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PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DE FAMÍLIA E CIVEL

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Sumário
PSICOLOGIA JURÍDICA NAS VARAS DE FAMÍLIA E CIVIL ................. 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4

A PSICOLOGIA E O DIREITO ................................................................ 5

A PSICOLOGIA JURÍDICA .................................................................. 7

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NA VARA DE FAMÍLIA ...... 10

DIMENSÃO DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SERVIÇO


ESPECÍFICO.................................................................................................... 13

PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO.................................................. 20

CONCLUSÃO ........................................................................................ 28

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 30

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

O psicólogo que desempenha a função em Varas de Família ou que rea-


liza trabalhos a ela encaminhados desenvolve práticas próprias à área da Psico-
logia Jurídica. Considera-se como psicólogos jurídicos não só aqueles que exer-
cem sua prática profissional nos tribunais, mas também os que trabalham com
questões diretamente associadas ao sistema de Justiça.

As áreas de atuação da psicologia são diversos, e sua demanda é cres-


cente diante da complexidade da sociedade, interferindo cada vez mais nas con-
dições de saúde da população, nas relações sociais e nas angústias e sofrimento
de natureza biopsicossocial; sentimentos estes, passíveis de judicialização
quando envolvem situações conflituosas, ou danos a terceiros, configurando a
justiça como outro espaço de inserção e atuação da psicologia.

Os primeiros trabalhos de psicólogos junto ao judiciário seguiram os tra-


balhos de perícias desenvolvidos e elaborados pelos médicos. Na realização de
psicodiagnósticos, o psicólogo atuava realizando parecer técnico-científico, vi-
sando fundamentar as decisões dos juízes. Os psicólogos clínicos eram chama-
dos para serem peritos do judiciário até conquistarem o cargo de psicólogo jurí-
dico por meio de concurso público (BRITO, 2012, p. 197; ROVINSKI, 2009, p.
15).

O psicólogo jurídico atua realizando atendimentos às partes envolvidas


com avaliações e perícias psicológicas, entrevistas, aconselhamentos, elabora-
ção de laudos e acompanhamentos, contribuindo para políticas preventivas, es-
tudando os efeitos do jurídico sobre a subjetividade do indivíduo, entre outras
atuações. A atuação de uma equipe multidisciplinar, de forma integrada, junto
aos juizados de família, para atendimento dos membros do núcleo familiar é uma
necessidade. Assim, cabe à equipe, além do auxílio aos pais, o atendimento às
crianças e jovens, facilitando esclarecimentos, tirando dúvidas e trabalhando an-
siedades, visualizando a criança como um sujeito que tem direito à expressão e
à informação (BRITO, 1999; FIORELLI, 2010; TRINDADE, 2010).

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A PSICOLOGIA E O DIREITO

Sobral (1994 APUD TRINDADE, 2010, p. 27) afirma que a psicologia e o


direito são dois campos de saber passíveis de permanente diálogo, pois ambos
abordam de forma direta ou indireta o comportamento humano. A psicologia
busca, incessantemente, compreender a chave do comportamento, enquanto
que o direito é um conjunto de regras que busca regular esse comportamento,
determinando formas de conduta e soluções de conflito. Assim, o comporta-
mento humano tornou-se objeto de estudo cientifico de vários saberes simultâ-
neos (TRINDADE, 2010, p. 28), sobretudo levando-se em consideração a ne-
cessidade e papel da ciência na intervenção com foco no sofrimento humano.

Dessa forma, a psicologia possui atuação privilegiada, agindo em dimen-


sões objetivas e subjetivas do ser humano. Esse campo de saber pode ser defi-
nido como:

[...] o estudo científico do comportamento e dos processos mentais.


Comportamento é aquilo que caracteriza ações do ser humano, como
falar, caminhar, ler, escrever, nadar, etc. E processos mentais são ca-
racterizados por todas as experiências processadas internamente e in-
dividualmente, como sentimentos, lembranças, afetos, desejos e so-
nhos. (TRINDADE, 2010, p. 25).

O indivíduo recebe influência de vários fatores que interferem e contri-


buem para mudanças em seu comportamento. Estes podem ser exógenos, liga-
dos ao ambiente e a cultura; ou endógenos, que são aqueles relacionados ao
conteúdo físico e psiquismo do indivíduo como valores, esquemas de pensa-
mento, características da personalidade, entre outros. O comportamento hu-
mano é o resultado da interação complexa destes fatores. No entanto, nem um
deles pode ser indicado como determinante exclusivo da alteração do compor-
tamento (FIORELLI, 2008, p. 140).

Muitas vezes, esses comportamentos, também, geram conflitos, sendo


necessárias intervenções por meio de forma de poder, seja para conciliar as par-
tes conflitantes ou para penalizar aqueles que subverteram a ordem social, moral
e comportamental. Assim, o direito surge como uma forma de sistematização
das regras de convivência e comportamentos humanos, tendo como um de seus
objetivos assegurar a existência de regras que possibilitem a vida social, seja

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buscando a harmonia entre os diferentes sujeitos com seus comportamentos na
sociedade, conciliando ou punindo tais comportamentos.

Na modernidade, o direito nasce como um ramo nas Ciências sociais apli-


cadas que estuda o sistema de normas que regulam as relações sociais. Estes
podem ser classificados em direitos objetivos, quando é fundamentado em sis-
tema de normas de conduta criado e imposto por um conjunto de instituições e
direitos subjetivos que é a faculdade concedida a uma pessoa para promover a
ordem jurídica a favor de seus interesses (ALMEIDA, 2006, p. 209-222).

Tentando assegurar a resolução do conflito e a igualdade entre as partes,


a justiça, também, aparece como uma forma de poder conciliatória, na qual a
decisão pressupõe a justa resolução para o caso em litígio. Porém, entende-se
que os litigantes devem ser tratados do mesmo modo, pelo juiz, bem como se
pressupõe que ambas possam gozar dos mesmos direitos dentro do processo.
A rápida solução do litígio é necessária para a administração justa e eficiente. E
na tarefa de repressão dos atos atentatórios à dignidade da justiça. Segundo
Mendonça (2007, p. 21),

[...] o juiz deve zelar pelo cumprimento de suas decisões e pela leal-
dade entre as partes, no curso do processo, devendo tomar as medi-
das necessárias para evitar o uso de práticas que obstaculizem o curso
normal do processo ou interfiram indevidamente em seus resultados.

No Código de Processo Civil, diz que o juiz tentará conciliar as partes,


independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consen-
sual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. Segundo o Art. 139 do Código
de Processo Civil Brasileiro de 2019: O juiz dirigirá o processo conforme as dis-
posições deste Código. Como por exemplo: assegurar às partes igualdade de
tratamento; velar pela duração razoável do processo; prevenir ou reprimir qual-
quer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente pro-
telatórias, dentre outros.

