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3478 Diário da República, 1.ª série — N.

º 106 — 2 de junho de 2015

5 — Uma empresa, incluindo uma entidade de interesse a redação dada pelo presente decreto-lei, devem, quando
público, pode não ser incluída num relatório consolidado aplicável, observar-se as seguintes regras:
sobre os pagamentos efetuados a administrações públicas se
a) Para as entidades constituídas em ano anterior à data
estiver satisfeita pelo menos uma das seguintes condições: de produção de efeitos do presente decreto-lei, os limites
a) Existirem restrições graves e duradouras que preju- reportam-se às demonstrações financeiras do período ante-
dicam substancialmente o exercício pela empresa-mãe dos rior a esta data, produzindo efeitos a partir do período em
seus direitos sobre o património ou a gestão dessa empresa; que o presente decreto-lei produz os seus efeitos;
b) Tratar-se de um caso em que as informações neces- b) Para as entidades que se constituam no ano de produ-
sárias para elaborar o relatório consolidado sobre os pa- ção de efeitos do presente decreto-lei e anos seguintes, os
gamentos efetuados a administrações públicas nos termos limites reportam-se às previsões para o ano da constituição
do presente capítulo não podem ser obtidas sem custos e produzem efeitos imediatos.
desproporcionados ou sem demora injustificada;
c) As ações ou quotas dessa empresa serem detidas Artigo 13.º
exclusivamente tendo em vista a sua cessão posterior. Norma revogatória

6 — As isenções acima descritas só são aplicáveis se São revogados:


forem também utilizadas para efeitos das demonstrações a) A Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto;
financeiras consolidadas. b) A Lei n.º 35/2010, de 2 de setembro;
7 — Nos casos previstos na alínea b) do n.º 5, a en- c) O n.º 2 do artigo 3.º, o n.º 2 do artigo 7.º e o n.º 3 do
tidade excluída do relatório consolidado deve estar em artigo 12.º e o parágrafo 3.3 do anexo I do Decreto-Lei
condições de comprovar os factos aí previstos, bem como a n.º 158/2009, de 13 de julho, alterado pela Lei n.º 20/2010,
realização de diligências para a obtenção das informações de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de
aí referidas. março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, de 31 de dezembro, e
Artigo 10.º 83-C/2013, de 31 de dezembro;
Publicação d) Os n.os 1 e 2 do artigo 1.º e os artigos 2.º, 3.º, 4.º, 5.º,
6.º, 7.º, 8.º, 9.º, 10.º, 11.º, 13.º, 16.º, 17.º, 18.º, 19.º e 20.º
1 — O relatório a que se refere o artigo 7.º e o relató- e os anexos I e II do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de
rio consolidado sobre os pagamentos efetuados a admi- março, alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro,
nistrações públicas a que se refere o artigo anterior são e pelo Decreto-Lei n.º 64/2013, de 13 de maio.
objeto de publicação nos termos do capítulo 2 da Diretiva
n.º 2009/101/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, Artigo 14.º
de 16 de setembro de 2009.
Republicação
2 — Os membros dos órgãos responsáveis da empresa
têm a responsabilidade de assegurar, tanto quanto seja do seu É republicado, no anexo II ao presente decreto-lei, do
conhecimento e esteja ao seu alcance, que o relatório sobre qual faz parte integrante, o Decreto-Lei n.º 158/2009, de
os pagamentos a administrações públicas seja elaborado e 13 de julho, com a redação atual.
publicado de acordo com os requisitos do presente capítulo.
3 — Os termos em que devem ser publicados os relató- Artigo 15.º
rios referidos no n.º 1 são definidos por portaria do membro Produção de efeitos
do Governo responsável pela área das finanças.
O disposto no presente decreto-lei é aplicável aos pe-
Artigo 11.º ríodos que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016.
Critérios de equivalência Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 26 de
março de 2015. — Pedro Passos Coelho — Maria Luís
As empresas a que se referem os artigos 7.º e 9.º que ela- Casanova Morgado Dias de Albuquerque — Rui Manuel
borem e divulguem publicamente um relato conforme com Parente Chancerelle de Machete — Paula Maria von Hafe
os requisitos de divulgação dos países terceiros avaliados Teixeira da Cruz.
como equivalentes aos requisitos do presente capítulo e
como tal identificados pela Comissão Europeia ficam dis- Promulgado em 25 de maio de 2015.
pensadas dos requisitos do presente capítulo, exceto quanto Publique-se.
à obrigação de publicar esse relato conforme estabelecido
no artigo anterior. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 26 de maio de 2015.
