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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA...

DO ESTADO...
JOÃO, nacionalidade..., estado civil..., profissã o..., portador do RG nº... e do CPF nº...,
residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., cidade..., nesta cidade, vem, por seu
advogado infra-assinado, conforme procuraçã o anexa..., com escritó rio na rua..., nº...,
bairro..., cidade..., endereço eletrô nico que indica para os fins do art... , com fundamento nos
termos do art. 5º, LXIX da CRFB/88 e da Lei nº 12.016/09, impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR
contra ato ilegal e arbitrado pelo Sr. SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, autoridade
apontada aqui como coatora, cujo endereço para notificaçã o é ..., o que se faz com base nos
fatos e fundamentos a seguir elencados:
I— DA TEMPESTIVIDADE
O prazo para ajuizamento do mandado de segurança é de 120 dias, de acordo com o art. 23,
da Lei nº 12.016/09
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

O Impetrante fora cientificado do ato impugnado no dia ..., momento em que ocorreu a
efetiva lesã o ao direito líquido e certo do Impetrante.
Logo, contabilizando-se 120 dias dessa data, tem-se o dia ... como prazo final para a
propositura do mandando de segurança.
Assim, resta claro a tempestividade para a propositura do presente remédio constitucional.
II – DOS FATOS
No dia ... o Impetrante compareceu a Secretaria Municipal de Educaçã o e requereu o
fornecimento de informaçõ es detalhadas a respeito das despesas dos servidores com
educaçã o no exercício anterior, a discriminaçã o dos valores gastos com pessoal e custeio
geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar, já que as contrataçõ es eram
descentralizadas.
Entretanto o pedido foi indeferido por escrito pelo Secretá rio Municipal de Educaçã o,
conforme documento anexo, sob argumento de que o Impetrante nã o residiria no
Município Alfa. Aduziu também que os gastos com pessoal eram sigilosos, por dizerem
respeito à intimidade dos servidores. E informou que as demais informaçõ es seriam
disponibilizadas para o Impetrante e para o pú blico em geral, via internet, no “portal da
transparência”, quando terminasse a estruturaçã o do site, o que estimava ocorrer dentro
de 2 anos.
III – DO DIREITO: DA NULIDADE DO ATO ILEGAL COMETIDO PELA AUTORIDADE
COATORA
O Impetrante, requereu informaçõ es a respeito de gastos pú blico. Porém teve seu pedido
indeferido pela autoridade coatora.
Contudo, é assegurado a todos o acesso à informaçã o conforme o que se estabelece no art.
5º, inciso XIV, da CRFB/88.
XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;

Ademais, o art. 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88 assegura a todos o direito de receber dos
ó rgã os pú blicos as informaçõ es de interesse coletivo ou geral.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

A Constituiçã o também assegura que os usuá rios têm direito a acesso ao teor dos atos de
governo, vejamos:
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando
especialmente:
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto
no art. 5º, X e XXXIII;

Nesse sentindo, eis a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, in


verbis:
REEXAME NECESSÁRIO. DIREITO CONSTITUCIONAL. PUBLICIDADE DOS ATOS E NEGÓCIOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
IMPROVIDA. SENTENÇA MANTIDA. 1.Pelo Princípio da Publicidade, inserto no caput do art. 37 da Lex Magna, os
atos da Administração Pública devem ser de acesso geral à todos que assim o desejem, ressalvado o direito a
intimidade e à vida privada, bem como informações que envolvam segurança de Estado, de modo a assegurar o
acesso as informações dos atos de governo. 2.A transparência na publicidade dos atos públicos permite a
sociedade verificar a legalidade e eficiência das ações administrativas, de modo que possibilite a fiscalização,
controle e legitimidade da conduta dos agentes públicos. 3.Reexame necessário improvido.
(TJ-AM XXXXX20178040001 AM XXXXX-30.2017.8.04.0001, Relator: Maria do Perpétuo Socorro Guedes Moura,
Data de Julgamento: 25/07/2018, Câmaras Reunidas)

Assim também, a Lei nº 12.527/11, que regula o acesso a informaçõ es em seu artigo 11,
determina que a informaçã o deve ser fornecida de imediato, in verbis:
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível.

Ressalte-se também, que essas informaçõ es devem ser fornecidas independentemente de


qualquer esclarecimento a respeito dos motivos da solicitaçã o, vejamos o que diz o art. 10,
§ 3º da Lei 12.527/11:
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de
interesse público.
Frise-se também que as informaçõ es relativas aos gastos com o pessoal nã o dizem respeito
à intimidade dos servidores, pois essas refletem o modo de emprego do dinheiro pú blico, o
que apresenta indiscutivelmente interesse pú blico.
Em relaçã o ao Impetrante residir em outro domicílio, isso é irrelevante, pois os entes
federados nã o podem criar distinçõ es entre brasileiros, é o que determina o artigo 19, III,
da CRFB/88.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Assim, resta claro que autoridade coatora ao indeferir o pedido do Impetrante violou a
legislaçã o e a Constituiçã o, fazendo assim com que seu ato se tornasse inconstitucional.
IV— DA LIMINAR
Demonstrada a grave violaçã o ao direito líquido e certo do Impetrante, evidencia-se,
consequentemente, a presença inconteste dos requisitos necessá rios à outorga da medida
liminar, disciplinados no artigo 7º, III, da Lei do Mandado de Segurança.
A probabilidade do direito se releva através de uma simples aná lise ao indeferimento por
escrito, pois tal ato desrespeita a Constituiçã o Federal em seu art. 5º, XIV da CRFB, onde
traz que é assegurado a todos o direito à informaçã o. E o fato do Impetrante residir em
outro Município, também se torna irrelevante, artigo 19, III da CRFB/88.
Já o perigo de dano é evidenciado, pois, há risco de ineficá cia da medida final se a liminar
nã o for deferida, tendo em vista a urgência da situaçã o, já que as informaçõ es servirã o para
que a populaçã o interessada avalie o desempenho do Prefeito Municipal, candidato à
reeleiçã o.
V— DOS PEDIDOS .
Ante todo o exposto, requer-se:
i. que Vossa Excelência ordena liminarmente, a anulaçã o do ato ilegal e que a Autoridade
coatora forneça as informaçõ es solicitadas;
ii. Que Vossa Excelência conceda por sentença o presente Mandado de Segurança,
confirmando a liminar certamente deferida, para anular o ato ilegal e que as
informaçõ es sejam fornecidas pela autoridade coatora;
b) a notificaçã o da autoridade coatora para que preste as informaçõ es que entender
pertinentes do caso;
c) que seja dada ciência à pessoa jurídica Município Alfa do Estado...;
d) a intimaçã o do Representante do Ministério Pú blico;
Concedida a liminar, requer que a Autoridade coatora seja intimada a dar-lhe
cumprimento.
No mérito, requer:
a) a procedência dos pedidos, com a confirmaçã o da tutela antecipada;
c) a condenaçã o do Réu ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios.
Dá -se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais.
Termos em que,
pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB n.º...

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