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Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Sociais


Curso de Bacharelado em Direito
Disciplina: DPSI0263 – Psicologia Jurídica
Professora: Cândida Helena Lopes Alves
Alunos: Flávio Carvalho de Souza Júnior (2023083376); Lucas Aurelio Fonseca Brito
(2023083296); Mateus Henrique Correia Costa Sousa (2023083240); Orlanna Thais Lima
Peixoto (2023083250); Rafael de Jesus Pinheiro Privado (2023094450); Ruan Victor Silva Reis
(2023094404) – 1º Período (Matutino)

“PSICOLOGIA JURÍDICA E A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS”

SÃO LUÍS
2023
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Flávio Carvalho de Souza Júnior; Lucas Aurelio Fonseca Brito; Mateus


Henrique Correia Costa Sousa; Orlanna Thais Lima Peixoto; Rafael de Jesus Pinheiro
Privado e Ruan Victor Silva Reis

PSICOLOGIA JURÍDICA E A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Trabalho apresentado à disciplina


Psicologia Jurídica como requisito
para obtenção da 1ª nota.

SÃO LUÍS
2023
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Introdução

1. Interdisciplinaridade entre Direito e Psicologia:

Com o largo desenvolvimento científico ocorrido nas últimas décadas, fortaleceu-se o


ideal da interdisciplinaridade dos conhecimentos no campo científico, o que possibilitou que
novos horizontes fossem desvendados e muitos outros tipos de conhecimento fossem
construídos a partir de uma nova visão acerca do objeto de estudo. O que não foi diferente com
o Direito e a Psicologia, duas ciências que buscam compreender a sociedade, mas que se
diferenciam em certos pontos.
Segundo Bock, et al. (p. 22-25, 2001), a Psicologia define a subjetividade como objeto
de estudo, investigando a funcionalidade das características individuais e coletivas dos seres
humanos a partir do “eu” que é construído por suas experiências vividas e pelas influências do
meio social e cultural. Assim, o homem seria resultado de suas vivências em sociedade e da
consolidação de suas ideias decorrentes das condições socioculturais em que ele se encontra,
além de que ele está constantemente em modificação, a concepção não é algo imutável,
tampouco simples de ser entendida.
Dessa forma, a construção do conhecimento científico da Psicologia constitui-se como
importante aparato na compreensão que se tem a partir do comportamento humano, sendo
aplicável em diversas áreas do conhecimento e muitas vezes, essencial para entender as
motivações, emoções e saberes de um indivíduo ou de um coletivo. Assim, a subjetividade passa
a ser importante para a compreensão da vida em sociedade e das relações específicas ou plurais
que rondam o meio social, já que ela atua de maneira individual, por ser única de cada um e
também atua igualmente para todos, já que as experiências sociais vividas são comuns para
qualquer pessoa.
No que diz respeito ao Direito, ele caracteriza-se como uma ciência social que tem
como objeto de estudo não só as normas, como também a influência delas em todo o corpo
societário e as relações geradas a partir dessa influência. Segundo Montesquieu, em “O Espírito
das Leis”, a legislação verdadeira é aquela que corresponde às necessidades e vontades do povo,
que é soberano, sendo dotada de virtude e, portanto, carregando o espírito das leis, por realizar
manutenção no meio social e gerir uma nação para a plenitude da funcionalidade de seu Estado.
Desse modo, o Direito tendo pleno envolvimento com o ser humano e das suas
interações para com o meio social, busca diretamente na Psicologia maneiras de compreender
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as motivações e intenções do homem com suas interações, já que no meio jurídico, não apenas
o fato importa, mas também a intenção, os valores e a situação singular que cada experiência
proporciona, fazendo com que nenhum ocorrido seja igual ao outro. Destarte, a Psicologia
torna-se uma importante ferramenta, capaz de ceder um novo olhar para a experiência jurídica
e uma compreensão melhor da triarquia que rege o Direito, a norma, o fato e o valor.

