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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,
EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL

LEGISLAÇÃO SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(Alguns Diplomas sobre a Organização e Funcionamento


da Administração Pública 1990 a 2011)

1ª EDIÇÃO SETEMBRO | 2011


CDI/MAPESS LUANDA
Ficha Técnica

Título:

LEGISLAÇÃO SOBRE
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1990 A 2011
(Alguns Diplomas sobre a Organização e Funcionamento da Administração Pública)

Propriedade
Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social
Rua do 1º Congresso do MPLA nº 5 - Luanda

Selecção/Compilação dos Textos, Montagem Global


Correcção, Edição e Distribuição

Centro de Documentação e Informação/MAPESS

Execução Gráfica/Paginação e Acabamento


EAL – Edições de Angola, Lda.
Rua Vereador Prazeres, nº 41-43A - São Paulo

Tiragem:
1500 Exemplares

Setembro / 2011
LEGISLAÇÃO SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(Alguns Diplomas sobre a Organização e Funcionamento


da Administração Pública 1990 a 2011)

1ª EDIÇÃO SETEMBRO | 2011


CDI/MAPESS LUANDA
NOTA INTRODUTÓRIA

A Lei n.º 17/90, de 20 de Outubro - Sobre os Princípios


a Observar pela Administração Pública - deu início a um novo
ciclo no modo de organização e funcionamento da Adminis-
tração Pública Angolana.

Assim, em consequência da referida lei, foram aprova-


dos vários diplomas regulamentares relacionados com a cons-
tituição da relação jurídica de emprego público, a deontologia
do serviço público, a estruturação dos serviços públicos, a re-
numeração dos funcionários e agentes administrativos, a acti-
vidade da administração pública, a garantia dos direitos dos
cidadãos na relação com a Administração Pública, a gestão de
recursos humanos e a formação profissional, o regime disci-
plinar, entre outras matérias.

As matérias supra citadas tem despertado o interesse de


um vasto público, dentre os quais, académicos, estudantes e
até mesmo de funcionários públicos, além de constituir tam-
bém objecto de estudo nas instituições universitárias.

A publicação da presente brochura de legislação visa reu-


nir alguns diplomas legais que conformam o ordenamento ju-
rídico da Administração Pública desde 1990 até o primeiro
semestre de 2011 de modo a proporcionar um fácil acesso a
todos os grupos interessados no conhecimento da legislação
sobre a Administração Pública.

Luanda, Setembro de 2011


INDICE

1990
Página
Ø Lei nº. 17/90, de 20 de Outubro; da Assembleia do Povo: Princí-
pios a observar na Administração Pública .- D.R. nº. 46.- 15

1991
Ø Decreto nº. 24/91, de 29 de Junho; do Conselho de Ministros: Es-
tabelece os princípios gerais da estruturação das carreiras na função
pública .- D.R nº. 27.- 25
Ø Decreto nº. 25/91, de 29 de Junho; do Conselho de Ministros: Es-
tabelece a relação jurídica de emprego na Administração Pública .-
Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto
.- D.R. nº. 27.- 41
Ø Decreto nº. 33/91, de 26 de Julho; do Conselho de Ministros: So-
bre o regime disciplinar dos funcionários públicos e agentes admi-
nistrativos .- Revoga toda a legislação que contrarie o presente de-
creto .- D.R. nº. 31.- 55

1992
Ø Lei nº 2/92, de 17 de Janeiro : Da Inspecção Geral da Administra-
ção do Estado .- D.R. nº 3 .- 75
Ø Rectificação de 16 de Setembro; A Lei nº 2/92, de 17 de Janeiro:
Da Inspecção Geral da Administração do Estado .- D.R. nº 38 .- 87

1994
Ø Lei nº 2/94, de 14 de Janeiro; da Assembleia Nacional: Da impu-
gnação dos actos administrativos .- Revoga toda a legislação que con-
trarie o disposto na presente lei .- D.R. nº 2.- 91
Ø Decreto-Lei nº 10/94, de 24 de Junho; do Conselho de Ministros:
Aprova o regime jurídico das férias, faltas e licenças na Administração
Pública .- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre-
sente diploma .- DR nº 25.- 99
Ø Decreto nº 24/94, de 24 de Junho; do Conselho de Ministros: Apro-
va as Bases Gerais para a Reconversão de Carreira .- D.R nº 25.- 113
Ø Decreto-Lei nº 12/94, de 1 de Julho; do Conselho de Ministros: Es-
tabelece o regime jurídico e condições de exercício de cargos de di-
recção e chefia .- DR nº 26.- 125

9
Ø Decreto-Lei nº 13/94, de 1 de Julho; do Conselho de Ministros: Es-
tabelece a orgânica dos Serviços Públicos Centrais e Locais da Ad-
ministração do Estado .- Revoga a lei nº 7/79, de 22 de Junho e der-
roga a lei nº 21/88, de Dezembro, na parte que contrarie o disposto
no presente diploma .- DR nº 26.- 141

Ø Decreto nº 25/94, de 1 de Julho; do Conselho de Ministros: Esta-


belece as regras e procedimentos a observar na classificação dos fun-
cionários públicos .- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto 155
no presente diploma .- D.R nº 26.-

Ø Resolução nº 27/94, de 26 de Agosto; do Conselho de Ministros:


Aprova a Pauta Deontológica do Serviço Público, D.R.. nº 37.- 165

Ø Rectificação de 9 de Setembro; Ao Decreto – Lei nº 12/94, de 1 de


Julho: Sobre o exercício de cargo de Direcção e Chefia.- D.R. nº 41 .- 173

Ø Decreto-Lei nº 21-A/94, de 16 de Dezembro; do Conselho de Mi-


nistros: Sobre o sistema retributivo da Função Pública. Revoga toda
a legislação que contrarie o disposto no presente diploma .- D.R. nº
56 SUPL.- 177

Ø Decreto nº 53/94, de 30 de Dezembro; do Conselho de Ministros:


Assegura uma remuneração compatível com seu perfil ao pessoal an-
golano ligado à Administração Pública que participa em projectos com
financiamento externo .- D.R. nº 60 .- 189

1995
Ø Lei nº 9/95, de 15 de Setembro; da Assembleia Nacional: Das em-
presas Públicas .-Revoga toda legislação que contrarie a presente lei,
nomeadamente a Lei nº 11/88, de 9 de Julho .- D,R. nº 37.- 195

Ø Decreto nº 27/95, de 27 de Outubro; do Conselho de Ministros: Fixa


o número de unidades e sub-unidades orgânicas que cada organis-
mo deve possuir na sua estrutura .-D.R. nº 43 .- 219

Ø Decreto nº 31/95, de 10 de Novembro; do Conselho de Ministros:


Determina que o número de Direcções Nacionais a existir nos Mi-
nistérios afectos ao sector primário da economia, não poderá ser su-
perior a quatro .- D.R. nº 45 .- 223

Ø Decreto-Lei nº 16-A/95, de 15 de Dezembro; do Conselho de Mi-


nistros: Aprova as Normas do Procedimento e da Actividade Ad-
ministrativa - D.R. nº 50, II suplemento. 227

10
1996
Ø Decreto-Lei nº 4-A/96, de 5 de Abril; do Conselho de Ministros:
Aprova o Regulamento do Processo do Contencioso Administrati-
vo .- D.R. nº D.R. nº 14 (Supl.).- 265
Ø Lei nº 8/96, de 19 de Abril; da Assembleia Nacional: Sobre a sus-
pensão da eficácia do acto Administrativo. - D.R. nº 16.- 303
Ø Decreto nº 22/96, de 23 de Agosto; do Conselho de Ministros: Sobre
o pessoal do quadro definitivo, eventual e assalariado .- D.R. nº 36.- 309

1999
Ø Decreto nº 28/99, de 16 de Setembro; do Conselho de Ministros:
Sobre a composição e regime jurídico do pessoal dos Gabinetes,
dos titulares dos órgãos da Administração Local do Estado .- Re-
voga toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma
e o artigo 14º do decreto nº 26/97, de 4 de Abril .- D.R. nº 38.- 315

2001
Ø Decreto nº 20/01, de 6 de Abril; do Conselho de Ministros: Esta-
belece o regime remuneratório especial para o pessoal de direcção,
chefia e da carreira técnica de inspecção. Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto ao presente diploma .- D.R. nº 16 .- 325

2002
Ø Decreto-Lei nº 8/02, de 18 de Junho; do Conselho de Ministros: So-
bre o agravamento das faltas injustificadas do pessoal da função pú-
blica .- Revoga todas as disposições que contrariem o disposto no pre-
sente diploma .- D.R. nº 48.- 331
Ø Decreto nº 66/02, de 25 de Outubro; do Conselho de Ministros: Re-
gulamenta a prestação de trabalho extraordinário na função pública
.- D.R. nº 85.- 335

2003
Ø Decreto nº 9/03, de 28 de Outubro; do Conselho de Ministros: Es-
tabelece as regras de organização, estruturação e funcionamento dos
Institutos Públicos. - Revoga o Decreto-lei nº 1/01, de 24 de Maio.
- D.R. nº 85 .- 341

2005
Ø Resolução nº 1/05, de 9 de Maio; do Tribunal de Contas: Aprova
vários princípios a observar na admissão, selecção, promoção, reforma
e mobilidade dos funcionários ou agentes administrativos para a fun-
ção pública .- D.R. nº 55.- 357

11
2007
Ø Decreto executivo nº 95/07, de 17 de Agosto; do MAPESS: Sim-
plifica os procedimentos para admissão aos concursos públicos de in-
gresso à função pública .- D.R. nº 99 .- 361

2008
Ø Decreto nº 6/08, de 10 de Abril; do Conselho de Ministros: Admi-
te a título excepcional a contratação de cidadãos nacionais com mais
de 35 anos de idade cujas qualificações académica e profissional ad-
quiridas no País ou no estrangeiro satisfaçam a demanda do sector
público .- D.R. nº 65.- 365

2010
Ø Lei nº 3/10, de 29 de Março; da Assembleia Nacional: DA PRO-
BIDADE PÚBLICA .- D.R. nº 57 .- 371

Ø Lei nº 10/10, de 30 de Junho; da Assembleia Nacional: “De” Altera-


ção da Lei nº 9/95, de 15 de Setembro – Lei das Empresas Pública .-
Revoga toda a legislação que contrarie a presente lei .- D.R. nº 121 .- 391

Ø Lei nº 11/10, de 30 de Junho; da Assembleia Nacional: Sobre o re-


gime jurídico e o estatuto remuneratório dos titulares da função exe-
cutiva do Estado.- Revoga a Lei nº 13/96, de 31 de Maio e toda a le-
gislação que contrarie a presente lei .- D.R. nº 121 .- 397

Ø Lei nº 17/10, de 29 de Julho; da Assembleia Nacional: Da organi-


zação e financimento dos órgãos de Administração Local do Esta-
do. - Revoga o Decreto-Lei nº 2/07, de 3 de Janeiro .- D.R. nº 142 405
.-

2011
Ø Decreto Presidencial nº 40/11, de 4 de Março: Altera a composição
dos Gabinetes dos Governadores e Vice-Governadores, Administradores
Municipais e Adjuntos e Administradores Comunais e Adjuntos .- Re-
voga os quadros de pessoal anexo ao Decreto nº 28/99, de 16 de Setembro
e toda a legislação que contrarie o presente diploma .- D.R. nº 43 .- 443

Ø Decreto Presidencial nº 102/11, de 23 de Maio: Estabelece os prin-


cípios gerais sobre o recrutamento e selecção de candidatos na Ad-
ministração Pública .- Revoga os Decretos nº 22/91, de 29 de Junho
e 2/94, de 18 de Fevereiro e toda a legislação que contrarie o presente
diploma .- D.R. nº 95 .- 449

12
Ø Decreto Presidencial nº 104/11, de 23 de Maio: Define as condi-
ções e procedimentos de elaboração, gestão e controlo dos quadros
de pessoal da Administração Pública.- Revoga toda a legislação que
contrarie o presente diploma .- D.R. nº 95 .- 461

Ø Lesgislação complementar 473


1990

ASSEMBLEIA DO POVO

LEI Nº 17/90
DE 20 DE OUTUBRO
(D.R. Nº 46/90, — 1ª SÉRIE)

“Princípios a observar na Administração Pública”


Lei n.º 17/90
de 20 de Outubro

Adequar a Administração Pública à evolução da sociedade é um desafio


que o governo deve enfrentar no seu programa como missão prioritária.
Tal desiderato exige uma reforma gradativa e selectiva da Administração
que deverá traduzir a melhoria do serviço a prestar.
É pois, com o objectivo de criar condições à administração para recrutar,
manter e desenvolver os recursos humanos necessários à consecução das suas
funções que deverão ser aprovados os princípios gerais de constituição da relação
do emprego, promoção, renumeração, segurança social e gestão da administração
pública, etc.
Visa-se assim, não só corrigir os manifestos desajustamentos e desequi-
líbrios que a administração pública hoje conhece, como ainda adequá-la ao novo
quadro de exigências de conhecimentos requeridos aos serviços públicos.
Tais princípios serão posteriormente desenvolvidos e completados por leg-
islação regulamentar que conferirão suporte material e exeqüível aos princípios
consagrados na presente lei.
Nestes termos ao abrigo da alínea b) do artigo 38º da lei constitucional e
no uso da faculdade que me é conferida pela alínea i) do artigo 53ª da mesma lei,
a Assembleia do Povo aprova e eu assino e faço publicar a seguinte lei:

SOBRE OS PRINCÍPIOS A OBSERVAR PELA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA.

Capítulo I

Artigo 1.°
(Princípios fundamentais)

1. A Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no


respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.
2. Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à lei, devendo
actuar com justiça e imparcialidade no exercício das suas funções.

Capítulo II
Objecto e âmbito

Artigo 2.º
(Objecto)

A presente lei estabelece os princípios gerais em matéria de emprego


público, regime e estruturação de carreiras, remuneração, segurança social, for-
mação e disciplina administrativa pública.

17
Artigo 3.°
(Âmbito institucional)

1. O presente diploma aplica-se aos serviços, organismos e órgãos da ad-


ministração pública.
2. O presente diploma aplica-se ainda aos serviços, organismos e órgãos
de natureza administrativa que estejam na dependência do Presidente da
República e da Assembleia do Povo e locais representativos do poder.

Artigo 4.º
(Âmbito Pessoal)

1. Considera-se abrangido pelo presente diploma o pessoal que exercendo


funções nos órgãos e organismos do estado se encontre sujeito ao regime da
Função Pública.
2. A disposição do presente diploma são aplicáveis ás Forças Armadas, Segu-
rança e Ordem Interna, com as adaptações decorrentes dos seus estatutos específicos.
3. Excluem-se do âmbito do presente diploma os deputados, magistrados
judiciais e os magistrados do Ministério Público.

Capítulo III
Princípios gerais do emprego público

Artigo 5.°
(Deontologia do serviço Público)

No exercício das suas funções públicas os funcionários e agentes da Ad-


ministração do Estado estão exclusivamente ao serviço do interesse público, de-
vendo actuar com urbanidade e respeito à lei nas suas relações com os cidadãos.

Artigo 6.º
(Constituição da Relação Jurídica de Emprego)

A relação jurídica do emprego na Administração constitui-se com base em


acto administrativo ou em contrato.

Artigo 7.º
(Nomeação)

1. A nomeação é um acto unilateral, cuja eficácia está condicionada à aceitação


por parte do nomeado e pelo qual se visa o preenchimento de um lugar do quadro.
2. A nomeação poderá ser eventualmente em comissão de serviço.

Artigo 8.º
(Contrato)

O contrato é um acto bilateral, nos termos do qual presta-se um serviço


público.

18
Artigo 9.º
(Contrato de prestação de serviço)

A Administração pode celebrar contratos com o objectivo de simplificar


a gestão de serviço e racionalizar os recursos financeiros.

Artigo 10.º
(Exclusividade de funções)

1. O exercício de funções públicas rege-se pelo principio da exclusividade.


2. Não é permitida a acumulação de cargos ou lugar na Administração
Pública, salvo quando devidamente fundamentada em motivo de interesse
público, nas seguintes condições:

a) inerência de função;
b) actividades de carácter ocasional que possam ser consideradas como
complemento da actividade principal;
c) actividades docentes em estabelecimentos de ensino cujo horário seja
compatível com o exercício do cargo.

3. O exercício de Funções na Administração Pública é incompatível com


o exercício de quaisquer outras actividades que:

a) sejam consideradas incomparáveis por lei;


b) tenham um horário total ou particularmente coincidente com o exercí-
cio da Função Pública;
c) sejam susceptíveis de comprometer a imparcialidade exigida pelo in-
teresse público no exercício da função pública.

4. A acumulação de cargos ou lugares, bem como o exercício de outras


actividades por funcionários ou agentes da Administração do Estado dependem
da autorização do superior hierárquico.

Capítulo IV
(Princípios sobre estruturação dos Serviços Públicos)

Artigos 11.º
(Organização dos órgãos da Administração do Estado)

Lei especial regulará a estrutura orgânica interna dos serviços públicos.

Capítulo V
(Princípios sobre remuneração)

Artigo 12.º
(Remuneração)

Remuneração é o conjunto de proventos de natureza pecuniária que os


funcionários e agentes administrativos auferem como correspondentes às funções
públicas que exerçam.

19
Artigo 13.º
(Principio da remuneração)

1. A remuneração estrutura-se com base em princípios de equidade interna


e externa.
2. A equidade interna visa salvaguardar a relação de proporcio-nalidade
entre as responsabilidades de cada cargo e a correspondente remuneração.
3. A equidade externa visa alcançar o equilíbrio relativo em termos de re-
muneração de cada função no contexto do mercado de trabalho.

Artigo 14.º
(Componentes do sistema retributivo)

A remuneração na função pública é composta:

a) salário base;
b) prestações sociais;
c) suplementos;

Artigo 15.º
(Salário base)

O salário base é determinado pelo grupo correspondente à categoria em


que está enquadrado.

Artigo 16.º
(Prestações sociais)

As prestações sociais são constituídas pelas prestações complementares e


abonos de família.
Artigo 17.º
(suplementos)

Os complementos são atribuídos em função das particularidades especificas


de prestação de trabalho e só podem ser considerados os que se fundamentem em:

a) trabalho extraordinário nocturno, em dias de descanso semanal, feri-


ados ou regimes especiais de prestação de trabalho;
b) trabalho prestado em condições de risco, penosidade ou insalubridade;
c) incentivos à fixação no interior nos termos e zonas a definir;
d) trabalho em regime de turnos;
e) acumulação por substituição;
f) diuturnidade.

20
Capítulo VI
(Princípios gerais sobre gestão)

Artigo 18.º
(Quadros de pessoal)

1. Os quadros de pessoal dos distintos órgãos da Administração Central


local são os que constarem da lei e só estes poderão ser inseridos nas tabelas orça-
mentais.
2. O quadro orgânico de cada serviço ou órgão administrativo deve con-
ter o elenco de lugares, cargos e a identificação das categorias necessárias e ade-
quadas à prossecuçao das respectivas atribuições.

Artigo 19.º
(Carreiras)

1. Aos indivíduos que ingressem na Administração Pública com carácter


profissional será assegurado a respectiva carreira.
2. Nos serviços de Administração, conforme as especialidades, haverá o
escalonamento por categorias e graus dos funcionários e agentes.
3. As categorias e graus serão fixados por diploma próprio, devendo tanto
quanto possível ter designação uniforme.

Artigo 20.º
(Ingresso)

1. O ingresso na Função Pública faz-se mediante concurso de provimento.


2. O ingresso em cada carreira faz-se em regra, no primeiro escalão da cate-
goria de base na sequência, de concurso independentemente de aproveitamento
em estágio probatório.
3. O ingresso definitivo na carreira pode ser condicionado à frequência
com aproveitamento de estágio probatório, em termos regulamentar devendo neste
caso o concurso proceder o estágio.

Artigo 21.º
(Acesso)

1. É obrigatório concurso para acesso nas carreiras da função pública.


2. O acesso faz-se por promoção.
3. A promoção é a mudança para a categoria seguinte da respectiva carreira
e opera-se para o escalão a que corresponda a remuneração base imediatamente
superior.
4. A promoção depende da verificação cumulativa das seguintes
condições:

a) existência de vaga;
b) mérito adequado;

21
c) tempo de serviço mínimo na categoria.
5. O acesso nas carreiras horizontais faz-se por progressão não carecendo de concurso.

Artigo 22.º
(Progressão)

1. A progressão faz-se pela mudança de escalão na mesma categoria.


2. O número de escalão em cada categoria ou carreira horizontal, os mó-
dulos do tempo e o mérito necessário, serão objecto de regulamentação legal.

Artigo 23.º
(Formação profissional)

1. O direito à formação profissional na administração desenvolve--se num


quadro integrado de gestão e racionalização dos meios formativos existentes
viando modernizar e promover a eficácia e eficiência dos serviços a desenvolver
e qualificar os recursos.
2. As instituições científicas vocacionadas para a Administração Pública
deverão apoiar, documentar e desenvolver programas de formação profissional
com carácter sistemático, articulando as prioridades de desenvolvimento dos
serviços com os planos individuais de carreira.
3. Na elaboração dos planos de actividade face aos objectivos anuais a
prosseguir, devem os serviços e organismos prever e orçamentar programas de
formação profissional.

Artigo 24.º
(Segurança Social)

1. Em todas as situações de prestações de trabalho subordinado á Adminis-


tração é obrigatório a inscrição no sistema unificado da Segurança Social.
2. A Administração Pública só pode celebrar contratos de prestação de
serviços com entidades individuais ou colectivas que, nos termos da lei, tenham
regularizadas as suas obrigações com a Segurança Social.

Capítulo VII
(Princípios gerais sobre disciplina e a hierarquia
na Administração Pública)

Artigo 25.º
(Responsabilidade)

Os funcionários e os agentes administrativos são responsáveis hierárquica


e disciplinarmente perante as autoridades a que estejam subordinadas.

Artigo 26.º
(Penas disciplinares)

1. As penas disciplinares, sem prejuízo de regimes especiais a aplicar aos


funcionários, consistem no seguinte:
22
a) admoestação verbal;
b) censura registada;
c) multa;
d) despromoção;
e) demissão;

2. Exceptuando a admoestação verbal, todas as penas devem constar do re-


gisto biográfico do funcionário e a sua aplicação deve ser sempre precedida de um
processo disciplinar escrito.

Capítulo VIII
Disposições finais e transitórias

Artigo 27.º
(Processo administrativo)

1. Para apreciaçao das questões contenciosas digam respeito á Adminis-


tração Pública, bem como a fiscalização sobre actos que envolvem nomeação ou
contratação de funcionários da Administração Pública, serão competentes as salas
e câmaras dos tribunais populares provinciais e do tribunal popular supremo.
2.Lei especial regulará o processo administrativo gracioso.

Artigo 28.º
(Revogação de legislação)

É revogada toda legislação que contrarie a presente lei.

Artigo 29.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas resultantes da interpretação e aplicação da presente lei serão re-


solvidas pelo Conselho de Ministros.

Artigo 30.º
(Entrada em vigor)

Esta lei entra imediatamente em vigor.


Vista e aprovada pela Assembleia do Povo.

Publique-se.
Luanda, aos 20 de outubro de 1990.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

23
1991

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 24/91
DE 29 DE JUNHO
(D.R. Nº 27/91 – 1ª SÉRIE)

“Estabelece os princípios gerais da estruturação das carreiras na função pública”


Decreto n.º 24/91
de 29 de Junho
A Lei n.° 17/90 de 20 de Outubro, sobre os princípios Gerais a observar
pela Administração Pública, estabelece nos seus artigos 19.°, 20.°, 21.°, 22.°, os
princípio gerais sobre a gestão do pessoal, no que concerne as carreiras, ingres-
so, acesso e progressão na Administração Pública:
Convindo regulamentar aquelas disposições legais, com o objectivo de mo-
ralizar, motivar e valorizar o exercício da função publica:
Nos termos da alínea b) do artigo 58.° da Lei Constitucional e no uso da
faculdade que me e conferida pela alínea i) do artigo 53.° da mesma Lei, o Con-
selho de Ministros decreta e eu assino e faço publicar o seguinte:

CAPÍTULO I
Objecto e Âmbito de Aplicação

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma estabelece os princípios gerais da estruturação das carrei-


ras, bem como a estrutura e o regime das carreiras de regime geral da função pública.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

As disposições do presente diploma e os seus anexos são aplicáveis a todo


os serviços da Administração Central e Local do Estado.

CAPÍTULO II
Princípios Gerais

ARTIGO 3.°
(Carreira e Emprego)

1. O exercício das funções podem ser asseguradas em regime de carreiras


ou em regime de emprego.
2. O desempenho de funções públicas que correspondam as necessidades
permanentes e próprias dos serviços deve ser assegurado por pessoal em regime
de carreiras.
3. O desempenho de funções públicas que não correspondam às necessi-
dade permanentes deve ser assegurado em regime de emprego por pessoal admi-
tido por contrato administrativo de provimento ou por contrato de trabalho a ter-
mo certo.
4. A carreira estrutura-se na base do princípio de adequação as funções e
desenvolve-se de acordo com as regras gerais de ingresso e acesso definidas no
presente diploma sem prejuízo da existência de requisitos especiais com relação
a carreiras especificas.

27
ARTIGO 4.°
(Carreira e categoria)

1. A carreira é o conjunto hierarquizado de categorias as quais corres-


pondam funções da mesma natureza a que os funcionários terão acesso de acor-
do com a antiguidade e o mérito evidenciado no desenvolvimento profissio-
nal.

2. Categoria é a posição que os funcionários ocupam no âmbito de uma car-


reira. Fixada de acordo com o conteúdo e qualificação da função ou funções re-
ferida na tabela salarial da função pública.

ARTIGO 5.°
(Estrutura da carreira)

As carreiras estruturam-se em:

a) verticais quando integram categorias com o mesmo conteúdo funcional


diferenciadas em exigências complexidade e responsabilidade;
b) horizontais quando integram categorias com o mesmo conteúdo funcional
cuja a mudança de categoria corresponda apenas a maior eficiência na
execução das respectivas tarefas.

ARTIGO 6.°
(Carreira de regime geral e carreira de regime especial)

1. A estruturação da carreira faz-se de acordo a princípios e o desenvolvi-


mento geral de carreiras previsto no presente diploma e os seus mapas anexos, só
podendo essa estruturação seguir uma ordenação própria quando procedendo as
adequadas acções de analise, descrição e qualificação de conteúdos funcionais, se
conclua pela necessidade de um regime especial.

2. No âmbito das carreiras de regime especial integra-se tão só o pessoal


a quem compete assegurar funções que, atenta a sua natureza e especificidade, de-
vem ser prosseguidas por um agrupamento de pessoal especializado e inserido numa
carreira criada para o efeito.
3. São também carreiras do regime geral independentemente das designa-
ções especificas que adoptem aquelas a que correspondam requisitos habilitacio-
nais e remuneração idêntica as do regime geral.

ARTIGO 7.°
(Criação ou reestruturação de carreiras)

1. A criação de carreiras não previstas nos quadros da função pública bem


como a reestruturação das já existentes serão acompanhadas da descrição dos res-
pectivos conteúdos funcionais e dos requisitos exigíveis.

28
2. Os diplomas que concretizam o disposto no número anterior deverão ser
acompanhados de estudo justificativo, fundamentando nos resultados obtidos em
acções de analise de funções sem o que não serão aprovados.

ARTIGO 8.°
(Estruturação dos quadros de pessoal)

1. Os quadros de pessoal devem agrupar o pessoal em:

a) pessoal de direcção e chefia;


b) pessoal técnico superior;
c) pessoal técnico;
d) pessoal técnico médio;
e) pessoal Administrativo;
f) pessoal auxiliar.

2. Quando se trate de carreiras de regime especial o agrupamento de pes-


soal nos respectivos quadros pode fazer-se com as adaptações necessárias.

3. Os quadros de pessoal devem ainda ser estruturados de acordo com as


necessidades permanentes dos serviços não podendo o número de lugares de cada
categoria exceder o da categoria imediatamente inferior.

4. Os quadros de pessoal não podem prever dotações globais por carreiras,


salvo nos casos devidamente fundamentados.

ARTIGO 9.°
(Ingresso e forma de acesso)

1. O ingresso em qualquer carreira efectua-se na categoria mais baixa ob-


servados os respectivos requisitos gerais e especiais e de acordo com os princí-
pios legais vigentes em matéria de recrutamento e selecção.

2. O acesso nas carreiras verticais faz-se por promoção depende da exis-


tência de vaga e da observância dos períodos mínimos de permanência na cate-
goria imediatamente inferior e obedece as demais disposições legais sobre con-
curso de acesso.
3. O acesso nas carreiras horizontais faz-se por progressão verificando-se
a mudança de categoria após a permanência de 5 anos nas categoria anteriores.

4. A promoção e a progressão nas carreiras ficam sujeitas a atribuição de


classificação de serviço graduada pelo menos em bom ou equivalente durante o
tempo de permanência nas categorias imediatamente inferiores de cada carreira.

5. Em casos excepcionais devidamente fundamentados poderá ser permi-


tido o ingresso nas diferentes categorias das carreiras previstas neste diploma res-
peitados os requisitos habilitacionais e experiência adequados.

29
ARTIGO 10.°
(Intercomunicabilidade horizontal)

1. Quaisquer funcionários possuidores das habilitações literárias exigidas


podem ser opositores a concurso para lugares de acesso de carreiras integradas no
mesmo grupo de pessoal desde que:
a) a categoria a que se candidatem corresponda na estrutura dessa carrei-
ra salário igual ou imediatamente superior a que detêm;
b) se observem os requisitos gerais e especiais para acesso;
c) exista identidade ou afinidade entre os conteúdos funcionais de uma e
outra carreira.

2. Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior considera-se existir:

a) identidade de conteúdo funcional quando a natureza e complexidade


das tarefas e responsabilidade inerentes as categorias e ou as funções
exercidas forem idênticas;
b) afinidade de conteúdo funcional quando a natureza e complexidade das
tarefas e responsabilidades inerentes as categorias e ou as funções fo-
rem semelhantes.

ARTIGO 11.°
(Intercomunicabilidade vertical)

1. Quaisquer funcionários possuidores das habilitações literárias exigidas


podem ser opositores a concurso para lugares de categorias de acesso de carrei-
ras de um grupo de pessoal diferente desde que:

a) ao lugar a que se candidatem corresponda na estrutura dessa carreira gru-


po salarial igual ou imediatamente superior quando não se verifique coin-
cidência de grupo;
b) se trate de carreiras inseridas na mesma área funcional.

2. Também os funcionários não possuidores dos requisitos habilitacionais


legalmente exigidos podem candidatar-se à concurso para lugares de categorias
pertencentes as carreiras de grupos de pessoal diferentes desde que pertencentes
a mesma área funcional e obtenham aprovação em cursos de capacitação promo-
vidos para o efeito.

CAPÍTULO III
Regime geral das carreiras

ARTIGO 12.°
(Carreira técnica superior-composição)

A carreira técnica superior integra as seguintes categorias:

30
a) assessor principal;
b) primeiro-assessor;
c) assessor;
d) técnico superior principal;
e) técnico superior de l.ª classe;
f) técnico superior de 2.ª classe.

ARTIGO 13.°
(Recrutamento para a carreira técnico superior)

O recrutamento para as categorias da carreira Técnica Superior obedece às


seguintes regras:

a) Assessor Principal — De entre Primeiros-Assessores com pelo menos


3 anos de serviço, classificação, no mínimo de bom;
b) Primeiros-Assessores — De entre Assessores com pelo menos 3 anos de
serviço nas respectivas categorias, classificados de muito bom ou 5 anos,
classificados, no mínimo de bom;
c) Assessores — De entre Técnicos Superiores Principais com pelo menos
3 anos nas respectivas categorias, classificados de muito bom ou 5 anos,
classificados no mínimo de bom e mediante aprovação em concurso de
promoção que consistirá na apreciação e discussão do currículo profis-
sional do candidato;
d) Técnicos Superiores Principais - De entre Técnicos Superiores de 1.ª clas-
se, com 3 anos na categoria classificados de bom;
e) Técnicos Superiores de 1.ª classe — De entre Técnicos Superiores de
2.ª classe, com 3 anos na categoria, classificados de bom;
f) Técnicos Superiores de 2.ª classe — De entre os indivíduos habilita-
dos com o grau de licenciatura.

ARTIGO 14.°
(Conteúdo funcional do pessoal do grupo técnico superior)

1. Para as categorias previstas nas alíneas a), b) e c) do artigo anterior, as


funções são as seguintes:

Funções Consultivas de natureza Científico-Técnica, exigindo um eleva-


do grau de qualificação, de responsabilidade, iniciativa e autonomia, assim como
um domínio total da área de especialização, de uma visão global da Administra-
ção, que permita a interligação de vários quadrantes e domínios de actividade, ten-
do em vista a preparação de tomada de decisão.

31
2. Para as categorias previstas nas alíneas d) e e) do mesmo artigo, as fun-
ções são as seguintes:
Funções de investigação, estudo, concepção e adaptação de métodos e pro-
cessos Científico-Técnicos, de âmbito geral especializado, executadas com auto-
nomia e responsabilidade, tendo em vista informar a decisão superior, requeren-
do uma especialização e formação a nível de licenciatura.

ARTIGO 15.°
(Carreira técnica-composição)

A carreira técnica integra as seguintes categorias:

a) especialista principal;
b) especialista de 1.ª classe;
c) especialista de 2.ª classe;
d) técnico de 1.ª classe;
e) técnico de 2.ª classe;
f) técnico de 3.ª classe.

ARTIGO 16.°
(Recrutamento para a carreira técnica)

O recrutamento para a carreira técnica obedece as seguintes regras:

a) Especialista Principal — De entre especialistas de 1.ª classe, com pelo


menos 3 anos na categoria classificados de muito bom ou 5 anos, clas-
sificados no mínimo de bom;
b) Especialista de 1.ª classe — De entre especialistas de 2.ª classe, com pelo
menos 3 anos na categoria, classificados de bom;
c) Especialista de 2.ª classe — De entre técnicos de 2.ª classe, com pelo
menos 3 anos na categoria, classificados de bom;
d) Técnicos de 1ª classe — De entre técnicos de 2.ª classe, com pelo me-
nos 3 anos na categoria, classificados de bom;
e) Técnicos de 2.° classe — De entre técnicos de 3.ª classe, com pelo me-
nos 3 anos na categoria, classificados de bom;
f) Técnicos de 3.ª classe — De entre os indivíduos habilitados com grau
de bacharel ou equivalente

ARTIGO 17.°
(Conteúdo funcional do pessoal do grupo técnico)

Para as categorias previstas no artigo 15.°, as funções são as seguintes:

Funções de estudo e aplicação de métodos e processos de natureza técni-


ca, com autonomia e responsabilidade, enquadradas em planificação estabeleci-
da, requerendo uma especialização e conhecimento profissionais.

32
ARTIGO 18.°
(Carreira técnica média composição)

A carreira Técnica Média integra as seguintes categorias:

a) técnico médio principal de 1.ª classe;


b) técnico médio principal de 2.ª classe;
c) técnico médio principal de 3.ª classe;
d) técnico médio de 1.ª classe;
e) técnico médio de 2.ª classe;
f) técnico médio de 3.ª classe.

ARTIGO 19.°
(Recrutamento para a carreira técnica média)

O recrutamento para a carreira Técnica Média obedece as seguintes regras:

a) Técnico Médio Principal de 1.ª classe — De entre técnicos médios prin-


cipais de 2.ª classe, com pelo menos 3 anos na categoria classificados
de muito bom ou 5 anos classificados de bom;
b) Técnico Médio Principal de 2.ª classe — De entre técnicos médios prin-
cipais de 3.ª classe, com um mínimo de 3 anos na categoria classifica-
dos de bom;
c) Técnico Médio Principal de 3.ª classe — De entre técnicos médios de
1.ª classe, com um mínimo de 3 anos na categoria, classificados de bom;
d) Técnico Médio de 1.ª classe — De entre técnicos médios de 2.ª classe,
com um mínimo de 3 anos na categoria, classificados de bom;
e) Técnico Médio de 2.ª classe — De entre técnicos médios de 3.ª classe,
com um mínimo de 3 anos na categoria, classificados de bom;
f) Técnico Médio de 3.ª classe — De entre indivíduos habilitados com cur-
so médio, II Ciclo do Ensino Secundário ou Equivalente e indivíduos Di-
plomados com cursos de Formação Técnico-Profissional de duração não
inferior a 18 meses, para além da 10.ª classe de escolaridade.

ARTIGO 20.°
(Conteúdo funcional do pessoal do grupo técnico médio)

Para as categorias previstas no artigo 18.° as funções são as seguintes:

Funções de natureza executiva de aplicação técnica com base no conheci-


mento ou adaptação de métodos e processos enquadrados em Directivas bem de-
finidas, exigindo conhecimentos técnicos teóricos e práticos.

33
ARTIGO 21.°
(Carreira administrativa-composição)

A carreira administrativa integra as seguintes categorias:

a) oficial administrativo principal;


b) primeiro-oficial;
c) segundo-oficial;
d) terceiro-oficial;
e) aspirante;
f) escriturário-dactilógrafo.

ARTIGO 22.°
(Recrutamento para a carreira administrativa)

O recrutamento para as categorias da carreira administrativa obedece as se-


guintes regras:

a) Oficial Administrativo Principal — De entre primeiros-oficiais com um


mínimo de 3 anos na categoria, classificados de bom;
b) Primeiro-Oficial — De entre segundos-oficiais com um mínimo de 3 anos
na categoria, classificados de bom;
c) Segundo-Oficial — De entre terceiros-oficiais com um mínimo de 3 anos
na categoria, classificados de bom;
d) Terceiro-Oficial — De entre os aspirantes com um mínimo de 3 anos na
categoria, classificados de bom;
e) Aspirantes — De entre os escriturários-dactilógrafos com um mínimo
de 3 anos na categoria, classificados de bom;
f) Escriturário-Dactilógrafo — De entre os indivíduos habilitados com a 8.ª
classe de escolaridade, possuidores de noções profundas de serviço de
dactilografia e conhecimento geral da organização e da actividade de-
senvolvida na estrutura a que se candidata.

ARTIGO 23.°
(Conteúdo funcional do grupo administrativo)

Para as categorias previstas no artigo 21.°, as funções são as seguintes:

a) Oficial Administrativo Principal:

Conhece e domina todas as tarefas acometidas a escalões de nível inferior


e executa com rigôr trabalhos de investigação, de organização e desenvolvimen-
to do seu sector de actividade;
Prepara e aplica metodologias de pesquisa e apresenta os resultados obtidos.

b) Primeiro - Oficial Administrativo:

Elabora propostas, informações e pareceres e prepara documentos para des-


pacho superior;

34
Organiza acompanha e orienta o trabalho do seu Sector e Trabalhadores que
lhe sejam subordinados;
Colabora nas acções de Planificação Financeira e Orçamental e de Formação
Técnico-Profissional aos funcionários, bem como nas acções de avaliação
e concursos;
Aplica técnicas e métodos de gestão de Força de Trabalho e Salários, colabo-
ra na preparação e execução dos programas de acção da estrutura a que pertence;
Executa actividade patrimonial;
Executa outras tarefas que lhe sejam determina das a este nível de com-
plexidade.

c) Segundo - Oficial Administrativo:

Executa com rigôr as tarefas atribuídas aos escalões inferiores, com co-
nhecimento e estudo da legislação reguladora e normadora da sua actividade;
Executa, examina e confere os documentos e livros contabilísticos, processa
salários e presta informações e pareceres sobre situações relacionadas com
o seu trabalho, para decisão superior;
Organiza processos disciplinares, processos de contas e de património, elabo-
ra certidões de serviço e de efectividade e organiza processos de aposentação;
Executa actividade de economato;
Executa outros trabalhos de idêntica complexidade que lhe sejam deter-
minados.

d) Terceiro - Oficial Administrativo:

Executa com perfeição as tarefas acometidas ao Aspirante e em particular;


Informações e propostas de pequena complexidade, actas, relatórios e ou-
tro expediente comum relacionado com o seu sector de trabalho;
Classifica documentos de contabilidade e pratica actos de execução Orça-
mental e Patrimonial;
Confere facturas, faz registos e lançamentos de contabilidade;
Preenche fichas de contabilidade e inventário, tem conhecimento da legislação
reguladora das actividades que executa, bem como das normas de gestão
de Recursos Humanos quanto à nomeação, contratos, promoções, exone-
rações, transferências e outras situações comuns;
Tem conhecimento geral do Plano Geral de Contas e em particular dos pro-
gramas de acção da estrutura a que pertence;
Executa trabalhos de dactilografia relacionados com a sua actividade, quan-
do necessário, bem como outros trabalhos de maior complexidade.

e) Aspirante e Escriturário-Dactilógrafo:

Executa actividade administrativa relacionada com o trabalho de Secreta-


riado e Contabilidade;
Aplica os princípios e normas reguladores da actividade exercida no seu
sector de trabalho, executando trabalhos simples, em particular quanto à le-

35
gislação sobre direitos e deveres dos funcionários públicos, faltas, licen-
ças e execução orçamental; Elabora e dactilógrafa, quando necessário, cor-
respondência relacionada com o seu trabalho, preenche fichas e recebe da-
dos estatísticos, exerce actividade de arquivo;
Executa trabalhos de maior nível de complexidade sob orientação e con-
trolo do funcionário mais qualificado.

ARTIGO 24.°
(Carreira tesoureiro)

1. Sempre que a natureza e especificidade dos serviços o justifiquem po-


derá ser cria-da a carreira de tesoureiro com a seguinte composição:

a) tesoureiro principal;
b) tesoureiro de l.ª classe;
c) tesoureiro de 2.ª classe.

2. O recrutamento para categorias de tesoureiro principal de 1.ª classe, de-


verá ser de entre respectivamente tesoureiro de 1.ª classe e tesoureiro de 2.ª clas-
se, com pelo menos 3 anos na respectiva categoria, classificados de muito bom ou
5 anos classificados no mínimo de bom.
Tesoureiro de 2.ª classe - De entre os primeiros-oficiais e segundos-oficiais
com pelo menos 3 anos na categoria classificados de bom ou indivíduos com for-
mação especifica, habilitados com a 8.ª classe de escolaridade.

3. O conteúdo funcional da carreira de tesoureiro é o seguinte:

Execução de operações de caixa de registo dos depósitos e levantamentos


em numerários e cheques;
Processamento de pagamento com base no conhecimento dos documentos
apresentados para o efeito;
Elaboração do encerramento de caixa, elaborando os correspondentes mo-
vimentos contabilísticos, relacionados com as entradas e saídas.

ARTIGO 25.°
(Pessoal auxiliar-composição)

O pessoal auxiliar integra as seguintes carreiras:


a) carreira de motorista de automóveis:

De pesados: principal de 1.ª classe;


De ligeiros: principal, de 1.ª classe e de 2.ª classe.

b) carreira de telefonista principal:

De 1.ª e de 2.ª classe.

36
c) carreira de auxiliar administrativo:

Principal de 1.ª e de 2.ª classe.

d) carreira de auxiliar de limpeza:

Principal de 1.ª e de 2.ª classe.

e) carreira de operário qualificado:

Encarregado de l.ª e de 2.ª classe.

f) carreira de operário não qualificado:

Encarregado de l.ª e de 2.ª classe.

ARTIGO 26.°
(Da carreira de motorista de automóveis pesados)

A carreira de motorista de automóveis pesados, prevista no n.° 1, da alí-


nea a) do artigo anterior, só deverá ser criada em serviço cujo parque automóvel
integre veículos pesados de utilização permanente.

ARTIGO 27.°
(Recrutamento para o pessoal do grupo auxiliar)

1. O recrutamento para o pessoal auxiliar deve obedecer aos requisitos de


ingresso estabelecido para o efeito.

2. A progressão é , automática, não depende de concurso e deve obedecer


o estabelecido no n.° 3, do artigo 9.° do presente Diploma:

a) motorista de ligeiros de 1.ª e de 2.ª classe — De entre motoristas de 2.ª


classe, com pelo menos 3 anos na categoria, classificados de bom, e, in-
divíduos habilitados com carta profissional de condução de ligeiros e es-
colaridade obrigatória, respectivamente;
b) telefonista principal — De entre telefonistas de 1.ª classe, com pelo me-
nos 3 anos na categoria, classifcados de bom.

ARTIGO 28.°
(Conteúdo funcional do pessoal do grupo auxiliar)

Para as carreiras previstas no artigo 25.°, as funções são as seguintes:

1. Para as alíneas a), b), c) e d) do referido artigo:

Funções de natureza executiva de carácter manual ou mecânico, com graus


de complexidade variáveis, enquadrados em instruções gerais bem defini-

37
das, exigindo formação especifica num ofício ou profissão e implicando nor-
malmente esforço físico.

2. Para as alíneas e) e f), do mesmo artigo:

Funções de natureza executiva simples, diversificadas, totalmente deter-


minadas, implicando predominantemente esforço físico e exigindo co-
nhecimentos de ordem prática susceptíveis de serem aprendidos no próprio
local de trabalho num curto espaço de tempo.

CAPÍTULO IV
Disposições Finais

ARTIGO 29.°
(Salvaguarda de situações especiais)

1. A promoção dos funcionários abrangidos pelo presente diploma nas res-


pectivas carreiras tem os limites seguintes:

a) para o provimento na categoria de Acessor é exigida habilitação não in-


ferior à licenciatura;
b) para o provimento na categoria de especialista de 2.ª classe, é exigida
habilitação não inferior a bacharelato, ou equivalente;
c) para o provimento na categoria de técnico médio principal de 3.ª clas-
se, é exigida habilitação não inferior a 12.ª classe.

2. Aos funcionários já integrados à data da publicação do presente diploma,


em carreira para as quais não possuam habilitações exigidas para o respectivo in-
gresso é vedada a promoção, para além dos limites fixados no presente diploma.

ARTIGO 30.°
(Sobre os conteúdos funcionais)

Os conteúdos funcionais previstos no presente Diploma não são taxativos,


podendo os funcionários executar outras tarefas afins.

ARTIGO 31.°
(Entrada em vigor e aplicação)

1. O presente Diploma entra em vigor 45 dias após a sua publicação.


2. As alterações dos quadros de pessoal necessárias à aplicação do presente
Diploma, são feitas por Despacho Conjunto dos Ministérios do Trabalho, Admi-
nistração Pública e Segurança Social, Finanças e do Plano e do Ministro do res-
pectivo órgão.

3. A reconversão das actuais categorias existentes para as carreiras previstas


neste diploma far-se-á de acordo com as regras a definir em diploma próprio.

38
ARTIGO 32.°
(Revogação de legislação)

A revogação de toda legislação que contrarie o presente Decreto deverá ser


implementada nos organismos e serviços a medida que decorrer o processo de re-
conversão previsto no n.º 3, do artigo anterior.

(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e de aplicação do pre-


sente Decreto serão resolvidas pelo Ministro do Trabalho, Administração Públi-
ca e Segurança Social.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.
Luanda, aos 29 de Junho de 1991.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

39
ANEXO I
GRUPO CARREIRA TIPO
DE PESSOAL DESIGNAÇÃO CATEGORIA DE CARREIRA
Assessor Principal
1.º Assessor
Assessor
Técnico Superior Técnico Superior Técnico Superior Principal Vertical
Técnico Superior 1.ª Classe
Técnico Superior 2.ª Classe

Especialista Principal
Técnico Técnico Especialista de 1.ª Classe
Especialista de 2.ª Classe
Técnico de 1.ª Classe
Técnico de 2.ª Classe
Técnico de 3.ª Classe

Técnico Médio Principal de 1.ª Classe


Técnico Médio Principal de 2.ª Classe
Técnico Médio Técnico Médio Técnico Médio Principal de 3.ª Classe Vertical
Técnico Médio de 1.ª Classe
Técnico Médio de 2.ª Classe
Técnico Médio de 3.ª Classe

Carreira Oficial Principal


Administrativo Administrativa 1.º Oficial Vertical
2.º Oficial
3.º Oficial
Aspirante
Escriturário dactilográfo

Tesoureiro Principal
Carreira de tesoureiro Tesoureiro de 1.ª Classe Vetical
Tesoureiro de 2.ª Classe

Carreira de Motorista Principal


de Pesados 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Carreira de Motorista Principal


de Ligeiros 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Principal
Auxiliar Carreira de Telefonista 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Carreira de Auxiliar Principal


Administrativo 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Carreira de Auxiliar Principal


de Limpeza 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Encarregado
Operário Qualificado 1.ª Classe Horizontal
2.ª Classe

Operário não Principal


Operário Qualificado 1.ª Classe Horizontal

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
40
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 25/91
DE 29 DE JUNHO
(D.R. Nº 27/91 – 1ª SÉRIE

“Estabelece a relação jurídica de emprego na Administração Pública”


Decreto n.º 25/91
de 29 de Junho

A Lei n.° 17/90, de 20 de Outubro, sobre os Princípios Gerais a observar


pela Administração Pública, estabelece no seu artigo 6.° que a relação jurídica de
emprego na administração, constitui-se com base em acto administrativo (nomeação)
ou em contrato.
Convindo regulamentar aquela disposição da lei partindo do pressuposto
de que a nomeação visa permitir o desempenho permanente e profissionalizado
de funções próprias do serviço público, enquanto que o contrato a forma de pres-
tação de serviços de carácter eventual, excepcional e transitório;
Nos termos da alínea h) do artigo 58.° da Lei Constitucional e no uso da
faculdade que me é conferida pela alínea i) do artigo 53.° da mesma Lei, o Con-
selho de Ministros decreta e eu assino e faço publicar o seguinte:

CAPÍTULO I
Objecto e Âmbito de Aplicação

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma define e estabelece o regime de constituição, modifi-


cação e extinção da relação jurídica de emprego na Administração Pública.

ARTIGO 2.°

1. O presente diploma aplica-se aos funcionários e agentes administrativos


dos serviços, organismos e órgãos da Administração Pública.

2. É funcionário público todo aquele que, na base do provimento de uma


vaga do quadro de pessoal, exerça a sua actividade nos órgãos Centrais e Locais
do Aparelho do Estado.

3. É agente administrativo todo aquele que, na base de um contrato admi-


nistrativo de provimento presta à administração, serviços de carácter eventual, ex-
cepcional e transitório.

43
CAPÍTULO II
Constituição da relação jurídica de emprego

SECÇÃO I
Modalidades

ARTIGO 3.°
(Constituição)

A relação jurídica de emprego na Administração Pública constitui-se por


nomeação e contrato.

SECÇÃO II
Nomeação

SUBSECÇÃO I

ARTIGO 4.°
(Noção e efeitos)

A nomeação é um acto unilateral da Administração pelo qual se preenche


um lugar do quadro e visa assegurar, de modo profissionalizado, o exercício de
funções próprias do serviço público com carácter de permanência.

ARTIGO 5.°
(Requisitos de nomeação)

1. São requisitos gerais para o provimento de funções na Administração Pú-


blica:

a) cidadania angolana;
b) idade não inferior a 18 anos nem superior a 35 anos;
c) habilitações mínimas correspondentes à escolaridade obrigatória ou ha-
bilitação especialmente exigida para o cargo a desempenhar;
d) idoneidade civil;
e) situação militar regularizada;
f) aptidão física;
g) ter efectuado concurso nos termos da lei.

2. Os documentos comprovativos dos requisitos referidos no número an-


terior são:

a) certidão de nascimento;
b) atestado médico;
c) certificado de registo criminal;
d) documento de habilitações literárias;
e) declaração sobre o compromisso de honra;

44
ARTIGO 6.°
(Modalidades de nomeação)

O provimento por nomeação reveste as modalidades de nomeação por tem-


po indeterminado e de nomeação em comissão de serviço.

ARTIGO 7.°
(Nomeação por tempo indeterminado)

1. A nomeação para lugar de ingresso tem carácter provisório e probató-


rio durante os doze primeiros meses de exercício efectivo e ininterrupto de fun-
ções e converte-se em definitiva, independentemente de quaisquer formalidades,
se o funcionário demonstrar aptidão.

2. Exceptua-se do disposto no n.° 1:

a) a nomeação de funcionário já nomeado definitivamente em lugar de ou-


tra carreira;
b) a nomeação após frequência de estágio de duração igual ou superior a
um ano.

ARTIGO 8.°
(Nomeação em comissão em serviço)

1. Comissão de serviço é uma função desempenhada, por tempo determi-


nado, por funcionários dos quadros ou por pessoas a eles estranhas.

2. A comissão de serviço implica o provimento e posse num lugar do quadro.

3. O funcionário conserva a sua categoria no quadro de origem e é pago


pelo organismo onde exerce as funções, podendo o seu lugar ser provido interi-
namente.

4. Excepcionalmente, quando se tratar de elementos estranhos à Adminis-


tração Pública, a comissão de serviço pode ter por base o contrato, caso o tempo
de contrato se prolongue por período superior a 5 anos e pode o contratado ser ti-
tular da categoria que ocupa.

5. Os diplomas orgânicos dos órgãos e serviços estabelecerão expressamente


as funções a prover em regime de comissão de serviço.

6. A nomeação em comissão de serviço é aplicável:

a) a nomeação para cargos de direcção e chefia;


b) aos casos expressamente previstos na lei.

45
ARTIGO 9.°
(Formalidades da nomeação)

1. A nomeação faz-se por despacho sujeito a visto do Tribunal competen-


te e à publicação no Diário da República, sempre que a dispensa de publicação não
seja expressamente determinada no diploma de aprovação de quadros.

2. Havendo dispensa de visto, haverá sempre anotação no Tribunal competente.

3. Será nulo e de nenhum efeito o provimento que não respeitar os requi-


sitos legais e aquele que lhe der lugar responderá disciplinar e criminalmente.

SUBSECÇÃO II
Aceitação do nomeado

ARTIGO 10.°
(Aceitação)

1. A aceitação é o acto pessoal pelo qual o nomeado declara aceitar a nomeação.

2. Nos casos de primeira nomeação e de nomeação para cargos de chefia


e de direcção, a aceitação reveste a forma de posse.

ARTIGO 11.°
(Posse)

1. Posse é um acto público, pessoal e solene no qual o nomeado manifes-


ta a vontade de aceitar a nomeação.

2. O prazo para aceitação da nomeação é de 30 dias a contar da data da pu-


blicação do acto de nomeação, podendo ser prorrogados por motivos devidamente
justificados por despacho da entidade que procedeu a nomeação.

3. No acto de posse, deve ser lido o título de provimento e o empossado


deve prestar o seguinte compromisso de honra:

Eu,____________, juro pela minha honra, ser fiel à Pátria Angolana, coo-
perar na realização dos fins superiores do Estado, defender os princípios funda-
mentais da ordem estabelecida na Constituição, respeitar as leis e dedicar ao ser-
viço público todo o meu zelo, inteligência e aptidão.

ARTIGO 12.°
(Competência)

1. A competência para conferir a posse ou assinatura do termo de aceita-


ção pertence à entidade que procedeu à nomeação e só pode ser delegada em fun-
cionário de categoria superior à do nomeado.

46
2. A competência prevista no número anterior pode, ou por solicitação jus-
tificada do serviço ou organismo, ser exercida pelos Comissários Provinciais e,
no estrangeiro, pela autoridade diplomática ou consular.

3. O funcionário pode requerer ao serviço ou organismo a utilização da fa-


culdade prevista no número anterior.

ARTIGO 13.°
(Efeitos da aceitação)

1. A aceitação determina o início de funções para os efeitos devidos, de-


signadamente abono de remuneração e contagem de tempo de serviço.

2. Sempre que a aceitação deva ocorrer durante o período de licenças por


maternidade ou por faltas por acidente em serviço, há lugar a prorrogação do res-
pectivo prazo, considerando-se que a aceitação retroage à data da publicação do
despacho de nomeação.

3. A aceitação da nomeação definitiva em lugar de acesso determina au-


tomaticamente a exoneração do lugar anterior.

ARTIGO 14.°
(Recusa de aceitação)

1. A entidade competente para conferir posse ou para assinatura do termo


de aceitação não pode recusar-se a fazê-lo, sob pena de incorrer em responsabi-
lidade civil e disciplinar.

2. A recusa de aceitação por parte do nomeado implica a renúncia ao di-


reito de ocupação do lugar.

SECÇÃO II

SUBSECÇÃO I

ARTIGO 15.°
(Do contrato)

É admitida a prestação de serviço por contrato nos seguintes casos:

a) no exercício anual de cargos incluídos nos quadros da Administração Pú-


blica, quando a lei reguladora do seu provimento o permitir ou não de-
terminar de outro modo;
b) na realização de trabalhos de carácter eventual desde que no respectivo
orçamento tenham cabimento as despesas correspondentes.

47
ARTIGO 16.°
(Modalidades e efeitos)

1. O contrato só pode revestir as modalidades de:

a) contrato administrativo de provimento;


b) contrato de trabalho a termo certo.

2. O contrato administrativo de provimento confere ao particular autorgante


a qualidade de agente Administrativo.

3. O contrato de trabalho a termo não confere a qualidade de agente Ad-


ministrativo e rege-se pelo estabelecido na Lei Geral do Trabalho, sobre contra-
to por tempo determinado.

SUBSECÇÃO II
Contrato administrativo de provimento

ARTIGO 17.°
(Noção)

Contrato Administrativo de Provimento é o acordo bilateral pelo qual uma


pessoa não integrada nos quadros, se compromete a exercer funções de serviço pú-
blico com sujeição ao regime da função pública.

ARTIGO 18.°
(Forma)

O Contrato Administrativo de Provimento é celebrado por escrito e dele


consta obrigatoriamente:

a) o nome dos autorgantes;


b) a categoria, a remuneração e a data de início do contrato;
c) a data da assinatura;
d) funções a desempenhar.

ARTIGO 19.°
(Prazo)

O Contrato Administrativo de provimento deve obedecer às seguintes regras:

1. Consideram-se celebrados pelo prazo de um ano renovável tacitamen-


te por períodos iguais e contados desde a posse do cargo, se não for oportunamente
denunciado.

2. Qualquer das partes terá direito de denunciar o contrato para o fim do


prazo, com 60 dias de antecedência.

48
3. Podem também ser rescindidos antes do seu termo normal, por acordo
de ambas as partes ou por acto unilateral da Administração, se o contratado for pu-
nido disciplinar ou criminalmente.

ARTIGO 20.°
(Remuneração)

A remuneração e regalias acordadas contratualmente não podem ser mais


favoráveis do que as definidas para os funcionários de igual categoria e em iguais
circunstâncias, salvo quando autorizados pelos Ministérios do Trabalho, Admi-
nistração Pública e Segurança Social e das Finanças.

ARTIGO 21.°
(Recrutamento do pessoal)

1. O recrutamento do pessoal em regime de contrato administrativo de pro-


vimento depende de um processo de selecção sumário.

2. Do processo de recrutamento faz parte:

Abertura do concurso;
Indicação de tipo do contrato a celebrar;
Categoria e os requisitos necessários;
Remuneração a atribuir;
Apreciação das candidaturas por um júri especialmente designado para o
efeito;
A elaboração da acta contendo obrigatoriamente os fundamentos da deci-
são tomada e os critérios adoptados para a admissão.

SUBSECÇÃO III
Contrato de trabalho a termo certo

ARTIGO 22.°
(Admissibilidade)

O contrato de trabalho a termo certo é o acordo bilateral pelo qual uma pes-
soa não integrada nos quadros, assegura a satisfação de necessidades transitórias
de serviços de duração determinada.

ARTIGO 23.°
(Selecção de candidatos)

A oferta de emprego deve ser publicada por meio dos órgãos de imprensa
local, devendo fazer referência ao tipo de contrato a celebrar, a função a desem-
penhar, prazo de duração e a proposta de salários a atribuir.

49
ARTIGO 24 °
(Prazo)

O contrato de trabalho a termo certo só pode ser celebrado com duração


igual ou inferior a seis meses e a sua celebração não carece de autorização do Mi-
nistério das Finanças.
CAPÍTULO III
Modificação da relação jurídica de emprego

ARTIGO 25.°
(Modificação da relação)

A relação jurídica de emprego constituída por nomeação pode, a todo o tem-


po e sem prejuízo das situações funcionais de origem, ser transitoriamente modi-
ficada através do destacamento, interinidade, substituição, transferência, permu-
ta e acumulação de funções.

ARTIGO 26.°
(Destacamento)

1. O destacamento consiste na afectação a uma tarefa especifica fora do qua-


dro de origem ou do Aparelho do Estado.

2. O destacamento faz-se por período não superior a dois anos, podendo


ser prolongado por razões ponderadas de serviço.

3. A colocação em regime de destacamento é da competência dos Minis-


tros, Secretários de Estados e dos Comissários Provinciais em relação aos fun-
cionários por eles nomeados.

4. Durante o destacamento, o funcionário mantém a sua situação no qua-


dro de origem e o seu lugar pode ser provido interinamente.

5. Caso se verifique a necessidade de prolongar o destacamento por um pe-


ríodo superior a dois anos, o funcionário será colocado em situação de disponi-
bilidade e será aberta a respectiva vaga do quadro.

ARTIGO 27.°
(Interinidade)

1. A interinidade consiste na designação temporária de um funcionário para


o preenchimento de uma categoria cujo titular se encontra destacada ou em comissão
de serviço.

2. A interinidade tem carácter precário e provisório e não pode ser supe-


rior a doze meses.

50
3. O funcionário interino tem o direito de utilizar a título precário as regalias
inerentes à função exercida durante o tempo em que efectivamente forem de-
sempenhadas.

4. A interinidade só pode recair em funcionários do quadro.

5. Excepcionalmente, e quando não existirem no quadro, funcionário com


as qualidades exigidas, pode a interinidade recair em pessoas estranhas aos ser-
viços. Nestes casos a decisão é da competência dos Ministros, Secretários de Es-
tado e Comissários Provinciais, devendo ser fundamentada e sujeita a visto do Tri-
bunal competente.

6. O designado nos termos do número anterior, não adquire a qualidade de


funcionário.

ARTIGO 28.°
(Substituição)

1. A substituição consiste na designação temporária de um funcionário para


o exercício de um cargo vago por impedimento temporário do titular por período
não superior a seis meses.

2. Um funcionário só pode substituir o titular de uma categoria imediata-


mente superior a sua.

3. A substituição só pode ser exercida por funcionários do quadro dos ser-


viços com excepção dos lugares de direcção e chefia, sendo ordenado por simples
despacho da entidade com competência para tal.

ARTIGO 29.°
(Transferência)

1. A transferência consiste na nomeação do funcionário, sem prévia apro-


vação em concurso para lugar vago do quadro de outro serviço ou organis-
mo da mesma categoria e carreira, ou de carreira diferente desde que, neste
caso, se verifique a identidade ou afinidade de funções e idênticas habilita-
ções.

2. A transferência faz-se a requerimento do funcionário ou por conveniência


da Administração, devidamente fundamentada e com acordo do interessado.

ARTIGO 30.°
(Permuta)

1. A permuta é a troca recíproca e simultânea de funcionários pertencen-


tes a quadro de pessoal de serviços ou organismos distintos.

51
2. A permuta faz-se entre funcionários pertencentes à mesma categoria e
carreira a requerimento dos interessados ou por iniciativa da Administração, com
o seu acordo.

3. A permuta pode fazer-se entre funcionários de carreiras diferentes, des-


de que se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:
a) que as respectivas funções sejam idênticas ou afins;
b) que tenham as mesmas habilitações.

ARTIGO 31.°
(Acumulação de funções)

1. A acumulação de funções consiste no exercício simultâneo de duas fun-


ções pelo mesmo funcionário por ausência ou não provimento do titular de uma
delas.

2. A acumulação de funções não deve exceder o período máximo de um


ano, salvo se por razões ponderosas se justificar.

CAPÍTULO IV
Extinção da relação jurídica de emprego

ARTIGO 32.°
(Causa da extinção da relação jurídica de emprego)

1. A relação jurídica de emprego dos funcionários e agentes cessa por mor-


te do funcionário ou agente, por aplicação de medida de demissão e por desvin-
culação do serviço para efeitos de aposentação.

2. A relação jurídica de emprego dos funcionários e agentes pode ainda ces-


sar por mútuo acordo entre o interessado e a Administração.

ARTIGO 33.°
(Exoneração por iniciativa do funcionário)

1. A relação jurídica de emprego dos funcionários pode ainda cessar por


exoneração, por iniciativa, da Administração ou a pedido do funcionário.

2. A exoneração produz efeitos no prazo máximo de 30 dias a contar da data


do conhecimento do despacho de exoneração.

3. O pessoal abrangido pelo número anterior não pode ser admitido a qual-
quer título na Administração Pública por um período de três anos.

ARTIGO 34.°
(Exoneração por iniciativa da administração)

1. A exoneração por iniciativa da Administração tem como fundamento:

52
a) a inadequação do funcionário em relação ao trabalho ou às exigências
próprias do desenvolvimento das actividades administrativas, compro-
vada em processo de avaliação;
b) a remodelação orgânica que implique extinção de quadros de pessoal.
2. O pessoal abrangido pela alínea b) do número anterior, terá direito a uma
indemnização a definir por regulamento próprio.

ARTIGO 35.°
(Causas de extinção aplicáveis ao pessoal em regime de contrato)

A relação jurídica de emprego de pessoal em regime de contrato adminis-


trativo cessa por:

a)realização do seu objecto;


b) denúncia de qualquer das partes;
c) rescisão de qualquer das partes.

ARTIGO 36.°
(Denúncia)

1. A denúncia deve ser feita pelo responsável do respectivo serviço ou or-


ganismo, ou ainda pelo contratado, mediante pré-aviso de 60 dias, relativamente
ao termo do contrato.

2. A denúncia deve ser devidamente fundamentada.

ARTIGO 37.°
(Rescisão)

1. A rescisão verifica-se na vigência do contrato e pode revestir as seguintes


formas:

a) acto unilateral do responsável do respectivo serviço ou organismo, com-


fundamento em justa causa, comprovada em processo disciplinar;
b) pedido do contrato devidamente fundamentado em justa causa.

2. Entende-se por justa causa, como fundamento de rescisão por parte da


Administração, qualquer motivo que constitua infracção disciplinar nos termos ge-
rais, ou ainda a manifesta incompetência do contratado comprovada em proces-
so de avaliação.

3. Dos casos previstos no n.° 1 pode o contratado recorrer.

53
ARTIGO 38.°
(Revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente Decreto.

ARTIGO 39.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Decreto, serão resolvidas pelo Ministro do Trabalho, Administração Pública e
Segurança Social.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 29 de Junho de 1991.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

54
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 33/91
DE 26 DE JULHO
(D.R. Nº 31/91 — 1ª SÉRIE)

“Sobre o regime disciplinar dos funcionários


públicos e agentes administrativos”
Decreto n.° 33/91
de 26 de Julho

O funcionamento organizado e disciplinado da Administração Pública é uma


das condições fundamentais para o asseguramento das funções que lhe estão aco-
metidas;

A Lei n.° 17/90, de 20 de Outubro, sobre os princípios a observar pela Ad-


ministração Pública estabelece que os funcionários e agentes administrativos são
responsáveis hierárquica e disciplinarmente perante as autoridades a que estejam
subordinados;

Convindo definir o processo disciplinar próprio para os funcionários e agen-


tes administrativos, garantindo-se os direitos de audição e defesa;

Nos termos da alínea b) do artigo 58.° da Lei Constitucional e no uso da


faculdade que me é conferida pela alínea i) do artigo 53.° da mesma Lei, o Con-
selho de Ministros decreta e eu assino e faço publicar o seguinte:

CAPÍTULO I
Objecto e Âmbito

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente Diploma, estabelece o Regime Disciplinar aplicável aos fun-


cionários públicos e agentes administrativos.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

1. O presente Diploma aplica-se aos funcionários e agentes administrati-


vos dos órgãos da Administração Central e Local do Estado.

2. O presente Diploma é ainda aplicável as Forças Armadas, Segurança e


Ordem Interna com as adaptações decorrentes dos seus estatutos específicos.

57
CAPÍTULO II
DOS DEVERES E DIREITOS DOS FUNCIONÁRIOS

ARTIGO 3.°
(Disposições gerais)

1. No exercício da Função Pública os funcionários e os agentes Adminis-


trativos encontram-se ao serviço exclusivo da colectividade cumprindo-lhes aca-
tar e fazer respeitar a Lei.

2. A disciplina imposta pelo serviço vincula o funcionário em toda a sua


actividade pública, tanto em actos de serviço como fora dele e na vida particular,
em todas as actividades que importem ou interessem ao Governo à dignidade e pres-
tígio da função que exerce.

ARTIGO 4.°
(Dos deveres)

São deveres dos funcionários públicos:

1. Observar e fazer observar rigorosamente as leis e regulamentos, defen-


dendo em todas circunstâncias os direitos e legítimos interesses do Estado Angolano
e participando aos superiores os actos ou omissões que possam prejudicá-los.

2. Cumprir exacta, imediata e lealmente as ordens de serviço escritas ou


verbais dos funcionários a que estiverem hierarquicamente subordinados.

3. Exercer com competência, zelo e assiduidade o cargo que lhe estiver confiado.

4. Respeitar os seus superiores hierárquicos na hierarquia funcional, tra-


tando-os em todas circunstâncias, com deferência e respeito.

5. Guardar sigilo sobre todos os assuntos relativos à profissão ou conhe-


cidos por virtude dela, desde que por lei ou por determinação superior, não sejam
expressamente autorizados a revelá-los.

6. Adoptar um comportamento cívico exemplar na vida pública, pessoal e


familiar de modo a prestigiar sempre a dignidade da Função Pública e a sua qua-
lidade de cidadão.

7. Usar de urbanidade nas relações com o público, com as autoridades e com


funcionários seus subordinados.

8. Usar com correcção o uniforme prescrito na lei, quando o houver.

9. Concorrer aos actos e solenidades oficiais para que sejam convocados


pelas autoridades superiores.

10. Não se ausentar para fora da área de actuação dos serviços em que está in-
tegrado, sem autorização superior, excepto no período de licença anual e dias de descanso.
58
11. Aumentar a sua cultura geral e em especial cuidar da sua Instrução no
que respeita às matérias que interessem às funções exercidas.

12. Não exercer outra função ou actividade remunerada sem prévia autorização.

ARTIGO 5.°
(Dos direitos)

São direitos dos funcionários públicos:

1. Exercer o cargo em que tiver sido legitimamente provido.

2. Receber pontualmente a remuneração estabelecida por lei.

3. Dar faltas justificadas e gozar licenças nos termos da lei.

4. Gozar as garantias, honras e precedências correspondentes ao cargo.

5. Receber as Indemnizações e pensões legais em casos de acidentes de tra-


balho e doenças profissionais.

6. Possuir o Bilhete de Identidade Privativo da Função Pública.

7. Concorrer à categorias superiores dentro da sua carreira profissional em


função do preenchimento dos requisitos e dos resultados obtidos na execução do
seu trabalho.

8. Participar nos cursos de formação profissional e de elevação da sua qua-


lificação.

9. Ser avaliado periodicamente pelo seu trabalho.

10. Beneficiar de ajuda de custos ou ter alimentação e alojamento diário


em caso de deslocação para fora do local onde normalmente presta serviço por mo-
tivo de serviço e por tempo não superior à 6 meses.

11. Ser aposentado e usufruir de pensões legais.

CAPÍTULO III
SECÇAO I
DISCIPLINA

ARTIGO 6.°
(Responsabilidade disciplinar)

Os funcionários públicos e agentes administrativos, qualquer que seja a sua


situa-ção respondem disciplinarmente perante os superiores hierárquicos a que es-
tejam subordinados, pelas infracções que cometam.

59
ARTIGO 7.°
(Infracção disciplinar)

Considera-se infracção disciplinar o facto voluntário praticado pelo agen-


te com violação de qualquer dos deveres correspondentes à função que exerce e
é punível, quer consista em acção quer em omissão, independentemente de ter pro-
duzido resultado perturbador para o serviço.

ARTIGO 8.°
(Participação)

1. A participação pode ser feita por qualquer cidadão desde que tenha co-
nhecimento da prática de infracção. A participação será verbal ou escrita, deven-
do o participante fundamentar os factos a que atribui o infractor.

2. As falsas declarações serão punidas nos termos da Lei.

ARTIGO 9.°
(Prescrição)

1. A infracção disciplinar prescreverá no prazo de um ano a contar da data


em que teve lugar.

2. Aplicar-se-ão os prazos de prescrição da Lei Penal quando o facto cons-


tituir crime.

ARTIGO 10.°
(Penas disciplinares)

As penas disciplinares aplicáveis aos funcionários e agentes administrati-


vos abrangidos pelo presente diploma são as seguintes:

a) admoestação verbal;
b) censura registada;
c) multa;
d) despromoção;
e) demissão.

ARTIGO 11.°
(Conteúdo das penas)

1. As penas disciplinares consistem no seguinte:

a) admoestação verbal — crítica formalmente feita ao infractor pelo res-


pectivo superior hierárquico;
b) censura registada — crítica formalmente feita ao infractor pelo respectivo
superior hierárquico ficando esta arquivada no processo individual do in-
fractor;

60
c) multa — desconto de uma importância correspondente ao vencimento
do funcionário pelo mínimo de três e máximo de sessenta dias, gra-
duada conforme a gravidade da infracção, que reverterá para os cofres
do Estado. O desconto da multa será efectuado nos vencimentos do
funcionário infractor não podendo em cada mês exceder um terço do
seu vencimento;

d) despromoção — descida de um a três graus na escala hierárquica da car-


reira em que o funcionário está integrado pelo período de 90 dias a 18
meses;
e) demissão — afastamento do infractor da Função Pública, podendo ser
de novo readmitido decorrido quatro anos sobre a data do despacho pu-
nitivo desde que prove claramente através do seu comportamento que
se encontra reabilitado.
O funcionário demitido poderá requerer a aposentação se a ela tiver direito.

2. Se a punição da despromoção recair em funcionário de categoria insus-


ceptível de despromoção, a pena será a de multa, não inferior a 90 dias.

SECÇÃO II
FACTOS PUNÍVEIS E RESPECTIVAS PENAS

ARTIGO 12.°
(Admoestação verbal)

A pena de Admoestação verbal será aplicada por faltas leves que não te-
nham trazido prejuízo ou descrédito para os serviços ou para terceiros.

ARTIGO 13.°
(Censura registada)

A pena de censura registada será aplicada às infracções que revelam falta


de interesse pelo serviço.

Especialmente é aplicável aos funcionários:

a) que não observarem na arrumação dos livros e documentos a seu cargo


a ordem estabelecida superiormente ou que, na escrituração cometerem
erros por falta de atenção, desde que destes factos não tenha resultado
prejuízo para o serviço ou para terceiros;
b) que desobedecerem às ordens dos seus chefes, sem consequências im-
portantes;
c) que deixarem de participar às autoridades competentes transgressões de
que tiverem conhecimento, ou infracção cometida por inferior hierár-
quico;
d) que cometerem falta para com superior hierárquico que possa ser con-
siderada leve;

61
e) que se ausentarem da sede dos serviços sem licença da autoridade com-
petente ou faltarem ao serviço sem justificação, cinco dias seguidos ou
oito interpolados no prazo de um ano;
f) que nas relações com o público faltarem aos seus deveres de cortesia;
g) que por falta de necessário esforço deixarem atrasar os serviços de modo
que não estejam concluídos nos prazos legais;
h) que por falta de cuidado, derem informação errada à superior hierárquico
em matéria de serviço;
i) que, pelo defeituoso cumprimento ou desconhecimento das disposições
legais e regulamentar:, ou das ordens superiores, demonstrarem falta de
zelo pelo serviço;
j) que não tratarem com devido escrúpulo o múterial a seu cargo.

ARTIGO 14.°
(Multa)

A pena de multa será aplicada aos funcionários:

a) que cometerem incompetência ou usurpação de poderes sem que facto


tenha resultado danos para o Estado ou para terceiros;
b) que demonstrarem falta de conhecimento de normas importantes regu-
ladoras do serviço de que hajam resultado prejuízos importantes para o
Estado e para terceiros;
c) que não punirem ou participarem transgressões ou falta disciplinar gra-
ve de que tenham conhecimento por virtude de promessa ou dádiva;
d) que desobedecerem de modo escandaloso ou em público às ordens su-
periores;
e) que fora do serviço, agredirem, injuriarem ou desrespeitarem gravemente
o superior hierárquico;
f) que se apresentarem em repartição pública com indícios de embriaguez;
g) que em resultado do lugar que ocupem aceitarem, directa ou indirecta-
mente, dádivas, gratificações ou participações em lucros com fim de ace-
lerar o retardar qualquer serviço de expediente;
h) que faltarem ao serviço sem justificação 15 dias seguidos ou 30 inter-
polados, no espaço de um ano;
i) com má fé, fizerem participação de que resulte a injusta punição de in-
ferior hierárquico;
j) que realizarem despesas sem a existência de receitas que garantam o seu
pagamento, ou que realizarem despesas excedendo as dotações orçamentais.

ARTIGO 15.°
(Despromoção)

As penas de despromoção são aplicadas aos seguintes casos:

a) a agressão injúria ou desrespeito grave à superior hierárquico nos locais


de serviço ou em serviço público;

62
b) a violação de segredo profissional ou a inconfidência de que resultem
prejuízos materiais ou morais para o Estado ou para terceiros;
c) o incitamento à indisciplina ou à insubordinação de inferiores hierárquicos,
o conselho, incitamento ou provocação ao não cumprimento dos deve-
res inerentes à função pública;
d) a prática, durante o serviço público, de actos de grave insubordinação
ou indisciplina;
e) a intolerável falta de assiduidade ao serviço público, provada com o fac-
to de o funcionário haver dado sem justificação um total de 50 faltas in-
terpoladas em 2 anos seguidos ou de 40 interpolados no espaço de 1 ano;
f) incompetência profissional irremediável ou a incapacidade moral do fun-
cionário.