É com a intenção de ser eficiente, igualitário e justo que o juiz se mune


de subsídios para fundamentar a sua decisão de forma lógica e estruturada por
meio de uma exposição coerente de fatos e provas, a fim de que não paire dúvi-
das sobre os critérios adotados pelo julgador e que determinam sua decisão.
Nesse sentido, o apoio do setor de Psicologia Jurídica, elaborando um saber

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técnico sobre as partes litigantes envolvidas nos processos, é um importante
instrumento subsidiário na decisão dos juízes na busca de um justo desfecho do
conflito, assegurando direitos e dignidade das partes envolvidas.

A PSICOLOGIA JURÍDICA

A aproximação da psicologia e do direito, historicamente, inicialmente


ocorreu por meio da área criminal e a importância dada à avaliação psicológica
(ROVINSKI, 2009, p. 54). Na França, no início do século XIX, os médicos foram
mobilizados pelos juízes da época para desvendarem o “enigma” que certos cri-
mes apresentavam. Naquele tempo, eram ações criminosas sem razão aparente
e que também não eram indivíduos considerados “loucos” (RIGONATTI, 2003,
p. 19; ROVINSKI, 2009, p. 55-58).

Cesare Lombroso, médico no sistema penitenciário italiano, em meados


do século XIX, utilizou-se de um método positivista para classificar os crimino-
sos, pois, segundo ele os comportamentos são biologicamente determinados,
construindo a teoria evolucionista de que os criminosos reproduzem física e
mentalmente características primitivas do homem (ALVAREZ, 2002, p. 679). Es-
tudos concluíram que o delinquente, com exceção de poucos casos, não apre-
sentava enfermidade física e/ou mental, e que essas anomalias apresentadas
situam-se em suas tendências e seu comportamento moral e não afetam sua
capacidade intelectual. O comportamento criminoso era compreendido como re-
sultante de uma articulação entre fatores ambientais e características da heredi-
tariedade do sujeito, desenvolvendo uma teoria biopsicológica da personalidade.
Rigonatti e outros autores (2003, p. 55-66) enfatizam o transtorno de personali-
dade antissocial como uma das principais causas do comportamento criminoso.

Segundo Walrat (1977, p. 6), o direito tem por objetivo regular a vida hu-
mana em sociedade, estabelecendo, para esse fim, normas de conduta que de-
vem ser observadas pelas pessoas. Tem por finalidade a realização da paz e da
ordem social, mas também vai atingir as relações individuais das pessoas.
Desse modo, observa-se a produção social e técnica de um novo campo para
atuação do saber psicológico, aqui compreendida como psicologia jurídica.

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Nesse campo de atuação e intervenção Silva (2009, p. 10) esclarece como a
“atividade do psicólogo relativa à descrição dos processos mentais e comporta-
mentais do sujeito, de acordo com as técnicas psicológicas, respondendo estri-
tamente à demanda judicial, porém sem emitir juízo de valor”.

Saldaña (2008, p. 10 APUD SILVA, 2012) conceitua a Psicologia Jurídica


como uma ciência que compreende o estudo, assessoramento e intervenção efi-
caz, construtiva e pró-social, acerca do comportamento humano e as normas
legais e instituições que o regulam. Tem a missão de melhorar a administração
da justiça, humanizar o exercício do direito e da aplicação das leis, imprimir um
matiz científico à norma e, sobretudo, trazer uma visão crítica para confrontar se
as práticas judiciais estão em conformidade com o que é humanamente neces-
sário, eficaz e realmente justo.

O psicólogo jurídico auxilia na resolução de conflitos que surgem a partir


da modificação da realidade por propósitos, métodos ou condutas divergentes
do habitual. Esta modificação da realidade é a causa-raiz de todo conflito fami-
liar, organizacional, social etc. (FIORELLI, 2008, p. 15). Quando algo (um acon-
tecimento) ou alguém intervém em um sistema familiar, surge uma mudança e,
consequentemente, algum tipo de conflito.

Fiorelli (2008, p. 16) argumenta que os diferentes elementos podem estar


envolvidos nessas mudanças que afetam a percepção do “eu” de cada indivíduo
em um sistema, tais elementos podem ser:

• Bens: patrimônios, direitos etc.;

• Princípios: valores, crenças etc.;

• Poder: em suas diferentes acepções;

• Relacionamentos interpessoais;

• Afetos, status, etc.

Portanto o “eu” de cada indivíduo é composto de elementos internos (me-


mórias, percepções, sentimentos, sensações corpóreas etc.) e externos (uma
ameaça de agressão) que se combinam de maneira estritamente particular. As

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mudanças promovem modificações nos relacionamentos interpessoais, que, por
sua vez influenciam o desenvolvimento do conflito (FIORELLI, 2008, p. 19 e
141). A comunicação é o elemento-chave de todo o processo de mudança e
imperfeições, nela provoca medo, insegurança e incertezas (FIORELLE, 2008,
p. 15 e 48).

O poder exercido por um dos membros do sistema familiar é um fator de


grande importância no desencadeamento e desenvolvimento de conflitos. Se-
gundo Fiorelle (2008, p. 33), os diferentes tipos de poder são encontrados em
processos de litigio familiares sob a forma de: poder físico (agressão física a
mulher ou filhos), poder econômico (força proporcionada pela posse de recursos)
e o poder da informação (capacidade de criar novos conceitos, sugerir novas
percepções observadas na alienação parental).

No Brasil, a lei de 4 de junho de 1835 classificava os menores de 14 anos


e os alienados como judicialmente inimputáveis. Em 1884, foram publicados dois
livros sobre a questão: Raça humana e a responsabilidade penal no Brasil e Os
menores e os alienados (RIGONATTI ET AL., 2003, p. 20). Porém, a primeira
atuação dos Psicólogos Jurídicos no Brasil ocorreu antes do ano 1966, quando
a profissão ainda não era reconhecida legalmente. Nestes casos, o parecer téc-
nico psicológico requisitado foi realizado por profissionais estrangeiros de modo
informal (ROVINSKI, 2009, p. 11-13).

A atuação de psicólogos na área jurídica se institucionaliza no Brasil so-


mente após o reconhecimento da profissão no final da década de 1960. Posteri-
ormente, essa inserção ocorreu de forma gradual e lenta. Contudo, foi a partir
da promulgação da Lei Federal de Execução n° 7.210/1984 que passou a ser
previsto a realização de exames de personalidade, criminológico e o parecer
técnico das Comissões técnicas de classificação. Outro marco legal se estabe-
leceu com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) da Lei
Federal n° 8069 de 13/7/1990.

Essa atuação do psicólogo se ampliou para o atendimento psicossocial


da criança, envolvendo atividades desse profissional tanto na área de perícia,
quanto na área de aconselhamento, inclusive em instituições para internação por
medidas protetivas ou socioeducativas (ROVINSKI; CRUZ, 2009, p. 46).

