Você está na página 1de 4

ÉTICA NO CONTEXTO DE ATUAÇÃO JURÍDICA

Recife, PE
2023
Pensar a ética, deve ser uma atitude e um posicionamento realizado pelas mais
diversas profissões, e isso inclui a psicologia. Essa atitude ética deve ser pensada para além
dos interesses individuais, considerando o espaço real e psíquico que rodeia a vida do sujeito
e as transformações sociais que nele ocorrem.
No contexto da psicologia jurídica, o conceito de deontologia forense é muito
discutido quando falamos da atuação de profissionais de diferentes áreas nesse campo de
atuação. A deontologia diz respeito a uma espécie de código de ética e conduta que orienta o
profissional que atua no campo do direito. Sua principal ideia é agir de acordo com a ciência
e a consciência promovendo uma atitude com base nas leis e na moral.
Como em outros contextos de atuação do profissional da psicologia, a atuação jurídica
demanda um trabalho conjunto dos diferentes profissionais que se dedicam ao contexto
judicial. Cada vez mais, a psicologia jurídica vem expandindo seu campo de atuação e
promovendo intervenções que promovam autoconhecimento, responsabilidade e
entendimento sobre os fatos.
Falar sobre a ética na atuação jurídica, dialoga com a ideia de consciência moral. A
psicologia jurídica não busca provas no sentido jurídico, mas sim indicadores da situação
familiar que vão nortear a atuação dos profissionais envolvidos. A utilização dos
equipamentos adequados para a realização das intervenções visa atender às demandas
relacionadas ao direito de família e do sujeito.
Nesse contexto, avaliação Psicológica jurídica é uma prova utilizada no processo
judicial para auxiliar o juiz em suas decisões. No entanto, muitas vezes essa avaliação não é
realizada corretamente, com o uso inadequado de instrumentos, falta de padronização,
conclusões infundadas e erros na escrita dos documentos. Essas falhas têm sido uma causa
frequente de processos éticos no Conselho Regional de Psicologia.
Essa ferramenta também é relevante em casos criminais e em questões relacionadas à
guarda de crianças. No entanto, a avaliação psicológica forense enfrenta desafios, como a
resistência dos indivíduos em se submeter a ela, distorções intencionais dos avaliados e a
necessidade de considerar outras fontes de informação além do discurso do avaliado.
Também existem debates sobre a utilidade dos instrumentos de medida psicológica no
contexto jurídico, como os testes projetivos.
Além disso, a avaliação forense desempenha um papel crucial na produção de provas
no sistema jurídico. Os laudos psicológicos, em alguns casos, podem ser considerados como a
única prova processual quando outras provas são escassas. Portanto, é extremamente
importante que esses laudos sejam elaborados de forma detalhada, fundamentada e que
apresentem todas as observações pertinentes e verdadeiras.
Para a realização de um trabalho sério, é essencial que os profissionais da psicologia
jurídica realizem uma reflexão ética e produzam documentos de excelência, uma vez que,
esses documentos delineiam não apenas o perfil dos sujeitos que estão sendo avaliados, mas
também ajudam a orientar as penas e outras decisões judiciais.
A atuação multidisciplinar é fundamental na psicologia jurídica, pois envolve a
colaboração e a troca de conhecimentos entre profissionais de diferentes áreas. A integração
de advogados, assistentes sociais, juízes e outros especialistas permite uma compreensão
mais abrangente do caso em questão. Cada profissional traz sua expertise e perspectiva única,
enriquecendo a análise e a tomada de decisão. Ao compartilhar informações e trabalhar em
conjunto, é possível obter uma visão mais completa das necessidades e circunstâncias dos
indivíduos envolvidos, contribuindo para uma intervenção mais precisa e embasada. Essa
abordagem multidisciplinar promove a justiça, a equidade e a qualidade das intervenções
realizadas no contexto jurídico, fortalecendo a confiança e a efetividade do sistema como um
todo.
O exercício ético da Psicologia jurídica começa a partir do trabalho baseado em uma
postura imparcial do profissional, sem preconceitos morais, religiosos ou raciais em relação a
uma situação ou comportamento. Além disso, a responsabilidade e a experiência do
profissional são fundamentais ao conduzir essas avaliações, tendo em vista a importância da
avaliação forense nas decisões que serão tomadas.
Com relação ao conteúdo dos laudos periciais, é importante respeitar o sigilo
profissional. O psicólogo deve fornecer à justiça apenas os dados relevantes para a solução do
caso, evitando revelar informações que não sejam pertinentes à demanda judicial específica.
Todos os aspectos citados são extremamente importantes para que a atuação da
psicóloga seja validada, ética e responsável com a dimensão do trabalho que é realizado por
essa profissional.
Tudo aquilo que foi trazido sobre a atuação do psicólogo no contexto jurídico,
principalmente no que diz respeito às faltas éticas pode ser articulado com as seguintes
normas do código de ética da profissão:
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas
como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência; d) Acumpliciar-se com
pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da profissão de
psicólogo ou de qualquer outra atividade profissional;
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnicocientífica;
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas,
adulterar seus resultados ou fazer declarações.

Referências

Lago, V. M., Amato, P., Teixeira, P. A., Rovinski, S. L. R., & Bandeira, D. R. (2014). Psicologia
jurídica no Brasil: Um panorama histórico e reflexões sobre sua atuação. Estudos de Psicologia
(Campinas), 31(2), 289-299. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/estpsi/a/NrH5sNNptd4mdxy6sS9yCMM/

Muffato, C. M. G. (2010). Ética em Psicologia Jurídica. Ambito Jurídico, 13(64), 1-10. Disponível
em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-64/etica-em-psicologia-juridica/

Santos, A. B., & Oliveira, C. R. (2003). A atuação do psicólogo jurídico e as questões éticas.
Revista Psicologia: Ciência e Profissão, 23(2), 106-115. Disponível em:
https://revistapsicofae.fae.edu/psico/article/view/13/13

Urra, J. (2006). Psicología jurídica y ética profesional: Un análisis de la práctica española. Actas
de Psicología, 24(2), 485-492. Disponível em: https://journals.copmadrid.org/apj/archivos/102995.pdf

Valeriano, J. R. (2010). Psicologia Forense e Ética. Laboratório de Psicologia. Disponível em:


https://laboratoriodepsicologia.wordpress.com/2010/12/06/psicologia-forense-e-etica-por-juliana-ribei
ro-valeriano/

Você também pode gostar