Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FORENSES
1
SUMÁRIO
1
NOSSA HISTÓRIA
2
1 LEGISLAÇÃO CIVIL E PENAL E IMPLICAÇÕES FORENSES
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
De maneira geral, esse tipo de paciente não era visto como doente, mas como
possuído por entidades malignas. Assim, não poderia ser objeto de cuidados legais.
Os gregos – de Hipócrates em diante – dissertaram sobre doenças mentais, mas se
omitiram em relação aos assuntos legais que pudessem vir a suscitar. Os fatos
ocorreram de maneira diferente em Roma. Diferentemente dos gregos, os romanos
foram um povo legalista que deixou um monumento legal, o direito romano. Os
doentes mentais, divididos em furiosos, alienados e mentecaptos, passaram a ter
tratamento jurídico, tanto penal quanto civil.
3
enfermos. Ainda que as leis de Justiniano tratassem desse tema no Corpus juris
civilis, na Pandectas e nas Instituta, e que tenham sido elaboradas algumas normas
legais (principalmente civis), a influência crescente do Cristianismo acabou
eclipsando a ideia de que os que perderam a razão eram doentes.
4
psiquiatras forenses, é convocada a intervir em um sem-número de casos na interface
entre psiquiatria e direito, desde temas penais (como responsabilidade penal,
superveniência de doença mental e periculosidade), passando por questões cíveis
(capacidade civil em geral e disputas em direito de família), chegando a discussões
nos âmbitos administrativo, trabalhista e previdenciário, sempre que a saúde mental
de uma das partes envolvidas for de interesse para a solução da causa.
Portanto, entre outras, devem ser perquiridas noções de: bem ou interesse
juridicamente tutelado; antijuridicidade, dano efetivo ou lesão a bem ou interesse
juridicamente tutelado; dano potencial ou perigo de lesão a um bem ou interesse
juridicamente tutelado; violação do dever jurídico; violação de norma jurídica;
5
condições de superveniência de um efeito lesivo; tipicidade penal; culpabilidade;
imputabilidade; responsabilidade; exigibilidade de conduta; natureza delituosa de
uma ação; imoralidade da conduta; perturbação da vida social; ataque às condições
fundamentais da vida social; nocividade da ação ou omissão; associabilidade; quais
ações ou omissões produzem resultados; disciplina social; causalidade; ato voluntário
como causa; relação; nexo causal entre conduta e evento; eficácia ou eficiência da
ação.
6
1.1 GENERALIDADES HISTÓRIA DO CONCEITO
7
Entre essa peculiaridade de indivíduos criminosos está a personalidade
psicopática. São “indivíduos fronteiriços” que se separam do grosso da população em
termos de comportamento, conduta moral e ética. Girolano Cardamo, professor de
Medicina da Universidade de Pavia, retratou uma das primeiras descrições
registradas pela Medicina sobre algum comportamento que pudesse se identificar à
ideia de personalidade psicopática. Neste relato, Cardamo falou em “Improbidade”,
quadro que não alcançava a insanidade total, porque as pessoas que padeciam dessa
“Improbidade” mantinham a aptidão para dirigir sua vontade.
Frase esta criticada por José Alves Garcia, em sua obra Psicopatologia
Forense, onde qualificou a definição de Kurt Schneider como irrelevante. Pode-se
destacar nelas certas características e propriedades que as definem de maneira nada
comparável aos sintomas de outras doenças. A concepção de Schneider traz um
certo determinismo, porque define o psicopata, portador de uma personalidade
estranha, separada de seu meio.
8
A psicopatia, portanto não é exógena, sua essência é constitucional e inata.
Schneider englobou no conceito de personalidade psicopática todos os desvios da
normalidade, não suficientes para serem considerados doenças mentais francas,
incluindo nesses tipos, também aquele que hoje se entende por sociopata
(psicopatia). Muito mais tarde Mira y López conceitua a Personalidade psicopática:
Conceito atual
9
todo o comportamento do indivíduo e, evidentemente, com suas consequências na
esfera do mundo jurídico. O renomado Nélson Hungria define os psicopatas como:
1.2 CLASSIFICAÇÃO
Adotaremos a classificação dada por Flamínio Favero que seguindo os
dispositivos legais, classificou os distúrbios psíquicos em: psicoses, insuficiências
mentais ou oligofrenias, personalidades psicopáticas e neuroses. 5 Ob. cit. 6 Apud
Gerardo Vasconcelos, ob. cit. Personalidade Psicopática – implicações forenses e
médico-legais.