ARTIGO 16.°
(Demissão)

A pena de demissão será aplicável aos funcionários:


a) que revelem impossibilidade de adaptação às exigências do serviço, es-
pírito de oposição aos princípios fundamentais da constituição ou reve-
le falta de cooperação na realização dos fins superiores do Estado;
b) que utilizarem para fins impróprios dinheiros públicos;
c) que revelem incompetência profissional, grave ou reiterado incumpri-
mento de leis, regulamentos, despachos e instruções superiores;
d) que negligenciem a missão que lhes tiver sido confiada em país estran-
geiro ou não regressem logo após o cumprimento da missão;
e) que não se mantenham no exercício das suas funções ainda que hajam
renunciado ao seu cargo, enquanto o seu pedido não seja decidido.

ARTIGO 17.°
(Circunstâncias atenuantes e agravantes)

1. Para efeito de graduação das penas serão sempre tomadas em conta to-
das as circunstâncias em que a infracção tiver sido cometida.

ARTIGO 18.°
(Atenuantes)

1. São circunstâncias atenuantes:

a) a prestação de serviço por mais de 10 anos com exemplar comportamento


e zelo;
b) a confissão espontânea da infracção;
c) a prestação de serviço relevante à pátria;
d) a falta de intenção dolosa;
e) a ausência de publicidade da infracção;
f) os diminutos efeitos que a falta tenha produzido em relação aos serviços
ou a terceiros.

63
2. Sempre que num processo disciplinar seja fixada uma das atenuantes atrás
enumeradas, poderá ser aplicada ao infractor a pena imediatamente inferior.

ARTIGO 19.°
(Agravantes)

São circunstâncias agravantes:

a) a premeditação;
b) a acumulação de infracções;
c) a reincidência;
d) as responsabilidades do cargo exercido e o nível intelectual do infractor;
e) a produção efectiva de resultados prejudiciais ao serviço público, ao in-
teresse geral ou a terceiros, nos casos em que o funcionário pudesse pre-
ver essa consequência como efeito necessário da sua conduta;
f) a advertência por outro funcionário de que o acto constitui infracção.

ARTIGO 20.°
(Definição de premeditação, Acumulação, Reincidência)

1. Premeditação consiste no desígnio formado com pelo menos 24 horas


antes da prática da infracção.

2. A acumulação dá-se quando duas ou mais infracções são cometidas na


mesma ocasião ou quando uma é cometida antes de ter sido punida a anterior.

3. A reincidência dá-se quando a infracção for cometida antes de passado


um ano sobre a data em que termina o cumprimento de pena anterior, desde que
se trate de infracção a que seja abstractamente aplicável a mesma pena.

ARTIGO 21.°
(Efeitos acessórios das penas)

A aplicação das penas referidas nos artigos anteriores têm os seguintes efeitos:

a) perda do direito à licença anual quando as penas aplicadas forem as men-


cionadas nas alíneas c) e d) do artigo 11.° mantendo no entanto sempre
o direito à sete dias de licença;
b) a pena de multa implica, para todos os efeitos legais, a perda da antiguidade
correspondente ao dobro do número de dias da pena aplicada;
c) a pena de despromoção implica:

1. A perda do tempo de serviço correspondente à pena para efeitos de ad-


missão a concurso de promoção;

2. A proibição de ser promovido ou admitido a concurso durante o perío-


do de cumprimento da respectiva pena.

d) A pena de demissão implica:

64
1. O desconto de um ano na antiguidade para fixação da pensão de apo-
sentação;

2. Na readmissão, o tempo de inactividade não será contado para nenhum


efeito, iniciando-se nessa data a contagem de tempo exigido para efeitos de licença
anual e admissão à concurso.

ARTIGO 22.°
(Execução das penas)

A pena torna-se definitiva depois de ter decorrido o prazo legalmente es-


tabelecido, com observância do disposto no artigo 39.°.

ARTIGO 23.°
(Registo de penas, Competência e fundamentos para cancelamentos de registos)

1. Exceptuando a Admoestação Verbal, todas as penas devem constar do


registo biográfico do funcionário.

2. O registo da pena cumprida pode ser cancelado, com excepção da pena


de demissão.

3. O cancelamento da pena é decidido pelo dirigente com competência para no-


mear, sobre proposta do superior hierárquico do funcionário punido, fundamentada na
efectiva regeneração, dedicação ao trabalho e comportamento correcto durante 2 anos.

4. O cancelamento limpa o registo biográfico do funcionário na menção da


infracção e respectiva pena.

ARTIGO 24.°
(Pena única)

1. A nenhum arguido será aplicada mais de uma pena pela mesma infra-
cção disciplinar.

2. Sempre que haja vários processos disciplinares a correr contra o mes-


mo funcionário, serão todos depois de instruídos apensos ao mais antigo para apre-
ciação conjunta.

SECÇÃO III
PROCESSO DISCIPLINAR

ARTIGO 25.°
(Obrigatoriedade de processo escrito)

1. A aplicação de pena disciplinar a um funcionário deve sempre ser pre-


cedido de um processo escrito, exceptuando-se as penas de Admoestação Verbal

65
e Censura Registada que poderão ser aplicadas sem dependência de processo dis-
ciplinar.

2. A aplicação de pena de Censura Registada quando não houver depen-


dência de processo disciplinar será objecto de ordem de serviço.

ARTIGO 26.°
(Início do processo disciplinar)

1. Sempre que por qualquer forma chegue ao conhecimento de um funcionário


falta profissional punível cometida por inferior hierárquico seu, ou por outro fun-
cionário, mas que interessa ou afecte directamente os serviços a seu cargo, parti-
cipá-la-á à autoridade superior, se não lhe competir ordenar o respectivo proce-
dimento disciplinar.

2. As participações ou queixas verbais serão sempre reduzidas a auto pelo


funcionário que as receber e deve a autoridade competente decidir se há ou não
lugar a instauração do processo.

3. Sempre que a participação apresentada se mostrar com fundamento para


procedimento disciplinar, o responsável deverá designar um funcionário de igual
ou maior categoria do que a do arguido, o qual passará a ser o instrutor do pro-
cesso, que poderá escolher secretário ou escrivão de sua confiança.

ARTIGO 27.°
(Características do processo)

1. O processo disciplinar é sempre sumário, não depende de formalidades


especiais e deve ser conduzido de modo a levar rapidamente ao apuramento da ver-
dade, empregando-se todos os meios necessários para a sua pronta conclusão e dis-
pensando-se tudo o que for inútil, impertinente ou dilatório.

2. O processo disciplinar é independente do procedimento criminal ou ci-


vil para efeitos de aplicação das penas disciplinares.

3. Sempre que os actos contrários à disciplina praticados pelo funcionário


acusado constituam crimes ou causem prejuízos para o Estado ou a terceiros, de-
vem ser tiradas cópias do processo e remetidas às autoridades competentes para
o início de procedimento criminal ou civil e dentro de 48 horas após o trânsito em
julgado do despacho de Pronúncia deve o magistrado do Ministério Público do Tri-
bunal por onde tiver corrido o processo remeter cópia do mesmo despacho aos ser-
viços a que o funcionário pertença.

4. Sempre que necessário para apuramento da verdade o instrutor poderá


requisitar a quaisquer serviços públicos e autoridades administrativos e policiais,
informações e elementos de prova material.

5. O processo disciplinar é de natureza secreta até a acusação, podendo, con-


tudo, ser facultado o seu exame ao arguido.
66
ARTIGO 28.°
(Forma de processo)

1. O processo disciplinar pode ser comum ou especial.

2. O processo especial aplica-se aos casos expressamente designados nes-


te Diploma.

3. Os processos especiais regulam-se pelas disposições que lhe são próprias


e na parte nelas não previstas, pelas disposições respeitantes ao processo comum.

ARTIGO 29.°
(Registo de processo)

O número do processo deverá ser obrigatoriamente aposto na capa do res-


pectivo processo e registado em livro próprio do qual constará igualmente a iden-
tificação e categoria do arguido a infracção indicada e posteriormente a decisão
final do responsável.

ARTIGO 30.°
(Suspensão do arguido)

1. O funcionário arguido em processo disciplinar poderá sob proposta do ins-


trutor, ser preventivamente suspenso por qualquer das entidades mencionadas no
artigo seguinte sem vencimento ou com parte dele até 50%, enquanto durar a ins-
tauração ou até julgamento final, desde que se presuma que à infracção cometida
caberá, pelo menos as penas expressas pelas alíneas d) e e) do artigo 11.° e a sua
presença no serviço seja considerada prejudicial para a boa instrução do processo.

2. A suspensão preventiva não poderá durar mais de 45 dias, salvo despa-


cho de quem a ordenou prorrogando-se até 90 dias. Terminado este prazo, se o pro-
cesso não tiver sido ainda julgado ou se a sua instrução não estiver concluída, po-
derá o funcionário continuar suspenso preventivamente, mas voltará a ser abona-
do dos seus vencimentos à partir da data da suspensão, até decisão final.

3. A perda de vencimentos resultante da suspensão preventiva será total-


mente reparada se o funcionário for absolvido.

ARTIGO 31.°
(Competência para suspender)

Têm competência para ordenar a suspensão:

a) Ministros e Secretárias de Estado;


b) Comissários Provinciais;
c) Directores Nacionais;
d) Delegados e/ou Directores Provinciais.

67
ARTIGO 32.°
(Instrução do processo)

A instrução do processo disciplinar deve iniciar-se com a notificação do


despacho que designa o instrutor e no prazo fixado pela entidade que o mandou
instaurar e ultimar-se se outro não for indicado, no prazo de 30 dias.

Os instrutores devem informar a entidade que os tiver nomeado da data em


que derem início a instrução do processo.

ARTIGO 33.°
(Fases do processo)

O processo disciplinar compreende os seguintes actos:

a) auto de Declaração do participante ou outro documento equiparado à par-


ticipação;
b) audição do presumível infractor;
c) nota de acusação de que se entregará cópia ao arguido da qual conste que
o arguido tem o prazo de 5 a 15 dias para apresentar querendo, a sua de-
fesa escrita ou oral;
d) defesa do arguido;
e) junção do registo biográfico;
f) relatório final do instrutor com proposta fundamentada da decisão a to-
mar;
g) despacho de punição ou absolvição lavrada pelo superior hierárquico-
competente;
h) notificação do despacho punitivo ou absolutório ao arguido.

2. De acordo com a natureza e complexidade do processo, outros actos po-


derão tornar-se necessários:

a) auto de declaração de testemunhas eventualmente indicadas pelo parti-


cipante ou pelo arguido;
b) efectivação de diligências requeridas pelo arguido ou que o instrutor jul-
gue convenientes;
c) auto de acareação;
d) peritagem.

ARTIGO 34.°
(Defesa do arguido)

1. Da acusação extrair-se-á cópia no prazo de 48 horas, a qual será ime-


diatamente entregue ao arguido e marcar-se-á um prazo entre 5 a 15 dias para apre-
sentar a sua defesa escrita.

2. Da nota de acusação deve constar obrigatoriamente e de forma clara as


infracções de que o arguido é acusado, a data e o local em que forem praticadas

68
e outras circunstâncias agravantes, se as houver e a referência aos preceitos legais
infringidos e as penas aplicáveis.

3. Durante o prazo referido no n.° 1 o processo será facultado ao arguido,


que o poderá consultar durante as horas de expediente na presença do instrutor ou
escrivão.

ARTIGO 35.°
(Nulidade insuprível)

A falta de audiência do arguido constitui a única nulidade insuprível em


processo disciplinar.

ARTIGO 36.°
(Conclusão do processo)

1. Terminada a instrução o instrutor elaborará no prazo de 10 dias, relató-


rio completo e concisodonde conste a existência material das faltas, sua qualifi-
cação e gravidade, importância pelas quais o arguido porventura seja responsável
e, bem assim, a pena que entender justa, ou proposta para que os autos sejam ar-
quivados, por ser insubsistente a acusação.

2. A entidade que tiver mandado instaurar o processo poderá, quando a com-


plexidade deste o exigir, prorrogar o prazo fixado no corpo deste artigo para a ela-
boração do relatório.

3. O processo, depois de relatado, será remetido no prazo de 72 horas à en-


tidade competente para punir, dando-se conhecimento àquela que tenha ordena-
do a instrução.

4. A autoridade que julgar o processo decidirá, concordando ou não com


as conclusões do relatório, mas sendo punitiva a decisão será aplicada a pena cor-
respondente à gravidade dos factos que considere provados, desde que descritos
na acusação, ainda que o instrutor tenha indicado pena de menor gravidade. A de-
cisão será sempre fundamentada quando discordar da pena indicada na acusação.

ARTIGO 37.°
(Notificação de decisão e sua execução)

1. A decisão final será por norma notificada ao arguido nos próprios au-
tos, devendo aquele declarar por escrito que tomou conhecimento, datando e as-
sinando após o que, decorrido o prazo legal de recurso sem que este seja interposto
a decisão é executada.

2. Na inviabilidade do preceituado no número anterior, a decisão será no-


tificada ao arguido através do seu local de trabalho, mediante remessa de certidão
de despacho punitivo.

69
ARTIGO 38.°
(Competências para aplicação das penas)

1. Todos os responsáveis são competentes para aplicar as penas de Ad-


moestação Verbal e Censura Registada.

2. São competentes para aplicar as penas até a alínea c) do artigo 10.°, aos
funcionários que lhe estão subordinados:

a) a nível Central:
— Chefes de Departamento.
b) a nível Local:
— Delegados Provinciais;
— Comissários Provinciais.

3. São competentes para aplicação das penas até a alínea d) do artigo 10.°,
aos funcionários que lhe estão subordinados:

a) a nível Central:
— Directores Nacionais;
b) a nível Local:
— Comissários Provinciais.

4. A pena de demissão só pode ser aplicada pelas entidades que têm com-
petência para nomear.

SECÇÃO IV
RECURSO E REVISÃO

ARTIGO 39.°
(Recurso)

1. Da decisão punitiva cabe recurso hierárquico para o responsável ime-


diatamente superior àquele que punir, a interpor no prazo de 10 dias contados à
partir da data da tomada de conhecimento do respectivo despacho, mediante apre-
sentação de requerimento que fundamenta o pedido.

2. Findo o prazo de 30 dias sem que haja despacho, o recorrente poderá re-
clamar dessa falta à entidade imediatamente superior àquela a quem recorreu e,
não sendo atendido, ao superior hierarquico desta.

3. Na falta de despacho doloso ou culposo dentro do prazo legal, poderá o


Ministro respectivo determinar procedimento disciplinar.

4. Das penas de Admoestação Verbal e Censura Registada não há lugar a recurso.

5. Das decisões condenatórias dos Ministros e Comissários Provinciais, cabe


recurso contencioso.

70
ARTIGO 40.°
(Punição injusta)
Se do processo resultar que a punição teve origem na inexactidão intencional
ou culposa contra o autor dos mesmos, sem prejuízo da responsabilidade crimi-
nal que possa ser exigida.

ARTIGO 41.°
(Suspensão de execução de pena)

A interposição de recurso sobre as punições de multas, despromoção e de-


missão suspende o cumprimento da pena aplicada.

ARTIGO 42.°
(Consulta do processo)

1. Para preparação da defesa e alegações de recurso poderá o arguido con-


sultar o respectivo processo disciplinar.

2. Constituindo mandatário poderá requerer a confiança dos autos nos ter-


mos da lei processual civil.

ARTIGO 43.°
(Fundamentos de admissibilidade de revisão e prazo)

1. É permitida a revisão dos processos disciplinares quando se venham a


verificar factos supervenientes ou surjam meios de provas susceptíveis de demonstrar
a inexistência dos factos que decisivamente influiram na punição.

2. Não há prazo para revisão do processo disciplinar.

3. A revisão só pode ser requerida ao Ministro, Comissário Provincial ou


ao Secretário de Estado competente.

4. Para interposição do pedido de revisão pode o infractor consultar o res-


pectivo processo.

SECÇÃO V
DOS PROCESSOS ESPECIAIS

ARTIGO 44.°
(Infracção directamente verificada)

1. O superior hierárquico que presenciar a infracção cometida por subor-


dinado seu articulará no prazo máximo de 24 horas, acusação escrita contra ele.
O prazo para defesa não pode ser superior a 48 horas e deduzida ele, em despa-
cho fundamentado, imediatamente o superior imporá a pena merecida se estiver
dentro da sua competência.

71
2. Se a pena merecida não estiver dentro da competência do superior que
presenciou a infracção, este relatará o processo, enviando-o pela via hierárquica,
à autoridade competente para a sua aplicação.

3. Se o arguido apresentar rol de testemunhas, ou requerer alguma diligência,


será nomeado um instrutor ao processo.

ARTIGO 45.°
(Processo por falta de assiduidade)

Para efeito de aplicação das respectivas penas disciplinares, os funcioná-


rios com atribuições de chefia levantarão auto por falta de assiduidade aos seus
subordinados que, sem justificação:

a) tenham faltado ao serviço durante 5 dias úteis seguidos ou 8 dias inter-


polados no prazo de 1 ano civil;
b) tenham faltado ao serviço durante 15 dias úteis seguidos ou 30 dias in-
terpolados no prazo de 1 ano civil.

ARTIGO 46.°
(Processo por abandono de lugar)

Para efeitos de demissão será levantado auto de abandono de lugar ao fun-


cionário que faltar ao serviço sem justificação, durante 30 dias úteis seguidos.

1. Levantados os autos seguir-se-ão os termos do processo especial por in-


fracção directamente verificada.

2. No abandono de lugar o infractor só será ouvido se for conhecido o seu


paradeiro.

SECÇÃO VI
DOS PROCESSOS DE INQUÉRITO E DE SINDICÂNCIA

ARTIGO 47.°
(Inquérito e sindicância)

1. Os Ministros, Secretários de Estado e Governadores Provinciais podem


ordenar inquéritos ou sindicância aos serviços:

a) o inquérito tem por fim apurar factos determinados relativos ao proce-


dimento dos funcionários;
b) a sindicância destina-se à averiguação geral acerca do funcionamento dos
serviços.

2. A escolha e a nomeação dos inquiridores ou sindicantes e dos seus se-


cretários ou escrivãos e a instaurção dos processos de inquéritos ou de sindicân-

72
cia ordenados nos termos deste artigo regem-se na parte aplicável, pelas disposi-
ções relativas ao processo disciplinar comum.

3. Se durante a instrução dos processos de inquéritos ou de sindicância hou-


ver necessidade de ser afastado temporariamente dos seus serviços qualquer fun-
cionário, ordenar-se-á a suspensão deste, com direito aos respectivos vencimen-
tos normais, ou determinar-se-á que, por tempo certo, desempenhe funções nou-
tro serviço da mesma natureza.
A suspensão ordenada nestes termos não será superior a 30 dias, prorro-
gáveis até 90 dias.

ARTIGO 48.°
(Publicidade do processo de sindicância)

No processo de sìndìcância, pode o sindicante, logo que a ele dê início, fazê-lo


constar por meio de anúncio publicado nos jornais, ou por meio de editais cuja afi-
xação requisitará às autoridades administrativas ou policiais, a fim de que toda a
pessoa que tenha razão de queixa ou agravo contra o regular funcionamento dos
serviços sindicados se lhe apresente para os fins convenientes.

ARTIGO 49.°
(Revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o presente Decreto.

ARTIGO 50.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da aplicação e interpretação do presen-


te Decreto serão resolvidas pelo Ministro do Trabalho, Administração Pública e
Segurança Social.

Publique-se.

Luanda, aos 26 de Julho de 1991.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

73
1992

ASSEMBLEIA DO POVO

LEI Nº 2/92
DE 17 DE JANEIRO
(D.R. Nº 3/92 – 1ª SÉRIE)

“Da Inspecção Geral da Administração do Estado”


Lei n.° 2/92
de 17 de Janeiro
O aperfeiçoamento constante da estrutura orgânica do aparelho central do
Estado e o aumento da eficácia e operacionalidade do seu funcionamento passam
necessariamente pela criação e institucionalização de órgãos, formas e métodos
de fiscalização e controlo da sua actividade, em ordem à observância da legalidade
democrática, da estabilidade e reforço da direcção e disciplina estatais e do cres-
cimento da participação dos cidadãos no controlo das tarefas atribuídas aos órgãos,
organismos e demais serviços da Administração do Estado.
Na actual etapa em que se consolidam as bases do Estado Democrático de
Direito, a inspecção e controlo da administração pública devem, pois, acompanhar
e estimular as transformações económicas, sociais e culturais que se operam em
toda a sociedade angolana.
Deste modo torna-se urgente institucionalizar a Inspecção-Geral da Ad-
ministração do Estado bem como definir, entre outros, os princípios gerais e os
mecanismos de funcionamento à sua actividade, de modo que se possa desde já
desempenhar cabalmente a sua função de inspecção, fiscalização e controlo da ac-
tividade dos órgãos, organismos e serviços da Administração Central e Local do
Estado no cumprimento das leis, resoluções, regulamentos e determinações dos
órgãos superiores do Estado.
Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 51.° da Lei Constitucional
e no uso da faculdade que me é conferida pela alínea 9) do artigo 47.° da mesma
Lei, a Assembleia do Povo aprova e eu assino e faço publicar a seguinte:

LEI DA INSPECÇÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO

CAPÍTULO I
Dos princípios gerais

ARTIGO 1.°
(Criação)

É criada a Inspecção-Geral da Administração do Estado na dependência di-


recta do Chefe do Governo e dirigida por um Inspector-Geral, por aquele nomeado.

ARTIGO 2.°
(Definição)

1. A Inspecção-Geral da Administração do Estado é um órgão de fiscali-


zação da acção do Governo que executa a função de inspecção e fiscalização su-
perior de toda actividade desenvolvida no exercício das suas atribuições e com-
petência, pelos órgãos, organismos e serviços do Estado bem como de empresas
de que seja o Estado detentor de parte de capital.

2. Os órgãos de inspecção já instituídos a nível do aparelho do Estado man-

77
tém na totalidade, a respectiva competência e atribuições e são coordenados pela
Inspecção Geral da Administração do Estado.

ARTIGO 3.°
(Fundamentos)

A Inspecção e controlo estatal realizam-se com base nas leis e resoluções


vigentes e nas determinações do Chefe do Governo.

ARTIGO 4.°
(Atribuições)

A Inspecção-Geral da Administração do Estado tem as seguintes atribuições:

a) contribuir para o aperfeiçoamento e o aumento da eficiência da activi-


dade administrativa do Estado, através da fiscalização das tarefas cometidas
aos órgãos, organismos e serviços da administração central e local do Es-
tado e da boa gestão do património público;
b) contribuir para a educação e consciencialização dos trabalhadores da Ad-
ministração Pública no espírito da observância rigorosa da legalidade,
da disciplina e da responsabilidade pelos assuntos de toda a sociedade;
c) contribuir para determinação de medidas que visem prevenir e eliminar
os erros e irregularidades cometidos pelos órgãos, organismos e servi-
ços da Administração do Estado no exercício das suas atribuições e com-
petências.

ARTIGO 5.°
(Competência)

1. Compete à Inspecção-Geral da Administração do Estado:

a) inspeccionar e fiscalizar todos os órgãos organismos e serviços admi-


nistrativos do Estado, incluindo os órgãos administrativos que integram
os serviços dos tribunais provinciais e municipais e as Missões Diplo-
máticas e Consulares:
b) realizar inquéritos e sindicâncias, quando ordenados pelo Chefe do Go-
verno;
c) propor a instauração de processos disciplinares em resultado da sua ac-
tividade inspectiva;
d) analisar os métodos de trabalho dos órgãos, organismos e serviços do Es-
tado e propor, medidas tendentes à eficiência da sua actividade admi-
nistrativa;
f) desempenhar as demais funções que lhe sejam atribuídas por lei ou de-
terminadas superiormente.

2. A inspecção e fiscalização abrangem não só os domínios puramente ad-


ministrativos, mas também financeiros e patrimoniais e delas se deve dar conhe-
cimento ao respectivo órgãos central e quando este for o visado, ao Chefe do Go-
verno.

78
3. A inspecção e fiscalização não dão acesso a documentos sob segredo do
Estado ou de justiça, podendo os Inspectores solicitar apenas a sua identificação
e a entidade que os produziu, para ulterior confirmação.

4. Da instrução dos processos disciplinares bem como das denúncias, quei-


xas e reclamações dos cidadãos é dado conhecimento ao respectivo órgãos cen-
tral do Governo ou, sendo contra este, ao Chefe do Governo.

5. A instrução de processos disciplinares de agentes nomeados pelo Presi-


dente da República só pode ser iniciada por determinação do Chefe do Governo.

ARTIGO 6.°
(Finalidade legal)

A inspecção e fiscalização tem por fim averiguar o cumprimento da lei e


instruções de serviço de carácter normativo e determinar se foram salvaguarda-
dos os interesses do Estado a defender pelo órgão ou organismo inspeccionado.

ARTIGO 7.°
(Dever de colaboração)

Todos os órgãos, organismos e serviços do Estado e empresas sujeitos à Ins-


pecção Geral da Administração do Estado nos termos da presente Lei, têm o dever de
prestar toda a colaboração necessária aos inspectores no exercício das suas funções.

CAPÍTUL0 II
Da organização

SECÇÃO I
ESTRUTURA

ARTIGO 8.°
(Estrutura em geral)

A Inspecção-Geral a da Administração do Estado compreende a seguinte


estrutura:
1. Inspector-Geral;
2. Corpo de Inspecção;
3. Gabinete Jurídico e de Estudos;
4. Secretaria-Geral.

79
SECÇÃO II
ESTRUTURA EM ESPECIAL

SUBSECÇÃO I
INSPECTOR GERAL

ARTIGO 9.°
(Competência)

1. No exercício das suas funções, compete ao Inspector-Geral:

a) dirigir e fiscalizar toda a actividade da Inspecção-Geral;


b) solicitar dos órgãos, organismos e serviços do Estado informações da sua
actividade e funcionamento, quando haja suspeitas do seu deficiente-
funcionamento;
c) informar regularmente o Chefe do Governo da actividade da Inspec-
ção-Geral;
d) solicitar a colaboração de técnicos especialistas;
e)submeter à apreciação do Chefe do Governo os processos de inspecção
e fiscalização, acompanhados de pareceres sobre cada um deles;
f) nomear e exonerar responsáveis e contratar técnicos e demais agentes;
g) superintender, dentro da lei, na gestão do orçamento da Inspecção-Geral,
h) distribuir pelos inspectores as tarefas de inspecção, fiscalização, Inquéritos
e sindicâncias, tendo em conta a sua complexidade e especialização;
i) prorrogar até 180 dias o prazo para a conclusão do processo disciplinar
instaurado contra os Gestores Públicos, nos termos da alínea e) do n.ª 1
do artigo 7.° da Lei n.° 10/89, de 30 de Dezembro.

2. O Inspector-Geral pode, mediante autorização do Chefe do Governo, en-


carregar os Inspectores de fazer inquéritos e sindicâncias.

3. Na falta, ausência ou impedimento do inspector-Geral, é substituído por


inspector superior.

ARTIGO 10.°
(Gabinete Jurídico e de Estudos)

1. O Gabinete Jurídico e de Estudos é a estrutura de assessoria técnica da Ins-


pecção Geral em matéria jurídica e elaboração de estudos e compete-lhe, em especial:

a) efectuar estudos sobre a matéria de competência da Inspecção-Geral e


participar no estudo e elaboração de propostas de diplomas legais;
b) prestar assessoria técnica sobre todas as questões de natureza jurídica que
lhe sejam submetidas superiormente;
c) elaborar, coligir e anotar a documentação de natureza jurídica necessá-
ria ao correcto funcionamento da Inspecção-Geral;
d) elaborar e manter actualizado o questionário a utilizar nas inspecções;
e) promover, periodicamente, a realização de cursos de formação especi-
fica e de aperfeiçoamento e outras acções de idêntica natureza dos res-
ponsáveis, técnicos e pessoal administrativo da Inspecção-Geral;

80
f) promover a realização de seminários, colóquios e conferências;
g) proceder à instalação, organização e manutenção da biblioteca e um cen-
tro de dados e informações para apoio documental e técnico da activi-
dade em geral da Inspecção-Geral;
h) assegurar a publicação e difusão estudos sempre que de reconhecida utilidade:
i) seleccionar, classificar e arquivar notícias e comentários com interesse
para a actividade da Inspecção-Geral bem como proceder à análise do res-
pectivo conteúdo;
j) assegurar as relações entre a Inspeccção-Geral e os meios de comunicação
social, nos termos e dentro dos limites estabelecidos na legislação aplicável;
k) cooperar com outros organismos nacionais e internacionais no domínio
da sua competência técnica e científica;
l) exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas pelo Inspector-Geral.

2. O Gabinete Jurídico e de Estudos tem a categoria de Direcção Nacional


e é dirigido por um inspector superior, licenciado em Direito.

ARTIGO 11.°
(Corpo de Inspecção)

1. O Corpo de Inspecção é constituído por inspectores que, por determi-


nação do Inspector-Geral, exercem as actividades previstas no artigo 5.° desta Lei.

2 O Inspector-Geral pode destinar aos inspectores, com carácter permanente,


tarefas em esferas especificas: económica, social, produtiva ou de administração local.

3. O Corpo de Inspecção é dirigido por um inspector superior com a cate-


goria de Director Nacional.

ARTIGO 12.°
(Secretaria geral)

1. A Secretaria Geral é órgão de apoio burocrático à actividade da Inspecção


Geral da Administração do Estado.

2. Para além do disposto no número anterior, compete à Secretaria Geral


gerir o orçamento e administrar o pessoal e património da Inspecção-Geral.

CAPÍTULO III
Da actividade da Inspecção-Geral

SECÇÃO 1
PROGRAMAÇÃO DE TRABALHOS

ARTIGO 13.°
(Programa de trabalho)

1. A Inspecção-Geral realiza as tarefas de acordo com um plano de traba-


lho aprovado pelo Chefe do Governo.

81
2. O plano de inspecção deve ter uma rotatividade de um período não supe-
rior a 5 anos e abranger todos os órgãos do aparelho do Estado a nível central e local.

3. Poderá haver inspecções extraordinárias sempre que as situações assim


o exijam.

SECÇÃO II
INSPECÇÕES

ARTIGO 14.°
(Inspecções Gerais e Especiais)

1. As inspecções podem ser gerais ou especiais e ser ou não acompanhadas


de inquéritos económicos, quando estas forem ordenados pelo Chefe do governo.

2. São gerais as inspecções que se destinam a conhecer as condições de or-


ganização e funcionamento dos serviços de um órgão, organismo ou serviço da
Administração do Estado e os resultados por ele obtidos.

3. São especiais as inspecções que visam a verificação ou conhecimento


de determinados factos ou situações concretas relacionados com a actividades de
um órgão, organismo ou serviço da Administração do Estado e são ordenados pelo
Chefe do Governo.

4. As visitas de inspecções gerais deverão, em regra, guiar-se por um ques-


tionário sistemático que abranja os aspectos essenciais de averiguação e dele se
deve dar conhecimento aos órgãos e serviços cuja actividade é objecto da acção
inspectiva.

5. Será fixado o prazo para cada inspecção o qual não deve exceder dois
meses salvo prorrogação autorizada pelo Inspector Geral.

ARTIGO 15.°
(Fins das Inspecções Gerais)

As inspecções gerais têm por fim obter dados e informar o Chefe do governo:

a) sobre a forma de organização e regularidade do funcionamento do ór-


gão, organismo ou serviços da Administração do Estado, apontando as
deficiências e irregularidades existentes;
b) sobre a competência e qualidade de acção dos responsáveis e quadros
do órgão organismo ou serviços da Administração do Estado e sobre o
modo como exercem as suas funções;
c) sobre a eficácia e boa orientação de um determinado órgão, organismo
ou serviços da Administração do Estado, propondo as reformas neces-
sárias para que a sua eficiência aumente e fazendo a apreciação dos re-
sultados e da orientação seguida;
d) sobre o conjunto da actividade e necessidade dos serviços e dos interesses
a que devem satisfazer.

82
ARTIGO 16.°
(Fins das Inspecções Especiais)

As inspecções especiais têm por fim verificar ou conhecer determinados


factos ou situações concretas relacionadas com a actividade e funcionamento de
um órgão da administração do Estado.

ARTIGO 17.°
(Relatórios de Actividades)

1. A Inspecção-Geral: deverá apresentar ao Chefe do Governo relatórios


ordinários e extraordinários.

2. Os relatórios ordinários são anuais e serão apresentados até 31 de Março e


neles deverá constar sempre uma análise do cumprimento das tarefas executadas pela
Inspecção-Geral do estado geral sobre a observância das tarefas superiormente deter-
minadas ou orientadas, da disciplina e da eficácia do trabalho dos órgãos, organismos
ou serviços da Administração do Estado sobre os quais incidiu a acção inspectiva.

3. Os relatórios extraordinários serão apresentados por determinação do Che-


fe do Governo ou sob proposta do Inspector-Geral, sempre que determinadas si-
tuações resultantes da actividade de Inspecção o exigirem.

ARTIGO 18.°
(Relatórios de Inspecção)

1. De cada Inspecção far-se-á sempre um relatório que, com o respectivo


processo, será enviado ao Chefe do Governo que, por seu turno, determinará o en-
vio ou não para conhecimento do titular do órgão ou organismo da Administra-
ção do Estado inspeccionado.

2. Competirá ao Chefe do Governo, em função dos resultados das inspecções,


aplicar, no quadro das suas competências, as medidas que se afigurem necessárias.

CAPÍTULO IV
Dos deveres e direitos do Pessoal

SECÇÃO I
DEVERES

ARTIGO 19.°
(Deveres Gerais)

Sobre os trabalhadores da Inspecção-Geral da Administração do Estado im-


pedem os deveres constantes da Lei Geral do Trabalho na parte aplicável, do De-
creto n.° 33/91, de 26 de Julho, sobre Regime Disciplinar dos Funcionários Pú-
blicos e Agentes Administrativos e legislação complementar.

83
ARTIGO 20.°
(Deveres Especiais)

1. Os funcionários da Inspecção-Geral da Administração do estado devem


sempre, especialmente em serviço, proceder de modo irrepreensível e isento e agir
com maior discrição para não porem em causa o prestígio e autoridade do orga-
nismo sob inspecção.

2. É expressamente proibido aos funcionários da Inspecção-Geral da Admi-


nistração do Estado receber qualquer dádiva, favor ou benesse da entidade inspeccionada.

3. É de igual modo proibido revelar por qualquer forma factos que tenham
vindo ao seu conhecimento no exercício da sua actividade, ou fazer em público
qualquer comentário sobre eles.

4. A falta de isenção constitui infracção disciplinar passível de pena de de-


missão, sendo-lhe aplicável o disposto no artigo 285.° do Código Penal.

ARTIGO 21.°
(Impedimentos)

É vedado aos inspectores da Inspecção-Geral:

1. Executar inspecções, efectuar inquéritos ou instruir processos discipli-


nares em organismos e serviços da Administração do Estado onde prestem acti-
vidades parentes seus ou afins em qualquer grau da linha recta ou até ao 3.° grau
da linha colateral.

2. Executar inspecções, efectuar inquéritos ou instruir processos discipli-


nares em organismos e serviços públicos onde tenham exercido funções nos dois
anos seguintes à cessação das mesmas ou que tenham interesses directos.

SECÇÃO II
DIREITOS

ARTIGO 22.°
(Direitos Gerais)

Os trabalhadores da Inspecção-Geral têm os direitos consignados na Lei Ge-


ral do Trabalho e legislação complementar.

ARTIGO 23.°
(Direitos Especiais)

1. Os Inspectores da Inspecção-Geral gozam dos seguintes direitos:

a) uso de cartão de identidade próprio dos serviços, cujo modelo constará do


Regulamento Orgânico da Inspecção-Geral da Administração do Estado;
b) uso e porte de arma de defesa pessoal;

84
c) ao acesso e livre trânsito a todos os organismo públicos, empresas coo-
perativas e serviços do Estado, gares, cais de embarque, aeroportos co-
merciais e recintos públicos no exercício das suas funções;
d) solicitar e examinar livros, documentos e arquivos dos serviços inspec-
cionados, que lhe deverão ser facultados com prioridades e urgência re-
queridas, podendo extrair cópias ou amostras necessárias;
e) corresponder-se, quando em serviço fora da sede da Inspecção-Geral, com
todas as autoridades e bem assim com quaisquer pessoas singulares ou
colectivas sobre assuntos de serviço da sua competência;
f) solicitar e receber auxílio de qualquer autoridade ou agente de autoridade
para o desempenho das missões que lhe forem incumbidas.

2. Todos aquele que causar impedimento ou obstruir o desempenho das fun-


ções dos Inspectores Administrativos será devidamente notificado do facto e o não
acatamento da ordem é punível nos termos da Lei Penal.

3 Aos Inspectores da Inspecção-Geral será atribuído um incremento sala-


rial a estabelecer por diploma próprio.

CAPÍTULO V
Da carreira Técnica dos Inspectores

ARTIGO 24.°
(Regime Geral)

A carreira técnica dos Inspectores desenvolve-se pelas seguintes categorias:

a) Inspector Assessor Principal;


b) Inspector Administrativo Assessor;
c) Inspector Administrativo Principal;
d) Inspector Administrativo de l.ª classe;
e) Inspector Administrativo de 2.ª classe;
f) Inspector Administrativo de 3.ª classe.

ARTIGO 25.°
(Recrutamento e Acesso da Carreira)

O recrutamento bem como o regime de estágio para ingresso e acesso na


carreira técnica da inspecção-Geral será aprovado em diploma próprio, segundo
as regras que vierem a ser estabelecidas para a Função Pública.

CAPITULO VI
Das disposições finais e transitórias

ARTIGO 26.°
(Regulamento Orgânico)

Caberá ao Conselho de Ministros, sob proposta do Inspector-Geral, a apro-


vação, no prazo de 60 dias, do Regulamento da Inspecção-Geral da administra-
ção do Estado.

85
ARTIGO 27.°
(Dotação de Pessoal e Meios)

1. A Inspecção-Geral da Administração do Estado tem o pessoal constan-


te da dotação que lhe vier a ser atribuída no seu Regulamento Orgânico.

2. Até a definição do disposto no número anterior fica afecto à Inspec-


ção-Geral o Pessoal que se encontra em funções no extinto Gabinete do Ministro
de Estado para a Esfera de Inspecção e Controlo Estatal, bem como o respectivo
património.

3. A distribuição do pessoal pelos órgãos da Inspecção-Geral da Admi-


nistração do Estado será feita pelo Inspector-Geral tendo em conta a respectiva ex-
periência profissional e as funções a exercer.

ARTIGO 28.°
(Interpretação e aplicação da lei)

As dúvidas ou omissões surgidas na interpretação e aplicação da presente


Lei serão resolvidas por Decreto do Conselho de Ministros.

ARTIGO 29.°
(Entrada em vigor)

Esta Lei entra imediatamente em vigor.

Vista e aprovada pela Assembleia do Povo

Publique-se.

Luanda, aos 8 de Outubro de 1991.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

86
ASSEMBLEIA DO POVO

RECTIFICAÇÃO
DE 16 DE SETEMBRO DE 1992
(D.R. Nº 38/92 – 1ª SÉRIE)

“Da Inspecção Geral da Administração do Estado”


Rectificação, de 16 de Setembro
Por ter saido inexacta a Lei n.° 2/92, de 17 de Janeiro — Da Inspecção-Geral
da Administração do Estado — , publicado no Diário da República n.° 3, 1.ª Sé-
rie, da mesma data rectifica-se o seguinte:

1. No preâmbulo, 4.ª linha do 3.° parágrafo, onde se lê: «...mecanismos de


funcionamento à sua actividade, de modo que se possa», deve ler-se: « ...meca-
nismos de funcionamento inerentes à sua actividade, de modo que possa»;

2. No artigo 9.°, n.° 1, incluir o termo «competente» entre os termos «fun-


ções» e «ao Inspector-Geral»;

3. No artigo 14.°, n.OS 1 e 2 onde se lê: «forem ordenados» e «são ordena-


dos», deve ler-se: «forem ordenadas» e «são ordenadas», respectivamente;

4. No artigo 17.°, n.° 2 onde se lê: «pela Inspecção-Geral do estado», deve


ler-se «pela Inspecção-Geral e do Estado»;

5. No artigo 19.°, na 2.ª linha, onde se lê: «impedem», deve ler-se «impendem»;

6. No artigo 20.°, n.° 1, deve ler-se: «Inspecção-Geral da Administração


do Estado»;

7. No artigo 21.°, n.° 2, última linha, onde se lê: «ou que tenham», deve
ler-se: «ou em que tenham»;

8. No artigo 23.°, n.° 1, c) deve ler-se: «empresas, cooperativas»;

9. No artigo 25.°, epigrafe, onde se lê: «Acesso da Carreira», deve ler-se:


«Acesso na Carreira».

Luanda, aos 26 de Maio de 1992.

O Segundo Secretário da Assembleia do Povo,

MANUEL DIOGO DA SILVA NETO

89
1994

ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 2/94
DE 14 DE JANEIRO
(D.R. Nº 2/94 – 1ª SÉRIE)

“Da impugnação dos actos administrativos”


Lei n.° 2/94
de 14 de Janeiro
As profundas transformações que se vêm operando em Angola vão deter-
minando cada vez mais a tomada de medidas tendentes à consolidação da demo-
cracia e do Estado de Direito.
Neste âmbito, inscreve-se a presente Lei, que deverá constituir um instru-
mento necessário para a protecção geral dos cidadãos contra eventuais erros, ex-
cessos ou abusos dos órgãos públicos, por virtude de tomada de decisões execu-
tórias ou deliberações administrativas violadoras da Lei.
Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 43.° e na alínea b) do arti-
go 88.” da Lei Constitucional, a Assembleia Nacional aprova a seguinte:

LEI DA IMPUGNAÇÃO DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS

CAPÍTULO I
Das disposições gerais

ARTIGO 1.°
(Dos actos administrativos)

1. São actos administrativos os praticados no exercício das suas funções pe-


los órgãos da administração central e local do Estado e pelos órgãos de direcção
das pessoas colectivas de direito público.

2. Consideram-se, para efeitos da presente Lei, pessoas colectivas de direito


público os serviços personalizados do Estado e os estabelecimentos públicos.

ARTIGO 2.°
(Das acções administrativas)

1. São susceptíveis de apreciação contenciosa as acções derivadas de con-


tratos de natureza administrativa.

2. Os factos de que resultem responsabilidade extra-contratual dos órgãos


e organismos mencionados no artigo 1.°, são apreciados em processos de nature-
za civel.

ARTIGO 3.°
(Dos contratos administrativos)

São contratos administrativos os celebrados pelos órgãos e organismos re-


feridos no artigo 1.°, no exercício das suas funções de administração, para fins de
utilidade pública.

93
ARTIGO 4.°
(Das omissões administrativos)

Podem ainda ser impugnados por meio de reclamação ou de recurso as omis-


sões dos órgãos referidos no artigo 1.°, nos casos em que lhes coubesse o dever
legal de agir na protecção dos direitos gerais da comunidade, do meio ambiente
ou da conservação da natureza.

ARTIGO 5.°
(Dos poderes delegados)

Consideram-se como proferidos pela autoridade que conferiu o poder, os


actos administrativos dimanados de autoridade hierarquicamente inferiores no uso
de poderes delegados.

ARTIGO 6.°
(Da impugnação)

Os actos administrativos de carácter definitivo e executório, feridos de ile-


galidade ou lesivos de direitos adquiridos, podem ser impugnados por meio de re-
clamação ou de recurso administrativo.

ARTIGO 7.°
(Fundamento)

Constitui fundamento de impugnação dos actos administrativos, a ilegali-


dade que se pode consubstanciar na violação da lei, incompetência, vício de for-
ma, desvio de poder e usurpação de poder.

ARTIGO 8.°
(Das exclusões)

1. Não são passíveis de impugnação:

a) os actos administrativos que sejam a confirmação de outros;


b) os actos administrativos proferidos em processos de natureza discipli-
nar, laboral, fiscal ou aduaneiro ou de natureza civel que estejam afec-
tos à jurisdição própria;
c) os actos de natureza política.

2. Consideram-se actos de natureza política os praticados no exercício es-


crito da função política do Estado, nomeadamente, os constantes dos artigos 66.°,
88.°, 110.° e 114.° da Lei Constitucional.

CAPÍTULO II
Da impugnação dos actos administrativos

ARTIGO 9.°
(Das modalidades)

A impugnação dos actos administrativos pode ser feita por meio de:

94
a) reclamação, dirigida ao órgão de que dimana o acto;
b) recurso hierárquico, dirigido ao órgão hierarquicamente superior ao que-
proferiu o acto ou de tutela;
c) recurso contencioso, interposto junto do tribunal competente.

ARTIGO 10.°
(Dos limites da fundamentação)

Só os fundamentos de facto e de direito invocados para a reclamação e para


o recurso hierárquico, podem constituir causa para o recurso contencioso.

ARTIGO 11.°
(Do objecto)

1. A impugnação dos actos administrativos por via de reclamação ou re-


curso hierárquico tem por objecto a sua revogação ou alteração.

2. A impugnação dos actos administrativos por recurso contencioso tem por


objecto a declaração da sua invalidade ou anulação.

ARTIGO 12.°
(Da precedência obrigatória)

O recurso contencioso é obrigatoriamente precedido de:

a) reclamação, quanto aos actos administrativos de Membros do Governo,


Governadores Provinciais e Administradores Municipais;
b) recurso hierárquico, quanto aos actos dos órgãos hierarquicamente in-
feriores aos mencionados na alínea anterior e dos órgãos directores das
pessoas colectivas e institutos de direito público.

ARTIGO 13.°
(Dos prazos)

1. O prazo para a impugnação por via de reclamação ou de recurso hierárquico


é de 30 dias.

2. O prazo para o recurso contencioso é de 60 dias.

ARTIGO 14.°
(Da contagem de prazo)

1. A contagem do prazo para reclamação ou recurso hierárquico opera-se


a partir da data da notificação do acto ou da sua publicação.
2. A contagem do prazo para o recurso contencioso opera-se a partir da no-
tificação da decisão que recair sobre a reclamação ou o recurso hierárquico.
3. Se no prazo de 60 dias não for proferida decisão por quem tenha o de-
ver legal de o fazer, considera-se tacitamente indeferida a reclamação ou o recurso.
Neste caso, o interessado tem o direito ao recurso hierárquico ou contencioso, con-
forme o caso.

95
CAPÍTULO III
Da função jurisdicional

ARTIGO 15.°
(Da competência)

Compete ao Tribunal Supremo e aos Tribunais Provinciais, conhecer dos


recursos e acções previstos nesta Lei.

ARTIGO 16.°
(Do plenário)

Compete ao Plenário do Tribunal Supremo, além das demais espécies de


recursos previstos na lei conhecer:

a) dos recursos dos acórdãos preferidas pela Câmara do Cível e Adminis-


trativo em l.ª instância;
b) dos actos administrativos do Presidente da República, do Presidente da
Assembleia Nacional, do Governo, do Chefe do Governo e do Presidente
do Tribunal Supremo.

ARTIGO 17.°
(Da Câmara do Cível e Administrativo)

Compete a Câmara do Cível e Administrativo do Tribunal Supremo conhecer:

a) dos recursos dos actos administrativos dos membros do governo, dos go-
vernadores provinciais e das pessoas colectivas do direito público de âm-
bito nacional;
b) das acções derivadas de contratos de natureza administrativa, celebra-
dos pelos órgãos e organismos referidos no artigo 1.°;
c) dos outros recursos e acções que lhe sejam cometidos por lei.

ARTIGO 18.°
(Da Sala do Cível e Administrativo)

Compete a Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial conhecer:

a) dos recursos dos actos administrativos dos órgãos locais do poder do Es-
tado, abaixo do Governador Provincial, das pessoas colectivas de direito
público e das empresas gestores de serviços públicos de âmbito local;
b) das acções derivadas de contratos de natureza administrativa celebrados
pelos órgãos e organismos referidos no número anterior;
c) de outros recursos e acções que lhe sejam cometidas por lei.

ARTIGO 19.°
(Do alargamento de jurisdição)

A título transitório, pode ser alargada a mais de uma província a jurisdi-


ção da Sala do Cível e do Administrativo de um Tribunal Provincial.

96
CAPÍTULO IV
Das disposições finais

ARTIGO 20.°
(Da revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente Lei.

ARTIGO 21.°
(Da interpretação)

As dúvidas e omissões que surgirem na interpretação e aplicação da pre-


sente Lei são resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 22.°
(Da regulamentação)

A presente Lei deve ser regulamentada pelo Governo no prazo de 90 dias


após a sua publicação.

ARTIGO 23.°
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Publique-se.

Luanda, aos 14 de Janeiro de 1994.

O Presidente da Assembleia Nacional,


Fernando José de França Dias Van-Dúnem

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

97
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 10/94
DE 24 DE JUNHO
(D.R. Nº 25/94 – 1ª SÉRIE)

“Aprova o regime jurídico das férias, faltas e licenças


na Administração Pública”
Decreto-Lei n.° 10/94
de 24 de Junho
O Presente Decreto-Lei, visa estabelecer o regime a observar na conces-
são de férias e licença assim como o tratamento a dar às faltas ao serviço.
Regulam-se deste modo as condições necessárias ao exercício do direito
às férias bem como os critérios a observar para justificação das faltas.
Tratamento especial se procurou dar às licenças, com o estabelecimento das
modalidades, licença registada e licença ilimitada.
Nestes termos, no uso da autorização legislativa concedida pela Resolução
n.” 13/94, de 17 de Junho da Assembleia Nacional e ao abrigo do artigo 113.° da
Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO I
Objecto e âmbito de aplicação

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma estabelece o regime jurídico das férias, faltas e licenças.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

As disposições do presente diploma são aplicáveis aos funcionários públicos


e agentes administrativos dos órgãos da Administração Central e Local do Esta-
do, bem como aos Institutos Públicos.

CAPÍTULO II
Férias

ARTIGO 3.°
(Conceito de férias)

Por férias entende-se ausência ao serviço previamente autorizada até ao má-


ximo de 30 dias, visando proporcionar um período de descanso após determina-
do tempo de serviço.

ARTIGO 4.°
(Direito a férias)

1. Todo o funcionário público tem direito a um período de 30 dias de fé-


rias em cada ano civil, desde que tenha estado em serviço efectivo por tempo su-
perior a um ano.

2. O direito a férias anuais vence no dia 1 de Janeiro de cada ano e repor-


ta-se, em regra, ao serviço prestado no ano civil anterior.

101
3. O direito a férias é irrenunciável e o seu gozo efectivo não pode ser subs-
tituído por qualquer outro benefício, ainda que com acordo do interessado, salvo
nos casos previstos no presente diploma.

4. Durante as férias não pode ser exercida qualquer actividade remunera-


da, salvo se a mesma já vier sendo legalmente exercida.

ARTIGO 5.°
(Férias no ano civil de admissão)

No ano civil de admissão, quando o início de funções ocorrer até 31 de Agos-


to, o funcionário ou agente administrativo, tem direito a um período de férias pro-
porcional ao tempo de serviço prestado.

ARTIGO 6.°
(Marcação das férias)

1. A marcação do período de férias deve ser feita de acordo com os inte-


resses das partes, sem prejuízo de se assegurar em todos os casos, o regular fun-
cionamento dos serviços.

2. Na ausência de acordo, cabe aos serviços marcar o período de férias do


funcionário ou gente administrativo.

3. As férias podem ser gozadas seguidas ou interpoladamente, não podendo


neste caso cada um dos períodos, ser inferior à metade dos dias de férias a que o
funcionário ou agente tenha direito.

4. Sem prejuízo dos casos de conveniência de serviço devidamente fun-


damentada, não pode ser imposto ao funcionário ou agente o gozo interpolado das
férias a que tem direito.

5. Na fixação das férias, sempre que necessário devem ser rateados os me-
ses mais pretendidos, de modo a beneficiar altemadamente cada interessado, em
função do mês gozado nos dois anos anteriores.

6. O início de cada período de férias deve ser marcado para dia útil, de pre-
ferência após o dia de descanso semanal.

7. As férias dos professores, devem ser obrigatoriamente marcadas para os


períodos estabelecidos de interrupção das actividades escolares.

ARTIGO 7.°
(Mapa de férias)

1. O mapa de férias para o anos seguinte deve ser elaborado afixado em lo-
cal acessível aos funcionários ou agentes até ao dia 20 de Dezembro de cada ano.

102
2. Salvo nos casos previsto no presente diploma o mapa de férias só pode
ser alterado posteriormente a 20 de Dezembro por acordo entre os serviços e os
interessados.

ARTIGO 8.°
(Gozo de férias)

Salvo nos casos previstos no presente diploma as férias devem ser goza-
das no decurso do ano civil em que se vencem, não sendo permitida acumulação
de férias de dois ou mais anos.

ARTIGO 9.°
(Acumulação de férias)

1. As férias respeitantes a determinado ano podem ser, por conveniência


de serviço, ou por acordo entre o funcionário ou agente e a administração, ser go-
zadas no ano civil imediato, seguidas ou não das férias vencidas neste.

2. No caso de acumulação de férias por conveniência de serviço, o funcionário


ou agente não pode, salvo acordo nesse sentido, ser impedido de gozar metade dos
dias de férias a que tiver direito no ano a que as mesmas se reportam.

3. Poderão se o solicitarem, acumular as férias de dois anos e gozá-las no


ano imediatamente a seguir, os funcionários ou agentes que exerçam as suas fun-
ções no estrangeiro quando pretendam fazê-lo no país.

ARTIGO 10.°
(Adiamento ou interrupção das férias)

1. Se depois de marcado o período de férias por razões imperiosas e im-


previstas do funcionamento dos serviços for determinado o adiamento ou inter-
rupção das férias já iniciadas, o funcionário ou agente deve iniciar ou retomar o
gozo do período em falta logo após à cessação dos motivos que deram origem ao
adiamento ou interrupção, salvo se existir outro acordo entre o funcionário ou agen-
te e a direcção dos serviços.

2. O adiamento ou a interrupção das férias dos titulares de cargos de Direcção,


responsáveis máximos dos serviços, nas condições previstas no número anterior,
determinado por despacho fundamentado do respectivo membro do Governo.

3. Se o funcionário ou agente estiver doente na data em que deveria iniciar


as férias, serão estas adiadas até ao seu restabelecimento, desde que apresente o
justificativo médico.

4. Se o funcionário ou agente adoecer durante as férias, em condições que


determinem o seu internamento hospitalar, serão as mesmas interrompidas desde
que os serviços sejam imediatamente avisados e o funcionário ou agente comprove
documentalmente o seu estado, retomando-as após o restabelecimento.

103
ARTIGO 11.°
(Férias em caso de cessação definitiva de funções)

1. No caso de cessação definitiva de funções, o funcionário ou agente tem


direito a receber a remuneração relativa a dois dias e meio por cada mês comple-
to de serviço efectivo prestado nesse ano e ao subsídio de férias proporcional, se
a ele tiver direito.

2. Se a cessação ocorrer antes de gozado, total ou parcialmente, o período


Lic férias vencido em 1 de Janeiro desse ano, o funcionário ou agente tem ainda
direito a remuneração relativa a esse período e ao correspondente subsídio, se a
ele tiver direito.

3. O período de férias a que se refere o número anterior, ainda que não go-
zado, conta sempre para efeitos de antiguidade.

ARTIGO 12.°
(Indicação do local de férias)

Antes do início do período de férias o funcionário ou agente deve indicar


pio respectivo serviço a forma como poderá ser eventualmente contactado.

CAPÍTULO III
Faltas

ARTIGO 13.°
(Conceito de falta)

1. Considera-se falta a interrupção da prestação de trabalho devida à au-


sência do funcionário ou agente durante a totalidade ou parte do período diário de
presença obrigatória ao serviço, bem como a não comparência em local a que o
mesmo deva deslocar-se por motivo de serviço.

2. No caso de horários flexíveis, considera-se ainda como falta o período


de tempo em débito apurado no final de cada período.

3. As faltas contam-se por dias inteiros, salvo quando a lei estabelecer re-
gime diferente.
ARTIGO 14.°
(Tipo de Faltas)

As faltas podem ser justificadas ou injustificadas.

ARTIGO 15.°
(Faltas justificadas)

1. Além das relativas às licenças poderão ser justificadas as seguintes faltas:

104
a) duas faltas por mês desde que a justificação seja aceite pelo respectivo
chefe. A justificação poderá ser feita prévia ou imediatamente após a apre-
sentação ao serviço. No caso de a justificação deve ser documentada, o
prazo será de 48 horas;
b) três faltas seguidas mensalmente, por motivo de doença comprovada por
justificativo médico e que poderão acrescer às referidas na alínea ante-
rior. O justificativo médico deverá ser entregue até ao quinto dia a con-
tar da primeira falta por doença.

2. Podem ainda ser justificadas as faltas dadas pelo funcionário ou agente


acompanhante aquando do internamento hospitalar de crianças ou quando assim
seja determinado pelas autoridades sanitárias por virtude de internamento de ou-
tros familiares.

3. Consideram-se também justificadas as faltas motivadas por participação


previamente informada e autorizada, em congressos, conferências, encontros de
carácter político ou científico, cultural ou desportivo, ou por imposição de auto-
ridade judicial, policial, militar ou outra com iguais poderes para ordenarem quan-
do devidamente notificado.

ARTIGO 16.°
(Efeito das faltas nas férias)

1. As faltas referidas na alínea a) do n.° 1 e no n.° 2 do artigo 15.° são des-


contadas das férias do ano seguinte desde que adicionadas às licenças gozadas nes-
se ano excedam o limite de 30.

2. Com excepção das referidas no n.° 1 deste artigo as faltas justificadas


nos termos do presente Diploma não implicam descontos nas férias.

ARTIGO 17.°
(Faltas injustificadas)

1. Consideram-se injustificadas:

a) as faltas cometidas por motivos não previstos nos n°s 1 e 2 do artigo 15.°;
b) as faltas dadas ao abrigo do artigo 19.° quando não sejam justificadas
nos termos do presente capítulo, designadamente, quando não seja apre-
sentada prova bastante ou quando o motivo invocado não corresponda
à verdade.

2. O funcionário ou agente que invocar motivos falsos para justificação das


faltas incorrerá ainda em infracção criminal por falsas declarações.

105
CAPÍTULO IV
Licenças

ARTIGO 18.°
(Conceito de licença)

Considera-se licença, a ausência prolongada do serviço mediante autori-


zação, que não seja por motivo de férias.

ARTIGO 19.°
(Tipos de licença)

1. A licença pode revestir as seguintes modalidades:

a) licença por doença;


b) licença de parto;
c) licença por nascimentos de filhos;
d) licença de casamento, bodas de prata e de ouro;
e) licença por luto;
f) licença registada;
g) licença ilimitada;

2. A concessão das licenças previstas nas alíneas f) e g) depende de pré-


via ponderação da conveniência de serviços e de questões de índole pessoal aten-
díveis para o efeito.

ARTIGO 20.°
(Licença por doença)

1. As licenças por doença são concedidas pela Junta de Saúde por período
até 30 dias prorrogáveis por períodos sucessivos ou sob parecer clínico até 8 dias.

2. Durante o período de licença por doença o funcionário ou agente terá di-


reito a prestações pecuniárias nos termos do Capítulo III da Lei de Segurança Social.

ARTIGO 21.°
(Casos de enfermidade grave)

1. Os funcionários ou agentes suspeitos de sofrer de enfermidade grave de-


verão ser enviados à Junta de Saúde por iniciativa dos serviços, dos hospitais ou
centros de saúde.
2. As faltas dadas até à decisão da Junta de Saúde serão:

a) justificadas em relação ao período em que o funcionário ou agente es-


teve afastado do serviço caso a doença não seja confirmada;
b) consideradas como parte integrante do regime especial de assistência,
caso a doença seja confirmada.

106
ARTIGO 22.°
(Regime especial de assistência)

1. O regime especial de assistência aplicável nos casos referidos no artigo


anterior compreende:

a) dispensa total dos serviços;


b) o pagamento pelo Estado das despesas de deslocação dentro do País para
local diferente da sua residência para efeitos de tratamento e internamento,
quando indicado pela Junta de Saúde;
c) manutenção dos direitos inerentes a sua categoria.

ARTIGO 23.°
(Termo do regime especial)

1. A situação do regime especial de assistência não pode ser superior a dois


anos, altura em que o funcionário ou agente deve passar à situação de protecção
na invalidez.

2. Cessando a gravidade da enfermidade antes de decorrido o prazo refe-


rido no número anterior, mas persistindo a doença, o regime especial será convertido
em licença por doença prevista no artigo 20.° do presente Diploma.

3. Para efeitos quer do n.° 1 do presente artigo quer da atribuição de ven-


cimentos ou prestações legalmente previstas, o tempo transcorrido até à conver-
são, será computado para efeitos de contagem de tempo de serviço.

ARTIGO 24.°
(Regime especial por acidente em missão de serviço)

1. O regime especial referido no artigo 22.° é extensivo ao funcionário ou


agente acidentado em missão de serviço desde que a culpa do acidente não lhe seja
imputável.

2. Quando o sinistrado tenha de se deslocar do seu domicílio habitual para fins


de observação clínica por decisão da Junta de Saúde, ser-lhe-á atribuído um subsídio
diário normalmente concedido, como ajudas de custo para deslocações em serviço.

3. Em caso de morte, as despesas com o funeral correm por conta do Es-


tado, a quem compete também o pagamento do subsídio de morte.

ARTIGO 25.°
(Licença de parto)

1. A funcionária ou agente parturiente tem direito a uma licença de 90 dias.

2. Nesta situação a funcionária ou agente mantém os direitos inerentes à


função ou cargo que exerça.

107
3. Por solicitação da funcionária as suas férias anuais poderão ser acumu-
ladas com a licença de parto.

ARTIGO 26.°
(Licença por nascimento de filho)

1. Por ocasião do nascimento de um filho, o pai, funcionário ou agente tem


direito a ausentar-se do serviço por dois dias.

2. As ausências previstas neste artigo podem ser gozadas seguidas ou in-


terpoladamente desde o dia do nascimento, inclusive, ou dentro dos 15 dias seguintes.

3. A ausência ao serviço por motivo de nascimento de filho deve ser par-


ticipada no próprio dia em que ocorrer ou, excepcionalmente, no dia seguinte, e
justificada por escrito logo que o funcionário ou agente se apresente ao serviço.

ARTIGO 27.°
(Dispensas para consultas pré-natais e amamentação)

1. As funcionárias ou agentes grávidas têm direito a dispensa do serviço para


consultas pré-natais pelo tempo e número de vezes clinicamente determinados.

2. A mãe que comprovadamente amamenta o filho, tem direito a ser dis-


pensada em cada dia de trabalho por dois períodos distintos de duração máxima
de uma hora cada um para o cumprimento dessa obrigação, enquanto durar e até
o filho perfazer 18 meses.

ARTIGO 28.°
(Licenças de casamento, bodas de prata e de ouro)

1. A requerimento do funcionário ou agente será concedida:

a) uma licença de 6 dias de calendário por motivo do seu casamento;


b) uma licença de três dias de calendário por ocasião das bodas de prata ou
de ouro;

2. Em cada uma das situações referidas no número anterior o funcioná-


rio ou agente manterá todos os direitos inerentes ao cargo ou função que de-
sempenha.
ARTIGO 29.°
(Licença por luto)

1. Por motivo de luto serão concedidas licenças até:

a) 5 dias úteis por falecimento de parentes na linha recta;


b) 4 dias úteis no caso de falecimento de parentes na linha colateral até ao
4.° grau e afins;

108
c) 3 dias úteis por motivo de falecimento de qualquer outra pessoa que com-
provadamente viva com o funcionário ou agente em comunhão de mesa
e habitação.

2. A justificação deverá ser efectuada logo que o funcionário ou agente se


apresente ao serviço.

3. Na situação de licença por luto, o funcionário ou agente manterá todos


os direitos inerentes ao cargo ou função que desempenha.

ARTIGO 30.°
(Licença registada)

1. O funcionário ou agente com mais 3 anos de serviço efectivo, pode re-


querer licença registada até um período de 6 meses a gozar seguida ou interpola-
damente, invocado motivo justificado.

2. Este prazo pode ser prorrogado até um ano, quando razões atendíveis o
justifiquem devendo, neste caso, ser preenchidos interinamente os lugares cativos.

3. Enquanto o funcionário ou agente permanecer na situação de licença re-


gistada não poderá exercer qualquer função ou cargo públicos nem exercer direi-
tos fundados na situação anterior.

4. A concessão de licença registada não abre vaga no quadro.

5. Após o termo da licença registada não é permitida outra excepto a ilimitada.

ARTIGO 31.°
(Efeitos da licença)

1. A licença registada implica a perda total das remunerações e do desconto


na antiguidade para efeitos de carreira e reforma.

2. Quando o início e o fim da licença ocorram no mesmo ano civil, o fun-


cionário ou agente tem direito no ano seguinte, a um período de férias proporcional
ao tempo de serviço prestado, no ano da licença.

3. Quando a licença abranja dois anos civis, o funcionário ou agente tem


direito no ano de regresso e no seguinte, a um período de férias proporcional ao
tempo de serviço prestado, respectivamente no ano de suspensão de funções e no
ano de regresso à actividade.

ARTIGO 32.°
(Licença ilimitada)

1. Os funcionários com provimento definitivo e pelo menos cinco anos de


serviço efectivo prestado à Administração, ainda que interpoladamente, podem re-
querer licença ilimitada.

109
2. A licença é concedida mediante despacho do membro do Governo de que
depende o funcionário.

3. Os funcionários na situação de licença ilimitada não podem ser provi-


dos em lugares do quadro dos serviços e organismos abrangidos pelo âmbito de
aplicação do presente diploma.

ARTIGO 33.°
(Duração da licença)

1. A licença prevista no artigo anterior não pode ter duração inferior a 1


ano nem exceder 10 anos, seguidos ou interpolados.

2. Se o funcionário não tiver requerido o regresso à actividade, uma vez es-


gotado o período máximo de licença previsto no número anterior, o veículo exis-
tente entre si e a Administração extingue-se, sem prejuízo dos direitos de aposentação
ou reforma que já tenha adquirido.

3. Entre dois períodos sucessivos de licença não pode mediar um interva-


lo inferior à duração do período de licença precedente.

ARTIGO 34.°
(Efeitos da licença)

1. A concessão de licença ilimitada determina a abertura de vaga e a sus-


pensão do vínculo com a Administração, a partir da data do despacho referido no
n.° 2 do artigo 32.°.

2. A licença ilimitada implica a perda total da remuneração e o desconto


na antiguidade para efeitos de carreira, diuturnidade e reforma.

ARTIGO 35.°
(Férias nos anos de início e termo da licença ilimitada)

1. O funcionário deve gozar férias a que tem direito no ano civil de pas-
sagem à situação de licença ilimitada antes do início desta.

2. Quando haja manifesta impossibilidade de cumprimento do disposto no


número anterior o funcionário tem direito a receber nos 60 dias subsequentes ao
início do gozo da licença, a remuneração correspondente ao período de férias não
gozado, bem como ao respectivo subsídio se a ele tiver direito.

ARTIGO 36.°
(Regresso da situação de licença ilimitada)

1. O funcionário em gozo de licença ilimitada só pode requerer o seu re-


gresso ao serviço após um ano nesta situação, cabendo-lhe uma das vagas exis-
tentes ou a primeira a sua categoria que venha a ocorrer no serviço de origem.

110
2. O disposto no número anterior não prejudica o preenchimento das va-
gas já postas a concurso à data da apresentação do requerimento, nem prevalece
sobre o preenchimento das vagas por recurso a outras figuras de mobilidade se,
na data da apresentação do requerimento já tiverem sido proferido os despachos
necessários para o efeito.

3. Os funcionários no gozo de licença ilimitada cuja categoria foi entretanto


revalorizada ou extinta, tem direito ao regressar, a ser integrado respectivamen-
te, na categoria resultante da revalorização ou noutra categoria equivalente à que
possuía à data do início da licença.

4. Se durante o decurso da licença ilimitada do funcionário se verificar a


reestruturação ou extinção do serviço, o regresso à actividade no serviço para o
qual, de acordo com a respectiva legislação orgânica, tenham passado as atribui-
ções do primeiro, depende de uma apreciação prévia da necessidade desse recru-
tamento de acordo com a política de gestão de efectivos.

5. O regresso do funcionário da situação de licença ilimitada faz-se mediante


requerimento ao titular do órgão competente do Governo.

6. Enquanto se encontrar a aguardar vaga ou colocação, ao funcionário será


atribuído o vencimento da categoria durante 6 meses.

7. Se findo o prazo referido no número anterior se mantiver a impossibi-


lidade de recolocação ao funcionário será efectuada a contagem do tempo de ser-
viço para efeitos de aposentação.

8. O regresso ao serviço do funcionário que tenha estado de licença ilimi-


tada por período superior a dois anos, só pode ocorrer após inspecção médica por
iniciativa dos serviços.

ARTIGO 37.°
(Efeitos das licenças registadas nas férias)

1. As ausências não remuneradas, mas justificadas por autorização dos ser-


viços, na medida que excedam 30 dias, serão descontadas na proporção de 1 dia
de férias por cada 3 dias de ausência.

2. Da aplicação do disposto no número anterior não pode resultar um pe-


ríodo de férias inferior a 10 dias.

CAPÍTULO V
Disposições finais

ARTIGO 38.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplica do presente Di-


ploma serão resolvidas pelo Ministro da Administração Pública, Emprego e Se-
gurança Social.

111
ARTIGO 39.°
(Revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente Diploma.

ARTIGO 40 °
(Entrada em vigor)

O presente Diploma entra em vigor 90 dias após a sua publicação.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 24 de Junho de 1994

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

112
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 24/94
DE 24 DE JUNHO
(D.R. Nº 25/94 – 1ª SÉRIE)

“Aprova as Bases Gerais para a Reconversão de Carreira”


Decreto n.° 24/94
de 24 de Junho

Os desafios que em matéria de reforma e modernização administrativas o


Governo define no seu programa como matéria prioritária em relações à gestão
dos recursos humanos, exige necessária e efectiva implementação do estabeleci-
do pelo Decreto n.° 24/91, de 29 de Junho relativamente às carreiras profissionais
da função pública.
Pretende-se assim inserir no tecido do funcionalismo público em Angola
o regime de carreiras através de um processo de reconversão de carreiras de modo
a proporcionar-se aos trabalhadores da função pública ingresso transparente, pro-
moções meritórias e desempenho devidamente retribuído.
Nos termos da alínea h) do artigo 110.° e do artigo 113.° ambos da Lei Cons-
titucional, o Governo decreta o seguinte:

BASE GERAIS PARA A RECONVERSÃO DE CARREIRAS

CAPÍTULO I
Do objecto e âmbito de aplicação

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente Diploma estabelece as regras para a reconversão das carreiras


definidas no Decreto n.° 24/91, de 29 de Junho.

ARTIGO 2.°
(Âmbito de aplicação)

1. O âmbito de aplicação deste diploma é o definido no Decreto n.° 24/91,


de 29 de Junho.

2. O processo de Reconversão de Carreiras irá incidir sobre todos os tra-


balhadores da função pública, enquadrando-os nos termos do presente diploma,
no Regime Geral de Carreiras.

3. Para os trabalhadores que venham a pertencer às Carreiras de Regime


Especial, operar-se-á a sua transição primeiro para o Regime Geral e deste para
o respectivo Regime Especial logo que os instrumentos necessários para o efeito
estejam elaborado e aprovados.

4. Para as Carreiras de Regime Especial já aprovadas proceder-se-á à re-


conversão directa, caso ainda não estejam implementadas.

115
CAPÍTULO II
Das regras de transição para as carreiras
ARTIGO 3.°
(Carreira técnica superior)

1. Transitam para a carreira técnica superior:

a) para a categoria de assessor principal, os funcionários com mais de 12


anos de licenciatura e com um mínimo de 18 anos de efectivo serviço
na função pública;
b) para a categoria de primeiro assessor, os funcionários que possuam um
mínimo de 9 e um máximo de 12 anos de licenciatura e com um míni-
mo de 15 anos de efectivo serviço na função pública;
c) para a categoria de assessor, os funcionários que possuam um mínimo
de 6 e um máximo de 9 anos de licenciatura e com um mínimo de 12 anos
de efectivo serviço na função pública;
d) para a categoria de técnico superior principal, os funcionários que pos-
suam um mínimo de 4 e um máximo de 6 anos de licenciatura e com mí-
nimo de 9 anos de efectivo serviço na função pública;
e) para a categoria de técnico superior de 1.ª classe, os funcionários que pos-
suam um mínimo até 4 anos de licenciatura e com um mínimo de 6 anos
de efectivo serviço na função pública;
f) para a categoria de técnico superior de 2.ª classe, os funcionários habi-
litados com o grau de licenciatura e com 3 anos de efectivo serviço na
função pública.

2. Transitam excepcionalmente para a categoria de técnico superior de l.ª


classe, os actuais funcionários que embora não possuam o grau de licenciatura, te-
nham sido equiparados à técnicos superiores de 1.ª e estejam em efectivo servi-
ço há mais de 10 anos nesta categoria.

3. Transitam excepcionalmente para a categoria de técnico superior de 2.ª


classe, os actuais funcionários que embora não possuam o grau de licenciatura, te-
nham sido equiparados à técnicos superior de 2.ª e estejam em efectivo serviço há
mais de 6 anos nesta categoria.

4. Transitam excepcionalmente para a categoria de técnico superior de 2.ª


classe, os actuais funcionários habilitados com o grau de bacharel e que possuam
mais de 6 anos de efectivo serviço, no mínimo.

5. Aos funcionários que não possuam os requisitos para o ingresso na car-


reira é vedada a promoção para além da categoria de técnico superior principal en-
quanto não reunirem os requisitos necessários.

6. O regime estabelecido nos n.°s 2, 3 e 4 deste artigo só se aplica aos fun-


cionários que, à data da publicação do presente diploma se encontrem nas situa-
ções acima referidas.

116
ARTIGO 4.°
(Carreira técnica)

1. Transitam para a carreira técnica:

a) para a categoria de especialista principal, excepcionalmente os actuais


funcionários que embora não possuindo o grau de licenciatura tenham
sido equiparados a técnicos superiores de 3.ª classe e estejam em efec-
tivo serviço há mais de 5 anos, nesta categoria;
b) para a categoria de especialista de 1.ª classe, excepcionalmente os ac-
tuais funcionários habilitados com o grau de bacharel e que possuam mais
de 3 anos de efectivo serviço com esse grau de ensino.

2. O acesso ou a promoção dos funcionários para categorias da carreira téc-


nica deverá ocorrer em regra nos serviços públicos de reconhecida especialidade téc-
nicoadministrativo e operativa apenas em relação aos trabalhadores integrados nos
sectores assim considerados e não enquadrados em carreiras de regime especiais.

ARTIGO 5.°
(Carreira técnica-média)

1. Transitam para a carreira técnica média:

a) para a categoria de técnico médio principal de 1.ª classe, os funcioná-


rios que possuam 12 anos de curso médio, Puniv ou equivalente e mais
de 15 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de técnico médio principal de 2.ª classe, os funcioná-
rios que possuam mais de 9 anos de curso médio, Puniv ou equivalen-
te e com mais de 12 anos de efectivo serviço;
c) para a categoria de técnico médio principal de 3.ª classe, os funcioná-
rios que possuam mais de 6 anos de curso médio, Puniv ou equivalen-
te e com mais de 9 anos de serviço;
d) para a categoria de técnico médio de 1.ª classe, os funcionários que pos-
suam mais de 4 anos de curso médio, Puniv ou equivalente e com mais
de 7 anos de efectivo serviço;
e) para a categoria de técnico médio de 2.ª classe, os funcionários que pos-
suam mais de 4 anos de curso médio, Puniv ou equivalente e com mais
de 4 anos de efectivo serviço;
f) para a categoria de técnico médio de 3.ª classe, os funcionários habili-
tados com o curso médio, Puniv ou equivalente e excepcionalmente os
funcionários habilitados com a 8.ª classe de escolaridade e com mais de
18 anos de efectivo serviço;

2. Aos funcionários habilitados com a 8.ª classe de escolaridade é vedada


a promoção para além da categoria de técnico de 1.ª classe, enquanto não reuni-
rem os requisitos para o acesso nas demais categorias desta carreira.

117
ARTIGO 6.°
(Carreira administrativa)

1. Transitam para a carreira administrativa:

a) para a categoria de oficial administrativo principal, os funcionários ha-


bilitados com a 8.ª classe de escolaridade há mais de 12 anos e com um
mínimo de 15 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de primeiro oficial, os funcionários habilitados com a
8.ª classe de escolaridade há mais de 9 anos e com um mínimo de 12 anos
de efectivo serviço;
c) para a categoria de segundo oficial, os funcionários habilitados com a
8.ª classe de escolaridade há mais de 6 anos e com um mínimo de 9 anos
de efectivo serviço;
d) para a categoria de terceiro oficial, os funcionários habilitados com a 8.ª
classe de escolaridade há mais de 4 anos e com um mínimo de 7 anos
de efectivo serviço;
e) para a categoria de aspirante, os funcionários habilitados com a 8.ª clas-
se de escolaridade há mais de 4 anos e com um mínimo de 4 anos de efec-
tivo serviço;
f) para a categoria de escriturário-dactilógrafo, os funcionários habilitados
com a 8.ª classe de escolaridade e os que possuindo a 6.ª classe, possuam
um mínimo de 10 anos de efectivo serviço;

2. Aos funcionários enquadrados nesta carreira não possuidores de 8.ª clas-


se de escolaridade é vedada a promoção para além da categoria de terceiro oficial
enquanto não preencherem os requisitos estabelecidos para o acesso nas demais
categorias desta carreira.