CAPÍTULO IV O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
Disposições finais e transitórias
ANEXO I
Artigo 12.º (a que se refere o artigo 4.º)
Disposições transitórias
«ANEXO
Para efeitos do apuramento dos limites previstos no
Sistema de Normalização Contabilística
artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, alte-
rado pela Lei n.º 20/2010, de 23 de agosto, pelo Decreto-Lei 1 — Apresentação
n.º 36-A/2011, de 9 de março, e pelas Leis n.os 66-B/2012, 1.1 — O novo modelo de normalização contabilís-
de 31 de dezembro, e 83-C/2013, de 31 de dezembro, com tica, que agora é criado, sucede ao Plano Oficial de
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Contabilidade (POC) e é designado por Sistema de 1.5 — A disseminação de ESNL e o importante papel
Normalização Contabilística (SNC). Este Sistema, à e peso que desempenham na economia justificam que se
semelhança do POC, não é de aplicação geral, conforme reforcem as exigências de transparência relativamente
decorre dos artigos 4.º e 5.º do presente decreto-lei. Às às atividades que realizam e aos recursos que utilizam,
microentidades (ME), às pequenas entidades (PE) e nomeadamente através da obrigação de prestarem in-
às entidades do setor não lucrativo (ESNL) aplica-se formação fidedigna sobre a gestão dos recursos que lhes
o SNC com as especificidades constantes do presente são confiados, bem como sobre os resultados alcançados
decreto-lei, em particular no que se refere às caracte- no desenvolvimento das suas atividades.
rísticas próprias das ESNL, conforme explicitado no 1.6 — As ESNL apresentam três características bá-
ponto 1.5 e seguintes. sicas distintivas relativamente às entidades com fina-
1.2 — Trata-se de um modelo de normalização as- lidades lucrativas:
sente mais em princípios do que em regras explícitas e a) O seu financiamento pode resultar do seu pró-
que se pretende em sintonia com as normas internacio- prio património ou de recursos atribuídos por pessoas
nais de contabilidade emitidas pelo International Ac- singulares ou coletivas. Em caso algum os recursos
counting Standards Board (IASB) e adotadas na União atribuídos estão sujeitos ou condicionados a contra-
Europeia (UE), bem como coerente com a Diretiva prestações derivadas da obtenção de benefícios por
n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, parte da entidade;
de 26 de junho de 2013 (Diretiva Contabilística), que b) Respondem a finalidades de interesse geral que
constituem os principais instrumentos de harmonização transcendem a atividade produtiva e a venda de produtos
no domínio contabilístico na UE. ou prestação de serviços, o que se traduz numa interpre-
1.3 — O SNC, que assimila a transposição da Dire- tação não económica do conceito «benefício»;
tiva Contabilística da UE, é composto pelos seguintes c) Ausência de títulos de propriedade-controlo que pos-
instrumentos: sam ser comprados, cedidos, trocados ou de que se espere
Bases para a apresentação de demonstrações finan- algum tipo de contraprestação económica no caso de a
ceiras (BADF) entidade cessar as suas atividades e ser objeto de liquidação;
Modelos de demonstrações financeiras (MDF) d) Acresce que estas entidades contam, com frequência,
Códigos de contas (CC) com o trabalho de voluntários, sem que, por esse facto,
Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) surja qualquer relação laboral entre eles e a entidade.
Norma contabilística e de relato financeiro para pe-
quenas entidades (NCRF-PE) 1.7 — Nas ESNL, os utilizadores da informação fi-
nanceira são as entidades que entregam recursos (quo-
Norma contabilística e de relato financeiro para en-
tas, legados, donativos), os credores, as pessoas que
tidades do setor não lucrativo (NCRF-ESNL)
realizam prestações gratuitas (assistência ou trabalhos
Norma contabilística para microentidades (NC-ME)
de voluntariado), o Governo e a Administração Pública
Normas interpretativas (NI) entre outros. Nesta conformidade:
A Estrutura conceptual baseada no anexo 5 das a) Os doadores/financiadores/associados pretendem
«Observações relativas a certas disposições do Regu- conhecer o grau de cumprimento dos objetivos desen-
lamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu volvidos;
e do Conselho, de 19 de julho de 2002», publicado b) Os credores pretendem obter informação acerca da
pela Comissão Europeia em novembro de 2003, que capacidade da entidade solver os seus compromissos;
enquadra aqueles instrumentos, constitui um documento c) Os membros das ESNL pretendem conhecer o
autónomo a publicar por aviso do membro do Governo modo como os donativos e outros fundos são aplicados
com responsabilidade própria ou delegada pela área das nas atividades;
finanças, no Diário da República. d) Os voluntários pretendem conhecer os resultados
1.4 — Sempre que o SNC não responda a aspetos da sua dedicação, bem como os programas realizados
particulares de transações ou situações, que se coloquem e as necessidades de recursos;
a dada entidade em matéria de contabilização ou relato e) O Estado, na medida em que proporciona os re-
financeiro, ou a lacuna em causa seja de tal modo rele- cursos para a atividade de diversas entidades do setor
vante que o seu não preenchimento impeça o objetivo não lucrativo, tem necessidade de controlar os fluxos/
de ser prestada informação que apresente, de forma meios que permitam cumprir os fins sem diminuir o
verdadeira e apropriada, a posição financeira numa património;
certa data e o desempenho para o período abrangido, f) O público em geral, de entre os quais cumpre re-
fica desde já estabelecido, tendo em vista tão somente ferir os contribuintes, grupos de interesse ou pressão,
a superação dessa lacuna, o recurso, supletivamente e associações de defesa do consumidor e todos os interes-
pela ordem indicada: sados, direta ou indiretamente, no futuro da atividade da
ESNL. Este grupo deve ter a possibilidade de avaliar o
Às normas internacionais de contabilidade (NIC), contributo da entidade no seu bem-estar ou no desen-
adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, volvimento económico do setor em que se insere.
