos de dados de caráter público
são os serviços de proteção ao crédito, conforme, inclusive, estabelece o art. 43, § 4º, do
CDC.
Ação Popular Regulamentada pela Lei 4.717/65, a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, da CF/88, é
instrumento de democracia direta e visa a assegurar a participação do cidadão na vida
pública, protegendo a coisa pública ou, em outras palavras, interesses difusos.
Para o cabimento da ação popular, conforme decorre do art. 5º, LXXIII, da CF/88, deve
haver lesividade: I) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (em
outras palavras, lesividade às entidades indicadas no art. 1º, caput, da Lei 4.717/65); II) à
moralidade administrativa; III) ao meio ambiente; IV) ao patrimônio histórico e cultural.
Apesar de não expressamente dito na Lei e na Constituição, a ação popular pode ser
preventiva (para evitar o ato lesivo) ou repressiva (para reparar o patrimônio público e
anular o ato já praticado). E, presentes os requisitos de fumus boni iuris e periculum in
mora, é possível a concessão de liminar, conforme previsto no art. 5º, § 4º, da Lei
4.717/65.
Nos termos do art. 5º, LXXIII, da CF/88 e do art. 1º, caput, da Lei 4.717/65, a legitimidade
ativa para a ação popular é apenas do cidadão, que é o brasileiro (nato ou naturalizado)
no pleno gozo de seus direitos políticos, devendo tal situação ser comprovada pelo título
de eleitor ou documento equivalente (trata-se de um requisito essencial da petição
inicial).
Por isso, segundo a Súmula 365/STF, “pessoa jurídica não tem legitimidade para propor
ação popular”. O reconhecimento da legitimidade ativa ao cidadão não afasta a
necessidade de constituir advogado, pois a lei não confere o jus postulandi ao legitimado
ativo para esse remédio constitucional, conforme, inclusive, já afirmado pelo Supremo
Tribunal
Federal (AO 1531 AgR, AO 1.531-AgR).
Já o Ministério Público, como decorre do § 4º do art. 6º da Lei de Ação Popular, atua como
fiscal da lei. O Parquet, embora não possa ajuizar a ação popular (o que só pode ser feito
por um cidadão), poderá ocupar o polo ativo para dar prosseguimento ao feito, se o autor
popular desistir da ação, conforme dispõe o art. 9º da Lei 4.717/65.
A regra é que a competência para processar e julgar a ação popular é do juízo singular de
primeiro grau. Há, porém, duas hipóteses previstas na Constituição Federal em que a
competência deixará de ser do primeiro grau e passará a ser do Supremo Tribunal Federal,
quais seja, as do art. 102, I, f e n.
349
Há previsão no art. 19 da Lei 4.717/65 de reexame necessário da sentença de
improcedência ou que reconhece a carência da ação, mas isso não se aplica à sentença
que acolhe a pretensão popular.
Caso a sentença seja de improcedência por insuficiência probatória, a ação poderá ser
reproposta com novas provas (art. 18, Lei 4.717/65).
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios não tem competência para processar e julgar mandado de
segurança impetrado contra ato do Controlador-Geral do Distrito Federal.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
O art. 8º, I, c, da Lei Federal n. 11.697/2008, Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal - LOJDF, prevê a competência
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios para julgar mandado de segurança contra atos de Secretários de
Governo do DF. Por sua vez, o art. 26 da mesma Lei Federal (LOJDF) dispõe que compete ao Juiz da Vara da Fazenda Pública
processar e julgar: "III - os mandados de segurança contra atos de autoridade do Governo do Distrito Federal e de sua
administração descentralizada".
Até a edição do Decreto Distrital n. 36.236/2015, coexistiam os órgãos da Secretaria de Estado de Transparência e Controle
- STC e da Controladoria-Geral do Distrito Federal - CGDF, ambos como integrantes do Sistema de Correição do Distrito
Federal - SICOR/DF, com a finalidade de prevenir e apurar irregularidades no Poder Executivo - Lei n. 4.938/2012.
Quando da edição do referido ato, a Secretaria de Estado da Transparência foi renomeada para Controladoria-Geral do
Distrito Federal (art. 8º, § 1º). Ocorre que este órgão já existia, situação que leva ao entendimento de que teria havido, na
verdade, uma absorção de um órgão por outro.