ARTIGO 7 °
(Carreira de tesoureiro)

1. Transitam para a carreira de tesoureiro:

a) para a categoria de tesoureiro principal os tesoureiros habilitados com


8.ª classe de escolaridade e com 10 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de tesoureiro de 1.ª classe, os tesoureiros habilitados com
a 8.ª classe de escolaridade e com um mínimo de 7 anos de efectivo ser-
viço;
c) para a categoria de tesoureiro de 2.ª classe, os tesoureiros habilitados com
a 8.ª classe e os tesoureiros que possuindo a 6.ª classe possuam mais de
10 anos de efectivo serviço nessas funções.

2. Aos funcionários enquadrados nesta carreira não possuidores de 8.ª clas-


se de escolaridade é vedada a promoção para além da categoria de tesoureiro de
1.ª classe.

118
ARTIGO 8.°
(Carreira Motorista)

Transitam para a carreira de motorista:

a) para a categoria de motorista principal, os motoristas possuidores de car-


teira profissional com um mínimo de 12 anos de efectivo serviço nes-
sas funções;
b) para a categoria de motorista de 1.ª classe os motoristas possuidores de car-
teira profissional com mínimo de 8 anos de efectivo serviço nessas funções;
c) para a categoria de motorista de 2.ª classe os motoristas possuidores de car-
teira profissional com menos de 8 anos de efectivo serviço nessas funções.

ARTIGO 9.°
(Carreira de telefonista)

Transitam para a carreira de telefonista:

a) para a categoria de telefonista principal, os telefonistas com o mínimo,


de 8 anos de efectivo serviço nessas funções;
b) para a categoria de telefonista de l.ª classe, os telefonistas com, no mí-
nimo, de 4 anos de efectivo serviço nessas funções;
c) para a categoria de telefonista de 2.ª classe, os telefonistas com, menos,
de 4 anos de efectivo serviço nessas funções;

ARTIGO 10.°
(Carreira de auxiliar administrativo)

Transitam para a categoria de auxiliar administrativo:

a) para a categoria de auxiliar administrativo principal, os funcionários ha-


bilitados com a 6.ª classe de escolaridade e com mais de 8 anos de efec-
tivo serviço;
b) para a categoria de auxiliar administrativo de l.ª classe, os funcionários
habilitados com a 6.ª classe de escolaridade e no mínimo com 4 anos de
efectivo serviço;
c) para a categoria de auxiliar administrativo de 2.ª classe, os funcionários
habilitados com a 6.ª classe de escolaridade e com menos de 4 anos de
efectivo serviço, bem como os funcionários que possuam como habilita-
ções literárias a 4.ª classe e estejam em efectivo serviço há mais de 6 anos.

2. Aos funcionários habilitados com a 4.ª classe de escolaridade é vedada


a promoção para além da categoria de auxiliar administrativo de 2.ª classe.

ARTIGO 11.°
(Carreiras de operário qualificado)

Transitam para a carreira de operário qualificado:

119
a) para a categoria de encarregado, os operários qualificados com mais de
10 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de operário qualificados de l.ª classe, os operários qua-
lificados com, menos de 6 anos de efectivo serviço;
c) para a categoria de operário qualificado de 2.ª classe, os operários qua-
lificados com, menos de 6 anos de efectivo serviço;

ARTIGO 12.°
(Carreiras de operário não qualificado)

Transitam para a carreira de operário não-qualificados:

a) para a categoria de operário não qualificado principal, os operários não


qualificados com mais de 8 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de operário não qualificado de l.ª classe os operários não
qualificados com no mínimo de 4 anos de efectivo serviço;
c) para a categoria de operário não-qualificado de 2.ª classe, os operários
não qualificados com menos de 4 anos de efectivo serviço

ARTIGO 13.°
(Carreira de auxiliares de limpeza)

Transitam para a categoria de auxiliares de limpeza:

a) para a categoria de auxiliares de limpeza principal, os empregados de lim-


peza com mais de 8 anos de efectivo serviço;
b) para a categoria de auxiliar de limpeza de 1.ª classe, os empregados de
limpeza com um mínimo de 4 anos de efectivo serviço;
c) para a categoria de auxiliar de limpeza de 2.ª classe, os empregados de
limpeza com menos de 4 anos de efectivo serviço;

CAPÍTULO III
Dos actuais técnicos básicos

ARTIGO 14.°
(Para a carreira administrativa)

1. Os actuais técnicos básicos podem transitar para a carreira administra-


tiva nas seguintes condições:

a) para a categoria de aspirante, os habilitados com a 4.ª classe de escola-


ridade, estejam há mais de 8 anos de efectivo serviço e no desempenho
de tarefas administrativas;
b) para a categoria de escriturário-dactilógrafo, os habilitados com a 4.ª clas-
se de escolaridade e estejam há mais 6 anos de efectivo serviço e no de-
sempenho de tarefas administrativas.

2. Os actuais técnicos básicos que venham à ser enquadrados na carreira

120
administrativa não poderão ascender à categoria superior às referidas nas alíneas
do número anterior enquanto não preenchem os requisitos normais definidos na
Lei competente.

ARTIGO 15.°
(Para a carreira de auxiliar administrativo)

1. Os actuais técnicos básicos podem transitar para a carreira administra-


tiva nas seguintes condições:

a) para a categoria de auxiliar administrativo de 1.ª classe, os técnicos bá-


sicos habilitados com a 4.ª classe de escolaridade e estejam há mais de
4 anos em efectivo serviço e no desempenho de tarefas administrativas;
b) para a categoria de auxiliar administrativo de 2.ª classe, os técnicos bá-
sicos com escolaridade inferior à 4.ª classe e estejam em efectivo ser-
viço há menos de 2 anos e no desempenho de tarefas administrativas.

2. A ascensão para categorias superiores da carreira de auxiliar adminis-


trativo, só poderá ocorrer observados os requisitos definidos na lei para o efeito.

ARTIGO 16.°
(Para a carreira de operário qualificado)

1. Os actuais técnicos básicos podem transitar para a carreira de operário


qualificado observadas as seguintes condições:

a) para a categoria de operário qualificado de 1.ª classe, os técnicos básicos


que desempenham tarefas de operário e estejam em efectivo serviço há
mais de 8 anos e possuam no mínimo a 4.ª classe de escolaridade.
b) para a categoria de operário qualificado de 2.ª classe, os técnicos básicos
que desempenham tarefas de operário e estejam em efectivo serviço há
mais de 6 anos e possuam no mínimo a 4.ª classe de escolaridade.

2. A ascensão para as categorias superiores da carreira de operário quali-


ficado, só poderá ocorrer observados os requisitos definidos na lei competente.

ARTIGO 17.°
(Para a carreira de operário não qualificado)

1. Os actuais técnicos básicos podem transitar para a carreira de operário


não qualificado nas seguintes condições:

a) para a categoria de operário não qualificado de 1.ª classe, os técnicos bá-


sicos que desempenham tarefas de operário e estejam em efectivo serviço
há mais de 3 anos e possuam o grau de escolaridade inferior à 4.ª classe.
b) para a categoria de operário não-qualificado de 2.ª classe, os técnicos bási-
cos que desempenham tarefas de operário e estejam em efectivo serviço há
menos de 3 anos e possuam o grau de escolaridade inferior à 4.ª classe.

121
2. A ascensão para as categorias superiores da carreira de operário não
qualificados, só poderá ocorrer observados os requisitos definidos na Lei com-
petente.

CAPÍTULO IV
Das disposições finais

ARTIGO 18.°
(Garantia dos titulares dos cargos de direcção e chefia)

As disposições do presente diploma não afectam a titularidade dos actuais


funcionários investidos nos cargos de Direcção e Chefia.

ARTIGO 19.°
(Enquadramento dos actuais titulares de cargos de direcção e chefia)

Os actuais titulares de cargos de Direcção e Chefia que não estejam inte-


grados nos quadros de pessoal dos respectivos serviços deverão ser enquadrados
de acordo com os requisitos definidos no presente diploma para as diferentes car-
reiras e categorias.

ARTIGO 20.°
(Salvaguarda de direitos adquiridos)

1. Ficam salvaguardados os direitos adquiridos, nomeadamente os respei-


tantes à salários, utilizando-se sempre que necessário o mecanismo da compen-
sação salarial.

2. A compensação salarial cessará à partir do momento em que em virtu-


de de actualizações salariais, o salário base do funcionário alcance montante igual
ou superior ao que percebia antes da conversão de carreiras.

ARTIGO 21.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Decreto, serão resolvidas pelo Conselho de Ministros.

ARTIGO 22.°
(Vigência)

O presente Diploma entra em vigor na data da sua publicação e vigorará


apenas durante o período necessário para a execução do processo de reconversão
de carreiras, findo o qual caducará.

122
Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.
Publique-se.

Luanda, aos 3 de Maio de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

123
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI Nº 12/94
DE 1 DE JULHO
(D.R. Nº 26/94 — 1ª SÉRIE)

Estabelece o regime jurídico e condições de exercício


de cargos de direcção e chefia
Decreto-Lei n.° 12/94
de 1 de Julho

Considerando que o ordenamento Jurídico da República de Angola não exis-


te regulamentação sobre o exercício de cargos de Direcção e Chefia;
Considerando que este vazio Jurídico tem criado situações anómalas de di-
fícil solução;
Visando pôr fim o tal vazio e evitarem-se as situações provocadas pelo mesmo;
Nestes termos, no uso da autorização legislativa concedida pela Resolução
12/94 de 17 de Junho, da Assembleia Nacional e ao abrigo do artigo 113.° da Lei
Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

REGIME JURÍDICO E CONDIÇÕES DE EXERCÍCIO


DE CARGOS DE DIRECÇÃO E CHEFIA

TÍTULO I
Regime Jurídico, Objecto e Âmbito de Aplicação

ARTIGO 1.°
(Objecto e âmbito)

1. O presente diploma estabelece o regime jurídico e as condições de exer-


cícicio de cargos de Direcção e Chefia do quadro comum dos serviços e Admi-
nistração Central Local do Estado, bem como, as necessárias adaptações, dos Ins-
titutos Públicos.

2. O regime previsto no presente diploma não se aplica aos Institutos Pú-


blicoscujos titulares estejam subordinados ao Estatuto do Gestor Público.

3. Lei específica definirá o regime jurídico aplicável aos cargos de Direc-


ção e Chefia do quadro especial.

ARTIGO 2.°
(Titulares de cargos de direcção e chefia)

1. Consideram-se titulares de cargos de direcção e chefia, as entidades que


exercem actividades de gestão, coordenação e controlo nos serviços ou organis-
mos públicos referidos no artigo anterior.
2. São cargos de Direcção os seguintes:

a) a nível central
— Director Nacional;
— Secretário Geral;
— Inspector-Geral;
— Director-Geral de Instituto Público.

127
b) a nível provincial
— Director Provincial;
— Delegado Provincial.

c) a nível Municipal.
— Administrador Municipal.

3. São equiparados a Director Nacional os cargos de Secretário-Geral, Ins-


pector-Geral e Director-Geral de Instituto Público.

4. Ao Director Nacional são também equiparados os cargos de Director de


Gabinete Jurídico, Director de Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística e
Director de Gabinete de Intercâmbio Internacional.

5. São os cargos de Chefes:

a) a nível central
— Chefe de Departamento;
— Chefe de Repartição;
— Chefe de Secção.

b) a nível provincial
— Chefe de Departamento;
— Chefe de Secção.

c) a nível municipal
— Chefe de Secção.

6. São equiparados a Chefe de Departamento Nacional os Chefes dos Cen-


tros de Documentação e Informação.

7. A definição da equiparação dos cargos de Chefes de Gabinete dos Mem-


bros do Governo será objecto de Diploma próprio.

8. A criação de cargos de direcção de chefia diversos dos que são enume-


rados nos n.°s 2 e 5, com fundamento na melhor adequação a correspondente so-
lução estrutural ou na especificidade das funções a exercer, será feita no diploma
orgânico dos respectivos serviços ou organismos, no qual será expressamente es-
tabelecida a equiparação.

9. Os titulares de cargos de direcção e chefia exercem as suas competên-


cias no âmbito da unidade ou sub-unidade orgânica em que se integram e desen-
volvem as suas actividades de harmonia com o conteúdo funcional genericamente
definido para cada cargo.

128
CAPÍTULO II

SECÇÃO
Do Recrutamento

ARTIGO 3.°
(Director Nacional Equiparado)

1. O recrutamento para o cargo de Director Nacional ou equiparado é fei-


to, em regra por escolha de entre os seguintes funcionários:

a) titulares de cargos imediatamente inferiores;


b) técnicos superiores de maior categoria na respectiva carreira com com-
petência comprovada;
c) classificação de serviço pelo menos de bom, nos últimos quatro anos.

2. O recrutamento previsto no número anterior poderá ainda recair em in-


divíduo não vinculados à Administração mas que sejam licenciadas e possuam ap-
tidão c experiência profissional comprovada mediante concurso público.

3. Nos casos em que as leis orgânicas expressamente o prevejam, o recru-


tamento para o cargo de Director Nacional ou equiparado, poderá ser feito de en-
tre funcionário integrados em carreiras de regime especial dos respectivos servi-
ços ou organismos, ainda que não possuidores de curso superior.

ARTIGO 4.°
(Chefes de Departamento)

O recrutamento para o cargo de Chefe de Departamento é feito, em regra,


por escolha de entre os seguintes funcionários:

a) titulares de cargos imediatamente inferiores;


b)técnicos, no mínimo médios, de maior categoria na respectiva carreira com
competência comprovada;
c) seis anos de experiência profissional;
d) classificação de serviço pelo menos de bom, nos últimos quatro anos.

ARTIGO 5.°
(Chefe de Repartição)

O recrutamento para o cargo de Chefe de Repartição é feito, em regra, por


escolha de entre os seguintes funcionários:

a) titulares de cargos imediatamente inferiores;


b) técnicos, no mínimo médios, de maior categoria na respectiva carreira
com competência comprovada;
c) quatro anos de experiência profissional;
d) classificação de serviço pelo menos de bom, nos últimos três anos.

129
ARTIGO 6.°
(Chefe de Secção)

O recrutamento para o cargo de Chefe de Secção é feito, em regra, por es-


colha de entre os funcionários que preencham os seguintes requisitos:

a) possuir no mínimo a 8.ª classe de escolaridade com competência com-


provada;
b) quatro anos de expriência profissional;
c) classificação de serviço pelo menos de bom, nos últimos três anos.

SECÇÃO II
Do Provimento

ARTIGO 7.°
(Director Nacional ou equiparado)

1. O Director Nacional ou equiparado é provido em comissão de serviço,


por despacho do membro do Governo competente por um período de três anos,
renovável por iguais períodos.

2. Relativamente ao Secretário Geral a competência para seu provimento


é atribuída ao membro do Governo competente ouvidos os Ministros da Admi-
nistração Pública, Emprego e Segurança Social. e das Finanças.

ARTIGO 8.°
(Chefe de Departamento)

O Chefe de Departamento é provido em comissão de serviço, por Despa-


cho do membro do Governo competente por um período de três anos, renovável
por iguais períodos.

ARTIGO 9.°
(Chefe de Repartição)

O Chefe de Repartição é provido em comissão de serviço, por despacho do mem-


bro do Governo competente por um período de três anos, renovável por iguais períodos.

ARTIGO 10.°
(Chefe de Secção)

O chefe de Secção é provido em comissão de serviço, por Despacho do Mem-


bro do Governo competente por um período de três anos, renovável por iguais períodos.

ARTIGO 11.°
(Provimento á nível local)

Os cargos de direcção e chefia à nível local serão providos em comissão


de serviço por um período de três anos, renovável por iguais períodos por despa-
cho do Governador Provincial sob proposta dos serviços competentes.

130
ARTIGO 12.°
(Regime de renovação da comissão de serviço)

A renovação da comissão de serviço referida nos artigos anteriores, deverá ser


comunicada ao interessado até 30 dias antes do seu termo, cessando a mesma auto-
maticamente no fim do respectivo período se a entidade competente não tiver mani-
festado expressamente a intenção de a renovar, caso em que o seu titular se manterá
no exercício de funções de gestão corrente até a nomeação de novo titular do cargo.

ARTIGO 13.°
(Suspensão da comissão de serviço)

1. A comissão de serviço de titular de cargo de direcção e chefia suspen-


de-se nos casos seguintes:

a) exercício de cargo ou funções reconhecido interesse público, desde que


de natureza transitória ou com prazo certo de duração, que não possa ser
desempenhado em regime de acumulação;
b) exercício de funções de regime de substituição nos termos do artigo l5.°
ou nas situações previstas em lei especial;
c) em situações consideradas de invalidez temporária pelos serviços de saú-
de competente.

2. Nos casos referidos no número anterior, a comissão de serviço suspen-


de-se enquanto durar ou o exercício do cargo ou função ou a invalidez temporá-
ria suspendendo-se igualmente a contagem do prazo da comissão, devendo as res-
pectivas funções serem asseguradas nos termos do artigo 15.° deste Diploma.

3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o período de suspensão con-


ta, para todos os efeitos legais, como tempo de serviço prestado no cargo de origem.

ARTIGO 14.°
(Cessação da comissão de serviço)

1. Sem prejuízo do previsto nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 13.°, a comissão de


serviço cessa automaticamente:

a) pela tomada de posse seguida de exercício, noutro cargo ou função, á qual-


quer título, salvo nos casos em que houver lugar à suspensão ou for per-
mitida a acumulação nos termos do presente diploma;
b) por extinção ou reorganização da respectiva unidade orgânica do serviço
respectivo.

2. A comissão de serviço pode, a todo tempo, ser dada por finda durante
a sua vigência:

a) por despacho do membro do Governo competente em que venha fun-

131
damentada a não comprovação superveniente da capacidade adequada
de garantir a execução das orientações superiores, na não realização dos
objectivos previstos e na necessidade de imprimir nova orientação de ser-
viços;
b) por despacho fundamentado, na sequência do procedimento disciplinar
em que se tenha concluído pela aplicação de sanção disciplinar;
c) a requerimento do interessado, apresentado nos serviços com a antece-
dência mínima de 60 dias e que se considerará deferido se, no prazo de
30 dias á contar da data da sua entrada, sobre ele não recair despacho de
indeferimento.

SECÇÃO III
Do exercício de funções)

ARTIGO 15.°
(Substituição)

1. Os cargos de direcção e chefia podem ser exercidos em regime de subs-


tituição enquanto durar a vacatura do lugar ou ausência ou impedimento do res-
pectivo titular.

2. A substituição só poderá ser autorizada quando se preveja que os con-


dicionalismos referidos no número anterior presistam por mais de 60 dias, sem pre-
juízo de, em todos os casos, devem ser asseguradas as funções atribuídas aos ti-
tulares ausentes.

3. No caso de vacatura do lugar, a substituição terá duração máxima de 6


meses, improrrogáveis.

4. A substituição cessará na data em que o titular do cargo inicie, ou, re-


tome funções ou a qualquer momento, por decisão do membro do Governo com-
petente que a determinou ou a pedido do substituto, logo que deferido.

5. A substituição deferir-se-á pela seguinte ordem:

a) substituto designado na lei quando houver;


b) substituto designado por despacho do membro do Governo competente.

6. A substituição considera-se sempre feita por urgente conveniência de serviço.

7. O período de substituição conta, para todos os efeitos legais, como tem-


po de serviço prestado no cargo ou lugar anteriormente ocupado pelo substituto,
bem como no lugar de origem.

8. O substituto terá direito à totalidade dos vencimentos e demais abonos


e regalias atribuídas pelo exercício do cargo substituído, independentemente da
libertação das respectivas verbas para este, sendo os encargos suportados pelas cor-
respondentes dotações orçamentais.

132
ARTIGO 16.°
(Regime de exclusividade)

1. Os titulares de cargos de direcção e chefia exercem funções em regime


de exclusividade, não sendo permitido, durante a vigência da comissão de servi-
ço exercício de outros cargos ou funções públicas remuneradas, salvo as que re-
sultem de inerência ou de representação de serviços públicos e, bem assim, do exer-
cício de fiscalização ou controlo de dinheiros públicos.

2. O disposto no número anterior não abrange as remunerações provenientes de:

a) direitos de autor;
b) realização de conferências, palestras, acções de formação de curta du-
ração e outras actividades de idêntica natureza;
c) actividade docente, não podendo o horário em tempo parcial ultrapas-
sar um limite a fixar por despacho conjunto dos Ministros das Finanças
e da Educação;
d) participação em comissão ou grupo de trabalho quando criados por re-
solução ou deliberação do Conselho de Ministros;
e) participação em comissões de fiscalização ou outros órgãos colegiais quan-
do previstos na lei.

3. Não é permitido o exercício de actividades comerciais e industriais pelo


titular de cargo de direcção e chefia.

4. A violação do disposto neste artigo constituem fundamento para se dar


por finda a comissão de serviço, nos termos da alínea a) n.° 2 do artigo 14.°.

ARTIGO 17.°
(Isenção de horário)

1. Os titulares de cargos de direcção e chefia estão isentos de horário de


trabalho, não lhes sendo por isso devida qualquer remuneração por trabalho pres-
tado fora do horário normal.

2. A isenção prevista no número anterior abrange a obrigatoriedade de com-


parecer ao serviço quando chamado e não dispensa a observância do dever geral
de assiduidade.

CAPÍTULO III
Competências dos titulares de cargos de direcção e chefia

ARTIGO 18.°
(Competências dos titulares de cargos de direcção)

1. Incumbe, genericamente, aos titulares de cargos de direcção assegurar


a gestão permanente dos respectivos órgãos.

133
2. Compete ao Director Nacional e Equiparados, assegurarem a unida-
de de direcção, submeterem a despacho os assuntos que careçam de resolução
superior.

3. As competências dos titulares referidos no número anterior, em maté-


ria de gestão de recursos humanos não prejudica as competências atribuídas aos
Secretários Gerais.

ARTIGO 19.°
(Competência aos titulares de cargos de chefia)

1. Incumbe, aos titulares de cargos de chefia assegurarem a gestão permanente


das respectivas unidades orgânicas.

2. Aos Chefes de Departamentos de repartição e de secção compete exer-


cer as funções que lhes são cometidas pelo diploma orgânico do respectivo orga-
nismo e às delegadas, pelas entidades competentes.

ARTIGO 20.°
(Delegação de competências)

1. Os membros do Governo podem delegar nos Directores Nacionais e Equi-


parados, a competência para emitirem instruções referentes à matéria relativa às
atribuições genéricas dos respectivos serviços e organismos.

2. Os Directores Nacionais e equiparados, poderão delegar ou subdelegar


em todos os níveis de chefia as competências próprias ou as delegadas pelas en-
tidades competentes.

ARTIGO 21.°
(Exercício da delegação de competências)

1. A delegação de competências envolve o poder de subdelegar, salvo quan-


do a lei ou o delegante disponham em contrário.

2. As delegações e sub-delegações de competências são revogáveis a todo


o tempo, e salvo os casos de falta ou impedimento temporário, caducam com a mu-
dança do delegante ou sub-delegante e do delegado ou sub-delegado.

3. As delegações e sub-delegações de competências não prejudicam, em caso


algum, o direito de avocação ou de direcção e o poder de revogar os actos praticados.

4. A entidade delegada ou sub-delegada deverá sempre mencionar essa qua-


lidade nos actos que pratique por delegação ou sub-delegação.

5. O delegado não pode conhecer do recurso hierárquico dos actos por si


praticados no âmbito da delegação, interposto para o delegante, sendo nulos os ac-
tos de decisão de tais recursos praticados pelo delegado.

134
6. Os despachos de delegação ou sub-delegação deverão especificar as ma-
térias ou poderes neles abrangidos.

7. Quando se trate de poderes da competência originária de entidades de


cujos actos caibam recurso contencioso, os despachos de delegação ou sub-dele-
gação serão sempre publicados no Diário da República.

ARTIGO 22.°
(Delegação de assinatura)

A delegação de assinatura da correspondência ou do expediente necessá-


rio à mera instrução dos processos deve recair no chefe de secção.

CAPÍTULO IV
Direito e deveres

ARTIGO 23.°
(Direitos)

Para além dos direitos de que gozam os funcionários e agentes em geral,


aos titulares de cargos de direcção e chefia são assegurados, os direitos nos ter-
mos das disposições seguintes:

a) direito a carreira;
b) direito à remuneração específica;
c) outros direitos que forem fixados para a Função Pública especialmen-
te atribuídos a estes.

ARTIGO 24.°
(Direitos a carreira)

1. O tempo de serviço prestado em cargo de direcção e chefia conta para


todos os efeitos legais, designadamente, para acesso nas carreiras em que cada fun-
cionário se encontra integrado.

2. Os funcionários nomeados para cargo de direcção e chefia têm direito,


finda a comissão de serviço:

a) ao provimento em categoria superior a que possuiam à data de no-


meação para o cargo de direcção e chefia, a atribuir em função do nú-
mero de anos de exercício continuado nestas funções, agregado ao nú-
mero de anos de serviço na categoria de origem, agrupados de harmo-
nia com os módulos de promoção na carreira;
b) ao provimento na categoria de origem, caso não estejam em condi-
ções de beneficiar do disposto na alínea anterior;
c) à formação profissional ou reciclagem que se mostrar necessária.

3. O disposto no número anterior é aplicável aos funcionários que se en-


contrem nomeados em cargos de direcção e chefia à data da entrada em vigor do
presente Diploma.

135
4. Serão criados nos quadros de pessoal de serviços ou organismos de ori-
gem, os lugares necessários para execução do disposto na alínea a) do n.° 2, os
quais serão extintos à medida em que vagarem.

5. A alteração dos quadros de pessoal prevista no número anterior será fei-


ta por Despacho Conjunto do Ministro das Finanças e da respectiva pasta, publi-
cada na 1.ª Série do Diário da República.

ARTIGO 25.°
(Deveres)

Para além dos deveres gerais dos funcionários e agentes, os titulares de car-
gos de direcção e chefia serão sujeitos aos seguintes deveres específicos:

a) dever de assegurar a orientação geral e disciplinar do serviço e de defi-


nir a estratégia da sua actuação em conformidade com as orientações con-
tidas no Programa do Governo e na lei e de harmonia com as determi-
nações recebidas do respectivo membro do Governo;
b) dever de assegurar a eficiência e a eficácia da unidade orgânica que dirige;
c) dever de manter informado o Governo, através da hierarquia competente,
sobre todas as questões relevantes aos serviços;
d) dever de assegurar a conformidade dos actos praticados pelos seus su-
bordinados com o estatuído na lei e com os legítimos interesses dos cidadãos.

TÍTULO II
Estatuto remuneratório

CAPÍTULO V
Disposições gerais

ARTIGO 26.°
(Direito e remuneração)

Os titulares de cargos de direcção e chefia têm direito a remuneração base


específica, à suplementos remuneratórios e a prestações sociais definidas no pre-
sente Diploma.
ARTIGO 27.°
(Outros direitos)

Além dos direitos mencionados no artigo anterior, os titulares de cargos de


direcção têm direito:

a) viatura oficial;
b) despesas de representação no valor de 20% da remuneração base específica.

ARTIGO 28.°
(Remuneração base)

1. Os índices das remunerações bases mensais dos titulares de cargos de


direcção e chefia constam na tabela anexa à este diploma.

136
2. O regime remuneratório decorrente da tabela mencionada no número an-
terior pressupõe a obrigatoriedade do efectivo exercício de funções de direcção e
chefia.

ARTIGO 29.°
(Condicionante de aplicabilidade)

Aos titulares de cargos expressamente equiparados à funções de direcção


e chefia mas que não detenham o efectivo exercício das respectivas competências
não é aplicável o estatuto remuneratório estabelecido no presente Diploma.

ARTIGO 30.°
(Actualização)

A actualização das remunerações de cargos de direcção e chefia referidos


no presente Diploma efectuar-se-à nos termos dos aumentos decorrentes do regi-
me geral aplicável à Função Pública.

ARTIGO 31.°
(Suplementos remuneratórios)

1. Aos titulares de cargos de direcção e chefia cabem os suplementos re-


muneratórios previstos no regime geral da Função Pública designadamente:

a) subsídio por substituição;


b) subsídio por acumulação;
c) ajudas de custo;
d) subsídio de risco;
e) subsídio de isolamento;
f) subsídio de fixação na periferia;
g) subsídio de natal;
h) subsídio de férias.

2. Poderão caber aos titulares dos cargos de chefia, nomeadamente os che-


fes de Repartição e de Secção além dos mencionados no número anterior os se-
guintes suplementos:

a) horas extraordinárias;
b) subsídio noturno;
c) subsídio de dias de descanso.

3. A aplicação dos suplementos referidos nos números anteriores depende


da verificação dos pressupostos e das condições verificadas na lei competente.

ARTIGO 32.°
(Prestações sociais)

1. As prestações sociais a atribuir aos titulares de cargos de direcção e che-


fia nos moldes definidos no sistema retributivo da Função Pública são as seguintes:

137
a) abono de família;
b) prestações complementares do abono de família;
c) subsídio de funeral;
d) subsídio por morte.

2. A atribuição das prestações sociais referidas no número anterior


far-se-ão nos termos da lei.

ARTIGO 33.°
(Descontos)

As remunerações percebidas pelos titulares de cargos de direcção e che-


fia estão sujeitas aos descontos previstos no sistema retributivo da Função Pú-
blica.

CAPÍTULO VI
Disposições finais

ARTIGO 34.°
(Revogação de legislação)

É revogada toda legislação que contrarie o disposto no presente Diploma.

ARTIGO 35.°
(Vigência)

O presente Diploma entra em vigor 90 dias após a sua publicação.

ARTIGO 36.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Diploma, serão resolvidas pelos Ministros de Administração Pública, Empre-
go e Segurança Social e das Finanças.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 1 de Julho de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

138
Índices remuneratórios para os titulares de cargo de direcção
e chefia a que se refere o artigo 28.º

CARGOS DE DIRECÇÃO CARGOS DE CHEFIA

ESTRUTURA CARGO INDÍCE ESTRUTURA CARGO INDÍCE


REMUN. REMUN.

Director Nacional 150 Chefe de Deprtº. 130


Secretário-Geral 150 CENTRAL Chefe de Repart. 110
CENTRAL Inspector-Geral 150 Chefe de Secção 100
Director-Geral
de Instituto Público 150

Director Provincial 140 Chefe de Depart.º 130


LOCAL Delegado Provincial 140 LOCAL Chefe Sce. Prov. 100
Adm. Municipal 130 Chefe de Sec. Mun. 100

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

139
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI Nº 13/94
DE 1 DE JULHO
(D.R. Nº 26/94 – 1ª SÉRIE)

“Estabelece a orgânica dos Serviços Públicos Centrais e Locais


da Administração do Estado”
Decreto-Lei n.° 13/94
de 1 de Julho

Considerando a necessidade de dar cumprimento à orientação programá-


tica do artigo 11.° da Lei n.° 17/90, de 20 de Outubro, sobre a disciplina da es-
truturação dos serviços públicos;
Considerando que, por caberem no âmbito da referida disciplina, poderão
ser igualmente reguladas as matérias respeitantes à criação, reestruturação e ex-
tinção dos Serviços;
Nestes termos, no uso da autorização legislativa concedida pela Resolução
n.° 10/94, de 17 de Junho da Assembleia Nacional e ao abrigo do artigo 113.° da
Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

ORGÂNICA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS CENTRAIS


E LOCAIS DO ESTADO

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma estabelece as regras de organização dos Serviços de Ad-


ministração Central e Local do Estado.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

1. Este diploma aplica-se aos Serviços Públicos dos Ministérios e Secre-


tarias de Estado bem como dos Órgãos Locais de Administração do Estado.

2. As disposições constantes do presente diploma, aplicam-se aos Institutos


Públicos à título supletivo, desde que se mostrem adequadas à orgânica dos mesmos.

ARTIGO 3.°
(Noção)

São considerados Serviços Públicos, as estruturas administrativas criadas


no seio dos Ministérios e Secretarias de Estado e Institutos Públicos com o fim de
desempenharem as atribuições destes, sob direcção dos respectivos órgãos.

143
CAPÍTULO II
Estruturação dos serviços públicos centrais e locais

SECÇÃO I
Organização de sistemas

ARTIGO 4.°
(Sistemas)

1. São organizados sob forma de sistema as funções administrativas comuns


a todos os Ministérios e Secretarias de Estado que, por decisão do Governo, ca-
reçam de normalização e coordenação central.

2. São definidos como sistema as funções de orçamento, recursos huma-


nos, planeamento, estatística, cooperação e património.

ARTIGO 5.°
(Órgãos)

Os sistemas são integrados por órgãos centrais, sectoriais e sub-sectoriais


de acordo com a natureza e a finalidade de cada função.

ARTIGO 6.°
(Regulamentação)

O Governo, sob proposta dos Ministério e Secretarias de Estado que tive-


rem a seu cargo uma ou mais funções que devem ser organizadas sob a forma de
sistema, de acordo com o artigo 4.° deste Diploma, aprova a legislação sobre as
normas de organização e funcionamento de sistemas.

ARTIGO 7.°
(Dupla subordinação)

Os órgãos sectoriais e sub-sectoriais responsáveis por funções organizadas


sob a forma de sistema, estão sujeitos à orientações técnicas, norma e regulamentos
do órgão central do sistema, sem prejuízo da subordinação do órgão em cuja es-
trutura administrativa estiverem integrados.

ARTIGO 8.°
(Funcionamento)

Os Ministérios e Secretarias de Estado que tiverem a seu cargo a coorde-


nação central e um ou mais sistemas devem cuidar do seu normal funcionamento,
de modo a garantir o máximo de rendimento e a redução dos custos operacionais.

ARTIGO 9.°
(Coordenação)

A nível de cada Ministério devem ser garantidos mecanismos de coorde-


nação e controlo intra-ministerial das funções administrativas.

144
SECÇÃO II
Estrutura interna dos serviços centrais

ARTIGO 10.°
(Serviços centrais)

1. Os serviços centrais são aqueles que exercem a sua competência a nível de


todo o território nacional e se organizam em Ministérios e Secretarias de Estado.

2. Os serviços centrais estruturam-se em serviços de apoio, serviços de con-


cepção, execução e serviços de coordenação.

ARTIGO 11.°
(Serviços de apoio)

Nos Ministérios e Secretarias de Estado deverão existir os serviços do apoio


enumerados nos n.os 1, 2 e 3 seguintes:

1. Serviço de Apoio Consultivo:

a) Conselho Superior ou Conselho Consultivo;


b) Conselho de Direcção .

2. Serviço de Apoio Técnico:

a) Gabinete Jurídico;
b) Secretaria Geral;
c) Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística;
d) Inspecção-Geral ou Gabinete de Inspecção.

3. Serviços de Apoio Instrumental:

a) Gabinete do Ministro ou do Secretário de Estado;


b) Gabinete do Vice-Ministro;
c) Gabinete de Intercâmbio Internacional;
d) Centro de Documentação e Informação.

4. Os serviços referidos n.os 2 e 3, com excepção das alíneas a) e b) deste


terão com as devidas adaptações as estruturas internas definidas nos n.°` 1 ou 2
do artigo 13.°.

5. A estrutura interna dos serviços previstos nas alíneas a) e b) do n.° 3, será


objecto de regulamentação própria.

6. Inspecção-Geral e Gabinete de Inspecção deverão existir, respectivamente,


em organismos com actividade horizontal e naqueles em que a complexidade e es-
pecificidade de funções imponha a necessidade dessa existência.

145
ARTIGO 12 °
(Serviço executivos centrais)

1. Os serviços executivos centrais são os que têm, sob sua responsabilida-


de a execução das atribuições fundamentais e especificas dos Ministérios e Secretarias
de Estado.

2. A unidade principal na categoria dos serviços executivos dos Ministé-


rios c Secretarias de Estado é a Direcção Nacional que engloba serviços especia-
lizados aos quais são incumbidas funções de concepção, direcção controlo e exe-
cução de medidas de política para o respectivo sector designadamente:

a) preparar os elementos necessários à definição da política Ministerial re-


lativa ao respectivo sector, bem como a sua aplicação;
b)assegurar a coordenação, direcção e controlo técnico dos órgãos e ser-
viços subordinados.

3. A estrutura da Direcção Nacional consta das disposições do artigo 13.°.

ARTIGO 13.°
(Estrutura interna das direcções nacionais)

1. As Direcções Nacionais deverão estruturar-se internamente em:

a) Departamentos;
b) Secções.

2. Caso a complexidade e as exigências funcionais o justifiquem a estru-


tura interna das Direcções Nacionais poderá ser a seguinte:

a) Departamentos;
b) Repartições;
c) Secções.

SECÇÃO III
Estrutura interna dos serviços locais

ARTIGO 14.°
(Serviços executivos locais)

1. Além dos serviços executivos centrais, os Ministérios e Secretarias de


Estado dispõem de serviços executivos locais, que são órgãos desconcentrados do
Estado e que têm por missão a execução de actividades especificas, a recolha de
dados operacionais para a concepção de medidas públicas sectoriais locais, bem
como o acompanhamento e controlo das orientações e directrizes superiormente
definidas para o respectivo domínio de actividade.

2. A estruturação dos serviços executivos locais deverá territorialmente es-


tar organizada da seguinte forma:

146
a) ao nível Provincial, em Departamentos e Secção;
b) ao nível Municipal, em Secções.

3. Ao nível Comunal os serviços executivos locais, deverão corresponder


à uma extensão dos serviços Municipais, constituindo-se aqueles em unidades de
trabalho representativos destes.

SECÇÃO IV
Natureza serviços

ARTIGO 15.°
(Conselho superior ou conselho consultivo)

É o órgão de actuação periódica ao qual cabe em geral funções consulti-


vas e que é integrado por quadros de Direcção Central e Local do respectivo ór-
gão, bem como quando se entender necessário poder contar com a participação de
entidades não pertencentes aos quadros do respectivo sector cuja colaboração se
reconheça conveniente e útil.

ARTIGO 16.°
(Conselho de direcção)

É o órgão do Ministério ou Secretaria de Estado ao qual cabe coadjuvar o Mi-


nistro ou Secretário de Estado na coordenação das actividades dos diversos serviços.

ARTIGO 17.°
(Gabinete Jurídico)

É o órgão de apoio técnico ao qual cabe superintender e realizar toda ac-


tividade jurídica de assessoria e de estudos de matéria técnico-jurídica.

ARTIGO 18.°
(Secretaria-Geral)

1. É o órgão que se ocupa da generalidade das questões administrativas co-


muns a todos os serviços do Ministério ou Secretaria de Estado, bem como, da ges-
tão do pessoal, do orçamento, do património, da informática e das relações públicas.

2. A gestão do pessoal a que se refere o número anterior, poderá ser exercida


de forma autónoma desde que o número de pessoal o justifique e a proposta de auto-
nomização seja aprovada, pelos Ministros da Administração Pública e das Finanças.

3. Funcionalmente a Secretaria-Geral equipara-se à Direcção Nacional e


estrutura-se de acordo com o estabelecido para este serviço

ARTIGO 19.°
(Inspecção Geral ou Gabinete de Inspecção)

É o órgão que assegura o acompanhamento, o apoio e a fiscalização do cumprimento


das funções horizontais ou da organização e funcionamento dos serviços em especial,

147
no que se refere à legalidade dos actos, à eficiência e o rendimento dos serviços, a uti-
lização dos meios bem como a proposição de medidas de correcção e de melhoria.

ARTIGO 20.°
(Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística)

O Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística é um órgão de assesso-


ria geral e especial de natureza interdisciplinar que tem como funções de prepa-
ração de medidas de política e estratégia global do sector respectivo, de estudos
e análise regular sobre a execução geral das actividades dos serviços, bem como
a orientação e coordenação da actividade de estatística, dentre outras.

ARTIGO 21.°
(Gabinete dos Membros do Governo)

Junto de cada Membro do Governo deve haver um Gabinete que é um ser-


viço de apoio directo e pessoal e que tem por atribuição assistir o Membro do Go-
verno no desempenho das suas funções.

ARTIGO 22.°
(Gabinete de Intercâmbio Internacional)

O Gabinete de Intercâmbio Internacional é o órgão de relacionamento e coo-


peração entre o Ministério ou Secretaria de Estado e os organismos homólogos de
outros países e as Organizações Internacionais.

ARTIGO 23.°
(Centro de Documentação e Informação)

O Centro de Documentação e Informação é o órgão de apoio instrumen-


tal nos domínios da documentação em geral e em especial na selecção, elabora-
ção e difusão de informação.

SECÇÃO V
(Base de Estruturação)

ARTIGO 24.°
(Organização)

1. A estruturação dos serviços públicos deve pautar-se pelos princípios da


racionalidade, objectividade e flexibilidade aos objectivos fundamentais da eficiência
e da eficácia administrativa.

2. A flexibilidade referida no número anterior terá como limites, sem pre-


juízo dos parâmetros estabelecidos nos artigos 13.° e 14.°:

a) do ponto de vista da estrutura, uma correspondência tão quanto possí-


vel, quer em termos de nível, quer em termos de número entre as uni-
dades ou sub-unidades orgânicas e as áreas diferenciadas de actuação;

148
b) do ponto de vista da fixação dos quadros de pessoal, o equilíbrio entre
as cargas de trabalho e os efectivos necessários.

ARTIGO 25.°
(Identificação das unidades)

1. Os serviços públicos estruturar-se-ão nos termos das disposições das uni-


dades orgânicas a serem formuladas de modo a traduzirem a sua identificação e
abrangerem as respectivas atribuições fundamentais.

2. A estrutura orgânica dos serviços não é impeditiva da adaptação de no-


menclatura específica em função das características especiais do serviço e da na-
tureza da sua área de intervenção.

ARTIGO 26.°
(Critérios de delimitação)

1. Para delimitação dos níveis correspondentes às unidades e sub-unidades


a criar, deverão ser considerados os seguintes critérios:

a) nível de responsabilidade orgânica, para avaliar o impacto e a magnitude


que os resultados produzidos por cada unidade orgânica tem nos objectivos
totais ou finais dos Ministérios e Secretarias de Estado;
b) nível de amplitude de gestão, para avaliar o grau de diversidade e com-
plexidade das actividades cometidas à cada unidade orgânica;
c) coeficiente de enquadramento, para avaliar a relacão entre o número de
cargos de direcção e chefia dentro de cada unidade órganica.

ARTIGO 27.°
(Criação de outras unidades orgânica)

A criação de unidades ou sub-unidades orgânicas que não obedeçam à es-


truturação definida no artigo 13.° deve ser justificada em função das atribuições
permanentes ou da necessidade da actividade desenvolvida.

ARTIGO 28.°
(Correspondência entre cargos e unidades orgânicas)

O número de lugares de pessoal de direcção e de chefia deve correspon-


der ao número de unidades e sub-unidades orgânicas fixadas na legislação orgâ-
nica de cada serviço.
ARTIGO 29.°
(Regime de instalação)

1. Na criação de novos serviço o titular do organismo em que se integram


ou de que dependem deverá, mediante despacho, nomear comissões instaladóras
para a respectiva instalação.

149
2. Do despacho referido no número anterior constarão ainda:
a) o prazo de duração do regime de instalação que não deverá, em regra,
exceder seis meses;
b) a especificação do respectivo regime de pessoal, de acordo com os prin-
cípios genéricos fixados.

ARTIGO 30.°
(Equipas de projecto)

Por despacho da entidade competente e desde que se mostre necessário, po-


derão ser constituídas equipas de projectos especiais integradas por funcionários
ou pessoal contratado, devendo ser fixado no mesmo despacho:

a) o objectivo e a duração previsível do projecto;


b) a cobertura orçamental;
c) a designação da chefia do projecto e a remuneração correspondente.

ARTIGO 31.°
(Quadros de pessoal)

1. Os quadros de pessoal devem reflectir qualitativa e quantitativamente e


as necessidades do serviço, avaliadas em função da sua natureza e objecto pros-
seguido e das respectivas cargas de trabalho.

2. Na fixação do número de lugares para cada categoria integrada em car-


reira vertical, deve observar-se o princípio de que o número de lugares de cate-
goria superior deverá ser inferior ao número de lugar da categoria imediatamen-
te inferior.

3. Os quadros de pessoal podem ser alterados por despacho do titular ou-


vidos os Ministérios da Administração Pública, Emprego e Segurança Social e das
Finanças, sempre que se verifiquem ocorrências especiais, designadamente alte-
ração das atribuições dos serviços ou seja manifesta a sua inadequação ao disposto
no n.° 1 deste artigo.

4. As alterações decorrentes do número anterior não poderão inovar em ma-


téria de carreira e do respectivo regime.

CAPÍTULO III
Criação, reestruturação e extinção de serviços

ARTIGO 32.°
(Criação e reestruturação de serviços)

1. A criação, reestruturação ou extinção de serviços públicos bem como a


revisão dos respectivos quadros de pessoal será da competência do Ministro de tu-
tela, ouvidos previamente os Ministros da Administração Pública, Emprego e Se-
gurança Social e das Finanças.

150
2. Os diplomas orgânicos devem conter capítulos sobre:

a) natureza jurídica e atribuições;


b) órgãos e sub-unidades orgânicas, respectivas competências e normas de
funcionamento, quando não constem já de diploma genérico sobre pro-
cedimentos administrativos;
c) pessoal, com remissão para a lei aplicável às respectivas carreiras ou por
definição do regime especial aplicável;
d) disposições finais e transitórias.

3. Os diplomas orgânicos relativos aos serviços com autonomia adminis-


trativa e financeira devem definir no capítulo referido na alínea a) do n.° 2, do res-
pectivo regime de administração financeira e patrimonial.

ARTIGO 33.°
(Estrutura dos quadros de pessoal)

1. Os diplomas orgânicos a aprovar após a publicação da presente lei de-


verão estruturar os quadros de pessoal de acordo com os seguintes grupos:

a) pessoal de direcção e de chefia;


b) pessoal técnico;
c) pessoal administrativo;
d) pessoal de serviços auxiliares.

2. O quadro de pessoal técnico referido na alínea b) é constituído pelo pes-


soal técnico superior, pessoal técnico e pessoal técnico médio.

3. As carreiras especificas deverão constituir grupos autónomos que se de-


verão integrar no quadro de pessoal de acordo com o princípio da aproximação
por níveis de qualificação e salarial.

ARTIGO 34.°
(Fundamentação dos projectos de diploma)

1. Os projectos de diploma respeitantes à criação ou reestruturação de ser-


viços públicos deverão ser instruídos com:

a) a fundamentação da estrutura proposta, numa óptica de racionalização


orgânica e funcional;
b) a análise qualitativa das necessidades em matéria de pessoal por refe-
rência á estrutura proposta;
c) um mapa de modelo anexo sempre que dos diplomas resulte a criação
ou alteração de quadros de pessoal;
d) a previsão dos custos imediatos.

2. Nos casos previstos no artigo 27.° a fundamentação do projecto deverá


conter a indicação da sua especialidade.

3. Os projectos de despacho de criação ou alteração dos quadros de pes-


soal serão instruídos nos termos das alíneas b) e d) do n.° 1.

151
4. Na preparação de projectos deve ter-se em conta:

a) a eventual existência de serviços que prossigam objectivos idênticos


ou complementares;
b) o acréscimo da eficiência de serviços e inserção dos encargos do pro-
jecto na política orçamental;
c) a adequação da estrutura e dos efectivos aos objectivos à prosseguir
pelo serviço;
d) a compatibilização com o regime geral da Função Pública.

ARTIGO 35.°
(Extinção)

1. Na sequência da necessidade da racionalização das estruturas ou quan-


do se concluam os objectivos subjacentes às atribuições de um serviço, deve pro-
ceder-se à sua extinção ou a fusão com os outros serviços já existentes.

2. O Diploma que proceder à extinção ou fusão prevista no n.° 1 estabele-


cerá, relativamente ao seu pessoal:

a) a sua transição para o serviço que tenha absorvido, total ou parcialmente,


as atribuições do serviço extinto;
b) a sua transição para outro ou outros serviços;
c) esquemas especiais de aposentação voluntária;
d) reclassificação ou reconversão profissional.

3. Os critérios a adoptar na decisão deverão garantir- a adequação entre as


qualificações e experiência profissional do pessoal e as efectivas carências e dis-
ponibilidades dos serviços de transição.

ARTIGO 36.°
(Reclassificação)

1. Em caso de criação ou alteração dos quadros de pessoal, é vedado pre-


ver promoções automáticas ou reclassificações, salvo nos casos previstos nos nú-
meros seguintes.

2. Quando, por força da reestruturação ou extinção de serviços ou da cria-


ção ou extinção de carreira ou categorias, existam funcionários ou agentes cujas
funções não tenham ou deixem de ter correspondência no quadro a que pertençam
ou venham a pertencer, haverá reclassificação profissional a qual se fará para car-
reiras ou categorias correspondentes às funções exercidas.

3. A reclassificação profissional faz-se para a categoria que, dentro da car-


reira, detenha o índice salarial mais próximo do que o funcionário possuia ou deve
ser dispensado o requisito habitacional.

152
4. A reclassificação profissional processa-se por despacho do titular, in-
dependentemente de visto e posse, com anotação da Câmara do Cível e do Ad-
ministrativo do Tribunal Supremo e publicação no Diário da República.

ARTIGO 37.°
(Gestão previsional de efectivos)

1. Os serviços devem elaborar anualmente um plano de gestão de efecti-


vos em função da evolução dos seus programas de actividade e das suas disponi-
bilidades financeiras tendo em consideração as normas aplicáveis sobre progres-
são e promoção do seu pessoal.

2. O plano previsto no número anterior instruirá a proposta de Orçamen-


to para o ano seguinte.

CAPÍTULO IV
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 38.°
(Extinção)

São extintos os sectores em todos os serviços da Administração Central e


Local do Estado.

ARTIGO 39.°
(Dúvidas e Omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e da aplicação do pre-


sente Diploma, serão resolvidas pelo Ministro da Administração Pública, Emprego
e Segurança Social.

ARTIGO 40.°
(Revogação de legislação)

É revogada a Lei n.° 7/79, de 22 de Junho, e derrogada a Lei n.° 21/88, de


Dezembro na parte que contrarie o disposto no presente diploma.

153
ARTIGO 41.°
(Entrada em vigor)

Este Diploma entra em vigor 90 dias após a sua publicação.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministro.

Publique-se.

Luanda, aos 1 de Julho de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

154
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 25/94
DE 1 DE JULHO
(D.R. Nº 26/94 — 1ª SÉRIE)

“Estabelece as regras e procedimentos a observar na classificação


dos funcionários públicos”
Decreto n.° 25/94
de 1 de Julho

Considerando que a atribuição de classificação de serviço dos trabalhadores


da Administração Pública se mostra cada vez mais como uma necessidade premente
para a elevação do desempenho e da qualidade da actividade administrativa.
Nos termos da alínea d) do artigo 112.° e do artigo 113.° ambos da Lei Cons-
titucional, o Governo decreta o seguinte:

CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇO

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma tem como objecto o estabelecimento de regras e pro-


cedimentos a serem observados em matéria de classificação de serviço dos fun-
cionários públicos.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

1. O disposto no presente diploma aplica-se à todos os funcionários com


categoria igual ou inferior à assessor dos serviços e organismos da Administra-
ção Central e Local do Estado.

2. Ficam excluídos da aplicação deste diploma os titulares de cargos de Di-


recção e Chefia.

ARTIGO 3.°
(Objectos da classificação de serviço)

A classificação de serviço obtém-se através de um sistema de notação, e visa:

a) a avaliação do funcionário tendo por base os conhecimentos e qualida-


des de que fez prova no exercício das suas funções;
b) a valorização individual, a melhoria da eficácia e a possibilidade dada
a cada funcionário de conhecer o juízo que os seus superiores hierárquicos
formulam quanto ao desempenho das suas funções;
c) contribuir para o diagnóstico das situações de trabalho com vista ao es-
tabelecimento de medidas tendentes à sua correcção e transformação.

ARTIGO 4.°
(Carácter de classificação de serviço)

1. A classificação de serviço reveste carácter ordinário e extraordinário.


2. A classificação de serviço ordinário refere-se ao período do ano civil ime-

157
diatamente anterior, devendo ser classificado somente os funcionários que possuam
pelo menos seis meses de efectivo serviço no referido período.

3. Há lugar à classificação extraordinária a pedido do funcionário quando,


decorrido um ano civil, não lhe tenha sido atribuída classificação de serviço.

ARTIGO 5.°
(Obrigatoriedade da classificação de serviço)

A classificação é obrigatoriamente considerada nos seguintes casos:

a) promoção e progressão na carreira;


b) celebração de novos contratos para diferente categoria ou cargo;
c) provimento em cargos de Direcção e Chefia.

ARTIGO 6.°
(Sistema de notação)

1. O sistema de notação processa-se pela aplicação das fichas numeradas


de 1 à 4 de acordo com os modelos em anexo.

2. As fichas de anotação n.os 1 à 4 destinam-se aos seguintes grupos de pessoal:

a) ficha de notação n.° 1 para pessoal técnico superior, técnico e técnico médio;
b) ficha de notação n.° 2, para pessoal administrativo;
c) ficha de notação n.° 3, para pessoal auxiliar;
d) ficha de notação n.° 4, para pessoal operário.

ARTIGO 7.°
(Competência para classificação)

1. A competência para classificar, pertence conjuntamente aos superiores


hierárquicos imediato e de segundo nível do notado adiante designados por nota-
dores, salvo o disposto nos n.os 3 e 4 do presente artigo.

2. Considera-se superior hierárquico de segundo nível o responsável que,


na escala hierárquica, se situa na posição imediatamente superior ao chefe ime-
diato do notado.

3. A competência para classificar o pessoal operário pertence conjuntamente


ao superior hierárquico imediato do notado e ao funcionário pertencente ao pessoal téc-
nico superior, técnico ou técnico médio que tiver a seu cargo o pessoal operário.

4. A competência prevista nos n.os I e 3 será exercida pelos notadores que


reúnam o mínimo de seis meses de exercício conjunto de funções em contac-
to funcional com o notado no decurso do ano a que se reporta a classificação.

158
5. Quando a estrutura orgânica de determinado serviço ou organismo não
permitir a aplicação nos n.os 1 e 3, o titular do órgão designará dois notadores com
competências para classificar, os quais terão necessariamente de se situar em po-
sição hierárquica e funcional superior ao notado.

ARTIGO 8.°
(Exercício da competência)

1. A competência prevista nos n.os 1, 3 e 5 do artigo anterior deve ser exer-


cida até 31 de Janeiro de cada ano.

2. O exercício para classificar será precedido, sempre que possível, de reu-


nião conjunta dos notadores de cada organismo ou serviço para consenso quanto
aos procedimentos a adoptar.

3 Nas reuniões de notadores deverão participar representantes dos servi-


ços em matéria de recursos humanos.

ARTIGO 9.°
(Base do processo de notação)

1. O processo de notação baseia-se na apreciação de cada funcionário em


relação à cada um dos factores definidos na respectiva ficha de notação.

2. Nas fichas de notação n.os 1, 2, 3, e 4 cada factor é susceptível de gra-


duação em quatro parâmetros sendo o resultado da pontuação a atribuir ao nota-
do da média aritmética da pontuação obtida nos factores.

3. Mediante despacho do membro do Governo competente e sob proposta


das comissões de avaliação os diversos serviços e organismos da Administração
poderão introduzir coeficientes de notação a que se refere o n.° 2, tendo em aten-
ção as funções efectivamente desempenhadas no respectivo organismo ou servi-
ço.

ARTIGO 10.°
(Conhecimento aos notados)

1. Terminado o processo de notação referido no artigo anterior, será dado


conhecimento por escrito do conteúdo da respectiva ficha em entrevista individual
com os notadores.

2. As entrevistas referidas no número anterior deverão ter lugar até 15 de


Fevereiro de cada ano.

ARTIGO 11.°
(Reclamações)

1. O interessado após tomar conhecimento do conteúdo das fichas de no-

159
tação, pode apresentar aos notadores, no prazo de 5 dias úteis, reclamação escri-
ta com indicação dos factos ou circunstâncias que julgue susceptíveis de funda-
mentar a revisão da classificação atribuída.

2. A reclamação a que se refere o número anterior será objecto de apreciação


pelos notadores, que proferirão decisão fundamentada, a qual será dada a conhe-
cer, por escrito, ao interessado, no prazo máximo de 5 dias úteis.

3. O notado, após tomar conhecimento da decisão prevista no número an-


terior, poderá solicitar, nos 5 dias úteis subsequentes, que o seu processo seja sub-
metido à parecer da comissão parietária de avaliação.

ARTIGO 12.°
(Comissão de avaliação)

1. Em todos os órgãos da Administração e Institutos Públicos será consti-


tuída uma comissão de avaliação composta por quatro vogais, sendo dois repre-
sentantes efectivos da administração e dois representantes efectivos do pessoal.

2. A comissão de avaliação, é um órgão consultivo do titular do órgão.

3. Os vogais representantes da administração serão designados em núme-


ro de quatro pelo titular do órgão de entre notadores, devendo o respectivo des-
pacho fixar os membros efectivo e os suplentes bem como o notador que orien-
tará os trabalhos da comissão de avaliação.

4. Os vogais representantes do pessoal serão eleitos por escrutínio secre-


to em número de quatro, dois efectivo e dois suplentes, por todos os funcionários
da unidade orgânica, sendo vogais efectivos os dois mais votados.

5 A designação e eleição dos vogais deverão ser feitas no mês de Dezem-


bro de cada ano, para funcionar no ano imediatamente à seguir.

6. Nenhum representante poderá ser designado ou eleito dois anos conse-


cutivos para a comissão de avaliação.

ARTIGO 13.°
(Impedimento)

1. Sempre que por impedimento de qualquer dos vogais se verifique in-


terrupção do mandato, estes são substituídos pelos respectivos suplentes, até a con-
clusão do período a que se refere o n.° 5 do artigo anterior.

2. Sempre que num processo de reclamação, sobre o qual tenha de se pro-


nunciar a comissão de avaliação, estejam envolvidos, como notador ou notado, qual-
quer dos seus vogais, estes são substituídos, para apreciação desse processo, pe-
los respectivos suplentes.

160
ARTIGO 14.°
(Parecer da comissão de avaliação)

1. Os pareceres da comissão de avaliação, a proferir no prazo máximo de


15 dias úteis contados à partir da data a que se refere o n.° 3 do artigo 11.°, de-
vem contar propostas de solução da reclamação e revestem a forma de relatório
fundamentado, a elaborar pelo vogal designado para orientar os trabalhos e a subs-
crever por todos os vogais.

2. Quando na comissão de avaliação não se verificar maioria na votação


das propostas de solução referidas no número anterior, deve o respectivo relató-
rio conter as propostas em debate e a sua fundamentação.

3. No caso referido, no número anterior, cabe ao responsável máximo da


unidade orgânica a que pertence o notado decidir de entre as propostas alternati-
vas apresentadas, mediante despacho fundamentado.

ARTIGO 15.°
(Correcção das pontuações)

As pontuações obtidas pelos notados de cada serviço ou organismo deve-


rão ser corrigidas antes da homologação, de acordo com a seguinte perequação:

Sn-IN
c=g+
Nxn

sendo:

c — Pontuação final após perequação;


g — Pontuação obtida pelo notado;
s — Somatório das pontuações obtidas por todos funcionários e agentes do
serviço ou organismo que têm a mesma categoria do notado;
I — Somatório das pontuações obtidas pelos funcionários de idêntica ca-
tegoria atribuídas pelos notadores que avaliarem o notado;
N — Número total de funcionários do serviço pertencentes à categoria do
notado;
n — Número de funcionários da mesma categoria apurado pelos notado-
res que avaliarem o notado.

ARTIGO 16.°
(Homologação da classificação)

1. A homologação da classificação, após a aplicação de perequação a que


se refere o artigo 15.°, compete ao titular do órgão e terá lugar até 30 dias após a
sua recepção.

161
2. Nenhum processo de notação subirá à homologação antes de decorrido
o prazo mencionado no n.° 1 do artigo 11.° ou n.° 3 do mesmo artigo, quando haja
lugar à reclamação.

3. Quando o titular do órgão decidir não homologar qualquer processo de


classificação que lhe seja submetido, proferirá sobre o mesmo despacho, funda-
mentado a sua decisão e ouvirá a comissão de avaliação, a qual deverá proferir o
seu parecer no prazo de 10 dias.

4. Da classificação, após homologação, é dado conhecimento ao interessado.

ARTIGO 17.°
(Recurso hierárquico)

1. Da homologação cabe, o recurso hierárquico ao membro do Governo com-


petente, a interpor no prazo de 10 dias contados à partir da data que o recorrente
tomou conhecimento da homologação.

2. Sobre o recurso interposto nos termos do número anterior, deverá ser pro-
ferida decisão no prazo de 15 dias, contados à partir da data de interposição.

ARTIGO 18.°
(Confidencialidade das notações)

1. As fichas de notação têm carácter confidencial e são arquivadas no res-


pectivo processo individual.

2. Todos os órgãos ou entidades intervenientes no processo de notação fi-


cam obrigados ao dever de sigilo profissional sobre esta matéria.

ARTIGO 19.°
(Promoção de ex-responsável)

1. Na promoção do pessoal que tiver desempenhado funções de direcção


e chefia deverá considerar-se a classificação de serviço obtida no último ano de
exercício de funções na categoria de origem.

2. Quando a prestação de serviço militar obrigatório impeça a atribuição


da classificação que se refere as alíneas a) e b) do artigo 3.°, será automaticamente
adoptada a última classificação de serviço obtida no ano anterior ao início da si-
tuação que deu origem ao impedimento.

ARTIGO 20.°
(órgão de recursos humanos)

1. Os serviços com competência em matéria de recursos humanos deverão


assegurar a organização, dinamização e acompanhamento do processo de classi-
ficação de serviço instituído pelo presente Diploma.

162
2. As comissões de avaliação poderão solicitar a presença de técnicos de
serviços a que se refere o número anterior, os quais, neste caso, participarão nas
reuniões das comissões de avaliação sem direito à voto.

3. A participação referida no número anterior é obrigatória sempre que a


comissão de avaliação se ocupe da matéria a que se refere o n.° 3 do artigo 9.°.

ARTIGO 21.°
(Outros sistemas de classificação)

Poderão ser utilizados outros sistemas de classificação de serviços quan-


do estejam em causa funções especificas, mediante proposta do Ministério com-
petente e do membro do Governo que tiver a seu cargo a função pública para apro-
vação do Conselho de Ministros.

ARTIGO 22.°
(Revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente Diploma.

ARTIGO 23.°
(Entrada em vigor)

O presente Diploma entra em vigor um mês após a data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 3 de Maio de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

163
CONSELHO DE MINISTROS

RESOLUÇÃO Nº 27/94
DE 26 DE AGOSTO
(D.R. Nº 37/94 – 1ª SÉRIE)

“Aprova a Pauta Deontológica do Serviço Público”


Resolução n.° 27/94
de 26 de Agosto

A Administração Pública, no desempenho da sua insubstituível função so-


cial, deve, através dos seus trabalhadores, pautar a sua conduta por princípios, va-
lores e regras alicerçados na justiça, na transparência e na ética profissional, como
primeiro passo para o estabelecimento da necessária relação de confiança entre os
serviços públicos e os cidadãos.
Assim, para além das obrigações estabelecidas no estatuto disciplinar dos
trabalhadores da Função Pública, reconhece-se útil juntar-se-lhes os imperativos
intrinsecamente entranhados no âmago da Coisa Pública, ditames que transformam
a obrigação em devoção e que enobrecem o sentido e a utilidade da actuação dos
órgãos e serviços da Administração Pública.
Para tanto tem de haver uma disciplina integral que procure contemplar de-
veres externos e internos na qual se interligam os comandos legal e moral e em
que os poderes funcionais são acompanhados do conhecimento e prática dos usos
exemplares da sociedade, com relevância para os que se referem às relações en-
tre servidor público, trabalhador da Administração Pública e o cidadão utente, be-
neficiário e garante dos serviços públicos.
Sendo os serviços públicos criados para servir a comunidade e o indivíduo,
pesa sobre o servidor público, sem prejuízo da autoridade de que também está im-
buído, o dever de acatamento e respeito para com os valores fundamentais da so-
ciedade, da ordem constitucional, dos cidadãos e da própria Administração Pública
quer Central como Local.
Impõe-se assim a formulação de regras deontológicas com as quais o
funcionário público e o agente administrativo deverão pautar a sua conduta
no desempenho da sua actividade profissional, em homenagem e observân-
cia aos valores mais elevados em que se fundamenta a missão para qual es-
tão investidos;

Assim nos termos da alínea e) do artigo 112.° da Lei Constitucional o Go-


verno delibera o seguinte:

1. Aprovar a Pauta Deontológica do serviço público, anexa a presente re-


solução.

2. Proceder, sob a responsabilidade do Ministério da Administração Pública,


Emprego e Segurança Social, a ampla divulgação da Pauta Deontológica por to-
dos os serviços da Administração Central e Local.

3. Cometer a todos os serviços da Administração Central e Local a res-


ponsabilidade pela posse e conhecimento da Pauta Deontológica do serviço pú-
blico por todos os funcionários e agentes da função pública.

167
Publique-se.

Luanda, aos 26 de Agosto de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

PAUTA DEONTOLÓGICA DO SERVIÇO PÚBLICO

I - Âmbito, Conteúdo e Aplicação

1. A Pauta Deontológica do serviço público abrange todos os trabalhado-


res da Administração Pública, independentemente do seu cargo, nível ou local de
actividade, incluindo, os que exercem funções de direcção e chefia.

2. O conteúdo da Pauta Deontológica do serviço público compreende um


conjunto de deveres de índole ético profissional e social que impendem sobre os
trabalhadores públicos no exercício das suas actividades, nas relações destes com
os cidadãos e demais entidades particulares bem como, com os diferentes órgãos
do Estado em especial a Administração Pública

3. Aplicação — A aplicação da presente Pauta Deontológica não prejudi-


ca a observância simultânea das regras deontológicas que existam em alguma ins-
tituição ou organismo público.

II — Valores Essenciais

4. Interesse Público — Os trabalhadores da Administração Pública devem


exercer as suas funções exclusivamente ao serviço do interesse público. Os inte-
resses gerais sustentadores da estabilidade, convivência e tranquilidade sociais e
garantes da satisfação das necessidades fundamentais da colectividade são a ra-
zão de ser última da actuação dos trabalhadores públicos.

5. Legalidade — Os trabalhadores da Administração Pública devem pro-


ceder no exercício das suas funções sempre em conformidade com a lei, deven-
do para o efeito conhecer e estudar as leis, regulamentos e demais actos jurídicos
em vigor bem como contribuir para a ampla divulgação e conhecimentos da lei e
o aumento da consciência jurídica dos cidadãos.

6. Neutralidade — Os trabalhadores da Administração Pública têm o de-


ver de adoptar uma postura e conduta profissionais ditadas pelos critérios da im-
parcialidade e objectividade no tratamento e resolução das matérias sob sua res-
ponsabilidade, observando sempre com justeza, ponderação e respeito o princípio
da igualdade jurídica de todos os cidadãos perante a lei e insentando-se de quais-
quer considerações ou interesses subjectivos de natureza política, económica, re-
ligiosa ou outra.

168
7. Integridade e Responsabilidade — Os trabalhadores da Administração
Pública devem no exercício das suas funções pugnar pelo aumento da confiança
dos cidadãos nas instituições públicas bem como da eficácia e prestígio dos seus
serviços. A verticalidade, a discrição, a lealdade e a transparência funcional de-
vem caracterizar a actividade de todos quantos vinculados juridicamente à Ad-
ministração Pública comprometem-se em serví-la para bem dos interesses gerais
da comunidade.

8. Competência — Os trabalhadores da Administração Pública devem as-


sumir o mérito, o brio e a eficiência como critérios mais elevados de profissionalismo
no desempenho das suas funções públicas. A qualidade dos serviços públicos em
melhor servir depende, decisivamente, do aumento constante da capacidade téc-
nica e profissional dos agentes e funcionários públicos.

III - Deveres para com os Cidadãos

9. Qualidade na prestação do serviço público — A consciência e a postu-


ra de bem servir, com eficiência e rigor, devem constituir uma referência obriga-
tória na actividade dos trabalhadores da Administração Pública nas suas relações
com os cidadãos. Qualidade nas prestações que se proporcionam aos cidadãos e
à sociedade em geral deve significar também uma forma mais humana de actua-
ção, de participação e de exigência recíprocas entre os trabalhadores públicos e
os utentes dos serviços públicos.

10. Isenção e Imparcialidade — Os trabalhadores da Administração Pública


devem ter sempre presente que todos os cidadãos são iguais perante a lei, deven-
do merecer o mesmo tratamento no atendimento, encaminhamento e resolução das
suas pretensões ou interesses legítimos, salvaguardando, no respeito à lei, a igual-
dade de acesso e de oportunidades de cada um.

11. Competência e Proporcionalidade — Os trabalhadores da Administração


Pública devem exercer as suas actividades com observância dos imperativos de
ordem técnica e científica requeridos pela efectividade e celeridade das suas fun-
ções. Devem igualmente saber adequar, em função dos objectivos a alcançar, os
meios mais idóneos e proporcionais a empregar para aquele fim.

12. Cortesia e Informação - Os trabalhadores da Administração Pública de-


vem ser corteses no seu relacionamento com os cidadãos e estabelecer com eles
uma relação que contribua para o desenvolvimento da civilidade e correcção dos
servidores e dos utentes dos serviços públicos. Devem os trabalhadores da Ad-
ministração Pública, igualmente, serem prestaveis no asseguramento aos cidadãos
das informações e esclarecimentos de que careçam.

13. Proibidade — Os servidores da Administração Pública não podem so-


licitar ou aceitar, para si ou para terceiros, directa ou indirectamente quaisquer pre-
sentes, empréstimos, facilidades ou em geral, quaisquer ofertas que possam pôr
em causa a liberdade da sua acção, a independência do seu juízo e a credibilida-
de e autoridade da Administração Pública dos seus órgãos e serviços.

169
IV — Deveres Especiais para com a Administração

14. Serviço Público — Os trabalhadores da Administração Pública ao vin-


cularem-se com os entes públicos para contribuírem para a prossecução dos inte-
resses gerais da sociedade, devem colocar sempre a prevalência destes acima de
quaisquer outros.
Igualmente não devem usar para fins e interesses particulares a posição dos
seus cargos e os seus poderes funcionais.

15. Dedicação — Os trabalhadores da Administração Pública devem de-


sempenhar as suas funções com profundo espírito de missão, cumprindo as tare-
fas que lhe sejam confiadas, com prontidão, racionalidade e eficácia. O respeito
pelos superiores hierárquicos, colegas e subordinados bem como a destreza e cria-
tividade na análise dos problemas e busca de soluções deverão ser atributos de re-
levo na actuação dos trabalhadores públicos.

16. Autoformação, Aperfeiçoamento e Actualização — Os trabalhado-


res da Administração Pública devem assegurar-se do conhecimento das leis, re-
gulamentos e instruções em vigor e desenvolver um esforço permanente e sis-
temático de actualização dos seus conhecimentos, bem como de influência nes-
te sentido em relação aos colegas e subordinados. Em especial os titulares de
cargos de direcção e chefia devem ser exemplo e o elemento dinamizador des-
sa acção.

17. Reserva e Discrição — Os trabalhadores da Administração Pública de-


vem usar da maior reserva e discrição de modo a evitar a divulgação do facto e
informações de que tenham conhecimento no exercício de funções sendo-lhes ve-
dado o uso dessas informações em proveito próprio ou de terceiros.

18. Parcimónia — Os trabalhadores da Administração Pública devem fa-


zer uma criteriosa utilização dos bens que lhe são facultados e evitar desperdícios,
não devendo utilizar directa ou indirectamente quaisquer bens públicos em pro-
veito pessoal, nem permitir que qualquer outra pessoa deles se aproveite à mar-
gem da sua utilização

19. Solidariedade e Cooperação — Os trabalhadores da Administração Pú-


blica devem, estabelecer e fomentar um relacionamento correcto e cordial entre
si de modo a desenvolver o espírito de equipa e uma forte atitude de colaboração
e entre ajuda, procurando o auxílio dos superiores e colegas no aperfeiçoamento
do nível e qualidade do trabalho a prestar.

V - Deveres para com os órgãos de Soberania

20. Zelo e Dedicação — Os trabalhadores da Administração Pública, de-


vem independentemente das suas convicções políticas ou ideológicas, agir com
eficiência e objectividade e esforçar-se por dar resposta às solicitações e exigên-

170
cias dos órgãos da Administração a que estão afectos, em especial, respeitando e
fazendo respeitar os direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos pre-
vistos na constituição e nas leis assim como contribuindo para o cumprimento ri-
goroso dos deveres estabelecidos no ordenamento jurídico.

21. Lealdade — Os trabalhadores da Administração Pública devem esfor-


çar-se por na sua esfera de acção exercer com lealdade os programas e missões
definidas superiormente, no respeito escrupuloso à lei e às ordens legítimas dos
seus superiores hierárquicos.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

171
CONSELHO DE MINISTROS

RECTIFICAÇÃO
DE 9 DE SETEMBRO DE 1994
AO DECRETO-LEI N.º 12/94
DE 1 DE JULHO
(D.R. Nº 41/94 – 1ª SÉRIE)

“Sobre o exercício de cargo de Direcção e Chefia”


Rectificação, de 9 de Setembro; ao Decreto-Lei n.º 12/94
Tendo-se constatado ter havido lapso na publicação do Decreto-Lei n.° 12/94,
de 1 de Julho, publicado no Diário da República n.° 26, 1.ª Série, procede-se às
seguintes alterações:

— O artigo 7.°, passa a ter a seguinte redacção:

ARTIGO 7.°
(Director Nacional ou equiparado)

1. O Director Nacional ou equiparado é provido em comissão de serviço,


por Despacho Conjunto do Primeiro Ministro e do Membro do Governo compe-
tente sob proposta deste, por um período de três anos, renovável por iguais períodos.

2. Relativamente ao Secretário Geral, a competência para o seu provimento


é atribuída em conjunto ao Primeiro Ministro e ao Membro do Governo compe-
tente, ouvidos os Ministros da Administração Pública, Emprego e Segurança So-
cial e das Finanças.

— O artigo 11.° deve ter a seguinte redacção:

ARTIGO 11.°
(Provimento a nível local)

Os cargos de direcção e chefia a nível local serão providos em comissão


de serviço por um período de três anos, renovável por iguais períodos, por Des-
pacho Conjunto do Membro do Governo que tiver a seu cargo a Administração
do Território e do Governo Provincial, sob proposta do Governo Local tratando-se
do Delegado Provincial, e dos Serviços Locais para os restantes casos.

Publique-se.

Luanda, aos 9 de Setembro de 1994

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

175
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI N.º 21-A/94


DE 16 DE DEZEMBRO
(D.R. Nº 56/94 – 1ª SÉRIE - SUPLEMENTO)

“Sobre o sistema retributivo da Função Pública”


Decreto-Lei nº 21-A/94
de 16 de Dezembro
Considerando a necessidade de se regrar de maneira própria a forma de re-
tribuição dos funcionários públicos de modo a não só disciplina-los, mas também
autonomizá-los do Estatuto Remuneratório de outras entidades nomeadamente dos
titulares de cargos Políticos e cargos de Direcção e Chefia;

Considerando ainda que só através de um sistema retributivo específico se


poderá atribuir ao funcionário público uma remuneração adequada não só as suas
legítimas expectativas mas também, as novas e maiores exigências que lhe serão fei-
tas em virtude das medidas de reorganização dos serviços que estão sendo tomadas;

Nestes termos, no uso da autorização legislativa concedida pela Resolução


nº 9/94, de 17 de Junho, da Assembleia Nacional e ao abrigo do artigo 113º da lei
Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

SISTEMA RETRIBUTIVO DA FUNÇÃO PÚBLICA

CAPÍTUTO I
Das Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O Presente diploma estabelece as regras sobre o Sistema Retributivo da Fun-


ção Pública.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

O presente diploma aplica-se a todos os funcionários e agentes dos Organismos


da Administração Central e Local do Estado, Institutos Públicos e Serviços que es-
teja sob a dependência da Presidência da República e da Assembleia Nacional.

ARTIGO 3.º
(Noção)

O Sistema Retributivo é o conjunto formado por todos os elementos de na-


tureza pecuniária ou de outra que são ou podem ser percebidos, periódica ou oca-
sionalmente, pelos funcionários e agentes por motivo da prestação de trabalho.

ARTIGO 4.º
(Princípio do sistema retributivo)

1. O Sistema Retributivo estrutura-se com base em princípios de equida-


de interna e externa.

2. A equidade interna visa salvaguardar a relação de proporcionalidade


entre as responsabilidades de cada cargo e as correspondentes remunerações e,

179
bem assim, garantir a harmonia remuneratória entre cargos no âmbito da Ad-
ministração.

3. A equidade externa visa alcançar o equilíbrio relativo em termo de re-


tribuição de cada função no contexto do mercado de trabalho.

