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TRIBUNAL FEDERAL
contra os artigos 124 e 126 do Código Penal, que instituem a criminalização da interrupção
voluntária da gravidez, pela ordem normativa vigente de natureza pré-constitucional e indica
como preceitos constitucionais vulnerados o art. 5º da Constituição que sustenta a dignidade
da pessoa humana, a cidadania, a não discriminação, a inviolabilidade da vida, a liberdade, a
igualdade, a proibição de tortura ou o tratamento desumano e degradante, a saúde e o
planejamento familiar das mulheres e os direitos sexuais e reprodutivos.
Ultrapassado tal ponto, acresça-se que o Art. 12 da norma municipal contém previsão que
define a competência de processamento e julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes
comuns perante Justiça Estadual de primeira instância. Insta salientar, que já existe
representação oferecida por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de
apuração de crime de responsabilidade com fundamento no referido ato normativo.
I – Preliminarmente
Legitimação ativa
"Impõe-se recordarque tais legitimados ativos não são partes materiais na ação, pois não tem
nenhuma disponibilidade sobre a mesma, haja vista que, em processos de natureza objetiva,
não existem partes litigantes".[3]
Nota-se, efetivamente, que o requerente é parte legítima para ingressar com a presenteADPF,
porquanto possui representação no Congresso Nacional, ou seja, subsume-se ao quanto
disposto no art. 103 VII da Carta Magna.[4]
Cabimento da ADPF
A Arguição de Preceito Fundamental está prevista no art. 102, § 1º, da Constituição Federal,
regulamentada pela Lei nº 9.882/99 e aplicável contra atos comissivos ou omissivos dos
Poderes Públicos que importem em lesão ou ameaça de lesão aos princípios e regras mais
relevantes da ordem constitucional.[5]
Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante
o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público.
Convém frisar que para a Doutrina há duas modalidades de ADPF: a autônoma, que
representa uma típica modalidade de jurisdição constitucional abstrata, desvinculada de
qualquer caso concreto e a incidental, que pressupõe a existência de uma determinada lide
intersubjetiva, na qual tenha surgido uma controvérsia constitucional relevante. Nesse
sentido, a presente ADPF é do tipo autônoma.
Nesse particular, a interpretação conjunta a que se deve proceder do caput do art. 1 e do
inciso I, parágrafo único, do Artigo1, da Lei n 9.882 de 1999, que contemplam
respectivamente a arguição direta ou autônoma e a arguição incidental, exige uma
compreensão extensiva ou amplaobjeto dessas modalidadesde arguiçãoe uma compreensão
restritiva dos requisitos de sua admissibilidade, uma vez que o propósito que sempre
conduziu o legislador foi o de criar um mecanismo eficaz e abrangente de assituações lesivas
a preceitos fundamentais, e jamais limitados a certas situações.[8]
a) atos normativos oriundos de autoridades municipais, por estarem excluídos da ação direta
de inconstitucionalidade, conforme o art. 102, I, a, da CF.
Ultrapassado tal ponto, acresça-se que o Art. 12 da norma municipal contém previsão que
define a competência de processamento e julgamento do Prefeito pelo cometimento de crimes
comuns perante Justiça Estadual de primeira instância. Insta salientar, que já existe
representação oferecida por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de
apuração de crime de responsabilidade com fundamento no referido ato normativo.
Princípio da subsidiariedade (art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99): inexistência de outro meio
eficaz de sanar a lesão, compreendido no contexto da ordem constitucional global, como
aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata.
A existência de processos ordinários e recursos extraordinários não deve excluir, a priori, a
utilização da argüição de descumprimento de preceito fundamental, em virtude da feição
marcadamente objetiva desta ação.”[11]
Nas palavras de Dirley da Cunha, pode-se assegurar que o Supremo Tribunal Federal, se não
dispunha de competência originária para o controle abstrato de normas municipais
contestadas em face da Constituição Federal, porque a ação direta de inconstitucionalidade
não comportava esse tipo de controle, foi dotado, com a arguição, de competência para
exercita- lo, por determinação da própriaConstituição.[14]
Com efeito, a ADPF cumpre os requisitos constitucionais para a sua proposição, quais sejam:
(b) lesão ser causada por atos comissivos dos Poderes Públicos;
(c) não existir nenhum outro instrumento apto a sanar esta lesão ou ameaça.