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A psicologia jurídica é uma área que vem crescendo e ampliando seu co-
nhecimento, à medida que fazem novas descobertas de sua atuação dentro da
utilidade judicial e, sobretudo, novas produções acadêmicas e científicas. Pro-
cura-se fazer o uso do conhecimento científico, já construído pela psicologia,
para aproximar sua atuação com o judiciário. A busca de uma boa comunicação
da psicologia com o direito gera cada vez mais avanços na área com os serviços
de perícia no âmbito da justiça, onde essa relação causa uma necessidade de
compreender e redimensionar a ação humana e suas relações sociais conflituo-
sas, buscando clareza nos aspectos legais e afetivo comportamentais.

O psicólogo jurídico no Brasil atua em diversas áreas, entre as quais po-


demos destacar: psicologia penitenciária; psicologia criminal; psicologia civil ge-
ral e de família; psicologia laboral e administrativa; psicologia do testemunho;
psicologia da criança e do adolescente infrator; psicologia das decisões judiciais;
psicologia policial; e psicologia da vítima ou psicologia vitimo lógica (ROVINSKI,
2009: 16).

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NA VARA


DE FAMÍLIA

O psicólogo jurídico quando trabalhando na vara de família realiza diver-


sas atribuições: em processos de dissolução de casamento ou união civil,
quando há disputas pela guarda de filhos menores, o papel do psicólogo é su-
gerir qual a melhor decisão na programação das visitas, sendo uma tarefa muito
difícil uma vez que na maioria das vezes, o envolvimento das crianças no pro-
cesso implica em um amplo conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, pro-
cesso psicológico e psicodinamismo da família, para assim, conseguir auxiliar o
juiz em sua decisão, garantindo à criança seu bem-estar físico e psicológico.

Na dissolução litigiosa, ou seja, quando as partes envolvidas não conse-


guem entrar em acordo para que a separação se consume, o psicólogo pode
atuar como mediador. Ou ainda, quando o juiz não considerar viável a mediação,
pode solicitar ao Psicólogo uma avaliação de uma das partes ou do casal. Além

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disso, ele pode investigar os motivos que levaram o casal ao litígio, bem como
os conflitos que impedem o acordo. É função do Psicólogo, avaliar se os pais
realmente possuem ou não condições de deterem a guarda da criança, o que
poderá incorrer em casos destituição do pátrio em casos mais extremos que co-
locam a integridade do menor em risco, como casos com ocorrência de abuso
sexual na família, negligência, maus tratos, entre outros (TRINDADE, 2010, p.
16). E mesmo com a regulamentação da Lei nº 13.058 de 22 de dezembro de
2014 que institui a guarda compartilhada no Brasil, o olhar e parecer do psicólogo
não é necessariamente desconsiderado, sobretudo quando esta guarda, mesmo
prevista de forma compartilhada, torna-se objeto de litígio entre as partes envol-
vidas no processo.

Nas situações de adoção, o psicólogo é responsável por desenvolver es-


tudos psicossociais tanto da criança a ser adotada, quanto para as famílias que
pretendem adotá-la. Munido do ECA, do código civil, de teorias psicológicas do
desenvolvimento infantil e adolescente, entre outros, o psicólogo encontra res-
paldo para direcionar o seu trabalho, que é feito por meio de entrevistas, visitas
ao domicílio do casal e análise de dados coletados sobre valores, atitudes e
crenças dos envolvidos no processo de adoção.

Nesse momento do processo, o psicólogo emite um laudo e avalia pare-


ceres e relatórios técnicos que dão indicações positivas ou negativas referentes
à adoção, fazendo prevalecer sempre às necessidades da criança ou do adoles-
cente. Cabe a ele, também, examinar os aspectos relacionados à aceitação,
adaptação e integração da criança dentro da família (especialmente se o casal
que está adotando tem filhos biológicos, pois podem existir questões de ciúmes
e rejeição), bem como com os demais familiares, ou seja, ele contribui para que
a criança/adolescente reconstrua sua história familiar.

Há também outros casos em que é requisitada a interdição que o psicó-


logo faz por meio de avaliações psicológicas, na qual o profissional deve emitir
laudos, afirmando ou não a capacidade mental do sujeito. A interdição é uma
medida realizada via judicial por meio do qual a pessoa é declarada civilmente
incapaz, total ou parcialmente, para a prática dos atos da vida civil. Se declarada

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incapaz, um terceiro passa a responder por ela, por isso é necessária muita cau-
tela e perícia por parte do profissional, pois por trás dos processos de interdição,
pode haver outros interesses, que não preservar o sujeito interditado.

O psicólogo, na vara de família, pode atuar na perícia psicológica e na


função de assistente técnico. De acordo com Brandimiller (1996 APUD SILVA
2013, p. 4), a perícia é o exame de situações (relações entre coisas e/ou pes-
soas) ou fatos (ocorrências envolvendo coisas e/ou pessoas), realizado por um
especialista ou uma pessoa entendida da matéria que lhe é submetida, denomi-
nada perito, com o objetivo de determinar aspectos técnicos ou científicos.

Caire (2003, p. 76) destaca que a função da perícia procede a um exame


“com a finalidade de subsidiar aos julgadores, no estrito esclarecimento dos ele-
mentos adstritos às suas profissões, que são de interesse e relevância no pro-
cedimento judicial”. E elucida, ainda, que o perito não tem a função de fornecer
provas, procurando relacionar o delito com o provocador do delito, sendo o laudo
produzido pelo perito um documento que será anexado aos autos do processo.

Para decisão jurídica a perícia possui um papel importante, até mesmo,


por vezes, decisivas para julgamento do processo. O trabalho da psicologia jurí-
dica não busca provas no sentido jurídico do termo, mas sim indicadores da si-
tuação familiar, que nortearão a atuação do psicólogo, do advogado, do promotor
e do juiz. Todos esses profissionais reconhecem a necessidade de uma união
conjunta na construção de um saber único, pois o objeto de estudo é o ser hu-
mano que participa de um conflito de relações.

Como perito, o psicólogo jurídico busca a compreensão da dinâmica e da


comunicação familiar dos indivíduos que estão em conflito judicial, apresentando
sugestões que possam diminuir o desgaste emocional dos envolvidos. O assis-
tente técnico, por sua vez, é um psicólogo autônomo contratado para reforçar a
argumentação no processo e complementar o estudo feito pelo perito.

Para Rovinski (2004, p. 59), a psicologia jurídica se utiliza das áreas do


saber sobre a psicologia, para fazer frente aos questionamentos formulados pela
justiça, cooperando com a administração da mesma, atuante no Fórum e nas
demais relações com a justiça, qualificando assim, o exercício do direito. Cabe

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ao psicólogo jurídico assessorar as ações judiciais, trazendo aos autos a reali-
dade psicológica dos agentes envolvidos, contribuindo na decisão judicial final.