ARTIGO 5.º
(Componentes do sistema retributivo)

1. O Sistema retributivo da função pública é composto por:

a) remuneração base;
b) suplementos;
c) prestações sociais;
d) comparticipação em multas, receitas e custas;
c) descontos.

2. Não é permitida a atribuição de qualquer tipo de abono que não se en-


quadre nas componentes referidas no número anterior.

CAPÍTULO II
Dos Princípios gerais Sobre Remunerações

ARTIGO 6.º
(Direito à remuneração)

1. Direito à remuneração devida pelo exercício de funções da Administração


Pública constitui-se com a aceitação da nomeação.

2. Nos casos em que não há lugar à aceitação, o direito à remuneração re-


porta-se ao inicio do exercício efectivo de funções.

3. O disposto nos números anteriores não prejudica o regime especial da


urgente conveniência de serviço.

4. As situações e as condições em que se suspende o direito a remunera-


ção, total ou parcialmente, constam da lei.

5. O direito à remuneração cessa com a verificação de qualquer das cau-


sas de cessação da relação de emprego.

6. A remuneração é paga mensalmente podendo em casos especiais, ser es-


tabelecida periodicidade inferior.

180
ARTIGO 7.º
(Estrutura da remuneração base)

1. A estrutura das remunerações base da Função Pública integra:


a) tabela salarial para as carreiras de regime geral;
b) tabela salarial para os cargos de direcção e chefia;
c) tabela salarial para os cargos políticos;
d) tabela salarial para os regimes especiais;
e) tabela salarial para os Magistrados Judiciais e do Ministério Público.

2. Consideram-se integrados em regimes especiais:

a) A Carreira Diplomática;
b) Os Membros das Forças Armadas;
c) As Forças e Serviços de Segurança e Ordem Interna;
d) As Carreiras Docentes;
e) As Carreiras de Investigação Cientifica;
f) As Carreiras Médicas;
g) As Carreiras de Enfermagem;
h) As Carreiras de Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica e outros Técni-
cos de Saúde;
i) A Carreira de Inspecção;
j) As carreiras dos Serviços Fiscais;
k) As carreiras das Alfandegas;
l) Os Trabalhadores Administrativos da Magistratura Judicial e do Minis-
tério Público;
m) As Carreiras dos Técnicos Agrários.

ARTIGO 8.º
(Fixação da remuneração base)

1. A remuneração base é determinada pelo índice correspondente à cate-


goria e o escalão em que o funcionário ou agente está posicionado.

2. A expressão monetária da remuneração base obtém-se através da multi-


plicação do índice referido no número anterior pelo montante atribuído ao índice 100.

3. O valor do índice 100 é fixado por diploma legal do Governo.

4. Escalão é cada uma das posições remuneratórias criadas no âmbito das


carreiras horizontais ou de cada categoria integrada em carreira.

5. A remuneração base actual é abonada em catorze mensalidades, uma das


quais corresponde ao subsídio de natal, havendo ainda o direito a subsídio de fé-
rias nos termos da lei.

6. Regimes diferenciados de prestação de trabalho podem determinar, no


âmbito dos corpos especiais variações na atribuição de posições indiciárias.

181
ARTIGO 9.º
(Componentes da remuneração base)

1. A remuneração base integra a remuneração de categoria e a remunera-


ção de exercício.

2. A remuneração de categoria é igual à cinco sextos da remuneração base.

3. A remuneração de exercício é igual à um sexto da remuneração base.

4. As situações e as condições em que se perde o direito à remuneração de


exercício constam da lei.

ARTIGO 10.º
(Remuneração horária)

1. Para todos os efeitos, o valor da hora normal de trabalho é calculado atra-


vés da formula Rb x12, sendo, Rb a remuneração mensal e N o número de horas
52 x N correspondentes à normal duração semanal de trabalho.

2. A fórmula referida no número anterior serve de base de cálculo da re-


muneração correspondente a qualquer outra fracção de tempo de trabalho.

ARTIGO 11.º
(Opção de remuneração)

Em todos os casos em que o funcionário passe a exercer transitoriamente


funções em lugar ou cargo diferente daquele em esta provido é-lhe reconhecida
a faculdade de optar a todo o tempo pelo estatuto remuneratório devido na origem.

CAPÍTULO III
Dos Suplementos

ARTIGO 12.º
(Noção)

Os suplementos são atribuídos em função de particularidade específicas da


prestação de trabalho e só podem ser consideradas os que se fundamentam em:

a) trabalho extraordinário, nocturno, em dias de descanso semanal ou fe-


riados, em disponibilidade permanente ou outros regimes especiais de
prestação de trabalho;
b) trabalho prestado em condições de risco, penosidade ou insalubridade;
c) incentivos à fixação em zonas de periferia;
c) trabalho em regime de turnos;
d) falhas;
f) renda de casa;
g) diuturnidade.

182
2. Além dos suplementos referidos no número anterior são atribuídos su-
plementos por compensação de despesas feitas por motivos de serviço que se fun-
damentem, designadamente:

a) trabalho efectuado fora do local normal de trabalho, que dê direito à atri-


buição de ajudas de custos, ou outros abonos devidos à deslocações em
serviço;
b) situações de representação;
c) transferência para localidade diversa que confira direito à subsídio de re-
sidência ou outro.

3. São também considerados suplementos o subsídio de Natal e o subsídio


de férias.

ARTIGO 13.º
(Horas extraordinárias)

1. O trabalho extraordinário será remunerado com o acréscimo de uma per-


centagem em relação à hora normal de trabalho.

2. Somente será permitido serviço extraordinário para atender as situações


excepcionais e temporárias, respeitando o limite máximo de hora por jornada.

3. As condições de atribuição e o valor percentual, serão objecto de diploma


próprio.

ARTIGO 14.º
(Subsídio nocturno)

1. O serviço nocturno prestado em horário compreendido entre às vinte e


duas horas de um dia e cinco horas do dia seguinte terá o valor acrescido de 25%,
computando-se cada hora como cinquenta minutos.

2. Tratando-se de serviço extraordinário o acréscimo incidirá sobre a re-


muneração prestada no artigo 13º.

ARTIGO 15.º
(Subsídio em dias de descanso ou feriados)

O trabalho prestado em dias de descanso semanal ou feriados será remu-


nerado com acréscimo de 100% em relação à tarifa normal de trabalho.

ARTIGO 16.º
(Subsídio por substituição ou acumulação)

1. Ao trabalho prestado em disponibilidade permanente, designadamente,


em regime de substituição ou acumulação de funções, corresponde à uma remu-
neração por substituição ou acumulação.

183
2. O funcionário que presta serviço nas condições do número anterior, terá
direito ao vencimento que aufere e o vencimento de exercício do cargo substituí-
do ou acumulado.

ARTIGO 17.º
(Subsídio de risco)

1. Os funcionários que prestam trabalho em condições de risco ou insalu-


bridade terão direito à subsídio de risco.

2. Legislação própria definirá o valor percentual e as condições de atribuição


do subsídio.

ARTIGO 18.º
(Subsídio de isolamento)

1. Os funcionários que prestam serviço permanente em condições de pe-


nosidade, designadamente em localidade de fronteira ou em zonas afastadas de qual-
quer centro populacional ou de difícil acesso, deverão ser abonados de um subsí-
dio de isolamento.

2. Legislação própria definirá o montante do subsídio, assim como as lo-


calidades a considerar e as condições da sua atribuição.

ARTIGO 19.º
(Subsídio por fixação na periferia)

Os funcionários que vierem a ser colocados na periferia terão direito à um


subsídio de acordo com regulamentação a aprovar.

ARTIGO 20.º
(Subsídio de turno)

Os funcionários que prestem serviço em regime de turnos terão direito ao sub-


sídio de turno que corresponderá 20% do salário base da categoria do funcionário.

ARTIGO 21.º
(Subsídio por falhas)

1. Para a cobertura das falhas decorrentes do exercício das actividades de


pagadoria ou recebedoria é atribuído um subsídio para falhas.
2. Legislação própria definirá o valor percentual, e as condições de atribuição
do subsídio.

ARTIGO 22.º
(Subsídio de renda de casa)

Para atender as despesas com renda de casa os funcionários terão direito


à um subsídio em condições a definir em diploma próprio.

184
ARTIGO 23.º
(Ajudas de custos)

Na suas deslocações em serviço no país e no estrangeiro, os funcionários


públicos têm direito as ajudas de custo fixadas na lei.

ARTIGO 24.º
(Despesa de representação)

Os funcionários investidos nos cargos de direcção, terão direito à um abo-


no para despesas de representação.

ARTIGO 25.º
(Subsídio de natal)

1. Por cada ano de serviço e no mês de Dezembro deverá ser pago ao fun-
cionário um subsídio equivalente à um mês do salário.

2. Nos casos em que a actividade não tenha sido exercida no período de um ano
será atribuído ao funcionário um subsídio correspondente ao período de exercício.

ARTIGO 26.º
(Subsídio de férias)

1. Independentemente de solicitação será pago ao funcionário público por


ocasião das férias, um subsídio correspondente ao número de dias de férias a que
tem direito.

2. O pagamento do subsídio de férias deve ser efectuado antes da data do


início do respectivo período.

CAPÍTULO IV
Das Prestações Sociais

ARTIGO 27.º
(Abonos de família de prestações sociais complementares)

As prestações sociais atribuídas aos funcionários nos termos da legislação


aplicável integram o abono de família, as prestações complementares do abono de
família, o subsídio de funeral e o subsídio por morte.

ARTIGO 28.º
(Condições de atribuição)

A definição das modalidades das prestações complementares de abono de


família, do subsídio de funeral e do subsídio por morte e os critérios das respec-
tivas atribuições, são objecto de diploma próprio.

185
CAPÍTULO V
Da Comparticipação em Multas, Receitas e Custas

ARTIGO 29.º
(Comparticipação nas multas)

Em cada multa aplicada por infracções fiscais, aduaneiras, cambiais e


quaisquer outras previstas na lei, os funcionários que pelas suas funções interve-
nham ou participem directamente no sancionamento têm direito a uma percenta-
gem sobre o valor da multa, que será repartido em partes iguais pelos funcionários.

ARTIGO 30.º
(Comparticipação nas receitas)

Aos funcionários públicos que intervenham directa ou indirectamente nos


termos da lei na cobrança de receitas é-lhes atribuída uma percentagem sobre as
receitas cuja cobrança seja da sua exclusiva competência.

ARTIGO 31.º
(Comparticipação nas custas)

1. Terá direito, nos termos da lei às custas cobradas em cada processo de


execução fiscal e de sisa, o funcionário nele interveniente.

2. Nos processos cobrados em cada mês, o montante da comparticipação


nas custas não poderá ser superior a uma percentagem do respectivo salário men-
sal, devendo o remanescente reverter para o Orçamento Geral do Estado.

ARTIGO 32.º
(Percentagem)

As condições de atribuições e as percentagens referidas nos artigos 29.º,


30.º e 31.º são objecto de diploma próprio.

CAPÍTULO VI
Dos Descontos

ARTIGO 33.º
(Noção)

1. Sobre as remunerações devidas pelo exercício de função na Administração


Pública incidem:

a) descontos obrigatórios;
b) descontos facultativos.

2. São descontos obrigatórios os que resultam de imposição legal, desig-


nadamente:

a) imposto sobre o Rendimento do Trabalho;

186
b) contribuição para a Segurança Social;
c) imposto de selo.

3. São descontos facultativos os que sendo permitidos por lei, carecem de


autorização expressa do titular do direito à remuneração.

4. Os descontos são efectuados directamente por retenção na fonte de re-


muneração.

ARTIGO 34.º
(Matéria não colectável)

Não constitui matéria colectável o subsídio mencionado no artigo 25º do


presente diploma.

CAPÍTULO VII
Disposições Finais e Transitórias

ARTIGO 35.º
(Regimes especiais)

As tabelas salariais dos regimes especiais são fixadas em legislação


própria.

ARTIGO 36.º
(Outras carreiras de regime especial)

As estruturas remuneratórias próprias das carreiras de regime especial não


previstas neste diploma, são objecto de diploma próprio.

ARTIGO 37.º
(Regime transitório dos suplementos, subsídios sociais, abonos
e comparticipação)

1. Os suplementos, subsídios sociais e comparticipações anteriormente praticados,


identificados em legislação diversa como subsídios, gratificações, ajudas de custo e com-
participações mantém-se nos seus montantes actuais e são sujeitos à actualização.

2. O previsto no número anterior deverá vigorar até à fixação do regime e


condições de atribuição de cada suplemento, por diploma legal competente.

ARTIGO 38.º
(Diuturnidade)

Os incrementos remuneratórios anteriormente designados por diuturnida-


des deverão ser efectuados por via da progressão dos funcionários nos escalões
das carreiras se acesso previstos no mapa anexo ao presente diploma.

187
ARTIGO 39.º
(Remunerações acessórias)

São extintas todas as remunerações não previstas ou inquadráveis no arti-


go 5º do presente diploma.

ARTIGO 40.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação do presente diploma,


serão resolvidas pelos Ministros da Administração Pública, Emprego e Seguran-
ça Social e das Finanças.

ARTIGO 41.º
(Revogação de legislação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma.

ARTIGO 42.º
(Entrada em vigor)

Este diploma entra em vigor, 120 dias apôs a sua publicação.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 16 de Dezembro de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

188
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO N.º 53/94


DE 30 DE DEZEMBRO
(D.R. Nº 60/94 – 1ª SÉRIE)

“Assegura uma remuneração compatível com seu perfil ao pessoal


angolano ligado à Administração Pública que participa em projectos
com financiamento externo”
Decreto n.° 53/94
de 30 de Dezembro

Considerando a necessidade do estabelecimento de regras sobre a remune-


ração do pessoal angolano que participa em projectos ligados à Administração Pú-
blica com financiamento externo, dentro de princípios de coerência e de equidade;
Considerando ainda o papel que a remuneração que ora se pretende asse-
gurar desempenhará na motivação do pessoal por ela abrangida;
Nos termos das disposições combinadas da alínea h) do artigo 110.° e do
artigo 113.° ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente Diploma estabelece as regras que asseguram ao pessoal angola-


no ligado à Administração Pública que participa em projectos com financiamento
externo, uma remuneração compatível com o respectivo perfil técnico-profissional.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

O presente diploma aplica-se aos trabalhadores vinculados aos quadros da


Administração Pública que estejam em regime de destacamento a prestar serviço
em projectos com financiamento externo.

ARTIGO 3.°
(Formalidades para a integração do pessoal)

1. A integração do pessoal abrangido por este diploma nas acções referentes


aos projectos, deverá ser efectuada mediante concurso público, a ser promovido
pela entidade gestora do projecto, podendo nele apenas participar candidatos per-
tencentes aos quadros de pessoal da Administração Pública.

2. A avaliação dos candidatos será efectuada por um júri nomeado pela en-
tidade gestora do projecto, que se pronunciará sobre a adequação do perfil do can-
didato às funções a desempenhar.
3. O disposto nos números anteriores não é aplicável aos funcionários que
por inerência de funções sejam destacados para participar em projectos.

ARTIGO 4.°
(Direitos à remuneração)

Aos funcionários abrangidos pelo artigo 2.°, deverá ser assegurada, enquanto
se mantiverem nessa situação, uma remuneração estabelecida na moeda fixada para
o projecto, cujo montante constará e será suportado obrigatoriamente pelo respectivo
projecto.

191
ARTIGO 5.°
(Modalidades e critérios de atribuição)

1. As modalidades e critérios de atribuição de remuneração serão estabe-


lecidas pela entidade gestora do projecto, devendo atender nomeadamente ao re-
gime de prestação de trabalho e ao perfil técnico-profissional do funcionário nos
seguinlcs termos:

a) sempre que a participação no projecto assuma carácter de dedicação ex-


clusiva, a remuneração será integralmente suportada pelo projecto não
sendo devida a remuneração correspondente ao quadro de origem;
b) a participação no projecto em regime de dedicação não exclusiva é de-
vida uma remuneração calculada na proporcionalidade do tempo de tra-
balho dispendido na execução das acções do projecto.

2. Periodicamente deverão ser aplicados os mecanismos de controlo mais


adequados tendentes à avaliação de desempenho do pessoal.

ARTIGO 6.°
(Descontos)

Sobre a remuneração devida nos termos do presente diploma recaem os des-


contos obrigatórios previstos na lei, designadamente, o imposto sobre os rendimentos
do trabalho e a contribuição para a segurança social.

ARTIGO 7.°
(Disposições transitórias)

1. A remuneração devida nos termos do presente diploma extingue-se com


a conclusão do projecto devendo o pessoal reintegrar o respectivo quadro de ori-
gem.

2. A aplicação do presente diploma aos funcionários já integrados em pro-


jectos com financiamento externo poderá ser negociada com a entidade financia-
dora.
ARTIGO 8.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Diploma serão da competência do titular que tiver a seu cargo a Administração
Pública ou, dos Ministros de tutela do Sector onde se executam os projectos, con-
soante a matéria em causa.

192
ARTIGO 9.°
(Norma revogatória)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente Diploma.

ARTIGO 10.°
(Entrada em vigor)

Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 25 de Novembro de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

193
1995

ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 9/95
DE 15 DE SETEMBRO
(D.R. Nº 37/95 – 1ª SÉRIE)

“Das empresas Pública”


Lei n.° 9/95
de 15 de Setembro
Nos termos da Lei Constitucional, o sistema económico e social do País as-
senta na Coexistência dos diversos tipos de propriedade, nomeadamente a públi-
ca, a privada. a cooperativa e familiar. Dentro da Propriedade Pública, assumem
particular importância as formas empresariais de intervenção do Estado na Economia.
A presente lei reflecte os esforços modernização das empresas pertencen-
tes ao Estado, procurando colmatar algumas dificuldades decorrentes da aplica-
ção da Lei n.º 11/88, de 9 de Julho, principalmente no domínio da Gestão e da or-
ganização dessas empresas. Aliás, é nesse sentido que aponta o Programa Económico
e Social do Governo, aprovado pela Assembleia Nacional e já em vigor.
Reflectindo as novas concepções existentes e também de acordo com a nova
terminologia constitucional, as empresas do Estado passam a designar-se por em-
presas públicas.
A presente Lei traça o regime genérico imperativo das Empresas Públicas,
reservando-se para os estatutos de cada uma delas o desenvolvimento adequado
às suas especilicidades, nomeadamente no que respeita à estruturação orgânica.
Nestes termos, ao abrigo da alínea e) do artigo 90.° da Lei Constitucional,
a Assembleia Nacional aprova a seguinte lei:

LEI DAS EMPRESAS PÚBLICAS

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1.°
(Conceito)

As Empresas Públicas são unidades económicas criadas pelo Estado, atra-


vés dos mecanismos estabelecidos na presente lei, com capitais próprios ou for-
necidos por outras entidades públicas, destinadas à produção e distribuição de bens
e à prestação de serviços, tendo em vista a prossecução dos interesses públicos e
o desenvolvimento da economia nacional.

ARTIGO 2.°
(Da propriedade estatal)

Os direitos do Estado enquanto proprietário da Empresa Pública, são exer-


cidos pelo Ministro da Economia e Finanças.

ARTIGO 3.°
(Natureza jurídica)

I . A Empresa Pública é uma pessoal colectiva dotada de personalidade ju-


rídica e de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

2. A capacidade jurídica da Empresa Pública abrange todos os direitos e


obrigações necessários à prossecução do seu objecto social, como definido nos res-
pectivos Estatutos.

197
ARTIGO 4.°
(Direito aplicável)

A Empresa Pública rege-se pela presente lei, pelos respectivos Estatutos


e no que não estiver especialmente regulado, pelas normas de direito privado.

ARTIGO 5.°
(Dimensão da empresa)

1. A Empresa Pública será considerada de grande, média e pequena dimensão,


de acordo com os seguintes critérios:

a) número de trabalhadores;
b) importância estratégica para a economia nacional;
c) volume de negócios.

2. A utilização de critério acima referidos para a classificação das Empre-


sas Públicas é comulativo.

3. De acordo com os critérios referidos no número anterior, a dimensão da


empresa será definida nos respectivos Estatutos.

ARTIGO 6.°
(Regras especiais)

1. A dimensão da Empresa Pública, bem corno a sua importância para o


desenvolvimento económico nacional, poderão determinar a aplicação de regras
especiais no que se refere à composição dos seus órgãos sociais, as quais serão es-
tabelecidas nos respectivos Estatutos.

2. As Empresas Públicas que explorem serviços de utilidade pública, bem


como as que assegurem actividades que interessem fundamentalmente à defesa na-
cional ou exerçam a sua actividade em situação de monopólio, poderão ser sub-
metidas, em alguns aspectos do seu funcionamento, a um regime de direito público,
podendo ser-lhes concedidas especiais privilégios ou prerrogativas de autoridade,
o que figurará nos respectivos Estatutos.

CAPÍTULO II
Princípios de organização e gestão

SECÇÃO I
Princípios Gerais

ARTIGO 7.°
(Princípios)

A actividade da Empresa Pública rege-se pelos princípios da programação


económica, autonomia de gestão, autonomia financeira, rentabilidade económica
e livre associação.

198
ARTIGO 8.°
(Programação económica)

A Empresa Pública deve elaborar a sua estratégia de desenvolvimento e os


seus planos e orçamentos, tendo em conta as indicações da política económica do
sector ou ramo, bem como as condições concreta da empresa.

ARTIGO 9.°
(Autonomia de gestão)

1. No quadro das indicações estabelecidas no planeamento nacional, nas


linhas da política de desenvolvimento do ramo e nos termos da legislação em vi-
gor, a Empresa Pública é dotada de autonomia de gestão, sendo responsável por
todas as questões relativas ao seu desenvolvimento produtivo e social.

2. A gestão da Empresa Pública é da inteira responsabilidade dos seus ór-


gãos, não tendo os organismos do Estado e outras entidades estranhas à empresa
o direito de interferir na sua gestão e no seu funcionamento, a não ser nos casos
e pelas formas previstas na lei.

3. A gestão da Empresa Pública deve ser feita tendo em conta objectivos


predeterminados.

4. A gestão da Empresa Pública deverá ser conduzida de forma a que in-


teresse todos os órgãos e trabalhadores da empresa nos seus resultados.

ARTIGO 10.°
(Autonomia financeira)

1. A Empresa Pública deverá obter do exercício da sua actividade e outras


que lhe sejam facultadas nos termos da lei e dos respectivos Estatutos, fundos por
forma a cobrir todas as despesas relativas à execução do seu objecto social.

2. O financiamento da actividade da Empresa Pública será feito basicamente


através de meios próprios, devendo prover ao reembolso dos créditos nas condi-
ções estipuladas.

ARTIGO 11.°
(Rentabilidade económica)

A Empresa Púhlica deve exercer a sua actividade com eficiência, de forma


maximizar os lucros, sem prejuízo das suas obrigações relativas à exploração racional
dos recursos, à protecção e segurança no trabalho e à preservação do meio ambiente.

ARTIGO 12.°
(Liberdade de associação)

1. A Empresa Pública poderá, por sua iniciativa, associar-se a quaisquer ou-


tras entidades, sendo-lhe permitido, nos termos da legislação em vigor, nomea-
damente:

199
a) estabelecer, através de contratos adequados, as formas de cooperação que
mais convenham à realização dos seus objectivos;
h) associar-se a outras entidades públicas ou privadas para a constituição
de novas empresas ou de agrupamentos de empresa;
c) associar-se a investidores estrangeiros, nos termos da legislação aplicável
em matéria de investimentos estrangeiro.

2. Nestas associações em igualdade de circunstâncias os agentes económicos


nacionais deverão ter direito a preferência

SECCÇÃO II
Gestão

Artigo 13.°
(Regras de gestão)

A gestão da Empresa Pública deverá ser feita de forma a garantir a sua via-
bilidade técnica, económica e financeira. com respeito pelas seguintes regras:

a) aumentar de forma constantes a eficiência do processo produtivo, ga-


rantindo o permanente aumento da quantidade e melhoria da qualidade
dos bens e serviços produzidos;
b) aumentar permanentemente a produtividade, através de medidas técni-
cas, económicas e financeiras adequadas;
c) subordinar os investimentos a realizar a critérios de decisão empresa-
rial. tendo em conta, nomeadamente, a taxa de rentabilidade, o período
de recuperação do capital investido e o grau de risco;
d) adequar os recursos financeiros à natureza dos activos a financiar;
e) compatibilizar a estrutura financeira com a rentabilidade de exploração
e com o grau de risco da actividade;
f) adoptar com base no respectivo plano, uma gestão previsional que per-
mita o controlo sistemático da adequação da actividade da empresa aos
seus objectivos;
g) efectuar uma gestão racional dos recursos humanos;
h) garantir a elevação constante do nível profissional, técnico e científico
dos seus trabalhadores, bem como melhorar as suas condições de trabalho
e social.

Artigo 14.°
(Instrumentos de gestão)

A gestão económica e financeira das Empresas Públicas é garantida atra-


vés dos habituais instrumentos de gestão previsional:

a) planos e orçamentos plurianuais;


b) planos e orçamentos anuais;
c) relatórios de contas de actividade adaptados às características da empresa
e às necessidades do seu acompanhamento.

200
ARTIGO I5.°
(Plano e orçamento plurianual)

1. Os planos e os orçamentos plurianuais devem estabelecer a estratégia de


desenvolvimento a seguir pela empresa nos três anos subsequentes e devem ser
revistos sempre que as circunstâncias ojustiiïquem.

2. Os planos financeiros incluirão, nomeadamente, o programa de inves-


timento e respectivas fontes de financiamento.

ARTIGO 16.°
(Plano e orçamento anual)

Com base no seu plano e orçamento plurianual, a Empresa Pública deve-


rá preparar para cada ano económico o seu plano e orçamento anuais, os quais de-
verão possuir os desdobramentos necessários para permitir a descentralização de
responsabilidades e um adequado controlo de gestão.

SECÇÃO III
Actividade económica e financeira

ARTIGO 17.°
(Objecto social)

1. A Empresa Pública deve desenvolver todas as actividades necessárias


ìr realização do seu objecto social, respeitando o princípio da especialidade, nos
termos do qual a sua capacidade abrange os actos necessários e convenientes a pros-
secução do seu objecto social.

2. As condições concretas de cada empresa e nonreadarnente a sua locali-


zação geográfica e habituais oportunidades de mercado, poderão determinar a in-
trodução de excepções ao princípio da especialidade.

ARTIGO 18.°
(Capital estatutário)

1. O Estado colocará à disposição da Empresa Pública, no momento da sua


criação. o capital adequado ao exercício da sua actividade, a realizar em meios ma-
teriais ou monetários.

2. O montante do capital pode ser aumentado através de entradas patrimoniais


ou por meio de incorporação de fundos próprios de reservas, nos termos que vie-
rem a ser regulamentados.

3. O aumento do capital só pode ter lugar quando devidamente justifica-


do, em função da estratégia da empresa e da adequação dos fundos próprios ou alheios
e mediante prévia autorização do Ministro da Economia e Finanças.

201
ARTIGO 19.°
(Património da empresa)

1. O património da empresa integra os meios à sua disposição pelo Esta-


do a título de capital estatutário, bem como os demais bens, direitos e obrigações
produzidos ou adquiridos para ou no exercício da sua actividade.

2. A Empresa Pública pode administrar e dispor livremente do seu patri-


mónio, nos termos estabelecidos pela Lei e pelos respectivos Estatutos.

ARTIGO 20.°
(Contabilidade)

1. A Empresa Pública deve implementar um sistema de contabilidade que


responda às necessidades de gestão empresarial e permita um controlo orçamen-
tal permanente, bem como uma correcta avaliação dos seus valores patrimoniais.

2. A contabilidade da Empresa Pública poderá ser feita através de empre-


sas especializadas, mantendo-se no entanto a responsabilidade da empresa pela au-
tenticidade das contas apresentadas.

ARTIGO 21.°
(Receitas)

Constituem receitas da Empresa Pública:


a) as receitas resultantes da sua actividade:
b) o rendimento de bens próprios:
c) as dotações ou subsídios concedidos pelo Estado;
d) o produto da alienação de bens que integram o seu património e da cons-
tituição de direitos sobre eles;
e) as doações, herança ou legados que lhe sejam destinados;
f) quaisquer outros rendimentos ou valores que, por lei ou contrato, devam
pertencer-lhe.

ARTIGO 22.°
(Recurso ao Crédito)

1. A Empresa Pública pode recorrer ao crédito bancário ou comercial, bem


como obter empréstimos junto do público, através da emissão de título, nos ter-
mos da lei.

2. A emissão de títulos só poderá ser feita mediante autorização do Ministro


Economia e Finanças.

3. A Empresa Pública poderá receber e conceder créditos comerciais, des-


de que não comprometa a sua liquidez imediata.

202
ARTIGO 23.°
(Regime fiscal)

A Empresa Pública está sujeito às regras fiscais e ao pagamento de impostos


fixados na Lei.

ARTIGO 24.°
(Afectação dos lucros)

1. Os lucros da Empresa Pública. depois de pagos impostos, deverão ser


afectados, nos termos que vierem a ser regulamentados, de acordo com as seguintes
prioridades:

a) constituição da reserva legal;


b) fundo de investimentos;
c) fundo social.

2. O lucro remanescente deverá ser repartido da seguinte forma:

a) entrega ao Estado da parte do lucro que lhe da cabe como proprietário


da empresa;
b) atribuição de estímulos individuais aos trabalhadores, a título de com-
participação nos lucros.

3. Cabe ao Ministro da Economia e Finanças, sob proposta do Conselho


de Administração da empresa, aprovar a afectação da parte dos lucros que se re-
fere o número anterior.
4. O Ministro da Economia e Finanças poderá determinar a entrega ante-
cipada ao Estado de lucros por parte das Empresas Públicas, com base nas recei-
tas brutas de cada transacção.

ARTIGO 25.°
(Reservas e fundos)

1. A reserva legal deve ser constituída nos termos da lei comercial e pode-
rá ser utilizada para cobrir eventuais prejuízos de exercício, prejuízos transitados
ou para incorporação no capital estatutário, nos termos dos n.os 2 e 3 do artigo 18.°

2. O fundo de investimento destina-se ao financiamento dos investimen-


tos da Empresa.

3. O fundo social, fixado numa percentagem sobre os lucros líquidos de


impo,tos, destina-se a conceder estímulos colectivos aos trabalhadores, através da
melhoria das suas condições sociais.

4. A distribuição dos resultados pelos trabalhadores, a título de comparti-


cipação nos lucros. destina-se a concessão de incentivos individuais aos trabalhadores,
em função da sua produtividade e dedicação à empresa.

203
ARTIGO 26.°
(Seguros)

1. A Empresa Pública deve celebrar e manter actualizados contratos de se-


guro. dos bens que integram o seu património e outros que lhe estejam confiados.

2. O Ministro da Economia e Finanças determinará quais os tipos de bens


sujeita a seguro obrigatório.

ARTIGO 27.°
(Preço)

1. A Empresa Pública, com base na legislação em vigor, fixará ou propo-


rá fixação dos preços dos bens que produz ou dos serviços que presta, tendo em
conta os respectivos custos, encargos gerais e a justa remuneração dos capitais in-
vestidos.

2. Em condições excepcionais, o Ministro da Economia e Finanças pode-


rá estabelecer subsídios aos preços estabelecidos com base no número anterior.

ARTIGO 28.°
(Responsabilidade perante terceiros)

1 . A Empresa Pública responde com o seu património pelas obrigações que


contrair.

2. O Estado não é responsável pelas obrigações contraídas pela Empresa


Pública.

CAPÍTULO III
Orientação e controlo da actividade da empresa

ARTIGO 29.°
(Finalidade e âmbito)

1. Cabe ao Estado orientar a actividade das Empresa Públicas, através de


instrumentos de regulação económica, estabelecendo o enquadramento geral no
qual se deve desenvolver a sua actividade de modo a assegurar a harmonização
com as política globais, sectoriais e regionais com vista ao desenvolvimento da
economia nacional.

2. Os principais instrumentos de regulação económica que o Estado utili-


za são, nomeadamente:

a) as normas para formação de preços e salários;


b) a estrutura e nível de tributação;
c) a política de subvenções e incentivos;
d) as taxas de juro e a política de crédito;
e) o estabelecimento de câmbios e a política cambial;

204
f) os critérios e taxas de amortização dos activos fixos;
g) a política de formação dos fundos financeiros

3. A actividade da Empresa Pública está sujeita ao controlo do órgão de tu-


tela da actividade e do Ministério da Economia e Finanças. nos termos dos arti-
gos 30.° e 31.° os quais deverão velar pela correcta aplicação das directrizes eco-
nômicas e das porlitícas para o ramo de actividade, na formação da estratégia de
desenvolvimento da empresa e sua adequada tradução no orçamento provisional,
nos termos da lei e dos respectivo Estatutos.

4. Os poderes inerentes à orientação e controlo da actividade da Empresa


Pública não a sujeitam a uma subordinação administrativa relativamente aos ór-
gãos do governo que exercem aqueles poderes, mantendo a Empresa Pública o ca-
rácter de entidade autónoma, nos limites estabelecidos pela Lei.

ARTIGO 30.°
(Avaliação)

O Ministério da Economia e Finanças é o órgão responsável pela avalia-


ção elo desempenho das Empresa Públicas em colaboração core os Ministérios que
superintendem nos rirmos de actividade.

ARTIGO 31.°
(Conteúdo da tutela)

1. O exercício da actívídade de orientação e controlo pelo órgão de tutela


da actividade da Empresa Pública compreende os poderes de:

a) definir a política de desenvolvimento do rarno da actividade em que se


insere a empresa:
b) regulamentar o exercício da actividade do ramo em que se insere a em-
presa:
c) pronunciar-se sobre os planos e orçamentos plurianuais propostos pela
empresa:
d) participar na avaliação do desempenho dos órgãos de gestão da empresa;
e) participar na nomeação e exoneração dos titulares dos órgãos sociais da
empresa:
f) solicitar a prestação de informações técnicas, económicas e financeiras
sobre actividade da empresa, nos termos da legislação em vigor;
g) homologar o relatório e contas da empresa.

2. Relativamente às empresa de grande dimensão, deverão ser submetidos


a homologação do Ministro da Economia c Finanças:

a) os planos e orçamentos plurianuais da empresa:


b) o programa de investimento da empresa:
c) o relatório e contas da empresa.

3. Os órgãos de tutela) de actividade da empresa não podem interferir na


gestão corrente da empresa.

205
ARTIGO 32.°
(órgãos de tutela)

1. A tutela da actividade da Empresa Públíca é da competência do Minis-


tério que superintende no ramo da sua actividade principal.

2. Quando a tutela da actividade da Empresa Pública seja da competência do


Governo Provincial, a mesma deverá ser exercida com respeito pelas políticas e prin-
cípios estabelecidos pelo Ministério que superintende no ramo da actividade.

ARTIGO 33.°
(Documentos de prestação de contas)

1. As Empresa Públicas devem elaborar anualmente, até 31 de Março e com


referência a 31 Dezembro do ano anterior, o Relatório de Contas da empresa que
deverá integrar, nomeadamente:

a) o relatório do Conselho de Administração;


b) o balanço e demonstração de resultados e a proposta sobre a sua apli-
cação;
c) a demonstração da origem e aplicação de fundos;
d) o parecer do Conselho Fiscal.

2. O Relatório e Contas deve proporcionar uma compreensão clara da si-


tuação económica e financeira relativa ao exercício, analisando em especial, a evo-
lução da gestão nos diferentes sectores em que a empresa actuou, designadamente
no que respeita a investimentos, custos, lucros e condições de mercado. A proposta
de aplicação de resultados deverá ser fundamentada.

3. O parecer do Conselho Fiscal deve conter, com o devido desenvolvimento,


a apreciação da gestão, bem como do Relatório do Conselho de Administração,
da exactidão das contas e da observância das normas legais e estatutárias.

4. Após a sua homologação pelo orgão de tutela e se por caso disso, pelo
Ministro da Economia e Finanças, o Relatório e Contas da empresa deve ser pu-
blicado num dos jornais de maior tiragem do País.

CAPÍTULO IV
Constituição

ARTIGO 34.°
(Iniciativa)

A iniciativa de constituição de uma Empresa Pública cabe:

a) ao Conselho de Ministro, sob proposta do Ministro que tutela o ramo de


actividade, para as empresas de grande dimensão;

206
b) ao Ministro que tutela o ramo de actividade ou ao Governo Provincial,
no caso de empresas de média ou pequena dimensão.

ARTIGO 35.°
(Proposta)

A proposta de criação duma Empresa Pública deve incluir um estudo de


viabilidade técnica, económica e financeira, do qual consta, nomeadamente:

a) caracterização completa do projecto;


b) período de instalação e de arranque;
c) volume de investimentos e taxas internas e económicas de rentabilidade;
d) quadro do pessoal inicial e plano de formação profissional;
e) outros elementos necessários a uma correcta apreciação da proposta.

ARTIGO 36.°
(Estatutos)

1. A proposta de criação de uma Empresa Pública deve ainda ser acom-


panhada de um Projecto de Estatutos, os quais deverão conter obrigatoriamente
os seguintes elementos:

a) denominação;
b) sede;
c) objecto social;
d) capital estatutário;
e) dimensão da empresa;
f) composição, competências e funcionamento dos órgãos;
g) órgãos de tutela:
h) regras especiais de gestão e de tutela, caso se trate de Empresa Pública
a que se refere o n.° 2 do artigo 6.° da presente Lei.

2. Os estatutos da Empresa Pública só poderão ser alterados pelo órgão que


o criou.

3. Os Estatutos da Empresa Pública deverão ser publicados em Diário da


República, como anexo o diploma que cria, o mesmo devendo suceder com as al-
terações posteriores.

ARTIGO 37.°
(Criação)

1. As Empresas Públicas de grande dimensão são criadas por Decreto do


Conselho de Ministros.

2. As empresas de pequena e média dimensão são criadas por Decreto Exe-


cutivo Conjunto do Ministro da Economia e Finanças e do Ministro que tutela o
ramo de actividade.

207
ARTIGO 38.°
(Registo)

A Empresa Pública está sujeita a registo, nos termos que vierem a ser re-
gulamentados.

ARTIGO 39.°
(Associação de Empresas)

1. O Conselho de Ministros regulamentará o agrupamento de empresas já


exitentes ou de novas empresas, como resultado de uma integração vertical ou ho-
rizontal de produção.

2. As diversas empresas em relação de grupo manterão a sua personalida-


de jurídica e ficarão ou não sujeitas à coordenação e direcção económica ou financeira
de uma das empresas do grupo, conforme o tipo de associação que se adoptar.

ARTIGO 40.°
(Investimentos ligados a novas Empresas)

Sempre que se realize um investimento de raíz para ser explorado por uma
Empresa Pública, deverá esta ser constituída aquando do início do projecto, de for-
ma garantir o acompanhamento de todas as suas fases e a melhor prossecução do
seu objecto.

ARTIGO 41.°
(Início de actividade)

A Empresa Pública só poderá iniciar a sua actividade, de acordo com o seu


objecto social, depois de:

a) o capital estatuário se encontrar total ou parcialmente realizado, nos ter-


mos da Lei:
b) ter sido publicado o respectivo diploma de criação, bem como os Esta-
tutos:
c) ter o sistema contabilístico montado;
d) estar registada nos termos da Lei;
e) terem sido nomeados os seus órgãos de direçcão.

ARTIGO 42.°
(Regulamentos internos)

1. A Empresa Pública adoptará os regulamentos necessários ao funciona-


mento dos seus órgãos.

2. Os regulamentos internos serão aprovados pelo Conselho de adminis-


tração.

208
CAPÍTULO V
Organização

ARTIGO 43.°
(Princípio geral)

1. Os órgãos das Empresas Públicas devem ser os mais adequados à rea-


lização do respectivo objecto social, devendo ser adaptados à dimensão e especi-
ficidade da empresa.

2. Sem prejuízo do respeito pelas disposições imperativas constantes do pre-


sente capítulo, os Estatutos das Empresas Públicas estabelecerão os tipos de ór-
gãos, sua composição e competências.

ARTIGO 44.°
(Tipos de órgãos)

As Empresas Públicas terão obrigatoriamente os seguintes órgãos:

a) Conselho de administração;
b) Conselho Fiscal.

ARTIGO 45.°
(Conselho de Administração)

1. O Conselho de Administração é o órgão de gestão da empresa, sendo o


número de membros que o compõe fixado nos Estatutos. em função da dimensão
da empresa.

2. Nas empresas de grande dimensão, os membros do Conselho de Admi-


nistração são nomeados e exonerados pelo Conselho de Ministros, sob proposta
conjunta dos Ministros de tutela e da Economia e Finanças.

3. Os estatutos deverão prever formas adequadas à intervenção dos traba-


lhadores no desenvolvimento e controlo da actividade da empresa.

4. Nas restantes empresas, os membros do Conselho de Administração são


nomeados e exonerados, conjuntamente, pelos Ministros da tutela e da Economia
e Finanças.

5. O mandato dos membros do Conselho de Administração tem a duração


de três anos, renovável por uma ou mais vezes, continuando o exercício de fun-
ções até à efectiva substituição ou declaração de cessação de funções.

ARTIGO 46.°
(Competências do Conselho de Administração)

1. Ao Conselho de Administração compete:

209
a) aprovar os objectivos e as políticas de gestão da empresa;
b) aprovar os planos de actividade e financeiros anuais e plurianuais e os
orçamentos anuais;
c) aprovar os documentos de prestação de contas;
d) aprovar a aquisição e a alienação de bens e de participações financeiras
quando as mesmas não estejam previstas nos orçamentos anuais apro-
vados e dentro dos limites definidos pela lei ou pelos Estatutos;
e) aprovar a organização técnico-administrativa da empresa e as normas de
funcionamento interno;
j) aprovar as normas relativas ao pessoal;
g) submeter a aprovação ou autorização da tutela ou do Ministro da Eco-
nomia e Finanças os actos que, nos termos da lei ou dos Estatutos de-
vem ser;
h) gerir e praticar os actos relativos ao objecto da Empresa;
i) representar a empresa em juízo e fora dele activa e passivamente;
j) constituir mandatários com os poderes que julgar convenientes.

2. Os Estatutos da empresa estabelecerão a forma de repartição de pode-


res entre os membros do Conselho de administração, nomeadamente a existência
de um Presidente do Conselho ou de administradores-delegados, bem como a pe-
riodicidade das reuniões e regras de convocação e funcionamento.

ARTIGO 47.°
(Conselho fiscal)

1. O Conselho fiscal é o órgão da fiscalização da empresa e é composto por


três membros, sendo um Presidente e dois vogais.

2. Os membros do Conselho Fiscal são designados por despacho con-


junto dos Ministros da Economia e Finanças e da tutela, por períodos de três
anos.

3. Nas empresas de pequena e média dimensão, os estatutos podem prever


que as funções do Conselho fiscal sejam exercidas por um único fiscal, nomeado
pelo Ministro da Economia e Finanças.

ARTIGO 48.°
(Competência do Conselho Fiscal)

Compete ao Conselho Fiscal):

a) fiscalizar a gestão e o cumprimento das normas reguladoras da activi-


dade da empresa;
b) emitir parccer sobre os documentos de prestação de contas da empresa,
designadamente o Relatório de Contas do exercício;
c) examinar a contabilidade da empresa e proceder à verificação dos va-
lores patrimoniais;

210
d) participar aos órgãos competentes as irregularidades de que tenha conheci-
mento;
e) pronunciar-se sobre qualquer assunto de interesse para a empresa.

ARTIGO 49.°
(Responsabilidade civil, penal e disciplinar)

1. As Empresas Públicas respondem civilmente perante terceiros pelos ac-


tos ou omissões dos seus administradores, nos mesmos termos em que os comi-
tentes respondem pelos actos ou omissões dos comissários, de acordo com a lei
geral.

2. Os titulares dos órgãos das Empresas Públicas respondem civilmente pe-


rante estas pelos prejuízos causados pelo incumprimento dos seus deveres legais
ou estatutários.

3. O disposto nos números anteriores não prejudica a responsabilidade dis-


ciplinar ou penal em que eventualmente incorram os titulares dos órgãos das Em-
presas Públicas.

CAPÍTULO VI
Pessoal

ARTIGO 50.°
(Regime geral)

Os trabalhadores da Empresa Pública estão sujeitos à legislação de traba-


lho em vigor.

ARTIGO 51.°
(Quadro de pessoal)

A Empresa Pública terá um quadro de pessoal aprovado pelo Conselho de


Administração.

ARTIGO 52.°
(Estatuto dos gestores)

O Estatuto dos membros dos órgãos de administração das Empresas Pú-


blicas é regulado por lei especial.

ARTIGO 53.°
(Formação)

A Empresa Pública é obrigada a prestar uma particular atenção à forma-


ção dos seus trabalhadores, de acordo com o respectivo programa de formação,
cujos custos serão inseridos nas contas de exploração da empresa.

211
ARTIGO 54.°
(Participação na gestão)

A intervenção dos trabalhadores na gestão da Empresa Pública é garanti-


da através dos mecanismos a definir nos respectivos Estatutos.

ARTIGO 55.°
(Assembleia de trabalhadores)

A assembleia de Trabalhadores da Empresa Pública cabe em especial pro-


nunciar-se sobre:

a) os projectos de plano e de orçamento da empresa;


b) o grau de realização do respectivo plano;
c) o nível de produtividade, disciplina e assiduidade dos trabalhadores;
d) as condições de trabalho e sociais dos trabalhadores;
e) ocumprimento da legislação laboral e dos seus acordos colectivos de tra-
balho:
f) todas as outras questões que os órgãos da empresa ou estrutura sindical
decidem submeter à sua apreciação.

ARTIGO 56.°
(Política salarial)

1. A Empresa Pública fixará, nos termos da lei, os salários dos respectivos


trabalhadores.

2. A Empresa Pública poderá criar prémios de produtividade a atribuir aos


trabalhadores para incentivar o aumento da produtividade do trabalho e estimu-
lar a conservação do seu património.

ARTIGO 57.°
(Comissões de serviço)

1. Podem exercer funções nas Empresas Públicas, em comissão de servi-


ço, nos termos que vierem a ser regulamentados, funcionários do Estado ou tra-
balhadores de outras Empresas Públicas, os quais manterão todos os direitos ine-
rentes ao seu quadro de origem, considerando-se todo o período de comissão como
serviço prestado nesse quadro.

2. Os trabalhadores das Empresas Públicas podem também exercer funções


no Estado, em comissão de serviço, mantendo todos os direitos inerentes ao seu
estatuto profissional na empresa.

3. Os trabalhadores nomeados em comissão de serviço nos termos dos nú-


meros anteriores poderão optar pelo salário e regalias sociais do seu quadro de ori-
gem ou pelos correspondentes às funções que vão desempenhar.

4. O salário e regalias socais dos trabalhadores em comissão de serviço cons-


tituirão encargo da entidade onde se encontrem a exercer efectivamente funções.

212
ARTIGO 58.°
(Trabalhadores extra-quadro)

Além dos trabalhadores previstos no respectivo quadro, a Empresa Públi-


ca poderá contratar outros trabalhadores, nomeadamente técnicos ou especialistas:

a) por período determinado, para a realização de tarefas específicas;


b) por período determinado ou indeterminado, a tempo integral ou parcial.

CAPÍTULO VII
Extinção e Reorganização da Empresa

ARTIGO 59.°
(Extinção)

1. A extinção de uma Empresa Pública pode visar a reorganização da sua


actividade, mediante a sua cisão ou a fusão com outras ou destinar-se a pôr ter-
mo a essa actividade; sendo então seguida de liquidação do respectivo património.

2. A extinção das Empresas Públicas terá lugar unicamente nos casos pre-
vistos no número anterior, não lhes sendo aplicáveis as regras sobre dissolução e
liquidação de sociedades, nem os institutos da falência e insolvência.

3. A extinção de uma Empresa Pública é da competência do órgão que a criou.

ARTIGO 60.°
(Cisão)

1. Da cisão de uma Empresa Pública pode resultar:

a) extinção da empresa e divisão do seu património para constituição de no-


vas Empresas Públicas ou privadas de capitais públicos.
b) afectação de parte do património da empresa com vista a ser integrado
noutra Empresa Pública ou constituir nova Empresa Pública.

2. O diploma que determina a cisão da Empresa Pública por extinção, ou


divisão deve indicar os valores activos e passivos da empresa fundida que se trans-
ferem para a nova ou novas empresas.

3. Da cisão de uma Empresa Pública é da competência do órgão que o criou.

ARTIGO 61.°
(Fusão)

1. Duas ou mais Empresas Públicas podem ser objecto de fusão, median-


te a sua reunião numa só.

213
2. A fusão, pode traduzir-se na incorporação de uma ou mais empresas nou-
tra, para a qual se transferem globalmente os patrimónios daquelas, ou na criação
de uma nova empresa que recebe todos os valores activos e passivos que integram
as empresas, fundidas.

3. O diploma que determina a fusão deve aprovar as alterações a introdu-


zir nos estatutos da empresa incorporante ou nos Estatutos da nova empresa re-
sultante da fusão.

4. A fusão de Empresas Públicas é da competência do órgão que as criou.

ARTIGO 62.°
(Comissão liquidatária)

O diploma que extingue a Empresa Pública e determina a sua liquidação


nomeará uma comissão liquidatária, da qual farão parte elementos da empresa e
representantes do órgão de tutela da actividade e do Ministério da Economia e Fi-
nanças e fixará o prazo de liquidação.

ARTIGO 63.°
(Verificação do passivo)

1. O diploma que determina a extinção da Empresa Pública deve fixar um


prazo, que não poderá ser inferior a 30 dias. durante o qual os credores da empresa
poderão reclamar os seus créditos.

2. Os credores devem ser visados da liquidação da empresa por anúncios


publicados na imprensa e difundidos através de outros meios de difusão massiva.
No caso de os créditos constarem de quaisquer livros ou documentos da empre-
sa ou forem de outro modo conhecidos os respectivos credores deverão ser avi-
sados também por carta registada com aviso de recepção.

3. A comissão liquidatária deve elaborar uma relação dos créditos recla-


mados ene que estes sejam graduados em conformidade com a Lei Geral, a qual
deverá estar patente para exame dos credores e reclamação, se for caso disso, du-
rante um prazo marcado pela própria comissão.

4. Os credores cujos créditos não hajam sido reconhecidos pela comissão


liquidatária e incluídos na relação referida no número anterior ou que não tenham
sido, graduados nos termos da lei. podem recorrer aos tribunais comuns para fa-
zer valer os seus direitos.

5. O reconhecimento pelo tribunal dos direitos invocados pelos credores


obriga a comissão liquidatária a introduzir na relação por ela elaborada as neces-
sárias alterações.

214
ARTIGO 64.°
(Realização do activo)

1. Compete à comissão liquidatária realizar o activo da Empresa Pública,


mediante a venda de bens e a cobrança dos créditos concedidos pela empresa.

2. No diploma que determine a extinção e a liquidação da Empresa Pública po-


dem ser indicados os bens ou os direitos cuja titularidade o Estado reserva para si ou afec-
ta a outros destinos, ficando o Estado obrigado a restituir ao património, objecto de li-
quidação, o valor em dinheiro, determinado pela avaliação, podendo fazer-se a compensação
com créditos do Estado graduados em primeiro lugar sobre a empresa liquidada.

3. A avaliação a que se refere o número anterior será feita por três louva-
dos, um designado pelo Ministro da Economia e Finanças, outro designado pelos
credores e um terceiro escolhido pelos outros dois ou, na falta de acordo, pelas com-
petentes estruturas judiciais.

ARTIGO 65.°
(Pagamento aos credores)

1. Após ter-se concluído a verificação do passivo e a realização de todo o


activo da Empresa Pública, deverá processar-se o pagamento aos credores de acor-
do com a graduação estabelecida.

2. Se o produto da realização do activo se mostrar insuficiente para o pa-


gamento aos credores comuns, estes serão pagos rateadamente.

3. Se após o pagamento de todo o passivo relacionado for apurado um sal-


do, este será entregue ao Orçamento Geral do Estado.

4. Após o encerramento das operações de liquidação. a comissão liquida-


tária deve apresentar as respectivas contas, para aprovação às entidades que de-
terminaram a extinção da Empresa Pública.

CAPÍTULO VIII
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 66.°
(Empresa Pública)

A Empresa Pública, constituída nos termos da presente lei, usará no exer-


cício da sua actividade, a expresso «EMPRESA PÚBLICA», por extenso ou abre-
viado «E. P.» após a sua denominação.

ARTIGO 67.°
(Resolução de litígios)

1. Compete aos tribunais judiciais o julgamento de litígios em que seja par-


te uma Empresa Pública, incluindo as aces para efectivação da responsabilidade

215
civil por actos dos seus órgãos, bem como a apreciação da responsabilidade civil
dos titulares desses órgãos para com a respectiva empresa.

2. Em alternativa ao previsto no n.° 1, a Empresa Pública pode utilizar a


via arbitral para a resolução de litígios.

ARTIGO 68.°
(Empresas mistas e empresas de capitais públicos)

1. As sociedades constituídas em conformidade com a lei comercial em que


se associem capitais públicos e privados nacionais ou estrangeiros, não são apli-
cáveis as disposições da presente lei, salvo na medida em que os respectivos Es-
tatutos mandem aplicar alguma das normas aqui consagradas.

2. Igualmente no aplicável a presente lei as sociedades constituídas em con-


formidade com a lei comercial. associando o Estado e outras entidades públicas
dotadas de personalidade de direito público ou de direito privado, salvo na medi-
da em que os respectivos Estatutos remetam para as normas aqui consagradas.

3. A presente lei é aplicável às sociedades comerciais de capitais públicos


resultantes da transformação de unidades económicas estatais cuja estratégia não
prevê a sua privatização total ou parcial.

ARTIGO 69.°
(Regras transitórias)

O Conselho de Ministros regulamentará os métodos, formas e prazos de


aplicação da presente lei as empresas estatais existentes à data da sua entrada em
vigor.

ARTIGO 70.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões que surgirem na interpretação e aplicação da pre-


sente Lei, serão resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 71.°
(Regulamentação da lei)

A presente Lei será regulamentada no prazo de 120 dias.

ARTIGO 72.°
(Revogação da legislação)

Fica revogada toda a legislação que contrarie a presente Lei, nomeadamente


a Lei n.° 11/88, de 9 de Julho, sem prejuízo da sua vigência enquanto necessária,
tendo em conta o estipulado no artigo 69.°

216
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Publique-se.

Luanda, aos 24 de Maio de 1995.

O Presidente da Assembleia Nacional,


Fernando José de França Dias Van-Dúnem

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

217
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 27/95
DE 27 DE OUTUBRO
(D.R. Nº 43/95 – 1ª SÉRIE)

“Fixa o número de unidades e sub-unidades orgânicas que cada organismo


deve possuir na sua estrutura”
Decreto N.° 27/95
de 27 de Outubro
O Decreto-Lei n.° 13/94, de 1 de Julho que aprovou a Orgânica dos Ser-
viços Públicos Centrais e Locais do Estado, não fixou o número e unidades e sub-uni-
dades orgânicas que cada organismo deve possuir na sua estrutura.
Mostrando-se necessário neste momento e em relação aos Organismos Cen-
trais e Locais do Estado afectos ao sector primário da economia que se fixe o nú-
mero de unidades e sub-unidades orgânicas de modo a não só reduzir as suas es-
truturas que se mostram bastante dilatadas, mas também racionalizar os seus ser-
viços e respectivos quadros de pessoal;
Nestes termos ao abrigo do artigo 113.° da Lei Constitucional. o Governo
decreta o seguinte:

ARTIGO 1.°

1. O número de Direcções Nacionais a existir nos Ministérios afectos ao


sector primário da economia, não poderá ser superior a quadro.

2. Em cada uma das Direcções Nacionais mencionadas no n.° 1, só deve-


rão ser criados até três Departamentos.

3. Em cada um dos Departamentos mencionados no n.º 2, só deverão ser


criadas até duas Secções.

ARTIGO 2.°
(Fixação de Unidades a Nível Local)

1. Nas Delegações Provinciais dos organismos referidos no n.°1 do artigo


1.º só poderão ser criados até três Departamentos.

2. Nos Departamentos mencionados, no número anterior só poderão ser cria-


das até duas secções.

ARTIGO 3.°
(Racionalização de pessoal)

Se da observância do disposto nos artigos anteriores, resultar a necessida-


de de se reduzir os respectivos quadros de pessoal, deverão os organismos refe-
ridos no n.° 1 do artigo I.°, utilizar os programas I.L.E. - Iniciativas Locais de Em-
prego e A.C.P.E.F. Apoio a Criação de Pequena Empresa Familiar, para se asse-
gurar o emprego do pessoal abrangido por essa redução.

ARTIGO 4.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Diploma, serão resolvidas pelo Ministro da Administração Pública, Emprego
e Segurança social.

221
ARTIGO 5.°
(Entrada em vigor)

O presente Diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 2 de Agosto de 1995.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

222
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 31/95
DE 10 DE NOVEMBRO
(D.R. Nº 45/95 – 1ª SÉRIE)

“Determina que o número de Direcções Nacionais a existir nos Ministérios


afectos ao sector primário da economia, não poderá ser superior a quatro”
Decreto n.° 31/95
de 10 de Novembro
O Decreto-Lei n.° 13/94, de I de Julho que aprovou a Orgânica dos Servi-
ços Públicos Centrais e Locais do Estado não fixou o número e unidades e sub-uni-
dades, orgânicas que cada organismo deve possuir na sua estrutura;
Mostrando-se necessário neste momento e em relação aos Organismos Cen-
trais e Locais do Estado afectos ao sector primário da economia que se fixe o nu-
mero de unidades e sub-unidades orgânicas de modo a não só reduzir as suas es-
truturas que se mostram bastante dilatadas, mas também racionalizar os seus ser-
viços e respectivos, quadros de pessoal;
Nestes termos ao abrigo do artigo 113.° da Lei Constitucional, o Governo
decreta o seguinte:

ARTIGO 1.°

1. O número de Direcções Nacionais a existir nos Ministérios afectos ao


sector primário da economia, não poderá ser superior a quatro.

2. Em cada uma das Direcções Nacionais mencionadas no n.° 1, só deve-


rão ser criados até três Departamentos.

3. Em cada um dos Departamento mencionados no n.° 2 só deverão ser cria-


das até duas secções.

ARTIGO 2.°
(Fixação de unidades a nível local)

1. Nas Delegações Provinciais dos Organismos referidos no n.° 1 artigo 1.°,


só poderão ser criados até três Departamentos.

2. Nos Departamentos mencionados, no número anterior só poderão ser cria-


do, até duas secções.

ARTIGO 3.°
(Racionalização de Pessoal)

Se da observância do disposto nos artigos anteriores, resultar a necessida-


de de se reduzir os respectivos quadros de pessoal, deverão os organismos refe-
ridos no n.° 1 do artigo 1.º utilizar os programas I.L.E. - Iniciativas Locais de Em-
prego e A.C.P.E.I. Apoio a Criação de Pequena Empresa familiar, para assegurar
o emprego do pessoal abrangido por essa redução.

ARTIGO 4.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te Diploma, serão resolvidas pelo Ministro da Administração Pública, Emprego
e Segurança Social.

225
ARTIGO 5.°
(Entrada em vigor)

O presente Diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 2 de Agosto de 1995.

O Primeiro Ministro,
MARCOLINO JOSÉ CARLOS MOCO

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

226
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI Nº 16-A/95
DE 15 DE DEZEMBRO
(D.R. Nº 50/95 — 1ª SÉRIE, II SUPL.)

“Aprova as Normas do Procedimento e das Actividade Administrativa”


DECRETO-LEI Nº 16-A/95
DE 15 DE DEZEMBRO

A assumpção do princípio da legalidade democrática, consagrada na Cons-


tituição da República, determina a adopção de principios, normas e preceitos pró-
prios no domínio do funcionamento da actividade de Administração Pública,
atarvés dos quais se deve garantir, no respeito à Lei, por um lado, na emissão da
vontade e no exercício da autoridade administrativa e por outro lado, os direitos
e interesses legitimamente protegidos dos particulares.

A defesa de tais direitos e interesses requer a aplicação de instrumentos e


mecanismos não só jurisdìcionais como também estrictamente administrativos,
com o intuito de proporcionar os meios mais adequados para a prevenção e cor-
recção de eventuais faltas e irregularidades da administração no cumprimento das
suas atribuições.

Com efeito, deste modo, a adopção de um diploma normativo que faculte


aos particulares e à administração as regras fundamentais de relacionamento entre
ambos, quer no que respeita aos princípios gerais desse relacionamento, quer dos
direitos e deveres recíprocos, quer ainda no que se refere ao comportamento dos
cidadãos em relação ao poder administrativo e às regras do funcionamento da ad-
ministração para com os particulares

Nestes termos, no uso da autorização legislativa concedida pela Resolução


n.º 6/95, de 1 de Setembro da Assembleia Nacional e ao abrigo do artigo 113.º da
Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º É aprovado o diploma sobre Normas do Procedimento e da Ac-


tividade Administrativa que se publica em anexo ao presente decreto-lei e que
dele faz parte integrante.

Art. 2.º O presente diploma entra em vigor um mês após a sua publicação.

Art. 3.º As dúvidas e omissões resultantes da aplicação do presente di-


ploma serão resolvidas pelo Conselho de Ministros.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique se.

Luanda, aos 3 de Maio de 1994.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

229
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO I
Disposições Preliminares

ARTIGO 1.º
(Conceito)

É considerado procedimento administrativo a sucessão ordenada de actos


e formalidades com vista a formação e manifestação da vontade dos órgãos da Ad-
ministração Pública.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. O presente diploma aplica-se a todos os órgãos da Administração Pú-


blica e a todos os actos em matéria administrativa, praticados pelos órgãos do Es-
tado que, não sendo contudo da Administração Pública, desempenham funções
materialmente administrativas.

2. Para efeitos deste diploma são órgãos da Administração Pública:

a) os órgãos Centrais e Locais do Estado que exercem funções adminis-


trativas;
b) os órgãos dos Institutos Públicos e das Associações Públicas.

3. O regime fixado no presente diploma é também aplicável aos actos pra-


ticados por empresas con-cessionárias no uso de poderes de autoridade.

CAPÍTULO II
Princípios Gerais

ARTIGO 3.º
(Princípio da legalidade)

Na sua actuação os órgãos da Administração Pública devem observar es-


tritamente a lei e o direito nos limites e com os fins para que lhe forem conferi-
dos poderes.

ARTIGO 4.º
(Princípio de prossecução do interesse público)

Aos órgão administrativos cabe prosseguir o interesse público, no respeito


pelos direitos e interesses dos cidadãos.

230
ARTIGO 5.º
(Princípios da proporcionalidade)

As decisões dos órgãos da Administração que en-trem em choque com di-


reitos subjectivos ou interesses legalmente protegidos dos cidadãos não podem
afectar essas posições em termos desproporcionais aos objectivos a atingir.

ARTIGO 6.º
(Princípio da imparcialidade)

Os órgãos da Administração Pública devem tratar de forma imparcial os


cidadãos com os quais entrem em relação.

ARTIGO 7.º
(Princípio da colaboração da administração com os particulares)

No desempenho das suas funções os órgãos da Administração Pública,


devem actuar em estreita colaboração com os particulares, cabendo-lhes nomea-
damente:

a) prestar informações e esclarecimentos;


b) receber sugestões e informações.

ARTIGO 8.º
(Princípio da participação)

Aos órgãos da Administração Pública cabe assegurar a participação dos


particulares.

ARTIGO 9.º
(Princípio da decisão)

1. Os órgãos administrativos deverão sempre pronunciar-se sobre todos


os assuntos que lhe sejam apresentados pelos particulares.

2. Fica precludido o dever de decisão se o órgão competente tiver prati-


cado, há menos de dois anos, um acto administrativo sobre o mesmo pedido e
fundamento.

ARTIGO 10.º
(Princípio de acesso à justiça)

É garantido aos particulares o acesso à justiça administrativa na perspec-


tiva de fiscalização contenciosa dos actos da Administração, para tutela dos seus
direitos ou interesses legítimos.

231
CAPÍTULO III
Da Competência, da Delegação de Poderes e da Substituição

SECÇÃO I
Da competência

ARTIGO 11.º
(Inalienabilidade)

Sem prejuízo do disposto quanto à delegação de poderes e à substituição,


a competência é irrenunciável e inalienável.

SECÇÃO II
Da delegação de poderes

ARTIGO 12.º
(Delegação de poderes)

1. Os órgãos administrativos com competência de decisão em determinada


matéria podem, desde que para tal estejam legalmente habilitados, permitir, atra-
vés de um acto de delegação de poderes, que outro órgão pratique actos admi-
nistrativos sobre idêntica matéria.

2. Os poderes dos órgãos colegiais poderão ser delegados nos respectivos


presidentes.

ARTIGO 13.º
(Subdelegação de poderes)

Salvo disposição legal em contrário, o delegante pode autorizar o dele-


gado a subdelegar.

ARTIGO 14.º
(Requisitos do acto de delegação)

1. No acto de delegação ou subdelegação, o órgão delegante ou subdele-


gante deverá especificar os pode-res que são delegados ou subdelegados.

2. Os actos de delegação e subdelegação deverão ser publicados no Diá-


rio da República.

ARTIGO 15.º
(Menção da qualidade de delegado ou subdelegado)

No exercício da delegação ou subdelegação o órgão delegado ou subdele-


gado deve fazer menção dessa qualidade.

232
ARTIGO 16.º
(Poderes do delegante ou subdelegante)

O órgão delegante ou subdelegante tem o poder de avocar e de revogar os actos pra-


ticados pelo dele-gado ou subdelegado nos termos de delegação ou sub-delegação.

ARTIGO 17.º
(Extinção da delegação ou subdelegação)

A delegação e a subdelegação de poderes extinguem-se:

a) pela subdelegação referida no artigo anterior;


b) por caducidade consequente da mudança dos titulares do órgão delegante ou
delegado, ou ao esgota-mento dos seus efeitos.

ARTIGO 18.º
(Substituição)

1. Na falta de designação pela lei do substituto do titular de cargo ausente


ou impedido, a substituição caberá ao inferior hierárquico imediato, mais antigo,
do titular à substituir.

2. O exercício de funções em substituição abarca os poderes delegados no


substituído.

CAPITULO IV
Das Garantias de Imparcialidade

ARTIGO 19.º
(Casos de impedimento)

É vedado ao titular de órgão ou funcionário da Administração Pública in-


tervir em procedimento administrativo ou em actos de contrato da Administração
Pública nos casos seguintes:

a) quando nele tenha interesse, por si ou como representante de outra pessoa;


b) quando por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha inte-
resse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2º
grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em
comunhão de mesa e habitação;
c) quando por si ou como representante de outra pessoa tenha interesse em
questão semelhante à que deva ser decidida ou quando tal situação se ve-
rifique em relação à pes-soa abrangida pela alínea anterior;
d) quando tenha intervido no procedimento como perito ou mandatário ou
haja dado parecer sobre a questão a resolver;
e) quando tenha intervido no procedimento como perito ou mandário o
seu cônjuge, parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha

233
colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em comunhão de
me-sa e habitação;
f) quando contra ele, seu cônjuge ou parente em linha recta esteja intentada
acção judicial proposta por interessado ou pelo respectivo cônjuge;
g) quando se trata de recurso de decisão profe-rida por si ou com a sua in-
tervenção ou pro-ferida por qualquer das pessoas referidas na alínea b)
ou com intervenção destas.

ARTIGO 20.º
(Arguição e declaração do impedimento)

1. Sempre que se verifique causa de impedi-mento em relação à qualquer


titular de órgão ou funcionário público fica obrigado a comunicar logo o facto ao
respectivo superior hierárquico.

2. Qualquer interessado pode requerer a declaração do impedimento, en-


quanto não for proferida a decisão definitiva ou praticado o acto.

3. Compete ao superior hierárquico conhecer a existência do impedimento


e declará-lo, com audição prévia do titular do órgão ou funcionário.

4. Tratando-se de impedimento do presidente do órgão colegial, a decisão


do incidente compete ao próprio órgão, sem intervenção do presidente.

ARTIGO 21.º
(Efeitos da arguição do impedimento)

1. Salvo ordem em contrário do respectivo su-perior hierárquico o titular


do órgão ou agente deve suspender a sua actividade no procedimento logo que
faça a comunicação a que se refere o nº 1 do artigo anterior ou tenha conheci-
mento do requerimento a que se refere o nº 2 do mesmo preceito.

2. Aos titulares ou funcionários impedidos nos termos do artigo 19º cabe


tomar as medidas inadiável por urgência ou perigo, sujeitando-as porém à ratifi-
cação pela entidade que os substituir.

ARTIGO 22.º
(Efeitos da declaração do impedimento)

Declarado o impedimento do titular do órgão ou funcionário será o mesmo


imediatamente substi-tuído no procedimento pelo respectivo substituto legal.

ARTIGO 23.º
(Fundamento da recusa e suspeição)

1. Sempre que ocorra circunstância pela qual possa suspeitar-se da isenção


ou da lentidão da conduta do titular do órgão ou funcionário, deve o mesmo pedir
dispensa de intervir no procedimento e sobretudo;
234
a) quando por si como represente de outra pessoa, nele tenha interesse, pa-
rente em linha recta ou até ao 3º grau da linha colateral, afim ou tute-
lado ou curatelado dele ou do seu cônjuge;
b) quando o titular do órgão ou agente ou o seu cônjuge, ou algum parente
afim for credor ou devedor de pessoa singular ou colectiva com inte-
resse directo no procedimento, acto ou contrato;
c) quando tenha havido lugar ao recebimento de dádivas, antes ou depois
de instaurado o procedimento, pelo titular do órgão ou agente, seu côn-
juge, parente ou afim;
d) se houve inimizade grave ou grande intimidade entre o titular do órgão
ou agente ou o seu cônjuge e a pessoa com interesse direito no proce-
dimento, acto ou contrato.

2. Com fundamento semelhante ao do número anterior e até ser proferida


decisão definitiva, pode qualquer interessado opor suspeição à titulares de órgãos
ou funcionários que intervenham no procedimento, acto ou contrato.

ARTIGO 24.º
(Formulação do pedido)

1. O pedido com indicação precisa dos factos que o justifiquem deve ser
dirigido à entidade competente para dele conhecer.

2. Por determinação da entidade a quem for dirigido, o pedido do titular do


órgão ou funcionário, deverá ser formulado por escrito.

3. No caso de o pedido ser formulado por inte-ressados no procedimento,


acto ou contrato, será sempre ouvido o titular do órgão ou o funcionário visado.

ARTIGO 25.º
(Decisão sobre a escusa ou suspeição)

1. É deferida nos termos referidos nos nos 3 e 4 do artigo 20.º a competên-


cia para decidir da escusa ou suspeição.

2. A decisão deverá ser proferida no prazo de 8 dias.

3. Reconhecida a procedência ao pedido, deverá ser observados o disposto


nos artigos 21.º e 22.º.

ARTIGO 26.º
(Sanção)

1. Os actos ou contratos em que tiverem intervido titulares de órgão ou


funcionários impedidos são anuláveis nos termos gerais de direito.

2. Constitui falta grave para efeitos disciplinares a omissão do dever de


comunicação a que alude o artigo 20.º, nº 1.
235
CAPITULO V
Dos Interessados

ARTIGO 27.º
(Intervenção no procedimento administrativo)

1. É assegurado a todos os particulares o direito de intervir pessoalmente


no procedimento administrativo ou de nele se fazerem representar ou assistir.

2. A capacidade de intervenção no procedimento é regulada pela capaci-


dade de exercício de direitos segundo a lei civil, aplicável também ao suprimento
da incapacidade.

ARTIGO 28.º
(Legitimidade)

1. Para iniciar o procedimento administrativo e para nele intervir têm le-


gitimidade os titulares de direitos subjectivos ou interesses legalmente protegidos.

2. Consideram-se, ainda dotados de legitimidade para a protecção de in-


teresses difusos, os cidadãos a quem a actuação administrativa provoque ou possa
previsivelmente provocar prejuízos relevantes em bens fundamentais como, entre
outros, a saúde pública, a habitação, a educação, o património cultural, o am-
biente, o ordenamento do território e a qualidade de vida.

3. Os particulares que sem reserva tenham aceitado, expressa ou tacita-


mente um acto administrativo, depois de praticado não podem recorrer.

CAPÍTULO VI
Do Procedimento Administrativo

SECÇÃO I
Das disposições gerais

ARTIGO 29.º
(Iniciativa)

O procedimento administrativo inicia-se oficiosamente ou a requerimento


dos interessados.

ARTIGO 30.º
(Comunicação aos interessados)

1. Será comunicado às pessoas cujos direitos ou interesses legalmente pro-


tegidos possam ser desde logo nominalmente identificados, o início do procedi-
mento oficioso.

2. Deixa de haver lugar à comunicação determinada no número anterior


nos casos em que a lei a dispense e naqueles em que a mesma possa prejudicar a

236
natureza secreta ou confidencial da matéria, como tal classificada pela lei ou a
oportuna adopção das providências visadas pelo procedimento.

3. Deverá constar na comunicação a entidade que ordenou a instauração do


procedimento, a data do seu início, o serviço por onde corre e o respectivo objecto.

ARTIGO 31.º
(Dever de celeridade)

Os órgãos da Administração Pública devem providenciar pelo rápido e efi-


caz andamento do procedimento, recusando o que for impertinente ou dilatório e
promovendo o que for necessário ao seguimento e a justa e oportuna decisão.

ARTIGO 32.º
(Prazo geral para a conclusão)

1. Ressalvando o disposto na lei ou ocorrendo circunstâncias excepcio-


nais, o procedimento deve ser concluído no prazo de 2 meses.

2. A inobservância do prazo a que se refere o nº 1 deve ser justificada pelo


órgão responsável perante o imediato superior hierárquico, dentro dos 10 dias se-
guintes ao termo do mesmo prazo.

ARTIGO 33.º
(Audiência dos interessados)

1. Os órgãos administrativos podem ordenar a notificação dos interessados


para se pronunciarem acerca de qualquer questão em qualquer fase do procedimento.

SECÇÃO II
Do direito a informação

ARTIGO 34.º
(Direito dos interessados à informação)

1. Aos particulares é assistido o direito a ser informado pela Administra-


ção, sobre o andamento dos procedimentos em que sejam directamente interes-
sados, bem como o direito de conhecer as resoluções definitivas que sobre eles
forem tomadas.

2. As informações a prestar podem incidir sobre a indicação do serviço


onde o procedimento se en-contra, os actos e diligências praticados, as eventuais
deficiências a suprir pelos interessados, as decisões adoptadas e quaisquer outros
elementos solicitados.

3. As informações referidas neste artigo deverão ser fornecidas no prazo


máximo de 10 dias.

237
ARTIGO 35.º
(Consulta do processo e passagem de certidões)

1. Os interessados têm o direito de consultar o processo que não contenha


documentos classificados e obter as certidões ou reproduções autenticadas dos
documentos que o integram.

2. O direito referido no número anterior abrange os documentos nomina-


tivos relativos à terceiros, desde que excluídos os dados pessoais que não sejam
públicos, nos termos legais.

ARTIGO 36.º
(Certidões independentes do despacho)

Independentemente de despacho e no prazo de 10 dias à contar da apresen-


tação do respectivo requerimento, os funcionários competentes são obrigados a pas-
sar aos interessados certidão, reprodução ou declaração autenticada de documento
não classificados de que constem todos ou alguns dos seguintes elementos:

a) data de apresentação de requerimento, peti-ções, reclamações, recursos


ou documentos semelhantes;
b) conteúdo desses documentos ou pretensão neles formulados;
c) andamento que tiveram ou situação em que se encontram;
d) resolução tomada ou falta de resolução.

ARTIGO 37.º
(Extensão do direito de informação)

1. São extensivos à quaisquer pessoas que provem ter interesse legítimo no co-
nhecimento dos elementos que pretendam, os direitos previstos nos artigos 34.º à 36.º.

2. O exercício dos direitos referidos no número anterior, depende de des-


pacho do dirigente do serviço, sobre requerimento instruído com os documentos
comprovativos do interesse legítimo invocado.

SECÇÃO III
Das notificações dos prazos

ARTIGO 38.º
(Dever de notificar)

Os interessados deverão ser sempre notificados dos actos administrativos que:

a) decidam sobre quaisquer pretensões por eles formuladas;


b) imponham deveres, sujeições ou sanções ou causem prejuízos;
c) criem, extingam, aumentem ou diminuam direitos ou interesses legal-
mente protegidos ou afectem as condições do seu exercício.
238
ARTIGO 39.º
(Dispensa de notificação)

1. O dever de notificação referido no artigo anterior será dispensado nos


casos adiante indicados:

a) quando sejam praticados oralmente na presença dos interessados;


b) quando o interessado, através de qualquer intervenção no procedimento,
revele perfeito conhecimento do conteúdo dos actos em causa.

2. Os prazos cuja contagem se inicie com a notificação, começam a cor-


rer no dia seguinte ao da prática do acto ou no dia seguinte aquele em que ocor-
rer a intervenção respectivamente nos casos previstos nas alíneas a) e b) do
número anterior.

ARTIGO 40.º
(Conteúdo de notificação)

1. Deverão constar da notificação:

a) o texto integral do acto administrativo;


b) a identificação do procedimento administrativo, incluindo a indicação
do autor e a data deste;
c) o órgão competente para apreciar a impugnação do acto e o prazo para
este efeito, no caso de não ser susceptível de recurso contencioso.

