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RESUMO EXPANDIDO

ASPECTOS SÓCIO-JURÍDICOS E PSICOLOGIA JUDICIÁRIA NA


CONCILIAÇÃO1
Eduardo Lino Santos Souza2
Ionete de Magalhães Souza3

PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Judiciária. Mediação. Conciliação

INTRODUÇÃO

Devido à grande quantidade de ações que tramitam por ano no Superior Tribunal
de Justiça (STF), fizeram-se necessários meios alternativos para a solução de litígios. Surgiu,
assim, a Conciliação, um processo através do qual as partes, orientadas por um conciliador ou
mediador, chegarão a um acordo. Nesse acordo não há vencedores nem perdedores, cada um
dos envolvidos tem, não totalmente, mas significativamente, seus anseios satisfeitos.
Considerando a complexidade das interações humanas, é de suma importância que
se proponha meios diferenciados para que se faça presente a Justiça nessas relações através do
Direito. A Psicologia vem auxiliar o Direito, tendo em vista que as relações do ser humano se
baseiam em conceitos abstratos, como Amor, e quando ocorre o litígio, este não se resolve
racionalmente.
A Psicologia se faz necessária também na formação de mediadores e
conciliadores, que deverão estar preparados para tratar de questões íntimas, tanto de
familiares, quanto de indivíduos sem vínculo afetivo.

DESENVOLVIMENTO

1 A conciliação como meio eficaz de solução de litígios

1
Resumo Expandido oriundo do Projeto “Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania de Montes
Claros” da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, coordenado pela Profª Dra. Cynara Silde
Mesquita Veloso.
2
Acadêmico do 10º Período do Curso de Direito da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES –
1º Semestre/2016
3
Docente na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES.
Para que haja uma melhor conscientização desse meio eficaz de solução de
conflitos os operadores do Direito precisam estar profundamente familiarizados com ele.

Não é costume, na formação do jurista, o ensino da conciliação. Os cursos de direito


e a própria doutrina reverenciada nos bancos das universidades cultuam a
litigiosidade, a partir de uma concepção puramente formal dos mecanismos da
ampla defesa e da própria atividade jurisdicional. (FERRAZ, 2006)

Há casos na mediação, na qual o mediador se torna neutro, as próprias partes


elaboram os termos do acordo. Em outras, a animosidade é tamanha que o conciliador deve
intervir incisivamente no conflito.
O Poder Judiciário oferece uma alternativa mais eficiente e menos dispendiosa de
recursos, tanto materiais quanto emocionais, para que os indivíduos que perante ele requerem
ou exigem o cumprimento de seus direitos, sejam melhor atendidos, observando-se cada
especificidade de cada caso. Assim, as partes são satisfeitas em seu anseio de Justiça.