do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho
de 2002; 2 — Bases para a apresentação de demonstrações
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) financeiras (BADF)
e normas internacionais de relato financeiro (IFRS), 2.1 — Âmbito, finalidade e componentes
emitidas pelo IASB, e respetivas interpretações SIC- 2.1.1 — As BADF de finalidades gerais estabelecem
-IFRIC. os requisitos globais que permitem assegurar a compa-
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rabilidade quer com as demonstrações financeiras de dade com as normas contabilísticas aplicáveis. Uma
períodos anteriores da mesma entidade quer com as apresentação apropriada também exige que uma en-
demonstrações financeiras de outras entidades. O re- tidade:
conhecimento, a mensuração, a divulgação e aspetos
a) Selecione e adote políticas contabilísticas de
particulares de apresentação de transações específicas
acordo com a norma contabilística aplicável;
e outros acontecimentos são tratados, consoante os ca-
b) Apresente a informação, incluindo as políticas
sos, nas NCRF, na NCRF-PE, na NCRF-ESNL ou na contabilísticas adotadas de uma forma que proporcione
NC-ME. a disponibilização de informação relevante, fiável, com-
2.1.2 — As demonstrações financeiras de finalidades parável e compreensível;
gerais são as que se destinam a satisfazer as necessidades c) Proporcione divulgações adicionais quando o cum-
de utentes que não estejam em posição de exigir rela- primento dos requisitos específicos contidos nas normas
tórios elaborados especificamente para ir ao encontro contabilísticas possa ser insuficiente para permitir a sua
das suas necessidades particulares de informação. As compreensão pelos utentes.
demonstrações financeiras de finalidades gerais incluem
as que são apresentadas isoladamente ou incluídas num 2.1.7 — As políticas contabilísticas inapropriadas
outro documento para o público, tal como um relatório não deixam de o ser pelo facto de serem divulgadas ou
anual ou um prospeto. assumidas, em notas ou material explicativo.
2.1.3 — As demonstrações financeiras são uma re- 2.1.8 — A informação acerca dos fluxos de caixa de
presentação estruturada da posição financeira e do de- uma entidade, quando usada juntamente com as restan-
sempenho financeiro de uma entidade. O objetivo das tes demonstrações financeiras, é útil ao proporcionar
demonstrações financeiras de finalidades gerais é o de aos utentes das mesmas uma base para determinar a
proporcionar informação acerca da posição financeira, capacidade da entidade para gerar dinheiro e equivalen-
do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de tes e determinar as necessidades da entidade de utilizar
uma entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes esses fluxos de caixa. As decisões económicas que sejam
na tomada de decisões económicas. As demonstrações tomadas pelos utentes exigem uma avaliação da capaci-
financeiras também mostram os resultados da condução dade de uma entidade de gerar dinheiro e seus equiva-
por parte do órgão de gestão dos recursos a ele confia- lentes e a tempestividade e certeza da sua geração.
dos. Para satisfazer este objetivo, as demonstrações 2.2 — Continuidade:
financeiras proporcionam informação de uma entidade 2.2.1 — Aquando da preparação de demonstrações
acerca do seguinte: financeiras, o órgão de gestão deve fazer uma avaliação
a) Ativos; da capacidade da entidade de prosseguir encarando-a
b) Passivos; como uma entidade em continuidade. As demonstra-
c) Capital próprio ou fundos patrimoniais; ções financeiras devem ser preparadas no pressuposto
d) Rendimentos (réditos e ganhos); da entidade em continuidade, a menos que o órgão de
e) Gastos (gastos e perdas); gestão pretenda liquidar a entidade ou cessar de nego-
f) Outras alterações no capital próprio ou nos fundos ciar, ou não tenha alternativa realista a não ser adotar
patrimoniais; e uma dessas alternativas, ou ainda, no caso das ESNL
g) Fluxos de caixa. existam circunstâncias anormais em que se deva con-
siderar um horizonte temporal para a entidade, caso em
2.1.4 — Um conjunto completo de demonstrações que no anexo se indica tal facto, assim como os critérios
financeiras inclui: utilizados na elaboração da informação financeira. No
entanto, nas ESNL, este princípio não corresponde a
a) Um balanço; um conceito económico ou financeiro puro, mas antes
b) Uma demonstração dos resultados; à manutenção da atividade de prestação de serviços ou
c) Uma demonstração das alterações no capital pró- à capacidade da entidade cumprir os fins propostos.
