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PB1 PSICO JURÍDICA ESTUDO DIRIGIDO

1) Fale sobre a história da Psicologia Jurídica e como a psicologia adentrou no contexto


jurídico no mundo
→ no início do séc XIX médicos foram chamados pelos juízes da época para desvendarem o
“enigma” que certos crimes apresentavam
↳ estes crimes clamaram pelas considerações médicas não eram motivados por
lucros financeiros ou paixões, pareciam possui uma outra estrutura, pois ferem a valores
básicos
→ a psicologia aparece no cenários das ciências que auxiliam a justiça 1868 no livro
Psychologie Naturelle
↳ Despine dividiu o material em grupos de acordo com os motivos que
desencadearam os crimes, investigou as particularidades psicológicas de cada um dos
membros de vários grupos
↳ as anomalias apresentadas pelos delinquentes situam-se em suas tendências e seu
comportamento moral e não afetam sua capacidade intelectual
↳ Despine - fundador da psicologia criminal
→ em 1875 a criminologia surge no cenário das ciências humanas como o saber que viria dar
conta do estudo da relação entre o crime e o criminoso
→ a criminologia conclui que tudo se resumia em um problema especial de conduta, que é
expressão imediata e direta da personalidade. Assim, antes do crime, é o criminoso o ponto
fundamental da criminologia contemporânea
→ o crime passa a ser visto como um problema que não é apenas do criminoso, mas também
do juiz, do advogado, do psiquiatra, do psicólogo e do sociólogo
→ o que deve permanecer no estudo criminológico é a tentativa de esclarecimento do ato
humano anti-social, visando a sua prevenção e evitar sua reintegração

2) Fale sobre a criminologia de Bonger (1943) e Mira Y Lopez (2008).


Bonger
→ considera a psicologia criminal importante para todos os profissionais de direito, de
utilidade especial para todas aquelas pessoas que trabalham em presídios e manicômios
→ encontramos entre os delinquentes todos os tipos humanos possíveis, não existe uma
tipologia psicológica específica do delinquente, é uma deficiência moral associada a uma
exagerada tendência materialista

Mira Y lopez
→ o autor procura discutir o papel da psicologia no campo do direito e oferecer
conhecimentos sobre o comportamento humano que auxiliem os juristas em suas decisões
→ enumerou nove fatores que seriam responsáveis pela reação de uma pessoa em um dado
momento
↳ herdados: constituição corporal, temperamento, inteligência
↳ misto: caráter
↳ adquiridos: prévia experiência de situações análogas, constelação, situação externa
atual, tipo médio de reação social, modo de percepção da situação
→ o fator morfológico origina na pessoa um obscuro sentimento de superioridade ou
inferioridade física em frente a situações e influencia a determinação do seu modo de reagir
→ temperamento como a resultante funcional direta da constituição corporal, sendo
responsável pela nossa tendência mais primitiva de reação frente aos estímulos ambientais
→ a inteligência nos fornece subsídios para uma adaptação melhor a realidade e uma melhor
compreensão dela
→ o caráter é um fator importantíssimo na reação pessoal porque ele costuma definir e
determinar a conduta
→ o modo de percepção da situação seria o fator mais importante de todos na determinação
da reação pessoal

3) Conforme Lago (2009) as principais áreas de atuação do Psicólogo Jurídico são:


Direito Penal/criminal, Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente e Direito
do Trabalho. Assim, descreva a atuação do Psicólogo em cada uma dessas áreas.

Psicólogo Jurídico e o direito da família

→ destaca-se a participação dos psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa de


guarda e regulamentação de visitas
↳ divorcio: pode atuar como mediador, buscará os motivos que levaram o casal ao litígio e os
conflitos subjacentes que impedem um acordo em relação aos aspectos citados
↳ disputa de guarda: perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores tem melhores
condições de exercer esse direito
↳ regulamentação de visitas: o psicólogo jurídico contribui por meio de avaliações com a
família, objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica presente nesta
família, com sugestões das medidas que poderiam ser tomadas.