2. Mediação de conflitos:

Com o desenvolvimento da sociedade, nos encontramos em uma situação onde a idade


contemporânea exige uma velocidade maior para a execução das ações jurídicas, porém, com a
alta demanda e com a presença de um cansativo processo burocrático, o sistema judiciário tem
gerado insatisfação nas pessoas, fazendo-se necessário a implementação de um novo olhar para
o Direito, o que tem sido buscado principalmente por meio da interdisciplinaridade com outras
ciências e pela aplicação de métodos que visam não só a resolução de problemas, como também
a mediação de conflitos existentes nas relações sociais que existem em nossa vivência.
Ao aproximarmos a Psicologia do Direito, criando assim a Psicologia Jurídica,
geramos um aparato que está diretamente ligado a esta ciência, que é a mediação de conflitos,
o que exige um diálogo entre as partes conflitantes, mas também um entendimento da
subjetividade destas, fazendo com que seja necessário um estudo mais aprofundado das relações
que os seres conflitantes possuem e de suas motivações, fazendo com que seja essencial a
interdisciplinaridade entre ambas as ciências para que esta compreensão seja eficaz.
Porém, ao analisarmos a constituição da política brasileira, podemos perceber como a
mediação historicamente faz-se como ferramenta essencial para sua funcionalidade, já que
desde o Brasil império, uma política de mediação de conflitos é constantemente utilizada em
diversos momentos da história do país, como afirma Spengler (p. 15, 2017). Com isso, podemos
ter uma noção de como este aparato é importante para a experiência jurídica brasileira, mesmo
que tenha ganhado mais força apenas nas últimas décadas, fazendo com que ainda seja um
campo novo do Direito e da Psicologia.
Neste sentido, a mediação surge como uma forma de gerar um equilíbrio entre
conflitos, sejam eles positivos ou negativos, sendo este um terceiro elemento que se encontra
neutro em meio às partes conflitantes. Deste modo, o mediador pode atuar como alguém que
gera acordos entre as partes e reconstrói relações desgastadas, sendo utilizadas técnicas que
abrangem desde a terapia até ao processo de negociação, a fim de fazer com que ambas as partes
fiquem satisfeitas com as metodologias imposta.
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A partir disso, a mediação de conflitos relaciona-se com o meio jurídico pelo ponto de
vista de ser um novo meio para resolução de problemáticas existentes no sistema judiciário,
porém ainda enfrenta certa resistência neste ambiente por ser algo relativamente novo para o
Direito, além de estar fora das normas e regras impostas por esta ciência, que mesmo que leve
em consideração outros aspectos, ainda tem a norma como um importante aparato para
construção do seu conhecimento.
Porém, a mediação deve sempre manter seu caráter não decisionista, fazendo com que
a sua normatização e inclusão plena no sistema jurídico, deva ser feita de maneira compassada,
o que gera críticas a respeito de sua informalidade e da sua necessidade de não ser exatamente
normatizada ou utilizada como fator decisivo para as resoluções jurídicas, porém, isto se resolve
a partir do momento que o mediador busca resoluções objetivas para as problemáticas, tendo
resultados observáveis e, portanto, estando menos passíveis aos erros que possam ser apontados
pelos seus críticos.
Por fim, a mediação de conflitos age como aparato essencial para as relações jurídicas
contemporâneas, reparando interações sociais desgastadas entre as partes e sendo aplicável
especialmente em áreas como Direito da Família, onde os conflitos de todo tipo são muito mais
presentes, fazendo com que resoluções rápidas e objetivas para os problemas que chegam ao
poder judiciário sejam alcançadas e as pessoas obtenham meios adequados e acessíveis para
estas resoluções, fazendo da mediação um promissor objeto de estudo para a Psicologia Jurídica
e algo a ser assimilado pelo Direito, já que valorosos benefícios podem ser observados a partir
de seu estudo.
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Desenvolvimento

1- Psicologia Jurídica no Brasil:

A Psicologia tem como objetivo compreender o comportamento humano e seus


processos mentais. Além disso, ela buscou trazer alívio dos mais diversos sofrimentos psíquicos
(RIBEIRO, MONTEIRO & GODOI, 2021).
O primeiro contato entre Psicologia e Direito, no cenário mundial, surgiu no final do
século XIX, uma época em que o positivismo se encontrava em alta. Na Alemanha, em 1879,
iniciaram-se os estudos sobre memória, percepção, sensações, fazendo surgir a Psicologia do
testemunho que tinha como objetivo verificar a veracidade do relato da pessoa envolvida em
um processo judicial (CADAN & ALBANESE, 2018).
A Psicologia na Justiça brasileira surgiu a partir da promulgação do Estatuto da Criança
e Adolescente (ECA) em 1990, com a institucionalização das equipes interdisciplinares.
Atualmente as ocupações do psicólogo são: Psicólogos no Trabalho; Psicólogo Educacional;
Psicólogo Clínico; Psicólogo do Trânsito; Psicólogo Jurídico; Psicólogo do Esporte; Psicólogo
Social; dentre outros (CHEPALICH, 2007).
O Psicólogo Jurídico pode atuar no âmbito da Justiça, como colaborador em políticas
de cidadania, na prevenção da violência; pode avaliar os aspectos intelectuais e emocionais das
partes em um processo; pode atuar como perito judicial; pode atuar no sistema penitenciário
com técnicas psicológicas eficazes; pode atuar terapeuticamente em atendimentos; pode
participar de audiências a fim de esclarecer aspectos técnicos; pode elaborar petições a serem
juntadas em um processo.
Na atualidade a demanda pelo trabalho do psicólogo tem sido frequentemente
requisitada pelo judiciário, em todas as fases do processo judicial. Principalmente em temas
como infância, adolescência e conflitos familiares. As análises escritas feitas pelo psicólogo
jurídico, muitas vezes, direcionam a decisão do juiz.
As áreas que o psicólogo jurídico possui atuação são: Psicologia Jurídica e as questões
da Infância e da Juventude; Psicologia Jurídica e o Direito de Família; Psicologia Jurídica e o
Direito Cível; Psicologia Jurídica e o Direito Penal; Psicologia Judicial ou do Testemunho,
Jurado; Psicologia Penitenciária; Psicologia Policial e das Forças Armadas; Vitimologia;
Psicologia Criminal; Psicologia Jurídica e dos Direitos Humanos; Psicologia Jurídica e
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Magistrados; Psicologia Jurídica e Ministério Público; Proteção a Testemunhas; Mediação


(CHEPALICH, 2007).

2- Psicologia Jurídica e a Mediação de Conflitos:

A mediação é um processo autocompositivo de modo que as partes em uma disputa


são orientadas por uma terceira parte neutra no conflito. É um método de resolução de conflitos
que é composto por procedimentos em que o mediador imparcial atua como negociador em um
conflito buscando soluções que se adequem as necessidades de cada parte (CONSELHO
NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015).
Os processos autocompositivos englobam tanto as partes que irão diretamente ao
acordo, também chamado de conciliação, como também às soluções acompanhadas por um
terceiro, conduzido pelo chamado “mediador” sendo que nos dois casos os interessados
renunciam parte do controle da resolução do conflito (CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA, 2015).
Nos processos autocompositivos, as partes podem suspender, continuar, abandonar as
negociações sendo possível encerrar o processo a qualquer tempo. Durante a mediação, as
partes podem se comunicar diretamente de forma estimulada pelo mediador. Tanto na mediação
como na conciliação as partes não precisam chegar a um acordo.
Nos processos de conciliação percebeu-se que a parte é quem melhor compreende seus
interesses judicialmente e o diálogo é fundamental para a solução do conflito, e que não existe
interesse público na denegação de direitos a cidadãos.
O mediador pode ser um psicólogo, assistente social, advogado, sociólogo, médico,
entre outros. Embora a amplitude de áreas que podem exercer o papel de mediador, os
psicólogos jurídicos desempenham um papel fundamental pois possuem várias habilidades e
técnicas que facilitam uma melhor condução em resoluções de conflitos (BARBIERI & LEÃO,
2013).
O psicólogo em sua formação aprende e desenvolve técnicas que o orientem para a
melhor leitura das subjetividades humana, dentre elas o conflito. Com isso, o psicólogo como
mediador terá mais flexibilidade e uso eficiente de técnicas de solução de conflitos.
Os meios alternativos de solução de conflitos como negociação, conciliação, mediação
e arbitragem têm sido eficientes diante da lentidão inerente ao processo judicial, o acúmulo de
processos e a insatisfação das partes perdedoras em um processo (BARBIERI & LEÂO, 2013).
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A mediação apresenta características peculiares que a diferencia das demais


alternativas judiciais e extrajudiciais existentes. A exemplo, ela dar liberdade para as partes
envolvidas; possui confidencialidade entre mediados e partes, é orientada por um terceiro
imparcial; é informal, e tem linguagem acessível; possui diálogo; as partes tem decisões
autônomas; promove a colaboração contrapondo-se a lógica “vencedor-perdedor”.

