TRIBUNAIS
DE CONTAS
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO | DOU DE 6.6.12
QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
EXECUÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS – ADMISSIBILIDADE DA EXIGÊNCIA, DE FORMA NÃO
CUMULATIVA, DE CAPITAL SOCIAL MÍNIMO, PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÍNIMO OU GARANTIAS
QUE ASSEGUREM O ADIMPLEMENTO DO CONTRATO A SER CELEBRADO – INTERPRETAÇÃO
DO § 2º DO ART. 31 DA LEI Nº 8.666/93 – SÚMULA Nº 275/12 DO TCU
TC-014.544/2009-8 – Administrativo (Proje-
to de Súmula)
Interessada: Comissão de Jurisprudência do
Tribunal de Contas da União
Relator: Min. Valmir Campelo
Sumário: Administrativo. Projeto de súmula.
Qualificação econômico-financeira de licitantes,
no caso de compras para entrega futura e de exe-
cução de obras e serviços. Exigência permitida
como dado objetivo de comprovação e para efei-
to de garantia ao cumprimento do futuro contrato.
De forma não cumulativa, capital social mínimo,
patrimônio líquido mínimo ou garantias que as-
segurem o adimplemento do contrato a ser ce-
lebrado. Proposição considerada conveniente e
oportuna. Aprovação.
Converte-se em súmula o entendimento paci-
ficado no âmbito do Tribunal de Contas da União,
no sentido de que, “para fins de qualificação eco-
nômico-financeira, a Administração pode exigir
das licitantes, de forma não cumulativa, capital
social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou ga-
rantias que assegurem o adimplemento do con-
trato a ser celebrado, no caso de compras para
entrega futura e de execução de obras e serviços”.
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N.E.: As decisões publicadas neste boletim são cópias
fiéis divulgadas pelos Tribunais, com adaptações
de forma para publicação. Erros porventura
existentes em seu conteúdo não nos cabe alterar.
– COMPRAS PARA ENTREGA FUTURA E
RELATÓRIO
Cuidam os autos de projeto de súmula apro-
vado pela Comissão de Jurisprudência do TCU, vi-
sando registrar em enunciado o entendimento aqui
consolidado, a respeito da possibilidade de a Admi-
nistração exigir das licitantes, para fins de qualifica-
ção econômico-financeira, de forma não cumulati-
va, capital social mínimo, patrimônio líquido mínimo
ou garantias que assegurem o adimplemento do
contrato a ser celebrado, no caso de compras para
entrega futura e de execução de obras e serviços.
2. Para compor a parte expositiva da matéria
apreciada, transcrevo a seguir o parecer que compõe
a Peça nº 6 dos autos, elaborado pelo Min. Raimun-
do Carreiro, designado para relatar o processo na-
quela veneranda comissão permanente do Tribunal:
“Registro, preliminarmente, que o Anteprojeto
de Súmula nº 32/09 em análise atende aos requi-
sitos específicos estabelecidos no art. 6º do Regu-
lamento da Comissão de Jurisprudência, aprovado
pela Portaria TCU nº 01/96, quais sejam:
I – tratar-se de jurisprudência em que os jul-
gados se mostrem uniformes e reiterados;
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 TEORIA E PRÁTICA DAS LICITAÇÕES E CONTRATOS
II – haver, pelo menos, três precedentes so-
bre o assunto;
III – haver, no mínimo, dois relatores distintos
dos precedentes;
IV – a legislação que fundamenta o assunto
deve, em princípio, estar em vigência;
V – não estar a tese literalmente contida em
dispositivo legal, regimental ou em qualquer nor-
ma interna do Tribunal; e
VI – as deliberações terem sido, preferencial-
mente, emanadas dos três Colegiados.
2. No que se refere à conveniência e à opor-
tunidade de edição, por esta Corte de Contas,
de súmula de sua jurisprudência predominante,
tratando de tão relevante matéria, entendo apro-
priada a manifestação nos autos feita pela Con-
sultoria Jurídica (Conjur), referida nos itens 3 e
4 do relatório precedente.