Psicólogo Jurídico e o direito da criança e do adolescente

→ destaca-se o trabalho dos psicólogos junto aos processos de adoção e destituição de poder
familiar e também o desenvolvimento e aplicação de medidas socioeducativas aos
adolescentes autores de ato infracional.
↳ adoção: os psicólogos participam do processo de adoção por meio de uma assessoria
constante para as famílias adotivas,
↳ adolescentes autores de ato infracional: propiciar a superação de sua condição de exclusão,
bem como a formação de valores positivos de participação na vida social / envolver a família
e a comunidade com atividades que respeitem o princípio da não discriminação e não
estigmatização
Psicólogo Jurídico e o direito civil

→ o psicólogo atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de danos
psíquicos e também nos casos de interdição judicial
↳ dano psíquico: cabe ao psicólogo, de posse de seu referencial teórico e instrumental técnico,
avaliar a real presença desse dano
↳ interdição: refere-se à incapacidade de exercício por si mesmo dos atos da vida civil /
compete ao psicólogo nomeado perito pelo juiz realizar avaliação que comprove ou não tal
enfermidade mental.

Psicólogo Jurídico e o direito penal

→ o psicólogo pode ser solicitado a atuar como perito para averiguação de periculosidade,
das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento

Psicólogo Jurídico e direito do trabalho

→ o psicólogo pode atuar como perito em processos trabalhistas


→ vistoria para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e a repercussão na saúde mental
do indivíduo
→ a elaboração de um laudo, no qual irá traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a
natureza dos processos psicológicos sob investigação

4) Cavalcante (2015) fala sobre os conceitos de reconhecimento; empoderamento legal;


emancipação; autonomia e cidadania. Descreva cada um desses conceitos

Cidadania
→ condição de acesso aos direitos sociais e econômicos que permite que o cidadão possa
desenvolver todas as suas potencialidades, incluindo a de participar de forma ativa,
organizada e consciente, da construção da vida coletiva no estado democratico
→ não é assegurada a todos

Empoderamento Legal
→ o processo pelo qual o pobre torna-se protegido e é capaz de usar a lei para proteger seus
direitos e seus interesses
→ esse auxílio deve estar associado por outras redes e pelo próprio esforço do indivíduo
→ inspira-se na ideia de “desenvolvimento como liberdade”, a partir da qual almeja-se o
empoderamento político social e econômico das pessoas, com base em oportunidades para
que estas pessoas se desenvolvam e construam estratégias para alcançar a propriedade,
reduzindo a pobreza
→ proteger e criar oportunidades para seu desenvolvimento
→ pobres considerados efetivos agentes de sua transformação
Autonomia
→ conjunto adquirido de capacidades para conduzir a própria vida
→ esta capacidade pode ser influenciada por vulnerabilidades com as quais os sujeitos
deveriam lidar para o desenvolvimento e manutenção de sua autonomia
→ pode ser reduzida ou prejudicada por meio de danos causados as relaçõe sociais que
asseguram esta autonomia
→ depende de relações de reconhecimento
→ requer recursos e circunstâncias necessárias para que um indivíduo seja realmente capaz
de conduzir a vida que determinou como digna de valor

Reconhecimento
→ a atitude do sujeito frente a si mesmo emerge em seu encontro com a atitude do outro
frente a ele
→ esta ideia deve ser incorporada às práticas do sistema de justiça pois são alinhadas com a
ideia de acesso à justiça, cidadania e empoderamento

Emancipação
→ se aproxima com o que define “libertação”
↳ processo que tem como ponto de partida quebrar as cadeias de alienação, ou seja,
superar as condições de opressão, em que a maioria da população está imersa, para a
libertação pessoal e social, a partir de uma participação ativa nos vários espaços políticos da
sociedade

5) Segundo Cavalcante (2015) qual o papel da psicologia no âmbito da justiça?