prio; O órgão de gestão deve, em geral, divulgar as incertezas
d) Uma demonstração dos fluxos de caixa; e materiais relacionadas com acontecimentos ou condi-
e) Um anexo em que se divulguem as bases de pre- ções que possam lançar dúvidas significativas acerca
paração e políticas contabilísticas adotadas e outras da capacidade da entidade em prosseguir como uma
divulgações. entidade em continuidade. Quando as demonstrações
financeiras não sejam preparadas no pressuposto da
2.1.5 — As demonstrações financeiras devem apre- continuidade, esse facto deve ser divulgado, juntamente
sentar apropriadamente a posição financeira, o desempe- com os fundamentos pelos quais as demonstrações fi-
nho financeiro e os fluxos de caixa de uma entidade. A nanceiras foram preparadas e a razão por que a entidade
apresentação apropriada exige a representação fidedigna não é considerada como estando em continuidade.
dos efeitos das transações, outros acontecimentos e 2.2.2 — Ao avaliar se o pressuposto da entidade em
condições, de acordo com as definições e critérios de continuidade é apropriado, o órgão de gestão toma em
reconhecimento para ativos, passivos, rendimentos e consideração toda a informação disponível sobre o fu-
gastos estabelecidos na estrutura conceptual. Presume-se turo, que é considerado pelo menos, mas sem limita-
que a aplicação adequada das normas contabilísticas, ção, doze meses a partir da data do balanço. O grau de
com divulgação adicional quando necessária, resulta em consideração depende dos factos de cada caso. Quando
demonstrações financeiras que alcançam uma apresen- uma entidade tiver uma história de operações lucrativas
tação apropriada. e acesso pronto a recursos financeiros, pode concluir-se,
2.1.6 — Na generalidade das circunstâncias, uma sem necessidade de uma análise pormenorizada, que
apresentação apropriada é conseguida pela conformi- a base de contabilidade de entidade em continuidade
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é apropriada. Noutros casos, o órgão de gestão pode próprio ou fundos patrimoniais e na demonstração de
necessitar de considerar um vasto leque de fatores rela- fluxos de caixa ou no anexo. Se uma linha de item não
cionados com a rentabilidade corrente e esperada, com for individualmente material, ela é agregada a outros
esquemas de reembolso de dívidas e potenciais fontes itens seja na face dessas demonstrações seja nas notas
de financiamentos de substituição, para poder preen- do anexo. Um item que não seja suficientemente mate-
cher de forma apropriada o pressuposto da entidade rial para justificar a sua apresentação separada na face
em continuidade. dessas demonstrações pode, porém, ser suficientemente
2.3 — Regime de acréscimo (periodização econó- material para que seja apresentado separadamente nas
mica): notas do anexo.
2.3.1 — Uma entidade deve preparar as suas demons- 2.5.3 — Aplicar o conceito de materialidade signi-
trações financeiras, exceto para informação de fluxos de fica que um requisito específico de apresentação ou
caixa, utilizando o regime contabilístico de acréscimo divulgação, decorrente de uma norma contabilística,
(periodização económica). não necessita de ser satisfeito se a informação não for
2.3.2 — Ao ser usado o regime contabilístico de acrés- materialmente relevante.
cimo (periodização económica), os itens são reconhe- 2.6 — Compensação
cidos como ativos, passivos, capital próprio ou fundos 2.6.1 — Os ativos e passivos, e os rendimentos e
patrimoniais, rendimentos e gastos quando satisfaçam gastos, são mensurados separadamente e não devem ser
as definições e os critérios de reconhecimento para esses compensados exceto quando tal for exigido ou permitido
elementos contidos na estrutura conceptual. por uma norma contabilística.
2.4 — Consistência de apresentação: 2.6.2 — É importante que os ativos e passivos, e os
2.4.1 — A apresentação e a classificação de itens rendimentos e gastos, sejam separadamente relatados.
nas demonstrações financeiras deve ser mantida de um A compensação quer na demonstração dos resultados
período para outro, a menos que: quer no balanço, exceto quando a mesma reflita a subs-
tância da transação ou outro acontecimento, prejudica a
a) Seja percetível, após uma alteração significativa
capacidade dos utentes em compreender as transações,
na natureza das operações da entidade ou uma revisão
outros acontecimentos e condições que tenham ocorrido
das respetivas demonstrações financeiras, que outra
e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade. A
apresentação ou classificação é mais apropriada, tendo
mensuração de ativos líquidos de deduções de valori-
em consideração os critérios para a seleção e aplicação
zação, por exemplo, deduções de obsolescência nos
de políticas contabilísticas contidas nas normas conta-
inventários e deduções de dívidas duvidosas nas contas
bilísticas aplicáveis; ou
a receber, não é considerada uma compensação.
b) Uma norma contabilística estabeleça uma alteração
2.6.3 — O rédito deve ser mensurado tomando em
na apresentação.
consideração a quantia de quaisquer descontos comer-
ciais e abatimentos de volume concedidos pela entidade.