2. Quando o acto tiver deferido a pretensão do interessado ou respeite à


prática de diligência processuais, o texto integral pode ser substituído pela indi-
cação resumida do seu conteúdo e objecto.

ARTIGO 41.º
(Prazos das notificações)

Não se achando fixado prazo especial, os actos administrativos devem ser


notificados no prazo de 8 dias.

ARTIGO 42.º
(Formas das notificações)

1. As notificações podem ser feitas:

a) por via postal, desde que exista distribuição domiciliária na localidade


de residência ou sede do notificado;
b) pessoalmente, se esta forma de notificação não prejudicar a celeridade
do procedimento ou se for inviável a notificação por via postal;
c) por telegrama, telefone, telex ou telefax, se a urgência do caso reco-
mendar o uso de tais meios;
239
d) por edital a afixar nos locais do estilo ou anúncio a publicar no Diário
da República.

2. A notificação feita por telegrama, telefone, telex ou telefax deverá ser


confirmada nos termos das alíneas a) e b) do número anterior, consoante os casos,
no dia útil imediato, sem prejuízo da notificação se considerar feita na data da
primeira comunicação.
ARTIGO 43º
(Prazo geral)

1. Ressalvando o disposto nos artigos 58.º e 59.º e na falta de disposição,


o prazo para os actos a praticar pelos órgãos administrativos é de 15 dias.

2. É também de 15 dias o prazo para os interes-sados requererem ou pra-


ticarem quaisquer actos, promoverem diligências, responderem sobre os assuntos
acerca dos quais se devem pronunciar ou exercerem outros poderes no procedi-
mento.

ARTIGO 44º
(Contagem dos prazos)

São aplicáveis à contagem dos prazos as regras adiante indicadas:

a) não se inclui na contagem o dia em que ocorrer o evento à partir do qual


o prazo começa a correr;
b) o prazo começa a correr independentemente de quaisquer formalidades
e suspende-se nos Sábados, Domingos e Feriados;
c) o termo do prazo que caia em dia em que o serviço perante o qual deva
ser praticado o acto não esteja aberto ao público ou não funcione durante
o período normal, transfere-se para o primeiro dia útil seguinte.

SECÇÃO IV
Da marcha do procedimento

ARTIGO 45º
(Requerimento inicial)

1. O requerimento inicial dos interessados deve ser formulado por escrito


e conter:

a) a designação do órgão administrativo a que se dirige;


b) a identificação do requerente, pela indicação do nome, estado, profissão
e residência;
c) a exposição dos factos em que se baseia o pe-dido;
d) a indicação do pedido em termos claros e precisos;
e) a data e a assinatura do requerente ou de outrem a seu rogo, se o mesmo
não souber ou não poder assinar.

240
2. Em cada requerimento não pode ser formulado mais de um pedido, salvo
se se tratar de pedidos alternativos ou subsidiários.

ARTIGO 46.º
(Apresentação de requerimento)

1. Salvo o disposto nos números seguintes, os requerimentos devem ser


apresentados nos serviços dos órgãos aos quais são dirigidos.

2. Podem ser apresentados nos serviços locais desconcentrados os reque-


rimentos dirigidos aos órgãos centrais, quando os interessados residam na área de
competência daqueles.

3. Os requerimentos dirigidos a órgãos que não disponham de serviços na


área da residência dos interessados, podem ser apresentados na Secretaria do Go-
verno da respectiva Província.

4. Os requerimentos apresentados nos termos dos números anteriores de-


verão ser remetidos aos órgãos competentes pelo registo do correio e no prazo de
3 dias após o seu recebimento, com a indicação da data em que este se verificou.

ARTIGO 47.º
(Registo de apresentação de requerimento)

1. Seja qual for o modo por que se apresente, o requerimento será sempre ob-
jecto de registo, o qual deverá mencionar o respectivo número de ordem, a data, o
objecto do requerimento, o número de docu-mentos juntos e o nome do requerente.

2. Os requerimentos deverão ser registados segundo a ordem da sua apre-


sentação, com anotação do respectivo número e data.

ARTIGO 48.º
(Recibo da entrega de requerimento)

1. Os interessados podem exigir recibo comprovativo da entrega dos re-


querimentos apresentados.

2. O recibo pode consistir em averbamento no duplicado ou na fotocópia


do requerimento que para o efeito o requerente apresente.

SECÇÃO V
Das medidas provisórias

ARTIGO 49.º
(Admissibilidade de medidas provisórias)

1. Oficiosamente ou à requerimento dos interessados pode o órgão com-

241
petente para a decisão final, em qualquer fase do procedimento, ordenar as me-
didas provisórias que se mostrem necessárias, se houver justo receio de, sem tais
medidas, se produzir lesão grave ou de difícil reparação dos interesses públicos
em causa.

2. A decisão de ordenar ou alterar as medidas provisórias deve ser funda-


mentada e fixar o respecti-vo prazo de validade.

3. A revogação das medidas provisórias deve ser objecto da fundamenta-


ção referida no número anterior.

ARTIGO 50.º
(Caducidade das medidas provisórias)

Exceptuadas as disposições especiais, as medidas provisórias caducam:


a) uma vez proferida decisão definitiva no procedimento;
b) com o decurso do prazo que lhes tiver sido fixado ou a respectiva pror-
rogação;
c) esgotado o prazo fixado na lei para a decisão final;
d) se, não estando estabelecido tal prazo, a decisão final não for proferida
dentro dos 6 meses seguintes à instauração do procedimentos.

SECÇÃO VI
Da instrução

ARTIGO 51.º
(Direcção da instrução)

1. Sem prejuízo do disposto nos diplomas orgâ-nicos dos serviços ou em pre-


ceitos especiais, a direcção e a instrução cabe ao órgão competente para a decisão.

2. Exceptuando os casos em que a lei imponha direcção pessoal, o órgão


competente para a decisão pode a delegar a competência em subordinado seu.

3. O órgão competente para dirigir a instrução pode encarregar subordi-


nado seu da realização de diligências instrutórias específicas.

ARTIGO 52.º
(Audiência dos interessados)

1. Salvo o disposto no artigo seguinte, uma vez concluída a instrução, os


interessados têm o direito de ser ouvidos no procedimento antes de ser tomada a
decisão final.

2. O órgão instrutor decide, em cada caso, se a audiência dos interessados


é escrita ou oral.
242
ARTIGO 53.º
(Inexistência e dispensa de audiência dos interessados)

1. Deixa de haver audiência dos interessados:

a) no caso da decisão ser urgente;


b) desde que seja de prever que a diligência possa comprometer a execu-
ção ou utilidade da decisão.

2. O órgão instrutor pode dispensar a audiência dos interessados nos se-


guintes casos:

a) se os interessados já se tiverem pronunciado no procedimento sobre as


questões que importem à decisão e sobre as provas produzidas;
b) se os elementos constantes do procedimento conduzirem à uma decisão
favorável aos interessados.

ARTIGO 54.º
(Relatório do instrutor)

O instrutor elaborará um relatório no qual indica o pedido do interessado,


resume o conteúdo do procedimento e formula uma proposta de decisão, sinteti-
zando as razões de facto e de direito que a justificam.

SECÇÃO VII
Da decisão e outras causas de extinção

ARTIGO 55.º
(Causas de extinção)

O procedimento extinguese pela tomada da decisão final e por qualquer


dos outros factos previ-tos nesta secção.

ARTIGO 56.º
(Decisão final expressa)

Na decisão final expressa deverão ficar resolvidas todas as questões sus-


citadas durante o procedimento e que não hajam sido decididas em momento an-
terior.

ARTIGO 57.º
(Deferimento tácito)

1. Estando a prática de um acto administrativo ou o exercício de um direito


por um particular dependente de aprovação ou autorização de um órgão admi-
nistrativo, consideram-se estas concedidas, salvo disposição em contrário, se a
decisão não for profe-rida no prazo estabelecido por lei.
243
2. Se não estiver fixado por lei prazo especial, o prazo de produção do de-
ferimento tácito será de 90 dias a contar da formulação do pedido ou da apresen-
tação do processo para o efeito.

3. Para os efeitos do disposto neste artigo, consi-deram-se dependentes de


aprovação ou autorização de órgão administrativo, para além daqueles relativa-
men-te aos quais leis especiais prevejam o deferimento tácito, os casos de:

a) licenciamento de obras particulares;


b) Alvarás de loteamento;
c) autorização de investimento estrangeiro;
d) autorização para laboração contínua;
e) autorização de trabalho por turnos;
f) acumulação de funções públicas e privadas.

4. Para o cômputo dos prazos previstos nos nºs. 1 e 2 considera-se que os


mesmos se suspendem sempre que o procedimento estiver parado por motivo im-
putável ao particular.

ARTIGO 58.º
(Indeferimento tácito)

1. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a falta no prazo fixado para


a sua emissão, de decisão final sobre a pretensão dirigida à órgão administrativo
competente confere ao interessado, salvo dispo-sição em contrário, a faculdade de
presumir indeferida essa pretensão, para poder, querendo, exercer o direito de im-
pugnação.

2. É de 90 dias o prazo a que se refere o número anterior.

CAPÌTULO VII
Da Actividade Administrativa

SECÇÃO I
Do regulamento

ARTIGO 59.º
(Âmbito de aplicação)

As disposições da presente secção aplicam-se à todos os regulamentos da


Administração Pública.

ARTIGO 60.º
(Petições)

1. Os interessados podem apresentar aos órgãos competentes petições fun-


damentadas em que solicitem a elaboração, modificação ou revogação de regu-
lamentos.
244
2. O órgão com competência regulamentar informará os interessados do
destino dado às petições formuladas e dos fundamentos da posição que tomar em
relação às mesmas.

ARTIGO 61.º
(Projecto de regulamento)

Todo o projecto de regulamento deve estar acompanhado de uma nota jus-


tificativa fundamentada.

ARTIGO 62.º
(Audiência dos interessados)

1. Tratando-se de regulamento que imponha deveres, sujeições ou encar-


gos e quando a isso não oponham razões fundamentadas de interesse público, o
órgão com competência regulamentar deverá ouvir, em regra, sobre o respectivo
projecto, as entidades representativas dos interesses afectados, caso existam.

2. No preâmbulo do regulamento far-se-á menção das entidades ouvidas.

SECÇÃO II
Do acto administrativo

ARTIGO 63.º
(Conceito do acto administrativo)

Para os efeitos do presente diploma, consideram-se actos administrativos


as decisões dos órgãos da Administração que ao abrigo de normas de direito visem
produzir efeitos jurídicos imediatos numa situação individual e concreta.

ARTIGO 64.º
(Condição, termo ou modo)

Os acto administrativos podem ser sujeitos à condição, termo ou modo,


desde que não sejam contrários à lei ou ao fim a que o acto se destina.

ARTIGO 65.º
(Formas dos actos)

Desde que outra forma não seja prevista por lei ou imposta pela natureza
e circunstâncias, os actos administrativos devem ser praticados por escrito.

ARTIGO 66.º
(Objecto)

1. Os actos administrativos devem enunciar com precisão o respectivo ob-


jecto, de modo a pode-rem determinar-se inequivocamente os seus efeitos jurídicos.

245
2. Sem prejuízo de outras referências, especialmente, devem constar sem-
pre do acto:

a) a indicação da autoridade que o praticou e a menção da delegação ou


subdelegação de poderes, quando exista;
b) a identidade adequada do destinatário ou destinatários;
c) a enunciação dos factos ou actos que lhe de-ram origem, quando rele-
vantes;
d) a fundamentação, quando exigível;
e) o conteúdo ou o sentido da decisão;
f) a data em que é praticado;
g) a assinatura do autor ou do presidente do órgão colegial de que emane.

ARTIGO 67.º
(Dever de fundamentação)

Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser funda-
mentados os actos adminis-trativos que, total ou parcialmente:

a) neguem, extingam, restrinjam ou afectem por qualquer modo direitos ou


interesses legalmente protegidos ou agravem deveres, encargos ou sanções;
b) decidam reclamação ou recurso;
c) decidam em contrário de pretensão ou oposição formulada por interes-
sado ou de parecer, informação ou proposta oficial;
d) decidam de modo diferente da prática habitualmente seguida na reso-
lução dos actos s-melhantes ou na interpretação e aplicação dos mesmos
princípios ou preceitos legais;
e) impliquem revogação, modificação ou sus-pensão de acto administra-
tivo anterior.

ARTIGO 68.º
(Requisitos de fundamentação)

1. A fundamentação deve ser expressa, através de sucinta exposição dos


fundamentos de facto e de direito da decisão, podendo consistir em mera decla-
ração concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações ou
propostas, que constituirão neste caso parte integrante do respectivo acto.

2. Equivale à falta de fundamentação a adopção de fundamentos que, por


obscuridade, contradição ou insuficiência, não esclareçam concretamente a mo-
tivação do acto.

ARTIGO 69.º
(Fundamentação de actos orais)

1. A fundamentação dos actos orais abrangidos pelo nº 1 do artigo 68º que


não constem de acta, devem, à requerimento dos interessados e para efeitos de im-

246
pugnação, ser reduzida à escrito e comunicada integralmente àquele, no prazo de
10 dias, através da expedição de oficio sob registo do correio ou de entrega de no-
tificação pessoal, a cumprir no mesmo prazo.

2. O não exercício pelos interessados, da faculdade conferida pelo número


anterior, não prejudica os efeitos da eventual falta de fundamentação do acto.

SECÇÂO III
Da eficácia do acto administrativo

ARTIGO 70.º
(Regra geral)

1. O acto administrativo produz os seus efeitos desde a data em que for pra-
ticado, excepto nos casos em que a lei ou o próprio acto lhe atribuam eficácia re-
troactiva ou diferida.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, o caso considera-se prati-


cado logo que estejam preenchidos os seus elementos, não obstando à perfeição
do acto, para esse fim, qualquer motivo determinante de anulabilidade.

ARTIGO 71.º
(Eficácia retroactiva)

1. Têm eficácia retroactiva os actos administrativos:

a) que se limitem à interpretar actos anteriores;


b) que dêem execução à decisões dos tribunais, anulatórias de actos ad-
ministrativos;
c) a que a lei atribua efeitos retroactivo.

2. Fora dos casos abrangidos pelo número anterior, o autor do acto admi-
nistrativo só pode atribuir-lhe eficácia retroactiva:

a) quando a retroactividade seja favorável para os interessados e não lese


direitos ou interesses legalmente protegidos de terceiros, desde que à
data a que se pretende fazer remontar a eficácia do acto já existissem os
pressupostos justificativos da retroactividade;
b) desde que estejam em causa decisões revogatórias de actos administra-
tivos tomadas por órgão ou agente que os praticaram, na sequên-cia de
reclamação ou recurso hierárquico;
c) sempre que a lei o permitir.

ARTIGO 72.º
(Eficácia diferida)

O acto administrativo tem eficácia diferida:

247
a) se estiver sujeito à aprovação ou à referendo;
b) desde que os seus efeitos fiquem dependentes de condição ou termo
suspensivos;
c) quando os seus efeitos, pela natureza do acto ou por disposição legal, de-
penderem da verificação de qualquer requisito que não respeite à vali-
dade do próprio acto.

ARTIGO 73.º
(Publicidade obrigatória)

1. A publicidade dos actos administrativos só é obrigatória quando exi-


gida por lei.

2. A falta de publicidade do acto, quando legalmente exigida, implica a


sua ineficácia.

ARTIGO 74.º
(Termos da publicação obrigatória)

Sempre que a lei determinar a publicação do acto, sem no entanto regular


os respectivos termos, deve a mesma ser feita no Diário da República, ou na pu-
blicação local, no prazo de 30 dias e conter todos os elementos referidos no nº 2
do artigo 67º.

ARTIGO 75.º
(Eficácia dos actos constitutivos de deveres ou encargos)

1. Os actos que constituam deveres ou encargos para os particulares e não


estejam sujeitos à publicação, começam a produzir efeitos à partir da sua notifi-
cação aos destinatários ou outra forma de conhecimento oficial pelos mesmos,
ou do começo de execução do acto.

2. Presume-se o conhecimento oficial sempre que o interessado intervenha


no procedimento administrativo e aí revele conhecer o conteúdo do acto.

3. Para os fins do disposto no nº 1 só se considera começo de execução o


início da produção de quaisquer efeitos que atinjam os destinatários.

SECÇÃO IV
Da invalidade do acto administrativo

ARTIGO 76.º
(Actos nulos)

1. São nulos os actos a que falte qualquer dos elementos essenciais ou para
os quais a lei comine expressamente essa forma de invalidade.

2. São designadamente actos nulos:


248
a) os actos viciados de usurpação de poder;
b) os actos estranhos às atribuições dos Ministérios ou das pessoas colec-
tivas referidas no artigo 2.º em que o seu autor se integre;
c) os actos cujo objecto se tornou impossível, ininteligível ou constitua
um crime;
d) os actos que ofendam o conteúdo essencial de um direito fundamental;
e) os actos praticados sob coacção;
f) os actos que careçam em absoluto de forma legal;
g) as deliberações de órgãos colegiais que forem tomadas tumultuosa-
mente ou com inobservância do quórum ou da maioria legalmente exi-
gidos;
h) os actos que ofendam os casos julgados;
i) os actos consequentes de actos administrativos anteriormente anulados
ou revogados, desde que não haja contra interessados com interesses le-
gítimos na manutenção de acto consequente.

ARTIGO 77.º
(Regime da nulidade)

1. O acto nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos, independentemente


da declaração de nulidade.

2. A nulidade é invocável a todo o tempo, por qualquer interessado e pode


ser declarada, também a todo o tempo, por qualquer órgão administrativo ou por
qualquer tribunal.

3. O disposto nos números anteriores não prejudica a possibilidade de atri-


buição de certos efeitos jurídicos à situações de facto decorrentes de actos nulos,
por força do simples decurso do tempo, de harmonia com os princípios gerais de
direito.

ARTIGO 78.º
(Actos anuláveis)

São anuláveis os actos administrativos pratica-dos com ofensa dos princí-


pios ou normas jurídicas aplicáveis para violação se não preveja outra sanção.

ARTIGO 79.º
(Regime de anulabilidade)

1. O acto administrativo anulável pode ser revogado nos termos previstos


no artigo 85º.

2. O acto anulável é susceptível de impugnação perante os tribunais de


acordo com a legislação sobre o contencioso administrativo.
249
ARTIGO 80.º
(Ratificação, reforma e conversão)

1. São insusceptíveis de ratificação, reforma e conversão os actos nulos


ou inexistentes.

2. Aplicam-se à ratificação, reforma e conversão aos actos administrativos


anuláveis as normas que regulam a competência para a revogação dos actos in-
válidos e a sua tempestividade.

3. Em caso de incompetência, o poder de ratificar o acto cabe ao órgão


competente para a sua prática.

4. Desde que não tenha havido alteração ao regime legal, a ratificação, re-
forma e conversão retroagem os seus efeitos à data dos actos à que respeitam.

SECÇÃO V
Da revogação do acto administrativo

ARTIGO 81.º
(Iniciativa da revogação)

Os actos administrativos podem ser revogados por iniciativa dos órgãos


competentes ou à pedido dos interessados, mediante reclamação ou recurso ad-
ministrativo.

ARTIGO 82.º
(Actos insusceptíveis de revogação)

1. Não são susceptíveis de revogação:

a) os actos nulos ou inexistentes;


b) os actos anulados contenciosamente;
c) os actos revogados com eficácia retroactiva.
2. Os actos cujos efeitos tenham caducado ou se encontrem esgotados
podem ser objecto de revo-gação com eficácia retroactiva.

ARTIGO 83.º
(Revogabilidade dos actos válidos)

1. Os actos administrativos que sejam válidos, são livremente revogáveis,


excepto nos casos seguintes:

a) desde que a sua irrevogabilidade resulte de vinculação legal;


b) quando forem constitutivos de direito ou de interesses legalmente pro-
tegidos;
c) sempre que deles resultarem para a Administração, obrigações ou di-
reitos irrenunciáveis.
250
2. Os actos constitutivos de direitos ou interesses legalmente protegidos
são contudo, revogáveis:

a) na parte em que sejam desfavoráveis aos in-teresses dos seus destinatários;


b) desde que todos os interessados, dêem a sua concordância à revogação
do acto e não diga respeito à direitos ou interesses indisponíveis.

ARTIGO 84.º
(Revogabilidade dos actos invalidos)

1. Os actos administrativos que sejam inválidos só podem ser revogados


com fundamentos na sua invalidade e dentro do prazo do respectivo recurso con-
tencioso ou até à resposta da entidade recorrida.

2. Se houver prazos diferentes para o recurso contencioso, atender-se-a ao


que determinar em último lugar.

ARTIGO 85.º
(Competência para a revogação)

1. Salvo disposição especial, são competentes para a revogação dos actos


administrativos, além dos seus autores, os respectivos superiores hierárquicos,
não se tratando porém de acto da competên-cia exclusiva do subalterno.

2. Os actos administrativos praticados por delegação ou sub-delegação de


poderes podem ser revogados pelo órgão delegante ou sub delegante, bem como
pelo delegado ou subdelegado enquanto vigorar a delegação ou subdelegação.

3. Os actos administrativos praticados por ór-gãos sujeitos à tutela admi-


nistrativa só podem ser revogados pelos órgãos tutelares nos casos expressamente
permitidos por lei.

ARTIGO 86.º
(Forma dos actos de revogação)

1. Salvo disposição especial o acto de revogação deve revestir a forma le-


galmente prescrita para o acto revogado.

2. Para além do estabelecido no número ante-rior deve o acto de revoga-


ção revestir a mesma forma que tiver sido utilizada na prática do acto revogado
quando a lei não estabelecer forma alguma para este ou quando o acto revogado
tiver revestido forma solene do que a legalmente prevista.

ARTIGO 87.º
(Formalidade a observar na revogação)

Na revogação dos actos administrativos devem ser observadas as forma-


lidades exigidas para a prática do acto revogado, salvo nos casos em que a lei dis-
puser de forma diferente.
251
ARTIGO 88.º
(Eficácia da revogação)

1. Salvo o disposto nos números seguintes, a revogação dos actos admi-


nistrativos apenas produz efeitos para o futuro.

2. A revogação tem efeitos retroactivo, quando se fundamente na invali-


dade do acto revogado.

3. O autor da revogação pode, no próprio acto, atribuir-lhe efeito retroactivo:

a) desde que seja favorável aos interessados;


b) quando os interessados tenham concordado expressamente com a re-
troactividade dos efei-tos e estes não respeitam à direitos ou inte-resses
indisponíveis.

ARTIGO 89.º
(Efeitos repristinatórios da revogação)

A revogação de um acto revogatório só produz efeitos repristinatórios se


a lei ou o acto de revogação assim expressamente o determinarem.

ARTIGO 90.º
(Alteração e substituição dos actos administrativos)

Na falta de disposição especial, são aplicáveis à alteração e substituição


dos actos administrativos as normas reguladoras da revogação.

ARTIGO 91.º
(Rectificação dos actos administrativos)

1. Os erros de cálculo e os materiais cometidos na expressão da vontade


do órgão administrativo, quando manifestos, podem ser rectificados, a todo o
tempo pelos órgãos competentes para a revogação.

2. A rectificação pode ter lugar oficiosamente ou a pedido dos interessa-


dos, tem efeitos retroactivos e deve ser feita sob a forma e com a publicidade usa-
das para a prática do acto rectificado.

SECÇÂO VI
Da execução do acto administrativo

ARTIGO 92.º
(Executoriedade)

1. Os actos administrativos são executórios logo que eficazes.


2. A Administração pode impor coercivamen-te, sem recurso prévio dos

252
tribunais, o cumprimento das obrigações e o respeito pelas limitações geradas por
um acto administrativo, desde que a imposição seja feita pelas formas e nos ter-
mos admitidos por lei.

3. Pode ser exigido pela Administração nos termos do artigo 98.º, o cumpri-
mento das obrigações mesmo pecuniárias, resultantes de actos administrativos.

ARTIGO 93.º
(Actos não executórios)

1. Não são executórios:

a) os actos cuja eficácia esteja suspensa;


b) os actos de que tenha sido interposto recurso com efeito suspensivo;
c)os actos sujeitos à aprovação;
d) os actos confirmativos de actos executórios.

2. A eficácia dos actos administrativos pode ser suspensa pelo órgãos com-
petentes para a sua revogação, pelos órgãos tutelares e pelos tribunais adminis-
trativos.

ARTIGO 94.º
(Legalidade de execução)

1. Salvo em estado de necessidade, é vedado aos órgãos da Administração


Pública praticarem acto ou operação material de que resulte limitação de direitos
subjectivos ou interesses legalmente protegidos dos particulares, em terem exe-
cutado previamente o acto administrativo que legitime tal actuação.

2. Na execução dos actos administrativos devem, na medida do possível,


ser utilizados os meios que, garantindo a realização integral dos seus objectivos,
envolvam menor prejuízo para os direitos e interesses particulares.

3. Podem ser impugnados administrativa e contenciosamente pelos inte-


ressados, os actos ou operações de execução que excedam os limites do acto exe-
quendo.

4. São também susceptíveis de impugnação contenciosa os actos de ope-


rações de execução, arguidos de ilegalidade, desde que esta não seja consequên-
cia da ilegalidade do acto exequendo.

ARTIGO 95.º
(Notificação da execução)

1. A decisão de proceder à execução administrativa é sempre notificada ao


seu destinatário antes de lhe ser dado início.
2. A notificação da execução pode ser feita conjuntamente com a notifi-
cação do acto definitivo e executório.
253
ARTIGO 96.º
(Fins de execução)

A execução pode ser por fim o pagamento de quantia certa, a entrega de


coisa certa ou a prestação de um facto.

ARTIGO 97.º
(Execução para pagamento de quantia certa)

1. Quando por força de um acto administrativo devam ser pagas à uma


pessoa colectiva pública ou por ordem desta, prestações pecuniária, o órgão ad-
ministrativo competente seguirá, sendo caso disso, o processo de execução regu-
lado no Código de Processo das Contribuições e Impostos.

2. Haverá lugar no processo indicado no número anterior se, na execução


de actos fungíveis, estes forem realizados por pessoa diversa do obrigado.

3. Na hipótese prevista no nº 2, a Administração optará por realizar direc-


tamente os actos de execução ou por encarregar terceiro de os praticar, ficando
todas as despesas, incluindo indemnizações e sanções pecuniárias, por conta do
obrigado.

ARTIGO 98.º
(Execução para entrega de coisa certa)

No caso de o obrigado não fazer a entrega da coisa que a Administração


deveria receber, o órgão competente procederá às diligências que forem necessá-
rias para tomar posse administrativa da coisa devida.

ARTIGO 99.º
(Execução para prestação de facto)

1. No caso de execução para prestação de facto fungível, a Administração


notifica o obrigado para que, num prazo razoável, proceda à prática do acto devido.

2. Se o obrigado não cumprir dentro do prazo fixado, a Administração op-


tará por realizar a execução directamente ou por intermédio de terceiro, ficando
neste caso todas as despesas, incluindo indemnizações e sanções pecuniárias, por
conta do obrigado.

3. As obrigações positivas de prestação de facto infungível só podem ser


objecto de coação directa sobre os indivíduos obrigados nos casos expressamen-
te previstos na lei e sempre com observância dos direitos fundamentais consa-
grados na lei Constitucional e do respeito devido à pessoa humana.

254
SECÇÂO VII
Da reclamação e dos recursos administrativos

ARTIGO 100.º
(Princípio geral)

1. Aos particulares assiste o direito de solicitar a revogação ou a modifi-


cação dos actos administrativos, nos termos regulares neste diploma.

2. O direito reconhecido no número anterior pode ser exercido, consoante


os casos:

a) mediante reclamação para o autor do acto;


b) por via de recurso para o superior hierárquico do autor do acto ou para
o delegante ou subdelegante;
c) através de recurso para órgão que exerça poderes de tutela ou de supe-
rintendência sobre o autor do acto.

ARTIGO 101.º
(Fundamentação da impugnação)

Salvo disposições em contrário, as reclamações e os recursos podem ter


por fundamento a ilegalida-de ou a inconveniência do acto administrativo im-
pugnado.

ARTIGO 102.º
(Legitimidade)

1. Têm legitimidade para reclamar ou recorrer os titulares de direitos sub-


jectivos ou interesses legalmente protegidos que se considerem lesados pelo acto
administrativo.

2. È aplicável à reclamação e aos recursos administrativos o disposto nos


nºs. 1 a 3 do artigo 28º.

SUBSECÇÂO I
Da reclamação

ARTIGO 103.º
(Princípio geral)

1. Salvo disposição legal em contrário, pode reclamar-se de qualquer acto


administrativo.

2. È inaceitável a reclamação de acto que decida anterior reclamação ou re-


curso administrativo, com fundamento em omissão de pronúncia.

255
ARTIGO 104.º
(Prazo de reclamação)

A reclamação deve ser apresentada no prazo de 15 dias a contar:

a) da publicação do acto no Diário da República, quando a mesma seja


obrigatória;
b) da notificação do acto, quando esta se tenha efectuado, se a publicação
não for obrigatória;
c) da data em que o interessado tiver conhecimento do acto, nos restantes
casos.

ARTIGO 105.º
(Efeitos da reclamação)

1. A reclamação de acto de que não caiba recur-so contencioso tem efeito


suspensivo, salvo nos casos em que a lei disponha em contrário ou quando o autor
do acto considere que a sua não execução imediata causa grave prejuízos ao in-
teresse público.

2. A reclamação de acto de que caiba recurso contencioso não tem efeito


suspensivo, salvo nos casos em que a lei disponha em contrário ou quando o autor
do acto, oficiosamente ou a pedido dos interessados, considere que a execução
imediata do acto causa prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação ao seu des-
tinatário.

3. A suspensão da execução a favor dos interessados deve ser requerida à


entidade competente para decidir no prazo de 5 dias à contar da data em que o pro-
cesso lhe for apresentado.

4. Na apresentação do pedido verificar-se-á se as provas revelam uma pro-


babilidade seria de veracida-de dos factos alegados e em caso afirmativo ser de-
cretado a suspensão da executoriedade.

5. O disposto nos números anteriores não pre-judica o pedido de suspen-


são de eficácia perante os tribunais competentes, nos termos da legislação aplicável.

ARTIGO 106.º
(Prazos de recursos)

A reclamação não suspende nem interrompe os prazos de recurso.

ARTIGO 107.º
(Prazos para decisão)

O prazo do órgão competente apreciar e decidir a reclamação é de 30 dias.

256
SUBSECÇÂO II
Do recurso hierárquico

ARTIGO 108.º
(Objecto)

Podem ser objecto de recursos hierárquico todos os actos administrativos


praticados por órgãos sujeitos aos poderes hierárquicos de outros órgãos.

ARTIGO 109.º
(Espécies e âmbito)

1. O recurso hierárquico é necessário ou facultativo, consoante o acto a


impugnar seja ou não insusceptível de recurso contencioso.

2. Ainda que o acto de que se interpõe recurso hierárquico seja susceptí-


vel de recurso contencioso, tanto a ilegalidade como a inconveniência do acto
podem ser apreciados naquele.

ARTIGO 110.º
(Prazos de interposição)

1. Sempre que a lei não estabeleça prazo diferente, é 30 dias o prazo para
a interposição do recurso hierárquico necessário.

2. O recurso hierárquico facultativo deve ser interposto dentro do prazo es-


tabelecido para inter-posição de recurso contencioso do acto em causa.

ARTIGO 111.º
(Interposição)

1. O recurso hierárquico interpõe-se por meio de requerimento no qual o


recorrente deve expor todos os fundamentos do recurso, podendo juntar os docu-
mentos que considere convenientes e pertinentes.

2. O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do


acto.

3. O requerimento de interposição do recurso pode ser apresentado ao autor


do acto ou à autoridade a quem seja dirigido.

ARTIGO 112.º
(Efeitos)

1. O recurso hierárquico suspende a eficácia do acto recorrido, salvo


quando a lei disponha em contrário ou quando o autor do acto considere que a sua
execução não imediata causa grave prejuízo ao interesse público.

257
2. O órgão competente para apreciar o recurso pode revogar a decisão a
que se refere o número anterior ou tomá-la quando o autor do acto o não tenha
feito.

ARTIGO 113.º
(Notificação dos contra-interessados)

Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer, deve notifi-


car aquele que possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no
prazo de 15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus funda-
mentos.

ARTIGO 114.º
(Intervenção do órgão recorrido)

1. Após a notificação a que se refere o artigo anterior ou não se verifi-


cando a mesma, logo que interposto o recurso, começa a correr um prazo de 15
dias dentro do qual o autor do acto recorrido se deve pronunciar sobre o recurso
e remetê-lo ao órgão competente para dele conhecer.

2. Quando os contra-interessados não hajam deduzido oposição e os ele-


mentos constantes do procedimento demostrem suficientemente a procedência
do recurso, pode o autor do acto recorrido revogar, modificar ou substituir o acto
de acordo com o pedido do recorrente.

ARTIGO 115.º
(Rejeição do recurso)

O recurso deve ser rejeitado nos casos seguintes:

a) quando haja sido interposto para órgão incompetente;


b) quando o acto impugnado não seja susceptível de recurso;
c) quando o recorrente careça de legitimidade;
d) quando o recurso haja sido interposto fora do prazo;
e) quando ocorra qualquer outra causa que obste ao conhecimento do re-
curso.

ARTIGO 116.º
(Decisão)

1. Ressalvadas as excepções previstas na lei, o órgão competente para co-


nhecer de recurso pode, sem sujeição ao pedido do recorrente, confirmar ou re-
vogar o acto recorrido e se a competência do autor do acto recorrido não for
exclusiva, pode também modificá-lo ou substitui-lo.

2. O órgão competente para decidir o recurso pode, se for caso disso, anu-
lar, no todo ou em parte, o procedimento administrativo e determinar a realização
de nova instrução ou de diligências complementares.
258
ARTIGO 117.º
(Prazo para a decisão)

1. Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierárquico deve ser
decidido no prazo de 30 dias contados à partir da remessa do procedimento ao
órgão competente para dele conhecer.

2. O prazo referido no número anterior é elevado até ao máximo de 90


dias quando haja lugar à realização de nova instrução ou de diligências comple-
mentares.

3. Decorridos os prazos referidos nos números anteriores sem que seja to-
mada uma decisão, considera-se o recurso tacitamente indeferido.

SUBSECÇÂO III
Do recurso hierárquico impróprio e do recurso tutelar

ARTIGO 118.º
(Recurso hierárquico impróprio)

1. È considerado impróprio o recurso hierárquico interposto para um órgão


que exerça poder de supervisão sobre outro órgão da mesma pessoa colectiva,
fora do âmbito da hierarquia administrativa.

2. Nos casos expressamente previstos por lei, também cabe recurso hie-
rárquico impróprio para os órgãos colegiais em relação aos actos administrativos
praticados por qualquer dos seus membros.

3. São aplicáveis ao recurso hierárquico impróprio, com as necessárias


adaptações, as disposições reguladoras do recurso hierárquico.

ARTIGO 119.º
(Recurso tutelar)

1. O recurso tutelar tem por objecto actos administrativos praticados por


órgãos de pessoas colectivas públicas sujeitas à tutela ou superintendência.

2. O recurso tutelar só existe nos actos expressamente previstos por lei e


tem, salvo disposições em contrário, carácter facultativo.

3. O recurso tutelar só pode ter por fundamento a inconveniência do acto


recorrido nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito.

4. A modificação ou substituição do acto recorrido só é possível se a lei


conferir poderes de tutela substitutiva e no âmbito destes.

5. São aplicáveis ao recurso tutelar as disposições reguladoras do recurso


hierárquico, na parte em que não contrariem a natureza própria daquele e o res-
peito devido à autonomia da entidade tutelada.
259
CAPÍTULO VIII
Do Contrato Administrativo

ARTIGO 120.º
(Conceito do contrato administrativo)

1. Diz-se contrato administrativo o acordo de vontade pelo qual é consti-


tuída, modificada ou extinta uma relação jurídica de direito público entre a Ad-
ministração e um particular tendo como finalidade a realização de um interesse
público.

2. São contratos administrativos, designadamente, os contratos de:

a) empreitada de obras públicas;


b) concessão de obras públicas;
c) concessão de serviços públicos;
d) concessão de exploração do domínio público;
e) concessão de uso privativo do domínio público;
f) concessão de exploração de jogos de fortuna ou azar;
g) fornecimento contínuo;
h) prestação de serviços para fins de imediata utilidade pública.

ARTIGO 121.º
(Utilização do contrato administrativo)

Na prossecução das atribuições da pessoa colectiva em que se integram


os seus órgãos, podem celebrar contratos administrativos

ARTIGO 122.º
(Poderes da administração)

Salvo quando outra coisa resulta da lei ou da natureza do contrato, a Ad-


ministração Pública pode:

a) modificar unilateralmente o conteúdo das prestações, desde que seja


respeitado o objecto do contrato e o seu equilíbrio financeiro;
b) dirigir o modo de execução das prestações;
c) rescindir unilateralmente os contratos por imperativo de interesse pú-
blico devidamente fundamentado, sem prejuízo do pagamento de justa
indemnização;
d) fiscalizar o modo de execução do contrato;
e) aplicar as sanções previstas para inexecução do contrato.

ARTIGO 123.º
(Formação do contrato)

Com as necessárias adaptações são aplicáveis à formação dos contratos admi-


nistrativos, as disposições deste diploma relativas ao procedimento administrativo.
260
ARTIGO 124.º
(Escolha do co-contratante)

1. Salvo regime especial, nos contratos que visem associar um particular


ao desempenho regular de atribuições administrativas, o co-contratante deve ser
escolhido por concurso público, por concurso limitado ou por ajuste directo.

2. Ao concurso público são admitidas todas as entidades que satisfaçam os


requisitos especialmente fixados pela administração para cada caso ou que te-
nham sido convidadas para o efeito pelo contratante público.

ARTIGO 125.º
(Dispensa de concurso)

1. Os contratos devem ser sempre precedidos de concurso público, o qual


só pode ser dispensado por proposta devidamente fundamentada do órgão com-
petente, que mereça a concordância expressa, consoante os casos do órgão supe-
rior da hierarquia ou do órgão de tutela.

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a realização ou dispensa


do concurso público ou limitado, bem como o ajuste directo, dependem da ob-
servância das normas que regulam a realização de despesas públicas.

ARTIGO 126.º
(Forma dos contratos)

Os contratos administrativos são sempre celebrados por escrito, salvo se


a lei estabelecer outra forma.

ARTIGO 127.º
(Regime de invalidade dos contratos)

1. São aplicáveis à falta e vícios da vontade, bem como à nulidade e anu-


labilidade dos contratos administrativos, as correspondentes disposições do Có-
digo Civil para os negócios jurídicos, salvo o disposto no número seguinte.

2. O contrato administrativo é, também, nulo ou anulável quando o fosse


o acto administrativo com o mesmo objecto e idêntica regulamentação da situa-
ção concreta.

ARTIGO 128.º
(Actos opinativos)

1. Os actos administrativos que interpretam cláusulas contratuais ou que


se pronunciam sobre a respectiva validade, não são definitivos e executórios, pelo
que na falta de acordo do co-contratante a Administração só pode obter os efei-
tos pretendidos através de acção a propor no tribunal competente.

261
2. O disposto no número anterior não preju-dica a aplicação das disposi-
ções gerais da lei civil relativa aos contratos bilaterais, a menos que tais precei-
tos tenham sido afastados por vontade expressa dos contratantes.

ARTIGO 129.º
(Execução forçada das prestações)

1. Salvo disposição legal em contrário, a execução forçada das prestações


contratuais em falta só pode ser obtida através dos tribunais competentes.

2. Quando em consequência do não cumpri-mento das prestações contra-


tuais, o tribunal condenar o co-contratante particular à prestação de um facto ou
à entrega de coisa certa, pode a Administração, mediante acto administrativo de-
finitivo e executório, promover a execução coerciva da sentença por via admi-
nistrativa.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

262
NORMAS DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
E DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA
(DECRETO LEI N.º 16-A/95, DE 15 DE DEZEMBRO)

263
264
1996

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI Nº 4-A/96
DE 05 DE ABRIL
(D.R. Nº 14/96 – “Suplemento” – I.ª SÉRIE)

Aprova o Regulamento do Processo do Contencioso Administrativo


Decreto-Lei n.° 4-A/96
de 5 de Abril
Considerando que após aprovação pela Assembleia Nacional e subsequente
publicação no Diário da República da Lei n.° 2/94, de 14 de Janeiro, lei da Im-
pugnação dos Actos Administrativos. é visível a constatação de dificuldades de
ordem prática evidenciada, quer pelos órgãos jurisdicionais, quer ainda pelos pro-
fissionais do foro;
Convindo ultrapassar tais obstáculos, mediante a produção de normas re-
gulamentadoras do citado diploma, para o tornar aplicável e exigível;
Verificando-se algumas lacunas na lei em áreas importantes e sensíveis, como
as que se prendem com a suspensão da eficácia dos actos administrativos impug-
nados, a suspensão temporária e a inexecução das decisões dos tribunais, transita-
das em julgado e a garantia em tais casos, de indemnização e liquidação dos pre-
juízos causados, quando aquelas decisões não são ou não podem ser executadas:
Urgindo clarificar todas estas e demais questões do contencioso adminis-
trativo, no âmbito processual ou adjectivo;
Nos termos das disposições combinadas da alínea h) do artigo 110.° e do
artigo 113.° ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

REGULAMENTO DO PROCESSO
CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

TÍTULO I
Princípios gerais

CAPITULO I
Âmbito de Aplicação

ARTIGO I.°
(Âmbito e disposições subsidiárias)

1. O Processo Contecioso Administrativo é aplicável aos recursos e acções


propostas no âmbito da Lei n.° 2/94, de 14 de Janeiro da Impugnação dos Actos
Administrativos.

2. No que não estiver previsto neste Diploma. são aplicáveis as disposições


relativas ao funcionamento da Administração Pública do Estado e supletivamen-
te as normas do processo civil.
ARTIGO 2.°
(Iniciativa processual)

A iniciativa processual e restrita aqueles a quem a lei confere legitimida-


de activa e deve corresponder à competência atribuída ao tribunal para conheci-
mento do objecto do pedido.

267
CAPÍTULO II
Das Partes

ARTIGO 3.°
(Legitimidade activa)

Tem legitimidade para demandar no processo de contencioso administrativo:

a) o titular do direito individual ou colectivo, que tenha sido violado ou que


possa vir a ser afectado pelo acto jurídico impugnado;
b) quem for parte no contrato administrativo;
c) qualquer cidadão ou associação cujo fim legal seja a protecção do inte-
resse protegido, no caso de omissão dos órgão de administração peran-
te o seu dever legal de agir;
d) o Ministério Público quando o acto administrativo impugnado viole a
Lei Constitucional ou for manifestamente ilegal.

ARTIGO 4.°
(Legitimidade passiva)

1. Tem legitimidade para ser demandado:

a) o órgão da Administração do Estado de que promana o acto impugna-


do ou que praticou a violação do direito;
b) todo aquele que tenha sido beneficiado com o acto impugnado ou que
possa ser directamente prejudicado com a procedência do recurso;
c) a parte com quem for celebrado o contrato administrativo;
d) o Ministério Público sempre que não for autor da demanda.

2. A falta de um interessado como demandado importa a ilegitimidade do,


demais.

ARTIGO 5.°
(Coligação dos demandantes)

Podem coligar-se como dernandantes aqueles que tenham igual interesse


ao provimento do recurso desde que o Tribunal competente seja o mesmo em ra-
zão da hierarquia e do território.
ARTIGO 6.°
(Coligação de demandados)

Pode ser proposta uma única demanda contra mais de um demandado sem-
pre que os fundamentos do recurso quer de facto quer direito sejam os mesmos,
desde que o Tribunal competente para o conhecimento do recurso seja o mesmo
em razão da hierarquia e do território.

268
ARTIGO 7.°
(Intervenção de terceiro)
1. Pode intervir nos autos como demandante ou como demandado quem de-
monstrar ter interesse idêntico à parte com a qual pretende coligar-se.
2. A intervenção de terceiro só é permitida até ao último dia do prazo para
apresentação dos articulados.
3. Requerida a intervenção serão notificadas todas as partes para apresen-
tarem a sua resposta.

CAPITULO III
Do Pedido

ARTIGO 8.°
(Objecto)

1. No recurso contencioso de impugnação de acto da administração o pe-


dido pode abranger a invalidade do acto ou a sua anulação total ou parcial.

2. Nas acções de contratos administrativos o pedido pode abranger a re-


solução, caducidade, anulahilidade ou incumprimento do contrato.

ARTIGO 9.°
(Cumulação de pedidos)

Podem cumular-se pedidos de impugnação de diferentes actos administrativos


quando sejam os mesmos demandantes e os fundamentos de recursos e desde que
o tribunal seja competente em razão da hierarquia e do território.

ARTIGO 10.°
(Apensação)

O Tribunal pode ordenar oficiosamente a apensação de processos em que


pudesse operar-se a coligação de demandados ou a cumulação de pedidos.

ARTIGO 11.°
(Desistência)

1. O demandante pode desistir da instância ou do pedido até ser proferida


a decisão.

2. O termo de desistência será lavrado na forma prevista na Lei do Processo


Civil.

ARTIGO 12.°
(Não oposição)

1. A parte demandada poderá vir ao processo declarar não pretender opor-se


ao pedido.

269
2. Quando se trata de órgão da Administração do Estado a declaração de-
pende da autorização do órgão que for hierarquicamente superior.

ARTIGO 13.°
(Inulidade do pedido)

A administração pode reconhecer a pretensão do demandante através de um


acto, que revogue o acto objecto de impugnação, devendo neste caso o tribunal
pôr fim ao processo.

ARTIGO 14.°
(Revogação parcial)

Se a revogação do acto impugnado for parcial, o recurso contencioso pros-


segue para apreciação do pedido sem necessidade de novo procedimento admi-
nistrativo.

CAPÍTULO IV
Da Causa

SECÇÃO I
Valor da causa

ARTIGO 15.°
(Valor nos recursos contenciosos)

1 . Aos recursos contenciosos é atribuido um valor certo, expresso em moe-


da com curso legal, correspondente a utilidade económica que directa ou indi-
rectamente derive de pedido.

2. Quando ao pedido não corresponder utilidade económica o valor da cau-


sa é fixado em trinta e uma vezes o valor do salário mínimo da função pública.

ARTIGO 16.°
(Valor nas acções)

Nas acções, o valor da causa é o da totalidade dos valores do contrato ad-


ministrativo. salvo quando o pedido se reporte a incumprimento parcial do con-
trato, caso em que o valor da causa corresponde ao pedido.

ARTIGO 17.°
(Alteração do valor)

1. O valor da causa pode ser impugnado pela outra parte, na sua defesa.

2. O valor da causa pode ser fixado por decisão do juiz até trânsito em jul-
gado da decisão, de acordo com os elementos do processo ou por diligências or-
denadas oficiosamente.

270
SECÇÃO II
Deserção

ARTIGO 18.°
(Processo parado)

1. Nos processos que estiverem parados por culpa da parte por mais de 90
dias. deve o demandante ser notificado para promover o andamento do processo
no prazo de 30 dias.

2. Decorrido este prazo sem o demandante promova o andamento do pro-


cesso e declarada a deserção da instância e ordenado o arquivamento dos autos.

CAPÍTULO V
Competência, Poderes, Alçada do Tribunal e Efeitos das Decisões

ARTIGO 19.°
(Competência material)

1. A questão da competência material pode ser suscitada a todo o tem-


po, oficiosamente pelo tribunal ou a requerimento do Ministério Público ou das
partes.

2. O facto de ser a causa inicialmente admitida e o prosseguimento do pro-


cesso, não obstam a que o tribunal se pronuncie no sentido da sua não competência
material.

ARTIGO 20.°
(Competência em razão do território e da hierarquia)

1. No caso de ser declarado o tribunal incompetente em razão do territó-


rio ou da hierarquia, pode a parte vir requerer a remessa dos autos ao tribunal com-
petente, antes do trânsito em julgado da decisão.

2. A remessa é efectuada depois de satisfeitos os encargos judiciais.

3. Os prazos judiciais de interpretação de recurso e de propositura da ac-


ção reportara-se a data da apresentação do processo no tribunal que o remete.

ARTIGO 21.°
(Poderes de cognição)

No processo contencioso administrativo o tribunal pode conhecer oficio-


samente da admissibilidade de recurso e das questões de facto e de direito que se
prendam com a decisão da causa, mesmo que não tenham sido alegados, não po-
dendo, no entanto, conhecer para além do pedido.

271
ARTIGO 22.°
(Diligências de prova)

O tribunal pode ordenar oficiosamente que se proceda as diligências de pro-


va que entenda necessárias a decisão da causa.

ARTIGO 23.°
(Alçada)

1. A alçada da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial é de


trinta vezes o salário mínimo da função pública.

2. A alçada da Câmara do Cível e Administrativo do Tribunal Supremo é


de sessenta vezes o salário mínimo da função pública.

ARTIGO 24.°
(Efeitos e limites das decisões)

1. Nos recursos de anulação de actos administrativos, a decisão tem elei-


to retroactivos à data da prolação do acto.

2. O tribunal não pode proferir decisão que envolva acto de competência


e administração demandada..

CAPÍTULO VI
Representação em juizo e Custas Judiciais

ARTIGO 25.°
(Representação em juiz)

1 . AS partes devem estar obrigatoriamente representadas em juízo por ad-


vogado.

2. As entidades referidas no artigo 1.° da Lei n.° 2/94, de 14 de Janeiro, po-


dem ser representadas em juízo por licenciado em direito que lhe preste assesso-
ria jurídica ou por advogado constituído.

3. Quando tal não for incompatível com a posição processual assumida, pode
a autoridade pública demandada ser representada pelo Ministério Público.

ARTIGO 26.°
(Nomeação de advogados e dispensa de preparos
e pagamento prévio de custas)

1. Quando a parte não dispuser de recursos económicos para a consti-


tuição de advogado, deve requerer ao tribunal que lhe seja nomeado um advo-
gado oficiosamente e pedir dispensa de preparos e pagamento prévio de cus-
tas judiciais.

272
2. O requerimento é instruído com a documentação comprovativa da situação
económica do requerente, podendo o juíz ordenar as diligências que entender ne-
cessárias a decisão, devendo os autos vir a ser apensados ou correr por apenso a
acção principal.

3. Havendo alteração da situação económica da parte deverá esta passar ao


pagamento das custas judiciais e dos honorários de advogado que forem devidos,
sob as cominações previstas na Lei.

CAPÍTULO VII
Citação e Notificações

ARTIGO 27.°
(Chamada ao processo, primeira notificação)

1. As partes e as pessoas interessadas são chamadas pela primeira vez ao


processo, para se oporem ou defenderem, através de citação derivadas de contra-
tou administrativos, e mediante notificação, nos recursos de impugnação de ac-
tos administrativos e nos processos de suspensão de eficácia de actos administrativos.

2. A primeira notificação para efeitos do número anterior é feita na pessoa


do notificado ou na do seu representante legal.

3. Sendo a pessoa a notificar um órgão da Administração do Estado, a pri-


meira notificação é feita na pessoa do autor do acto objecto de impugnação ou do
novo titular, quando outra pessoa tiver, entretanto, sido nomeado para o exercí-
cio do cargo.

ARTIGO 28.°
(Formas de notificação)

1. As notificações podem ser efectuadas por meio que garanta a sua efec-
tva recepção pelo interessado e deve ser sempre acompanhada da data, conteúdo
do acto notificado, a identificação do tribunal que a ordenou e do número do pro-
cesso a que, se refere.

2. A notificação é depois de efectuada, incorporada no processo.

ARTIGO 29.°
(Recusa de notificação)

Quando a pessoa a notificar ou o seu representante recusar a notificação, o fac-


to deve ser certificado por dois funcionários judiciais e ficar a constar do processo.
considerando-se efectuada a notificação na data em que se tiver verificado a recusa.

ARTIGO 30.°
(Notificação edital e pelos meios de difusão)

Quando os interessados sejam desconhecidos, ou se desconheça o seu lo-


cal de residência ou cujo último local conhecido de residência seja no estrangei-

273
ro deve usar-se, a notificação por éditos a fixados à porta do tribunal e por anún-
cio sucinto através de qualquer meio de comunicação social.

ARTIGO 31.°
(Notificações posteriores)

1. As notificações de natureza processual que não importem a prática dum


acto de natureza pessoal são feitas na pessoa do advogado constituído do Minis-
tério Público ou do jurista designado para representar a pessoa jurídica demandada.

2. Os advogados que tenham residência profissional fora da sede do tribunal


devem nela escolher domicílio para o efeito de receberem as notificações.

CAPÍTULO VIII
Actos da Secretaria

ARTIGO 32.°
(Autuação e registo)

1. Os papéis relativos ao recurso contencioso e às acções derivadas de con-


trato administrativos são apresentados no Gabinete do Secretário ou na Câmara
do Cível Administrativo Tribunal Supremo ou no Cartório da Sala do Cível e Ad-
ministrativo do Tribunal Provincial respectivamente.

2. Os papéis correspondentes a cada processo são autuados e rubricados pelo


escrivão do respectivo cartório.

ARTIGO 33.°
(Espécies de processo no plenário)

As espécies de processos no Plenário do Tribunal Supremo são as seguintes:

a) recursos ordinários das decisões proferidas em processo de impugnação


de acto administrativo;
b) recursos ordinários das decisões proferidas em acções derivadas de con-
trato administrativos;
c) recursos ordinários das decisões proferidas em matéria de suspensão da
eficácia de actos administrativos;
d) recursos extraordinários;
e) recursos de impugnação de actos administrativos em primeira e única ins-
tância;
f) processo de suspensão de eficácia do acto administrativo.

ARTIGO 34.°
(Espécies de processo na Câmara do Cível e Administrativo
do Tribunal Supremo)

As espécies de processo da Câmara do Cível e Administrativo do Tribu-


nal Supremo são as seguintes:

274
a) recursos de impugnação de actos administrativo;
b) acções derivadas de contratos administrativos;
c) execuções baseadas em títulos diversos de sentenças;
d) recursos ordinários das decisões das Salas do Cível e Administrativo dos
Tribunais Provinciais proferidas em recursos de impugnação de actos ad-
ministrativos;
e) recursos ordinários das decisões das Salas do Cível e Administrativo em
matéria de acções derivadas de contratos administrativos;
f) recursos das decisões proferidas em matéria de suspensão da eficácia dos
actos administrativos.

ARTIGO 35.°
(Espécies de processos nas Salas do Cível e Administrativo
dos Tribunais Provinciais)

As espécies de processos nas Salas do Cível e Administrativo dos Tribu-


nais Provinciais são as seguintes:

a) recursos de impugnação de actos administrativos;


b) acções derivadas de contratos administrativos;
c) execuções baseadas em títulos diversos de sentenças;
d) execução de multas administrativas;
e) processos de suspensão da eficácia dos actos administrativos;
f) recursos em processos de contravenção ou transgressão administrativa.

ARTIGO 36.°
(Distribuição)

1. Os processos na Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial,


são atribuidos ao juiz ou distribuidos se houver mais de um juiz ou secção.

2. Os processos na Câmara do Cível e Administrativo do Tribunal Supre-


mo são distribuidos por sorteio na primeira sessão entre os juízos respectivos.

3. Os processos no Plenário do Tribunal Supremo são atribuidos por sor-


teio na primeira sessão, sendo que, quando se trate de recursos interpostos das de-
cisões da Câmara do Cível e Administrativo, fica fora da distribuição o juiz rela-
tor da decisão objecto do recurso.

ARTIGO 37.°
(Duplicados)

Os articulados e as alegações apresentados em tribunal são acompanhados


de tantos duplicados quantos os interessados de parte contrária que litigem sepa-
radamente e de uma cópia isenta de selo para o arquivo do tribunal.

275
ARTIGO 38.°
(Publicação)

Aos acórdãos do Plenário do Tribunal Supremo que recairam sobre os re-


cursos das decisões da Câmara do Cível e Administrativo é aplicável o disposto
no artigo 48.° n.° 3 da Lei n.° 20/88.

TÍTULO II
Recurso contencioso de impugnação de acto administrativo

CAPÍTULO IX
Iniciativa Processual

ARTIGO 39.°
(Direito de accionar)

O recurso contencioso de impugnação de acto administrativo é iniciado pela


pessoa ou pelo representante do Ministério Público que tenha intervido no pro-
cedimento administrativo de reclamação ou recurso hierárquico que o antecede.

ARTIGO 40.°
(Objecto)

O obejecto do recurso abrange o acto ou a comissão administrativa con-


tra a qual se recorreu ou reclamou e a decisão que recaíu sobre o recurso hierár-
quico ou a reclamação ou o seu indeferimento tácito quando tal tiver ocorrido.

ARTIGO 41.°
(Requerimento inicial)

1. O recurso é interposto por requerimento inicial do qual deve constar:


a) a identidade completa do interessado ou da pessoa que o represente e seu
domicílio;
b) a menção do órgão de Administração do Estado ou da pessoa colectiva
de direito público demandado, com a identificação da pessoa que pro-
feriu o acto ou de quem exerce o cargo ou quem represente, respectivo
domicílio legal e bem assim a identificação completa dos demais inte-
ressados;
c) a identificação do acto impugnado:
d) os factos e razões em que se baseia o pedido;
e) os fundamentos de direito e a indicação das normas jurídicas violadas:
f) a formulação do pedido;
g) a indicação do valor;
h) o oferecimento dos meios de prova e a menção dos factos sobre que dele
recair;
i) a menção da constituição de mandatário forense e a indicação do local
da via para receber as notificações;
j) o lugar e a data em que o recurso é interposto.

276
2. O requcrirnento deve ser instruído com cópia ou certidão do acto im-
pugnado. indicando-se o local onde se encontra o procedimento administrativo.

ARTIGO 42.°
(Certilïcado de apresentação)

O demandante pode pedir que lhe seja passado recibo da apresentação do


recurso ou feita num duplicado a anotação do recebimento da qual conste, além
do recebimento, a data em que ocorreu.

ARTIGO 43.°
(Rectificação do requerimento inicial)

Apresentado o requerimento inicial, se o juíz ou relator verificar a falta de


qualquer dos elementos constantes do artigo 41.° deve conceder ao demandante
o prazo de 10 dias para o completar.

ARTIGO 44.°
(Arquivamento do processo)

Decorrido o prazo sem que tenha sido cumprido o ordenado no artigo an-
terior, o juiz singular ordena o arquivamento dos autos e o relator a remessa do
processo à conferência para o mesmo efeito.

ARTIGO 45.°
(Despacho ou acórdão preliminar)

1. O juíz deve lavrar despacho ou exposição no prazo de 10 dias do qual


conste:

a) se o tribunal tem jurisdição ou competência para conhecer do processo;


b) se o demandante está devidamente representado e tem legitimidade;
c) se o acto impugnado é susceptível de impugnação contenciosa nos ter-
mos do artigo 8.° da Lei n.° 2/94;
d) se o recurso foi precedido dos procedimentos administrativos previstos
no artigo 12.° da Lei n.° 2/94;
e) se o recurso foi interposto dentro ou fora do prazo.

2. A ordem será notificada ao funcionário responsável do expediente ad-


ministrativo do órgão do Estado ou da pessoa colectiva de direito público demandado,
quê devera cumprí-la no prazo de 5 dias.

3. A falta de cumprimento da ordem do tribunal será punida nos termos da


Lei Penal.

277
CAPÍTULO X
Oposição

ARTIGO 46.°
(Procedimento administrativo)

1 . Devendo o recurso prosseguir, o tribunal ordena ao órgão de Admi-


nistração do Estado ou pessoa colectiva de direito público que tenha em seu po-
der o procedimento administrativo que antecedeu o recurso, que remete ao tri-
bunal.

2. A ordern será notificada ao funcionário responsável do expediente ad-


ministrativo do órgão do Estado ou da pessoa colectiva de direito público demandado,
que deverá cumprí-la no prazo de 5 dias.

3. A falta de cumprimento da ordem do tribunal será nos termos da Lei Pe-


nal punida.

ARTIGO 47.°
(Prazo de contestação)

1. A autoridade recorrida, os interessados e o Ministério Público quando


não seja autor de demanda serão pessoalmente notificados para contestar no pra-
zo de 30 dias.

2. O prazo concedido ao Ministério Público pode ser prorrogado pelo pe-


ríodo máximo de 60 dias quando razões ponderosas o justifiquem.

3. O prazo de contestação decorre singularmente para um dos interessados


a partir da data em que se efectou ou em que deve ser dada como efectuada a no-
tificação.
ARTIGO 48.°
(Junção do procedimento administrativo)

1. O Procedimento Administrativo é notificada pela Secretaria ou Cartó-


rio ao demandante para exame pelo prazo de cinco (dias, podendo ser deduzida
reclamação nos caso de insuficiência.

ARTIGO 49.°
(Contestação)

1. Na contestação, o demandado deve consignar, além de outra matéria de


oposição que considere pertinente:

a) os factos;
b) os fundamentos;
c) o pedido;
d) o oferecimento da prova e factos sobre que ela deve recair;

278
e) a indicação do mandatário forense e do domicílio escolhido para efeito
do recebimento das notificações.

2. A falta da contestação não importa a confissão dos factos nem do pedido.

ARTIGO 50.°
(Reconvenção)

Nas acções da impugnação dos actos Administrativos não é permitido de-


duzir pedido reconvencional.

CAPÍTULO XI
Diligências de Prova e Alegações Finais

ARTIGO 51.°
(Diligências de prova)

1. O Juíz ou relator decide sobre as diligências de prova, podendo rejeitar


as que entenda não terem interesse para a decisão ou que se reporte a factos que
considere como provados e pode ordenar oficiosamente diligências de prova so-
bre factos que considere essenciais à decisão.

2. São aplicáveis as normas do processo civil referentes à produção de prova.

3. A Câmara do Cível e Administrativo pode delegar no Tribunal Provin-


cial a realização de alguma ou de todas as diligências de prova.

ARTIGO 52.°
(Intervenção de peritos)

1. O Tribunal pode ordenar a intervenção de peritos com conhecimento es-


pecializados, sempre que a questão em apreciação o exigir, devendo essa intervenção
ser notificada as partes.

2. Cada uma das partes pode, nos cinco dias seguintes à notificação, indi-
car um perito a sua escolha.

ARTIGO 53.°
(Alegações)

1. Decorrido o prazo para contestação ou encerrada a produção de pro-


va, quando ela tiver luar, são o dernandante e os demandados que tiverem con-
testado notificado, para no prazo de 20 dias e sucessivamente apresentarem ale-
gações.

2. O processo fica patente na secretaria para exame das partes no prazo mar-
cado para alegações.

279
CAPITULO XII
Decisão

ARTIGO 54.°
(Vista)

O processo vai com vista ao Ministério Público por dez dias, quando não
seja parte na acção, para dar parecer sobre a decisão e suscitar as demais questões
que julgue pertinentes e expressar-se sobre o comportamento das partes na lide.

ARTIGO 55.°
(Prazo da sentença)

No Tribunal Provincial, a sentença deve ser proferida no prazo de 30 dias.

ARTIGO 56.°
(Prazo de vistos e acórdão)

No Plenário e na Câmara do Cível e Administrativo, o prazo para vistos é


de 15 dias e o acórdão deve ser proferido no prazo de 30 dias.

ARTIGO 57.º
(Conteúdo da decisão)

A decisão é precedida de relatório sobre o decurso dos autos e deve conter:

a) a apreciação sobre as questões que obstem ou não ao conhecimento do


recurso:
b) se houver que conhecer do objecto do recurso, a apreciação dos vícios
de que enferma ou não o acto recorrido e a declaração sobre a sua in-
validade ou anulação.

ARTIGO 58.°
(Publicação da decisão)

1. Quando for dado provimento ao recurso, pode o demandante requerer


que, as expensas suas, a decisão transitada em julgado seja publicada em extrac-
to do Diário da República, por ordem do Tribunal.

2. Do extracto deve constar a indicação do Tribunal que proferiu a deci-


são, a data em que transitou em julgado, a identificação das partes e o sentido da
decisão.

ARTIGO 59.°
(Devolução do procedimento administrativo)

Transitada em julgado a decisão, o procedimento administrativo é devol-


vido a parte demandada, devendo para tal proceder-se a sua desapensação.

280
TÍTULO III
Suspensão da eficácia dos actos administrativos

ARTIGO 60.°
(Requisitos gerais)

1. As pesoas com legitimidade para recorrer contenciosamente de um acto


administrativo podem requerer ao tribunal a suspensão da sua eficácia por fun-
damento em que a execução desse acto é susceptível de causar prejuízo irrepará-
vel ou de difícil reparação para elas ou para os interesses que ao recurso preten-
dem acautelar.

2. A suspensão é concedida sempre que o tribunal considere fundadas as


razões, invocadas pelo requerente e dela não resulte lesão grave para a realização
do interessc público.

3. A suspensão não é concedida em caso algum, se for manifesto que o re-


curso é ilegal e não deve ser admitido.

ARTIGO 61.°
(Pedido de suspensão)

1. A suspensão pode ser pedida em requerimento formulado antes e em se-


parado do recurso contencioso dirigido ao tribunal competente para o conhecimento
deste ou em requerimento apresentado com a petição de recurso.

2. A suspensão só pode ser pedida em separado da interposição do recurso


contencioso, no caso de, em processo administrativo de reclamação, o autor do acto
ter indeferido o pedido de suspensão formulado por qualquer interessado.

ARTIGO 62.°
(Conteúdo e forma do requerimento)

1. O requerimento deve conter:

a) a identidade e residência do requerente e a de todos os interessados a quem


a suspensão da eficácia do acto possa directamente lesar;
b) a alegação do acto e a do seu autor ou titular do respectivo cargo, assim
como a do respectivo domicílio legal;
c) a alegação dos factos que fundamentam o pedido e a formulação deste;
d) a indicação do mandatário forense e do local para ele receber as notifi-
cações;
e) a menção dos documentos juntos.

2. No caso previsto no n.° 2 do artigo 61.°, o requerimento deve ser ins-


truído com:

281
a) certidão ou qualquer outro comprovativo do teor e da prática do acto e
respectiva publicação ou notificação ao requerimento;
b) prova documental da decisão do autor do acto a que se refere o n.° 2 do
artigo 61.°, proferida no processo de reclamação.

3. As certidões requeridas para os efeitos da alínea b) do número anterior,


devem ser passadas no prazo de 24 horas.

4. O requerimento deve ser entregue, acompanhado de tantos duplicados


quantos os interessados, que vivam em economia separada, a que se refere a alí-
nea a) do n.º1, de cópia não selada para arquivo do tribunal.

ARTIGO 63.°
(Autuação)

1. Quando a suspensão é pedida em separado do recurso contencioso, o re-


querimento é distribuido e autuado como processo próprio, que só será apensado
ao recurso depois de transitar em julgado a decisão proferida sobre o pedido de
suspensão.

2. Quando a suspensão é pedida em requerimento com a petição de recur-


so. aquele é autuado por apenso ao recurso.

ARTIGO 64.°
(Tramitação processual)

1. Autuado o requerimento, o autor do acto ou quem tenha passado a


exercer o respectivo cargo assim como aqueles a quem a suspensão da eficá-
cia do acto possa directamente prejudicar, são notificados para responder ao
pedido formulado, no prazo de oito dias, entregando-se a cada um o respecti-
vo duplicado.

2. Havendo interessados incertos ou desconhecendo-se a sua residência, a


notificação é feita por edital afixado à porta do tribunal.

3. Juntas as respostas ou decorrido o prazo para esse efeito concedido, o


processo é continuado com vista ao Ministério Público, por 3 dias, devendo o juiz
decidir nos cinco dias seguintes.

4. Na Câmara do Cível e Administrativo, depois de vista ao Ministério Pú-


blico, o processo vai aos vistos dos juízes adjuntos, por três dias a cada um, e por
cinco dias ao juíz relator para elaborar o projecto de acórdão que é discutido e sub-
metido a julgamento na sessão imediatamente seguinte.

5. No caso do número anterior, o relator pode, em função da urgência e da


simplicidade da questão, dispensar os vistos.

282
ARTIGO 65.°
(Decisão)

1. Se a decisão suspender a eficácia do acto, deve ela ser notificada, o mais


depressa possível, à autoridade requerida.

2. A suspensão subsiste até ao transito em julgado da decisão que julgar re-


curso contencioso, salvo se de outro modo tiver sido decidido pelo tribunal ou se,
sujeita a alguma condição, esta não for cumprida.

3. No caso de ser requerida antes do recurso contencioso, nos termos do


n.° 2 do artigo 61., a suspensão concedida caduca, se aquele não for interposto den-
tro do prazo previsto na lei para esse efeito.

ARTIGO 66.°
(Efeitos da notificação da entidade requerida para os termos do processo)

1. Depois de ser notificada para responder ao requerimento de suspensão


da eficácia do acto, não pode a autoridade administrativa requerida iniciar e pros-
seguir com a sua execução, competindo-lhe impedir que os seus agentes ou os in-
teressado pratiquem, depois disso, qualquer acto de execução.

2. São ineficazes os actos de execução praticados depois da notificação a


que se refere o número anterior.

ARTIGO 67.°
(Responsabilidade)

Incorrem em responsabilidade criminal e civil, nos termos da Lei, todos aque-


les que, depois de notificados ou que delas tenham conhecimento, não cumpram
as decisões do tribunal que suspenderem a eficácia de um acto administrativo.

ARTIGO 68.°
(Alteração ou revogação de suspensão)

1. Em caso de alteração substancial das circunstâncias que sirvarn de fun-


damento à decisão que ordenou a suspensão da eficácia do acto, pode a auto-
ridade administrativa pedir ao tribunal onde pende o processo de recurso con-
tencioso a revisão de tal decisão e a consequente alteração ou revogação da sus-
pensão.

2. A suspensão ou revogação só é decretada, provando-se as alterações de


facto indicadas e que, em razão delas, a inexecução do acto está ou pode causar
prejuízo. graves à realização do interesse público do Estado.

3. Aplicam-se ao pedido de revisão as normas do artigo 64.° do presente


Diploma, com as necessárias adaptações.

283
TÍTULO IV
Acções derivadas de contratos Administrativos

ARTIGO 69.°
(Tramitação processual)

1. As acções derivadas de contratos administativos regem-se, em geral, pe-


las normas do Código do Processo Civil que regulam o processo de declaração,
na sua forma ordinária.

2. Seguem a forma de processo sumário regulado pelo mesmo Código, as


acções do valor compreendido na alçada dos tribunais provinciais.

3. As acções podem ser intentadas a todo o tempo.

ARTIGO 70.°
(Reconvenção)

Só é admissível a reconvenção nas acções derivadas de contratos de natu-


reza administrativa, quando o pedido reconvencional tiver por fundamento factos
jurídicos ernergentes do contrato de que derivou a acção.

ARTIGO 71.°
(Arbitragem)

1. É proibida a arbitragem nas acções derivadas de contratos administra-


tivos.

2. Exceptuam-se do disposto no número anterior as questões emergentes de


contratos administrativos que revistam a natureza de contratos administrativos que
revistam a natureza de contratos económicos internacionais, desde que se verifiquem
os requisitos exigidos pelo artigo 99.°, n.º 2 e 5 do Código de Processo Civil.

ARTIGO 72.°
(Parecer do Ministério Público)

Não intervindo no processo em representação de nenhuma das partes, pode


o Ministério Público, dar o seu parecer sobre a decisão final a proferir pelo tribunal.
quando o processo lhe for com vista depois de concluída em audiência a discus-
são do aspecto jurídico da causa.

ARTIGO 73.°
(Tramitação no tribunal Supremo)

1. A tramitação processual das acções na Câmara do Cível e Administra-


tivo do Tribunal Supremo é regulada pelas normas aplicáveis nos Tribunais Pro-
vinciais, nos termos estabelecidos no artigo 69.° n.° 1, com as necessárias adap-
tações e as alterações dos artigos seguintes.

284
2. É aplicável à tramitação processual o disposto no artigo 51.° n.° 3 des-
te Diploma.

ARTIGO 74.°
(Relator)

O Juíz Conselheiro a quem o processo couber por distribuição fica sendo


relator, tendo na tramitação do processo e na condução e realização dos actos os
poderes atribuídos ao juíz de direito dos tribunais provinciais e competindo-lhe
deferir todos os termos até final.

ARTIGO 75.°
(Julgamento)

O julgamento, tanto da matéria de facto como da matéria de direito, é fei-


to e as decisões finais proferidas pelo tribunal colectivo constituído pelo relator
e juízes adjuntos.

ARTIGO 76.°
(Vistos)

Sempre que o tribunal tenha de proferir decisões finais, o processo vai aos
vistos dos juízes adjuntos, por 15 dias cada um deles, salvo se o relator, em vista
da simplicidade da questão, decidir reduzir aquele prazo ou dispensar os vistos.

ARTIGO 77.°
(Reclamação para a conferência)

Aplica-se aos despachos do relator, que não sejam de mero expediente ou


proferidos no exercício de poder discricionário, o disposto no n.° 3 do artigo 700.°
do Código do Processo Civil, com as necessárias adaptações.

ARTIGO 78.°
(Processos arquivados)

Despois de arquivado o processo, as funções do relator, sempre que seja ne-


cessário deferir, são exercidas pelo Presidente da Câmara do Cível e Administrativo.

TITULO V
Recursos da decisões jurisdicionais

CAPÍTULO XIII
Disposições Gerais

ARTIGO 79.°
(Lei aplicável)

1. Os recursos ordinários das decisões jurisdicionais proferidas em maté-


ria de contencioso administrativo são regulados nos termos do presente diploma

285
e, subsidiariamente, pelas disposições do Código do Processo Civil aplicáveis ao
recurso de agravo, com as necessárias adaptações.

2. Os recursos interpostos para efeitos de uniformização de jurisprudência,


os de revisão e de oposição de terceiro regem-se pelas disposições do Código do
Processo Civil e da Lei n.° 20/88, de 31 de Dezembro, na parte aplicável.

ARTIGO 80.°
(Competência)

1. Das decisões jurisdicionais em matéria de contencioso administrativo,


cabe recurso:

a) das decisões dos tribunais provinciais, para a Câmara do Cível e Ad-


ministrativo do Tribunal Supremo;
b) dos acórdãos proferidos pela Câmara do Cível e Administrativo fun-
cionando como tribunal de primeira instância, para o Plenário do Tribunal
Supremo.

2. Não admitem recurso os acórdãos proferidos pelo Plenário do Tribunal


Supremo, em matéria de impugnação dos actos administrativos do Presidente da
República, Presidente da Assembleia Nacional, Chefe do Governo e Presidente do
Tribunal Supremo.

ARTIGO 81.°
(Poderes dos Tribunais de Recurso)

Os Tribunais de Recurso reapreciam as causas sem restrições, conhecen-


do dos factos e do direito, podendo revogar, alterar ou anular, conforme ao caso
couber, as, decisões recorridas.

ARTIGO 82.°
(Diligências de prova)

1. Havendo necessidade de proceder a alguma diligência de prova para co-


nhecer o recurso, procede-se do seguinte modo:

a) sendo o conhecimento do recurso da competência do Plenário, o processo


baixa a Câmara do Cível e Administrativo, para que aí as diligências se-
jam efectuadas ou mandadas efectuar em conformidade com o dispos-
to na alínea seguinte, com as necessárias adaptações;
b) sendo o conhecimento do recurso da competência da Câmara do Cível
e Administrativo, esta pode determinar que as diligências sejam reali-
zadas pelo relator ou que o processo baixe ao tribunal-ad-quo-ou do ou-
tro tribunal provincial para mesmo fim.

2. A questão da necessidade de realizar diligências de prova pode ser le-


vantada pelo relator antes dos vistos ou por qualquer juiz adjunto e será decidida
em conferência.

286
3. Aplicam-se a produção de prova em instância de recurso as disposições
do artigo 517.° do Código do Processo Civil.

ARTIGO 83.°
(Alegações complementares)

1. Terminadas as diligências de prova, pode o relator, se assim o entender, con-


ceder, primeiro ao recorrente e depois ao recorrido, prazo para alegações complementares.

2. O prazo para alegações complementares é sucessivo e nunca superior à


oito para cada parte.

ARTIGO 84.°
(Legitimidade)

Podem interpor recurso das decisões ou acórdãos proferidos nos processos


de contencioso administrativo:

a) as partes ou intervenientes vencidos;


b) o Ministério Público;
c) as pessoas directa e efectivamente prejudicadas, nos termos do n.° 2 do
artigo 68.° do Código do Processo Civil.

ARTIGO 85.°
(Prazo de interposição de recurso)

1. O prazo para interposição do recurso é de oito dias, a contar da data da noti-


ficação da decisão de que se recorre ou da data da sua publicação, em caso de revelia.
2. Havendo pedido de rectificação, aclaração ou reforma da decisão proferida,
o prazo conta-se da data em que for notificada a decisão proferida sobre tal pedido.

ARTIGO 86.°
(Forma de interposição do recurso)

1. O recurso é interposto por meio de requerimento dirigido ao juiz ou re-


lator, fixando-se a entrada deste no tribunal a data da interposição.

2. O recurso não é admitido quando a decisão é irrecorrível, tenha sido in-


terposto fora do prazo ou por quem não tem ligitimidade.

3. O juíz ou relator que admitir o recurso deve fixar-lhe o regime de subi-


da e declarar-lhe o efeito.