3. A propósito da manifestação da Conjur, des-
taco, a seguir, trecho de seu pronunciamento que
expõe os ganhos que poderão advir da aprovação
do presente anteprojeto de súmula (Peça nº 6):
A despeito de o enunciado da súmula
apresentar redação similar à redação do dis-
positivo legal, a interpretação do disposto no
§ 2º do art. 31 da Lei nº 8.666/93 tem sido
tema recorrente dos julgados desta Corte de
Contas, ante a grande quantidade de proce-
dimentos licitatórios nos quais são exigidos,
cumulativamente, os requisitos previstos no
referido artigo. Dessa forma, o entendimento
adotado, uma vez presente na súmula des-
te Tribunal, poderá ter o condão de prevenir
a ocorrência de irregularidades na gestão
pública.
4. Ainda quanto ao mérito da proposição, ve-
rifico que os precedentes colacionados na formu-
lação final do anteprojeto demonstram que os três
Colegiados deste Tribunal vêm proferindo delibe-
rações uniformes e reiteradas acerca da matéria,
como também se observa nos relatórios gerados
pela jurisprudência sistematizada (Peça nº 3).
5. No que diz respeito à redação, valho-me
do contido no § 1º do art. 7º do Regulamento da
Comissão de Jurisprudência (O texto deve ser
redigido de forma objetiva, dando-se preferên-
cia, sempre que possível, ao texto constante de
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um dos precedentes, com ajustes considerados
necessários para torná-lo mais claro e conciso)
para sugerir a alteração que adiante destaco,
mais consentânea com os julgados colaciona-
dos e com a legislação que ampara a proposta:
Para fim de qualificação econômico-fi-
nanceira, a Administração pode exigir das
licitantes, de forma não cumulativa, capital
social mínimo, patrimônio líquido mínimo ou
garantias que assegurem o adimplemento do
contrato a ser celebrado.
6. Observo, ainda, que, na enumeração dos
precedentes, não constou a indicação das pági-
nas inicial e final correspondentes à publicação
da ata de julgamento no Diário Oficial da União,
consoante exigência prevista no inc. VII do art. 8º
do Regulamento da Comissão de Jurisprudência.
7. Por fim, realço o trabalho de compilação
e classificação da jurisprudência desta Corte,
desenvolvido pela Secretaria das Sessões por
meio de sua Diretoria Técnica de Normas e Ju-
risprudência. Por certo que a sistematização da
jurisprudência do TCU tem trazido inegáveis be-
nefícios, tanto interna quanto externamente ao
Tribunal (sobretudo em termos de economia de
tempo de consulta), além de facilitar e assegurar
– como se revela agora – a atualização de sua
base de enunciados.
Em razão do exposto, submeto à apreciação
desta Comissão de Jurisprudência a anexa mi-
nuta de parecer.
TCU, Comissão de Jurisprudência, em 20 de
dezembro de 2011.
Raimundo Carreiro, Relator.
Parecer da Comissão de Jurisprudência
A Comissão de Jurisprudência do Tribunal de
Contas da União, em reunião extraordinária rea-
lizada nesta data,
Considerando a competência constante no
inc. III do art. 23 do Regimento Interno,
Considerando o disposto nos arts. 1º, 3º, 4º, 5º,
inc. VII, e 8º, §§ 1º e 3º, da Resolução TCU nº 46/96,
Considerando os procedimentos e requisitos
contidos no regulamento desta Comissão de Ju-
risprudência, aprovado pela Portaria TCU nº 1/96,
Considerando as análises técnicas exaradas
nos autos,
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 134 BLC – Boletim de Licitações e Contratos – Fevereiro/2013
Considerando as razões e as observações
apresentadas pelo Relator, Min. Raimundo Car-
reiro,
Considerando a manifestação favorável do
Min. Aroldo Cedraz, membro da Comissão de
Jurisprudência,
É de parecer favorável à aprovação do anexo
Projeto de Súmula nº 32/09, constante do Pro-
cesso TC-014.544/2009-8, bem como em relação
à conveniência e à oportunidade de inclusão do
referido entendimento na base de súmulas da ju-
risprudência predominante desta Corte, e o en-
caminha à Presidência do Tribunal para sorteio
de relator, nos termos dispostos no art. 74 do Re-
gimento Interno, c/c o parágrafo único do art. 12
da Resolução TCU nº 46/96.
TCU, Comissão de Jurisprudência, em de abril
de 2012.
Walton Alencar Rodrigues, Presidente.
Aroldo Cedraz, Membro.
Raimundo Carreiro, Relator.