2.4.2 — Uma entidade deve alterar a apresentação Uma entidade empreende, no decurso das suas ativida-
das suas demonstrações financeiras apenas se a apre- des ordinárias, outras transações que não geram rédito
sentação alterada proporcionar informação fiável e mais mas que são inerentes às principais atividades que o
relevante para os utentes das demonstrações financeiras geram. Os resultados de tais transações são apresenta-
e se for provável que a estrutura revista continue a ser dos, quando esta apresentação reflita a substância da
adotada, de modo a que a comparabilidade não seja transação ou outro acontecimento, compensando qual-
prejudicada. Ao efetuar tais alterações na apresentação, quer rendimento com os gastos relacionados resultantes
uma entidade reclassifica a sua informação comparativa da mesma transação. Por exemplo:
de acordo com o referido no ponto 2.7. Informação
comparativa. a) Os ganhos e perdas na alienação de ativos não
2.5 — Materialidade e agregação: correntes, incluindo investimentos e ativos operacio-
2.5.1 — Cada classe material de itens semelhantes nais, são relatados, deduzindo ao produto da alienação
deve ser apresentada separadamente nas demonstrações a quantia escriturada do ativo e os gastos de venda re-
financeiras. Os itens de natureza ou função disseme- lacionados; e
lhante devem ser apresentados separadamente, a menos b) Os dispêndios relacionados com uma provisão
que sejam imateriais. Considera-se que as omissões reconhecida de acordo com a norma contabilística res-
ou declarações incorretas de itens são materiais se po- petiva e reembolsada segundo um acordo contratual com
dem, individual ou coletivamente, influenciar as de- terceiros (por exemplo, um acordo de garantia de um
cisões económicas dos utentes tomadas com base nas fornecedor) podem ser compensados com o reembolso
demonstrações financeiras. A materialidade depende da relacionado.
dimensão e da natureza da omissão ou erro, ajuizados
nas circunstâncias que os rodeiam. A dimensão ou a 2.6.4 — Adicionalmente, os ganhos e perdas pro-
natureza do item, ou uma combinação de ambas, pode venientes de um grupo de transações semelhantes são
ser o fator determinante. relatados numa base líquida, por exemplo, ganhos e
2.5.2 — As demonstrações financeiras resultam do perdas de diferenças cambiais ou ganhos e perdas pro-
processamento de grandes números de transações ou venientes de instrumentos financeiros detidos para ne-
outros acontecimentos que são agregados em classes de gociação. Estes ganhos e perdas são, contudo, relatados
acordo com a sua natureza ou função. A fase final do separadamente se forem materiais.
processo de agregação e classificação é a apresentação 2.7 — Informação comparativa:
de dados condensados e classificados que formam li- 2.7.1 — O balanço de abertura de um período corres-
nhas de itens na face do balanço, na demonstração dos ponde ao balanço de encerramento do período anterior.
resultados, na demonstração de alterações no capital A menos que uma norma contabilística o permita ou
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exija de outra forma, deve ser divulgada informação 2.8.4 — Consideram-se ajustamentos de valor os
comparativa com respeito ao período anterior para todas ajustamentos destinados a ter em conta a alteração,
as quantias relatadas nas demonstrações financeiras. definitiva ou não, da quantia pela qual os elementos do
A informação comparativa deve ser incluída para a ativo se encontrem mensurados à data do balanço.
informação narrativa e descritiva quando for relevante 3 — Modelos de Demonstrações Financeiras:
para uma compreensão das demonstrações financeiras 3.1 — São publicados através de portaria do membro
do período corrente. do Governo responsável pela área das finanças, com a
2.7.2 — Em alguns casos, a informação narrativa faculdade de delegar, os modelos para as demonstra-
proporcionada nas demonstrações financeiras relativa(s) ções financeiras referidas no artigo 11.º do presente
ao(s) período(s) anterior(es) continua a ser relevante decreto-lei.
no período corrente. Por exemplo, os pormenores de 3.2 — Os referidos modelos obedecem, em parti-
uma disputa legal, cujo desfecho era incerto à data do cular, ao disposto no ponto 2, podendo, também, ser
último balanço e esteja ainda para ser resolvida, são utilizados pelas entidades que se encontrem obrigadas
divulgados no período corrente. Os utentes beneficiam ou tenham usado a opção de aplicar as normas interna-
da informação de que a incerteza existia à data do último cionais de contabilidade adotadas na UE, nos termos
balanço e da informação acerca das medidas adotadas do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento
durante o período para resolver a incerteza. Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
2.7.3 — Quando a apresentação e classificação de 3.3 — (Revogado.)
itens nas demonstrações financeiras sejam emendadas, 4 — Códigos de contas (CC)
as quantias comparativas devem ser reclassificadas, a 4.1 — É publicado através de portaria do membro
menos que seja impraticável. Considera-se que a apli- do Governo responsável pela área das finanças, com a
cação de um requisito é impraticável quando a entidade faculdade de delegar, o Código de Contas de utilização
não o possa aplicar depois de ter feito todos os esforços generalizada, o Código de Contas específico das ESNL e
razoáveis para o conseguir. o Código de Contas específico das microentidades, que
2.7.4 — Quando as quantias comparativas sejam re- se pretende sejam documentos não exaustivos, contendo
classificadas, uma entidade deve divulgar: no essencial:
a) A natureza da reclassificação; a) O quadro síntese de contas;
b) A quantia de cada item ou classe de itens que tenha b) O código de contas (lista codificada de contas); e
sido reclassificada; e c) Notas de enquadramento.
c) A razão para a reclassificação.