Nesse sentido, o magistrado encaminha as ações para setor de psicologia


do fórum, onde determina que seja realizada uma perícia psicológica do caso.
Essa perícia é iniciada por meio de entrevistas/atendimentos com o requerente
e requerido do processo, ou seja, com as partes: pai, mãe, menor, e qualquer
pessoa que tenha contato direto com a(s) criança(s), que na ótica na psicologia
seja importante para o entendimento da dinâmica familiar.

Quando solicitado, o psicólogo jurídico poderá desempenhar suas ativi-


dades no esclarecimento dos fatos, onde, por meio da perícia irá avaliar a vera-
cidade e validade das provas, capacidade de responsabilidade dos envolvidos e
o prognóstico de condutas (ROVINSKI, 2004, p. 59). Este trabalho se desenvolve
por avaliações psicológicas, por meio de coleta de dados, exame e por fim apre-
sentação dos resultados a justiça.

DIMENSÃO DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO


SERVIÇO ESPECÍFICO

Em pesquisas realizadas pelo Crepop e por outras instituições, se tem


conhecimento de que em muitos estados da Federação ainda não existe o cargo
de psicólogo no Poder Judiciário, havendo profissionais que, cedidos por outros
órgãos, desenvolvem trabalhos nas Varas de Família, bem como os que reali-
zam trabalhos eventuais na área.

Cabe destacar que os cargos de psicólogo no Poder Judiciário no Brasil


foram criados nos anos 1980, sendo São Paulo um dos primeiros estados a re-
alizar concurso público para preenchimento das vagas, como menciona Bernardi
(1999).

Em 1985, ocorreu o primeiro concurso público para a capital de São


Paulo, com a criação de 65 cargos efetivos e 16 cargos de chefia. Ele
refletiu a busca de uma implantação definitiva da profissão na área ju-
diciária. O provimento de Lei CCXXXVI, do Conselho Superior de Ma-

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gistratura, regulamentou a atuação dos psicólogos do Tribunal de Jus-
tiça, disciplinando as funções nas Varas de Menores e nas Varas de
Família e Sucessões cumulativamente (BERNARDI, 1999. p. 107).

Em Minas Gerais, como expõe Barros (2001, p. 1), em outubro de 1992


foi realizado concurso público para selecionar aqueles que ocupariam o cargo
de psicólogo judicial, tendo a primeira equipe aprovada tomado posse em agosto
de 1993. No estado do Rio de Janeiro, foi em 1998 que ocorreu o primeiro con-
curso para o cargo. Os psicólogos aprovados assumiram em 1999, sendo reali-
zado, em 2000, o I Encontro de Psicólogos Jurídicos do Tribunal de Justiça da-
quele estado (DARLAN, 2000).

No que diz respeito às atribuições dos profissionais concursados, ob-


serva-se que, em algumas localidades, as Varas de Família não são desmem-
bradas das Varas de Infância e da Juventude. Sendo assim, o psicólogo que
atua nessas varas atende tanto a casos relacionados ao Direito da Infância e da
Juventude como ao Direito de Família. Em outras comarcas as varas são des-
membradas. Há também municípios com vara única, nas denominadas comar-
cas de primeira entrância, onde todas as matérias são julgadas por apenas um
juiz, e o psicólogo que ali atua desenvolve trabalhos no contexto do Direito de
Família, da Justiça da Infância e da Juventude e do Direito Penal.

Conforme o que prevê a organização e a divisão judiciária de cada estado,


em alguns locais encontra-se a designação Varas de Famílias e Sucessões, pelo
fato de essas matérias serem tratadas em uma mesma vara, enquanto em outros
estados a designação é apenas Vara de Família, havendo vara específica para
órfãos e sucessões. Em alguns estados onde há o cargo ou a função-atividade
de psicólogo no Poder Judiciário, as atribuições desses profissionais estão defi-
nidas em documentos oficiais. Entre as incumbências previstas há as que se
referem a funções de avaliação e de intervenção, tais como acompanhamento,
aconselhamento, encaminhamento, assessoramento, prevenção, elaboração de
laudos e outras.

O psicólogo que atua com questões próprias às Varas de Família desen-


volve seu trabalho em uma demanda originalmente direcionada ao Judiciário, e
não a um psicólogo. No entanto, compreende-se que, quando o processo é en-

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caminhado ao setor de Psicologia, é como se o Estado respondesse ao deman-
dante que aquele problema não pode ser resolvido juridicamente se não forem
compreendidas, avaliadas ou trabalhadas algumas questões emocionais, ou
seja, indica-se a pertinência de um trabalho interdisciplinar para o encaminha-
mento da questão.

Nesse sentido, no trabalho que o psicólogo venha a realizar na Justiça,


especialmente em Varas de Família, é recomendável que o profissional inicial-
mente decodifique, de acordo com o conhecimento teórico da Psicologia, as per-
guntas e demandas que lhe são dirigidas, procurando interpretar a problemática
de acordo com o referencial próprio à sua disciplina, como pontua Brito (2002a,
p. 17). Como explica a autora, guarda de filhos, regulamentação de visitas, ne-
gatória de paternidade, divórcio, destituição do poder familiar são, quase sem-
pre, temáticas estudadas em obras de Direito de Família, e não de Psicologia. O
psicólogo, portanto, não deve se fixar nessa tipificação, mas procurar identificar,
no âmbito dos estudos empreendidos pelas ciências humanas, quais os temas
que pode relacionar, com quais pode contribuir ao se deparar com o pedido para
que atue em tais processos. Nos exemplos citados, indica-se que, provavel-
mente, estudos sobre famílias contemporâneas, cuidados parentais, relaciona-
mento entre pais e filhos, relações de gênero, desenvolvimento infanto-juvenil,
entre outros, podem ser assuntos com que a Psicologia tenha muito a contribuir.

Como sugere Barros (2002), na análise de demandas encaminhadas aos


psicólogos:

Saber o que oferecer e não arredar daí. É justamente neste ponto,


onde se coloca o desafio de não responder a demanda nos termos
como é formulada, mas em subvertê-la, redefinila, dizer NÃO, ali onde
o pedido supera as nossas possibilidades. (BARROS, 2002, p. 26)

Como constatado em alguns estudos (CAFFÉ, 2003; FERNANDES, 2001;


BERNARDI, 1997, SUANNES, 2008), atualmente há expectativa de profissionais
da área jurídica para que a intervenção dos psicólogos se dê no sentido de alte-
rar o ânimo bélico existente, por vezes, entre as pessoas que, invariavelmente,
trazem aos conflitos judiciais a expressão das desavenças relacionais. Suannes
(2008), ao problematizar o uso do modelo pericial, considera que as ações das

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Varas de Família são travadas entre pessoas que mantêm, entre si, vínculos
carregados de afetividade.