Projeto de Súmula Nº 32/09
Súmula nº
Para fim de qualificação econômico-financei-
ra, a Administração pode exigir das licitantes, de
forma não cumulativa, capital social mínimo, pa-
trimônio líquido mínimo ou garantias que assegu-
rem o adimplemento do contrato a ser celebrado.
Fundamento legal
– Lei nº 8.666/93, art. 31, § 2º.
Precedentes
– Acórdão nº 668/09 – 1ª Câmara – Sessão
de 3.3.09, Ata nº 5/09, Proc. nº 024.005/2008-8,
in DOU de 9.3.09.
– Acórdão nº 107/09 – Plenário – Sessão de
4.2.09, Ata nº 5/09, Proc. nº 017.115/2006-3, in
DOU de 6.2.09.
– Acórdão nº 2985/08 – 2ª Câmara – Sessão
de 19.8.08, Ata nº 29/08, Proc. nº 005.489/2008-
7, in DOU de 21.8.08.
– Acórdão nº 2712/08 – Plenário – Sessão de
26.11.08, Ata nº 50/08, Proc. nº 007.296/2008-0,
in DOU de 1º.12.08.
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– Acórdão nº 1229/08 – Plenário – Sessão
de 25.6.08, Ata nº 25/08, Proc. nº 003.443/2008-
9, in DOU de 30.6.08.
– Acórdão nº 1039/08 – 1ª Câmara – Sessão
de 8.4.08, Ata nº 10/08, Proc. nº 009.061/2005,
in DOU de 10.4.08.
– Acórdão nº 673/08 – Plenário – Sessão de
16.4.08, Ata nº 12/08, Proc. nº 030.223/2007-4,
in DOU de 18.4.08.
– Acórdão nº 2640/07 – Plenário – Sessão
de 5.12.07, Ata nº 51/07, Proc. nº 015.865/2007-
2, in DOU de 11.12.07.
– Acórdão nº 1028/07 – Plenário – Sessão
de 30.5.07, Ata nº 22/07, Proc. nº 000.944/2007-
1, in DOU de 5.6.07.
– Acórdão nº 701/07 – Plenário – Sessão de
25.4.07, Ata nº 16/07, Proc. nº 006.760/2007-1,
in DOU de 27.4.07.
– Acórdão nº 2338/06 – Plenário – Sessão
de 6.12.06, Ata nº 49/06, Proc. nº 008.538/2006-
0, in DOU de 13.12.06.
– Acórdão nº 1379/06 – Plenário – Sessão
de 9.8.06, Ata nº 32/06, Proc. nº 008.538/2006-
0, in DOU de 11.8.06.
– Acórdão nº 108/06 – Plenário – Sessão de
8.2.06, Ata nº 4/06, Proc. nº 006.678/2005-4, in
DOU de 13.2.06”.
3. Os demais membros da Comissão de Ju-
risprudência, Srs. Min. Aroldo Cedraz e Walton
Alencar Rodrigues (Presidente), manifestaram-se
de acordo com o enunciado proposto pelo Rela-
tor, Sr. Min. Raimundo Carreiro (Peças nos 7 e 8).
É o relatório.
VOTO
À vista do judicioso parecer da Comissão de
Jurisprudência do TCU, trago à deliberação do
Plenário o presente projeto de súmula.
2. Quanto ao mérito, recordo que, conforme
o art. 85 do Regimento Interno/TCU, “a Súmula
da Jurisprudência constituir-se-á de princípios
ou enunciados, resumindo teses, soluções, pre-
cedentes e entendimentos, adotados reiterada-
mente pelo Tribunal, ao deliberar sobre assuntos
ou matérias de sua jurisdição e competência”.
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 TEORIA E PRÁTICA DAS LICITAÇÕES E CONTRATOS
3. Atenta a tais preceitos, a Comissão de Ju-
risprudência emitiu parecer favorável à aprovação
deste projeto, tendo por atendidos os requisitos
essenciais de conveniência e oportunidade.
4. Pelos fundamentos que dão suporte ao en-
caminhamento sugerido, penso que a Corte de
Contas deve acolher a proposta ora examinada,
lembrando que a matéria em discussão está pacifi-
cada no âmbito deste Tribunal, que sucessivamente
vem confirmando esse posicionamento, consoante
revelam os vários precedentes colacionados.