ARTIGO 87.°
(Reclamação)

1. Não sendo o recurso admitido, pode o recorrente, no prazo de cinco dias


a contar da notificação do despacho da decisão que o admitir, reclamar para o Pre-

287
sidente do Tribunal Supremo, expondo as suas razões e indicando as peças de que
pretende certidão.

2. A reclamação é autuada por apenso e este concluso ao juíz ou relatores


que mantenha o despacho ou o repare. admitindo o recurso.

3. Mantendo o juíz ou relator o despacho que não admitiu o recurso, a re-


clamação com as peças que o instruam é desapensado e remetido ao Presidente
do Tribunal Supremo, no prazo de 48 horas.

ARTIGO 88.°
(julgamento da reclamação)

Aplicam-se ao julgamento da reclamação o disposto no artigo 889.° do Có-


digo do Processo Civil, com as necessárias adaptações.

CAPÍTULO XIV
Recursos nas Acções Derivadas de Contratos Administrativos

ARTIGO 89.°
(Processamento)

Os recursos ordinários interpostos das decisões proferidas em acções de-


rivadas de contratos administrativos são processados e julgados de harmonia com
as regras do processo civil aplicáveis ao recurso de agravo, estabelecidas nos ar-
tigos 734.° e seguintes do Código do Processo Civil, com as necessárias adapta-
ções e sem prejuízo do disposto no presente Diploma.

ARTIGO 90.°
(Prazo de vista)

1. Os prazos de vista do Ministério Público, aos juízes adjuntos e ao juiz


relator, previstos no n.° 1 do artigo 752.° do Código do Processo Civil, são alar-
gados para o dobro.

2. O Ministério Público só tem vista nos recursos em que não seja recor-
rente ou recorrido.

CAPÍTULO XV
Recursos nos Processos de Impugnação dos Actos Administrativos

ARTIGO 91.°
(Recursos com subida imediata)

1. Nos processos de impugnação de actos administrativos, sobem imedia-


tamente os recursos das decisões:

a) que conheçam do mérito da causa ou que, não conhecendo do mérito,


ponham termo ao processo;

288
b) que julgam o tribunal absolutamente incompetente;
c) através das quais um juíz se declare impedido ou indefira o impedimento
oposto por alguma das partes;
d) proferidas depois da decisão que ponha termo ao processo.

2. Sobem também imediatamente os recursos cuja retenção os tornaria ab-


solutamente inúteis.

3. Os recursos nos processos de impugnação sobem sempre nos próprios


autos.

ARTIGO 92.°
(Recursos com subida deferida)

1. Os recursos das decisões interlocutorias não incluídas no artigo anterior


apenas sobem com o recurso interposto de decisão que ponha termo ao processo.

2. Não sendo interposto recurso da decisão que ponha termo ao processo,


ficam sem efeito todos os que com ele haveriam de subir.

ARTIGO 93.°
(Efeito do recurso)

1. Têm efeito suspensivo os recursos que sobem imediatamente.

2. Têm efeito meramente devolutivo todos os outros.

ARTIGO 94.°
(Alegações nos recursos com subida imediata)

1. Subindo o recurso imediatamente, as alegações de recorrente são apre-


sentadas no prazo de 20 dias, a contar da notificação do despacho que admitiu re-
curso, sob pena de este ser julgado deserto.

2. O recorrido pode responder e apresentar as suas alegações em igual pra-


zo de 20 dias, que se contam do termo do prazo concedido ao recorrente.

ARTIGO 95.°
(Alegação nos recursos com subida diferida)

l. Tratando-se de recursos com subida diferida, os termos posteriores a no-


tificação do despacho que o admitem ficam suspensos, sendo as alterações apre-
sentadas com as do recurso da decisão que puser termo ao processo.

2. Se no recurso da decisão que pôs termo ao processo, o recorrente for o


mesmo, cada uma das partes apresenta uma só alegação para todos os recursos.

3. Se o recorrente a que se refere o presente artigo for recorrido no recur-


so da decisão que pós termo ao processo, deve, na resposta a que neste último apre-

289
sentar, alegar em relação a todos, podendo a outra parte responder em igual pra-
zo quanto a matéria dos recursos em que é recorrido.

ARTIGO 96.°
(Junção de documentos e pareceres exame do processo)

1. Com as alegações, podem ser juntos pareceres e os documentos que as


parte só nesse momento tenham pedido apresentar ou cuja junção se tenha torna-
do necessário em virtude da decisão proferida em primeira instância.

2. Durante os prazos para alegações é facultado às partes o exame do pro-


cesso, podendo este ser confiado aos respectivos mandatários sem necessidade de
despacho do juíz ou relator.

ARTIGO 97.°
(Despacho de sustenção)

1. Juntas as alegações e concluso o processo, pode o juíz sustentar a de-


cisão recorrido ou esclarecer os respectivos fundamentos, mas, em nenhum caso
revogá-la ou alterá-la devendo o processo ser sempre remetido à instância su-
perior.

2. O disposto no número anterior não se aplica aos recursos interpostos dc


acórdãos da Câmara do Cível e Administrativo do Tribunal Supremo.

ARTIGO 98.°
(Normas aplicáveis ao julgamento)

1. Aplicam-se ao julgamento dos recursos interpostos das decisões profe-


ridas em processo de impugnação de actos administrativos as disposições do Có-
digo do Processo Civil que regulam o julgamento do agravo, com as necessárias
adaptações e sem prejuízo do que se estabelece no presente Diploma.

2. Os prazos de vista ao Ministério Público, aos juízes adjuntos e ao juíz


relator previstos no artigo 752.° do Código do Processo Civil, são elevadas para
o dobro, nos termos do artigo 90.° deste Diploma.

ARTIGO 99.°
(Âmbito do poder de cognição)

1. O Tribunal de recurso conhece a globalidade da causa e reaprecia a


decisão inpugnando em toda a sua extensão, mesmo na parte favorável ao re-
corrente.

2. Nos casos em que o Tribunal recorrido não conhece, por qualquer mo-
tivo, do mérito da causa, pode o tribunal de recurso fazé-lo, se entender que o mo-
tivo invocado não procede, que nenhum outro obsta ao julgamento e que o pro-
cesso fornece elementos suficientes para tomar uma decisão.

290
CAPÍTULO XVI
Recursos Decisão Relativas a Suspensão da Eficácia
dos Actos Administrativos

ARTIGO 100.°
(Efeitos do recurso e regime de subida)

1. O recurso interposto das decisões que concedem a suspensão da efi-


cácia dos actos administrativos impugnados tem efeito meramente devolutivo.

2. Os recursos sobem imediatamente e no apenso em que a decisão objec-


to de recurso foi proferida.

ARTIGO 101.°
(Prazo de interposição e forma)

1. O recurso é interposto no prazo de 8 dias e mediante requerimento, no


qual o recorrente desde logo alegue, expondo as razões de facto e de direito por
que recorre.

2. O recorrido pode apresentar as suas alegações e responder em prazo igual


à contar da data em que for notificado da admissão do recurso.

ARTIGO 102.°
(Processamento e julgamento do recurso)

1. Juntas ao processo as alegações ou decorrido o prazo concedido às par-


tes para esse efeito, o processo é remetido, nas 48 horas seguintes, ao tribunal com-
petente para conhecer do recurso, desde que o recorrente esteja isento de custas
ou garantia, nos termos do artigo 135.° n.° 3, o pagamento, a final, das custas por
que seja responsável.

ARTIGO 103.°
(Disposições aplicáveis subsidiariamente)

Aplicam-se subsidiariamente as disposições que regulam o recurso das de-


cisões judiciais proferidas nos processos de impugnação de actos adlninistrativos,
constantes deste diploma que se harmonizem com o carácter urgente do recurso
previsto no presente capítulo.

TÍTULO VI
Recurso em processamento de transgressão administrativa

ARTIGO 104.°
(Processamento)

1.O recurso é interposto no prazo de 15 dias a contar da data em que o re-


corrente é notificado da aplicação da multa mediante requerimento dirigido ao juíz

291
do tribunal provincial competente ou da respectiva Sala do Cível e Administrativo.

2. No requerimento deve o recorrente, alegando desde logo, expor as ra-


zões c fundamentos do recurso e juntar documentos ou requerer as demais dili-
gência. necessárias a prova dos factos alegados.

3. O requerimento é entregue a autoridade administrativa que aplicou a mul-


ta, a qual pode, querendo responder as alegações nos 8 dias seguintes ejuntar do-
cumentos ou requerer as diligências de prova que entender convenientes.

4. O requerimento e a resposta são juntos ao auto de notícia, processo ou


expediente com base no qual a multa foi aplicada.

5. Aplicam-se ao recurso judicial o disposto no artigo 20.° n.° 1 e 2, da Lei


n.° 10/87, de 26 de Setembro.

6. A entidade administrativa recorrida deve remeter o processo ao tribunal


competente no prazo de 3 dias a contar do termo do prazo que lhe é concedido pari
responder ou, em caso de alterar a decisão, depois de lindo o prazo a que se refe-
re o n.° 2 do artigo 20.° da lei citada no número anterior.

ARTIGO 105.°
(Julgamento)

1. Sempre que haja a produção de prova, é designada uma audiência de dis-


cussão e julgamento.

2. Os depoimentos são orais e o juíz pode ordenar as diligências de prova


que entender necessárias à decisão do recurso, não estando vinculado a ofereci-
da ou requerida pelas partes.

3. Nem o recorrente nem a autoridade recorrida ou o Ministério Público


são obrigados a comparecer, podendo, no entanto fazer-se assistir ou represen-
tar o primeiro por advogado ou solicitar e a parte recorrida, pelo Ministro Público,
por licenciado em direito que lhe presta assessoria jurídica ou por advogado cons-
tituído.

4. As partes podem alegar oralmente, não podendo as alegações prolongar-se


para além de 30 minutos, salvo se o juíz, atendendo à complexidade da questão,
autorizar maior período de tempo.

5. Não havendo lugar a produção de prova, é notificado o recorrente para


se pronunciar sobre os documentos juntos pela autoridade recorrida e em segui-
da vão os autos com vista por 5 dias ao Ministério Público para dar parecer sobre
a decisão e suscitar as questões que entender pertinentes.

292
6. A decisão deve ser proferida pelo juíz no prazo de 15 dias a contar do
encerramento da audiência ou da conclusão que, para esse efeito, lhe seja feita, na
hipótese referida no número anterior.

7. Só é admissível recurso para a Câmara do Cível e Administrativo do Tri-


bunal Supremo com fundamento em matéria de direito.

8. O recurso tem efeito suspensivo.

CAPÍTULO XVII
TÍTULO VII
Execução do caso julgado

SECÇÃO III
Execução contra o estado

ARTIGO 106.°
(Execução expontanea)

Transitada em julgado a decisão judicial, o órfão da Administração do Es-


tado ou a pessoa colectiva de direito público deve executá-la no prazo de 45 dias
contados da data da respectiva notificação.

ARTIGO 107.°
(Requerimento do interessado ou do Ministério Público)

No caso de não ser expontaneamente executada pode qualquer dos de-


mandantes ou o Ministério Público requerer ao Tribunal que notifique o deman-
dado para que execute a decisão judical.

ARTIGO 108.°
(Prazo para pedir a suspensão ou inexecução)

A entidade demandada pode, em vez de a executar, pedir ao Tribunal, no


prazo de 15 dias à partir da notificação a que se refere o artigo anterior, a suspensão
da execução da decisão judicial ou a sua inexecução.

ARTIGO 109.°
(Pedido de suspensão)

1. O demandado pode pedir suspensão da execução da decisão judicial por


prazo não superior à seis meses, alegando grave prejuízo para a administração pú-
blica o facto da sua execução imediata.

2. O demandante é notificado do pedido de suspensão, podendo pronun-


ciar-se sobre ele nos 8 dias seguintes.

3. A decisão do tribunal é proferida no prazo de 10 dias.

293
4. O pedido de suspensão não tem lugar quando a decisão condenar a en-
tidade demandada no pagamento de uma quantia em dinheiro.

ARTIGO 110.°
(lnexecução da decisão)

1. A entidade demandada pode pedir ao tribunal a inexecução da decisão


judicial alegando:

a) a impossibilidade da sua execução;


b) a gravidade do prejuízo que dela deriva para o interesse público;
c) a verificação de circunstâncias de ordem, segurança e tranquilidade pú-
blicas que obstam a execução.

2. Aplica-se ao pedido de inexecução o estabelecido nos n.os 2 e 3 do arti-


go anterior, com as necessárias adaptações.

ARTIGO 111.°
(Comunicação ao Conselho de Ministros)

1. O Tribunal pode, antes de decidir, se o entender conviniente e sempre


que se trate de decisão proferidas em 1.ª instância pela Câmara do Cível e Admi-
nistrativo do Tribunal Supremo, enviar ao Conselho de Ministros a resposta do de-
mandado que tiver pedido a inexecução da decisão judicial ou comunicar-lhe que
a entidade demandada não requereu a respectiva inexecução.

2. Entendendo o Conselho de Ministros que se verificam alguns dos fun-


damentos previstos no artigo 108.°, deve pronunciar-se no sentido da inexecução
da decisão judicial e informar o tribunal da sua decisão, no prazo de 15 dias a con-
tar daquele em que foi recebida no respectivo Secretariado à resposta da entida-
de demandada ou a comunicação do tribunal de que ela requereu a inexecução.

3. Se o Conselho de Ministros nada disser, deve entender-se que confirma


o pedido de inexecução formulado pela entidade demandada ou, na falta de pe-
dido, que se pronuncia pela ausência de qualquer fundamento letígimo de inexe-
cução.

ARTIGO 112.°
(Falta de comfirmação)

1. No caso de o Conselho de Ministros se pronunciar expressamente pela


inexistência de fundarnentos de inexecução, deve desde logo ordenar à entidade
demandada que cumpra a decisâo judicial, usando, sendo caso disso, dos meios
coercivos previstos na lei para que a ordem seja cumprida.

2. No caso de o Conselho de Ministros nada disser à comunicação que o


tribunal lhe fizer nos termos da parte final do n.° 1 do artigo 109.° pode o tribu-
nal solicitar-lhe que proceda nos termos do número anterior.

294
ARTIGO 113.°
(Decisão sobre o pedido de inexecução)

1. Nas hipóteses previstas no artigo anterior o Tribunal deve indeferir o pe-


dido de inexecução formulado pela entidade demandada ou declarar simplesmente,
conforme for o caso, que não se verifica nenhuma causa legítima de inexecução.

2. Confirmado, expressa ou tacitamente, pelo Conselho de Ministros o pe-


dido da entidade demandada ou entendendo, pelas mesmas formas, que se veri-
fica alguns dos fundamentos de inexecução, o tribunal toma a sua decisão tendo
em atenção as razões alegadas pelas partes e a posição do Conselho de Ministros.

ARTIGO 114.°
(Prosseguimento da execução)

1. No caso de a entidade demandada não executar a decisão judicial, de-


pois de notificada nos termos do artigo 105.º, pode o exequente requerer:

a) que o processo prossiga como execução para pagamento de quantia cer-


ta, de harmonia com as disposições aplicáveis do Código de Processo Ci-
vil, quando se trata de decisão que tenha condenado a entidade deman-
dada a pagar certa quantia;
b) que se proceda à fixação da indemnização devida pelos prejuízos deri-
vados da falta de execução ou da inexecução da decisão judicial e à con-
versão do pedido inicial em execução por quantia certa e à respectiva li-
quidação, quando se trate de qualquer outra decisão.

2. O requerimento deve ser apresentado dentro do prazo de dois anos, à con-


tar da notificação a que se refere o artigo 105.°.

3. Tendo sido requeridas a suspensão da decisão judicial ou a sua inexe-


cução. o prazo conta-se da data em que o exequente foi notificado das decisões
que recaírem sobre os respectivos pedidos.

ARTIGO 115.°
(Valor a considerar na liquidação)

1. Na liquidação do pedido devem ser considerados:

a) os prejuízos resultantes da não execução da decisão judicial;


b) os juros devidos, desde a data de propositura da acção;
c) as custas e encargos judiciais que o exequente suportou.

2. Tratando-se de acção de impugnação de acto administrativo, deve en-


tender-se, salvo alegação e prova em contrário, que os prejuízos derivados da fal-
ta de execução da decisão judicial são equivalentes ao valor da acção nos termos
do artigo 15.° do presente Diploma.

295
ARTIGO 116.°
(Oposição a liquidação, termos subsquentes)

1. A entidade demandada é pessoalmente notificada para se opor a liqui-


dação deduzida pelo exequente, podendo fazê-lo no prazo de 15 dias.

2. O Tribunal pode requisitar ou ordenar a apresentação de documentos,


realizar outras diligências de prova e designar audiências para tentativas de con-
ciliação, sempre que se lhe afigure que é possível as partes chegarem a acordo so-
bre o montante da indemnização.

3. Concluído a instrução ou findo o prazo de oposição, o processo vai com


vista por 5 dias ao Ministério Público, quando não for o exequente, para se pro-
nunciar sobre a liquidação.

ARTIGO 117.°
(Decisão sobre o pedido de liquidação)

1. O tribunal deve, no prazo de 10 dias, proferir decisão, liquidando o pe-


dido e fixando a quantia certa a pagar pela entidade demandada e ordenar-lhe que
proceda a inscrição no seu orçamento da verba necessária à efectivação do paga-
mento.

2. Da decisão é dado conhecimento ao Ministério da Economia e Finanças.

3. No caso de a entidade demandada não proceder, no prazo de 45 dias, a


inscrição no seu orçamento da verba necessária ao pagamento e não pagar a dí-
vida exequenda, o processo prossegue, como execução para pagamento de quan-
tia certa, nos termos regulados no Código de Processo Civil.

ARTIGO 118.°
(Tribunal da execução)

A fase de execução corre no tribunal onde a acção foi decidida em primeira


instância, mas se esta for ao Tribunal Supremo, pode determinar-se que a execu-
ção para pagamento de quantia certa ou que como tal tenha de prosseguir nos ter-
mos do n.° 3 do artigo anterior, baixe para esse efeito à sala do Cível e Adminis-
trativo do Tribunal Provincial, à do Tribunal Provincial do domicílio de qualquer
das partes ou de outro, conforme for achado conveniente.

SECÇÃO IV
Execução contra entidades particulares

ARTIGO 119.°
(Forma de execução)

1. A execução de decisões judiciais proferidas em acções derivadas de con-


tratos administrativos requeridas por órgão do Estado ou outras pessoas colecti-
vas públicas contra entidades particulares seguem as formas de processo regula-
das no Código de Processo Civil, sem prejuízo das disposições legais que, em es-
pecial determinarem de forma diferente.

296
2. Aplica-se às execuções requeridas na Câmara do Cível e Administrativo
do Tribunal Supremo o disposto no artigo anterior, com as devidas adaptações.

CAPÍTULO XVIII
Execuções Baseadas em Outros Títulos Executivos

ARTIGO 120.°
(Normas aplicáveis)

Regem-se pelas normas constantes do capítulo anterior, com as necessá-


rias adaptações, as execuções fundadas em títulos executivos diversos das sentenças,
previstos nas alíneas b), c) e d) do artigo 46.° do Código do Processo Civil, a que
seja aplicável com o processo contencioso administrativo.

CAPÍTULO XIX
Execução das Multas Administrativas

ARTIGO 121.°
(Normas aplicáveis e competência)

1. A execução das multas aplicadas aos agentes de transgressões adminis-


trativas que não tenham sido pagas voluntariamente é, na fase judicial e sem pre-
juízo do que se dispõe no presente capítulo, regulada pelos preceitos aplicáveis à
execução por custa, previstas no artigo 139.°, com as necessárias adaptações e sub-
sidiariamente, pelo Código das Custas Judiciais.

2. É competente para execução o tribunal provincial da área em que a trans-


gressão foi cometida ou a respectiva Sala do Cível e Administrativo.

ARTIGO 122.°
(Título executivo)

1. Constitui título a certidão a que se refere o n.° 2 do artigo 22.° da Lei


n.° 10/87. de 26 de Setembro.

2. A Certidão deve, além de indicar a transgressão cometida, a multa apli-


cada e a parte dela ainda em dívida, identificar o transgressor responsável e sen-
do caso disso, os responsáveis solidários pelo respectivo pagamento.

ARTIGO 123.°
(Conversão da multa em trabalho socialmente útil)

1. O juíz pode, a requerimento do executado, converter a multa em trabalhe


socialmente útil a prestar ao Estado, a qualquer instituição de direito público e a or-
ganização ou pessoas de direito privado que prossigam fins não lucrativos, de assis-
tência ou beneficiência, educativos, humanitários ou outros de solidariedade social.

297
ARTIGO 124.°
(Suspensão e prosseguimento da execução)

1. A conversão da multa em prestação de trabalho suspende a execução e


põe termo à penhora, se ela já tiver sido efectuada.

2. A execução prossegue, ficando sem efeito a conversão, sempre que o exe-


cutado não cumpra devidamente a prestação do trabalho.

TITULO VIII
Custas

ARTIGO 125.°
(Obrigação do pagamento de custos)

1. Os demandantes e os demandados são obrigados no pagamento de custas.


2. Estão isentos de pagamento de custas os órgãos da Administração Central
e Local do Estado, as pessoas colectivas de direito público e o Ministério Público.

ARTIGO 126.°
(Não condenação em custas)

Nos processos de impugnação de actos administrativos, a parte demandada que


vier declarar que não pretende intervir nos actos fica isenta do pagamento de custas.

ARTIGO 127.°
(Taxas de imposto de justiça na 1.ª instância)

1. Nos tribunais que julguem a causa em primeira instância, as taxas cor-


respondentes a prestação de serviço de justiça são as constantes da tabela de ta-
xas dejustiça do contencioso administrativo, calculadas com base no valor da ac-
ção.

2. A tabela a que se refere o número anterior deve ser publicada no prazo


de 30 dias, a contar da publicação do presente diploma no Diário da República,
mediante Decreto Executivo Conjunto dos Ministérios da Justiça e das Finanças.

ARTIGO 128.°
(Redução para um quarto do valor das taxas)

1. As taxas são reduzidas a um quarto do valor estabelecido na tabela:

a) nas acções que findarem antes da contestação;


b) nas execuções que findarem antes do Despacho que as mandar prosse-
guir como execução para pagamento de quantia certa.

2. Em caso de rejeição liminar, a taxa pode ser reduzida pelo tribunal até
um décimo.
3. Se, no caso previsto na parte final da alínea b) do n.° 1, for deduzida opo-
sição à liquidação, o tribunal pode, em função da complexidade da questão, ele-
var a taxa para metade da que é devida nos termos do artigo anterior.

298
ARTIGO 129.°
(Redução para metade do valor das taxas)

As taxas são reduzidas a metade do seu valor:

a) as acções que findarem depois da contestação e antes dos vistos ou da


abertura da conclusão ao juiz para ele proferir a decisão final;
b) nas execuções não compreendidas na alínea b) do n.° 1 do artigo anterior.

ARTIGO 130.°
(Taxas nos tribunais de recurso)

1. Nos recursos das decisões judiciais proferidas pelo tribunal que julguem
em primeira instância, a taxa de imposto de justiça é igual a metade do valor das
estabelecidas na tabela a que refere o artigo 125.°.

2. Nos termos das decisões interlocutórias, a taxa é igual a um quarto dos valo-
res constantes da mesma tabela, salvo se não subir por não ter sido interposto recurso
da decisão final com que teriam de ser processados, caso em que não há lugar à custas.

3. Sendo recursos julgados desertos, a taxa é reduzida para um oitavo.

ARTIGO 131.°
(Taxa na reclamação do despacho que não admitir o recurso)

Na reclamação de despacho que não admitir o recurso, a taxa é de um oi-


tavo dos valores afixados na tabela.

ARTIGO 132.°
(Taxa nos processos de suspensão da eficácia e nos incidentes)

A taxa, nos processos acessórios de suspensão da eficácia do acto, nos in-


cidentes de intervenção de terceiros e em outros previstos na lei do processo, apli-
cáveis ao processo do contencioso administrativo, é determinada pelo tribunal en-
tre um sexto e um terço do valor das constantes da tabela.

ARTIGO 133.°
(Conta de custas)

1. A conta de custas compreende:

a) as taxas correspondentes ao serviço de justiça prestado pelos tribunais,


calculadas nos termos dos artigos anteriores;
b) os adicionais previstos na Lei;
c) o imposto de selo;
d) os encargos.

2. Os encargos são constituídos pelos reembolsos devidos ao Cofre Geral


de Justiça e à parte vencedora, a título de custas de parte, pelas remunerações aos
peritos e às demais pessoas que acidentalmente intervirem no processo e pela pro-
curadoria, despesas judiciais e outras previstas no Código das Custas Judiciais que
sejam aplicáveis ao processo de contencioso.

299
3. Os encargos com as despesas feitas pelo tribunal em caso algum podem
ser liquidadas por quantias inferiores ao seu custo efectivo.

ARTIGO 134.°
(Procuradoria)

A parte vencedora que tenha sido representada no processo por advogado


constituído tem o direito de receber a título de procuradoria, uma quantia que o
tribunal deve fixar entre um quarto e metade da taxa do imposto de justiça devi-
da pela parte vencida.

ARTIGO 135.°
(Honorários do representante oficioso)

1. Os honorários dos advogados nomeados oficiosamente nos termos do ar-


tigo 26.° são fixados pelo tribunal, em atenção à complexidade da causa, entre um
terço da taxa aplicável, nos termos dos artigos 125.° a 130.°.

2. Os honorários aos advogados nomeados oficiosamente são pagos pelo


Cofre Geral da Justiça, entram em regra de custas, mas não ficam dependentes do
pagamento destas.

ARTIGO 136.°
(Preparos)

1. As acções derivadas de contratos administrativos aplicam-se, em maté-


ria de preparos, as disposições do Código das Custas Judiciais, com as adaptações
devidas sem prejuízo do que de especial se dispuser no presente Diploma.

2. Nos processos de impugnação de actos administrativos, as partes não isen-


tas de custas pagam, na acção principal, nas execuções, nos recursos, nos processos
de suspensão da eficácia dos actos e nos incidentes processados autonomamente,
um preparo equivalente à 20% da taxa de imposto de justiça devida.

3. Na reclamação a que se refere o artigo 87.°, não são devidos preparos.

4. O prazo de pagamento dos preparos é de 10 dias, a contar da distribui-


ção inicial ou da apresentação de articulado, contestação, oposição, resposta ou
alegação de recursos ou após a notificação do despacho que o ordene, salvo para
as partes que residem fora da sede do tribunal, para quem o prazo é de 20 dias.

5. As cominações legais pela falta de pagamento dos preparos são as pre-


vistas no Código das Custas Judiciais.

ARTIGO 137.°
(Prazo de elaboração da conta)

1. Quando haja lugar ao pagamento de custas no termo do processo ou do


incidente. a conta deve ser elaborada no prazo de 15 dias.

300
2. O prazo é de 8 dias quando tenha de subir em recurso e de 3 dias, sem-
pre que se trate de recurso interposto de decisão proferida em processo de suspensão
da eficácia.

3. No caso previsto na parte final do número anterior, o processo sobe à con-


ta, no prazo do artigo 102.° n.° 1, se o recorrente estiver isento de custas ou pro-
ceder ao depósito da quantia provável, fixada pelo juiz, das custas, os quais po-
dem, querendo, deduzir reclamação no prazo de 5 dias.

ARTIGO 138.°
(Vista e notificação da conta reclamação)

1. Elaborada a conta, é dada vista ao Ministério Público e notificado o res-


ponsável pelo pagamento das custas, os quais podem, querendo, deduzir reclamação
no prazo de 5 dias.

2. O prazo de reclamação é de 24 horas, no caso previsto na parte final do


n.° 2 do artigo anterior.

ARTIGO 139.°
(Decisão da reclamação)

1. A reclamação da conta é decidida pelo juíz ou pelo relator no prazo de 5 dias.

2. Da decisão do juiz cabe recurso, se o valor da dívida exceder a alçada


do Tribunal e da decisão do relator cabe recurso para a conferência.

ARTIGO 140.°
(Pagamento voluntário)

1. Julgada a reclamação ou não tendo esta, sido deduzida, o responsável pe-


las custas deve pagá-las no prazo de 20 dias, à contar da notificação de despacho
que a decidiu ou da notificação da conta, conforme for o caso.

2. Quando o responsável residir fora da sede do tribunal, o prazo é acres-


cido com a dilatação de mais 20 dias.

ARTIGO 141.°
(Execução por custas)

Esgotado o prazo para pagamento voluntário, sem que as custas se mos-


trem pagas, é dada vista ao Ministério Público para requerer a execução por cus-
tas, que corre por apenso ao processo principal, considerando-se desde logo de-
volvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora.

301
ARTIGO 142.°
(Aplicação subsidiária do código das custas)

No que não estiver neste título são de aplicar subsidiariamente as disposi-


ções do Código das Custas Judiciais em vigor, com as adaptações que se mostra-
rem necessárias.

TÍTULO IX
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 143.°
(Aplicação transitória de taxas)

Enquanto não for publicada a tabela a que se refere o artigo 125.°, aplicam-se,
a título transitário as taxas do imposto de jusliça do Código das Custas Judiciais
aplicáveis, aos processos correspondentes, equivalentes ou semelhantes aos pre-
vistos no presente Diploma.
ARTIGO 144.°
(Resolução de dúvidas)

Compete ao Conselho de Ministros resolver, mediante decreto, as dúvidas


que sc levantarem na interpretação do presente diplorna.

ARTIGO 145.°
(Entrada em vigõr)

Este diploma entra em vigor 30 dias depois da sua publicação no Diário der
República.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 2 de Agosto de 1995.

O Primeiro Ministro,
Marcolino José Carlos Moco

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

302
ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 8/96
DE 19 DE ABRIL
(D.R. Nº 16/96 – 1ª SÉRIE)

“Sobre a suspensão da eficácia do acto Administrativo”


Lei n.° 8/96
de 19 de Abril
A Lei n° 2/94, de 14 de Janeiro veio permitir a impugnação contenciosa
dos actos, administrativos feridos de ilegalidade.
Há entretanto, necessidade de, no âmbito do contencioso administrativo,
acautelar interesses legitimos, quer dos cidadãos e outras entidades privadas, quer
do Estado, que aquela lei não chegou a tutelar.
É o caso da suspensão de eficácia dos actos administrativos impugnados,
contenciosamente, medida justa e justificável sempre que da execução possam re-
sultar prejuízos de difícil reparação e a suspensão não determinar lesão grave para
o interesse do Estado.
O mesmo se diga das situações em que a execução imediata das decisões,
judiciais transitadas em julgado acarreta prejuízos consideráveis à Admi-
nistração Pública e a execução tem de ser suspensa e sobretudo, daquelas em que
o Estado não pode mesmo executá-las ou por a execução material ser impossível
ou por outras razões, especiais, igualmente ponderosas e atendíveis.
Mas, não dando, em tais casos, o Estado execução às decisões do tribunal,
é justo que indemnize os interessados pelos prejuízos que a inexecução de tais de-
cisões venham a causar-lhes.
Assim, considerando as razões descritas.
Nestes termos e ao abrigo da alínea b) do artigo 88.° da Lei Constitucio-
nal, a Assembleia Nacional aprova a seguinte Lei:

LEI

ARTIGO 1.°
(Suspensão da eficácia do acto administrativo)

1. A eficácia dos actos administrativos impugnáveis por via contenciosa pode


ser suspensa a requerimento dos interessados, como acto prévio à interposição de
recurso contencioso ou juntamente com a interposição desse recurso.

2. A suspensão requerida só pode ser concedida quando:

a) existir séria probabilidade de a execução do acto causar prejuízo irreparável


ou de difícil reparação ao interessado:
b) não resultar da suspensão grave lesão de interesse público.

ARTIGO 2.°
(Suspensão da execução da decisão judicial)

1. Quando a imediata execução de uma decisão judicial transitada em jul-


gado, proferida em matéria de contencioso administrativo, for susceptível de cau-
sar prejuízo grave para o Estado, pode o órgão da administração ou a pessoa co-
lectiva de direito público a quem caiba executá-la requerer ao tribunal a suspen-
são da sua execução, por um período máximo de seis meses.

305
2. Na disposição do número anterior não se incluem as decisões judiciais
que condenem no pagamento de uma quantia em dinheiro.

ARTIGO 3.°
(Inexecução da decisão judicial)

1. A inexecução da decisão judicial transitada em julgado, proferida em ma-


téria de contencioso administrativo, pode ser pedida ao tribunal que a proferiu, sem-
pre que se verificar qualquer um dos seguintes fundamentos:

a) ser impossível a execução;


b) existir grave prejuízo para o interesse público;
c) existirem circunstâncias de ordem, segurança e tranquilidade pública que
obstem á execução.

2. Aplica-se ao pedido de inexecução o disposto no n.° 2 do artigo ante-


rior.

ARTIGO 4.°
(Indemnização em caso de inexecução)

1. Quando, tratando-se de decisão judicial que não condene no pagamen-


to de uma quantia em dinheiro, o órgão do Estado ou a pessoa colectiva de direi-
to público, para tanto rectificada pelo tribunal, não executar a decisão judicial, o
Estado constitui-se na obrigação de indemnizar o interessado pelos prejuízos que
a inexecução lhes causar.

2. O disposto no número anterior é igualmente aplicável nos casos em que


o tribunal declarar a inexecução requerida nos termos do n.° 1 do artigo 3º.

3. O pedido de indemnização contra o Estado deve ser formulado, sob pena


de caducidade no prazo de dois anos a contar da notificação do tribunal a orde-
nar a execução da decisão judicial, transitada em julgado.

ARTIGO 5.°
(Liquidação da indemnização)

Na liquidação da indemnização devem ser considerados, além dos prejuí-


zo resultantes da inexecução da decisão judicial, os juros devidos e as custas e en-
cargo, judiciais.
ARTIGO 6.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação da presen-


te Lei, são resolvidas pela Assembleia Nacional.

306
ARTIGO 7.º
(Regulamentação)

A presente Lei deve ser regulamentada pelo Governo no prazo de 90 dias


após a sua publicação.

ARTIGO 8.°
(Entrada em vigor)

A presente Lei entra em vigor a data sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.

Publique-se.

Luanda, aos 6 de Dezembro de 1995.

O Presidente da Assembleia Nacional em exercício,


Lázaro Manuel Dias

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

307
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 22/96
DE 23 DE AGOSTO
(D.R. Nº 36/96 – 1ª SÉRIE)

“Sobre o pessoal do quadro definitivo, eventual e assalariado”


Decreto n.° 22/96
de 23 de Agosto

O Decreto n.° 25/91, de 29 de Junho que regula a Relação Jurídica do Em-


prego Público, não disciplinou em toda a sua extensão aspectos importantes que
se prendem com o vínculo que é estabelecido entre a Administração Pública e os
trabalhadores ao seu serviço.
Tornando-se pois necessário desenvolver e completar as normas reguladoras
sobre a relação jurídica entre a Administração Pública e os seus trabalhadores de
forma a tornar o vínculo mais consistente e disciplinado:
Nos termos das disposições combinados da alínea h) do artigo 110.° e
do artigo 113.° ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

SOBRE O PESSOAL DO QUADRO DEFINITIVO,


EVENTUAL E ASSALARIADO

ARTIGO 1.°
(Delïnições)

Para efeitos o presente Diploma, entende-se por:

a) provimento provisório, a situação em que devido a precaridade da re-


lação jurídica do trabalhador com a Administração Pública, o seu vín-
culo ainda não é definitivo;
b) provimento definitivo, a situação em que o trabalhador se encontra em
concreto e em definitivo integrado nos quadros da Administração Pú-
blica, adquirindo o estatuto pleno de funcionário;
c) pessoal eventual, os trabalhadores contratados pela Administração
Pública na base de um contrato administrativo de provimento, não
integrados no quadro de pessoal mas, cuja actividade é específica do
quadro;
d) pessoal assalariado, os trabalhadores contratados pela Administração
Pública na base de um contrato a termo certo, não integrados no quadro
de pessoal e cuja actividade não é específica do quadro.

ARTIGO 2.°
(Provimento)

1. O provimento, no momento do ingresso na Administração Pública, tem


carácter provisório durante os primeiros três anos de trabalho efectivo e ininterrupto.

2. Ao fim do primeiro ano, se o trabalhador obtiver a classificação de ser-


viço no mínimo de bom, será reconduzido por mais dois anos, findo os quais e nas
mesmas condições será provido definitivamente no quadro de pessoal.

311
ARTIGO 3.°
(Prazo)

1. A recondução e o provimento definitivo devem ser solicitados pelo tra-


balhador até 60 dias antes do termo do período considerado.

2. Se o trabalhador não requerer a recondução ou o provimento definiti-


vo no prazo indicado no número anterior, poderá fazê-lo depois, se a Adminis-
tração Pública não tiver tomado entretanto qualquer resolução quanto a sua si-
tuação.

ARTIGO 4.°
(Merecimento)

Para efeitos de recondução e de provimento definitivo, o merecimento apu-


ra-se pela classificação anual de serviço.

ARTIGO 5.°
(Dispensa no provimento provisório)

Durante o período de provimento provisório e ocorrendo razões de indis-


ciplina ou de falta de adequação ao serviço por parte do trabalhador, a Adminis-
tração Pública pode, sem mais formalidades, dispensá-lo.

ARTIGO 6.°
(Promoção e progressão no provimento provisório)

Aos trabalhadores públicos em situação de provimento provisório não se


lhes aplicam as regras de promoção e progressão nas carreiras.

ARTIGO 7.°
(Tempo de serviço no provimento provisório)

O tempo de serviço em situação de provimento provisório, depois de fin-


do este, conta para efeitos de admissão a concurso de acesso, para efeitos de con-
tagem de tempo de serviço e para efeitos de aposentação.

ARTIGO 8.°
(Pessoal contratado)

1. O pessoal a ser contratado pela Administração Pública nos termos dos


artigos 15.º a 24.° do Decreto n.° 25/91, de 29 de Junho não é integrado nos qua-
dros de pessoal dos respectivos organismos.

2. Ao pessoal contratado nos termos do número anterior não se lhe aplica


as regras de promoção e progressão nas carreiras.

312
ARTIGO 9.°
(Contrato administrativo de provimento)

O pessoal contratado por meio de contrato administrativo de provimento


nos termos dos artigos 17.° à 2l.° do Decreto n.° 25/91, de 29 de Junho, adquire
a qualidade de pessoal eventual.

ARTIGO 10.°
(Actividade do pessoal eventual)

As actividades a realizar pelo pessoal eventual são as do quadro de carreiras,


embora o pessoal eventual não integre os quadros de pessoal da Administração Pú-
blica.

ARTIGO 11.°
(Salário do pessoal eventual)

A definição do salário do pessoal eventual, bem como os devidos ajustes


e aumentos a que devem estar sujeitos deverão ser realizados com base nos res-
pectivos contrato de provimento.

ARTIGO 12.°
(Contrato a termo certo)

1. A celebração de contrato a termo certo é admitida para os operários de artes


e ofícios e para os trabalhadores que forneçam um esforço predominantemente físico.

2. O pessoal contratado por meio de contrato a termo certo nos termos dos
artigos 22.° à 24.° do Decreto n.° 25/91, de 29 de Junho, adquire a qualidade de
pessoal assalariado.

ARTIGO 13.°
(Actividade do pessoal assalariado)

As actividades a ser realizadas pelo pessoal assalariado não são do quadro


de carreiras da Administração Pública.

ARTIGO 14.°
(Salário do pessoal assalariado)

Ao salário do pessoal assalariado aplica-se o previsto no artigo 11.°.

ARTIGO 15.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te diploma, serão resolvidas pelo Ministro da Administração Pública, Emprego e
Segurança Social.

313
ARTIGO 16.°
(Vigência)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros.

Publique-se.

Luanda, aos 23 de Agosto de 1996.

O Primeiro Ministro,
Fernando José de França Van-Dúnem

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

314
1999

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 28/99
DE 16 DE SETEMBRO
(D.R. Nº 38/99 - 1ª SÉRIE)

“Sobre a composição e regime jurídico do pessoal dos Gabinetes


dos titulares dos órgãos da Administração Local do Estado”
Decreto n.º 28/99
de 16 de Setembro

O diploma que estabelece a orgânica dos Governos das Pròvíncias, Ad-


ministrações dos Municípios e das Comunas, nos artigos 17.°, h3 ° e 62.°, remete
para diploma especial a composição e regime jurídico do pessoal do Governador
e Vice Governador, do Administrador do Município e Administrador-Adjunto da
Comuna respectivamente.

Assim, nos termos das disposições combinadas alínea d) do artigo 112.° e


do artigo 113.° ambos da Lei Constitucional o Governo decreta o seguinte:

COMPOSIÇÃO E REGIME JURÍDICO DO PESSOAL


DOS GABINETES DOS TITULARES DOS ÓRGÃOS
DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL DO ESTADO

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece a composição e o regime jurídico do pes-


soal afecto aos gabinetes dos titulares dos órgãos da administração local do Es-
tado.

ARTIGO 2.°
(Âmbito)

1. Para efeitos do presente diploma, são titulares dos órgãos da adminis-


tração local do Estado o Governador e Vice Governador da Província, o Admin-
istrador do Município, Administrador-Adjunto do Município e o Administrador
da Comuna:

2. O presente diploma é igualmente aplicável ao Administrador-Adjunto


da Comuna, quando este cargo estiver provido.

ARTIGO 3.°
(Função)

O pessoal dos gabinetes tem por função apoiar os titulares dos órgãos da
administração local do Estado respectivos no exercício das suas funções.

ARTIGO 4.º
(Composição dos gabinetes)

1. Os gabinetes dos Governadores e Vice-Governadores da Província são


dirigidos pelo respectivo director de gabinete e constituídos por. assessores e pes-
soal de apoio administrativo, constante do quadro do pessoal anexo e que fazem
parte integrante do presente diploma.

317
2. O gabinete do Administrador do Município é dirigido por um chefe de
gabinete e constituído por pessoal de apoio administrativo constante do quadro de
pessoal anexo e que faz parte integrante do presente diploma.

3.º O gabinete do Administrador-Adjunto do Município é dirigido por um


chefe de gabinete e composto por pessoal de apoio administrativo constante no
quadro anexo e que faz parte integrante do presente diploma.

4. Os funcionários a exercer funções de assessor no gabinete dos Gover-


nadores da Província a que se refere o presente diploma deverão possuir a cate-
goria de técnicos superiores e de técnicos ou possuir reconhecida experiência nas
áreas em que prestarão assessoria.

5. Sem prejuízo do disposto no número anterior, podem ser chamados a


prestar colaboração no referido gabinete especialistas para a realização de estu-
dos ou trabalhos de carácter eventual ou extraordinário, devendo para o efeito fir-
mar-se o competente contrato.

6. A duração e remuneração dos estudos ou referidos no número anterior


serão estabelecidos no correspondente contrato de trabalho.

ARTIGO 5.°
(Competência do director de gabinete)

Ao director de gabinete compete dirigir, coordenar e controlar os serviços


integrados ou dependentes do respectivo gabinete:

ARTIGO 6.º
(Director adjunto de gabinete)

1. No gabinete do Governador da Província pode ser criado o cargo de di-


rector-adjunto de gabinete, quando o valume e complexidade do trabalho a de-
senvolver pelo gabinete o justificar.

2. Não é permitida a criação do cargo de director-adjunto nos gabinetes dos


Vice-Governadores da Província.

ARTIGO 7.°
(Competência do director adjunto de gabinete)

Ao director-adjunto de gabinete compete prestar ao Governador da Província


o apoio técnico e administrativo que lhe for determinado pelo director de gabinete.

ARTIGO 8.°
(Competência do chefe de gabinete)

Ao chefe de gabinete compete dirigir, coordenar controar os serviços in-


tegrados ou dependentes do gabinete do Administrador do Município.
318
ARTIGO 9.°
(Pessoal de chefia e outros)

O pessoal afecto aos gabinetes dos titulares dos órgão da administração


local do Estado, está sujeito ao regime geral da função pública.

ARTIGO 10.° .
(Nomeação e exoneração)

O pessoal dos gabinetes dos titulares dos órgãos da administração local


do Estado, previsto no âmbito do presente diploma, é livremente nomeado e exo-
nerado pelo respectivo titular do órgão de que depende.

ARTIGO 11.°
(Garantia do pessoal de gabinete)

1. O pessoal afecto aos gabinetes dos titulares dos órgãos da administração


local não pode ser prejudicado na estabilidade, do seu emprego e na sua carreira
profissional.

2. O tempo de serviço prestado pelo referido pessoal considera-se para


todos os efeitos como prestado no local de origem, não podendo ser prejudicado
nas promoções que tenha adquirido direito.

ARTIGO 12.°
(Deveres do pessoal dos gabinetes)

1. O pessoal afecto aos gabinetes está sujeito aos deveres gerais dos fun-
cionários e agentes da administração pública, nomeadamente aos deveres de
diligência e segredo sobre os assuntos que lhe forem confiados ou os que tenham
conhecimento por causa do exercício das suas funções.

2. O pessoal afecto aos gabinetes está isento de horário de trabalho, não lhe
sendo por isso devida qualquer remuneração a título de horas extraordinárias.

ARTIGO 13.°
(Equiparação)

1. Os directores de gabinetes do Governador e do Vice-Governador da


Província são equiparados, para efeitos legais, a director provincial.

2. O director-adjunto de gabinete do Governador da Província é equi-


parado, para efeitos legais, a chefe, de departamento provincial.

3. O chefe de gabinete do Administrador Municipal é equiparado para


efeitos legais a chefe de secção municipal.

319
4. O chefe de gabinete do Administrador da Comuna, quando este cargo
não estiver dirigido pelo chefe da Secretaria da Administrarão Comunal, é
equiparado para efeitos legais a chefe de secção comunal.

ARTIGO 14.°
(Apoio administrativo)

O apoio administrativo aos gabinetes é prestado pela Secretaria dos respec-


tivos órgãos da administração local do Estado.

ARTIGO 15.°
(Requisição e destacamento)

Os titulares dos órgãos da administração local do Estado podem recorrer


ao destacamento ou à requisição de funcionários e agentes da administração cen-
tral e local do Estado, incluindo institutos públicos para o exercício de funções de
apoio técnico e administrativo aos respectivos gabinetes, nos limites estabeleci-
dos legalmente.

ARTIGO l6.°
(Remuneração)

1. Os directores de gabinetes do Governador e do Vice-Governador da


Província são remunerados de acordo com a equiparação prevista no n.° 1 do ar-
tigo 13.° do presente diploma.

2. O director adjunto de gabinete do Governador da Província é remunerado


de acordo com a equiparação prevista no n.° 2 do artigo 13.° do presente diploma.

3. Os assessores do gabinete do Governador da Província que sejam téc-


nicos superiores e técnicos são remunerados de acordo com o seu enquadramento
nas respectivas carreiras e categorias.

4. Os assessores do gabinete referido no número anterior que não sejam


técnicos superiores ou técnicos, deverão, enquanto durar a comissão de serviço e
de acordo com a sua qualificação e experiência técnica, ser equiparados a uma das
categorias dos técnicos superiores ou técnicos e como tal ser remunerados.

5. O chefe de gabinete do Administrador da é remunerado de acordo com


a equiparação n.° 3 do artigo 13.° do presente diploma.

6. O pessoal previsto no artigo 9.° é remunerado com o seu enquadramento


nas categorias e funções do regime geral da função pública.

ARTIGO 17.º
(Gabinete do Administrador da Comuna)

1. O gabinete do Administrador da Comuna pelo chefe da Secretaria da Ad-


ministração da comuna e composto pelo pessoal da Secretaria.

320
2. O disposto no número anterior apenas se aplica nos casos em que não
estiver provido o cargo de administrador-adjunto da comuna, nos termos da le-
gislação em vigor.

3. Quando o cargo de administrador-adjunto da comuna estiver provido, o


gabinete do Administrador da Comuna é chefiado por um chefe de gabinete, com
a categoria de chefe de secção da comuna.

4. O previsto neste diploma aplica-se com as devidas adaptações à chefia


e ao pessoal do gabinete do administrador da Comuna.

ARTIGO 18.°
(Gabinete do Administrador-Adjunto da Comuna)

1. Não é permitido o provimento do cargo de chefe de gabinete do Ad-


ministrador-Adjunto da Comuna.

2. As tarefas inerentes ao gabinete do Administrador-Adjunto da Comuna


são executadas pela Secretaria Administração Comunal, beneficiando o seu pes-
soal do suplemento previsto no artigo seguinte.

ARTIGO 19.°
(Atribuição de suplemento)

Ao pessoal dos gabinetes dos titulares dos órgãos da administração local


é atribuído um suplemento de 30% à remuneração de base a que tem direito, nos
termos previstos no presente diploma e demais legislação em vigor.

ARTIGO 20.°
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente


diploma serão resolvidas por Decreto Executivo do Ministério da Administração
do Território.

ARTIGO 21.°
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma


e o artigo 14.° do Decreto n.º 26/97, de 4 de Abril.

ARTIGO 22.°
(Entrada em vigor)

Este diploma entra em vigor na data da sua publicação.


321
Visto e aprovado pelo Conselho de Ministros, em Luanda, aos 25 de Junho
de 1999.

Publique se.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

Quadro de pessoal a que se refere o n.° 1 do artigo 4.° do decreto que antecede
Número de lugares Designação
Gabinete do Governador da Província
1 Director do Gabinete
1 Director-Adjunto de Gabinete
2 Assessores ,
1 Secretária
1 Técnico de informática e ou escriturária-dactilógrafa
2 Funcionários administrativos
1 Motorista
Gabinete do Vice-Governador da Província.
1 Director do Gabinete
1 Secretária
1 Técnico de informática e/ou escriturário-dactilógrafo
1 Motorista

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

Quadro de pessoal do gabinete do Administrador do Município


a que se refere o n.° 2 do artigo 4.°
Número de lugares Designação
1 Chefe de Gabinete
1 Secretária
1 Técnico de informática e/ou escriturário-dactilógrafo
1 Funcionário administrativo
1 Motorista

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

322
Quadro de pessoal dos gabinetes do Administrador Adjunto do Município
a que se refere o n.° 3 do artigo 4.°
Número de lugares Designação
1 Chefe de Gabinete
1 Secretária

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

323
2001

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 20/01
DE 6 DE ABRIL
(D.R. Nº 16/01 – 1ª SÉRIE)

Estabelece o regime remuneratório especial para o pessoal de direcção,


chefia e da carreira técnica de inspecção.
Decreto n.° 20/01
de 6 de Abril

No âmbito da revitalização e do reforço da capacidade e desenvolvi-


mento dos Serviços de Inspecção, Fiscalização e Controlo da Administração
do Estado;

Havendo necessidade de se estabelecer um regime remuneratório especial


para o pessoal de direcção, de chefia e da carreira técnica de inspecção dos
Serviços de Inspecção, Fiscalização e Controlo da Administração do Estado de
modo a garantir que o trabalho inspectivo seja realizado centro dos limites esta-
belecidos por lei, de forma objectiva e com a dignidade, independência e isenção
que se impõem;

Nos termos das disposições combinadas da alínea h) do artigo 110.° e do


artigo 113.° ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

ARTIGO 1.°
(Objecto)

O presente diploma estabelece o regime remuneratório especial para o pes-


soal de direcção, chefia e da carreira técnica de inspecção.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. O disposto no presente diploma aplica-se ao pessoal de direcção e de


chefia e da carreira técnica da inspecção afecto aos distintos Serviços de Ins-
pecção, Fiscalização e Controlo da Administração do Estado.

2. O ingresso de pessoal na carreira de inspecção e fiscalização dos dis-


tintos Serviços da Administração do Estado apenas deve ter lugar mediante prévia
autorização dos titulares do órgão correspondente, das Finanças e de Adminis-
tração Pública e em conformidade com o quadro orgânico do pessoal aprovado e
através de concurso público.

§ Único: — Exceptuam se do acima estabelecido os Serviços de Inspecção


dos órgãos. de Defesa, Segurança e Ordem Interna.

ARTIGO 3.°
(Direito a remuneração)

O pessoal de direcção e chefia e da carreira técnica dos Serviços de Ins-


pecção e Fiscalização da Administração do Estado, tem direito ao salário base
mensal, calculado em tabelas indiciárias constantes dos anexos I, II e III, que cons-
tituem partes integrantes deste diploma.

327
ARTIGO 4.º
(Subsídios)

1. Sem prejuízo dos subsídios gerais previstos para a função pública e que
não estejam expressamente consagrados neste diploma, serão abonados men-
salmente, os seguintes subsídios:

a) subsídio de representação;
b) subsídio de risco;
c) subsídio de dedicação exclusiva;
d) subsídio de instalação;
e) subsídio de renda de casa;
f) subsídio de atavio.

2. O subsídio para despesas de representação é abonado ao Inspector Geral do


Estado, num montante correspondente a 35% do respectivo vencimento-base mensal.

3. O subsídio de risco é abonado a todo o pessoal abrangido por este


diploma num montante correspondente a 30% do respectivo vencimento-base
mensal.

4. O subsídio de dedicação exclusiva é abonado ao pessoal abrangido por


este diploma e que não exerça outra actividade laboral pública remunerada, ex-
cepto a actividade de docência e de investigação científica, num montante corres-
pondente a 15% do vencimento base mensal.

5. Os subsídios de instalação, de renda de casa e de atavio são atribuídos


nos termos previstos nos artigos 5.°, 6.° e 7.°, respectivamente, do presente
diploma.

ARTIGO 5.°
(Subsídio de renda de casa)

O Inspector Geral do Estado, os inspectores gerais, os inspectores gerais


adjuntos, os inspectores superiores e os inspectores provinciais, têm direito ao
subsídio de renda de casa nos termos a regulamentar.

ARTIGO 6.°
(Subsídio de instalação)

Os inspectores previstos no artigo anterior têm direito a um subsídio de ins-


talação, nos termos a regulamentar pelo Ministério das Finanças.

ARTIGO 7.°
(Subsídio de atavio)

O pessoal inspectivo tem direito a um subsídio de atavio correspondente a


30% do seu vencimento-base mensal.

328
ARTIGO 8.°
(Comparticipação em receitas e multas)

O pessoal referido no artigo anterior tem direito à uma comparticipação:

a) em receitas provenientes da recuperação de valores devidos ao Estado


b) no produto de multas provenientes de infracções de natureza fiscal e de
outras constatadas no exercício da actividade inspectiva e de fiscalização.

2. O valor contabilizado mensalmente, destinado para os efeitos previstos


no número anterior, será distribuído nos termos estabelecidos no Decreto n.º 17/96,
de 29 de Julho e nos que vierem a ser definidos pelo Ministério das Finanças.

ARTIGO 9.°
(Dúvidas omissões)

As dúvidas e omissões que resultarem da interpretação e aplicação do pre-


sente decreto serão resolvidas por despacho conjunto dos Ministérios da Adminis-
tração Pública, Emprego e Segurança Social e das Finanças.

ARTIGO 10.°
(Revogação)

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma.

ARTIGO 11.°
(Entrada em vigor)

Este decreto entra em vigor a partir de 1 de Março de 2001.

Publique-se

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

329
ANEXO I
Estrutura indiciária da carreira técnica especial do pessoal dos serviços
de inspecção e fiscalização da administração do Estado
Índice 100= Kz: 4450

Grupo de Pessoal Designação funcional Escalão


A B C D
Inspector Geral do Estado .............................................. 394 444 494
Inspector Geral ............................................................... 364 404 444
Direcção e chefia Inspector Geral-Adjunto................................................. 352 392 432
Inspector Provincial........................................................ 334 374 414
Inspector Chefe de 1.ª Classe ........................................ 327 367 407
Inspector Chefe de 2.ª Classe ........................................ 308 348 388

Inspector Assessor Principal ......................................... 337 367 397 427


Inspector Primeiro Assessor .......................................... 329 359 389 419
Inspector superior Inspector Assessor ......................................................... 314 344 374 404
Inspector Superior Principal .......................................... 300 330 360 390
Inspector Superior de 1.ª Classe .................................... 287 317 347 377
Inspector Superior de 2.ª Classe .................................... 271 301 331 361

Inspector Especialista Principal .................................... 259 279 229 319


Inspector Especialista e 1.ª Classe ................................. 245 265 285 305
Inspector técnico Inspector Especialista e 2.ª Classe ................................. 228 248 268 288
Inspector Técnico de 1.ª Classe ..................................... 216 236 256 276
Inspector Técnico de 2.ª Classe ..................................... 202 222 242 262
Inspector Técnico de 3.ª Classe ..................................... 190 210 230 250

Sub-Inspector Principal de 1.ª Classe ........................... 181 191 201 211


Sub-Inspector Principal de 2.ª Classe ........................... 172 182 192 202
Sub-inspector Sub-Inspector Principal de 3.ª Classe ........................... 157 167 177 187
Sub-Inspector 1.ª Classe ................................................ 128 138 148 158
Sub-Inspector 2.ª Classe ................................................ 112 122 132 142
Sub-Inspector 3.ª Classe ................................................ 100 110 120 130

330
2002

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO-LEI Nº 8/02
DE 18 DE JUNHO
(D.R. Nº 48/02 – 1ª SÉRIE)

Sobre o agravamento das faltas injustificadas do pessoal da função pública


Decreto-Lei Nº 8/02
de 18 de Junho

Considerando que se verifica a ausência frequente nos serviços públicos de


funcionários e agentes administrativos nos dias que se seguem a suspensão da jor-
nada laboral, designadamente feridos, tolerâncias de ponto e dias de descanso semanal;
Tendo em conta que tal prática tem influenciado negativamente o qua-
dro de disciplina e de organização funcional dos serviços da administração
pública;
Havendo necessidade de se introduzir medidas que contribuam para alte-
rar as situações acima descritas;
No uso da autorização legislativa, concedida pela Resolução nº 15, de 18
de Junho de 2002 da Assembleia Nacional, o Governo nos termos das disposições
combinadas da alínea c) do artigo 90.º e do artigo 113.º, ambos da Lei Constitu-
cional, decreta o seguinte:

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece o agravamento das faltas injustificadas co-


metidas no término das férias, feriados, tolerâncias de ponto e dias de descanso
semanal.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

O presente diploma aplica-se a todos os funcionários públicos e agentes ad-


ministrativos dos órgãos da administração central e local do Estado, bem como dos
institutos públicos.

ARTIGO 3.º
(Conceito)

Para efeitos do presente diploma consideram-se faltas injustificadas as pre-


vistas no nº 1 do artigo 17.º do Decreto-Lei nº 10/94, de 24 de Junho.

ARTIGO 4.º
(Agravamento das faltas injustificadas)

1. As faltas injustificadas definidas no artigo anterior produzem os seguintes


efeitos:

a) perda de remuneração correspondente ao período de ausência injustifi-


cada, na proporção de dois dias de desconto por cada dia de ausência e
um dia de desconto por cada meio dia;

333
b) desconto nas férias a que o trabalhador tenha direito na proporção es-
tabelecida na alínea anterior;
c) condicionamento da frequência de formação, treinamento ou aperfei-
çoamento profissional.

2. As condições e os critérios de aplicação das medidas previstas no número


anterior serão objecto de regulamento próprio.

ARTIGO 5.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te decreto-lei serão resolvidas por despacho do titular do Governo que tiver a seu
cargo a função pública.

ARTIGO 6.º
(Revogação)

São revogadas todas as disposições que contrariem o disposto no presen-


te diploma.

ARTIGO 7.º
(Vigência)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 30 de Janei-


ro de 2002.

Publique-se.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

334
CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 66/02
DE 25 DE OUTUBRO
(D.R. Nº 85/02 – 1ª SÉRIE)

“Regulamenta a prestação de trabalho extraordinário na função pública”


Decreto nº 66/02
de 25 de Outubro

Considerando que o Decreto-Lei nº 21-A/94, de 16 de Dezembro que es-


tabelece o Regime Retributivo da Função Pública remete para diploma próprio a
regulamentação da prestação do trabalho extraordinário quanto às condições do
seu exercício, limite máximo de horas por jornada e por mês, bem como a respectiva
remuneração;
Havendo necessidade de se estabelecer o regime de prestação de trabalho ex-
traordinário na função pública de modo a tornar regular o seu exercício por parte dos
funcionários e agentes da administração pública e útil para os serviços públicos;
Nos termos das disposições combinadas da alínea h) do artigo 110.º e do
artigo 113.º, ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

ARTIGO 1.º
(Objecto e âmbito)

1. O presente diploma regula o exercício do trabalho extraordinário


prestado pelos funcionários e agentes da administração central e local do Es-
tado.

2. Ficam excluídos do âmbito do presente diploma:

a titulares de cargos de direcção e chefia;


b) trabalhadores e agentes nomeados para comissões de trabalho ad-hoc;
c) pessoal que compõe o quadro de pessoal dos gabinetes dos membros do
Governo e equiparados.

ARTIGO 2.º
(Definição)

Para efeitos do presente diploma, considera-se trabalho extraordinário o pres-


tado pelos funcionários públicos ou agentes administrativos fora do período nor-
mal de trabalho estabelecido para o respectivo regime laboral.

ARTIGO 3.º
(Prestação de trabalho extraordinário)

1. A prestação de trabalho extraordinário só deve ser permitida quando haja


necessidade de execução de tarefas de carácter urgente e especiais ou acumula-
ção anormal de trabalho que exija a sua imediata realização ou ainda em situações
que resultem de imposição legal.

2. Os funcionários ou agentes não devem recusar-se a realização de trabalho


extraordinário excepto por motivos justificativos relacionados com situação de de-
ficiência de que sejam portadores, gravidez e a guarda de filhos menores de 5 anos.

337
ARTIGO 4.º
(Duração do trabalho extraordinário)

1. O trabalho extraordinário não pode exceder:

a) 2 horas e 30 minutos quando prestado em dia normal de trabalho;


b) 37 horas e 30 minutos mensais.

2. Os períodos inferiores a 30 minutos não são considerados para efeitos


de contagem de tempo de trabalho extraordinário.

3. O limite estabelecido na alínea a) do nº 1 do presente artigo, quando ao


período diário de trabalho, pode ser ultrapassado desde que haja ocorrência tem-
porária e imprevista dum volume anormal de trabalho ou a realização de trabalhos
preparatórios ou complementares que devem ser realizados imediatamente, me-
diante autorização prévia do titular do organismo.

ARTIGO 5.º
(Autorização para a realização de trabalho extraordinário)

1. Sempre que se justifique a realização de trabalho extraordinário, as uni-


dades orgânicas dos serviços centrais e locais deverão dirigir ao seu titular o com-
petente pedido de autorização no qual deverá constar necessariamente:

a) natureza do trabalho a executar;


b) justificação do recurso ao trabalho extraordinário;
c) duração aproximada do trabalho até a sua conclusão;
d) número mínimo de horas de trabalho diário a prestar;
e) nomes e categorias dos agentes designados para a execução dos traba-
lhos;
f) montante dos encargos ou forma de compensação.

2. O titular do organismo deve emitir o competente despacho de autoriza-


ção, para efeitos da solicitação referida no número anterior do presente artigo.

3. O pagamento de horas extraordinárias deverá ser objecto de folha de re-


muneração própria e remetida à área competente do Ministério das Finanças acom-
panhada dos respectivo despacho de autorização do titular do organismo.

4. Os organismos deverão proceder ao envio bimensal das folhas de re-


muneração das horas extraordinárias ao Tribunal de Contas.

338
ARTIGO 6.º
(Remuneração do trabalho extraordinário)

A remuneração do trabalho extraordinário é feita por acréscimo na retri-


buição horária nas percentagens seguintes:

a) 10% para a primeira hora de trabalho;


b) 15% para as restantes horas.

ARTIGO 7.º
(Remuneração horária)

Para efeitos do presente diploma, o valor da hora normal de trabalho é cal-


culado através da fórmula Rbx12:52xN, sendo Rb a remuneração base mensal e
N o número de horas correspondentes à normal duração semanal de trabalho.

ARTIGO 8.º
(Limite remuneratório)

Os funcionários e agentes não podem, em cada mês receber por trabalho


extraordinário mais de 1/3 do vencimento de base fixado na tabela salarial para a
respectiva categoria.

ARTIGO 9.º
(Registo de horas extraordinárias)

Os organismos devem registar e enviar mensalmente em impresso próprio


as horas extraordinárias prestadas à área competente do Ministério das Finanças
e bimensalmente ao Tribunal de Contas.

ARTIGO 10.º
(Trabalho prestado nos dias de descanso semanal e feriados)

1. O regime estabelecido no presente diploma aplica-se ao trabalho pres-


tado nos dias de descanso semanal e descanso complementar, bem como nos dias
considerados feriados com excepção do previsto nos números seguintes.

2. O limite máximo de prestação de trabalho é de cinco horas diárias.

3. O acréscimo na retribuição horária é de 20%.

4. As horas extraordinárias prestadas em dias de descanso semanal e com-


plementar, bem como nos dias considerados feriados são compensadas, através da
redução no período normal de trabalho, conforme a disponibilidade do serviço.

5. A redução no período de trabalho referida no número anterior concre-


tiza-se da seguinte forma:

339
a) com dispensa, até ao limite de um dia de trabalho por semana por cin-
co horas de trabalho extraordinário prestado;
b) com acréscimo do período ou períodos de férias no mesmo ano ou no
seguinte até ao máximo de cinco dias úteis na proporção de um dia por
cinco horas de trabalho prestado.

ARTIGO 11.º
(Regulamentação)

Os Ministros das Finanças e da Administração Pública, Emprego e Segu-


rança Social, sempre que se justificar, emitir despachos conjuntos para regulamentar
a correcta aplicação do disposto no presente diploma.

ARTIGO 12.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te diploma serão resolvidas pelos Ministros da Administração Pública, Emprego
e Segurança Social e das Finanças.

ARTIGO 13.º
(Vigência)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 26 de Agos-


to de 2002.

Publique-se.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

340
2003

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 9/03
DE 28 DE OUTUBRO
(D.R. Nº 85/03 – 1ª SÉRIE)

“Estabelece as regras de organização, estruturação e funcionamento dos


Institutos Públicos”
Decreto-Lei Nº 9/03
de 28 de Outubro

Considerando que as instituições de investigação científica e desenvolvi-


mento tecnológico, pela sua natureza, se enquadram na categoria de institutos pú-
blicos;

Tendo-se constatado que o Decreto-Lei nº 1/01, de 24 de Maio, é omisso


relativamente às normas gerais de estruturação e funcionamento dessas insti-
tuições;

No uso da autorização legislativa concedida pela Resolução nº 26, de 29


de Junho de 2003, da Assembleia Nacional, nos termos das disposições combi-
nadas da alínea b) do artigo 90.º e do artigo 113.º, ambos da Lei Constitucional,
o Governo decreta o seguinte:

CAPITULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece as regras de organização, estruturação e


funcionamento dos institutos públicos.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

O presente diploma aplica-se aos institutos públicos que desenvolvem as


suas atribuições no território nacional.

ARTIGO 3.º
(Noção)

O instituto público é uma pessoa colectiva pública de fins singulares,


criado para assegurar o desempenho de funções administrativas específicas con-
fiadas à administração pública.

ARTIGO 4.º
(Natureza jurídica)

1. O instituto público é uma pessoa colectiva dotada de personalidade ju-


rídica e de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

2. Para efeitos do presente diploma, considera-se:

343
a) autonomia administrativa, a faculdad de praticar actos administrativos
definitivos e executórios sujeitos à fiscalização jurisdicional e à tutela
revogatória;
b) autonomia financeira, a faculdade conferida a certos organismos de dis-
porem de receitas próprias, provenientes de rendimentos do seu patri-
mónio ou de contraprestações pagas pelos respectivos órgãos, segundo
um orçamento próprio;
c) autonomia patrimonial, é o poder de dispor de património próprio que
responde pelas dívidas legalmente imputáveis aos serviços personali-
zados do Estado.

3. Os institutos públicos a que se refere o presente diploma assumem a


forma de serviços personalizados do Estado, de estabelecimentos públicos e de
instituições públicas de investigação cientifica e desenvolvimento tecnológico.

SECÇÃO I
Estabelecimento Públicos em Especial

ARTIGO 5.º
(Noção)

1. Os estabelecimentos públicos são institutos públicos de carácter cultu-


ral ou social, organizados como serviços abertos ao público e destinados a efec-
tuar prestações individuais à generalidade dos cidadãos que deles careçam.

2. Para efeitos do presente diploma, consideram-se estabelecimentos pú-


blicos, designadamente;

a) as instituições de ensino superior;


b) os hospitais;
c) as escolas ou demais instituições de formação;
d) as bibliotecas;
e) os museus e instituições afins.

ARTIGO 6º
(Regime específico)

A criação, organização e funcionamento dos estabelecimentos públicos


subordina-se a regras especiais, a estabelecer por decreto do Conselho de Mi-
nistros, sendo-lhes aplicáveis, na generalidade, as regras previstas no presente
diploma.

344
SECÇÃO II
Instituições Pública de Investigação Científica e Desenvolvimento
Tecnológico

ARTIGO 7.º
(Noção)

1. As instituições públicas de investigação científica e desenvolvimento


tecnológico são institutos públicos de carácter científico e de desenvolvimento
tecnológico que têm por finalidade a prossecução dos objectivos da política cien-
tífica e tecnológica adoptada pelo Estado, ao qual lhes é garantida a liberdade de
investigação, nos limites de lei.

2. É reconhecida às instituições científica de desenvolvimento tecnológico


a autonomia científica, que se traduz na faculdade de elaborar e definir o seu pro-
grama anual e plurianual de trabalhos científico.

3. Para efeitos do presente diploma consideram-se instituições públicas de


investigação cientifica e desenvolvimento tecnológico, designadamente:

a) os institutos públicos de investigação cientifica e desenvolvimento tec-


nológico;
b) os centros de investigação científica e desenvolvimento tecnológico;
c) outras instituições afins.

ARTIGO 8.º
(Regime específico)

1. A criação, organização e funcionamento das instituições públicas de in-


vestigação científica e desenvolvimento tecnológico subordina-se a regras espe-
ciais, a estabelecer por decreto do Conselho de Ministros, mediante parecer
favorável do Ministério da Ciência e Tecnologia, sendo-lhes aplicáveis, na gene-
ralidade, as regras previstas no presente diploma.

2. O regimento interno das instituições públicas de investigação científica


e desenvolvimento tecnológico a estabelecer por Decreto Executivo do Ministé-
rio de tutela mediante parecer favorável do Ministério da Ciência e Tecnologia.

ARTIGO 9.º
(Estruturas)

As instituições de investigação cientifica e desenvolvimento tecno-


lógico podem estruturar-se em:

a) laboratórios;
b) departamentos;

345
c) estações experimentais;
d) unidades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
e) secções científicas;
f) unidades especializadas;
g) centros de informação e documentação.

CAPITULO II
Princípios de Gestão

ARTIGO 10.º
(Autonomia administrativa e de gestão)

A gestão dos institutos públicos é de exclusiva responsabilidade dos órgãos


próprios, não tendo os organismos que lhe são estranhos direitos de interferir na
sua gestão e no seu funcionamento, salvo nos estritos limites da tutela e superin-
tendência a que se refere o presente diploma e a lei geral.

ARTGO 11.º
(Instrumentos de gestão)

1. A gestão dos institutos públicos é orientada pelos seguintes instrumen-


tos:

a) planos de actividades anual e plurianual;


b) orçamento próprio anual;
c) relatório anual de actividade;
d) balanço e demonstração da origem e aplicação de fundos.

2. Os instrumentos de gestão provisional a que se referem as alíneas a) e


b) do número anterior deverão, após apreciação e discussão pelo Conselho Di-
rectivo, ser submetidos à entidade tutelar, para aprovação.

ARTIGO 12.º
(Aquisição de bens e serviços)

Para realização das suas funções, deverão os institutos públicos efectuar a


aquisição de bens e serviços através de concurso público, nos ternos de legisla-
ção em vigor.

ARTIGO 13.º
(Princípios orientadores do regime financeiro)

1. A autonomia financeira dos institutos públicos assume a forma de


autonomia orçamental, concretizada, designadamente, através dos seguintes
princípios:
346
a) elaboração de orçamento individuais que reflictam todas as receitas e
despesas do instituto;
b) sujeição das transferências de receitas a programação financeira do Estado;
c) solicitação trimestral ao órgão competente do Ministério das Finanças,
dotações orçamentais através do formulário próprio devendo, para o
efeito, ser apresentado o mapa demonstrativo da execução orçamental
e financeira do trimestre anterior e os extractos bancários, devidamente
conciliados;
d) reposição dos saldos financeiros oriundos de transferências do Orça-
mento Geral do Estado e não aplicados no ano anterior na Conta Única
do Tesouro Nacional;
e) incorporação do saldo positivo apurado em 31 de Dezembro oriundo
de receitas próprias no Orçamento Geral do Estado no exercício eco-
nómico seguinte, a crédito do instituto;
f) auditoria, traduzida na análise das contas, da legalidade e regularidade
financeira das despesas efectuadas, bem assim a análise da sua eficiên-
cia e eficácia;
g) acompanhamento da execução financeira e orçamental por um órgão
de fiscalização interna, tecnicamente independente dos órgão próprios
de direcção, no qual toma parte, sem direito de voto, um representante
da Direcção Nacional de Contabilidade.

2. O instituto só deve utilizar os recursos oriundos de transferências do


Orçamento Geral do Estado para cobrir as suas despesas orçamentadas, após es-
gotadas as receitas próprias.

3. A autonomia financeira integra o poder de contrair empréstimos e cré-


ditos de natureza comercial.

4. Os institutos públicos podem dispor de conta bancária própria.

ARTIGO 14.º
(Execução do orçamento)

A execução deve respeitar as regras orçamentais, sendo proibida a reali-


zação de qualquer despesa sem prévia inscrição orçamental ou em montante que
exceda os limites das verbas previstas.

ARTIGO 15º
(Venda de bens e serviços)

1. No âmbito das suas atribuições, podem os institutos públicos vender


serviços a outras entidades públicas ou privadas.

2. A alienação de património mobiliário e imobiliário carece de autoriza-


ção do Ministério das Finanças.

347
ARTIGO 16.º
(Responsabilidade por actos financeiros)

A prática de actos financeiros, em violação do disposto no presente di-


ploma e das leis gerais sobre a matéria, faz incorrer os seus autores em responsa-
bilidade disciplinar, civil, financeira ou criminal que ao caso couber.

ARTIGO 17.º
(Prestação de contas)

1. Anualmente, com referência a 31 de Dezembro de cada ano, serão sub-


metidos aos órgãos competentes do Ministério das Finanças, com conhecimento
da entidade de tutela, os seguintes documentos de prestação de contas:

a) relatório anual de actividades;


b) conta anual de gerência, instruído com o parecer do Conselho Fiscal;
c) balancetes mensais e trimestrais.

2. no âmbito da prestação de contas, deverá ainda ser observada o princí-


pio a que se refere a parte final da alínea c) do nº 1 do artigo 10.º do presente di-
ploma.

ARTIGO 18.º
(Sujeição ao Tribunal de Contas)

Os institutos públicos estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas.

CAPITULO III
Meios de Tutela e Superintendência

ARTIGO 19.º
(Princípio)

Os institutos públicos estão sujeitos à tutela e superintendência do Go-


verno.

ARTIGO 20.º
(Órgão competente)

Os poderes a que se refere o número anterior são da competência do mem-


bro do Governo que superintenda a área de actividade principal em que se inte-
gra o instituto.

ARTIGO 21.º
(Conteúdo da tutela e superintendência)

1. O exercício da actividade de tutela integra os poderes para:

348
a) aprovar o plano e o orçamento anual proposto pelo instituto;
b) acompanhar e avaliar os resultados da actividade do instituto;
c) conhecer e fiscalizar a actividade financeira do instituto;
d) suspender, revogar e anular, nos termos da lei, os actos dos órgãos pró-
prios de gestão que violem a lei ou sejam considerados inoportunos e in-
convenientes para o interesse público.

2. O poder a que se refere a alínea c) do número anterior não inclui o de


dar ordens quanto às decisões concretas a tomar para a realização das atribuições
ou comissões dos institutos públicos.

3. A superintendência exercida sobre o instituto traduz-se na faculdade


que assiste ao Governo de:

a) definir as grandes linhas e os objectivos da actividade dos institutos pú-


blicos;
b) designar os dirigentes dos institutos públicos;
c) indicar as metas, objectivos, estratégias e critérios de oportunidade po-
lítico-administrativa, com enquadramento sectorial e global na admi-
nistração pública e no conjunto das actividades económicas, sociais e
culturais do País;
d) aprovar o estatuto de pessoal e o plano de carreiras do pessoal do qua-
dro, bem como a tabela salarial dos que não estejam sujeitos ao regime
da função pública;
e) autorizar a criação de representações locais.

CAPITULO IV
Constituição

ARTIGO 22.º
(Criação)

1. O instituto público é criado por decreto do Conselho de Ministros, sob


proposta fundamentada do membro do Governo que superintenda a área em que
o organismo se integra.

2. Anexo ao diploma de criação do instituto deve constar o respectivo Es-


tatuto Orgânico que, obrigatoriamente, deve conter:

a) natureza;
b) atribuições;
c) órgãos;
d) competências;
e) estrutura interna;
f) regime e quadro de pessoal.
349
3. O Estatuto Orgânico do instituto é publicado no Diário da República,
anexo ao diploma de criação.

4. O preâmbulo do diploma de criação deve obrigatoriamente fazer refe-


rência à verificação do pressuposto a que se refere a alínea b) do artigo 24º ou o
seu afastamento por força do nº 3 do mesmo artigo.