10
as demais referem-se aos distúrbios quantitativos. Os distúrbios qualitativos
caracterizam-se pela alteração da qualidade, com surgimento de “algo novo” na vida
psíquica do paciente, como por exemplo, vozes, pensamentos delirantes, visões. Os
distúrbios quantitativos caracterizam-se pelo aumento ou diminuição de coisas
consideradas normais até então; o que muda é a quantidade, como por exemplo as
reações de um psicopata de personalidade explosiva, que bate na mulher porque esta
não colocou o lixo para fora (há uma extrema desproporcionalidade entre o estímulo
e a reação), ou o oligofrênico que não consegue ler, por pouca inteligência.
11
Revela-se, assim, num distúrbio da conduta. Mas para um melhor
entendimento desses indivíduos estão elencados abaixo os traços e características
mais significantes: Encanto Superficial e Manipulação: nem todos os psicopatas são
encantadores, mas é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e,
consequentemente capacidade de manipulação das pessoas, como meio de
sobrevivência social. O encanto, a sedução e a manipulação são fenômenos que se
sucedem no psicopata, partindo do princípio que somente será possível manipular
alguém se esse alguém foi antes seduzido; Mentiras Sistemáticas e Comportamento
Fantasioso: o psicopata utiliza a mentira como uma “ferramenta de trabalho”.
12
A média da população de psicopata é de 1 a 4% em maior ou menor escala. A
maioria das pessoas com distúrbios da personalidade antisocial não é criminosa e é
capaz de se controlar dentro dos limites da tolerabilidade social.
13
5. Psicopatas Lábeis de Estado de ânimo: irritáveis com extrema facilidade,
seu estado de ânimo sofre oscilações imotivadas e desproporcionais. São sempre
impulsivos e cometem crimes tais como roubo e abandono de trabalho.
14
2 ASPECTOS JURÍDICOS ELEMENTOS DO CRIME
Isto quer dizer que para a norma penal os elementos do crime são a Tipicidade,
a Ilicitude e a Culpabilidade. Tipicidade – O tipo é a descrição abstrata da ação
proibida ou da ação permitida. A ação, também chamada conduta, compreende o
comportamento humano, que pode ser comissivo ou omissivo. Exprime elementos
essenciais da ação descrita, como por exemplo, se a ação é dolosa ou culposa.
Abrange a ação com seus elementos objetivos e subjetivos, o resultado e até o objeto,
quando for o caso. Ilicitude – Para que haja crime, exige-se que o fato material
causado seja lesivo de interesses protegidos. É protegido todo fato que a lei penal
manda fazer ou deixar de fazer sob pena de uma sanção. Uma ação pode ser típica,
mas não ser ilícita, logo, não é criminosa por falta de um de seus elementos.
15
importante para determinar a periculosidade individual. Lembrando que tudo isso
deverá ser muito bem analisado no momento da aplicação da sanção.
16
2.2. CONCEITO DE IMPUTABILIDADE PENAL
Critérios de avaliação
17
De qualquer forma, deve o agente ser submetido ao exame de sanidade
mental. No que se refere aos portadores de personalidade psicopática, que são os
fronteiriços.
No entanto, como já foi dito anteriormente apenas uma pequena fração dos
psicopatas se desenvolve em criminosos violentos, como estupradores e assassinos
.
18
médico-legais – Sabrina Veríssimo Pinheiro Nunes _mais importantes obras legadas
à história da arte.
19
Os distúrbios psíquicos se dividem em orgânicos: - causa conhecida : psicoses
exógenas ou sintomáticas, por exemplo, infecção que causa alteração cerebral,
diabetes, medicamentos, etc. - causa desconhecida: psicoses endógenas (são
geneticamente determinadas e não têm cura); por exemplo, esquizofrenia, PMD,
psicose epiléptica, etc.