De outra parte, refletir sobre o modelo pericial e articulá-lo à ideia de


um trabalho interventivo significa considerar também que o encontro
com a(s) pessoa(s) que faz(em) parte de um processo de Vara de Fa-
mília não é mera condição de aplicação de instrumentos de avaliação
que é demandada por um terceiro. Supõe considerar que essas pes-
soas procuram o Judiciário para resolver conflitos de família porque
não encontraram outra forma de lidar com o sofrimento que advém de-
les. (SUANNES, 2008, p. 29)

Observa-se que, quando há denúncias de que direitos de crianças ou de


adolescentes estão sendo violados, o atendimento psicológico no contexto jurí-
dico inclui a escuta de familiares da criança e/ou das pessoas de referência
desta, para que o caso possa ser compreendido em sua dimensão sociofamiliar.
Não se deve desconsiderar que o atendimento psicológico nesta esfera pressu-
põe leitura cuidadosa das relações familiares, entendendo-se a criança como
membro desse sistema familiar.

As intervenções nas famílias podem ser de diversas ordens, incluindo-se


o atendimento de seus membros separadamente ou em conjunto quando se
achar indicado, tanto visando a um diagnóstico da situação, como também para
fins de orientação, mediação familiar, entre outras possibilidades. Por vezes, há
necessidade de se encaminhar a família para que seja incluída em políticas so-
ciais específicas.

Recentemente se tem notícias de equipes de Psicologia que estão desen-


volvendo grupos com pais e mães separados por vezes junto com assistentes
sociais visando a facilitar, para os pais, o entendimento sobre a guarda compar-
tilhada e seus benefícios para crianças e adolescentes. No trabalho com os gru-
pos, procura-se também discutir dúvidas e expectativas de pais e mães quanto
a essa modalidade de guarda (BRITO, 2008).

Destaca-se, portanto, que no campo da Psicologia Jurídica as práticas


desenvolvidas por psicólogos podem ser de avaliação psicológica, perícia, as-
sessoramento, orientação, aconselhamento, encaminhamento, atendimento psi-
cológico individual, atendimento psicológico com a família e/ou com alguns de
seus membros, elaboração de laudos, pareceres, informes e relatórios, media-
ção, trabalho com grupos. Por vezes, o profissional participa de audiências na

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condição de perito ou profissional responsável pelo caso, diferenciando-se de
uma testemunha. Nessa situação, o psicólogo deve apresentar-se munido do
relatório ou laudo do caso e do Código de Ética Profissional, para elucidar dúvi-
das e responder quesitos a respeito do estudo realizado. Ressalta-se que, en-
quanto a prova pericial exige avaliação técnica realizada por profissional versado
na matéria, a prova testemunhal se refere aos fatos, sem qualquer interpretação
técnica acerca desses.

Entre as vertentes desenvolvidas nas atuações do psicólogo que desen-


volve trabalhos nas Varas de Família, destaca-se aquela relacionada à prática
da mediação. A proposta da mediação busca a cooperação e a colaboração en-
tre os ex-cônjuges, em vez de privilegiar o lado adversarial da disputa, comum
nos processos judiciais no Direito de Família. A técnica da mediação caracteriza-
se por fortalecer a capacidade de diálogo, a fim de se chegar a uma solução
negociada dos conflitos.

A separação de um casal acarreta desdobramentos aos diversos mem-


bros da família, podendo dificultar relacionamentos entre pais e filhos. A media-
ção, nas questões de família, apresenta características que lhe são peculiares
em virtude da complexidade das disputas. Há aspectos legais que envolvem
guarda, pensão, divisão patrimonial aos quais se mesclam sentimentos conflitu-
osos. O psicólogo, ao reconhecer e atuar nos aspectos emocionais da crise de
separação vivida pelo casal, reconhece que as emoções são tanto parte do pro-
blema quanto de sua solução e, uma vez endereçadas, clareadas e resolvidas,
facilitam a negociação das opções mais adequadas para reorganizar as funções,
papéis e obrigações da família.

O psicólogo em Vara de Família trabalha no paradigma da interdisciplina-


ridade, que pressupõe que as demandas atendidas no âmbito da Justiça são
complexas e precisam ser conhecidas em suas diversas dimensões. A interven-
ção de uma equipe interprofissional implica reconhecer o indivíduo como um su-
jeito singular, conhecendo o conjunto de suas características pessoais e sociais,
a partir da especificidade da atuação de cada profissão.

Há críticas sobre a possibilidade de se escrever “pareceres psicossoci-


ais”, ou seja, um único laudo escrito a quatro mãos. Em artigo de Shine & Strong

17
(2005) encontra-se análise dessa questão, concluindo os autores pela necessi-
dade de rigor teórico desse tipo de laudo. Nessa perspectiva, os documentos
produzidos com outros profissionais da equipe devem ser sempre avaliados a
partir de sua natureza e de seu objetivo. Os informes, que são documentos des-
critivos de uma determinada situação ou circunstância, podem ser escritos em
conjunto pela equipe, já os laudos e pareceres, que se desenvolvem a partir de
especificidade teórica e técnica de cada profissão, devem ser de responsabili-
dade daqueles que estão habilitados, em cada área profissional, para sua reali-
zação.

Perante a indagação sobre quem seria o usuário do trabalho desenvolvido


por psicólogos que atuam em Varas de Família, apontasse que, como o trabalho
é encaminhado ou desenvolvido no Poder Judiciário, o usuário é o jurisdicio-
nado, ou seja, aquele que está sendo atendido pelo Poder Judiciário. No caso
das Varas de Família, dentro desta forma de compreender o termo, usuários dos
serviços dos psicólogos seriam as famílias e seus membros, portanto, são esses
os clientes que devem ter o sigilo resguardado. Entende-se que apenas no caso
de o psicólogo estar atuando como assistente técnico é que seu cliente seria
uma das partes envolvidas no processo, e não a família toda. Mesmo assim, o
profissional não deve desprezar o dado de que está lidando com questão inscrita
em uma dinâmica familiar.

Visando a estabelecer parâmetros e diretrizes sobre o exercício profissi-


onal de psicólogos que atuam como peritos e assistentes técnicos, o Conselho
Federal de Psicologia promulgou a Resolução CFP nº 8/2010, em 30 de junho
de 2010. O artigo 2º da Resolução dispõe: “O psicólogo assistente técnico não
deve estar presente durante a realização dos procedimentos metodológicos que
norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja in-
terferência na dinâmica e qualidade do serviço realizado”.

Os psicólogos que trabalham nas Varas de Família, bem como aqueles


que, mesmo lotados em outros órgãos, recebem demanda do Judiciário para
avaliações ou atendimentos, devem escutar ambas as partes do processo, não
sendo admissível que dispensem a escuta de uma das partes por dispor de gra-
vações, cartas ou outros recursos que lhes foram encaminhados. Mesmo que

18
inicialmente haja dificuldade para localizar a pessoa ou conseguir que esta com-
pareça para atendimento, deve-se buscar meios para que se possam entrevistar
as partes, exceção feita como explicado acima quando se exerce função de as-
sistente técnico ou nos casos de avaliação por carta precatória.