350
Com isso, verifica-se que a Controladoria-Geral não pode ser considerada uma secretaria para o fim de alteração da
competência jurisdicional e deve ser reconhecida a competência absoluta da Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal
para processar e julgar o mandamus. (Info 728 STJ)
Da Ordem Social
Material Atualizado EC 114/2021
O Título VIII da Constituição é dedicado exclusivamente à "Ordem Social", que trata dos mais variados temas:
seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência, tecnologia e inovação; comunicação social; meio
ambiente; família, criança, adolescente, jovem e idoso; e, índios.
Notícias Antes de alcançar a condição de tema constitucional e vir prevista no documento mais
Históricas importante do ordenamento jurídico, a seguridade social passou por várias etapas.
Inicialmente tivemos a "assistência pública", caracterizada pela ajuda concedida aos
necessitados no formato de caridade. Já no final do século XIX, surge o "seguro social",
introduzindo a proteção aos trabalhadores realizada pelo Estado. A terceira etapa da
seguridade social, a da "proteção dos cidadãos', passou a alcançar quaisquer pessoas, em
todos os seus estados de necessidade, em todas as fases da vida, e surgiu como decorrência
da Segunda Grande Guerra Mundial.
Definição A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e
à assistência social, todos direitos destinados a promover a satisfação das necessidades
humanas básicas.
Financiamento O custeia da seguridade social é realizado por toda a sociedade, em razão do princípio da
solidariedade financeira —todas as pessoas participam e contribuem para o auxílio de quem
necessite.
Objetivos A seguridade social é constitucionalmente estruturada para tutelar as pessoas que estejam
impedidas (por quaisquer circunstâncias), de provisionar as necessidades vitais próprias ou de
sua família. Seus objetivos são os seguintes:
(1)Universalidade da cobertura e do atendimento: todas as pessoas necessitadas, nacionais
ou estrangeiras, serão atendidas em caso de necessidade, já que o atendimento é universal.
(2) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: a
possibilidade de obtenção de uma prestação constituída pela seguridade social
independentemente do local de residência ou de trabalho.
(3) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: a seletividade
reflete as escolhas do legislador na definição das prestações e serviços que serão prestados
sempre aos mais carentes. A distributividade é uma consequência: ao selecionar os mais
despossuídos para a obtenção dos benefícios, acaba por efetivar uma maior justiça social.
(4) Irredutibilidade do valor dos benefícios: o intuito constitucional foi o de preservar o poder
aquisitivo do segurado e seus dependentes, preservando o valor nominal do benefício (em
351
relação aos benefícios previdenciários, também o valor real, conforme disposição do § 4º, do
art. 201).
(5) Equidade na forma de participação no custeio: contribui mais quem possui maior
capacidade contributiva, ou seja, quem tem mais renda, contribui com mais.
(6) Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis
específicas para cada área as receitas e despesas vinculadas a ações de saúde, previdência
e assistência social, preservando-se o caráter contributivo da previdência social (EC Nº
103/2019): são várias as fontes de financiamento da seguridade social, conforme já
destacado.
(7) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite,
com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos
órgãos colegiados.
Medicamentos
• Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA
1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.
2. A ausência de registro na Anvisa impede, como regra geral, o fornecimento de
medicamento por decisão judicial.
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro
sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao
previsto na Lei 13.411/16), quando preenchidos 3 requisitos:
a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de
medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);
b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no
exterior;
c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa
deverão necessariamente ser propostas em face da União. STF. RE 657718, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, em 22/5/19 (repercussão geral) (Inf 941).
352
a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido
por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do
medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos
fornecidos pelo SUS;
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados
pela agência. STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info 633)
União não pode requisitar seringas e agulhas que já foram contratadas pelo Estado-
membro para o plano estadual de imunização e que ainda estão na indústria, apesar de já
terem sido empenhados (Info 1008). É incabível a requisição administrativa, pela União,
de bens insumos contratados por unidade federativa e destinados à execução do plano
local de imunização, cujos pagamentos já foram empenhados. A requisição administrativa
não pode se voltar contra bem ou serviço de outro ente federativo. Isso para que não haja
indevida interferência na autonomia de um sobre outro. STF. Plenário.
(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o
consentimento do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas
indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades
ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes,
e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela
União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas
de competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
17/12/2020. (Info 1003)
É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de
convicção filosófica - É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina
que, registrada em órgão de vigilância sanitária, (1) tenha sido incluída no Programa Nacional
de Imunizações ou (2) tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (3) seja objeto
de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em consenso
médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de
convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário.