Em razão da extrema violação aos princípios aqui aduzidos e sob a perspectiva de Konrad
Hesse, a Constituição é dotada de força normativa, pois as pessoas mais aderem à
Constituição do que as repelem. A tese central do referido autor é afirmar que o texto
constitucional possui uma pretensão de eficácia e visa a imprimir ordem e conformação à
realidade política e social. Para ele há intenções que podem ser realizadas e que permitem
assegurar a força normativa da Constituição.
Em termos puramente lógicos, Hesse considera que negar a força à Constituição é negar o
direito constitucional enquanto ciência jurídica e por conseqüência a negação da Teoria Geral
do Estado. Ele expôs, também, os limites e as possibilidades da atuação da Constituição
jurídica e os pressupostos de eficácia da Constituição. Assim, são premissas fundantes de seu
pensamento, a argumentação de que a norma constitucional não tem existência autônoma em
face da realidade. A sua essência reside em sua vigência, onde a pretensão de eficácia não
pode ser separada das condições históricas de sua realização. Reitera, nesse contexto, que a
Constituição não configura apenas a expressão de um ser, mas também de um dever ser.
Diante desse panorama, é cediço que atos quersejam municipais, estaduais ou federais,
demandam sincronicidade com os princípios expressos e implícitos da Constituição. Convém
aduzir que a jurisprudência tem compreendido que a lesão a preceito fundamental não se
concretiza somente na hipótese de possível afronta a um princípio fundamental, como
também a regras que confiram densidade normativa ou significado específico a esse
princípio. Com efeito, os pressupostos constitucionais restaram violados, notadamente, a
separação de poderes, a competência exclusiva da União para legislar sobre crime de
responsabilidade.
O Supremo Tribunal Federal tem destacado que compete à Corte o juízo acerca do que se há
de compreender, no sistema constitucional brasileiro, como preceito fundamental. Neste
aspecto, vinculam-se os preceitos fundamentais da ordem constitucional aos direitos e
garantias fundamentais (art. 5º, dentre outros). Destarte, são também preceitos fundamentais
os princípios protegidos pela cláusula pétrea do art. 60,§ 4º, da CF: o princípio federativo, a
separação de poderes e o voto direto, secreto, universal e periódico.[16]
“Destarte”, um juízo mais ou menos seguro sobre a lesão de preceito fundamental consistente
nos princípios da divisão de Poderes, da forma federativa do Estado ou dos direitos e
garantias individuais exige, preliminarmente, a identificação do conteúdo dessas categorias
na ordem constitucional e, especialmente, das suas relações de interdependência. [17]
Como dito, verbera, nesse rastro, que a referida norma vulnera o pacto federativo, o princípio
republicano, notadamente o art. 22 I, da CRFB/88, porquanto a matéria é afeta ao direito
penal e a competência é legislativa e privativa da União. Desta forma, houve violação ao
princípio federativo.
Nesse diapasão, para assegurar a máxima proteção constitucional de tal preceito, outros
precedentes são paradigmáticos acerca da invasão de competência no que pertine aos crimes
de responsabilidade, como é demonstrado abaixo:
Diante deste contexto, acrescente-se que o STF já decidira em sede de controle concentrado
nessa mesma linha, destacando-se as ADIs1.890 MC (Rel. Min. Celso de Mello, j.