→ os entrevistados entendem atuação do psicólogo principalmente como um espaço de


atendimento que pode propiciar às pessoas uma escuta qualificada, um acolhimento de suas
histórias de suas vivências e de seus sofrimentos
→ a escuta qualificada a partir de um acolhimento técnico que proporciona o estabelecimento
de vínculo, pode trazer aos usuários da defensoria espaços de reflexão, compreensão ou
mesmo orientação
↳ pode proporcionar a pessoa atendida um contorno para suas questões subjetivas, a
fim de que ela reflita sobre seus interesses e desejos
↳ pode auxiliar a pessoa atendida na formulação do seu pedido
→ pode potencializar espaços de diálogos entre as pessoas atendidas
→ facilitação do diálogo e comunicação entre os defensores e cidadãos
→ a psicologia traz um elemento fundamental aos processos e sistemas jurídicos: as pessoas
e o universo de suas subjetividades
6) Em relação ao cenário jurídico e seus personagens, descreva os elencos judiciais
(exemplo: réu; perito; advogado, assistente técnico, entre outros.)

Réu
→ indiciado, acusado, autor, requerido- personagem principal do nosso elenco penal

Ofendido - vítima
→ suas declarações são meios de prova, mas precisam ser olhadas com cautela (motivações,
conflitos, ampliação de sentimentos, necessidades narcísicas etc)

Testemunha
→ As declarações têm valor de prova mas também precisam ser olhadas com cautela devido
às distorções na percepção.

Perito
→ O fato é esclarecido pela técnica de um homem culturalmente preparado para ser chamado
perito. O perito fala do fato ao estudá-lo, isento de impacto emocional, atuando de modo
imparcial

Advogado
→ defensor – todos têm direito a defesa. Atua com parcialidade, deixa-se envolver pela
emoção/comoção valendo-se de elementos que darão veracidade aos seus argumentos. Pode
não aceitar um caso

Ministério Público
→ defesa dos interesses gerais do Estado, objetivando assegurar a repressão dos crimes.
Imparcialidade, impessoalidade na busca do culpado e não de um culpado. Inspira-se no
interesse social

Promotor
→ advogado da acusação que remete o fato a julgamento quando de posse de provas
contundentes e sérias a favor da culpa. Imparcial porém cabe a ele abrilhantar a tipicidade e
os requintes da dinâmica dos fatos. Cabe a ele também analisar se o réu se encontra sob
defesa correta e pertinente.

Defensoria - defensor público


→ advogado público
Juiz
→ O magistrado deve procurar estabelecer uma impressão do conjunto para formular sua
síntese. Necessário autoconhecimento para ponderar suas tendências evitando erros de origem
subjetiva. Espera-se dele uma posição imparcial/impessoal sobre o fato em si

Assistente Técnico
→ profissionais especializados na matéria a ser periciada e em peritagem. Indicado pelas
partes, de confiança delas e comprometidos ética e tecnicamente para o andamento legal dos
fatos. Sua participação se dá quando o pedido é deferido pelo juiz. Sua função é de prestar
auxílio técnico às partes. => esclarecimento do teor do laudo, formulação de quesitos
complementares ou específicos àquele caso, até analisar e julgar o exame pericial de seu
colega, formando opinião técnica congruente ou contrária a do perito, passando em função
desta última, a examinar e emitir seu próprio parecer técnico

7) Segundo Rauter (2016), qual é a concepção de ética que deve reger a prática do
psicólogo nos cárceres, (RAUTER, 2016).
→ Os laudos tomam assim uma feição julgadora, moralizante, e acima de tudo, afastam-se
dos preceitos científicos e da ética profissional do psicólogo.
→ se trata de uma atuação antiética e anticientífica, aquela de realizar laudos, nesse regime de
alta produtividade e de superpopulação carcerária
→ A necessidade de conhecer as condições de vida dos internos que aqui estou sublinhando
se apoia nesse tipo de ética a que me referi, como norte do trabalho - uma ética da vida
→ O que se passa com eles atrás das grades? A sociedade precisa saber e acompanhar - o
mesmo diz respeito ao psicólogo - é dever ético do psicólogo, é dever ético da sociedade e de
suas autoridades.
→ Uma ética da vida, uma ética da expansão da vida e da potência humana.