354
ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral
– Tema 1103) (Info 1003).
É constitucional lei estadual que obrigue plano de saúde a justificar recusa de tratamento
(STF, Info 980)
355
4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos
os marcos jurídicos. O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano
de saúde utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o
ressarcimento que ele teve com essas despesas. Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”,
criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das operadoras de planos privados de assistência
à saúde de restituir as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que seja cliente e
que esteja coberta por esses planos. STF. Plenário.RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 7/2/2018 (repercussão geral) (Info 890).
A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes
de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade
pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete
responder em tais casos. (Info 563 STJ).
4) O chamamento ao processo da União com base no art. 77, III, do CPC, nas demandas
propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o fornecimento de
medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se
inadequado opor obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à saúde. (Tese julgada
sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 686)
7) É possível conceder a antecipação dos efeitos da tutela contra a Fazenda Pública para
obrigá-la ao fornecimento de medicamento.
Previdência A previdência social é o seguro social do contribuinte. É uma instituição pública, cuja principal
Social função é a de garantir proteção ao trabalhador contribuinte e sua família, transferindo uma
renda sempre que houver a perda da capacidade de trabalho —seja por incapacidade
temporária ou permanente para o trabalho, seja por idade avançada, morte ou desemprego
involuntário —, ou mesmo em razão da maternidade e da reclusão. Possui caráter
contributivo, isto é, as prestações da previdência dependem de contraprestações, o que
significa que o indivíduo somente vai auferir benefícios quando se filiar como segurado e
passar a contribuir para o funcionamento do sistema.
358
Aposentadoria
Assistência A assistência social é um direito previsto na Constituição para quem dele necessitar,
Social independentemente de contribuição à seguridade social. Está intimamente vinculada ao
reconhecimento de que o Estado deve assegurar, ao menos, condições básicas de existência
aos seus cidadãos, cumprindo um de seus objetivos fundamentais —o de erradicar a pobreza
e a marginalização — e efetivando um dos fundamentos centrais do texto constitucional: a
dignidade da pessoa humana.
359
Da Educação, da Cultura e do Desporto (art. 205 a 214 CF/88)
Da Educação A educação é um dos mais importantes direitos sociais da Constituição. Isso porque é o
direito que permite a plena fruição dos demais direitos. Segundo o art. 205, CF/88, a
educação deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. É a educação um direito fundamental de todos e dever da
família e do Estado.
(EC 108/2020) O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste artigo considerará
as condições adequadas de oferta e terá como referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ),
pactuados em regime de colaboração na forma disposta em LEI COMPLEMENTAR, conforme
o parágrafo único do art. 23 desta Constituição.
(EC 108/2020) É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º e 6º deste artigo
para pagamento de aposentadorias e de pensões.
(EC 108/2020) A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação e de controle das
despesas com educação nas esferas estadual, distrital e municipal
É inconstitucional lei estadual que reduziu o valor das mensalidades escolares durante
a pandemia da Covid-19 (Info 1003 STF).
É inconstitucional lei estadual que estabelece critério diferente das regras federais
para o ingresso de crianças no primeiro ano do ensino fundamental (Info 1003 STF).
• O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional. O STF
entendeu que a CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião específica,
que ensine os dogmas ou valores daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde
que se garanta oportunidade a todas as doutrinas religiosas. STF. Plenário. ADI 4439/DF,
red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 27/9/2017 (Info 879).
361
• Inconstitucionalidade de lei estadual que afaste as exigências de revalidação de
diplomas emitidos por instituições de ensino superior estrangeiras: É inconstitucional lei
estadual que afasta as exigências de revalidação de diploma obtido em instituições de
ensino superior de outros países para a concessão de benefícios e progressões a servidores
públicos. Essa lei invade a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e
bases da educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88). STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 27/03/2020.
São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso,
respectivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da
data limite de 31 de março para que referidas idades estejam completas. STF. Plenário.
ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909). É constitucional a
exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao
Ministério da Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o
critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010, ambas
emanadas da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE/CEB), ao
estabelecerem corte etário para ingresso de crianças na primeira série do ensino
fundamental (6 anos completos até 31 de março do correspondente ano letivo), não
incorreram em contexto de ilegalidade (não violaram a lei). Ao contrário, tais Resoluções
encontram respaldo na interpretação conjunta dos arts. 29 e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O
Poder Judiciário não pode substituir-se às autoridades públicas de educação para fixar ou
suprimir requisitos para o ingresso de crianças no ensino fundamental, quando os atos
normativos de regência não revelem traços de ilegalidade, abusividade ou ilegitimidade.
STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/12/2014.
• Poder Judiciário pode obrigar Município a fornecer vaga em creche: O Poder Judiciário
pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de idade.
362
A educação infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional
indisponível garantida às crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado (art. 208,
IV, da CF/88). Os Municípios, que têm o dever de atuar prioritariamente no ensino
fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem se recusar a
cumprir este mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi conferido pela
Constituição Federal. STF. Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 12/05/2016 (STF, Info 827).
•Lei estadual pode fixar número máximo de alunos por sala de aula: A competência para
legislar sobre educação e ensino é concorrente (art. 24, IX, da CF/88). No âmbito da
legislação concorrente, a União tem competência apenas para estabelecer as normas gerais
(§ 1º) e os Estados podem suplementar (complementar, detalhar) a legislação federal (§ 2º).
As normas gerais sobre educação foram editadas pela União na Lei 9.394/96 (LDB).
Determinado Estado-membro editou uma lei prevendo o número máximo de alunos que
poderiam estudar nas salas de aula das escolas, públicas ou particulares, ali existentes. O
STF entendeu que essa lei é constitucional e que não usurpa a competência da União para
legislar sobre normas gerais de educação. STF. Plenário. ADI 4060/SC, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 25/2/2015 (STF, Info 775).
363
•É constitucional lei estadual que permite o sacrifício de animais em cultos de religiões
de matriz africana (STF, Info 935)
Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das
atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.
As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso
Nacional.
Compete ao PODER EXECUTIVO outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço
de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas
privado, público e estatal.
364
A não renovação da concessão ou permissão DEPENDERÁ de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
CONGRESSO NACIONAL, em votação nominal.
O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de
televisão.
• MPBA/2018: Viola o direito fundamental à liberdade de expressão, dispositivo legal que, com o escopo de
tutelar os valores éticos e sociais da pessoa e da família, confira à Administração Pública a competência de
fixar os horários permitidos de realização de diversões públicas e de exibição de programas de rádio e
televisão. O exercício da liberdade de programação pelas emissoras impede que a exibição de determinado
espetáculo dependa de ação estatal prévia. A submissão ao Ministério da Justiça ocorre, exclusivamente, para
que a União exerça sua competência administrativa prevista no inciso XVI do art. 21 da Constituição, qual seja,
classificar, para efeito indicativo, as diversões públicas e os programas de rádio e televisão, o que não se
confunde com autorização. Entretanto, essa atividade não pode ser confundida com um ato de licença, nem
confere poder à União para determinar que a exibição da programação somente se dê nos horários
determinados pelo Ministério da Justiça, de forma a caracterizar uma imposição, e não uma recomendação. Não
há horário autorizado, mas horário recomendado. Esse caráter autorizativo, vinculativo e compulsório
conferido pela norma questionada ao sistema de classificação, data venia, não se harmoniza com os arts. 5º,
IX; 21, inciso XVI; e 220, § 3º, I, da CF. (ADI 2404, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, 31/08/2016)
• É inconstitucional lei estadual que obriga empresas de telefonia e de TV por assinatura a manterem
escritórios regionais e representantes para atendimento presencial de consumidores (STF)
Do Meio Ambiente
O "meio ambiente", direito fundamental de terceira dimensão, pode ser definido como o complexo de relações
entre o mundo natural e os seres vivos. Sua degradação gera irreparáveis danos à saúde e à vida digna e
saudável.Por isso, consagrou a Constituição que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 205)
365
Atenção: As bancas tentam confundir os candidatos dizendo que são bens da União – a Floresta Amazônica,
a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional (DPF-
2013/CESPE).
- A caatinga não é patrimônio nacional.
• Os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença gestante,
o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença adotante, não
é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada (RE 778889).
366
Do Idoso A Constituição traz, em seu artigo 230, normas protetivas ao idoso. Segundo o
dispositivo, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida. Com a finalidade de regulamentar essa proteção especial
foi editado o Estatuto do Idoso (lei nº 10.741/2003)
Dos Índios São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
- Índios = posse permanente das terras x União = propriedade das terras
- Podem ser economicamente exploradas desde que autorizado pelo CONGRESSO
NACIONAL.