10.12.1998) e 1.628 (Rel. Min. Eros Grau, j. 10.08.2006), e, mais recentemente, na ADI
4.791 (Rel. Min. Teori Zavascki, j. 12.02.2015) e nas ADIs 4.792 e 4.800 (Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 12.02.2015), nas quais, por maioria de votos, esta Corte declarou inconstitucionais
dispositivos semelhantes, presentes nas Constituições Estaduais do Paraná, Espírito Santo e
Rondônia, respectivamente, vencido, nesse ponto, o Min. Marco Aurélio." (ADI 4764,
Relator Ministro Celso de Mello, Redator do acórdão Ministro Roberto Barroso, Tribunal
Pleno, julgamento em 4.5.2017, DJe de 15.8.2017). [19]
d) Violação ao Artigo 29, caput e inciso X (que dispõem sobre os municípios e sobre as
respectivas leis orgânicas
Importante, porém, aduzir que o Art. 29, inciso X, CRFB/88, prescreve sobre os municípios e
sobre as respectivas leis orgânicas. Nesse diapasão, o referido dispositivo diz que os Prefeitos
possuem a prerrogativa de foro perante o Tribunal de Justiça em crimes comuns.
A Constituição proclama um sistema axiológico, lastreado por princípios basilares, tais como
o da dignidade da pessoa humana e o da proporcionalidade. Nesse contexto,
proporcionalidade e razoabilidade são noções que assumiram um papel de destaque no direito
constitucional contemporâneo. (SARLET, 2012). De tal modo que guardam entre si uma
forte relação com as noções de justiça, equidade, isonomia, moderação.
Para o referido autor, apenas na aplicação desses princípios é que se logra obter a construção
de um significado constitucional à solução dos conflitos.
Imperioso aduzir que o art. 226, § 6º da CRFB possui eficácia plena, com aplicabilidade
imediata. À luz de tais considerações, ressalve-se que a eficácia da Constituição relaciona-se
com o plano de concretização constitucional, no sentido da busca da aproximação tão íntima
quanto possível entre o dever ser normativo e o ser da realidade social.[20]
Nesse diapasão, reza a Carta Magna que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal (art. 5º, LIV da CF).Nesse ínterim, o devido processo legal tem
como início a experiência constitucional americana do due process of law e por sua vez é
reconduzida à Magna Carta de 1215, que é embrionária no que tange aos direitos humanos e
ao próprio movimento constitucionalista de proteção de excessos arbitrais do Estado em
relação ao indivíduo, atuando como um direito de defesa. (NOVELINO, 2014).
6. DO PEDIDO LIMINAR
Insta salientar, que já existe representação oferecida por Vereadores da oposição com o
objetivo de instaurar processo de apuração de crime de responsabilidade com fundamento no
referido ato normativo.
Esclareça-se que em face de disputa política local, já há, inclusive representação oferecida
por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar processo de apuração de crime de
responsabilidade com fundamento no referido Art. 11 da Lei Orgânica, a qual poderá ser
analisada a qualquer momento.
Pelo exposto requer que seja sustada a eficácia do Art. 11 da Lei Municipal do Município
Alfa em face da Constituição da República e em decorrência obstar o prosseguimento da
representação contra o Prefeito por crime de responsabilidade.
Precipuamente, deve-se observar que, por tratar-se de situação em que o perigo na demora
para a concessão da tutela definitiva satisfativa pode ocasionar danos irreparáveis à parte
autora, resta caracterizada a possibilidade do pleito da tutela de urgência satisfativa em
caráter antecedente, conforme o nosso novo Código de processo Civil brasileiro nos oportuna
em seu art. 294, § único, in verbis:
Portanto, está nítido o direito que a Requerente possui em ter seu pleito de tutela cautelar de
urgência antecedente concedido, com fundamento no artigo 5º, § 3º da Lei9.882/99, requer a
suspensão do trâmite da ação fundada em crime de responsabilidade oferecida em desfavor
do prefeito de acordo com o artigo 11 da lei orgânica municipal de 1985, uma vez que não
houve qualquer conduta que venha ser imputado ao Prefeito.
7.DOS PEDIDOS
a) a oitiva do Procurador Geral da República com fulcro no art. 7º, lei. 9.882/99.
Para prova dos alegados, instrui a presente exordial com cópia dos dispositivos legais ora
impugnados, consoante art. 3º da Lei 9.882/99.
Pede deferimento
ADVOGADO
OAB/ DF