5. Desse modo, cumpre resumir em verbete,
como instituto de caráter racionalizador, o enten-
dimento já consolidado pela Corte de Contas em
tema recorrente e de grande interesse não só
para a Administração Pública, como também para
a coletividade, tendo-se, com isso, a expressão
sintetizada de orientação reiteradamente assen-
tada por esta Casa.
6. Sobre a redação final do enunciado, estou
acolhendo duas sugestões de aperfeiçoamento
apresentadas pelo Sr. Min. Substituto André Luís
de Carvalho, a quem agradeço pela valiosa con-
tribuição. A primeira, na parte inicial do texto, que
passará a ter a expressão “para fins”, no lugar de
“para fim”, por exigência de técnica redacional.
A segunda, na parte final, onde foi incluída a ex-
pressão “no caso de compras para entrega futura
e de execução de obras e serviços”, de maneira a
traduzir a ideia advinda do § 2º do art. 31 da Lei
nº 8.666/93, e que serviu de base para a súmula
ora em discussão, evitando o entendimento de
que o verbete teria aplicação em qualquer espé-
cie de aquisição, conforme se extrai do aludido
dispositivo legal:
Lei nº 8.666/93
“Art. 31. ...............................................
.................................................................
§ 2º A Administração, nas compras pa-
ra entrega futura e na execução de obras e
serviços, poderá estabelecer, no instrumen-
to convocatório da licitação, a exigência de
capital mínimo ou de patrimônio líquido míni-
mo, ou ainda as garantias previstas no § 1º
do art. 56 desta Lei, como dado objetivo de
comprovação da qualificação econômico-fi-
nanceira dos licitantes e para efeito de ga-
rantia ao adimplemento do contrato a ser ul-
teriormente celebrado”.
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7. Desse modo, a proposta que ora submeto
à consideração dos meus Pares está vazada nos
seguintes termos:
“Para fins de qualificação econômico-fi-
nanceira, a Administração pode exigir das lici-
tantes, de forma não cumulativa, capital social
mínimo, patrimônio líquido mínimo ou garantias
que assegurem o adimplemento do contrato a
ser celebrado, no caso de compras para entre-
ga futura e de execução de obras e serviços”.
8. Cobra relevo, no caso, a ponderação expen-
dida na manifestação da Conjur (Peça nº 2) e en-
fatizada no parecer da Comissão de Jurisprudên-
cia (Peça nº 6), no sentido de que “a despeito de
o enunciado da súmula apresentar redação similar
à redação do dispositivo legal, a interpretação do
disposto no § 2º do art. 31 da Lei nº 8.666/93 tem
sido tema recorrente dos julgados desta Corte de
Contas, ante a grande quantidade de procedimen-
tos licitatórios nos quais são exigidos, cumulativa-
mente, os requisitos previstos no referido artigo”.
Dessa forma – conclui a Conjur –, “o entendimento
adotado, uma vez presente na súmula deste Tribu-
nal, poderá ter o condão de prevenir a ocorrência
de irregularidades na gestão pública”.
9. Com essas considerações, renovando agra-
decimento ao Sr. Min. Substituto André Luís de
Carvalho, pelas sugestões de aperfeiçoamento
ora acolhidas, apresento parecer pela aprovação
do projeto em comento, na forma do acórdão que
ora submeto à deliberação deste Colegiado.
Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão
Alves de Souza, em 30 de maio de 2012.
Acórdão nº 1321/2012 – TCU – Plenário
Vistos, relatados e discutidos estes autos de processo administrati-
vo referente a projeto de súmula aprovado pela Comissão de Jurisprudên-
cia do TCU.
Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em
sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. aprovar o presente projeto de súmula, na forma do texto cons-
tante do anexo a esta deliberação, consoante o disposto no art. 87 do Re-
gimento Interno/TCU;
9.2. determinar a publicação deste acórdão, bem como do relatório e
parecer que o fundamentam, no Diário Oficial da União e no Boletim do Tri-
bunal de Contas da União (cf. art. 89 do RI/TCU); e
9.3. determinar o arquivamento deste processo.
Quórum:
13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (na Presidência), Valmir
Campelo (Relator), Walton Alencar Rodrigues, Aroldo Cedraz, Raimundo
Carreiro, José Jorge e Ana Arraes.
13.2. Ministros Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcan-
ti, Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
Fui presente: Lucas Rocha Furtado, Procurador-Geral.
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