3- Mediação de Conflitos e a Legislação Brasileira:

Dois marcos regulatórios foram promulgados no Brasil: o Novo Código de Processo


Civil (Lei nº 13.105, 2015) e a Lei da Mediação (Lei nº 13.140, 2015). A Lei de Mediação nº
13.140 de 2015 prescreve que a mediação de conflitos pode ocorrer tanto nas modalidades
extrajudicial como judicial.
A mediação extrajudicial ocorre quando um terceiro ou mediador se capacitou pela
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados [ENFAM] ou pelos tribunais
sendo encontrado nos artigos 9º e 11º da lei nº 13.140 de 2015. (BRASIL, 2015).

4- Princípios que norteiam as formas consensuais de solução de conflitos:

Os princípios da mediação e da conciliação, são extraídos de uma combinação da


Resolução n. 125/2010 do CNJ, do CPC e da Lei de Mediação sendo que não existe uma
uniformidade para classificá-los. São eles: informalidade, oralidade, confidencialidade, busca
do consenso, boa-fé, imparcialidade, independência e autonomia, isonomia entre as partes,
autonomia da vontade, decisão informada, empoderamento, validação, respeito à ordem pública
e às leis vigentes, e competência (TAKAHASHI et al. 2019).
O princípio da informalidade garante a flexibilidade do procedimento, adotando assim
uma postura desburocratizada. Todavia, não significa ausência de qualquer regra legal ou
processual e sim uma aplicação mais flexível; O princípio da oralidade trata-se de que os
procedimentos são feitos oralmente e não por escrito, por contato direto entre as partes. Nesses
procedimentos percebe-se uma predominância do diálogo ocorrendo maior possibilidade de
acordo entre as partes; O princípio da confidencialidade, refere-se ao dever de manter sigilo
sobre a sessão de conciliação ou de mediação; O princípio da busca do consenso, o mediador
fica responsável pelo procedimento buscando o entendimento e o consenso facilitando a
resolução do conflito. Entretanto, o acordo não deve ser forçado podendo ocorrer a ausência de
obrigação de resultado. O princípio da boa-fé, subdivide-se em subjetiva e objetiva. A boa-fé
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subjetiva “é importante para saber qual foi a intenção do agente. Na boa-fé objetiva, a intenção
é irrelevante.
O princípio da imparcialidade trata-se da atuação do mediador e do legislador no dever
de agir sem favoritismo, de modo que seus valores pessoais não interfiram no trabalho, também
possui sentido de neutralidade; O princípio da independência e autonomia refere-se que o
mediador ou conciliador deve atuar sem sofrer pressões sejam internas ou externas. A atuação
independente do terceiro facilitador contribui para lhe trazer liberdade de atuação; O princípio
de isonomia é decorrência do caput do art. 5º da Constituição Federal, segundo o qual todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à igualdade; O princípio da
autonomia de vontade das partes refere-se ao protagonismo das partes, participando ativamente
da construção da decisão no conflito que elas estão inseridas.
O princípio da decisão informada as partes possuem liberdade de decidir de forma
consciente. Dois componentes fazem parte a decisão e a informação, as partes precisam
compreender cada procedimento e o que significa chegar a um acordo; O princípio do
empoderamento, com o conhecimento dos mecanismos consensuais as pessoas envolvidas
passam a conhecer as práticas facilitadoras do diálogo podendo usa-las no futuro sem necessitar
de um terceiro facilitador; O princípio da validação enfatiza a humanização do processo,
preconizando a necessidade de reconhecimento mútuo visando à aproximação real das partes;
O princípio do respeito a ordem pública se deve a cumprir o acordo entre os envolvidos de não
violação da ordem pública; O princípio da competência se trata da habilitação para atuação
judicial. De forma que tanto mediador e conciliador estejam capacitados de acordo com a lei.

5- Fases e Técnicas de Conciliação e Mediação:

Segundo o Manual da Justiça Federal de mediação e conciliação as fases do


procedimento são: A pré-mediação/conciliação; abertura; investigação inicial do conflito;
desenvolvimento e redação do termo e encerramento (TAKAHASHI et al. 2019).
A pré-mediação, é uma etapa preliminar em que o mediador/conciliador ouve
individualmente as partes lhes explica o procedimento e pergunta se irão aderir ou não a sua
realização.
A abertura por sua vez deverá iniciar pela apresentação do mediador/conciliador, em
seguida das partes e seus representantes, após isso será diferenciado os papeis de cada um dos
envolvidos; ocorrerá a verificação da representação das partes; serão diferenciados o papel do
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conciliador/mediador do juiz e por fim será explicado em linhas gerais como se dará os
procedimentos.
Na investigação inicial do conflito ou de desenvolvimento o mediador/conciliador
pede que as partes relatem o caso sob sua visão e com suas próprias palavras. No
desenvolvimento as partes podem discutir as possibilidades de soluções e as possíveis propostas
que também devem ser estimuladas pelo conciliador/mediador.
Na Redação do Termo e Encerramento, após todas as questões serem analisadas e
debatidas será construída a redação de um acordo, que será formalizado em um termo a ser
homologado pelo juiz coordenador do centro ou programa judicial de conciliação e/ou
mediação e assim findará os procedimentos.
As técnicas de mediação deverão ser aplicadas de acordo com o contexto e a
necessidade observada pelo conciliador/mediador sendo elas: escuta ativa; acolhimento e
legitimação; perguntas ou questionamentos; resumo e reformulação; inversão de papeis;
reuniões individuais; cheque ou teste de realidade.
A escuta ativa consiste em ouvir atentamente o que as pessoas envolvidas estão
falando. O acolhimento trata-se da ação do conciliador/mediador em acolher as emoções
manifestadas pelas partes.
As perguntas podem ter diferentes propósitos sendo elas: fomentar e trocar
informações; fomentar a prestação de esclarecimentos de uma parte a outra; incitar a reflexão
sobre o conteúdo da disputa e sobre os interesses e posições das partes; incitar o levantamento
e a avaliação de opções.
O resumo e reformulação podem ser utilizados de diversas formas como: elaborar um
relato sintético das partes; o conciliador/mediador pode afirmar com suas palavras o que foi
dito por uma das partes para facilitar o encaminhamento do diálogo; tentar fazer com que as
partes deixem de lado uma postura adversarial para colaborarem para a solução do problema.
A inversão de papeis procura fazer com que uma das partes em conflito se veja no
lugar da outra. As reuniões individuais podem servir para a parte se sentir mais confortável
diante de algum impedimento e para pedir esclarecimentos acerca de aspectos que a façam
sentir-se pressionada. O cheque de realidade consiste de apresentar uma realidade diversa a uma
ou ambas as partes com a finalidade das discrepâncias serem percebidas de forma a trazer para
a realidade.
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Considerações Finais

Em conclusão, a Psicologia Jurídica desempenha um papel essencial no sistema jurídico


brasileiro, auxiliando na resolução de conflitos e na promoção de soluções baseadas no
consenso. A integração da Psicologia no campo jurídico foi um desenvolvimento significativo
que se manifestou com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990,
levando à institucionalização das equipes interdisciplinares e ao reconhecimento das múltiplas
áreas de atuação do psicólogo no contexto jurídico.
A atuação do psicólogo jurídico abrange diversas áreas, incluindo a infância,
adolescência, direito de família, direito cível, direito penal, entre outras. A mediação de
conflitos, em particular, é uma área em crescimento que se baseia em princípios como a
imparcialidade, a busca do consenso e a confidencialidade. Os mediadores, incluindo
psicólogos jurídicos, desempenham um papel fundamental na facilitação do diálogo entre as
partes em conflito e na busca de soluções que atendam às suas necessidades.
A legislação brasileira, por meio do Novo Código de Processo Civil e da Lei da
Mediação, estabeleceu as bases para a mediação de conflitos tanto no âmbito judicial quanto
extrajudicial. Essa abordagem promove uma resolução mais rápida e eficaz de disputas em
comparação com o sistema judicial tradicional.
Além disso, a mediação é guiada por princípios importantes, como a autonomia das
partes, a decisão informada, o empoderamento e a busca de soluções colaborativas. A ampla
gama de técnicas, como a escuta ativa, o acolhimento, as perguntas e o resumo, ajuda os
mediadores a facilitar o diálogo e a promover acordos mutuamente satisfatórios.
Evidencia-se, portanto, que a Psicologia Jurídica e a mediação desempenham um papel
crucial na transformação do sistema jurídico brasileiro, tornando-o mais eficiente, acessível e
centrado nas necessidades das partes envolvidas em disputas. Com a aplicação de técnicas
adequadas e a observância dos princípios orientadores, a mediação de conflitos pode ser uma
ferramenta poderosa para a promoção da justiça e da resolução pacífica de disputas no Brasil.
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Referências

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file:///C:/Users/rvrei/Downloads/psicologias.pdf. Acesso em: 15 out. 2023.

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