ARTIGO 23.º
(Pressuposto de criação)

1. O instituto público só pode ser criado, verificados que sejam cumulati-


vamente, os seguintes pressupostos:

a) racionalidade orgânica;
b) as suas receitas próprias provisionais atinjam pelo menos 25% das des-
pesas totais.

2. A verificação do pressuposto a que se refere a alínea b) do número an-


terior deverá ser demonstrada através do estudo e viabilidade financeira.

3. O disposto na alínea b) do n.º 1 poderá ser afastado em função de razões


poderosas de interesse público, expressamente reconhecidas no decreto do Con-
selho de Ministros que cria o instituto público.

ARTIGO 24.º
(Cessação do regime de autonomia financeira)

1. A não verificação do pressuposto previsto na alínea b) do nº 1 do artigo


anterior durante dois anos consecutivos, determinará, nos casos em que a auto-
nomia financeira não tenha sido reconhecida nos termos do nº 3 do mesmo artigo,
a cessão do respectivo regime de autonomia financeira.

2. A determinação a que se refere o número anterior será feita com base no


exercício dos anos anteriores e será efectivada mediante Decreto Executivo con-
junto do Ministro das Finanças e do membro do Governo que tutela o respectivo
instituto, devendo:

a) reconhecer ao organismo em causa apenas a autonomia administrativa,


desde que a mesma não tenha implicações financeiras;
b) determinar a extinção do organismo, integrando de modo adequado, as
respectivas funções do organismo num serviço integrado do Estado já
existente ou a criar.

350
CAPITULO V
Orgânica

SECÇÃO I
Órgãos

ARTIGO 25.º
(Princípio geral)

Os órgãos e serviços do instituto público devem ser mais adequados à rea-


lização do objecto específico e fins públicos para o qual foi criado.

ARTIGO 26.º
(Órgãos de gestão)

1. O instituto público integra os seguintes órgãos de gestão:

a) Director Geral;
b) Conselho Directivo;
c) Conselho Fiscal.

2. A título facultativo e desde que se mostre necessário em razão da natu-


reza do instituto, poderá ser criado um Conselho Técnico Consultivo, ou Conse-
lho Científico.

3. O Conselho Técnico Consultivo ou Conselho Científico é um órgão de


programação e acompanhamento de actividades de apreciação e consulta técnica
sobre as tarefas essenciais do instituto.

4. A nível local e sempre que as necessidades funcionais o justificarem,


podem ser criadas representações locais, sob a forma de departamentos provin-
ciais ou serviços locais, nos termos das normas estabelecidas no presente di-
ploma.

5. Em casos excepcionais devidamente justificados pela dimensão e espe-


cificidade do objecto dos institutos públicos poderão ser criados Conselhos de
Administração em substituição do Conselho Directivo.

SECÇÃO II
Director Geral

ARTIGO 27.º
(Provimento)

1. O Director Geral é o órgão executivo singular de gestão permanente do


instituto público, provido pelo titular do organismo de tutela, em comissão de ser-
viço.

351
2. O Director Geral deverá ser escolhido de entre técnicos nacionais com
conhecimentos de gestão.

3. O Director Geral é coadjuvado por um ou dois directores gerais-adjun-


tos, aos quais poderão ser conferidas competências específicas, no âmbito do Es-
tatuto Orgânico ou do regulamento Interno do Instituto.

ARTIGO 28.º
(Competência)

Ao Director Geral compete, nomeadamente:

a) propor a executar os instrumentos de gestão provisional e os regula-


mentos internos que se mostrarem necessários ao funcionamento dos
serviços;
b) superintender todos os serviços do instituto orientando-os na realização
das suas atribuições;
c) elaborar, na data estabelecida por lei, o relatório de actividades e as con-
tas respeitantes ao ano anterior, submetendo-os à aprovação do Conse-
lho Directivo;
d) submeter à tutela e ao Tribunal de Contas o relatório e as contas anuais,
devidamente instruídos com o parecer do Conselho Fiscal;
e) propor à tutela a nomeação e exoneração do director geral-adjunto e dos
representantes provinciais;
f) exercer os poderes gerais de gestão financeira e patrimonial.

SECÇÃO III
Conselho Directivo

ARTIGO 29.º
(Competência)

O Conselho Directivo é o órgão deliberativo colegial permanente ao qual


compete, nomeadamente:

a) aprovar os instrumentos de gestão provisional e os documentos de pres-


tação de contas do instituto;
b) aprovar a organização técnica e administrativa, bem como os acompa-
nhamentos internos;
c) proceder ao acompanhamento sistemático da actividade do instituto, to-
mando as providências que as circunstâncias exigirem.

ARTIGO 30.º
(Composição)

O Conselho Directivo integra os seguintes elementos:

352
a) Director Geral que o preside;
b) Directores gerais-adjuntos, designados pelo titular do organismo de tutela;
c) Até três vogais, designados pelo titular do organismo de tutela;
d) Chefes de departamento do instituto.

SECÇÃO IV
Conselho Fiscal

ARTIGO 31.º
(Natureza e competência)

1. O Conselho Fiscal é o órgão de controlo e fiscalização ao qual cabe ana-


lisar e emitir parecer de índole financeira e patrimonial relacionado com a vida do
instituto público, nomeadamente:

a) emitir, na data legalmente estabelecida, parecer sobre as contas anuais,


relatório de actividades e a proposta de orçamento privativo do instituto;
b) emitir parecer sobre o cumprimento das normas reguladoras da activi-
dade do instituto;
c) proceder à verificação regular dos fundos existentes e fiscalizar a es-
crituração da contabilidade.

2. O presidente do Conselho Fiscal é designado pelo Ministério das Fi-


nanças.

ARTIGO 32.º
(Composição)

O conselho Fiscal é composto por um presidente e dois vogais, sendo um


designado pelo titular do organismo de tutela e um pelo Ministro das Finanças,
em representação da Direcção Nacional de Contabilidade, devendo ser um perito
contabilista.

CAPITULO VI
Estrutura Interna

ARTIGO 33.º
(Princípios)

1. A estrutura interna dos institutos públicos deve pautar-se pelos princí-


pios da racionalidade, proporcionalidade, objectividade e flexibilidade.

2. A flexibilidade referida no número anterior tem como limite, do ponto


de vista da estrutura, a adequada correspondência, quer em termos de nível, quer em
termos de número entre as unidades orgânicas e as áreas diferenciadas de actuação.
353
ARTIGO 34.º
(Funções comuns)

1. As funções comuns ligadas aos recursos humanos, orçamento, finan-


ças, informática, património e relações públicas devem, em regra, estar integra-
das num único departamento de administração e serviços gerais.

2.As funções de assessoria jurídica, cooperação internacional, gestão de in-


formação e documentação, devem estar integradas no gabinete de apoio ao di-
rector geral.

3. O chefe de gabinete de apoio ao director geral é equiparado a chefe de


departamento.

4. Excepcionalmente, as funções a que se refere o número anterior pode-


rão ser integradas em estruturas orgânica autónomas sempre que a natureza e a
missão do instituto assim exigirem.

ARTIGO 35.º
(Serviços executivos)

1. Os serviços executivos dos institutos públicos estruturam-se interna-


mente em:

a) departamentos;
b) secção.

2. Excepcionalmente e caso a complexidade e as exigências funcionais o


justifiquem, a estrutura dos serviços internos dos institutos públicos poderá ser a
seguinte:

a) departamento;
b) divisão;
c) secção.

3. Em cada instituto público só deverão ser criados até três departamentos.

4. Cada departamento deve ter o máximo de duas secções.

CAPITULO VII
Pessoal

ARTIGO 36.º
(Regime geral)

1. O pessoal do quadro do instituto público ficará sujeito ao regime jurí-


dico da função pública.

354
2. O pessoal não integrado no quadro do instituto público ficará sujeito ao
regime jurídico do contrato de trabalho.

ARTIGO 37.º
(Recrutamento)

O recrutamento do pessoal dos institutos públicos é feito pelos órgãos pró-


prios de direcção e de gestão dos mesmos, nos termos da legislação que a cada
caso for aplicável.

ARTIGO 38.º
(Remuneração)

É permitido aos institutos estabelecer remuneração suplementar para o seu


pessoal, desde que disponham de receitas próprias que o permitam e cujos termos
e condições sejam aprovados mediante Decreto Executivo conjunto dos Ministros
de tutela, das Finanças e da Administração Pública, Emprego e Segurança Social.

CAPITULO VIII
Disposições Finais e Transitórias

ARTIGO 39.º
(Adequação)

1. Os institutos públicos que possuam diplomas orgânicos aprovados , de-


verão, no prazo de 120 dias a contar da data da publicação do presente diploma,
proceder a sua respectiva adequação.

2. A adequação prevista no número anterior deverá ser aprovada por De-


creto Executivo conjunto dos Ministros de tutela, das Finanças e da Administra-
ção Pública, Emprego e Segurança Social.

ARTIGO 40.º
(Cessão da autonomia financeira)

O regime de autonomia administrativa e financeira dos institutos públicos


existentes à data da entrada em vigor do presente diploma e que não tenham ob-
tido receitas próprias correspondentes a 25% ou 35% das despesas totais nos anos
económicos de 2001 e 2002 cessará com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2004.

ARTIGO 41.º
(Regime subsidiário)

Em tudo o que não seja expressamente regulado no presente diploma,


aplica-se o disposto nos respectivos estatutos, na orgânica dos serviços públicos
centrais e locais da administração do Estado e na lei geral em vigor no País.

355
ARTIGO 42.º
(Extinção)

Nos diferentes institutos públicos são extintas as unidades orgânicas não


enquadráveis na estrutura interna prevista no presente diploma.

ARTIGO 43.º
(Dúvidas)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente


diploma serão resolvidas por decreto do Conselho de Ministros.

ARTIGO 44.º
(Revogação)

É revogado o Decreto-Lei n.º 1/01, de 24 de Maio.

ARTIGO 45.º
(Entrada em vigor)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 21 de Maio


de 2003.

Publique-se.

O Primeiro Ministro,
Fernando da Piedade Dias dos Santos

Promulgado aos 14 de Agosto de 2003.

O Presidente da República
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

356
2005

TRIBUNAL DE CONTAS

RESOLUÇÃO Nº 1/05
DE 9 DE MAIO
(D.R. Nº 55/05 – 1ª SÉRIE)

Aprova vários princípios a observar na admissão, selecção, promoção,


reforma e mobilidade dos funcionários ou agentes administrativos
para a função pública
Resolução nº 1/05
de 9 de Maio

O Tribunal de Contas foi oficialmente informado pelos Ministérios da Ad-


ministração Pública, Emprego e Segurança Social e das Finanças, de quotas de
vagas que couberam a cada órgão da administração central e local do Estado, de
acordo com as condições e procedimentos de elaboração e gestão dos quadros de
pessoal da administração pública, previstas no Decreto-Lei nº 5/02, de 1 de Fe-
vereiro.

Considerando que as quotas atribuídas não se circunscrevem apenas aos ser-


viços públicos da administração central e local, como também aos institutos pú-
blicos e outros que estão sujeitos à jurisdição do Tribunal de Contas;

Considerando igualmente que o provimento dos lugares passa necessaria-


mente, em primeira instância, pela realização de concurso de acesso nos termos
do artigo 20º da Lei nº 17/90, de 29 de Outubro, do artigo 7.º do Decreto nº 22/91
de 22 de Junho, do artigo 9.º do Decreto nº 24/91 de 29 de Junho e do Decreto nº
2/94, de 18 de Fevereiro;

Considerando ainda, que os candidatos que vierem a ser seleccionados de-


vem ser providos provisoriamente por um período de três anos, nos termos do De-
creto nº 22/96, de 23 de Agosto;

Nestes termos e em observância as normas consagradas no artigo 8.º da Lei


nº 5/96, de 12 de Abril e disposições da alínea c), nº 1 do artigo 6.º da mesma lei,
o Tribunal de Contas, em sessão plenária realizada aos 4 de Maio de 2005, deli-
berou aprovar a seguinte resolução:

1. A admissão, selecção, promoção, reforma e mobilidade dos funcioná-


rios públicos ou agentes administrativos para a função pública devem ser feitas
nos termos dos nºs. 1,2 e 3 do Decreto nº 8/05, de 11 de Março;

2. Os gestores e os responsáveis dos recursos humanos de todos os servi-


ços da administração central e local bem como os institutos e estabelecimentos pú-
blicos devem observar rigorosamente todas as normas já referenciadas na presente
resolução;
3. Os diplomas, despachos, contratos e outros documentos relacionados com
a mobilidade de pessoal deverão ser remetidos ao Tribunal de Contas para efei-
tos de visto nos termos da lei.

O Plenário do Tribunal de Contas, em Luanda, aos 4 de Maio de 2005.

O Presidente do Tribunal,
JULIÃO ANTÓNIO.

359
2007

MINISTÉRIO
DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, EMPREGO
E SEGURANÇA SOCIAL

DECRETO EXECUTIVO Nº 95/07,


DE 17 DE AGOSTO
(D.R. Nº 99/07 – 1ª SÉRIE)

Simplifica os procedimentos para admissão aos concursos


públicos de ingresso à função pública
Decreto executivo nº 95/07
de 17 de Agosto
Considerando a necessidade de simplificar os procedimentos para admis-
são aos concursos públicos de ingresso à função pública, nos termos da Resolu-
ção nº 93/06, de 29 de Novembro, que aprova as Medidas de Revitalização do Pro-
grama de Reforma Administrativa;

Fazendo uso do regime de excepção previsto no nº 1 do artigo 16.º do De-


creto nº 22/91, de 22 de Julho, sobre a possibilidade de alguns documentos para
candidatura poderem ser declarados temporariamente dispensáveis;

Nos termos das disposições combinadas da alínea j) do nº 3 do artigo 4.º


do Decreto-Lei nº 8/07, de 4 de Maio e do nº 3 do artigo 114.º da Lei Constitu-
cional, determino:

Artigo 1.º - Na fase de apresentação de candidatura para o concurso público


de ingresso, o total de documentos exigidos aos candidatos é reduzido a três, de-
signadamente:

a) requerimento dirigido ao titular do órgão;


b) fotocópia do Bilhete de Identidade;
c) fotocópia do documento de habilitações literárias.

Art. 2.º - Não obstante a simplificação referida no artigo anterior, os can-


didatos devem ser diligentes na obtenção dos documentos necessários, enquanto
aguardam pela publicação dos resultados do concurso.

Art. 3.º - Os candidatos admitidos devem, sob pena de desclassificação, no pra-


zo de 45 dias úteis a contar da data da publicação dos resultados, apresentar aos com-
petentes serviços do organismo em que concorreram os documentos enumerados no
nº 2 do artigo 5º do Decreto nº 25/91, de 29 de Julho, nomeadamente, certidão de nas-
cimento, atestado médico, certificado de registo criminal, documento de habilitações
literárias, declaração sobre o compromisso de honra e documento militar.

Art. 4.º - As medidas de simplificação constantes no presente diploma apli-


cam-se aos concursos públicos de ingresso em todos os organismos da Adminis-
tração Central e Local do Estado, assim como aos serviços que exercem funções
materialmente administrativas.
Art. 5.º - O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Publique-se.

Luanda, aos 1 de Agosto de 2007.

O Ministro,
ANTÓNIO DOMINGOS PITRA COSTA NETO

363
2008

CONSELHO DE MINISTROS

DECRETO Nº 6/08,
DE 10 DE ABRIL
(D.R. Nº 65/08 – 1ª SÉRIE)

“Admite a título excepcional a contratação de cidadãos nacionais com mais


de 35 anos de idade cujas qualificações académica e profissional adquiridas
no País ou no estrangeiro satisfaçam a demanda do sector público”
Decreto nº 6/08
de 10 de Abril

Os esforços de reconstrução nacional colocam inúmeros desafios quer ao


sector público, quer aos sectores empresariais público e privado, pelo que se con-
sidera recomendável a criação de condições jurídicas e institucionais para absor-
ver do mercado de trabalho pessoal técnico qualificado com formação académi-
ca e experiência profissional adquiridas no País ou no estrangeiro;
Para o efeito, urge também a necessidade de se proceder alterações no re-
gime jurídico de ingresso na função pública para permitir, a título excepcional, a
admissão ou a contratação de cidadãos nacionais cujas qualificações académicas
e profissionais satisfaçam a demanda do sector público, mas que possuem idade
superior a prevista no Decreto nº 25/91, de 29 de Junho;
Nos termos das disposições combinadas da alínea d) do artigo 112.º e do
artigo 113.º, ambos da Lei Constitucional, o Governo decreta o seguinte:

ARTIGO 1.º
(Regime excepcional de ingresso)

1. Podem ser admitidos na função pública, a título excepcional, cidadãos


nacionais com mais de 35 anos de idade, mediante contrato individual de traba-
lho, que reúnam um dos seguintes pressupostos:

a) ter obtido formação especializada durante ou após o cumprimento do ser-


viço militar obrigatório e mediante apresentação de documento com-
provativo do serviço competente do Ministério da Defesa Nacional, que
controla os efectivos em situação de reserva;
b) ter experiência profissional comprovada e formação superior qualifica-
da em especialidades em que manifestamente existam carências de téc-
nicos na função pública;
c) ter vivido no exterior do País e ter formação média ou superior ou ex-
periência profissional comprovada.

2. Só serão admitidos, nos termos previstos no presente diploma, cidadãos


nacionais que possuam o grau de licenciatura, bem como o nível médio técnico
profissional para os casos da alínea a) do número anterior.

3. O regime de excepção previsto neste diploma não invalida o requisito do


limite de idade para nova admissão previsto no Decreto nº 25/91, de 29 de Junho.

ARTIGO 2.º
(Natureza do contrato)

1. A relação de emprego resultante da aplicação do artigo anterior rege-se


com base na Lei nº 2/00, de 11 de Fevereiro – Lei Geral do Trabalho e demais le-
gislação aplicável.

367
2. Às regras de promoção, regime disciplinar, avaliação de desempenho,
bem como as situações relativas ao funcionamento e à actividade do serviço pú-
blico, aplica-se o regime jurídico da função pública.

ARTIGO 3.º
(Categorias)

Para efeitos de enquadramento é atribuída a categoria do regime de carreira


estabelecido para o sector respectivo, tendo em conta a formação e eventuais es-
pecializações, bem como a experiência profissional do candidato.

ARTIGO 4.º
(Avaliação de aptidões)

1. A admissão por contrato, nos termos aqui definidos, não dispensa a rea-
lização de avaliação documental prévia para certificação de conhecimentos e da
habilidade profissional.

2. A avaliação referida no número anterior é simplificada e deve ser ajus-


tada à natureza do contrato a ser celebrado e às funções a desempenhar.

ARTIGO 5.º
(Vaga no quadro)

1. A contratação nos termos do presente decreto depende da existência de


vaga no quadro de pessoal.

2. Os trabalhadores admitidos com base em contrato individual de trabalho


ocupam lugares no quadro de pessoal comum ou especial e as respectivas categorias
são atribuídas com base em critérios estabelecidos no artigo 3.º do presente diploma.

3. Os cidadãos admitidos por contrato individual de trabalho transitam para


o quadro de pessoal dos organismos em que estiverem enquadrados e adquirem
o estatuto de funcionário público, após cinco anos consecutivos de bom desem-
penho, nos termos da legislação em vigor.

ARTIGO 6.º
(Dever de informação)

1. Sem prejuízo do controlo externo, as admissões mediante contrato in-


dividual de trabalho, nos termos do presente decreto, devem ser dadas a conhe-
cer ao titular que tem a seu cargo a administração pública, para os órgãos centrais
e ao titular responsável pelo sector da administração local para os respectivos ór-
gãos locais.

2. Compete à Inspecção da Função Pública proceder à fiscalização das ad-


missões previstas no presente diploma e emitir um relatório anual sobre a maté-
ria, sem prejuízo da actuação dos demais órgãos de inspecção sectorial.

368
ARTIGO 7.º
(Natureza transitória do diploma)

Este decreto tem vigência de cinco anos a contar da data da sua publica-
ção, ficando automaticamente revogado após este período.

ARTIGO 8.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presen-


te diploma são resolvidas pelo Conselho de Ministros.

ARTIGO 9.º
(Entrada em vigor)

O presente decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 13 de Feve-


reiro de 2008.

Publique-se.

O Primeiro Ministro,
Fernando da Piedade Dias dos Santos.

Promulgado aos 27 de Março de 2008.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

369
2010

ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 3/10,
DE 29 DE MARÇO
(D.R. Nº 57/10, 1ª SÉRIE)

DA PROBIDADE PÚBLICA
Lei nº 3/10
de 29 de Março

“Da Probidade Pública”

O exercício de funções na administração do Estado, nas diversas formas


de administração pública e nos demais poderes públicos exige que sejam respei-
tados os deveres de lealdade, de imparcialidade, de probidade e outros de natu-
reza profissional e pública, que estão consagrados, de modo disperso, em diver-
sos diplomas em vigor na República de Angola;

Convindo acolher e sistematizar, em legislação específica, as normas que


consagram os deveres, as responsabilidades e as obrigações dos servidores pú-
blicos na sua prestação e assegurar a moralidade, a imparcialidade e a probida-
de públicas;

Nestes termos, ao abrigo das disposições combinadas da alínea b) do arti-


go 161.º e da alínea d) do nº 2 do artigo 166.º, ambos da Constituição da Repú-
blica de Angola, a Assembleia Nacional aprova a seguinte:

LEI DA PROBIDADE PÚBLICA

CAPITULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

A presente lei estabelece as bases e o regime jurídico relativo à moralida-


de pública e ao respeito pelo património público, por parte do agente público.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. A presente lei aplica-se a todas as actividades de natureza pública.

2. Integram, igualmente, o âmbito material da presente lei as actividades


de entidades não públicas, singulares ou colectivas, circunstancialmente investi-
das de poderes públicos.

3. Estão abrangidos pela presente lei todo o agente público como tal defi-
nido pela presente lei.

ARTIGO 3.º
(Princípios sobre o exercício de funções públicas)

A agente público deve, na sua actuação, pautar-se pelos seguintes princípios:

373
a) princípio da legalidade;
b) principio da probidade pública;
c) principio da competência;
d) principio do respeito pelo património público
e) principio da imparcialidade;
f) principio da prossecução do interesse público;
g) principio da responsabilidade e da responsabilização do titular, do ges-
tor, do responsável e do funcionário ou trabalhador;
h) principio da urbanidade;
i) principio da reserva e da discrição;
j) principio da parcimónia;
k) princípio da lealdade às instituições e entidades públicas e aos superio-
res interesses do Estado.

ARTIGO 4.º
(Princípio da legalidade)

O agente público deve, na sua actuação, observar estritamente a Constituição


e a lei.

ARTIGO 5.º
(Princípio da probidade pública)

A agente público pauta-se pela observância de valores de boa administra-


ção e honestidade no desempenho da sua função, não podendo solicitar ou acei-
tar, para si ou para terceiro, directa ou indirectamente, quaisquer presentes, em-
préstimos, facilidades ou quaisquer ofertas que possam pôr em causa a liberdade
da sua acção, a independência do seu juízo e a credibilidade e autoridade da ad-
ministração pública, dos seus órgão e serviços.

ARTIGO 6.º
(Principio da competência)

No exercício das suas funções o agente público e a entidade pública devem


pautar-se e assumir-se o mérito, o brio e a eficiência como critérios mais eleva-
dos de profissionalismo público.

ARTIGO 7.º
(Princípio do respeito pelo património público)

No exercício das suas funções o agente público deve abster-se da prática


de actos que lesem o património do Estado ou de actos susceptíveis de diminuir
o seu valor, tais como o desvio, a apropriação, o esbanjamento e a delapidação dos
bens das entidades públicas de que tenha a guarda, em virtude do cargo, do man-
dato, da função, da actividade ou do emprego.

374
ARTIGO 8.º
(Principio da imparcialidade)

A agente público deve tratar de forma imparcial os cidadãos com os quais


entra em relação, devendo merecer o mesmo tratamento no atendimento, no en-
caminhamento e na resolução das suas pretensões ou interesses legítimos, obser-
vando, sempre, com justeza, ponderação e respeito o princípio da igualdade jurí-
dica de todos os cidadãos perante a Constituição e a lei.

ARTIGO 9.º
(Princípio da prossecução do interesse público)

O agente público deve exercer as suas funções exclusivamente ao serviço


do interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos
dos cidadãos.

ARTIGO 10.º
(Princípio da responsabilidade e da responsabilização)

O exercício das suas funções o agente público pugna pela lealdade e pela
transparência funcionais e é responsável pelo sucesso, pelo insucesso, pela lega-
lidade e pela ilegalidade da actividade a seu cargo e compromete-se em servi-la
para bem dos interesses gerais da comunidade.

ARTIGO 11.º
(Princípio da urbanidade)

No exercício das suas funções o agente público deve actuar com urbani-
dade, nas suas relações com os cidadãos.

ARTIGO 12.º
(Princípio da reserva e da discrição)

No exercício das suas funções o agente público deve usar da maior reser-
va e discrição, de modo a evitar a divulgação dos factos e das informações de que
tenha conhecimento, sendo-lhe vedado o uso dessas informações em proveito pró-
prio ou de terceiro.

ARTIGO 13.º
(Princípio da parcimónia)

No exercício da suas funções o agente público deve agir com equilíbrio,


ponderação, moderação, cautela e precaução na utilização dos recursos postos à
sua disposição.

375
ARTIGO 14.º
(Princípio da lealdade)

No exercício das suas funções o agente público deve desempenhar, com leal-
dade, as actividades e as missões definidas superiormente, no respeito escrupu-
loso à lei e às ordens legítimas dos seus superiores hierárquicos.

CAPITULO II
Sujeitos e Serviços

ARTIGO 15.º
(Agente público)

1. Considera-se agente público a pessoa que exerce mandato, cargo, em-


prego ou função em entidade pública, em virtude de eleição, de nomeação, de con-
tratação ou de qualquer outra forma de investidura ou vínculo, ainda que de modo
transitório ou sem remuneração.

2. Para efeitos da presente lei são agentes públicos, nomeadamente, as se-


guintes entidades:

a) os membros do Executivo;
b) os Deputados à Assembleia Nacional;
c) os magistrados judiciais e do Ministério Público de todos os tribunais,
sem excepção;
d) os membros da Administração Central do Estado;
e) os membros dos governos provinciais, das administrações municipais e
comunais;
f) os gestores, responsáveis e funcionários ou trabalhadores da administração
pública central e local do Estado
g) os gestores, responsáveis e funcionários dos tribunais e da Procurado-
ria Geral da República;
h) os gestores de património público afectos às Forças Armadas Angolanas
e à Polícia Nacional, independentemente da sua qualidade;
i) os gestores, responsáveis e funcionários ou trabalhadores dos institutos
públicos, dos fundos ou das funções públicas, das empresas públicas e
das empresas participadas pelo Estado;
j) os titulares, responsáveis e funcionários ou trabalhadores das autarquias
locais, das associações públicas e das entidades que recebem subvenção
de órgão público;
k) os titulares, responsáveis e funcionários ou trabalhadores das instituições
de utilidade pública;
l) os gestores, responsáveis e trabalhadores de empresas privadas investi-
das de funções públicas mediante concessão, licença, contrato ou outros
vínculos contratuais;
m) os funcionários públicos, agentes administrativos e trabalhadores dos
sectores públicos-administrativo e empresarial, integrados na adminis-
tração directa ou indirecta do Estado, bem como na administração au-
tónoma ou independente.
376
ARTIGO 16.º
(Direitos do agente público)

O agente público, dependendo da função que exerça, goza cumulativa ou


parcialmente dos seguintes direitos:

a) imunidade, nos termos da lei respectiva;


b) notificação antecipada da cessação do cargo;
c) audiência prévia, no caso de procedimento disciplinar;
d) direito a progressão ou promoção na carreira, nos termos da lei.

ARTIGO 17.º
(Deveres do agente público)

1.A consciência e a postura de bem servir, com eficiência e rigor, devem


constituir uma referência obrigatória na actividade do agente público, quer perante
os cidadãos quer perante entidades públicas ou privadas.

2. No exercício das suas funções, o agente público deve observar os seguintes


deveres:

a) qualidade na prestação do serviço público;


b) isenção e imparcialidade;
c) cortesia e informação;
d) dedicação, zelo, autoformação, aperfeiçoamento e actualização;
e) reserva e discrição;
f) parcimónia;
g) solidariedade e cooperação;
h) lealdade.

3. O agente público deve recusar qualquer tratamento de favor ou de situação


que implique privilégio ou vantagem injustificada a cidadãos ou entidades colectivas
públicas ou privadas.

4. Na sua relação os demais servidores públicos, o agente público deve aca-


tar as ordens dos seus legítimos superiores, com disciplina e respeitar os seus su-
bordinados.

ARTIGO 18.º
(Recebimento de ofertas)

1. O agente público não deve, pelo exercício das suas funções, beneficiar,
directamente ou por interposta pessoa, de ofertas por parte de entidades singula-
res ou colectivas, de direito angolano ou estrangeiro.

2. São incluídos na proibição estabelecida no número anterior todos os mó-


veis, imóveis e serviços que, pela sua natureza e valor, possam, de algum modo,
afectar ou vir a afectar a integridade e a postura de exemplar isenção do agente
público mo desempenho das suas funções, nomeadamente:
377
a) dinheiro, em moeda nacional ou estrangeira, independentemente do valor;
b) imóveis ou quaisquer trabalhos de reparação, manutenção ou beneficiação
destes;
c) viaturas, embarcações e outros meios de transporte;
d) mobiliários, electrodomésticos e demais apetrechos do lar;
e) abastecimento regular ou intermitente de bens alimentares;
f) férias pagas;
g) as ofertas que, pela sua natureza e valor pecuniário, sejam susceptíveis
de comprometer o exercício das suas funções com a lisura requerida e
sejam lesivas à boa imagem do Estado;

3. É permitido, ao agente público, o recebimento de ofertas nas seguintes


situações:

a) bens que, pela sua natureza, podem ser imediatamente integrados no pa-
trimónio do Estado e demais pessoas colectivas públicas ou encaminhado
pelo agente público, para benefício das colectividades;
b) ofertas que se enquadram na prática protocolar e não sejam lesivas à boa
imagem do Estado e demais pessoas colectivas públicas;
c) presentes por ocasião de datas festivas, nomeadamente aniversário, ca-
samento, dia da família e ano novo, desde que adequados, no seu valor
e natureza, à respectiva data.

4. Em circunstância alguma os presentes ou as ofertas referidos no núme-


ro anterior devem abranger as ofertas previstas no nº 2 do presente artigo.

ARTIGO 19.º
(Serviços de interesse público)

1. O agente público exerce as suas funções ao serviço do Estado e prosse-


gue, sempre, a satisfação dos interesses gerais dos cidadãos.

2. A actuação do agente público deve fundar-se em considerações objec-


tivas, orientadas para o interesse comum, a margem de qualquer outro factor que
exprima ou favoreça posições pessoais, familiares, corporativas ou quaisquer ou-
tras que colidam com o interesse público.

ARTIGO 20.º
(Eficiência dos serviços)

1. O agente público deve exercer as respectivas competências, tarefas e mis-


sões com vista à eficiência dos serviços.

2. O agente público deve evitar o descuido, a negligência e comportamento


que prejudiquem o cumprimento das suas tarefas.

378
ARTIGO 21.º
(Utilização dos meios adstritos ao serviço público)

1. O agente público deve proteger e conservar os bens públicos, devendo


abster-se de utilizar instalações, veículos e serviços em benefício particular.

2. Os recursos, os meios técnicos e o material gastável devem ser utiliza-


dos para o desempenho das tarefas da instituição.

3. O agente público deve fazer uma racional utilização dos bens que lhe são
facultados, evitar desperdícios e não permitir que qualquer outra pessoa deles se apro-
veite, à margem do fim que lhes foi destinado, no cumprimento da missão pública.

ARTIGO 22.º
(Tempo de decisão)

1. O agente público deve tomar a decisão no tempo requerido para a sua


adequada realização, com respeito aos prazos legais.

2. Na prossecução do interesse público o agente público deve tratar os as-


suntos com diligência, evitando demoras e atrasos injustificados na decisão, na res-
posta ou na comunicação da petição, solicitação ou requerimento.

3. Constitui falta grave, passível de responsabilidade disciplinar e civil do


agente público:

a) retardar ou deixar de praticar, injustificadamente, actos em condições-


normalmente exigidas;
b) revelar factos relacionados com procedimentos ou processos em apre-
ciação, salvo nos casos de cumprimento do princípio do arquivo aberto;
c) recusar ou retardar a divulgação de actos públicos susceptíveis de pu-
blicidade.

CAPÍTULO III
Actos de Improbidade

ARTIGO 23.º
(Improbidade pública)

São actos de improbidade pública as acções ou as omissões do agente pú-


blico contrárias à moralidade administrativa e ao respeito pelo património público.

ARTIGO 24.º
(Actos contra os princípios da Administração Pública)

Considera-se acto de improbidade pública atentatório dos princípios da Ad-


ministração Pública qualquer acção ou omissão que viole os deveres de honesti-
dade, imparcialidade, legalidade ou lealdade às instituições, nomeadamente:

379
a) praticar acto com vista a um fim proibido por lei ou por regulamento;
b) retardar ou deixar de praticar acto indevidamente;
c) revelar facto ou circunstância de que tenha conhecimento em razão das
competências ou tarefas e que deva permanecer em segredo;
d) negar publicidade a actos oficiais;
e) frustrar a licitude de concurso público;
f) deixar e prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
g) revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da res-
pectiva divulgação oficial, teor de medida política ou económica capaz
de afectar o preço de mercadoria, de bem ou de serviço ou de ter reper-
cussões de carácter político ou social.

ARTIGO 25.º
(Actos que conduzem ao enriquecimento ilícito)

1. Constitui acto de improbidade pública conducente ao enriquecimento ilí-


cito obter qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida, em virtude do cargo,
do mandato, da função, da actividade ou do emprego do agente público.

Para efeitos do número anterior consideram-se improbidade pública, no-


meadamente, os seguintes actos:

a) receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qual-


quer outra vantagem económica, directa ou indirecta, a título de comis-
são, percentagem, gratificação ou de presente de quem tenha interesse,
directo ou indirecto, que possa ser atingido ou amparado por acção ou
omissão decorrente das atribuições do agente público;
b) obter vantagem económica, directa ou indirecta, para facilitar a aquisição,
a permuta ou a locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser-
viços pela entidade pública por preço superior ao valor de mercado;
c) obter vantagem económica, directa ou indirecta, para facilitar a aliena-
ção, a permuta ou a locação de bem público ou o fornecimento de ser-
viço pela entidade pública por preço inferior ao valor do mercado;
d) utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de en-
tidade pública, bem como o trabalho de servidores públicos, emprega-
dos ou terceiros contratados por entidade pública;
e) obter vantagem económica de qualquer natureza, directa ou indirecta,
para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de
narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra actividade
ilícita ou aceitar promessa de tal vantagem;
f) obter vantagem económica de qualquer natureza, directa ou indirecta, para
fazer declaração falsa sobre mediação ou avaliação em obras públicas
ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualida-
de ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer enti-
dade pública;
g) adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, em-
prego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja des-
380
proporcional à evolução do património ou à renda do agente público;
h) aceitar emprego ou exercer actividade de consultoria para pessoa física ou
jurídica que tenha interesse susceptível de ser atingido ou amparado por
acção ou por omissão decorrente das atribuições do agente público, du-
rante a actividade;
i) obter vantagem económica de qualquer natureza, directa ou indirectamente,
para omitir acto de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
j) Integrar, no seu património, de forma ilícita, bens, rendas, verbas ou va-
lores pertencentes ao acervo patrimonial de entidade pública;
k) Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial de entidade pública;
l) Obter vantagem económica para intermediar a disponibilização ou a apli-
cação de verba pública de qualquer natureza.

ARTIGO 26.º
(Actos que causam prejuízo ao património público)

1. Constitui acto de improbidade pública, que prejudica o património públi-


co, a acção ou a omissão negligente ou culposa que provoque perda patrimonial, des-
vio, apropriação, esbanjamento ou delapidação dos bens das entidades públicas.

2. Para efeitos do número anterior consideram-se de improbidade pública,


nomeadamente, os seguintes actos:

a) facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a integração no património


particular de pessoa física ou jurídica, bens, rendas, verbas ou valores in-
tegrantes do acervo patrimonial de entidade pública;
b) permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial de en-
tidade pública, sem a observância das formalidades legais ou regula-
mentares aplicáveis;
c) permitir ou facilitar a aquisição, a permuta ou a locação de bem ou ser-
viço por preço superior ao do mercado;
d) permitir ou facilitar a alienação, a permuta ou a locação de bem integrante
do património de entidade pública ou, ainda, a prestação de serviço por
esta, por preço inferior ao do mercado;
e) realizar operação financeira sem a observância das normas legais ou re-
gulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inadmissível;
f) conceder beneficio administrativo ou fiscal sem a observância das for-
malidades legais ou regulamentares aplicáveis;
g) violar as regras legais sobre concursos em matéria de contratação pública;
h) ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas por lei ou
regulamento;
i) permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículo, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à dis-
posição de qualquer entidade pública;
j) permitir que se recorra, em obra ou serviço particular, ao trabalho de ser-
vidor público, empregado ou terceiro contratado por entidade pública;
381
k) permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro enriqueça ilicitamente;
l) disponibilizar verba pública sem a observância das normas em vigor ou
influir, de qualquer forma, para a sua aplicação indevida ou ilegal.

CAPÍTULO IV
Garantias de Probidade e Sanções

ARTIGO 27.º
(Declaração de bens)

1. O exercício de funções pública está sujeito à declaração dos direitos, ren-


dimentos, títulos, acções ou de qualquer outra espécie de bens e valores, locali-
zados no País ou no estrangeiro, conforme modelo anexo, que constituem o pa-
trimónio privado das seguintes entidades:

a) titulares de cargos políticos providos por eleições ou por nomeação;


b) magistrados judiciais e do Ministério Público, sem excepção;
c) gestores e responsáveis da Administração Central e Local do Estado;
d) gestores de património público afecto às Forças Armadas Angolanas e à
Polícia Nacional, independentemente da sua qualidade;
e) gestores e responsáveis dos institutos públicos, dos fundos ou fundações
públicas e das empresas públicas;
f) titulares dos órgãos executivos e deliberativos autárquicos.

2. A declaração de bens deve ser actualizada a cada dois anos.

3. As falsas declarações por dolo ou negligência, as omissões e a falta de


declaração de bens equivalem a falsas declarações perante autoridade pública, sus-
ceptíveis de responsabilização política, disciplinar e criminal.

1. É punido com pena de demissão ou destituição, sem prejuízo de outras


sanções previstas por lei, o agente público que se recuse a prestar declaração de
bens, no prazo determinado por lei;

2. A declaração de bens é apresentada em envelope fechado e lacrado, até


30 dias após a tomada de posse, junto da entidade que exerce poder de direcção,
de superintendência ou de tutela, que a remete, no prazo de oito dias úteis, ao Pro-
curador Geral da República;

3. O Procurador Geral da República é o fiel depositário da declaração de


bens, à qual apenas é permitido acesso, por mandato judicial, sempre que, no âm-
bito de um processo crime e/ou disciplinar e administrativo ou outras razões, de
fortes indícios de ilícitos criminais e/ ou administrativos o justifiquem;

4. As informações e os dados contidos na declaração de bens, bem como


em denúncia por acto de improbidade, são considerados elementos sob segredo
de justiça, estando o seu desrespeito, por qualquer forma, sujeito à correspondente
processo criminal e disciplinar.

382
ARTIGO 28.º
(Impedimento do agente público)

1. O agente público está impedido de intervir na preparação, na decisão e


na execução dos actos e contratos, nos seguintes casos:

a) quando tenha interesse directo ou como representante de outra pessoa;


b) quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse
seu cônjuge ou parente na linha recta ou até ao segundo grau da linha co-
lateral, bem como com quem viva em comunhão de mesa e habitação;
c) quando exerça actividades privadas, incluindo de carácter profissional
ou associativo, que se relacionem directamente com órgão ou entidade
ao qual prestem serviço;
d) quando, por si ou por interposta pessoa singular ou colectiva, exerça uma
actividade profissional de assessoria sob a dependência de serviços de
entidades privadas ou particulares, em assuntos em que deva intervir ou
haja intervido por razão da sua qualidade de agente público;
e) quando, em qualquer tipo de contrato, assuntos, operação ou activida-
de, se aproveite de tal circunstância para preparar ou facilitar qualquer
forma de participação, directa ou por interposta pessoa.

2. A violação das normas sobre impedimento, por acção ou omissão negli-


gente ou dolosa, dá lugar à responsabilização política, disciplinar e criminal.

ARTIGO 29.º
(Escusa e arguição de impedimento)

1. Sempre que se verifique causa de impedimento em relação a qualquer


agente público, este é obrigado a comunicar imediatamente o facto.

2. Qualquer interessado pode requerer a declaração de impedimento, enquanto


não for proferida a decisão definitiva, praticado o acto ou celebrado o contrato.

ARTIGO 30.º
(Obrigações ao cessar funções)

1. Após cessar funções o agente público deve estar disponível para a pas-
sagem de pastas.

2. O agente público deve, no prazo máximo de 60 dias, proceder à resti-


tuição do material, dos equipamentos e dos meios da instituição que, por força da
função, estiveram ao seu dispor.

383
ARTIGO 31.º
(Reintegração patrimonial e sanções)

1. Sem prejuízo das correspondentes sanções penais ou de outra natureza


prevista na lei, o responsável pelo acto de improbidade sujeita-se as seguintes co-
minações:

a) para a hipótese do artigo 24.º, ressarcimento integral do dano, se hou-


ver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a
cinco anos, pagamento de multa de até 100 vezes o valor da remunera-
ção percebida pelo agente e proibição de contratar com entidades públicas
ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, directa ou
indirectamente, ainda que por intermédio de pessoa colectiva da qual seja
sócio maioritário, pelo prazo de três anos;
b) para a hipótese prevista no artigo 25.º, perda dos bens ou valores acres-
cidos ilicitamente ao seu património, ressarcimento integral do dano, se
houver, perda da função pública, pagamento de multa de até três vezes
o valor do acréscimo patrimonial ilícito e proibição de contratar com en-
tidades públicas ou receber incentivos ou benefícios fiscais ou creditícios,
directa ou indirectamente, ainda que por intermédio de pessoa colecti-
va da qual seja sócio maioritário, pelo prazo de 10 anos;
c) para a hipótese do artigo 26.º, ressarcimento integral do dano, perda dos
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao património, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
de cinco a oito anos, pagamento de multa de até duas vezes o valor do
dano e proibição de contratar com entidades públicas ou de receber be-
nefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, directa ou indirectamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio maiori-
tário, pelo prazo de cinco anos.

2. Para efeitos das alíneas a) e b), na determinação dos valores ilicitamente


acrescidos ao património, deve atender-se aos bens titulados pelo agente por in-
terposta pessoa.

3. Na fixação da indemnização e sanções previstas no nº 1 do presente ar-


tigo, o juiz deve ter em consideração a extensão do dano causado e o proveito pa-
trimonial obtido pelo agente.

ARTIGO 32.º
(Aspectos processuais)

1. Qualquer pessoa, singular ou colectiva, pode participar, ao Ministério Pú-


blico ou a entidade administrativa, factos que revelem improbidade, para que seja
instaurada a respectiva investigação, após o apuramento de indícios da eventual
veracidade dos factos.

2. A participação deve ser escrita ou reduzida termo, assinada e conter:

384
a) identidade do participante;
b) as informações sobre o facto e sua presumível autoria;
c) a indicação das provas de que tenha conhecimento.

3. O Ministério Público pode vir a conhecer, oficiosamente, dos actos de


improbidade, ainda que a participação não sirva para promover qualquer investi-
gação por falta dos elementos previstos no número anterior.

4. Tendo sido instaurada a investigação para apuramento de actos de im-


probidade, o Ministério Público pode dar conhecimento, ao Tribunal de Contas,
da existência do correspondente processo, podendo o Tribunal de Contas indicar
representante para o acompanhar junto do Ministério Público.

5. Havendo fundados indícios de responsabilidade por actos de improbi-


dade pode o Ministério Público requerer ao Tribunal competente, nos termos da
lei civil, o decretamento do arresto dos bens, incluindo o congelamento de con-
tas bancárias do provável agente ou de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente
ou causado dano ao património público.

6. O Tribunal deve proferir decisão sobre o requerimento do Ministério Pú-


blico, nos termos do número anterior, no prazo máximo de 20 dias, devendo o Mi-
nistério Público promover, de forma célere, a investigação, propondo a acção prin-
cipal no prazo máximo de 60 dias, sob pena de caducar a providência cautelar.

CAPITULO V
Crimes Cometidos por Agente Público

ARTIGO 33.º
(Prevaricação)

O agente público que contra o que esteja legalmente estatuído, conduza ou de-
cida um processo em que intervenha, no exercício das suas funções, com a intenção
de prejudicar ou beneficiar alguém, é punido com prisão maior de dois a oito anos.
.
ARTIGO 34.º
(Denegação do poder disciplinar)

O agente público que, no exercício das suas funções, se recuse a exercer


o poder disciplinar que lhe caiba, nos termos das suas competências, é punido com
prisão e multa correspondente.

ARTIGO 35.º
(Não acatamento ou recusa de execução de decisão judicial)

O agente público que, no exercício das suas funções, não acate ou se opo-
nha à execução de decisão judicial transitada em julgado, que lhe caiba por dever
de cargo, é punido com prisão e multa correspondente.

385
ARTIGO 36.º
(Violação de normas de execução do plano e orçamento)

O agente público a quem, por dever do seu cargo, incumba o cumprimen-


to de normas de execução do plano ou do orçamento e, voluntariamente, as vio-
le é punido com prisão, quando:

a) contraia encargos não permitidos por lei;


b) autorize ou promova operação de tesouraria ou alterações orçamentais
proibidas por lei;
c) dê, ao dinheiro público, um destino diferente daquele a que esteja le-
galmente afectado.

ARTIGO 37.º
(Enriquecimento sem causa)

O agente público que, no exercício das sua funções, aproveitando-se de erro


de outrem, receba, para si ou para terceiro, taxas, emolumentos ou outros valores
não devidos ou superiores aos devidos, é punido de acordo com o valor indevi-
damente recebido, nos termos do artigo 473º do Código Civil.

ARTIGO 38.º
(Emprego de força pública contra a lei)

O titular de cargo de responsabilidade que, sendo competente em razão das


suas funções para requisitar ou ordenar o emprego de força pública, requisitar ou
ordenar esse emprego para impedir a execução de alguma lei, mandado regular de
justiça ou de ordem de autoridade pública é punido com pela de prisão maior de
dois a oito anos.

ARTIGO 39.º
(Abuso de poder)

O titular de cargo de responsabilidade que, abusando dos poderes que a lei


lhe confere ou violando os deveres inerentes às funções ou por qualquer fraude,
obtenha para si ou para terceiro, um benefício ilegítimo ou cause prejuízo a enti-
dade pública ou privada é punido com prisão e multa correspondente, se pena mais
grave não couber por força de outra disposição legal.

ARTIGO 40.º
(Denúncia caluniosa)

Havendo participação ou denúncia que se verifique ter sido feita com o co-
nhecimento da falsidade dos factos participados com a intenção de comprometer
ou de lesar a consideração e o bom-nome do denunciado ou, com negligência, o
denunciante é punido com prisão de três a 18 meses e suspensão dos direitos po-
líticos, sem prejuízo de indemnizar o denunciado pelos danos materiais, morais
ou à imagem que haja provocado.

386
ARTIGO 41.º
(Responsabilidade civil)

1. O Estado e as demais pessoas colectivas públicas, através dos seus ór-


gãos ou serviços a que esteja vinculado o agente público, respondem solidariamente
com este pelas perdas e danos causados a terceiros.

2. As pessoas colectivas públicas gozam do direito de regresso contra o agen-


te público, pelas indemnizações pagas nos termos do número anterior.

3. A absolvição, pelo tribunal criminal, não extingue o dever de indemni-


zação, que pode ser pedida em tribunal cível.

ARTIGO 42.º
(Exclusão da responsabilidade disciplinar)

1. É excluída a responsabilidade disciplinar do agente público que actue no


cumprimento de ordens ou de instruções emanadas de legítimo superior hierárquico
em matéria de serviço se delas tenha reclamado ou exigido a sua transmissão ou
confirmação.

2. Considerando ilegal a ordem recebida, o agente público faz menção des-


se facto ao reclamar ou ao pedir a sua transmissão ou confirmação.

3. Quando a ordem seja dada com menção de cumprimento imediato a co-


municação do agente público é efectuada após a execução da ordem.

4. Cessa o dever de obediência sempre que o cumprimento das ordens ou


instruções implique a prática de crime.

CAPÍTULO VI
Disposições Finais

ARTIGO 43.º
(Revogação de legislação)

Fica revogada a Lei nº 22/90, de 22 de Dezembro (Lei Sobre a Disciplina Es-


tatal), a Lei nº 13/96, de 31 de Maio (Lei Orgânica que Estabelece o Regime Jurí-
dico e o Estatuto Remuneratório dos Membros do Governo), o Decreto nº 23/90, de
6 de Outubro ( Sobre as Regalias Patrimoniais dos Dirigentes) e o Decreto nº 24/90,
de 6 de Outubro ( que Regulamenta o Recebimento de Pequenas Ofertas a Mem-
bros do Governo) e demais legislação que contrarie o disposto na presente lei.

ARTIGO 44.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e aplicação da pre-


sente lei são resolvidas pela Assembleia Nacional.

387
ARTIGO 45.º
(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor 90 dias após a data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 5 de Março


de 2010.

O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo Kassoma.

Promulgada em 25 de Março de 2010.

Publique-se.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

388
ANEXO
Modelo de declaração de bens a que se refere o artigo 27 da Lei da Probi-
dade Pública.

Eu, (nome, estado civil, profissão ou função, residência, titular do Bilhe-


te de Identidade nº……………, emitido em…………., aos………….), tendo sido
nomeado para o exercício das funções de………………………, declaro, por mi-
nha honra e para efeitos do disposto no artigo 27 da Lei da Probidade Pública, que
sou proprietário do seguinte:

1. Bens imóveis 2. Bens móveis 3. Bens semoventes 4. Dinheiro 5. Títulos 6. Acções


A) No País A) No País A) No País A) No País A) No País A) No País
..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

B) No estrangeiro B) No estrangeiroB) No estrangeiro B) No estrangeiro B) No estrangeiro B) No estrangeiro


..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

..................................... ..................................... .......................................... ................................. .................................... ..................................

Local e data

Assinatura legível do declarante

389
ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 10/10,
DE 30 DE JUNHO
( D.R. Nº 121/10 – 1ª SÉRIE)

Alteração da Lei nº 9/95, de 15 de Setembro – Lei das Empresas Pública


Lei nº 10/10
de 30 de Junho

A aprovação da Constituição da República de Angola, de 5 de Fevereiro


de 2010, trouxe um conjunto de alterações ao funcionamento dos órgãos do Es-
tado e define que o Presidente da República exerce o Poder Executivo.

Significa que as competências, em matéria administrativa, que estavam a


cargo do Governo passam para o Presidente da República, trazendo consigo con-
sequências funcionais.

Não existindo o Governo nem o Conselho de Ministros com competências


decisórias, cabe ao Presidente da República assumir tais funções ao abrigo da nova
realidade constitucional.

Tendo em conta que a lei nº 9/95, de 15 de Setembro – Lei das Empresas


Pública, deve ser conformada a nova realidade constitucional, a fim de tornar fun-
cional a administração pública ao novo contexto político administrativo.

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do Povo, nos termos da alí-


nea b) do artigo 161.º da Constituição da República de Angola, a seguinte:

LEI DE ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9/95,


DE 15 DE SETEMBRO – LEI DAS EMPRESAS PÚBLICAS.

ARTIGO 1.º

O artigo 2.º da Lei nº 9/95, de 15 de Setembro, Lei das Empresas Públi-


cas, passa a ter a seguinte redacção:

ARTIGO 2.º

a) Os direitos do estado como accionista e proprietário são exercidos pelo De-


partamento Ministerial responsável pelas Empresas Públicas, por delega-
ção de poderes do Titular do Poder executivo, em conformidade com as orien-
tações estratégicas referidas no número seguinte e mediante a prévia coor-
denação sectorial estabelecida com os ministros responsáveis pelo sector.
b) Sob proposta do Departamento Ministerial responsável pelas Empresas
Públicas e do Ministro responsável pelo sector, o Titular do Poder Exe-
cutivo define as orientações estratégicas relativas ao exercício da fun-
ção accionista nas Empresas Públicas, as quais podem envolver metas
quantificadas e a celebração de contratos e programas entre o Estado e
as Empresas Públicas que vai reflectir-se nos contratos de gestão a ce-
lebrar com os gestores.

393
ARTIGO 3.º

A alínea a) do artigo 34.º da Lei nº 9/95, de 15 de Setembro, Lei das Em-


presas Públicas, passa a ter a seguinte redacção:

ARTIGO 34.º
(Iniciativa)

À iniciativa de constituição de uma empresa pública cabe:

a) ao Presidente da República, sob proposta do Ministro que tutela o ramo


de actividade, para as empresas de grande dimensão.

ARTIGO 3.º

O nº 1 do artigo 37.º da lei nº 9/95, de 15 de Setembro, Lei das Empresas


Públicas, passa a ter a seguinte redacção:

ARTIGO 37.º
(Criação)

5. As empresas de grande dimensão são criadas por Decreto Presidencial.

ARTIGO 4.º

Os nºs. 1,2 e 5 do artigo 45.º da Lei nº 9/95, de 15 de Setembro, Lei das


Empresas Públicas, passa a ter a seguinte redacção:

ARTIGO 45.º
(Conselho de Administração)

a) O Conselho de Administração é o órgão de gestão e de administração


da empresa, sendo composto por até 11 administradores, executivos ou não exe-
cutivos, em função da dimensão da empresa.
b) Nas empresas de grande dimensão, os membros do Conselho de Ad-
ministração são nomeados e exonerados pelo Presidente da República, após apre-
ciação em Conselho de Ministros.
c) ( ).
d) ( ).
e) O mandato do Conselho de Administração é de três anos, renovável por
uma ou mais vezes, continuando o exercício de funções até a efectiva substitui-
ção ou declaração de cessação de funções.

ARTIGO 5.º

É revogada toda a legislação que contrarie a presente lei.

394
ARTIGO 6.º

A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 27 de Maio


de 2010.

O Presidente em exercício da Assembleia Nacional,


João Manuel Gonçalves Lourenço.

Promulgada em 18 de Junho de 2010.

Publique-se.

O Presidente da república,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

395
ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 11/10,
DE 30 DE JUNHO
( D.R. Nº 121/10 – 1ª SÉRIE)

“Sobre o regime jurídico e o estatuto remuneratório dos titulares


da função executiva do Estado”
Lei nº 11/10
de 30 de Junho

Com a entra em vigor da Constituição da República de Angola, em 5 de


Fevereiro de 2010, impõe-se a necessidade de se adequar o regime jurídico e o es-
tatuto remuneratório dos titulares da função executivo do Estado.

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos da alí-


nea b) do artigo 161.º e da alínea d) do nº 2 do artigo 166.º, ambos da Constitui-
ção da república de Angola, a seguinte:

LEI SOBRE O REGIME JURÍDICO


E O ESTATUTO REMUNERATÓRIO DOS
TITULARES DA FUNÇÃO EXECUTIVA DO ESTADO

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

A presente lei estabelece o regime jurídico e o estatuto remuneratório dos


titulares da função executiva do estado.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. A presente lei aplica-se aos titulares de cargos políticos, membros do po-


der executivo, designadamente o Vice-Presidente da República, os Ministros de
Estado, os Ministros, o Secretário do Conselho de Ministros, os governadores Pro-
vinciais, os Secretários de Estado, os Vice-Ministros, o Secretário-Adjunto do Con-
selho de Ministros e os Vice-Governadores Provinciais.

2. Exceptua-se da aplicação da presente lei o Presidente da República, en-


quanto titular do Poder Executivo.

CAPÌTULO II
Direito Remuneratório e Beneficiários

SECÇÃO I
Remuneração dos Titulares da
Função Executiva do Estado

ARTIGO 3.º
(Direito a remuneração)

1. Os titulares dos cargos políticos previstos na presente lei têm os seguintes


direitos:

399
a) vencimento-base mensal;
b) suplementos;
c) prestações sociais.

6. Os suplementos referidos na alínea b) do número anterior integram:

a) o subsídio de renda de casa;


b) o abono para as despesas de representação;
c) o subsídio de férias;
d) o subsídio de natal;
e) as ajudas de custo;
f) o subsídio de instalação;
g) o subsídio de manutenção de residência.

7. As prestações sociais referidas na alínea c) do nº 1 integram:

a) o abono de família;
b) as prestações complementares de abono de família;
c) o subsídio de funeral;
d) o subsídio de morte;
e) o subsídio de atavio.

4. As modalidades e as condições de atribuição das prestações sociais re-


feridas no número anterior são as definidas na legislação sobre a protecção social
obrigatória.

ARTIGO 4.º
(Outros direitos)

1. Além dos direitos mencionados no artigo anterior os titulares de cargos


políticos têm direito à viatura oficial e à subvenção mensal vitalícia por incapa-
cidade e por morte, nos termos das disposições da presente lei e demais legisla-
ção aplicável.

2. Os titulares da função executiva do estado e respectivos cônjuges têm


direito, em cada ano civil, a um bilhete de passagem aérea de ida e volta, em pri-
meira classe, para um único destino no exterior do País ou o equivalente para o
interior do País.

400
SECÇÃO II

Remuneração e Outros Direitos dos Titulares


da Função Executiva do estado e Equiparados

ARTIGO 5.º
(Vice-Presidente da República)

Ao Vice-Presidente da República cabem as remunerações e demais direi-


tos abaixo enumerados:

a) vencimento-base mensal, correspondente a 90% do vencimento do Pre-


sidente da República;
b) abono para despesas de representação, no valor de 55% do respectivo
vencimento-base;
c) frota de viaturas e residência oficial, nos termos da legislação aplicável;
d) pessoal de apoio e de serviço, a definir por diploma próprio.

ARTIGO 6.º
(Ministros de Estado)

Aos ministros de Estado cabem as remunerações e os demais direitos adian-


te enumerados:

a) vencimento-base mensal, correspondente a 80% do vencimento do Pre-


sidente da República;
b) abono para despesas de representação, no valor de 50% do respectivo
vencimento-base;
c) uma viaturas protocolar;
d) uma viatura de apoio à residência;
e) pessoal de apoio e de serviço, a definir por diploma próprio.

ARTIGO 7.º
(Ministros)

1. Aos Ministros cabem as remunerações e os demais direitos adiante enu-


merados:

a) vencimento-base mensal, correspondente a 75% do vencimento do Pre-


sidente da República;
b) abono para despesas de representação, no valor de 45% do respectivo
vencimento-base;
c) uma viaturas protocolar;
d) uma viatura de apoio à residência;
e) pessoal de apoio e de serviço, a definir por diploma próprio.

2. Para efeitos da presente lei, os cargos de secretário do Conselho de mi-


nistros e de Governador Provincial são equiparados a ministros.

401
ARTIGO 8.º
(Secretários de Estado)

1. Aos secretários de estado cabem as remunerações e os demais direitos


adiante enumerados:

a) vencimento-base mensal, correspondente a 70% do vencimento do Pre-


sidente da República;
b) abono para despesas de representação, no valor de 40% do respectivo
vencimento-base;
c) uma viaturas protocolar;
d) uma viatura de apoio à residência;
e) pessoal de apoio e de serviço, a definir por diploma próprio.

2. Para efeitos da presente lei, os cargos de Vice-Ministros, o Secretário-


Adjunto do Conselho de Ministros e os Vice-Governadores Provinciais são equi-
parados a secretários de Estado.

SECÇÃO III
Subvenções Mensais Vitalícias

ARTIGO 9.º
(Subvenções mensais vitalícias)

1. A subvenção mensal vitalícia é atribuída ao titular do cargo político que


tenha exercido o cargo durante oito ou mais anos, consecutivos ou interpolados.

2. A subvenção mensal vitalícia referida no número anterior é fixada em


75% do vencimento mensal correspondente ao cargo em que o titular tenha sido
mais remunerado.

3. Quando o beneficiário da subvenção perfaça 60 anos de idade ou se en-


contre incapacitado permanentemente, a percentagem referida no número anterior
passa a ser de 85%.

4. A subvenção mensal vitalícia é automaticamente actualizada, nos termos


da actualização do vencimento-base do seu cálculo.

ARTIGO 10º
(Suspensão da subvenção mensal vitalícia)

1. A subvenção mensal vitalícia deve ser imediatamente suspensa, se o res-


pectivo titular reassumir a função ou o cargo que esteve na base da sua atribuição.

2. A subvenção mensal vitalícia deve ser igualmente suspensa, se o respectivo


titular alguma das funções previstas nos nºs. 1 e 2 do artigo 2.º da presente lei.

3. A subvenção mensal vitalícia é, ainda, suspensa sempre que o respecti-

402
vo titular assuma o cargo político não incluído no número anterior e pelo qual au-
fira remuneração mensal não inferior à subvenção.

ARTIGO 11.º
(Cumulação de pensões)

1. A subvenção mensal vitalícia prevista no artigo 9.º é cumulável com a


pensão de reforma a que o respectivo titular tenha, igualmente, direito.

2. O tempo de exercício de cargos políticos é contado para efeitos de re-


forma.

3. O processamento da subvenção mensal vitalícia é feito pelo ministério


das Finanças.

ARTIGO 12.º
(Transmissão do direito à subvenção)

Em caso de morte do beneficiário da subvenção mensal vitalícia, conferi-


da pelo artigo 9.º, o valor atribuído é o equivalente a 75% do vencimento do res-
pectivo cargo e montante transmite-se ao cônjuge sobrevivo e aos descendentes
menores ou incapazes e aos ascendentes a seu cargo, mediante requerimento.

ARTIGO 13.º
(Subvenção em caso de incapacidade)

Quando, no decurso do exercício das funções referidas no artigo 2.º da pre-


sente lei ou por causa delas, o titular do cargo se incapacitar física ou psiquica-
mente para o mesmo exercício, tem direito a uma subvenção mensal correspon-
dente a 50% do vencimento do respectivo cargo, enquanto durar a incapacidade.

ARTIGO 14.º
(Subvenção de sobrevivência)

Se, em caso de morte no exercício das funções previstas no artigo 2.º da pre-
sente lei, não houver lugar à atribuição da subvenção mensal vitalícia, prevista no
artigo 9.º, é atribuída, ao cônjuge sobrevivo, aos descendentes menores ou incapazes
e aos ascendentes a seu cargo, uma subvenção mensal de sobrevivência, corres-
pondente a 40% do vencimento do cargo que o falecido desempenhava.

SECÇÃO IV
Descontos

ARTIGO 15.º
(Descontos)

As remunerações e os subsídios percebidos pelos titulares da função exe-


cutiva do estado abrangidos pela presente lei estão sujeitos aos descontos estabe-
lecidos na lei.
403
CAPÍTULO III
Disposições Finais

ARTIGO 16.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e da aplicação da pre-


sente lei são resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 17.º
(Revogação de legislação)

É revogada a Lei nº 13/96, de 31 de Maio e toda a legislação que contra-


rie o disposto na presente lei.

ARTIGO 18.º
(Vigência)

A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 19 de Maio


de 2010.

O Presidente em Exercício da Assembleia Nacional,


João Manuel Gonçalves Lourenço.

Promulgada em 18 de Junho de 2010.

Publique-se.

O Presidente da república,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

404
ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI Nº 17/10,
DE 29 DE JULHO
( D.R. Nº 142/10 – 1ª SÉRIE)

“Da Organização e do Funcionamento dos Órgãos de


Administração Local do Estado”
A Entrada em vigor da Constituição da República de Angola trouxe um con-
junto de alterações relevantes quanto à organização e ao funcionamento da Ad-
ministração Pública em geral.

A aprovação da Constituição da República de Angola implica, necessa-


riamente, a revisão de alguns preceitos legais que regem a organização e a acti-
vidade administrativa do Estado a nível local.

O Decreto-Lei nº 2/07 de 3 de Janeiro, está desajustado, face à actual rea-


lidade constitucional, na área da Administração Local do Estado.

Urge a necessidade de se adequar o quadro organizativo e funcional dos


órgãos da Administração Local do Estado ao novo figurino constitucional.

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos da alí-


nea b) do artigo 161.º da Constituição da República de Angola, a seguinte:

LEI DA ORGANIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS DE


ADMINISTRAÇÃO LOCAL DO ESTADO

TÍTULO I
Organização e Funcionamento

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

A presente lei estabelece os princípios e as normas de organização e de fun-


cionamento dos órgãos da Administração Local do Estado.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

A presente lei aplica-se a todos os órgãos da Administração Local do


Estado.

ARTIGO 3.º
(Princípios)

1. A organização e o funcionamento da Administração Local do Estado re-


gem-se pelos princípios da desconcentração administrativa, da constitucionalidade
e legalidade, da diferenciação, da transparência de recursos, da transitoriedade, da
participação, da colegialidade, da probidade administrativa, da simplificação ad-
ministrativa e da aproximação dos serviços às populações.

2. As relações entre os órgãos centrais e os órgãos locais da Administra-


ção do Estado desenvolvem-se com a observância dos princípios da unidade, da
hierarquia e da coordenação institucional.

407
ARTIGO 4.º
(Definições)

a) Desconcentração administrativa – o processo administrativo através do


qual um órgão da administração Central do Estado transfere poderes a
outro órgão da Administração Local do estado;
b) Constitucionalidade e legalidade – a obrigatoriedade dos órgãos da Ad-
ministração Local do Estado conformarem as suas actividades à Cons-
tituição e à lei;
c) Diferenciação – a organização e o funcionamento dos órgãos da Admi-
nistração Local do Estado podem estar sujeitos a modelos diferencia-
dos, de acordo com a especificidade do desenvolvimento político, eco-
nómico, social, cultural e demográfico das circunscrições territoriais, sem
prejuízo da unidade da acção governativa e da boa administração;
d) Transferência de recursos - o processo que assegura que a desconcen-
tração seja acompanhada da correspondente transferência dos meios hu-
manos, recursos financeiros e de património adequado ao desempenho
da função desconcentrada;
e) Transitoriedade – a fase que implica que, à medida que forem criadas
as autarquias locais, segundo o princípio do gradualísmo, estas passam
a exercer, entre outras, as atribuições e competências correspondentes,
definidas pela presente lei, para os órgãos da Administração Local;
f) Participação – o envolvimento dos cidadãos, de forma individual ou or-
ganizada, na formação das decisões que lhes digam respeito;
g) Colegialidade – as decisões administrativas são tomadas em comum pe-
los titulares do órgão colegial;
h) Probidade – a observância dos valores de boa administração e honesti-
dade no desempenho da sua função;
i) Simplificação administrativa – implica que o funcionamento dos órgãos
da Administração Local do estado, deve tornar fácil a vida dos cidadãos
e das empresas na sua relação administrativa e contribuir para o aumen-
to da eficiência interna dos serviços públicos;
j) Aproximação dos serviços às populações – que a organização e estruturação
dos serviços administrativos desconcentrados obedece a critérios que os tor-
nem acessíveis às populações que a Administração Pública visa servir.

CAPÍTULO II
Funções dos Órgãos da Administração Local do Estado

ARTIGO 5.º
(Representação)

Os órgãos da Administração Local do estado têm a competência de repre-


sentar a Administração Central do Estado a nível local, de exercer a direcção e a
coordenação sobre a generalidade dos serviços que compõem a Administração Lo-
cal e de contribuir para a unidade nacional.

ARTIGO 6.º
(Garantia)

Os órgãos da Administração Local do Estado asseguram, no respectivo ter-

408
ritório, a realização de tarefas e programas económicos, sociais e culturais de in-
teresse local e nacional, com observância da Constituição, das deliberações da As-
sembleia Nacional e das decisões do titular do Poder Executivo.

CAPÍTULO III
Administração Local do Estado

ARTIGO 7.º
(Objectivo)

A Administração local do Estado é exercida por órgãos desconcentrados


da Administração Central e visa, a nível local, assegurar a realização das atribui-
ções e dos interesses específicos da Administração do estado, participar, promo-
ver, orientar o desenvolvimento económico e social e garantir a prestação de ser-
viços públicos na respectiva circunscrição administrativa, sem prejuízo da auto-
nomia do poder local.

ARTIGO 8.º
(Divisão administrativa)

Para efeitos de Administração Local do Estado o território da república de


Angola organiza-se, territorialmente, em províncias e estas em municípios, podendo,
ainda estruturar-se em comunas e em entes territoriais equivalentes, nos termos
da Constituição e da lei.
ARTIGO 9.º
(Categoria dos órgãos da Administração Local do Estado)

1. Os órgãos da Administração Local do Estado classificam-se em órgãos


colegiais e órgãos singulares.
2. São órgãos colegiais:
a) o Governo Provincial;
b) a Administração Municipal;
c) a Administração Comunal.
3. São órgãos singulares:
a) o Governador Provincial;
b) o Administrador Municipal;
c) o Administrador Comunal.

TÍTULO II
Governo Provincial
CAPÍTULO I
Natureza, Atribuições, Competência e Composição
ARTIGO 10º
(Natureza)
1. O Governo Provincial é o órgão desconcentrado da Administração Cen-
tral que visa assegurar a realização das funções do Poder Executivo na Província.
409
2. Na execução das suas competências, o Governador Provincial respon-
de perante o Presidente da República, cabendo ao órgão da Administração Cen-
tral que superintende a Administração Local do Estado coordenar os esforços dos
departamentos ministeriais afins, por forma à estimular e avaliar a execução da po-
lítica do Poder Executivo relativa aos referido domínios, devendo o Governo Pro-
vincial enviar, para o efeito, relatórios periódicos sobre o desenvolvimento polí-
tico, administrativo, económico, social e cultural da Província.

3. Compete ao Governo Provincial executar as políticas definidas secto-


rialmente, nos planos e programas provinciais.

ARTIGO 11.º
(Atribuições)

Cabe ao Governo Provincial promover e orientar o desenvolvimento sócio-


económico, com base nos princípios e nas opções estratégicos definidos pelo Ti-
tular do Poder Executivo e no Plano Nacional, bem como assegurar a prestação
dos serviços públicos da respectiva área geográfica.

ARTIGO 12.º
(Competência)

Compete ao Governo Provincial:

1. No domínio do planeamento e do orçamento:

a) elaborar a proposta de orçamento do Governo Provincial, nos termos da


lei;
b) elaborar planos e programas económicos, nos tipos e nos termos previstos
na lei;
c) acompanhar a execução dos planos e dos programas de investimento pú-
blico, bem como do Orçamento Provincial e elaborar os respectivos re-
latórios, nos termos e para os efeitos previstos na lei;
d) superintender na arrecadação de recursos financeiros provenientes dos
impostos e de outras receitas devidas ao Estado, que são afectados à Pro-
víncia, nos termos da legislação em vigor;
e) elaborar estudos necessários para um melhor conhecimento da realida-
de sócio-económica da Província;
f) constituir bases de dados estatísticos sobre a realidade sócio-económi-
ca da Província;
g) elaborar os programas de desenvolvimento provincial, nos termos da lei;
h) elaborar a carteira provincial de projectos a incluir na carteira nacional
e no Programa de Investimento Público (PIP) e as demais tarefas a si atri-
buídas no âmbito do processo de programação e gestão do investimen-
to público.

2. No domínio do desenvolvimento urbano e do ordenamento do território:

410
a) elaborar e aprovar a proposta de planeamento territorial, nos termos da
lei;
b) elaborar e aprovar projectos urbanísticos e o respectivo loteamento para
as áreas definidas para a construção, nos termos da lei;
c) promover, apoiar e acompanhar o desenvolvimento de programas de auto-
construção dirigida e de habilitação social;
d) autorizar a transmissão ou a constituição de direitos fundiários sobre ter-
renos rurais, agrários ou florestais, nos termos da lei;
e) autorizar a constituição e a transmissão de direitos fundiários sobre ter-
renos urbanos, nos termos da legislação fundiária e do ordenamento do
território;
f) submeter à Administração Central propostas de transferência de terre-
nos do domínio público para o domínio privado do Estado;
g) submeter à Administração Central propostas de concessão de forais aos
centros urbanos que preencham os requisitos legais;
h) observar e fiscalizar o cumprimento do disposto na Lei de terras, na Lei
do Ordenamento do território e nos seus regulamentos.

3. No domínio do desenvolvimento económico local:

a) promover e incentivar iniciativas locais de desenvolvimento empresarial;


b) superintender a gestão de empresas públicas e mistas e de organizações
de utilidade pública de âmbito local, fiscalizando a situação tributária ou
fiscal, bem como a condição social e económica dos trabalhadores;
c) estimular o aumento da produção e da produtividade nas empresas de pro-
dução de bens e de prestação de serviços essenciais, de âmbito local;
d) promover a instalação e a reactivação da indústria para a produção de
materiais de construção, de indústrias agro-pecuárias, alimentares e de
outras para o desenvolvimento da Província.

4. No domínio do desenvolvimento social e cultural:

a) garantir assistência social, educacional e sanitária, contribuindo para a


melhoria da qualidade de vida da população;
b) garantir as condições organizativas e materiais para a Educação Para To-
dos (EPT), a alfabetização e o ensino primário universal;
c) garantir as condições organizativas, materiais e financeiras para a pro-
moção da ciência e da tecnologia, incentivando a estreita colaboração com
o mundo laboral;
d) promover a qualificação e o desenvolvimento dos recursos humanos, a
nível local;
e) promover a educação informal em línguas nacionais através de múlti-
plas modalidades possíveis;
f) criar condições para o desenvolvimento da cultura e das artes, promovendo
a recolha, o estudo e a investigação, a divulgação e a valorização das dis-
tintas manifestações, nas suas múltiplas formas, incluindo as línguas na-
cionais;
g) contribuir para o conhecimento, a preservação e a valorização do patri-
mónio histórico-cultural existente a nível provincial, municipal e comunal,

411
promovendo levantamento e estudos de todo o tipo de estruturas e rea-
lizações, classificadas ou a classificar:
h) promover a criação de infra-estruturas para museus, bibliotecas e casas
de cultura a nível da Província, dos Municípios e das Comunas, bem como
garantir o seu apetrechamento e o franqueamento pelas populações, atra-
vés de programas culturais e educativos, previamente concebidos e de
forma consequente;
i) garantir as condições organizativas e materiais para o desenvolvimento
do desporto e da ocupação dos tempos livres da juventude e da popula-
ção em geral;
j) apoiar e promover a criação de infra-estruturas de recreação e de desporto
e incentivar a prática desportiva;
k) promover campanhas de educação cívica da população.

5. No domínio da segurança pública e da polícia:

a) assegurar a protecção dos cidadãos nacionais e estrangeiros e a propriedade


pública e privada;
b) tomar medidas para o combate à delinquência, à especulação, ao açam-
barcamento, ao contrabando, à sabotagem económica e à vadiagem, bem
como contra todas as manifestações, económico, social e cultural da Pro-
víncia;
c) desenvolver acções de protecção civil e epidemiológica;
d) fazer cumprir as tabelas de preços e margens de lucros fixados pelo Exe-
cutivo, as normas relativas ao comércio, bem como as relativas às trans-
gressões administrativas;

6. No domínio do ambiente:

a) promover medidas tendentes à defesa e à preservação do ambiente;


b) promover acções, campanhas e programas de criação de espaços verdes;
c) promover e apoiar as medidas de protecção dos recursos hídricos, de con-
servação do solo e da água e dos atractivos naturais para fins turísticos,
tendo em conta o desenvolvimento sustentável do turismo;
d) promover o saneamento e o ambiente, bem como a construção de equi-
pamento rural e urbano;
e) promover campanha de educação ambiental;

7. No domínio da coordenação institucional:

a) executar as decisões do titular do Poder Executivo em matéria de inci-


dência local;
b) assegurar a orientação, o acompanhamento e a monitoria das adminis-
trações municipais e comunais e superintender nos institutos públicos e
empresas públicas de âmbito provincial e municipal;
c) acompanhar e cooperar com os institutos públicos e empresas públicas
nacionais, com representação local, nos respectivos programas e planos
de desenvolvimento de actividades, com vista à harmonização das res-
pectivas intervenções;

412
d) assegurar a implementação das deliberações políticas ou estratégicas re-
levo específico para a defesa nacional;
e) colaborar com os órgãos de defesa, segurança e ordem interna, na de-
fesa da integridade de todo o espaço territorial da Provincial, nos termos
da lei;
f) assegurar, em coordenação com os órgãos competentes do processo elei-
toral, a realização do registo eleitoral e das demais actividades legais ine-
rentes às eleições gerais e autárquicas, no âmbito do território da Província;
g) promover, nos termos da lei, iniciativas para a conclusão de acordos ou
protocolos de geminação e cooperação de cidades;
h) assegurar, em coordenação com os órgãos competentes, a aplicação das
matérias relativas à prestação e à garantia dos serviços de justiça às po-
pulações.

ARTIGO 13.º
(Forma do actos)

No exercício das suas funções o Governo Provincial emite resoluções e pos-


turas que são publicadas na II série do Diário da República.

ARTIGO 14.º
(Audiências prévias)

O Governo Provincial deve ser previamente ouvido pelo Poder Executivo


sempre que este pretenda adoptar medidas de política com incidência local.