- Bens de uso ESPECIAL.
- São inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de prescrição aquisitiva.
- Não se aplica a atividade de garimpagem.
- Pode ocorrer a remoção dos indígenas em duas situações:
(1) após deliberação do CN = no interesse da soberania do país.
(2) “ad referendum” do CN = no caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
sua população.
367
STF determina que governo federal adote medidas para conter o avanço da Covid-
19 entre indígenas
A associação “Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e seis partidos políticos ajuizaram arguição de descumprimento de
preceito fundamental alegando que o Poder Público estava falhando na proteção dos povos indígenas com relação à pandemia da
Covid-19. Os autores apontaram uma série de atos comissivos e omissivos do Poder Público que, segundo eles, estavam causando
alto risco de contágio e de extermínio dos povos indígenas.
Os requerentes apontaram que tais atos violam a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), o direito à vida (art. 5º, caput)
e o direito à saúde (arts. 6º e 196), além do direito de tais povos a viverem em seu território, de acordo com suas culturas e tradições
(art. 231).
Na ação, os autores pedem a realização de diversas medidas necessárias para a proteção dos povos indígenas. O Min. Roberto
Barroso (relator) deferiu parcialmente a medida cautelar para que a União implemente, em resumo, as seguintes providências:
2. Criação de Sala de Situação, para gestão de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato
Recente.
1. Inclusão de medida emergencial de contenção e isolamento dos invasores em relação às comunidades indígenas ou providência
alternativa, apta a evitar o contato.
3. Elaboração e monitoramento de um Plano de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União. O
Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
3 e 5/8/2020 (Info 985).
Em ação possessória ajuizada pelo fazendeiro que teve o imóvel invadido por
indígenas, não cabe a realização de laudo antropológico para examinar se são terras
indígenas - É inadequada a discussão acerca da tradicionalidade da ocupação
368
indígena em ação possessória ajuizada por proprietário de fazenda antes de
completado o procedimento demarcatório. Assim, não cabe produção de laudo
antropológico em ação possessória ajuizada por proprietário de fazenda ocupada por
grupo indígena. STJ. 2ª Turma. REsp 1650730-MS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 20/08/2019 (Info 655).
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, da
CF/88) e, portanto, não podem ser consideradas como terras devolutas de domínio
do Estado-membro. STF. Plenário. ACO 362/MT e ACO 366/MT, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgados em 16/8/2017 (Info 873)
Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra
índio (Info 768 STF).
369
público federal. STF. 2ª Turma. Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/9/2014 (Info 760).
• Não se exige que eventuais interessados na remarcação das terras indígenas sejam
notificados diretamente a respeito da existência do procedimento - A demarcação de
terras indígenas é realizada mediante processo administrativo disciplinado pelo Decreto
nº 1.775/96. Este Decreto não exige que eventuais interessados na demarcação (ex:
pessoas que possuem títulos de propriedade da área a ser demarcada) sejam notificados
diretamente a respeito da existência do procedimento. Basta que seja publicado um
resumo do relatório circunstanciado nos Diários Oficiais da União e da unidade federada
onde se encontra a área sob demarcação - publicação essa que também deve ser afixada
na sede da Prefeitura Municipal da situação do imóvel (art. 2º, § 7º do Decreto nº
1.775/96). Isso já é suficiente para garantir o contraditório. Vale ressaltar, no entanto,
que nesta publicação deverá constar o nome do interessado ou de sua propriedade rural
(ex: Fazenda Terra Boa). Assim, não há nulidade em processo de remarcação de terras
indígenas por ausência de notificação direta a eventuais interessados, bastando que a
publicação do resumo do relatório circunstanciado seja afixada na sede da Prefeitura
Municipal da situação do imóvel. STJ. 1ª Seção.MS 22816-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 13/9/2017 (STJ, Info 611).
Renitente esbulho
Como regra, se os índios não estavam na posse da área em 05/10/1988, ela não será
considerada terra indígena (art. 231 da CF/88). Existe, contudo, uma exceção a essa
370
regra. Trata-se do chamado renitente esbulho. Assim, se, na época da promulgação da
CF/88, os índios não ocupavam a terra porque dela haviam sido expulsos em virtude de
conflito possessório, considera-se que eles foram vítimas de esbulho e, assim, essa área
será considerada terra indígena para os fins do art. 231. O renitente esbulho se
caracteriza pelo efetivo conflito possessório, iniciado no passado e persistente até o
marco demarcatório temporal da data da promulgação da Constituição de 1988,
materializado por circunstâncias de fato ou por controvérsia possessória judicializada.
