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AO DOUTO JUÍZO DA XXX VARA CÍVEL DA COMARCA X

JOÃO, estado civil, nacionalidade, profissão, residente e domiciliado à Rua XXX, nº


XXX, Bairro XXX, Cidade de XXX, Estado XXX, endereço eletrônico XXX, por
intermédio do advogado in fine assinado, nos termos do art. 77, V e 272, §5º do CPC, com
fulcro no art. 5º, LXIX da CRFB/88 e na Lei nº 12.016/19, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

em face de ato do Secretário Municipal de Educação, que pode ser encontrado na sede
da Prefeitura Municipal de Alfa, localizada na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade
XXX, Estado XXX, e do Município Alfa.

I – TEMPESTIVIDADE

A presente ação se afigura tempestiva, tendo em vista que o prazo entre o recebimento
da notificação do Município Alfa e a impetração do presente mandamus é inferior a 120
(cento e vinte) dias, satisfazendo assim o requisito exigido pelo art. 23 da Lei nº 12.016/09.

II – SÍNTESE DOS FATOS

João, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a serem


cumpridos pelos poderes constituídos em suas relações com a população, decidiu fiscalizar
a forma de distribuição dos recursos aplicados na área de educação no Município Alfa, sede
da Comarca X e vizinho àquele em que reside, considerando as dificuldades enfrentadas
pelos moradores do local.

Para tanto, compareceu à respectiva Secretaria Municipal de Educação e requereu o


fornecimento de informações detalhadas, com base na Lei de Acesso à Informação, a
respeito das despesas com educação no exercício anterior, a discriminação dos valores
gastos com pessoal e custeio em geral e os montantes direcionados a cada unidade escolar,
já que as contratações eram descentralizadas.
Contudo, o requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal
de Educação, sob o argumento de que o impetrante não residia no Município Alfa; os gastos
com pessoal eram sigilosos, por dizerem respeito à intimidade dos servidores; as demais
informações seriam disponibilizadas para o requerente e para o público em geral, via
Internet, quando estivesse concluída a estruturação do “Portal da Transparência”, o que
estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos.

Sem outra alternativa, o impetrante vem se socorrer do Poder Judiciário para que a lei
seja devidamente seguida.

III – TUTELA DE URGÊNCIA

A previsão para concessão da tutela de urgência no mandado de segurança está presente


no art. 7º, III da Lei nº 12.016/09 e tem natureza de medida liminar/cautelar.

O fumus boni iuris residente no argumento de fato e de direito apresentados no presente


e comprovados mediante documento anexa.

Já o periculum in mora também se encontra demonstrado tendo em vista o risco de


ineficácia da medida final, caso não seja deferida a liminar.

Na condição de cidadão, devido pagador de tributos, merece ser acolhido o pedido


liminar de apresentação das informações requeridas pelo impetrante, com base na Lei de
Acesso à Informação, tendo em vista que as eleições municipais se avizinham, com data
estabelecida pela Justiça Eleitoral para o dia XX/XX/XXXX, sendo o Prefeito do município
candidato à reeleição e a não concessão das informações em tempo hábil para o
conhecimento dos munícipes poderá acarretar prejuízos no exercício do voto.

IV – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na forma do art. 5º, LXIX da CRFB/88, o mandado de segurança será concedido para
proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data” quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O mandado de segurança também está regulamentado pela Lei nº 12.016/09, que no art.
1º reforça a natureza residual do instituto.

A Constituição Federal é clara em expor em seu texto que é assegurado a todos o acesso
à informação, nos termos de seu art. 5º, inciso XIV, da CRFB/88 e o direito de receber dos
órgãos públicos as informações de interesse coletivo ou geral, conforme dispõe o Art. 5º,
inciso XXXIII, da CRFB/88.

Sendo assim, os usuários têm assegurado o seu acesso ao teor dos atos de governo, nos
termos do art. 37, § 3º, inciso II, da CRFB/88, informação que deve ser fornecida no prazo
estabelecido pelo art. 11 da lei nº 12.527/11, independentemente de qualquer esclarecimento
a respeito dos motivos determinantes da solicitação, nos termos do art. 10, § 3º, da mesma
lei.
Destaque-se que, conforme entendimento pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, as
informações relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à intimidade dos
servidores, pois refletem a maneira de gasto do dinheiro público, apresentando indiscutível
interesse público.

O fato de João não residir no Município é irrelevante, pois os entes federados não podem
criar distinções entre brasileiros, nos termos do art. 19, inciso III, da CRFB/88.

O fundamento exposto pela autoridade coatora, em relação ao necessário aguardo da


implementação do “Portal da Transparência” pelo Município é inconstitucional, ainda, por
violar o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, extraídos do art.5º, LIV, da
CRFB/88, tendo em vista o iminente pleito eleitoral, o qual o atual ocupante do cargo de
prefeito tentará sua reeleição, não havendo prazo razoável para que tal institucionalização
ocorra na homepage da Prefeitura Municipal. Logo, tal argumento também não merece
prosperar.

Diante disso, estando comprovado o direito líquido e certo lastreado nas provas pré-
constituídas ora juntadas nesta petição, o que, principalmente, decorre do indeferimento, por
escrito, do requerimento de informações formulado pelo impetrante, cabível a concessão de
mandado de segurança, conforme previsto no Art. 5º, inciso LXIX, da CRFB/88 e no Art.
1º, caput, da Lei nº 12.016/09.

O direito líquido e certo do Impetrante é comprovado mediante os documentos anexos,


cumprindo o requisito da prova pré-constituída, exigido pelo art. 6º, caput, da Lei nº
12.016/09.

V – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer-se:

a) a concessão da medida liminar para suspender a decisão do Secretário Municipal de


Educação, com a consequente transmissão das informações requeridas pelo impetrante,
antes do pleito eleitoral que ocorrerá no dia XX/XX/XXXX;

b) a notificação da Autoridade Coatora, Secretário Municipal de Educação, para que preste


as informações que entender pertinentes do caso;

c) que seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada;

d) a intimação do representante do Ministério Público;

e) a condenação do Impetrado em custas processuais;

f) a juntada dos documentos anexos;

g) que o pedido seja ao final julgado procedente para que as informações requeridas sejam
devidamente transmitidas ao impetrante.
Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 (dez mil reais) para fins procedimentais.

Nesses termos.
Pede deferimento.

LocalXXX E DataXXX

AdvogadoXXX
OABXXX

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