Não é aconselhável que se fixe, a priori, número máximo de atendimentos


para cada caso, mesmo que a equipe esteja sobrecarregada. Estes devem ocor-
rer de acordo com a necessidade e com a dinâmica de cada situação. Reco-
menda-se, também, que o uso de testes psicológicos ou qualquer outra interven-
ção ocorra quando o profissional considerar necessário e não com o objetivo
único de dar legitimidade ao laudo ou parecer.

No que abrange os processos que chegam às Varas de Família, perce-


besse que são comumente encaminhados aos Serviços de Psicologia processos
que envolvem disputas de guarda de filhos. Nesses, os pais da criança rompe-
ram um relacionamento conjugal e estão em busca de solução jurídica para
equacionar e fixar responsabilidades parentais. No presente, de acordo com a
legislação em vigor, a convivência familiar da criança é um direito que deve ser
mantido, procurando-se, sempre que possível, a equidade entre as responsabi-
lidades parentais. Para isto, torna-se necessário que se compreendam os confli-
tos que estariam impedindo os pais da criança, ou um deles, de exercer suas
atribuições parentais após o desenlace conjugal.

Nesses casos, é preciso cuidado, também, para não haver confusão entre
o direito de crianças ser ouvidas em processos dessa natureza e o fato de se
achar que, nos encaminhamentos jurídicos, deve ser privilegiada a palavra de
uma criança. Ouvir atentamente a criança pode ser uma das possibilidades que
o psicólogo tem para contribuir com uma mudança nos casos conflituosos. Es-
cutá-las, como pessoas que têm o que dizer sobre seus sentimentos, enten-
dendo o sentido dessa vivência, pode ressignificar tal experiência para todo o
grupo familiar e inverter a lógica do conflito pela mediação dos interesses em
jogo.

Por vezes, entretanto, escuta-se a opinião de que, quando há disputa pela


guarda dos filhos, estes devem ser ouvidos para que expressem com quem de-

19
sejam residir, argumentando-se que a criança teria direito de escolha. Esta inter-
pretação, no entanto, vem sendo apontada como equivocada por diversos auto-
res (GIBERTI, 1985; WALLERSTEIN e KELLY, 1998), pois percebem que a cri-
ança, ou o adolescente, pode se sentir culpada posteriormente por ter escolhido
permanecer com um dos pais. Pode acontecer, também, como apontam Wal-
lerstein e Kelly (1998), de a escolha da criança ter sido feita por ela considerar
que aquele pai, ou aquela mãe, estaria mais fragilizado após a separação, ne-
cessitando de seu apoio, entre tantos outros motivos. Como descrevem as auto-
ras, a decisão pelo rompimento conjugal é algo imposto aos filhos, por vezes em
desacordo com o que estes gostariam, uma vez que o desenlace conjugal acar-
reta experiências distintas para pais e filhos, como também demonstraram Wal-
lerstein, Lewis et Blakelle (2002). Esses são exemplos de estudos que podem
dar suporte ao entendimento de que não caberia ao psicólogo a tarefa de inquirir
a criança para que ela responda com quem deseja permanecer.

Tem-se a compreensão de que ouvir a criança deixar que ela fale livre-
mente sobre seus sentimentos, anseios e dúvidas é algo distinto da imposição
de escolha. Ouvir a criança seria, no entanto, essa outra escuta que os psicólo-
gos se propõem a fazer e que lhes permite, por vezes, entender o motivo de o
filho querer afirmar com quem deseja residir. Hoje, deve ser preocupação dos
psicólogos avaliar se mesmo após o rompimento conjugal dos genitores estão
sendo proporcionadas à criança, a filiação materna e a filiação paterna, garan-
tindo-se, assim, seu direito à convivência familiar e a preservação de sua inte-
gridade.

PRINCIPAIS CAMPOS DE ATUAÇÃO

Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confec-


ções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicolo-
gia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe res-
saltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar
soluções para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimen-

20
tos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial; não com-
pete ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção,
reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos
dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar pos-
sibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial.

Contudo, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à ques-


tão da avaliação e consequente elaboração de documentos, conforme se apre-
senta a seguir. Os ramos do Direito que frequentemente demandam a participa-
ção do psicólogo são: Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente,
Direito Civil, Direito Penal e Direito do Trabalho.

Cabe observar que o Direito de Família e o Direito da Criança e do Ado-


lescente fazem parte do Direito Civil. Porém, como na prática as ações são ajui-
zadas em varas diferenciadas, optou-se por fazer essa divisão, por ser também
didaticamente coerente.

 Psicólogo jurídico e o direito de família: destaca-se a participa-


ção dos psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa
de guarda e regulamentação de visitas.
 Separação e divórcio: os processos de separação e divórcio que
envolvem a participação do psicólogo são na sua maioria litigiosos,
ou seja, são processos em que as partes não conseguiram acordar
em relação às questões que um processo desse cunho envolve.
Não são muito comuns os casos em que os cônjuges conseguem,
de maneira racional, atingir o consenso para a separação. Isso im-
plica resolver o conflito que está ou que ficou nas entrelinhas, nos
meandros dos relacionamentos humanos, ou seja, romper com o
vínculo afetivo-emocional (Silveira, 2006).

Portanto, o psicólogo pode atuar como mediador, nos casos em que os


litigantes se disponham a tentar um acordo ou, quando o juiz não considerar
viável a mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das
partes ou do casal. Processos de separação e divórcio englobam partilha de
bens, guarda de filhos, estabelecimento de pensão alimentícia e direito à visita-

21
ção. Desta forma, seja como avaliador ou mediador, o psicólogo buscará os mo-
tivos que levaram o casal ao litígio e os conflitos subjacentes que impedem um
acordo em relação aos aspectos citados. Nos casos em que julgar necessário, o
psicólogo poderá, inclusive, sugerir encaminhamento para tratamento psicoló-
gico ou psiquiátrico da(s) parte(s).