4.2 — O CC de utilização generalizada pode ser uti-
2.7.5 — Quando for impraticável reclassificar quan- lizado pelas entidades que se encontrem obrigadas ou
tias comparativas, uma entidade deve divulgar: tenham a opção de aplicar as normas internacionais de
a) A razão para não as reclassificar, e contabilidade adotadas na UE, nos termos do Regula-
b) A natureza dos ajustamentos que teriam sido feitos mento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e
se as quantias tivessem sido reclassificadas. do Conselho, de 19 de julho de 2002.
4.3 — No CC para as ESNL, a lista codificada de
2.7.6 — Aperfeiçoar a comparabilidade de infor- contas e as notas de enquadramento apenas incluem as
mação interperíodos ajuda os utentes a tomar decisões especificidades inerentes a essas entidades. O CC, com
económicas, sobretudo porque lhes permite avaliar as as especificidades relativas às ESNL, pode ser utilizado
tendências na informação financeira para finalidades de pelas entidades, de entre estas, que se encontrem obri-
previsão. Em algumas circunstâncias, torna-se impra- gadas ou tenham a opção de aplicar as normas interna-
ticável reclassificar informação comparativa para um cionais de contabilidade adotadas na UE, nos termos
período em particular para conseguir comparabilidade do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento
com o período corrente. Por exemplo, podem não ter Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002.
sido coligidos dados no(s) período(s) anterior(es) de 5 — Normas contabilísticas e de relato financeiro
modo a permitir a reclassificação e, por isso, pode não (NCRF):
ser praticável recriar a informação. 5.1 — As NCRF constituem uma adaptação das nor-
2.8 — Mensuração: mas internacionais de contabilidade, adotadas na UE,
2.8.1 — As rubricas reconhecidas nas demonstrações tendo em conta o tecido empresarial português e o facto
financeiras são mensuradas ao custo de aquisição ou de algumas entidades se encontrarem obrigadas ou terem
ao custo de produção, tal como explicitado nos pontos a opção de aplicar as citadas normas internacionais,
seguintes, exceto se uma NCRF dispuser diferentemente. nos termos do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do
2.8.2 — Considera-se custo de aquisição o preço a Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de
pagar e as despesas acessórias, uma vez deduzidas as 2002. Acolhem, igualmente, e no contexto das opções
reduções acessórias. dadas aos Estados membros, as disposições constantes
2.8.3 — Considera-se custo de produção o custo de da Diretiva n.º 2013/34/UE, do Parlamento Europeu e
aquisição das matérias-primas e dos consumíveis, os do Conselho, de 26 de junho de 2013. Assim, o con-
custos diretamente atribuíveis ao produto em questão, junto das NCRF pode não contemplar algumas normas
bem como os custos gerais fixos e variáveis indireta- internacionais e as NCRF podem dispensar a aplicação
mente atribuíveis aos produtos em questão, na medida de determinados procedimentos e divulgações exigidos
em que digam respeito ao período de produção. Não nas correspondentes normas internacionais, embora
são incluídos no custo de produção os custos de dis- garantindo, no essencial, os critérios de reconhecimento
tribuição. e de mensuração contidos nestas normas.
Diário da República, 1.ª série — N.º 106 — 2 de junho de 2015 3483

5.2 — As NCRF são propostas pela CNC e publica- A NC-ME estabelece os aspetos de reconhecimento
das através de avisos no Diário da República, depois de e mensuração tidos como requisitos contabilísticos sim-
homologadas pelo membro do Governo responsável pela plificados aplicáveis às referidas entidades.
área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo 7.2 — A NC-ME é proposta pela CNC e publicada
de aplicação obrigatória a partir da data de entrada em através de aviso no Diário da República, depois de
vigor indicada em cada uma delas. homologada pelo membro do Governo responsável pela
6 — Norma Contabilística e de Relato Financeiro área das finanças, com a faculdade de delegar.
para Pequenas Entidades e Norma Contabilística e de 8 — Normas interpretativas (NI):
Relato Financeiro para Entidades do Setor Não Lu- 8.1 — Sempre que as circunstâncias o justifiquem e
crativo para esclarecimento e, ou para orientação sobre o con-
6.1 — Para as entidades que cumpram os requisitos teúdo dos restantes instrumentos que integram o SNC
previstos no n.º 2 do artigo 9.º do presente decreto-lei serão produzidas normas interpretativas (NI).
e para as entidades referidas nas alíneas e) e g) do n.º 1 8.2 — As NI são propostas pela CNC e publicadas
do artigo 3.º do mesmo diploma, são propostas pela através de aviso no Diário da República, depois de ho-
CNC e publicada através de aviso no Diário da Repú- mologadas pelo membro do Governo responsável pela
blica, depois de homologada pelo membro do Governo área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo
de aplicação obrigatória a partir da data de entrada em
responsável pela área das finanças, com a faculdade de
vigor indicada em cada uma delas.