8) Pastana (2009), em seu texto “Justiça Penal Autoritária e Consolidação do Estado


Punitivo no Brasil” aborda uma série de ambiguidades entre o discurso penal e o estado
punitivo no Brasil. Descreva essas ambiguidades.
→ O discurso jurídico aponta para a busca de uma eficácia maior do sistema penal que seja,
ao mesmo tempo, capaz de garantir a consolidação da democracia – por meio do respeito às
garantias individuais presentes na Constituição
→ a Justiça Penal brasileira atua de forma ambígua, propagando incessantemente sua
democratização, mas cumprindo a lei de maneira tortuosa e agindo, assim, de forma
autoritária e seletiva.
→ congrega elementos absolutamente contraditórios, como repressão severa e penas
alternativas, leis duras e garantias processuais, encarceramento em massa e proteção aos
direitos humanos
→ Nossa Justiça Penal, como não poderia deixar de ser, também reproduz essa mensagem no
ideal de “ordem acima da lei”. Ao eximir-se da responsabilidade de fiscalizar as condições
carcerárias, e mantendo a cultura de só punir com a cadeia, o campo jurídico brasileiro
realiza, com o encarceramento desenfreado e cruel
Questão Discursiva 1 – Analisar as consequências do pensamento que “o crime é uma
decisão do indivíduo” para as classes populares diante da justiça penal
→ Acreditar que o crime é uma decisão, dá apoio à ficção necessária da economia de
mercado segundo a qual a prosperidade e a pobreza são conquistas de indivíduos, não são
condicionantes de raças, classes ou gêneros, bem como nenhuma pessoa é responsável pela
dificuldade de outras ou obrigada a confrontar deficiências estruturais no sistema

Questão Discursiva 02 - Sobre o papel da psicologia no poder judiciário, segundo


Cavalcante (2015), descreva o que diferencia a escuta da psicologia da escuta do direito?

→ diferenciam a escuta dos profissionais de psicologia da escuto dos profissionais de direito


↳ direito: focam sua atenção no enquadre dentro das possibilidades jurídicas,
estabelecidas em lei, e nos caminhos para a efetivação daquele pleito
↳ psicólogo: voltado aos desejos das pessoas e suas motivações

CONSIDERAÇÕES

→ Baer ao analisar o comportamento do delinquente, fez significativas observações sobre a


importância da influência que o meio ambiente exerce sobre as tendências psíquicas de uma
pessoa
→ a partir do século XIX a psicologia criminal começou a ser dona do seu próprio destino,
suas investigações realizaram-se com mais frequência e com maior rigor metodológico
→ não existe um perfil criminoso e sim uma série de variáveis, circunstâncias e determinados
contextos que levam estas pessoas ao cometimento de um delito
→ a psicologia jurídica corresponde a toda aplicação do saber psicológico as questões
relacionadas ao saber do direito
→ as questões humanas tratadas no âmbito do direito e do judiciário são das mais complexas,
e o que está em questão é como as leis que regem o convívio dos homens e das mulheres de
uma dada sociedade podem facilitar a resolução de conflitos
→ a psicologia jurídica surge no contexto em que o psicólogo seus conhecimentos a
disposição do juiz, assessorando-o em aspectos relevantes para determinadas ações judiciais,
trazendo aos autos uma realidade psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a
literalidade da lei, por se tratar de um trabalho que vai além da mera exposição dos fatos
→ aproximação da psicologia e do direito atrelado a questões envolvendo crime e também os
direitos da criança e do adolescente

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