7ª Promotoria de Justiça da Comarca de Londrina

Especializada na Defesa dos Direitos do Consumidor e Idoso

COTA MINISTERIAL

AUTOS DO INQUÉRITO POLICIAL Nº MPPR- 0014196-14.2020.8.16.0014

Meritíssimo Juiz:

I. Ofereço, em separado, DENÚNCIA contra RAFAEL

NARDI BRUNO, nesta data, em 04 (quatro) laudas e rol de testemunhas.

II. DA COMPETÊNCIA

Preliminarmente, de acordo com a seção 3, artigo 6º, da

Resolução nº 70 de 08 de outubro de 2012 do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, compete à 6ª Vara Criminal de Londrina processar e julgar as causas que
envolverem infrações penais contra idosos, ressalvada a competência das unidades
com atribuições de Tribunal do Júri nos seguintes casos:

“Art. 6º (...)
I – o processo e julgamento das infrações penais, decorrentes dos
artigos 93 a 109 da Lei Federal nº 10.741/03, ainda que sujeitas ao
procedimento previsto da Lei Federal 9.099/95.
II – exercer o controle jurisdicional sobre os procedimentos
investigatórios, quando for o caso, bem como peças informativas e
outros feitos de natureza criminal prévios à ação penal, decorrentes
dos artigos 93 a 109 da Lei Federal nº 10.741/03.
III - apreciar as medidas de proteção ao idoso, em razão de ameaça
ou violação aos direitos reconhecidos na Lei Federal nº 10.741/03”

Dessa forma, à vista da citada Resolução, requer o Minis-

tério Público a declinação da competência da 6ª Vara Criminal, remetendo-se os au-
tos ao Cartório Distribuidor para correta distribuição do feito.

III. Requeiro seja oficiado ao Instituto de Identificação do

Estado do Paraná e às Varas de Execuções Penais, solicitando certidões
respectivas.
IV. Deixo de oferecer ao denunciado a proposta de

Promotoria Especializada na Defesa dos Direitos do Consumidor e do Idoso – Rua Capitão Pedro Rufino, nº 605, Jardim Europa,
CEP: 86015-700 – Londrina/PR – fones:(43) 3372-3958/3372-3959 e-mail: londrina.7prom@mppr.mp.br – ARS/vmaa
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Especializada na Defesa dos Direitos do Consumidor e Idoso

suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei 9099/95 1, haja

vista o teor da Súmula nº 243 do Superior Tribunal de Justiça 2, caso em que as
infrações penais caracterizam, em tese, continuidade delitiva. Ademais, conforme
julgamento da Adi n° 3096 3, os autores de delitos previstos na Lei 10.741/2003 –
Estatuto do Idoso, não poderão ser beneficiados com os institutos despenalizadores
insculpidos na Lei 9.099/1995.
V. Deixo de oferecer acordo de não persecução penal
previsto no artigo 28-A do Código de Processo Penal ao denunciado RAFAEL
NARDI BRUNO, tendo em vista que o mencionado artigo prevê requisitos
cumulativos deixando o réu de cumprir a primeira exigência, qual seja: confissão
formal e circunstanciada do fato criminoso, razão pela qual vislumbra-se inviável o
oferecimento do benefício previsto no artigo 28-A do Código de Processo Penal.
VI. Protesto, finalmente, por futuro aditamento, se
necessário.

Londrina, 22 de abril de 2020

MIGUEL JORGE SOGAIAR

PROMOTOR DE JUSTIÇA

1 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público,
ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou
não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.
2 Súmula 243 STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante,
ultrapassar o limite de 01 (um) ano.
3 Adi 3096 – Aplicação apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei n 9.099/95: benefício do idoso com a celeridade processual.
Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime (ADI 3096, Relator(a):
Min. CÁRMEM LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 16/06/2010, Dje-168 DIVULG 02-09-2010 PUBLIC 03-09-2010 EMENT VOL-
02413-02 PP-00358)

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