delegar, respetivamente, a «Norma Contabilística e de
Relato Financeiro para Pequenas Entidades» (NCRF- ANEXO II
-PE) e a «Norma Contabilística e de Relato Financeiro
para Entidades do Setor Não Lucrativo» (NCRF-ESNL). (a que se refere o artigo 14.º)
Estas normas são de aplicação obrigatória para as entida-
des que, de entre aquelas, não optem pela aplicação do Republicação do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho
conjunto das NCRF, com as necessárias adaptações, no
caso das entidades do setor não lucrativo, ou das normas Artigo 1.º
internacionais de contabilidade adotadas nos termos do
Objeto
artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Par-
lamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002. É aprovado o Sistema de Normalização Contabilística,
Quando uma entidade optar pela aplicação do conjunto doravante designado por SNC, anexo ao presente decreto-
das NCRF, deve utilizar os modelos de demonstrações -lei e que dele faz parte integrante.
financeiras previstos para as entidades sujeitas ao con-
junto das NCRF, com as necessárias adaptações, no caso Artigo 2.º
das entidades do setor não lucrativo. Definições
6.2 — A NCRF-PE e a NCRF-ESNL condensam os
principais aspetos de reconhecimento e mensuração, 1 — Para efeitos do presente decreto-lei, considera-se:
extraídos das NCRF, tidos como os requisitos mínimos a) «Controlo» o poder de gerir as políticas financeiras
aplicáveis às referidas entidades. e operacionais de uma entidade ou de uma atividade eco-
6.3 — Sempre que a NCRF-PE ou a NCRF-ESNL nómica a fim de obter benefícios da mesma;
não respondam a aspetos particulares de transações ou b) «Demonstrações financeiras consolidadas» as de-
situações, que se coloquem a dada entidade em matéria monstrações financeiras de um grupo apresentadas como
de contabilização ou relato financeiro, ou a lacuna em as de uma única entidade económica;
causa seja de tal modo relevante que o seu não preen- c) «Empresa-mãe» uma entidade que detém uma ou
chimento impeça o objetivo de ser prestada informação mais subsidiárias;
que, de forma verdadeira e apropriada, traduza a posi- d) «Subsidiária» uma entidade, ainda que não consti-
ção financeira numa certa data e o desempenho para o tuída sob a forma de sociedade, que é controlada por uma
período abrangido, fica desde já estabelecido, tendo em outra entidade, designada por empresa-mãe, incluindo
vista tão somente a superação dessa lacuna, o recurso, qualquer subsidiária da empresa-mãe de que essa empresa
supletivamente e pela ordem indicada: depende em última instância;
e) «Empresas coligadas» duas ou mais empresas em
Às NCRF e NI; relação de grupo;
Às NIC, adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) f) «Empresa associada» uma empresa na qual outra
n.º 1606/02 do Parlamento Europeu e do Conselho, de empresa tem uma participação e sobre cuja gestão política
19 de julho de 2002; e financeira essa outra empresa exerce uma influência
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) significativa, a qual se presume sempre que essa outra
e normas internacionais de relato financeiro (IFRS), empresa detenha 20 % ou mais dos direitos de voto dos
emitidas pelo IASB, e respetivas interpretações SIC- acionistas ou sócios da primeira;
-IFRIC. g) «Grupo»: uma empresa-mãe e todas as suas empresas
subsidiárias;
7 — Norma Contabilística para Microentidades (NC- h) «Entidades de interesse público» as entidades como
-ME) tal definidas no artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 225/2008, de
7.1 — Esta norma é de aplicação obrigatória para 20 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 71/2010,
as microentidades. Sem prejuízo do disposto anterior- de 18 de junho;
mente, as microentidades podem optar pela aplicação i) «Volume de negócios líquido» o montante que resulta
das NCRF ou da NCRF-PE. da venda dos produtos e da prestação de serviços, após
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aplicar as citadas normas internacionais, nos termos do 7 — Norma Contabilística para Microentidades (NC-
Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e -ME)
do Conselho, de 19 de julho de 2002. Acolhem, igualmente, 7.1 — Esta norma é de aplicação obrigatória para as
e no contexto das opções dadas aos Estados membros, microentidades. Sem prejuízo do disposto anteriormente,
as disposições constantes da Diretiva n.º 2013/34/UE, do as microentidades podem optar pela aplicação das NCRF
Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de ou da NCRF-PE.
2013. Assim, o conjunto das NCRF pode não contem- A NC-ME estabelece os aspetos de reconhecimento e
plar algumas normas internacionais e as NCRF podem mensuração tidos como requisitos contabilísticos simpli-
dispensar a aplicação de determinados procedimentos e ficados aplicáveis às referidas entidades.
divulgações exigidos nas correspondentes normas inter- 7.2 — A NC-ME é proposta pela CNC e publicada atra-
nacionais, embora garantindo, no essencial, os critérios de vés de aviso no Diário da República, depois de homolo-
reconhecimento e de mensuração contidos nestas normas. gada pelo membro do Governo responsável pela área das
5.2 — As NCRF são propostas pela CNC e publica- finanças, com a faculdade de delegar.
das através de avisos no Diário da República, depois de 8 — Normas interpretativas (NI):
homologadas pelo membro do Governo responsável pela 8.1 — Sempre que as circunstâncias o justifiquem e para
área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo de esclarecimento e, ou para orientação sobre o conteúdo dos
aplicação obrigatória a partir da data de entrada em vigor restantes instrumentos que integram o SNC serão produ-
indicada em cada uma delas. zidas normas interpretativas (NI).