2 A interdisciplinaridade entre Psicologia Judiciária e a Conciliação


Cristiane Rocha Stellato defende a Conciliação como meio para se resolver
conflitos em Direito de Família, especialmente quando os filhos estão envolvidos
(STELLATO, 2010). O mediador deve utilizar de técnicas para que as animosidades entre as
partes não se externem e prejudiquem o desenvolvimento do acordo.
Taís Schilling Ferraz incentiva a conscientização desse meio, a fim de que os
operadores do Direito busquem formas eficientes e alternativas de solução de litígios,
inclusive para o Poder Público (FERRAZ, 2006). Essa foi a iniciativa que obteve maior êxito
na Justiça Federal.
Bernardo Montalvão Varjão de Azevedo afirma que o “amor”, mesmo sendo um
termo de difícil definição racional, pode ser legitimado pelo Direito (AZEVEDO, 2007). O
Amor, para ele, é um fundamento do Direito e deve ser considerado na elaboração e aplicação
da Justiça.
Neide Heliodória ressalta a importância da interdisciplinaridade entre Direito e
Psicanálise (HELIODÓRIA, 2006). Cada parte envolvida em um conflito de interesses
defende de forma eloquente o seu ponto de vista em relação aos fatos. Surge, assim, a
necessidade de uma pessoa preparada para escutar e lidar com esse choque de personalidades.
Ionete de Magalhães Souza deixa explícita a diferença entre mediação e
conciliação, visto que cada caso exige uma abordagem que seja adequada à lide (SOUZA,
2007). No âmbito de Direito da Família, a Mediação é um meio eficaz, pois lida com a
afetividade das partes envolvidas e demanda um mediador que esteja preparado para orientar
um acordo de forma pacífica.
Márcia Milanez, Francisco Maia Neto e Beatriz Bovendorp Veloso são favoráveis
à institucionalização da conciliação (MILANEZ; MAIA NETO; VELOSO, 2010). Iniciativas
como a "Semana da Conciliação e Mediação", através de uma parceria entre a Ordem dos
Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (OAB-MG) e o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais, auxiliam o sistema judiciário brasileiro a resolver a sua insuficiência em acolher e
julgar os numerosos casos que abarrotam sua estrutura. Isso ocorre devido a uma divergência
entre a capacidade do Poder Judiciário em julgar e a avalanche de processos que surgem
cotidianamente, e que geram uma carga de trabalho de difícil atendimento satisfatório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi explanado vê-se que as relações humanas interpessoais são
dotadas de grande complexidade. A título exemplificativo, no Direito de Família, a discussão
da intimidade no âmbito de uma ação judicial, revela-se uma tarefa que dificilmente pode ser
considerada exclusivamente pelo aspecto objetivo, tanto pelo juiz, quanto pelos demais
operadores do Direito.
O Direito deve utilizar-se de outras ciências para auxiliá-lo na consecução da
Justiça quando apenas a letra dura e fria da lei não é suficiente. Assim, a Psicologia Judiciária
evidencia a sua importância ao contribuir, do ponto de vista técnico, para que ações de
conteúdo complexo e que envolvam aspectos abstratos da dignidade humana, como honra e
sentimentos por exemplo, possam ser compreendidos, e a lide possa ser solucionada de forma
razoável.
Hodiernamente, a Conciliação e a Mediação tornaram-se alternativas eficazes para
desafogar as numerosas ações que tramitam no Judiciário. Por não haver perdedores nem
ganhadores é um meio razoável para solução de um litígio. A Psicologia Judiciária vem em
auxilio dos conciliadores e mediadores na medida em que os capacita para lidar com situações
complexas, por vezes incomuns, no qual abordarão aspectos abstratos da vida humana, como
amor e moral, e poderão de forma mais eficaz ajudar na construção de uma forma alternativa
de solução do imbróglio sem a necessidade do ajuizamento de uma ação.
REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Bernardo Montalvão Varjão de. O amor como fundamento legitimador do


Direito. Disponível: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=258. Acessado em 04 de
novembro de 2011, às 16h50min.

FERRAZ, Taís Schilling. A conciliação e sua efetividade na solução dos conflitos.


Disponível:
http://www.stf.gov.br/arquivo/cms/conciliarConteudoTextual/anexo/Conciliacao.doc.
Acessado em 03 de novembro de 2011, às 13h02min.

HELIODÓRIA, Neide. O que a Psicanálise faz aqui nos Tribunais? Disponível:


http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=235. Acessado em 04 de novembro de 2011, às
12h33min

MILANEZ ,Márcia; MAIA NETO, Francisco; VELOSO, Beatriz Bovendorp. Conciliação e


mediação. Disponível: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=663. Acessado em 03 de
novembro de 2011, às 14h45min.

NUNES, Antônio Carlos Ozório. Manual de mediação: guia prático para conciliadores.
São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais, 2016.

SOUZA, Ionete de Magalhães Souza. Mediação no Direito de Família - breve análise.


Disponível: http://www.waldirdepinhoveloso.com/index2.php?
pageNum_arquivos=2&totalRows_arquivos=15&id=5&cod=9#. Acessado em 15 de junho
de 2016, às 17h50min.

STELLATO, Cristiane Rocha. A importância do acordo no Direito de Família. Disponível:


http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=573. Acessado em 03 de novembro de 2011, às
15h03min.

SITES:

http://www.conjur.com.br/2006-dez-
07/conciliacao_expressao_maior_pacto_social_entre_partes. Acessado em 04 de
novembro de 2011, às 18h53min.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/stf-julgou-13-mi-de-acoes-em-dez-anos. Acessado
em 17 de junho de 2016, às 09h10min.

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