 Regulamentação de visitas: conforme exposto acima, o direito à


visitação é uma das questões a ser definida a partir do processo
de separação ou divórcio. Contudo, após a decisão judicial podem
surgir questões de ordem prática ou até mesmo novos conflitos que
tornem necessário recorrer mais uma vez ao Judiciário, solicitando
uma revisão nos dias e horários ou forma de visitas. Nesses casos,
o psicólogo jurídico contribui por meio de avaliações com a família,
objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica
presente nesta família, com sugestões das medidas que poderiam
ser tomadas. O psicólogo pode, ainda, atuar como mediador, pro-
curando apontar a interferência de conflitos intrapessoais na dinâ-
mica interpessoal dos cônjuges, com o objetivo de produzir um
acordo pautado na colaboração, de forma que a autonomia da von-
tade das partes seja preservada (Schabbel, 2005).
 Disputa de guarda: nos processos de separação ou divórcio é
preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Em
casos mais graves, podem ocorrer disputas judiciais pela guarda
(Silva, 2006). Nesses casos, o juiz pode solicitar uma perícia psi-
cológica para que se avalie qual dos genitores tem melhores con-
dições de exercer esse direito. Além dos conhecimentos sobre ava-
liação, psicopatologia, psicologia do desenvolvimento e psicodinâ-
mica do casal, assuntos atuais como a guarda compartilhada, fal-
sas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação parental
podem estar envolvidos nesses processos. Portanto, é necessário
que os psicólogos que atuam nessa área estudem esses temas,
saibam seu funcionamento e busquem a melhor forma de inves-
tigá-los, de modo a realizar uma avaliação psicológica de quali-
dade.

22
Pais que colocam os interesses e vaidade pessoal acima do sofrimento
que uma disputa judicial pode acarretar aos filhos, na tentativa de atingir ou ma-
goar o ex-companheiro, revelam-se com problemas para exercer a parentalidade
de forma madura e responsável (Castro, 2005). Portanto, nesses casos, a medi-
ação não é uma prática comum, dado o alto nível de conflitos existentes entre
os ex-cônjuges e que os fazem disputar seus filhos judicialmente.

- Psicólogo jurídico e o direito da criança e do adolescente: destaca-se o


trabalho dos psicólogos junto aos processos de adoção e destituição de poder
familiar e também o desenvolvimento e aplicação de medidas socioeducativas
dos adolescentes autores de ato infracional.

 Adoção: os psicólogos participam do processo de adoção por


meio de uma assessoria constante para as famílias adotivas, tanto
antes quanto depois da colocação da criança. A equipe técnica dos
Juizados da Infância e da Juventude deve saber recrutar candida-
tos para as crianças que precisam de uma família e ajudar os pos-
tulantes a se tornarem pais capazes de satisfazer às necessidades
de um filho adotivo (Weber, 2004). A primeira tarefa de uma equipe
de adoção é garantir que os candidatos estejam dentro dos limites
das disposições legais e a segunda é iniciar um programa de tra-
balho com os postulantes aceitos, elaborado especialmente para
assessorar, informar e avaliar os interessados, e não apenas “se-
lecionar” os mais aptos (Weber, 1997). Como a adoção é um vín-
culo irrevogável, o estudo psicossocial torna-se primordial para ga-
rantir o cumprimento da lei, prevenindo assim a negligência, o
abuso, a rejeição ou a devolução.

Além do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da Infância e Juven-


tude, existe também o dos psicólogos que trabalham nas Fundações de Prote-
ção Especial. Essas instituições têm como objetivo oferecer um cuidado especial
capaz de minorar os efeitos da institucionalização, proporcionando às crianças
e aos adolescentes abrigados uma vivência que se aproxima à realidade familiar.
Os vínculos estabelecidos com os monitores que cuidam delas são facilitadores
do vínculo posterior na adoção, uma vez que se estabelece e se mantém nos

23
mesmos a capacidade de vincular-se afetivamente. As relações substitutas pro-
visórias, representadas pelo acolhimento institucional que abriga os que aguar-
dam uma possibilidade de inclusão em família substituta, são decisivas para o
desenlace do processo de adoção (Albornoz, 2001).

 Destituição do poder familiar: o poder familiar é um direito con-


cedido a ambos os pais, sem nenhuma distinção ou preferência,
para que eles determinem a assistência, criação e educação dos
filhos. Esse direito é assistido aos genitores, ainda que separados
e a guarda conferida a apenas um dos dois. Porém, a legislação
brasileira prevê casos em que esse direito pode ser suspenso, ou
até mesmo destituído, de forma irrevogável. A partir desta determi-
nação judicial, os pais perdem todos os direitos sobre o filho, que
poderá ficar sob a tutela de uma família até a maioridade civil.

O papel do psicólogo nesses casos é fundamental. É preciso considerar


que a decisão de separar uma criança de sua família é muito séria, pois desen-
cadeia uma série de acontecimentos que afetarão, em maior ou menor grau, toda
a sua vida futura. Independentemente da causa da remoção doença, negligên-
cia, abandono, maus-tratos, abuso sexual, ineficiência ou morte dos pais a trans-
ferência da responsabilidade para estranhos jamais deve ser feita sem muita
reflexão (Cesca, 2004).

- Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do


Adolescente prevê medidas socioeducativas que comportam aspectos de natu-
reza coercitiva. São medidas punitivas no sentido de que responsabilizam soci-
almente os infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no sen-
tido da proteção integral, com oportunidade de acesso à formação e à informa-
ção. Os psicólogos que desenvolvem seu trabalho junto aos adolescentes infra-
tores devem lhes propiciar a superação de sua condição de exclusão, bem como
a formação de valores positivos de participação na vida social. Sua operaciona-
lização deve, prioritariamente, envolver a família e a comunidade com atividades
que respeitem o princípio da não discriminação e não estigmatização, evitando
rótulos que marquem os adolescentes e os exponham a situações vexatórias,
além de impedi-los de superar as dificuldades na inclusão social.

24
Na Fundação de Apoio Socioeducativo de Porto Alegre (RS), colocou-se
em prática um projeto pioneiro que utiliza soluções mais eficazes para respon-
sabilizar e corrigir comportamentos considerados transgressores: a Justiça Res-
taurativa. Essa medida tem por objetivo tratar e julgar melhor as questões que
levaram os jovens a cometerem um ato infracional, e tem como foco a reparação
dos danos causados às pessoas e relacionamentos, ao invés de punir os trans-
gressores. Através de um mediador, as vítimas e os jovens procuram dialogar
para que eles se conscientizem dos erros que cometeram. Esse tipo de projeto
tem o intuito de evitar que o adolescente volte a cometer crimes e que os danos
causados às vítimas sejam minimizados (Jesus, 2005).

- Psicólogo jurídico e o direito civil: o psicólogo atua nos processos em


que são requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos
casos de interdição judicial.

 Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a se-


quela, na esfera emocional ou psicológica, de um fato particular
traumatizante (Evangelista & Menezes, 2000). Pode-se dizer que
o dano está presente quando são gerados efeitos traumáticos na
organização psíquica e/ou no repertório comportamental da vítima.
Cabe ao psicólogo, de posse de seu referencial teórico e instru-
mental técnico, avaliar a real presença desse dano. Entretanto, o
psicólogo deve estar atento a possíveis manipulações dos sinto-
mas, já que está em suas mãos a recomendação, ou não, de um
ressarcimento financeiro (Rovinski, 2005).
 Interdição: a interdição refere-se à incapacidade de exercício por
si mesmo dos atos da vida civil. Uma das possibilidades de interdi-
ção previstas pelo código civil são os casos em que, por enfermi-
dade ou deficiência mental, os sujeitos de direito não tenham o ne-
cessário discernimento para a prática dos atos da vida civil. Nesses
casos, compete ao psicólogo nomeado perito pelo juiz realizar ava-
liação que comprove ou não tal enfermidade mental. À justiça inte-
ressa saber se a doença mental de que o paciente é portador o
torna incapaz de reger sua pessoa e seus bens (Monteiro, 1999).