Vale ressaltar que, para que se caracterize o renitente esbulho, é necessário que, no
momento da promulgação da CF/88, os índios ainda estivessem disputando a posse da
terra ou tivessem sido delas expulsos há pouco tempo. Se eles foram dela expulsos
muitos anos antes de entrar em vigor a CF/88, não se configura o chamado “renitente
esbulho”. Exemplo: no caso concreto apreciado pelo STF, a última ocupação indígena na
área ocorreu no ano de 1953, data em que os índios foram expulsos da região. Nessa
situação, a Corte entendeu que não estava caracterizado o renitente esbulho, mas sim
“a desocupação forçada ocorrida no passado” já que, no momento da promulgação da
CF/88, já havia se passado muitos anos da saída dos índios do local e eles não mais
estavam em conflito possessório por aquelas terras. STF. 2ª Turma. ARE 803462 AgR/MS,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/12/2014 (Info 771). A proteção das terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios representa um aspecto fundamental dos
direitos e das prerrogativas constitucionais assegurados ao índio. Sem ter a garantia de
que irá permanecer nas terras por eles já tradicionalmente ocupadas, os índios ficam
expostos ao risco da desintegração cultural, da perda de sua identidade étnica, da
dissolução de seus vínculos históricos, sociais e antropológicos e da erosão de sua própria
consciência. Entretanto, somente são reconhecidos aos índios os direitos sobre as terras
que tradicionalmente ocupem se a área estiver habitada por eles na data da
promulgação da CF/88 (marco temporal) e, complementarmente, se houver a efetiva
relação dos índios com a terra (marco da tradicionalidade da ocupação). No caso
concreto, por exemplo, o relatório elaborado pela FUNAI indicou que há mais de 70 anos
não existia comunidade indígena ou posse indígena no local em disputa. Logo, o marco
temporal não estava preenchido, sendo, portanto, impossível reconhecer a posse
indígena daquelas terras. Em outras palavras, não estavam atendidos os requisitos
necessários para se reconhecer aquela área como sendo uma terra tradicionalmente
ocupada por índios, nos termos do art. 231 da CF/88. No entanto, mesmo a terra não se
enquadrando no conceito do art. 231, caput e § 1º da CF/88, a União pode decidir
acolher as populações indígenas naquela área. Para isso, porém, terá que desapropriar
as terras, pagando justa e prévia indenização em dinheiro aos proprietários,
considerando que, não sendo terras tradicionalmente ocupadas por índios, essa área
não se constitui em bem da União (art. 20, XI). STF. 2ª Turma. RMS 29087/DF, rel. orig.
Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão, Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/9/2014 (Info 759).
371
Metodologia Fuzzy (Fuzzysmo)
O jurista português José Joaquim Gomes Canotilho publicou estudo denominado “Metodología ‘Fuzzy’ y
‘Camaleones Normativos’ en la Problemática Actual de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales”
publicado na Revista “Derechos y Libertades” do Instituto de Direitos Humanos da Universidade Carlos III de
Madrid. No referido estudo, o constitucionalista afirmou que a doutrina jurídica ainda não alcançou conclusões
razoáveis e satisfatórias sobre o tema da implementação de direitos econômicos, sociais e culturais.
É dizer: houve avanços da doutrina em várias áreas do saber jurídico, mas a concretização dos direitos sociais
ainda caminharia trôpega, ou seja, cambaleante de ideias mais precisas sobre como seria a concretização de tais
direitos econômicos, sociais e culturais. Essa dificuldade metodológica na implementação dos direitos
prestacionais, ou seja, de segunda geração, gerou a denominação de “metodologia fuzzy”. O emprego da
expressão provém do estudo da “lógica difusa”. Cuida-se de termo extrajurídico que consiste em uma das formas
de aplicação da “lógica difusa”.
A metodologia fuzzy também conhecida como camaleões normativos, consiste na afirmação de que a
doutrina jurídica ainda não conseguiu alcançar conclusões razoáveis e satisfatórias a respeito do tema da
implementação de direitos econômicos, sociais e culturais.
Atualização EC 114/2021
Art. 6º PÚ Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas
normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e
orçamentária."
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Art. 100 § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte,
quando terão seus valores atualizados monetariamente.
Art. 203 Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
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