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AÇÕES E PROCEDIMENTOS DE

CONTROLE DE
CONSTITUCIONALIDADE

Arguição de descumprimento de
preceito fundamental
Legislação

CF: art. 102, §1º

Lei 9.882/1999.

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Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
§1º A argüição de descumprimento de preceito
fundamental, decorrente desta Constituição,
será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal,
na forma da lei. (Transformado em § 1º pela
Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

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Art. 1º A argüição prevista no § 1o do art. 102 da
Constituição Federal será proposta perante o Supremo
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar
lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público.
Parágrafo único. Caberá também argüição de
descumprimento de preceito fundamental:
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia
constitucional sobre lei ou ato normativo federal,
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição; (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)
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Cabimento e espécies

ADPF preventiva e repressiva
– Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato
do Poder Público (art. 1º, caput, da Lei 9.882/99).

Ex.: ADPF 222

ADPF por equiparação ou derivação
– Resolver controvérsia constitucional relevante sobre lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores
à Constituição (art. 1º, p.u., da Lei 9.882/99).

Ex.: ADPF 54
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Cabimento e espécies

A ADPF é subsidiária
– Não será admitida ADPF quando houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade (art. 4º, §1º,
da Lei 9.882/99).

Definição de “outro meio eficaz”
– Equivalência dos resultados
– Equivalência do processo
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Cabimento e espécies

Hipóteses em que cabe ADPF
– Atos normativos oriundos de autoridades municipais, por
estarem excluídos da ADI e da ADC conforme o art. 102, I, a,
CF.

Há votos divergentes no STF. Ver voto da Rosa Weber na ADPF 222.
– Atos normativos anteriores à entrada em vigor da Constituição,
contra os quais não cabe ADI nem ADC.
– Atos do Poder Público que não apresentam caráter normativo
(atos administrativos, atos de execução e qualquer outra
manifestação estatal juridicamente relevante).
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Competência

STF → guardião da constituição, vide art. 102,
caput e §1º, da CF.

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Legitimidade

Art. 2º da Lei 9.882/99 c/c Art. 103 da CF.
– Legitimação universal: incisos I, II, III, VI, VII, VIII.
– Legitimação especial (condicionada à pertinência temática da lei ou ato normativo objeto
da ADI): incisos IV, V e IX.

Formalmente, não há legitimado passivo em ADPF, porém:
– O relator deve pedir informações às autoridades apontadas como responsáveis pelo
descumprimento, que devem se manifestar no prazo de dez dias (art. 6º da Lei 9.882/99).
– O Ministério Público, nas arguições que não houver formulado, terá vista do processo, por
cinco dias, após o decurso do prazo para informações (art. 7º, p.u., da Lei 9.882/99).
– Caso o ato impugnado seja norma legal ou ato normativo, o Advogado-Geral da União
será citado para apresentar defesa. (art. 103, §3º, da CF).

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Procedimento
Lei 9.882/99

Art. 3º A petição inicial deverá conter:

I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado;

II - a indicação do ato questionado;

III - a prova da violação do preceito fundamental;

IV - o pedido, com suas especificações;

V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do


preceito fundamental que se considera violado.

Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será
apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários para
comprovar a impugnação.

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Procedimento

Recebida a inicial, o relator pedirá informações aos órgãos ou às
autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de
dez dias (art. 6º da Lei 9.882/99).

Decorrido o prazo das informações, será ouvido o Ministério Público
(caso não seja autor da ADPF), no prazo de cinco dias (art. 7º, p.u., da
Lei 9.882/99).

Caso o ato impugnado seja norma legal ou ato normativo, o Advogado-
Geral da União será citado para apresentar defesa (art. 103, §3º, da
CF).
– Prazo? O mesmo do MP ou, por analogia, o prazo de manifestação
previsto para a ADI?
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Procedimento

Amicus curiae (por analogia, art. 7º, §2º, da Lei
9.868/99)

Se entender necessário, poderá o relator ouvir as
partes nos processos que ensejaram a arguição,
requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a
questão, ou ainda, fixar data para declarações, em
audiência pública, de pessoas com experiência e
autoridade na matéria. (art. 6º, §1º, da Lei 9.882/99)
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Procedimento

Decisão final
– Quórum de decisão: voto de pelo menos seis Ministros (art. 97 da CF)
– Quórum de deliberação: presença de pelo menos 2/3 dos Ministros (art. 8º
da Lei 9.882/99)

Não sendo obtido quaisquer dos quóruns, o julgamento é suspenso até
que a maioria prevista seja alcançada. (por analogia, art. 23, p.u., da Lei
9.868/99).

Caso não seja possível obter maioria de seis Ministros para declarar a
norma constitucional ou inconstitucional, o pedido da ADPF deve ser
julgada improcedente → presunção de constitucionalidade
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Procedimento – Medida Cautelar
Lei 9.882/99
Art. 5º O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,
poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito
fundamental.
§ 1º Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso,
poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.
§ 2º O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem
como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de
cinco dias.
§ 3º A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o
andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida
que apresente relação com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito
fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)

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Procedimento – Medida Cautelar

Requisitos para a concessão da medida cautelar:
– razoabilidade jurídica da tese apresentada (fumus boni juris);
– relevância do pedido que decorre dos possíveis danos em
razão da demora da decisão demandada (periculum in mora);

O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades
responsáveis pelo ato questionado, bem como o
Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da
República, no prazo comum de cinco dias. (art. 5º, §2º, da
Lei 9.882/99).
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Decisão e seus efeitos

A decisão que julgar a ADPF deve fixar as condições e o modo de
interpretação e aplicação do preceito fundamental. (art. 10 da Lei
9.882/99)

A decisão tem eficácia erga omnes, ex tunc e vinculante (art. 10, §3º, da
Lei 9.882/99)

Modulação dos efeitos da decisão (art. 11 da Lei 9.882/99)
– requisito formal: decisão da maioria de dois terços dos membros do
Tribunal;
– requisito material: presença de razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social.
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Observações

A lei não trata da impossibilidade de desistência da
ADPF, embora seja possível sustentar uma
aplicação analógica do art. 5º da Lei 9.868/99.

A decisão que julgar procedente ou improcedente o
pedido em arguição de descumprimento de preceito
fundamental é irrecorrível, ressalvada a
interposição de embargos declaratórios, não
podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória
(art. 12 da Lei 9.882/99).
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Observações

O STF considera possível impugnar decisões judiciais por
ADPF, desde que o assunto verse sobre problema de
constitucionalidade e não se relacione exclusivamente com a
tutela de interesses subjetivos – sem prejuízo dos demais
pressupostos de cabimento e requisitos. (ver ADPF 405-MC)
– Não é possível, porém, utilizar ADPF para impugnar sentença
transitada em julgado.

Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal (art. 13 da Lei
9.882/99)

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Questões para pesquisa

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1) O STF reconhece o cabimento de ADPF para impugnar
o denominado “estado de coisas inconstitucional”.
Explique o sentido dessa expressão a partir da
jurisprudência do STF.
2) Omissão do poder público pode ser objeto de
impugnação via ADPF? Justifique sua resposta.
3) Visando a reparar/evitar lesão a direitos fundamentais
causados pela pandemia de COVID-19, o PARTIDO
SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL) ajuizou ADPF 671.
Ao analisar a petição inicial, o STF a indeferiu. O PSOL
interpôs agravo regimental, ao qual foi negado
provimento. Explique por quais razões a ADPF não foi
conhecida.
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