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Disciplina: Formação Humanística

Professor: Flávio Straus


Aula: 10 | Data: 04/04/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

5.Conceito atual da Psicologia Judiciária


5.1 Resolução CNJ nº 75 de 12/05/2009
5.1.1. Anexo VI – Noções gerais de Direito e Formação Humanística

PSICOLOGIA JUDICIÁRIA

5. Conceito atual da Psicologia Judiciária

5.1 Resolução CNJ nº 75 de 12/05/2009

5.1.1. Anexo VI – Noções gerais de Direito e Formação Humanística (continuação)

b) Psicologia Judiciária:

I. Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a


mídia;
II. Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual;
III. Teoria do conflito e os mecanismos autocompositivos, Técnicas de negociação e mediação. Procedimentos,
posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos;
IV. O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e testemunhas.

I. Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade a


mídia

 Relacionamento interpessoal (FIGUEIREDO, 2012):

“Pode-se dizer que o relacionamento humano implica estar aberto para acolher o outro:
escutá-lo, sentir suas dificuldades e fazer mudanças. Entretanto, o relacionamento
interpessoal está sujeito a dissonâncias, e a comunicação pode vir contaminada por
diversas formas de ruído. Ademais, toda mudança se depara com resistências e gera
conflitos, na medida em que o novo é fonte de insegurança ao mesmo tempo em que
promove esperança”.

“Não se pode esquecer que os serviços judiciais, por sua própria natureza, e por tratarem
de conflitos interpessoais, favorecem situações de estresse”.

Obs.: o juiz sempre deve acolher as partes.

 Relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia: o juiz exercita seu relacionamento pessoal

(FIGUEIREDO, 2012, p.):

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
“O relacionamento pessoal é dificultoso, complexo, e faz parte da condição de ser/estar
no mundo. O juiz, como indivíduo ou representação, não está alheio a esta realidade. Ao
contrário, está permanentemente se relacionando com outras pessoas, com familiares,
amigos, vizinhos, colegas de magistratura, mas também com membros do Ministério
Público, advogados, funcionários e colaboradores, e com os jurisdicionados através dos
atos da jurisdição.

Possui uma identidade própria e outra simbólica, que são indissociáveis. O juiz é uma
pessoa, e esta pessoa é um juiz”. (...)

“Entretanto, a representação perante a comunidade é atributiva de muitas


responsabilidades relacionais”.

o Relacionamento com a mídia

(FIGUEIREDO, 2012):

“Por outro lado, a comunicação de massa compreende toda situação interativa na qual
não existe a possibilidade, pela parte dos receptores, de responder a mensagem enviada
pelo emissor. Por isso mesmo, os meios de comunicação de massa são dotados de enorme
capacidade de orientar a opinião pública, os juízos, as posturas e os comportamentos,
pois causam um efeito imediato, difuso e generalizado para um incalculável número de
indivíduos: a plateia”.

“Nesse amplo espectro, da demonização à santificação da mídia e de seus efeitos, os


magistrados devem estar conscientes da necessidade de sopesar valores caso a caso, pois
o que, em um contexto pode ser justo, em outro pode ser injusto”.

I. Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual

O assédio se caracteriza pelo exercício de uma pressão daquele que detém poder sobre seu subordinado.

O bullying é uma forma de assédio, contudo, não exercido por alguém que possui vínculo de subordinação.

(FIGUEIREDO, 2012):
“Resumidamente, o relevante para a caracterização do assédio sexual é o
estabelecimento de um comportamento de conotação sexual não desejado pela vítima e
com reflexos negativos na sua condição de trabalho. O assediador tem uma conduta que
se compreende de uma atitude física ou verbal de natureza sexual capaz de comprometer
a dignidade do sujeito em seu trabalho”.

Já o assédio moral não visa quaisquer tipos de favores ou os promete à vítima, tendo como único objetivo o prejuízo
ou mesmo aniquilação, moral ou até física, desta. Ambos estão comumente associados ao ambiente de trabalho,
mas podem acontecer em outros, como a escola ou a igreja.

I. Teoria do conflito e os mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e mediação. Procedimentos,


posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos
(Ponto mais importante da aula, segundo indicado pelo Professor)

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O art. 3º, §3º do CPC/15 dispõe que:

“Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a


direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual
dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial”.

O mediador não pode sugerir soluções ao conflito. O objetivo da mediação não é o acordo em si, mas sim o
restabelecimento da comunicação entre as partes. As partes desejam o reconhecimento de seu conflito.

O art. 165, §§2º e 3º do mesmo diploma legal ainda prevê a conciliação e mediação judicial:

“Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução


consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e
audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a
autocomposição.
§ 1º (...)
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que
não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções
para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que
houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que
eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por
si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos”.

 Reconhecimento (ALMEIDA, 2019, p. 72 e 73):

“O Direito como dimensão de reconhecimento é relacional e normativo. O que significa


dizer que só nos reconhecemos como pessoas que possuem a capacidade do exercício de
direito se reconhecermos – tendo em vista a norma – o outro como uma pessoa em
igualdade de condições a nós”.

“A ausência de reconhecimento de um ser humano como pessoa acarreta o desrespeito


à sua dignidade e impossibilita o exercício de direitos em sua plenitude”.

Não nos esquecendo de Goffredo (TELLES JR., 2001, p. 275):

“Para o Direito, pessoa é o SUJEITO DE DIRIETO”.

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I. O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e testemunhas

A psicologia judiciária era entendida como um apoio ao processo penal.

O que diziam Altavilla e suas fontes sobre o processo penal em meados do século passado, tem hoje ainda plena
validade em todas as demais espécies processuais (ALTAVILLA, 1981, p. 19, apud Della Valle, e 20):

“A função cognoscitiva, quer tenha como conteúdo a realidade exterior ou os fenômenos


da vida psíquica, é sempre de natureza mediata e indireta.
Na verdade, o objeto só se torna matéria possível de conhecimento através dos trâmites
da atividade psíquica, e, por conseguinte, anulando-se como tal e adulterando-se, visto
que a consciência, longe de ser o reflexo passivo do exterior, é de natureza
essencialmente dinâmica e tem um inesgotável poder criador, (...)”.

“A verdade judicial, como qualquer outra realidade, só pode, portanto, ter um valor muito
relativo, no conhecimento do magistrado, ao qual chega através de depoimentos e
interrogatórios, suportando um largo trabalho de transformação, desde a sensação,
momento inicial, até a exposição verbal ou escrita, que é um momento terminal”.

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