6 — Norma Contabilística e de Relato Financeiro para 8.2 — As NI são propostas pela CNC e publicadas atra-
Pequenas Entidades e Norma Contabilística e de Relato vés de aviso no Diário da República, depois de homolo-
Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo gadas pelo membro do Governo responsável pela área das
6.1 — Para as entidades que cumpram os requisitos finanças, com a faculdade de delegar, sendo de aplicação
previstos no n.º 2 do artigo 9.º do presente decreto-lei e obrigatória a partir da data de entrada em vigor indicada
para as entidades referidas nas alíneas e) e g) do n.º 1 do em cada uma delas.
artigo 3.º do mesmo diploma, são propostas pela CNC e
publicada através de aviso no Diário da República, depois Decreto-Lei n.º 99/2015
de homologada pelo membro do Governo responsável pela
área das finanças, com a faculdade de delegar, respetiva- de 2 de junho
mente, a «Norma Contabilística e de Relato Financeiro A Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso
para Pequenas Entidades» (NCRF-PE) e a «Norma Con- foi aprovada pela Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro, alte-
tabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor rada pelas Leis n.os 20/2012, de 14 de maio, 64/2012, de 20
Não Lucrativo» (NCRF-ESNL). Estas normas são de apli- de dezembro, 66-B/2012, de 31 de dezembro, e 22/2015,
cação obrigatória para as entidades que, de entre aquelas, de 17 de março (LCPA), e regulamentada pelo Decreto-
não optem pela aplicação do conjunto das NCRF, com as -Lei n.º 127/2012, de 21 de junho, alterado pelas Leis
necessárias adaptações, no caso das entidades do setor não n.os 64/2012, de 20 de dezembro, e 66-B/2012, de 31 de
lucrativo, ou das normas internacionais de contabilidade dezembro, quanto aos procedimentos necessários à sua
adotadas nos termos do artigo 3.º do Regulamento (CE) implementação.
n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, O objetivo central da LCPA foi o de evitar a acumulação
de 19 de julho de 2002. Quando uma entidade optar pela de pagamentos em atraso nos organismos das Administrações
aplicação do conjunto das NCRF, deve utilizar os modelos Públicas, ao estabelecer que a execução orçamental não pode
de demonstrações financeiras previstos para as entidades conduzir, em momento algum, ao aumento dos pagamentos
sujeitas ao conjunto das NCRF, com as necessárias adap- em atraso, sob pena de reduzir os fundos disponíveis, atra-
tações, no caso das entidades do setor não lucrativo. vés da diminuição da receita que neles pode ser incluída.
6.2 — A NCRF-PE e a NCRF-ESNL condensam os Decorridos dois anos da vigência da LCPA foi criado
principais aspetos de reconhecimento e mensuração, extraí- um Grupo de Trabalho (GT), com a finalidade de proce-
dos das NCRF, tidos como os requisitos mínimos aplicáveis der à avaliação dos impactos decorrentes da aplicação da
às referidas entidades. LCPA, nomeadamente, no que se refere à identificação de
6.3 — Sempre que a NCRF-PE ou a NCRF-ESNL não oportunidades de melhoria.
respondam a aspetos particulares de transações ou situa- Considerando as recomendações efetuadas pelo GT
ções, que se coloquem a dada entidade em matéria de procede-se à alteração do Decreto-Lei n.º 127/2012, de 21
contabilização ou relato financeiro, ou a lacuna em causa de junho, alterado pelas Leis n.os 64/2012, de 20 de dezem-
seja de tal modo relevante que o seu não preenchimento bro, e 66-B/2012, de 31 de dezembro, nomeadamente, no
impeça o objetivo de ser prestada informação que, de forma sentido de clarificar o conceito de compromisso plurianual
verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa de forma a englobar, também, neste conceito os compro-
certa data e o desempenho para o período abrangido, fica missos que são assumidos num ano, gerando obrigação de
desde já estabelecido, tendo em vista tão somente a su-
pagamento no ano ou anos seguintes, de incluir os ativos
peração dessa lacuna, o recurso, supletivamente e pela
e passivos financeiros no conceito de fundos disponíveis,
ordem indicada:
e de aumentar o montante e o prazo para a assunção dos
Às NCRF e NI; encargos relativos a despesas urgentes e inadiáveis.
Às NIC, adotadas ao abrigo do Regulamento (CE) Foram ouvidos os órgãos de governo próprio da Região
n.º 1606/02 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 Autónoma dos Açores.
de julho de 2002; Foi promovida a audição dos órgãos de governo próprio
Às normas internacionais de contabilidade (IAS) e nor- da Região Autónoma da Madeira, da Associação Nacional
mas internacionais de relato financeiro (IFRS), emitidas de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de
pelo IASB, e respetivas interpretações SIC-IFRIC. Freguesias.

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