20
persista a culpabilidade. Conforme o artigo terá reduzida a pena dos agentes que no
momento da ação ou omissão não eram inteiramente capazes de entender a ilicitude
do ato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, mas somente nos
casos de desenvolvimento mental incompleto ou retardardo, e de perturbações da
saúde mental. Desses somente nos interessa as perturbações da saúde mental, que
é o termo jurídico que abriga os indivíduos que estão entre o campo da doença mental
e da normalidade, os chamados fronteiriços ou border-line. São eles: a personalidade
psicopática (objeto de estudo), o débil mental leve, o desenvolvimento simples e
alguns casos o neurótico e o início e fim de psicoses (mais raro).
Sendo assim, o juiz proferirá uma sentença condenatória, prevista nos termos
do Artigo 387 do Código de Processo Penal. E terá a opção de aplicar 16 Artigo 387.
O juiz, ao proferir sentença condenatória:
21
Pena reduzida de um a dois terços. Segundo o artigo a atenuação é facultativa,
mas há decisões também no sentido de ser obrigatória, como para Paulo José da
Costa Júnior:17 “...preferimos, entretanto, sustentar que o poder, referido na norma,
significa dever. A faculdade do magistrado está em dosara redução...” Ou
necessitando o condenado de especial tratamento essa pena poderá ser substituída
por internação ou tratamento ambulatorial, regra prevista no artigo 98 do Código
Penal: “ Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um)
a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.”
22
penas são proporcionais à gravidade da infração, enquanto a proporcionalidade das
medidas de segurança é estabelecida de acordo com a periculosidade do sujeito e
que a imposição das penas pressupõe prática de um crime, enquanto as medidas de
segurança podem ser aplicadas aos autores de quase-crimes ( não é o entendimento
que vigora em nossa legislação). Já para Noronha19 “...na pena prevalece o cunho
repressivo, ao passo que na medida de segurança predomina o fim preventivo;
porém, como já fez sentir, a prevenção também não é estranha à pena.
23
fato indicativo de persistência de sua periculosidade (C.P., art. 97, § 3º). Se solto, a
medida de segurança se extingue com a extinção da punibilidade. Quanto as espécies
de medidas de segurança são a detentiva e a restritiva. A primeira consiste na
internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, enquanto a segunda
resulta de tratamento ambulatorial.
24
4 CRIMINOSOS EM SÉRIE
Existe no Brasil um descaso dos juízes com relação aos laudos elaborados
pelos médicos-peritos, no momento de sua decisão. Fala-se que os médicos resolvem
as questões, os juízes decidem as soluções, entretanto, não é que temos visto, como
por exemplo, no caso do “Chico Picadinho” e do Maníaco do Parque, em que os
médicos deram o diagnóstico, mas a Justiça não o aceitou, em sua decisão. Vejamos
por exemplo a opinião de Fragoso com relação a Psiquiatria23: “É um ramo da
medicina muito subjetivo, onde tudo são hipóteses, conjecturas, inferências sem base
na realidade, falsificações para o encalço de fantasias, deixando apenas de manifesto
25
a persistente indemonstrabilidade das pretendidas causas genéticas do crime.” No
entanto verificamos que a Psiquiatria possui critérios de avaliação que o juiz não
levaria em conta no julgamento do criminoso, verificando a ocorrência de alterações
de comportamento consideradas anormais, mas que para o juiz seriam normais.
O que ocorre na realidade é que ao mesmo tempo em que a lei possibilita que
a justiça chame um perito para elaborar um laudo sobre as funções psíquicas do
acusado, com o fim específico de atribuir-lhe ou não capacidade de imputação acerca
do crime praticado, a mesma lei também permite que o juiz decida a causa sem que
esteja adstrito ao laudo apresentado pelo perito.
26
REFERÊNCIAS
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal : parte geral. 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora Forense.
França GV. Direito médico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; 2010.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal : parte geral. 12. ed. v. 01. São Paulo:
Editora Saraiva, 1988.
27
JÚNIOR, Paulo J.C. Direito Penal – curso completo. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
Magner LN. A history of medicine. 2nd ed. New York: Informa Healthcare; 2007.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de direito penal. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1991,
v.1. Personalidade Psicopática – implicações forenses e médico-legais
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, v.1.
Rieber RW, Green MR, editors. Milestones in the history of forensic psychology and
psychiatry: a book of readings. New York: Da Capo; 1981.
28