25
As questões levantadas em um processo de interdição incluem a vali-
dade, nulidade ou anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos e casamen-
tos. Além dessas, ficam prejudicadas a contração de deveres e aquisição de
direitos, a aptidão para o trabalho, a capacidade de testemunhar e a possibili-
dade de ele próprio assumir tutela ou curatela de incapaz e exercer o poder fa-
miliar (Taborda, Chalub & Abdalla-Filho, 2004).

- Psicólogo jurídico e o direito penal: o psicólogo pode ser solicitado a


atuar como perito para averiguação de periculosidade, das condições de discer-
nimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento (Arantes,
2004). Portanto, destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Sistema Penitenci-
ário e aos Institutos Psiquiátricos Forenses.

A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, foi um marco no


trabalho dos psicólogos no sistema prisional, pois a partir dela o cargo de psicó-
logo passou a existir oficialmente (Carvalho, 2004). A Lei 10.792/2003 trouxe
mudanças à LEP, uma vez que extinguiu o exame criminológico feito para instruir
pedidos de benefícios e o parecer da Comissão Técnica de Classificação Brasil
(2003). Para a concessão de benefícios legais, as únicas exigências previstas
são o lapso de tempo já cumprido e a boa conduta. No entanto, há uma pressão
por parte do Ministério Público e Poder Judiciário pela continuidade das avalia-
ções técnicas. No estado de São Paulo, após as rebeliões ocorridas no sistema
penitenciário, as avaliações técnicas estão voltando a ser uma exigência para a
concessão dos benefícios legais (Sá, 2007).

As avaliações psicológicas individualizadas, previstas em lei, são inviá-


veis nos presídios brasileiros em razão das superpopulações existentes. Pelo
mesmo motivo, proporcionar um “tratamento penal” aos apenados ou estabele-
cer outro tipo de relações institucionais com os demais funcionários, internos
e/ou seus familiares são tarefas difíceis para os psicólogos que trabalham junto
ao sistema carcerário (Kolker, 2004). Existe ainda o trabalho dos psicólogos
junto aos doentes mentais que cometeram algum delito. Esses sujeitos recebem
medida de segurança, decretada pelo juiz, e são encaminhados para Institutos
Psiquiátricos Forenses (IPF). Além de abrigar esses doentes mentais, os IPF são

26
responsáveis pela realização de perícias oficiais na área criminal e pelo atendi-
mento psiquiátrico à rede penitenciária. Atualmente existem no Brasil 28 institui-
ções psiquiátricas forenses e cerca de 4 mil internos (Piccinini, 2006).

No Rio Grande do Sul, o Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso


(IPFMC) foi o segundo fundado no País, em 1924. O trabalho do psicólogo nesse
instituto teve início em 1966, através do estágio curricular de psicopatologia. Ini-
cialmente as atividades da Psicologia eram subordinadas à Medicina, pois havia
a necessidade de prescrição médica para os pacientes psicóticos. Além disso,
os laudos psiquiátricos elaborados não eram assinados pelos psicólogos, devido
a um dispositivo legal que atribuía a competência e a responsabilidade desses
laudos ao psiquiatra forense (Modena, 2007). Com o passar dos anos houve
ampliação do atendimento multidisciplinar, que passou a reunir as diferentes ha-
bilidades técnicas em prol de uma prestação de serviço com maior qualidade aos
pacientes. Assim, o Setor de Psicologia foi alcançando sua independência e au-
tonomia dentro dos IPF.

- Psicólogo jurídico e o direito do trabalho: o psicólogo pode atuar como


perito em processos trabalhistas. A perícia a ser realizada nesses casos serve
como uma vistoria para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e a reper-
cussão na saúde mental do indivíduo. Na maioria das vezes, são solicitadas ve-
rificações de possíveis danos psicológicos supostamente causados por aciden-
tes e doenças relacionadas ao trabalho, casos de afastamento e aposentadoria
por sofrimento psicológico. Cabe ao psicólogo a elaboração de um laudo, no qual
irá traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a natureza dos processos
psicológicos sob investigação (Cruz & Maciel, 2005).

27
CONCLUSÃO

A psicologia jurídica ainda é recente, os parâmetros de atuação ainda es-


tão em fase de construção e em virtude disso existe uma dificuldade em encon-
trar técnicas e procedimentos específicos da área, tendo-se que fazer adapta-
ções dos instrumentos para atender as demandas apresentadas.

Na psicologia jurídica, há uma predominância de confecções de laudos,


perícias, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à psicologia uma
atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos juízes. Essas atividades cabem
ao psicólogo, pois este, por meio de uma escuta diferenciada é capaz de direci-
onar questões conflituosas às conclusões mais adequadas e justas. Essa instru-
mentalidade técnica dota a psicologia com um saber que permeia sentidos de
poder, possibilitando intervir contribuir de forma mais contundente na decisão
final do processo que se faça necessária sua atuação, sendo esta de forma in-
terdisciplinar com o campo do direito.

O psicólogo jurídico coopera na justa aplicação do direito na dinâmica fa-


miliar das partes e principalmente com bem-estar emocional do menor envolvido,
utilizando seu saber técnico diferenciado dos demais cooperadores da justiça,
contribuindo na administração de conflitos, para a resolução dos problemas ex-
posto de maneira humanizada, proporcionando um melhor apoio emocional e
afetivo as partes no decorrer do processo que na maioria das vezes é desgas-
tante. Ao auxiliar o Juiz, possibilita alcançar maior eficiência deste nas delicadas
tomadas de decisões, pois compete ao psicólogo jurídico avaliar a subjetividade
de cada indivíduo, e a partir disso, ele intervém com seu parecer técnico de
acordo com cada caso, tratando os indivíduos envolvidos em sua singularidade.

O psicólogo jurídico na vara da família utiliza de sua capacidade profissi-


onal, detectando mensagens inconscientes, subjetivas entre os sujeitos, bem
como causas influentes no comportamento do ser humano como um todo. A par-

28
tir desse conhecimento, buscará em cada caso o maior benefício para cada cri-
ança e para cada adolescente, juntamente com a equipe multidisciplinar para
melhores informações e trocas de saberes. Assim, trazendo para os autos do
processo a realidade psicológica das partes, e o real comportamento dos pais
ou responsáveis que foram devidamente avaliados pelo psicólogo, contribuindo
na decisão judicial final.

29
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