ARTIGO 15.º
(Composição e reunião)

1. O Governo Provincial é presidido pelo respectivo Governador e integra


os Vice-Governadores, os Delegados e os Directores Provinciais.

2. O Governo Provincial reúne-se de dois em dois meses, em sessão ordi-


nária e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Governador.

3. Os Administradores Municipais e Comunais podem participar, a convite


do Governador, das sessões do Governo Provincial.

4. O Governador Provincial pode, quando julgue necessário, convidar pes-


soas singulares ou colectivas, a participar das sessões do Governo Provincial.

5. Neste domínio aplicam-se, supletivamente, os princípios gerais do Di-


reito Administrativo.

413
CAPÍTULO II
Governador e Vice-Governadores Provinciais

SECÇÃO I
Governador Provincial

ARTIGO 16.º
(Definição)

1. O Governador Provincial é o representante da Administração Central na


respectiva Província, a quem incumbe, em geral, conduzir a governação da Pro-
víncia e assegurar o normal funcionamento dos órgãos da Administração Local do
Estado, respondendo pela sua actividade perante o Presidente da República.

2. O Governador Provincial é coadjuvado, no exercício das suas funções,


por três Vice-Governadores, que respondem pelos seguintes sectores;

a) económico;
b) político e social;
c) serviços técnicos e infra-estruturas.

3. O Governador Provincial atende directamente as seguintes áreas:

a) a coordenação institucional;
b) o orçamento e as finanças;
c) a justiça, a segurança e a ordem pública;
d) a administração pública;
e) o registo eleitoral e o apoio aos processos eleitorais;
f) o recenseamento militar.

4. O Governador Provincial pode delegar poderes nos Vice-Governadores,


para acompanhar, tratar e decidir assuntos relativos à actividade e ao funcionamento
de outras áreas.

ARTIGO 17.º
(Provimento e equiparação)

1. O Governador Provincial é nomeado pelo Presidente da República.

2. O Governador Provincial é equiparado a Ministro, para efeitos protocolares,


remuneratórios e de imunidades.

ARTIGO 18.º
(Posse e cessação de funções)

1. O Governador e os Vice-Governadores Provinciais iniciam as suas fun-


ções com a tomada de posse perante o Presidente da República.

2. Os restantes membros do Governo Provincial iniciam as suas funções


com a tomada de posse perante o Governador Provincial.
414
3. As funções dos membros do Governo Provincial cessam em caso de mor-
te ou de exoneração.

ARTIGO 19.º
(Competência)

Compete ao Governador Provincial:

a) garantir o cumprimento da Constituição e demais diplomas legais;


b) dirigir o Governo Provincial;
c) dirigir a preparação, a execução e o controlo dos programas de Investimen-
tos Públicos e do orçamento da província, bem como supervisionar os programas
e os orçamentos dos escalões inferiores da Administração Local do estado;
d) nomear, exonerar e conferir posse aos Directores Provinciais, ouvido o
Ministro da especialidade;
e) nomear, exonerar e conferir posse aos titulares de cargos de chefia e aos
funcionários do quadro do Governo Provincial;
f) nomear e exonerar os Administradores Municipais, Administradores Mu-
nicipais-Adjuntos, Administradores Comunais e Administradores Co-
munais-Adjuntos;
g) conferir posse aos Administradores Municipais, Administradores Mu-
nicipais-Adjuntos, Administradores Comunais e Administradores Co-
munais-Adjuntos;
h) conferir posse aos funcionários que exercem cargos de chefia e aos de-
mais funcionários do Governo Provincial;
i) pronunciar-se sobre a nomeação e exoneração dos responsáveis dos ins-
titutos públicos e das empresas públicas representados na Província;
j) convocar e presidir às reuniões do Governo Provincial e do Conselho Pro-
vincial de Auscultação e Concertação Social e propor as respectivas agen-
das de trabalho;
k) realizar, regularmente, visitas de acompanhamento e controlo aos Mu-
nicípios e às Comunas;
l) autorizar a realização de despesas públicas, nos termos da lei;
m) avaliar e aprovar, ouvido o Governo Provincial, os projectos de inves-
timento público, nos termos da lei;
n) garantir apoio para a realização das visitas de trabalho dos Deputados
junto dos respectivos círculos eleitorais e instituições da Província;
o) nomear e exonerar os responsáveis dos institutos públicos e das empresas
públicas de âmbito local;
p) promover mecanismos que garantam o diálogo, a colaboração, acom-
panhamento e autonomia das instituições do poder tradicional;
q) promover medidas tendentes à defesa e à preservação do ambiente;
r) assegurar o cumprimento das acções de defesa, de segurança e de ordem
interna;
s) convocar e presidir às reuniões com os órgãos locais ou regionais de de-
fesa, de segurança e de ordem interna;
t) promover mecanismos que garantam a inter-relação, a interdependência
e a coordenação institucional entre a Administração Central e a Admi-
nistração Local, bem como no seio desta;

415
u) controlar a actividade dos Delegados Provinciais, nos termos da lei;
v) promover iniciativas para a conclusão de acordos ou protocolos de ge-
minação e cooperação entre cidades sob sua jurisdição, ouvido o órgão
da Administração Central que superintende a Administração do Terri-
tório, de acordo com a legislação em vigor;
w) exercer as demais funções que lhe sejam superiormente determinadas.

ARTIGO 20.º
(Forma dos actos do Governador Provincial)

Os actos administrativos do Governador Provincial, quando executórios,


tomam a forma de despachos, que são publicados na II série do Diários da repú-
blica e quando sejam instruções genéricas tomam a forma de ordens de serviço,

SECÇÃO II
Vice Governadores

ARTIGO 21.º
(Provimento e equiparação)

1. O Vice-Governador é nomeado pelo Presidente da República, sob pro-


posta do Governador Provincial, ouvido o titular do órgão da Administração Cen-
tral que superintende a Administração do Território.

2. O Vice-Governador é equiparado a Vice-Ministro, para efeitos protocolares,


remuneratórios e de imunidades.

ARTIGO 22.º
(Competência)

1. Ao Vice-Governador para o Sector Económico compete coadjuvar o Go-


vernador Provincial na coordenação e execução das tarefas às seguintes áreas:

a) planeamento organizacional do governo provincial;


b) emprego e segurança social;
c) empresas e institutos públicos de âmbito local;
d) água e energia;
e) recursos naturais;
f) agricultura, pescas, indústria, comércio, hotelaria e turismo;
g) transportes e comunicações.

2. Ao Vice-Governador para o Sector Político e Social, compete coadju-


var o Governador Provincial na coordenação e execução das tarefas ligadas às se-
guintes áreas:

a) saúde, reinserção social, antigos combatentes e veteranos de guerra;


b) educação, alfabetização, cultura e desporto, ciência e tecnologia;
c) habitação;
d) família, promoção da mulher, infância, deficientes e terceira idade;

416
e) sociedade civil;
f) defesa do consumidor.

3. Ao Vice-Governador para os Serviços Técnicos e Infra-Estruturas com-


pete coadjuvar o Governador Provincial na coordenação e execução das tarefas li-
gadas às seguintes áreas:
a) urbanismo, ordenamento do território, saneamento, planeamento e ges-
tão urbana e ordenamento rural;
b) infra-estruturas e obras públicas;
c) ambiente.

4. Por designação expressa um dos Vice-Governadores substitui o Gover-


nador Provincial, nas suas ausências e impedimentos.

5. Os actos administrativos dos Vice-Governadores, sendo delegados, são


executórios e definitivos e tomam a forma de despachos.

6. Os administrativos a que se refere o número anterior tomam a forma de


ordem de serviço, quando se tratem de instruções genéricas.

CAPÍTULO III
Organização em Geral

ARTIGO 23.º
(Estrutura orgânica)

A estrutura orgânica da Província, para efeitos de Administração Local do


Estado compreende os seguintes órgãos e serviços:

1.Órgão executivo.

a) Governo Provincial;

2.Órgãos de apoio consultivo:

a) Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social.

3.Serviços de apoio técnicos:

a) Secretaria do Governo Provincial;


b) Gabinete Jurídico;
c) Gabinete de Inspecção;
d) Gabinete de Estudos e Planeamento.

4.Serviços de apoio instrumental:

a) Gabinete do Governador;
b) Gabinetes dos Vice-Governadores;
c) Centro de Documentação e Informação.

417
5.Serviços desconcentrados do Governo Provincial:

a) Direcções Provinciais.

6. Serviços desconcentrados da Administração Central:


a) Delegações Provinciais.

7.Superintendência:

a) Institutos Públicos de âmbito Provincial;


b) Empresas Públicas de âmbito Provincial.

CAPÍTULO IV
Organização em Especial

SECÇÃO I
Órgão de Apoio Consultivo

ARTIGO 24.º
(Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social)

1. O Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social tem por ob-


jectivo apoiar o Governo Provincial na apreciação e na tomada de medidas de po-
lítica económica e social no território da respectiva Província.

2. Para efeitos de aplicação do nº 1 deste artigo o Conselho Provincial de


Auscultação e Concertação Social deve ser ouvido antes da aprovação do plano
de desenvolvimento provincial, do plano de actividade e do relatório de execução
dos referidos instrumentos.

3. O Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social é presidi-


do pelo Governador Provincial e integra os seguintes membros:

a) Vice-Governadores;
b) Delegados e Directores Provinciais;
c) Administradores Municipais;
d) Representantes provinciais dos Partidos Políticos com assento na As-
sembleia Nacional;
e) Representante das Autoridades Tradicionais;
f) Representantes das Associações Sindicais;
g) Representantes do Sector Empresarial Público e Privado;
h) Representantes das Associações de Camponeses;
i) Representantes das Igrejas reconhecidas por lei;
j) Representantes de organizações não governamentais;
k) Representantes das Associações profissionais;
l) Representantes do Conselho Provincial da juventude.

4. Sempre que se julgue necessário o Governador Provincial pode convi-


dar outras entidades não contempladas no nº 3 do presente artigo.

418
5. Os representantes previstos nas alíneas e) a l) do nº 3 do presente arti-
go participam até ao limite de três membros por cada entidade representada.

6. As competências, a organização e o funcionamento do Conselho Provincial


de Auscultação e Concertação Social são definidas por regulamento interno apro-
vado por resolução do Governo Provincial.

7. O Conselho Provincial de Auscultação e Concertação Social reúne de


quatro em quatro meses em sessão ordinária e, extraordinariamente, sempre que
o Governador Provincial o convoque.

SECÇÃO II
Serviços de Apoio Técnico

ARTIGO 25.º
(Secretaria do Governo Provincial)

A Secretaria do Governo Provincial é o serviço que se ocupa da generali-


dade das questões administrativas, da gestão do pessoal, do património, do orça-
mento, das relações públicas e dos transportes.

ARTIGO 26º.
(Gabinete Jurídico)

O Gabinete Jurídico é o serviço de apoio técnico ao qual cabe realizar a ac-


tividade de assessoria jurídico-legal e de estudos técnico-jurídico.

ARTIGO 27.º
(Gabinete de Inspecção)

O Gabinete de Inspecção é o serviço de apoio técnico ao qual cabe reali-


zar actividades de inspecção aos serviços da Administração Local do Estado.

ARTIGO 28.º
(Gabinete de Estudos e Planeamento)

1. O Gabinete de Estudos e Planeamento é o serviço de assessoria multi-


disciplinar, com funções de elaboração de estudos e análise de matérias com-
preendidas nas atribuições do Governo Provincial, bem como elaborar a consoli-
dação do Orçamento da Província, a incluir no Orçamento Geral do Estado, orien-
tar, coordenar e controlar as actividades de planeamento da respectiva área terri-
torial, acompanhar e controlar a execução dos planos provinciais e zelar pela con-
secução das respectivas metas.

2. O Gabinete de Estudos e Planeamento, no desenvolvimento da sua ac-


tividade, deve ser apoiado técnica e metodologicamente pelo órgão central res-
ponsável na área do planeamento.

419
ARTIGO 29.º
(Regulamento e equiparação)

1. As competências dos serviços de apoio técnico são definidas por regu-


lamento interno aprovado por despacho do Governador Provincial.
2. A Secretaria do Governo Provincial é dirigida por um Secretário do Go-
verno Provincial equiparado a Director Provincial.

3. Os Gabinetes Jurídico, de Inspecção e de Estudos e Planeamento são di-


rigidos por Directores de Gabinetes, equiparados a Director Provincial.

SECÇÃO III
Serviços de Apoio Instrumental

ARTIGO 30.º
(Gabinetes do Governador e Vice-Governadores)

A composição e o regime jurídico do pessoal dos Gabinetes do Governa-


dor e dos Vice-Governadores são estabelecidos por diploma próprio.

ARTIGO 31.º
(Centro de Documentação e Informação)

1. O Centro de Documentação e Informação é o serviço que assegura o apoio


nos domínios da documentação em geral, em especial, da selecção, da elaboração
e da difusão de informações.

2. As competências do Centro de Documentação e Informação são defini-


das por regulamento interno aprovado por despacho do Governador Provincial.

3. O Centro de Documentação e Informação é dirigido por um chefe, com


a categoria de Chefe de Departamento Provincial.

SECÇÃO IV
Serviços Desconcentrados do Governo Provincial

ARTIGO 32.º
(Direcção Provincial)

A direcção Provincial é o serviço desconcentrado do Governo Provincial,


incumbido de assegurar a execução das suas competências específicas.

ARTIGO 33.º
(Direcção e provimento)

1. A Direcção Provincial é dirigida por um Director Provincial, nomeado


por despacho do Governador Provincial, ouvido o Ministro da especialidade.

2. O parecer do Ministro da especialidade é emitido no prazo de 15 dias


contados da data da notificação pelo Governador Provincial.

420
ARTIGO 34.º
(Dependência)

1. A Direcção Provincial depende orgânica, administrativa e funcionalmente


do Governo Provincial.

2. As áreas de especialidade da Administração Central prestam apoio me-


todológico e técnico às Direcções Provinciais, através do respectivo Governador
Provincial.

ARTIGO 35.º
(Regulamento)

A Direcção Provincial rege-se por regulamento interno aprovado por des-


pacho do Governador Provincial.

ARTIGO 36.º
(Estrutura)

As Direcções Provinciais estruturam-se em:

a) Departamentos;
b) Secções, quando necessárias.

ARTIGO 37.º
(Critérios de estruturação)

1. A organização e a segmentação interna dos órgãos da Administração Lo-


cal do Estado podem estar sujeitos a modelos diferenciados, tendo em conta a es-
pecificidade local, a estratégia ou os planos de desenvolvimento local, o grau ou áreas
de desenvolvimento prioritário, tecnologia ou recursos a utilizar, desenvolvimento
demográfico, e racionalidade orgânico-funcional e de recursos organizacionais.

2. As funções administrativas de natureza idêntica ou logicamente rela-


cionadas devem ser agregadas numa mesma unidade organizacional, evitando-se
a excessiva segmentação vertical e horizontal de estruturas.

3. Sem prejuízo do previsto nos números anteriores as relações com os or-


ganismos estatais respeitam o princípio da celeridade e desburocratização.

4. Os estatutos dos Governos Provinciais são aprovados pelo titular do po-


der Executivo no âmbito do seu poder regulamentar.

SECÇÃO V
Serviços Desconcentrados da Administração Central

ARTIGO 38.º
(Delegação Provincial)

1. A Delegação Provincial é o serviço desconcentrado do sector de espe-


cialidade da Administração Central que, na Província, executa as suas competências.

421
2. A nível local as tarefas executivas dos Ministérios do Interior, das Fi-
nanças e da Justiça são representadas por Delegações Provinciais, que não inte-
gram a orgânica dos serviços dos Governos Provinciais.

ARTIGO 39.º
(Direcção)

1. A Delegação Provincial é dirigida por um Delegado Provincial.

2. O Delegado Provincial é nomeado por despacho do Ministro da espe-


cialidade, ouvido o Governador Provincial.

ARTIGO 40.º
(Subordinação)

1. A Delegação Provincial esta sujeita à dupla subordinação e depende or-


gânica, administrativa e metodologicamente do órgão central de especialidade e
funcionalmente do Governo Provincial.

2. A estruturação das Delegações Provinciais é estabelecida em diploma


próprio, aprovado pelo órgão central.

ARTIGO 41.º
(Regulamento)

A Delegação Provincial rege-se por regulamento interno aprovado por des-


pacho do Ministro da especialidade.

SECÇÃO VI
Instituto e Empresas Públicas de Âmbito Provincial

ARTIGO 42.º
(Superintendência)

O Governo Provincial exerce a superintendência sobre os institutos e em-


presas públicas de âmbito provincial.

TÌTULO III
Administração Municipal

CAPÍTULO I
Natureza, Atribuições e Competência da Administração Municipal

ARTIGO 43.º
(Natureza)

1. A Administração Municipal é o órgão desconcentrado da Administra-


ção do Estado na Província, que visa assegurar a realização de funções executi-
vas do Estado no Município.

422
2. Na execução das suas competências a Administração Municipal responde
perante o Governo Provincial.
ARTIGO 44.º
(Atribuições)

À Administração Municipal cabe promover e orientar o desenvolvimento


económico e social e assegurar a prestação de serviços públicos da respectiva área
geográfica de jurisdisção.

ARTIGO 45.º
(Competência)

Compete à Administração Municipal:

1. No domínio do planeamento e do orçamento:

a) elaborar a proposta de Orçamento Municipal na plataforma informática


do Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado, nos termos da lei;
b) elaborar a proposta de Programa de Desenvolvimento Municipal e re-
metê-lo ao Governo Provincial, para aprovação e integração no plano de
desenvolvimento Provincial;
c) supervisionar e coordenar a arrecadação de recursos financeiros prove-
nientes dos impostos, das taxas e de outras receitas devidas ao Estado,
nos termos da lei;
d) garantir a execução do Programa de Desenvolvimento Municipal e dos
planos anuais de actividades da Administração Municipal e submeter os
respectivos relatórios de execução ao Governo Provincial, para efeitos
de monitorização e avaliação;
e) elaborar a proposta de Orçamento da Administração Municipal, nos ter-
mos da legislação competente e remetê-la ao Governo Provincial com
vista a sua integração no Orçamento Geral do Estado;
f) administrar e conservar o património da Administração Municipal;
g) promover e apoiar as empresas e as actividades económicas que fomentem
o desenvolvimento económico e social do Municipal.

2. No domínio do desenvolvimento urbano e do ordenamento do território:

a) elaborar o projecto de Plano Municipal de ordenamento do território e


submetê-lo ao Governo Provincial, para aprovação;
b) organizar os transportes urbanos e suburbanos inter-municipais e inter-
comunais de passageiros e cargas
c) promover o ordenamento e a sinalização do trânsito e estacionamento
de veículos automóveis nos aglomerados populacionais;
d) promover a iluminação, a sinalização rodoviária, a toponímia e os ca-
dastros;
e) apreciar, analisar e decidir sobre os projectos de construção unifamiliar
e outros de pequena dimensão;
f) licenciar terras para diversos fins, nos termos da lei, bem como dinami-
zar, acompanhar e apoiar a auto-construção dirigida;
g) autorizar a concessão de terrenos até mil metros quadrados, bem como

423
observar e fiscalizar o cumprimento do disposto na Lei de Terras e seus
regulamentos.
3. No domínio do apoio ao desenvolvimento económico e social:

a) estimular o aumento da produção e da produtividade nas empresas de


produção de bens e de prestação de serviços no Município;
b) promover e organizar feiras municipais;
c) desenvolver programas de integração comunitária de combate à pobreza;
d) licenciar, regulamentar e fiscalizar a actividade comercial retalhista e de
vendedores ambulantes;
e) assegurar a assistência e a reinserção social, educacional e sanitária, con-
tribuindo para a melhoria das condições de vida da população;
f) preservar os edifícios, monumentos e sítios classificados como património
histórico nacional e os locais históricos situados no território do muni-
cípio;
g) assegurar o desenvolvimento da cultura, do desporto e das artes, incen-
tivando o movimento artístico-cultural a todos os níveis, contribuindo
para o surgimento de novos agentes de promoção de espectáculos e di-
vertimentos públicos;
h) promover a criação de casas de cultura e de bibliotecas municipais e co-
munais, bem como garantir o seu apetrechamento em material biblio-
gráfico;
i) assegurar a manutenção, a distribuição e a gestão da água e da electri-
cidade na sua área de jurisdição, podendo criar-se, para o efeito, empresas
locais;
j) garantir as condições organizativas, materiais e financeiras para a pro-
moção do ensino primário obrigatório e gratuito;
k) promover a construção e a manutenção de escolas primárias, bem como
garantir o seu pessoal docente e administrativo, apetrechamento em mo-
biliário, material didáctico e manuais escolares, nos termos da lei.

4. No domínio de agricultura e do desenvolvimento rural:

a) superintender as estações de desenvolvimento agrário;


b) fomentar a produção agrícola e pecuária;
c) assegurar a aquisição e a distribuição de insumos agrícolas e assistên-
cia aos agricultores e criadores;
d) promover e licenciar unidades agro-pecuárias e artesanal ou industrial,
designadamente aviários, pocilgas, granjas, carpintarias, marcenarias, ser-
ralharias, oficinas de reparações, de canalizações e de electricidade.

5. No domínio da ordem interna e da polícia:

a) assegurar a protecção dos cidadãos nacionais e estrangeiros, bem como


a propriedade pública e privada;
b) tomar medidas de protecção ao consumidor, bem como de combate à es-
peculação e ao açambarcamento;
c) aplicar as disposições contidas na legislação sobre as transgressões ad-
ministrativas.

424
6. No domínio do saneamento e do equipamento rural e urbano:

a) garantir a recolha e o tratamento do lixo, bem como o embelezamento


dos núcleos populacionais;
b) assegurar a gestão, a limpeza e a manutenção de praias e zonas balneares;
c) assegurar o estabelecimento e a gestão dos sistemas de drenagem pluvial;
d) promover a construção, a reparação e a manutenção e gestão de merca-
dos, de feiras e de outros serviços municipais;
e) fomentar a criação, conservação, ampliação, manutenção e gestão e cul-
tura de parques, jardins, zonas verdes, de recreio e a defesa do património
arquitectónico;
f) assegurar o estabelecimento, a manutenção e a gestão de cemitérios mu-
nicipais.

7. No domínio da coordenação institucional:

a) assegurar a orientação, o acompanhamento e a monitoria das Adminis-


trações Comunais e superintender nos institutos públicos e empresas pú-
blicas de âmbito local, com sede no município;
b) assegurar, em coordenação com os órgãos competentes, a realização do
registo eleitoral e demais operações legais inerentes às eleições gerais
e autárquicas;
c) realizar, em coordenação com os órgãos competentes, o recenseamen-
to militar dos cidadãos com 18 anos de idade, residentes na sua área de
jurisdição;
d) realizar, em coordenação com os órgãos competentes, o registo dos re-
servistas moradores na sua área de jurisdição;
e) realizar o registo da técnica auto de transporte e da técnica especial ads-
trita às empresas localizadas na sua área de jurisdição, de acordo com o
que, para o efeito, seja legislado;
f) acompanhar a realização do registo civil dos cidadãos da respectiva área
de jurisdição sob supervisão dos serviços competentes do Ministério da
Justiça, enquanto não houver conservatória ou postos de registo.

ARTIGO 46.º
(Forma dos actos da Administração Municipal)

No exercício das suas funções, a Administração Municipal emite resolu-


ções e posturas que são publicadas na II série do Diário da república.

ARTIGO 47.º
(Audiência prévia)

A Administração Municipal deve ser ouvida, previamente, pelo Governo


Provincial, sempre que este pretenda adoptar medidas de política, com incidên-
cia local.

425
ARTIGO 48.º
(Composição e reunião)

1. A Administração Municipal é presidida pelo Administrador Municipal


e integra o Administrador Municipal-Adjunto e os Chefe de Repartição.

2. A Administração Municipal reúne-se, mensalmente, em sessão ordiná-


ria e, extraordinariamente, sempre que convocada pelo Administrador Municipal.

3. Os Administradores Comunais podem participar nas sessões da Admi-


nistração Municipal, a convite do Administrador Municipal.

4. O Administrador Municipal pode, quando julgue necessário, convidar pes-


soas singulares ou colectivas, a participar das sessões da Administração Municipal.

CAPÍTULO II
Administrador Municipal e Administrador Municipal-Adjunto

SECÇÃO I
Administrador Municipal

ARTIGO 49.º
(Definição)

1. O Administrador Municipal é o representante do Governo Provincial no


Município, a quem incumbe dirigir a Administração Municipal, assegurar o nor-
mal funcionamento dos órgãos da Administração Local, respondendo pela sua ac-
tividade perante o Governador Provincial.

2. O Administrador Municipal é coadjuvado por um Administrador Mu-


nicipal-Adjunto.

3. O Administrador Municipal pode delegar poderes ao Administrador Mu-


nicipal-Adjunto, para acompanhar , tratar e decidir assuntos relativos à activida-
de e ao funcionamento das área que lhe sejam incumbidas.

4. Sempre que por razões de interesse público, das Administrações Muni-


cipais o justifiquem, o Administradores Municipais pode ser coadjuvado por até
dois Administradores Municipais-Adjuntos.

ARTIGO 50.º
(Provimento)

1. O Administrador Municipal é nomeado por despacho do Governador Pro-


vincial, após consulta prévia ao titular do órgão da Administração Central que res-
ponde pela Administração do território.

2. Diploma próprio regula o regime de provimento do cargo de Adminis-


trador Municipal.

426
3. Os Administradores Municipais a serem nomeados devem possuir for-
mação superior ou outra específica adquirida no Instituto de Formação da Admi-
nistração Local ou instituição similar.

ARTIGO 51.º
(Posse e cessação de função)

1. O Administrador Municipal e o Administrador Municipal_Adjunto ini-


ciam as funções com a tomada de posse perante o Governador Provincial, nos ter-
mos da Lei.

2. Os restantes membros da Administração Municipal iniciam as sua fun-


ções com a tomada de posse o Administrador Municipal.

3. As funções dos membros da Administração Municipal cessam com a mor-


te ou exoneração.
ARTIGO 52.º
(Competência)

Ao Administrador Municipal compete:

a) garantir o cumprimento da Constituição e demais diplomas legais;


b) dirigir, orientar e controlar a actividade dos Chefes de Repartição e de
secção Municipais e dos Administrador Comunais;
c) informar, regularmente, ao Governador Provincial sobre a realização de
tarefas e modo de funcionamento da Administração Municipal;
d) decidir sobre questões de recursos humanos da Administração Munici-
pal , nomear empossar e exonerar os titulares de cargo s de chefia dos
diferentes serviços sob sua dependência;
e) convocar as reuniões da Administração Municipal e do Conselho Mu-
nicipal de Auscultação e Concertação Social r propor a respectiva ordem
de trabalhos;
f) auscultar e coordenar, com as autoridades tradicionais , a realização das
acções administrativas junto das populações
g) cumprir e fazer cumprir as normas que regulam questões ligadas ao trân-
sito , ao saneamento básico, a electricidade e estética do traçado geral
e o rigor dos alinhamentos;
h) aprovar os projectos de construção particular e fiscalizar a sua execução;
i) aplicar multas, depois do levantamento do respectivo auto, nos termos
dos regulamentos administrativos;
j) prestar, a toda as autoridades e serviços públicos, o apoio de que necessitam
para o desempenho das suas funções;
k) exercer o controlo sobre o uso das licenças passadas a comerciantes, a
industriais e outros, cuja actividade se justifique;
l) realizar acções que impeçam a destruição da flora e da fauna e que con-
tribuam para a defesa e preservação do ambiente;
m) conceder terrenos nos cemitérios municipais para jazigos e sepulturas
velar pela conservação dos mesmos;
427
n) dinamizar a distribuição de água e de electricidade, nas área sob sua ju-
risdição;
o) emitir alvará de trasladação de restos mortais;
p) exercer outras funções que lhe sejam superiormente determinadas.

ARTIGO 53.º
(Forma dos actos do Administrador municipal)

Os actos administrativos do Administrador Municipal, quando executório,


tomam a forma de despachos, que são publicados na II Série do Diário da Repú-
blica e quando sejam instruções genéricas tomam a forma de ordens de serviço.

SECÇÃO II
Administrador Municipal-Adjunto

ARTIGO 54.º
(Provimento)

1. O Administrador Municipal-Adjunto é nomeado por despacho do Go-


vernador Provincial, ouvido o Administrador Municipal.

2. O regime jurídico do provimento do cargo de Administrador Munici-


pal-Adjunto é regulado por diploma próprio.

3. Os Administradores Municipais-Adjunto a serem nomeados devem pos-


suir formação superior ou outra específica adquirida no Instituto de Formação da
Administração Local ou instituição similar.

ARTIGO 55.º
(Competência do Administrador Municipal-Adjunto)

1. Compete ao Administrador Municipal-Adjunto:

a) coordenar o sector económico , social e produtivo


b) propor, ao Administrador Municipal, medidas que visem melhorar o de-
sempenho da Administração Municipal;
c) substituir o Administrador Municipal nas suas ausências ou impedimentos;
d) exercer outras funções que lhe sejam superiormente, determinadas.

2. Os actos administrativos do Administrador Municipal-Adjunto, sendo


delegados, são executórios e definitivos e tornam a forma de despacho.

3. Os Actos administrativos a que se refere o número anterior tomam a for-


ma de ordem de serviço, quando se tratem de instruções genéricas.

428
CAPÍTULO III
Organização em Geral

ARTIGO 56.º
(Estrutura orgânica)

A estrutura orgânica do Município, para efeitos de Administração Muni-


cipal Local do Estado, compreende os seguintes órgãos e serviços:
1. Órgão executivo.

a) Administração Municipal

2. Órgão de apoio consultivo

a) Conselho Municipal de Auscultação e Concertação social.

3. Serviços de apoio técnico:

a) Secretaria da Administração Municipal;


b) Repartição de Estudos e planeamento;
c) Repartição Jurídica e do Contencioso Administrativo.

4. Serviço de apoio instrumental:

a) Gabinete do Administrador Municipal;


b) Gabinete do Administrador Municipal-Adjunto.

5. Serviços desconcentrado da Administração Municipal:

a) Repartição Municipal

CAPÍTULO IV
Organização em Especial

SECÇÃO
Órgão de Apoio Consultivo

ARTIGO 57.º
Conselho Municipal de Auscultação e Concertação Social)

1. O Conselho Municipal de Auscultação e concertação social tem por ob-


jectivo apoiar a Administração Municipal na apreciação e na tomada de medidas
de natureza política, económica e social, no território do respectivo Município.

2. Para efeitos de aplicação do disposto no nº 1 do presente artigo, o con-


selho Municipal de Auscultação e Concertação Social é ouvido antes da aprova-
ção do Programa de Desenvolvimento Municipal, do plano de actividades e do re-
latório de execução dos referidos instrumentos.

429
3. O Conselho Municipal de Auscultação e Concertação Social é presidi-
do pelo Administrador Municipal e integra os seguintes Membros:

a) Administrador Municipal-Adjunto;
b) Administrador Comunais;
c) Chefe de Repartições Municipais;
d) representantes Municipal dos Partidos Políticos e Coligações de Parti-
dos Políticos com assuntos na Assembleia Nacional;
e) representantes das Autoridades Tradicionais;
f) representante Empresarial Público e Privados
g) representantes da Associações de camponeses;
h) representantes das Igrejas reconhecidas por lei;
i) representantes da organizações não governamentais;
j) representantes das Associações Profissionais;
k) representantes do Conselho Municipal da Juventude.

4. Os representantes da alínea e) a k) do número anterior participam até ao


limite de três membros por cada entidade representada,

5. O Administrador Municipal pode convidar, sempre que achar conveniente,


outras entidades não contempladas no nº 3 do presente artigo.

6. As competências, a organização e o funcionamento do Conselho Municipal


de Auscultação e Concertação Social são definidos por regulamento interno, apro-
vado por resolução da Administração Municipal.

7. O Conselho Municipal de Auscultação e Concertação Social reúne de


quatro em quatro meses, em sessão ordenaria e, extraordinariamente, sempre que
o Administrador Municipal o convoque.

SECÇÃO II
Serviço de Apoio Técnico

ARTIGO 58.º
(Secretaria da Administração Municipal)

A Secretaria da Administração Municipal é o serviço que se ocupa da ge-


neralidade das questões administrativas, da gestão do pessoal, do património, do
orçamento e das relações públicas e transporte.

ARTIGO 60.º
(Repartição de Estudos e Planeamento)

A Repartição Jurídica e do Contencioso Administrativo é o serviço de apoio


técnico à Administração Municipal, ao qual cabe realizar a actividade de asses-
soria e de estudos técnico-jurídicos.

430
ARTIGO 61.º
(Regulamentação e equiparação)

1. As competências dos serviço de apoio técnico são definidas por regu-


lamento interno, aprovado por despacho do Administrador Municipal.

2. Os serviço a que se refere o número anterior são dirigidos por Chefe de


Repartição.

SECÇÃO III
Serviços de Apoio Instrumental

ARTIGO 62.º
(Gabinete do Administrador Municipal e do Adjunto)

A composição e o regime jurídico do pessoal do Gabinete do Administra-


dor Municipal e do respectivo Adjunto são estabelecidos por diploma próprio.

SECÇÃO IV
Serviços desconcentrados da Administração Municipal

ARTIGO 63.º
(Repartição Municipal)

A Repartição Municipal é o serviço desconcentrado da Administração Mu-


nicipal incumbido de assegurar a execução das suas competências específicas.

ARTIGO 64.º
(Direcção)

A Repartição Municipal é dirigida por um Chefe de Repartição, nomeado


por despacho do Governador Provincial, sem prejuízo do disposto no artigo 38º
da presente lei.

ARTIGO 65.º
(Dependência)

A Repartição Municipal depende orgânica, administrativa e funcionalmente


da Administração Municipal.

ARTIGO 66.º
(Regulamento)

A Repartição Municipal rege-se por regulamento interno, aprovado por des-


pacho do Administrador Municipal.

431
ARTIGO 67.º
(Estrutura)

A Repartição Municipal estrutura-se em sessões.


ARTIGO 68.º
(Critérios de estruturação)

1. A Organização e a segmentação interna dos órgãos da Administração Mu-


nicipal podem estar sujeitas a modelos diferenciados, tendo em conta a especifici-
dade local, as estratégia ou os planos de desenvolvimento local, o grau ou área de
desenvolvimento prioritário, a tecnologia ou os recursos a utilizar, o desenvolvimento
demográfico a racionalidade orgânico-funcional e de recursos organizacionais.
2. As funções administrativas de natureza idêntica ou logicamente rela-
cionadas devem ser agregadas numa unidade organizacional, evitando-se a excessiva
segmentação vertical e horizontal de estrutura.
3. A existência de modelos diferenciados de organização e de segmenta-
ção interna de estruturas a que se refere o nº 1 do presente artigo não deve preju-
dicar a boa administração nem a coordenação de funções comuns.
4. A orgânica das Administrações Municipais é aprovada pelo Governo Pro-
vincial, depois de obtido o parecer das direcções que superintendem, a nível Pro-
vincial, as funções cometidas às Repartições Municipais.

TÍTULO IV
Administração Comunal

CAPÍTULO I
Natureza Atribuições e Competências da Administração Comunal

ARTIGO 69.º
(Natureza)

1. A Administração Comunal é o órgão desconcentrado da Administração


do Estado no Município que visa assegurar a realização das funções do Estado na
Comuna ou entes territoriais equivalentes.
2. Na execução das suas competências a Administração Comunal respon-
de perante a Administração Municipal,

ARTIGO 70.º
(Atribuições)

A Administração Comunal cabe orientar o desenvolvimento económico e


social e assegura a prestação dos serviços públicos da respectiva área geográfica.

ARTIGO 71.º
(Competência)

Compete à Administração Comunal:

432
1. No domínio do planeamento e do orçamento:

a) elaborar a proposta do orçamento da Administração Comunal, nos ter-


mos da legislação compete e remete-la à Administração Municipal, com
vista a sua integração no orçamento Geral do Estado;
b) supervisionar a arrecadação de recursos financeiros provenientes dos impostos
e outras receitas devidas ao Estado, nos termos da legislação em vigor.

2. No domínio do saneamento do equipamento rural e urbano:

a) promover a construção, a manutenção e o controlo dos mercados;


b) gerir, conservar e promover a limpeza dos balneários, lavatórios e sa-
nitários públicos;
c) construir, conservar e promover limpeza de cemitérios;
d) conservar e promover a reparação de chafarizes e fontenários;
e) gerir e manter parques infantis públicos;
f) controlar, acompanhar e apoiar a auto-construção dirigida;
g) promover a abertura de caminhos vicinais

3. No domínio do desenvolvimento social e cultural.


a) promover campanha de educação cívica junto das populações;
b) dinamizar o desenvolvimento da cultura, estimulando a divulgação das
manifestações culturais das populações;
c) preservar os edifícios, os monumentos e os sítios classificados como pa-
trimónio histórico nacional e local.

4. No domínio da coordenação institucional:


a) acompanhar e apoiar permanentemente o trabalho de organização e o fun-
cionamento das localidades da Comuna e das Autoridades Tradicionais;
b) realizar o registo civil dos cidadãos da respectiva área de jurisdição;
c) realizar o recenseamento militar dos cidadão com 18 anos de idade, re-
sidentes na sua área de jurisdição;
d) realizar o registo dos reservistas moradores na sua área de jurisdição;
e) realizar o registo da técnica auto de transporte e da técnica especial ads-
trita às empresas localizadas na sua área de jurisdição. De acordo com
o que para o efeito seja legislado;
f) assegurar, em coordenação com os órgãos competentes, a realização do
registo eleitoral e demais operações legais inerentes às eleições gerais e
autárquicas.
4. No exercício das suas funções a Administração Comunal emite resolu-
ções e posturas.

ARTIGO 72.º
(Composição e reunião)

1. A Administração Comunal é presidida pelo Administrador Comunal e


integra Administrado Comunal-Adjunto e os Chefes de Secção,

433
2. A Administração Comunal reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês
e extraordinariamente, sempre que é convocada pelo Administrador Comunal.

3. O Administrador Comunal pode, quando julgue necessário, convidar pes-


soas singulares ou colectivas para participarem em sessões da Administração Comunal.

CAPÌTULO II
Administrador Comunal e Administrador Comunal-Adjunto

SECÇÃO I
Administrador Comunal

ARTIGO 73.º
(Definição)

1. O Administrador Comunal é o representante da Administrador Munici-


pal na Comuna, a quem incumbe dirigir a Administração Comunal, assegurar o
normal funcionamento dos órgãos de Administração local do Estado, responden-
do pela sua actividade perante o Administrador Municipal.

2. O Administrador Comunal deve ser coadjuvado por um Administrador


Comunal-Adjunto.

3. O Administrador Comunal pode delegar poderes ao Administrador Co-


munal-Adjunto, para acompanhar , e tratar e decidir assuntos relativos à actividade
e ao funcionamento das áreas que lhe sejam incumbidas.

ARTIGO 74.º
(Provimento)

1. O administrador Comunal é nomeado e exonerado por despacho do Go-


vernador Provincial, sob proposta do Administrador Municipal.

2. O Administrador Comunal-Adjunto é nomeado e exonerado por despa-


cho do Governador Provincial sob proposta do Administrador Municipal,

3. Diploma próprio regula o regime jurídico de provimento dos cargos de


Administrador Comunal e de Administrador Comunal-Adjunto.

4. Os Administradores Comunais e adjuntos a serem nomeados devem pos-


suir formação média e outra especifica do Instituto de Formação da Administra-
ção Local, ou instituição similar.

ARTIGO 75.º
(Posse e cessação de funções)

1. O Administrador Comunal e o Administrador Comunal-Adjunto iniciam


as suas funções com a tomada de posse perante o Governador Provincial.

434
2. Os restantes membros da Administração Comunal tomam posse peran-
te o Administrador Comunal.

3. As funções dos membros da Administração Comunal cessam com a mor-


te ou com a exoneração.
ARTIGO 76.º
(Competência)

1. Ao Administrador Comunal compete:

a) garantir o cumprimento da Constituição e das demais disposições legais;


b) dirigir a Administração Comunal e assegurar o cumprimento das suas
deliberações;
c) informar, regularmente, ao Administrador municipal sobre a realização
de tarefas e sobre o modo de funcionamento da Administração da Ad-
ministração comunal;
d) decidir sobre questões dos recursos humanos da Administração Comu-
nal, nomear, empossar e exonerar os titulares de cargos de chefias dos
diferentes serviços sob a sua dependência;
e) convocar a presidir as reuniões de Administração Comunal e do Con-
selho Comunal de Auscultação Concertação Social e propor as respec-
tivas agentes de trabalho;
f) auscultar e coordenar,
g) aplicar multas por transgressões administrativas;
h) exercer a fiscalização e o controlo sobre o uso das concessões de licen-
ça, emitidas a comerciantes, agricultores, industriais e similares, na sua
área de jurisdição;
i) realizar acções que impeçam a destruição da flora e fauna e que contri-
buam para a defesa e preservação do ambiente;
j) promover a abertura e a conservação de carinhos vicinais;
k) conceder terrenos nos cemitérios, para jazigos e sepulturas e assegurar
a sua conservação;
l) organizar e controlar os mercados comunais;
m) promover a captação, o tratamento, o transporte e a distribuição de água
potável e de electricidade da comuna;
n) exercer outras funções que lhe sejam superiormente determinadas;

2. Os actos administrativos do Administrador Comunal, quando executó-


rio, tomam a forma de despachos e quando sejam instruções genéricas tomam a
forma de ordem de serviço

SECÇÃO II
Administrador Comunal-Adjunto

ARTIGO 77.º
(Competência)

1. Compete ao Administrador Comunal-Adjunto:

435
a) substituir o Administrador Comunal, nas suas ausências e impedimentos:
b) exercer outras funções e que lhe sejam superiormente determinada.

2. Os actos administrativos do Administrador Comunal-Adjunto, sendo de-


legados, são executórios e definitivos e tomam a forma de despachos.

3. Os actos administrativos a que se refere o número anterior toma de or-


dem de serviço quando se tratem de instruções genéricas.

CAPÍTULO III
Organização em geral

ARTIGO 78.º
Estrutura orgânico)

A Administração Comunal compreende os seguintes órgãos e serviços de


apoio consultivo, executivo e instrumental:

a) Conselho Comunal de auscultação e Concertação Social


b) Secretaria da Administração;
c) Gabinetes do Administrador Comunal e do Administrador Comunal-
Adjunto;
d) Secções Comunais.

CAPÍTULO IV
Organização em especial

SECÇÃO I
Órgão de Apoio Consultivo

ARTIGO 79.º
(Conselho Comunal de Auscultação e Concertação Social

1. O Conselho Comunal de Auscultação e Concertação Social tem por ob-


jectivo apoiar a Administração Comunal na apreciação e na tomada de medidas
de natureza política, económica e social, no território da respectiva Comuna.

2. Para efeitos de aplicação do disposto no nº 1 do presente artigo o Con-


selho Comunal de Auscultação e Concertação Social deve ser ouvido antes da apro-
vação do plano de desenvolvimento comunal, do plano de actividades e do rela-
tório de execução dos referidos instrumentos.

3. Conselho Comunal de Auscultação e Concertação Social é presidido pelo


Administrador Comunal e integra os seguintes membros:

a) Administrador Comunal-Adjunto;
b) Chefe de Secção;
c) Representantes das Autoridades Tradicionais;

436
d) Representante comunal de Parido Políticos e de Coligações de Partidos
Político com assento na Assembleia nacional;
e) Representantes do Sector Empresarial Público e Privado;
f) Representantes das Associações de camponeses;
g) Representantes das igrejas conhecidas por lei;
h) Representante das organizações não governamentais;
i) Representantes das Associações Profissionais
j) Representante do Conselho Comunal da Juventude

4. Os representantes das alínea e) a j) do número anterior participam até


ao limite de três membros por cada entidade representada.

5. Sempre que julgue necessário o Administrador comunal pode convidar


outras entidades não contempladas no nº 3 do presente artigo.

6. Quanto às competências, `organização e ao funcionamento, são aplicá-


veis as disposições do respectivo regulamento interno.

7. O Conselho Comunal de Auscultação e Concertação Social reúne-se, or-


dinariamente, de dois meses e, extraordinariamente, sempre que o Administrador
Comunal o convoque.

SECÇÃO II
Serviços de Apoio Executivo e instrumental

ARTIGO 80.º
(Secretaria da Administração Comunal)

Secretaria da Administração Comunal é o serviço que se ocupa da gene-


ralidade das questões administrativas, da gestão do pessoal, do património, do or-
çamento, dos transportes e das relações públicas da Comuna.

ARTIGO 81.º
(Gabinetes do Administrador Comunal e do Administrador
Comunal-Adjunto)

A composição e o regime jurídico do pessoal dos Gabinetes do Adminis-


trador Comunal e seu Adjunto são estabelecidos por diploma próprio.

ARTIGO 82.º
(Regulamentação e equiparação)

1. As competências dos serviços executivos e do apoio instrumental são de-


finidas por regulamento interno aprovado pelo Administrador Comunal.

2. A Secretaria da Administração Comunal, a Secção de Assuntos Econó-


micos, Sociais e Produtivos, a secção de Organização, Serviços Comunitários e
Fiscalização são dirigidos por Chefes de Secção.

437
TITULO V
Disposições financeiras Locais)

ARTIGO 83.º
(Regime financeiro)

O regime financeiro dos órgãos da Administração Local do Estado, no que


concerne programação, à gestão, execução e ao controlo interno do Orçamento do
estado, é o constante da Lei do Orçamento Geral do Estado, do diploma que es-
tabelece o Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado, do Decreto Presi-
dencial sobre as Regras de execução do Orçamento Geral do Estado e respectiva
regulamentação.

ARTIGO 84.º
(Orçamento Provincial e Municipal)

1. Os Governos Provinciais e as Administrações Municipais são unidades


orçamentais.

2. As dotações orçamentais para as Comunas são estabelecidas no orçamento


das Administrações Municipais,

3. A Administração Municipal submete, aos órgãos locais competentes, a


proposta do orçamento Municipal nos prazos legalmente restabelecidos.

ARTIGO 85.º
(Receitas dos órgãos da Administração Local do estado)

1. Constituem fontes de receitas dos órgão da Administração Local do Es-


tado as transferência ou dotações orçamentais provenientes do orçamento Geral
do Estado, para as despesas corrente ou de capital, a realizar um determinado exer-
cício económico.

2. As receitas referidas no número anterior são afectadas directamente, como


fome de financiamento do respectivo orçamento.

ARTIGO 86.º
(Taxas de circulação e fiscalização de trânsito)

Dos recursos financeiros provenientes da taxa de circulação e fiscalização


de trânsito apenas são afectados 50%, já que os restante 50% são atribuídos ao Fun-
do Rodoviário.

ARTIGO 87.º
(Recursos financeiro afectados ao Município)

Os recursos financeiros afectados a cada Município destina-se a despesas


de funcionamento de manutenção dos serviços administrativos e despesas com in-
fra-estruturas social e económicas locais, constantes do orçamento aprovado.

438
ARTIGO 88.º
(Despesas com infra-estruturas locais)

Para execução das despesas com infra-estrutura locais devem ser elabora-
dos projectos de investimentos, a incluir no Orçamento Geral do Estado, respei-
tando os diplomas legais sobre a matéria, em vigor.

ARTIGO 89.º
(Mapa mensal das receitas)

As repartições fiscais devem elaborar e enviar à Delegação Provincial das


Finanças, até ao dia cinco de cada mês, o mapa mensal das receitas arrecadadas
no Município no mês anterior.

ARTIGO 90.º
(Valor consolidado das receitas arrecadadas)

As Delegações Provinciais das Finanças devem, após a conciliação dos va-


lores registados pelas repartições fiscais com os da conta bancária, comunicar ao
Governo Província e á Direcção Nacional do Tesouro, até ao dia 10 do mês se-
guinte, o valor consolidado das receitas arrecadadas na Província.

ARTIGO 91.º
(Despesas dos órgão da Administração Local do Estado)

1. Constituem despesas orçamentais da Administração Local do Estado to-


das as despesas públicas consignas no nos orçamento dos Governos Provinciais
e das Administrações Municipais.

2. Para efeitos do disposto no número anterior as despesas provinciais e mu-


nicipais observam o disposto na Lei do Orçamento geral do Estado,

ARTIGO 92.º
(Investimentos públicos locais)

Para efeitos do disposto no Regulamento sobre Investimento Públicos a Ad-


ministração Municipal, enquanto unidade orçamental, passa a integrar a orgâni-
ca do processo de investimentos públicos.

ARTIGO 93.º
(Controlo de execução orçamental local)

A execução e a fiscalização interna e externa do orçamento do órgãos lo-


cais são feitas nos termos do Sistema Integrado do Gestão Financeiro do estado.

439
CAPÍTULO VI
Disposições Finais e Transitórias

ARTIGO 94.º
(Categorias de Municípios e Comunas)

1. A diferenciação dos Municípios é determina em função do seu grau de


desenvolvimento económico, social e cultural.

2. Diploma própria estabelece os critérios de classificação dos Municípios


e Comunas.
ARTIGO 95.º
(Parcerias público-privadas e cooperação)

1. Os governos Provinciais e as administrações Municipais podem promover


a parceria público-privada, incluindo as empresas públicas, cooperativas organi-
zações não governamentais ou outras instituições privadas sem fins lucrativos.

2. Constituem finalidades essenciais das parcerias público-privadas o acrés-


cimo de eficiência na afectação dos recursos públicos e a melhoria quantitativa e
qualitativa do serviço, induzida por formas de controlo eficazes que permitam a
sua avaliação por parte de potenciais utentes e do parceiro pública.

3. Para efeitos da presente lei, entende-se por parceria público-privada o


controlo por via do qual as entidades privadas se obrigam, de forma duradoura,
perante um parceiro público a assegurar o desenvolvimento de uma actividade ten-
dente à satisfação de uma necessidade colectiva e em que o financiamento e a res-
ponsabilidade pelo investimento e pela exploração incumbem, no todo ou em par-
te, ao parceiro privado.

4. A parceria público-privada pode assumir, de entre outras, as formas de


contrato de concessão de serviço público, de contrato de fornecimento contínuo,
de contrato de prestação de serviço e contrato de gestão.

5. Legislação própria regulamenta os termos e as condições da parceria pú-


blico-privada.

ARTIGO 96.º
(Contratos-programa e protocolos)

1. Podem ser estabelecidos contratos-programas e protocolo através dos quais


a Administração Central coloca à disposição dos órgãos da Administração Local
do Estado meios de financiamento público destinados à prossecução de objecti-
vos concretos que não possam ser satisfeitos no quadro do regime normal de fi-
nanciamento das despesas de funcionamento das mesmas instituições.

2. Os contratos-programas e os protocolos devem prever o objecto, as ob-


440
rigações reciprocamente assumidas pelas partes, os recursos financeiros a trans-
ferir, a duração e os mecanismos de acompanhamento e de controlo da aplicação
dos financiamentos acordados.

3. Os contratos-programas e os protocolos podem abranger mais do que uma


Província, Município ou Comuna e devem prever as formas de cooperação mútua.

4. Compete ao órgão competente do executivo fixar as condições gerais a


que deve obedecer a celebração dos contratos-programas e os protocolos.

ARTIGO 97.º
(Estatutos do Governo Provincial e das Administrações
Municipais e Comunais)

1. Os Estatutos do Governo Provincial e das Administrações Municipais e Co-


munais são aprovados pelo titular do poder Executivo, após o pronunciamento do ór-
gão o da Administração Central que superintende a Administração do Território.

2. O titular do poder Executivo pode delegar, ao Ministro que superinten-


de a Administração do Território, a competência referida ao número anterior do
presente artigo.

ARTIGO 98.º
(Estatutos das empresas públicas de âmbito local)

1. Para efeitos da presente lei os estatutos das empresas públicas de âmbi-


to provincial e municipal são aprovados pelo titular do Poder Executivo após o pro-
nunciamento do órgão da Administração Central da especialidade, do Ministério
das Finanças e do órgão da Administração Central que superintende a Adminis-
tração Local do Estado, sendo aplicável ao processo de constituição das empre-
sas em causa, com as devidas adaptações, os critérios estabelecidos pela Lei das
Empresas Públicas em vigor, enquanto não seja aprovado um regime especifico,
em diploma próprio.

2. O regime de criação e de tutela das empresas públicas de âmbito pro-


vincial e municipal é estabelecido por diploma próprio.

3. O titular do Poder Executivo pode delegar, aos órgãos da Administra-


ção Central que superintendem as empresas públicas e a Administração do Ter-
ritório, a competência referida no nº 1 do presente artigo.

ARTIGO 99.º
(Quadro de pessoal)

O quadro de pessoal do Governo Provincial e das Administrações Muni-


cipais e Comunais é parte integrante dos respectivos estatutos.

441
ARTIGO 100.º
(Criação e extinção de Direcções Provinciais, Repartições
Municipais e Secções Comunais)

A criação ou a extinção de Direcções Provinciais, das Repartições Muni-


cipais e das Secções Comunais processa-se nos termos da lei e de acordo com as
condições de desenvolvimento económico, social e cultural da Província, do Mu-
nicípio e da Comuna, sob deliberação do Governo Provincial e das Administra-
ções Municipais e comunais, respectivamente.

ARTIGO 101.º
(Autarquias Locais)

Á medida que sejam criadas as autarquias locais, estas passam a exercer


as atribuições correspondentes definidas por lei, de acordo com os princípios do
gradualismo e da transitoriedade.

ARTIGO 102.º
(Regime organizativo e administrativo específico)

Sem prejuízo do disposto nos artigos 37.º, 68.º, e 101.º da presente lei, pode
ser fixado um regime organizativo, administrativo e remuneratório específico para
uma dada unidade territorial visando assegurar a prestação dos serviços públicos
essenciais e garantir uma adequada gestão da correspondente circunscrição admi-
nistrativa, regendo-se, com as devidas adaptações, pelas disposições da presente lei.

ARTIGO 103.º
(Revogação de legislação)

A presente lei revoga o Decreto-Lei nº 2/07, de 3 de Janeiro.


ARTIGO 104.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e da aplicação da pre-


sente lei são resolvidas pela Assembleia Nacional.

ARTIGO 105.º
(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 22 de Junho de 2010.


O Presidente, em exercício, da Assembleia Nacional,
João Miguel Gonçalves Lourenço.

Promulgada, aos 12 de Julho de 2010.

Publique-se.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
442
2011

DECRETO PRESIDENCIAL Nº 40/11


DE 4 DE MARÇO

( IN: D.R. Nº 43/11, 1ª SÉRIE )

“Altera a composição do pessoal dos Gabinetes dos Governadores e Vice-


Governadores, Administradores Municipais e Adjuntos e Administradores
Comunais e Adjuntos”

443
444
Considerando que com a provação do Decreto nº 28/99, de 16 de Setem-
bro, ficou estabelecida a composição do pessoal dos Gabinetes dos titulares dos
órgãos da Administração Local;

Considerando que o processo de desconcentração administrativa em curso,


a descentralização financeira e a transferência de cada vez mais responsabilidades
para o nível local obriga ao reforço do pessoal de apoio ao Governador e Vice-
Governador;

Havendo necessidade de se alterar a composição do pessoal dos Gabinetes


dos titulares dos órgãos da Administração Local do Estado;

O Presidente da República decreta, nos termos da alínea d) do artigo 120.º


e do nº 3 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o
seguinte:

Artigo 1.º

É alterada a composição do pessoal dos Gabinetes dos Governadores e


Vice-Governadores, Administradores Municipais e Adjuntos e Administradores
Comunais e Adjuntos, conforme quadros em anexo.

Artigo 2.º

São revogados os quadros do pessoal anexos ao decreto nº 28/99, de 16 de


Setembro, e toda a legislação que contrarie o presente diploma.

Artigo 3.º

As dúvidas e omissões suscitadas na interpretação e aplicação do presente


diploma são resolvidas pelo Presidente da República.

Artigo 4.º

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 23 de Fevereiro de 2011.

Publique-se.

Luanda, aos 3 de Março de 2011.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

445
446
ANEXO

Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o


quadro de pessoal do Gabinete do Governador Provincial

Nº de lugares Designação

1 Director de Gabinete
1 Director - Adjunto
4 Acessor
1 Secretária
2 Técnico de Informática
2 Funcionário Administrativo
1 Motorista

Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o


quadro de pessoal do Gabinete do Vice-Governador Provincial

Nº de lugares Designação

1 Director de Gabinete
2 Acessor
1 Secretária
2 Técnico de Informática
2 Funcionário Administrativo
1 Motorista

Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o


quadro de pessoal do Gabinete do Administrador Municipal

Nº de lugares Designação

1 Chefe de Gabinete
2 Acessor
1 Secretária
2 Técnico de Informática e escriturário
2 Funcionário Administrativo
1 Motorista
447
Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o
quadro de pessoal do Gabinete do Administrador Municipal-Adjunto

Nº de lugares Designação

1 Chefe de Gabinete
1 Acessor
1 Funcionário Administrativo
1 Motorista

Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o


quadro de pessoal do Gabinete do Administrador Comunal

Nº de lugares Designação

1 Chefe de Gabinete
1 Funcionário Administrativo
1 Motorista

Quadro de pessoal a que se refere o artigo 1º do presente diploma, sobre o


quadro de pessoal do Gabinete do Administrador Comunal–Adjunto

Nº de lugares Designação

1 Chefe de Gabinete
1 Motorista

O Presidente da república,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

448
DECRETO PRESIDENCIAL Nº 102/11
DE 23 DE MAIO

( IN: D.R. Nº 95/11, 1ª SÉRIE )

“Estabelece os princípios gerais sobre o recrutamento e selecção de candi-


datos na Administração Pública”

449
450
Considerando que a Lei nº 17/90, de 20 de Outubro, sobre os princípios a
observar na Administração Pública, estabelece a obrigatoriedade de realização de
concursos para ingresso na função pública e acesso nas carreiras da Administra-
ção Pública;

Convindo aperfeiçoar o processo de recrutamento e selecção de pessoal


ao actual estádio de desenvolvimento da Administração Pública, com vista ao
melhor desempenho dos serviços públicos;

O Presidente da República decreta, nos termos da alínea l) do artigo 120.º


e do nº 3, do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o se-
guinte:

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece os princípios gerais sobre recrutamento e


selecção de candidatos na Administração Pública.

ARTIGO 2.º
(Âmbito de aplicação)

1. O regime estabelecido neste diploma aplica-se aos órgãos e serviços da


Administração Central e Local do Estado e aos institutos Públicos.

2. O presente diploma aplica-se subsidiariamente ao regime de recruta-


mento e selecção do pessoal para cargos de direcção e chefia e pessoal das car-
reiras do regime especial.

ARTIGO 3.º
(Princípios gerais)

1. O recrutamento e a selecção de pessoal obedecem os seguintes princí-


pios:

a) Liberdade de candidatura;
b) Igualdade de condições e de oportunidade para todos os candidatos;
c) Divulgação dos métodos e provas a utilizar e respectivo sistema de clas-
sificação;
d) Objectividade dos métodos de avaliação;
e) Neutralidade do júri;
f) Direito ao recurso.

451
2. A Administração Pública estabelece o concurso público como regra de
admissão de pessoal.

ARTIGO 4.º
(Conceito de recrutamento e selecção)

1. O recrutamento consiste num conjunto de operações que tem por ob-


jectivo satisfazer as necessidades de pessoal apresentada pelo respectivo orga-
nismo, ponto à sua disposição candidatos qualificados necessários à realização
das suas atribuições.

2. Selecção de pessoal consiste num conjunto de operações, enquadradas


no processo de recrutamento, traduzidas em métodos e técnicas adequadas que
visam apurar e avaliar as capacidades dos candidatos para o exercício de deter-
minada função

ARTIGO 5.º
(Competência para abertura do concurso)

1. A abertura do concurso é feita por meio de despacho do titular do órgão


a que o concurso diz respeito.

2. O despacho de abertura deve ser publicado no Jornal de maior circula-


ção ou em meios expeditos que permitam de forma celére o conhecimento do seu
conteúdo, sem prejuízo da sua publicação em Diário da República.

ARTIGO 6.º
(Conteúdo do despacho)

Do despacho de abertura do concurso deve constar:

a) Designação do serviço a que se refere;


b) Tipo de concurso;
c) Categoria a que se concorre;
d) Número de vagas;
f) Requisitos para concorrer;
g) Forma e prazo para apresentação de candidaturas;
h) Local de afixação das listas de candidatos e dos resultados do concurso;
i) Local de trabalho;
j) Validade do concurso.

ARTIGO 7.º
(Condições de abertura)

1. A abertura do concurso de ingresso depende da verificação do número


de efectivos existentes no serviço (Departamento e Secção, quando esta for per-

452
mitida), sendo apenas admitidos nos casos em que o referido número seja inferior
ao número legalmente criado.

2. Quando o número dos efectivos existentes seja igual a metade do nú-


mero legalmente criado, os lugares vagos são preenchidos sequencialmente do
seguinte modo:

Por meio da mobilidade (transferência, destacamento, requisição)


Não sendo possível, por meio do contrato administrativo de provimento ou
do contrato de trabalho por tempo determinado.

ARTIGO 8.º
(Tipos de concurso)

1. Os concursos podem ser de ingresso ou de acesso.

2. É de ingresso quando visa o preenchimento de vaga a partir de candi-


dato não pertencente ao órgão e para categoria de inicio de carreira.

3. É de acesso quando se destina a preencher vaga na categoria imediata-


mente superior da mesma carreira.

ARTIGO 9.º
(Validade do concurso)

A validade dos concursos não pode exceder o prazo de 12 meses contados


a partir da publicação da lista de classificação final.

CAPÍTULO II
Corpo de júri e Provas ou Cursos de Selecção e Candidatos

ARTIGO 10.º
(Apresentação de candidaturas)

A apresentação de candidaturas é feita por meio de requerimento dirigido


ao titular do órgão, no prazo de 10 dias úteis tratando-se de concurso de acesso e
de 20 dias úteis tratando-se de concurso de ingresso, contando-se o prazo a par-
tir da data da publicação do despacho de abertura do concurso.

ARTIGO 11.º
(Documentos em apenso)

1. O requerimento de admissão a concurso deve ser acompanhado dos se-


guintes documentos, sob pena de exclusão da candidatura:

a) Cópia do bilhete de identidade;


b) Certificado de habilitações literárias;

453
c) Documento de regularização do serviço militar obrigatório;
d) Atestado médico;
e) Registo criminal;
f) Outros documentos considerados pertinentes em função da natureza do
concurso.

2. O candidato pode ser admitido no concurso com a apresentação dos do-


cumentos previstos nas alíneas a) e b) do número anterior, devendo os documen-
tos previstos nas alíneas c) a f) serem entregues, em caso de aprovação, até 45 dias
úteis após a data da publicação da lista dos resultados finais.

3. Volvido o prazo referido no número anterior sem que o candidato, por


razões plausíveis, apresente a documentação exigida, o mesmo é substituído pelo
candidato imediatamente a seguir na lista de classificação final.

4. Os funcionários pertencentes ao serviço que abre o concurso são dis-


pensados da apresentação de documentos que constam do seu processo individual.

ARTIGO 12.º
(Requisitos de admissão)

1. Só podem ser admitidos ao concurso os candidatos que satisfaçam os re-


quisitos gerais.

2. No caso dos concursos de acesso são ainda requisitos de admissão:

a) A permanência, nos termos da lei, de um período mínimo de três anos


na categoria que possui;
b) A adequada classificação de serviço;
c) Habilitações e qualificações profissionais necessárias.

ARTIGO 13.º
(Apoio aos candidatos)

Sempre que a selecção se realize mediante provas de conhecimentos não


incluídas no currículo escolar correspondente às habilitações exigidas para a ca-
tegoria, devem os órgãos responsáveis pelo recrutamento e selecção fornecer a
todos os candidatos a documentação indispensável à sua preparação ou, na sua
falta, indicar a bibliografia e a legislação base necessária.

SECÇÃO I
Júri

ARTIGO 14.º
(Composição do Júri)

1. Para todos os concursos é nomeado pelo titular do órgão um júri, sob


proposta dos respectivos serviços de recursos humanos.
454
2. O jurí é composto por um mínimo de três e um máximo de seis mem-
bros, sendo um presidente, um vice-presidente e vogais.

3. Nenhum membro do júri pode ter categoria inferior àquela para que é
aberto o concurso.

4. Podem ser integrados no júri funcionários oriundos de outros organis-


mos distintos daquele que abre o concurso.

5. O despacho de nomeação do júri deve ser publicado no jornal de maior


circulação, sem prejuízo da sua publicação em Diário da República.

6. O júri é secretariado por um ou mais vogais escolhidos dentre os membros.

ARTIGO 15.º
(Competência e funcionamento do júri)

1. Ao júri compete praticar e coordenar todas as acções em que se desdo-


bra o concurso, nomeadamente:

a) Elaborar, fiscalizar e corrigir as provas;


b) Definir outros meios de suporte a avaliação;
c) Elaborar e publicar as listas provisórias e definitivas;
d) Elaborar actas e outros documentos necessários ao abrigo do concurso.

2. O júri funciona com a maioria dos seus membros, devendo as delibera-


ções serem tomadas por maioria simples.

3. Das reuniões do júri são lavradas actas contendo os fundamentos das de-
cisões tomadas e assinadas pelo presidente.

4. As actas são confidenciais devendo ser presentes em caso de recurso, à


entidade que abre o concurso.

5. Os serviços de recursos humanos devem colaborar com o júri no de-


sempenho da sua função, cedendo os meios necessários que facilitem a celeri-
dade do processo do concurso.

6. O júri está sujeito aos impedimentos e suspeições gerais nos termos do


direito.

7. No exercício da sua actividade o júri obrigado ao cumprimento escru-


puloso dos prazos respeitantes ao concurso.

455
ARTIGO 16.º
(Actos do Júri)

1. Findo o prazo de apresentação das candidaturas, o júri elaborará, no


prazo de 5 a 15 dias úteis, a lista dos candidatos admitidos e excluídos ao con-
curso, com a indicação dos motivos de exclusão.

2. Nos concursos de acesso o prazo é de 3 a 10 dias úteis.

3. Concluída a elaboração da lista provisória o júri promove a sua publi-


cação no jornal de maior circulação.

4. Os interessados podem reclamar ao júri sobre a exclusão não funda-


mentada ou quando eivada de vicio, no prazo de 5 dias úteis a contar da publica-
ção da lista.

5. Não sendo atendida a pretensão, os interessados podem socorrer-se de


outros meios previstos na lei.

6. Os actos de impugnação graciosa não suspendem o andamento do concurso.

7. Quando reconhecido o direito do interessado, lhe é permitido realizar


todos os actos anteriores à fase em que se encontrar o concurso, sem prejuízo dos
prazos gerais.

SECCÃO II
Provas ou Cursos Para Admissão

ARTIGO 17.º
(Conteúdo das provas)

1. O conteúdo das provas, das entrevistas ou do exame psicológico, aten-


dem em geral as seguintes componentes:

a) Noções gerais sobre a organização da administração pública;


b) Questões específicas sobre a área que pretende trabalhar e outras rela-
cionadas com as habilitações literárias e/ou profissionais;
c) Questões sobre ética, deontologia profissional e cultura geral.

2. As matérias referentes as alíneas a) e b) do número anterior correspon-


dem a 30% cada e a alínea c) a 40% do total do valor da prova.

3. O aviso que afixa a lista dos candidatos admitidos deve igualmente es-
tabelecer a data, hora e local da prova.

456
ARTIGO 18.º
(Cursos para admissão)

1. Nas carreiras ou categorias de regime especial, nas quais o exercício da


actividade depende da satisfação de determinados requisitos cuja aferição quer
de natureza física, como de carácter técnico e profissional careçam de vários mó-
dulos de avaliação, o ingresso ou acesso é realizado mediante a frequência de cur-
sos específicos para admissão ou promoção.

2. Os cursos referidos no número anterior devem ser organizados de acordo


com as exigências das funções a exercer e só devem ser providos os candidatos
que obtiverem a partir de 60% de aproveitamento.

3. Nos cursos para admissão observam-se os procedimentos e prazos pre-


vistos no presente diploma.

ARTIGO 19.º
(Métodos auxiliares)

1. Nos concursos são utilizados isolada ou conjuntamente, podendo cada


um deles ser eliminatório, os seguintes métodos:

a) Provas de conhecimento, teóricas e ou práticas;


b) Avaliação documental.

2. Os métodos mencionados podem ser complementados por entrevistas,


exame psicológico, exame médico, que podem igualmente ser eliminatórios, tra-
tando-se de concurso de ingresso.

3. Nos concursos de acesso dispensam-se os métodos complementares.

4. Sempre que haja lugar a realização de provas deve se indicar, na lista


provisória, o local, data e hora da prestação da mesma.

5. A avaliação documental incide sobre as habilitações académicas, for-


mação profissional, experiência profissional, avaliação de desempenho caso o
candidato já tenha tido ocupações anteriores e outras habilidades do candidato.

6. O júri pode solicitar ao longo do processo informações sobre a veraci-


dade dos documentos entregues pelos candidatos.

ARTIGO 20.º
(Classificação)

1. Para qualquer tipo de prova a escala de classificação é de 0 a 20 valores.

457
2. A classificação resultante de aplicação dos métodos complementares de
selecção, exame psicológico e entrevista, consiste numa das seguintes menções
qualitativas: bom, suficiente e mau.

3. Relativamente ao exame médico os candidatos são considerados como


aptos ou não aptos.

4. Os métodos complementares visam o seguinte objectivo:

a) Entrevista – determinar e avaliar elementos de natureza profissional,


relacionados com a qualificação e a experiência dos candidatos, neces-
sárias ao exercício de uma função;
b) Exame psicológico – avaliar mediante as capacidades e características
de personalidade dos candidatos, tendo em vista determinar a sua ade-
quação ao exercício de uma função;
c) Exame médico – avaliar o estado de saúde físico e mental do candidato.

ARTIGO 21.º
(Critérios de preferência)

Em caso de igualdade de valores entre os candidatos e havendo insufi-


ciência de vaga, o júri pode socorrer-se dos seguintes critérios para fundamentar
o desempate:

a) Realizar novo concurso apenas para esses candidatos;


b) Critério da maior experiência profissional (tempo de trabalho no ramo);
c) Formação profissional no ramo e, dentre estes, os com menos idade;
d) Maior pontuação na componente b) do nº 1 do artigo 17º;
e) Residência na província onde se abre o concurso.

ARTIGO 22.º
(Lista final)

No prazo de 5 a 10 dias úteis a contar do termo das provas, o júri proce-


derá a ordenação dos concorrentes em função dos valores obtidos e elabora uma
acta de fundamentação da lista, submetendo os documentos à homologação.

ARTIGO 23.º
(Reclamação)

1. Os interessados podem reclamar de qualquer acto que tenha lesado o


seu direito no prazo de 7 dias úteis a contar da data da verificação do acto.

2. As respostas devem ser emitidas no prazo de 5 dias a contar da data da


interposição da reclamação.

458
ARTIGO 24.º
(Homologação)

1. A lista de classificação final deve ser homologada no prazo de 15 dias


úteis nos concursos de ingresso e no prazo de 10 dias úteis nos concursos de
acesso.

2. Homologada a lista, deve a mesma ser enviada de imediato para publi-


cação, nas vitrinas do serviço e no jornal de maior circulação.

ARTIGO 25.º
(Ordem de provimento)

1. Os candidatos aprovados em concurso são providos nos lugares vagos,


de acordo com a classificação final obtida.

2. Os concorrentes aprovados que recusem injustificadamente ser providos


no lugar a que têm direito de acordo com a sua classificação consideram-se dis-
pensados do concurso.

3. Os despachos de nomeação não podem ser proferidos antes de decorrido


o prazo de 30 dias úteis no caso de ingresso e 15 dias úteis no caso de acesso a
contar da data da publicação da lista final.

ARTIGO 26.º
(Responsabilidade disciplinar)

Os membros do júri são responsabilizados disciplinarmente nos termos da


lei aplicável, nos casos de verificação de práticas que lesem o princípio da im-
parcialidade, da transparência e dos demais procedimentos que violem as dispo-
sições do presente diploma e a legislação da Administração Pública.

CAPÍTULO III
Disposições Finais

ARTIGO 27.º
(Revogação)

Ficam revogados o Decreto nº 22/91, de 29 de Junho e o Decreto nº 2/94,


de 18 de Fevereiro e toda a legislação que contrarie o presente diploma .

ARTIGO 28.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da aplicação e interpretação do presente


diploma são resolvidas pelo Presidente da República.

459
ARTIGO 29.º
(Entrada e vigor)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 27 de Abril de


2011.

Publique-se.

Luanda, aos 19 de Maio de 2011.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

460
DECRETO PRESIDENCIAL Nº 104/11
DE 23 DE MAIO

( IN: D.R. Nº 95/11, 1ª SÉRIE )

“Define as condições e procedimentos de elaboração, gestão e controlo dos


quadros de pessoal da Administração Pública”

461
462
Ø Decreto Presidencial nº 104/11, de 23 de Maio: Define as condições e pro-
cedimentos de elaboração, gestão e controlo dos quadros de pessoal da Ad-
ministração Pública.- Revoga toda a legislação que contrarie o presente di-
ploma .- D.R. nº 95 .-

Considerando a necessidade de reforço e melhoria de metodologias, téc-


nicas e procedimentos que permitam o planeamento, gestão, avaliação e controle
dos efectivos da função pública;

Havendo ainda a necessidade do controlo do crescimento e evolução dos


efectivos da função pública e do peso da massa salarial na estrutura do orçamento
de funcionamento da Administração Pública, através da criação de um quadro de
referência para elaboração do orçamento do pessoal;

O Presidente da República decreta, nos termos da alínea l) do artigo 120.º


e do nº 3 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o
seguinte:

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma define as condições e procedimentos de elaboração,


gestão e controlo dos quadros de pessoal da Administração Pública, bem como o
planeamento de efectivos.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. O presente diploma aplica-se aos serviços públicos da Administração


Pública Central e Local, bem como aos institutos públicos e demais serviços
públicos.

2. Os serviços públicos da Administração Pública Local, bem como os in-


stitutos públicos, podem dispor de normas específicas complementares nessa
matéria em função das suas necessidades e características próprias.

ARTIGO 3.º
(Conceitos)

1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por quadro de pessoal o


mapa que fixa para cada organismo público, numa base plurianual, o elenco de lu-
gares permanentes necessários ao funcionamento regular dos serviços públicos.

463
2. Para efeitos do presente diploma, entende-se como planeamento de efec-
tivos o resultado da avaliação das necessidades de pessoal em termos de ingresso
e acesso, numa base anual ou plurianual, tendo como referência o quadro de pes-
soal legalmente aprovado.

ARTIGO 4.º
(Objectivos)

Os quadros de pessoal visam os seguintes objectivos:

a) Fornecer uma matriz de referência para a elaboração do orçamento de


pessoal;
b) Permitir uma justificação objectiva para o recrutamento do pessoal, em
função de necessidades permanentes dos serviços;
c) Assegurar a mobilidade profissional dos funcionários, designadamente
através do acesso nas carreiras, transferências, destacamento e requi-
sição;
d) Assegurar o controlo de gestão e evolução de efectivos;
e) Permitir uma correcta programação das acções de formação.

CAPÍTULO II
Quadro de pessoal em Razão da Carreira

ARTIGO 5.º
(Tipos de quadros orgânicos de pessoal em razão da carreira)

Os efectivos da função pública podem ser organizados em quadros de pes-


soal comum ou de carreira de regime geral, de regime especial e quadro tem-
porário:

a) Quadro de pessoal comum ou de carreira de regime geral, quando as


categorias ou cargos pela identidade da sua natureza ou funções podem
ser integrados em qualquer departamento ministerial;
b) Quadro de regime especial, quando haja exigência de especialização
que apenas interessa a um determinado departamento ministerial, con-
firmada pela existência de carreira de regime especial legalmente
aprovada;
c) Quadro temporário, elenco de lugares distribuídos por cargos de asses-
soria técnica ou de apoio administrativo, pessoal e directo, a titulares
de cargos políticos.

ARTIGO 6.º
(Estrutura do quadro de pessoal comum ou de carreira do regime geral)

1. O quadro de pessoal comum ou de carreira de regime geral discrimina


as categorias pertinentes e o número de lugares, agrupando o pessoal de acordo
com a seguinte estruturação:

464
a) Pessoal de direcção e chefia;
b) Pessoal técnico superior;
c) Pessoal técnico;
d) Pessoal técnico médio;
e) Pessoal administrativo;
f) Pessoal auxiliar.

2. O provimento do pessoal nos cargos de direcção e chefia fica condi-


cionado a frequência de curso específico.

3. O quadro de pessoal e o mapa de planeamento de efectivos são apre-


sentados sob a forma analítica, obedecendo os modelos anexos ao presente
diploma e que dele fazem parte integrante.

ARTIGO 7.º
(Quadros de regime geral e de regime especial)

1. Os organismos que tenham pessoal integrado em carreiras de regime


geral e regime especial devem elaborar:

a) O quadro de pessoal comum ou de carreira de regime geral para aque-


les que se enquadram na carreira de regime geral;
b) O quadro do regime especial para o pessoal sujeito à carreira de regime
especial.

2. Os quadros de pessoal do regime geral e do regime especial devem ser


elaborados na base da estrutura das respectivas carreiras, legalmente aprovadas.

3. O quadro de pessoal do regime especial só integra o pessoal especial-


izado com nível igual ou superior a técnico médio.

ARTIGO 8.º
(Quadro temporário)

1. O quadro temporário integra o pessoal nomeado em comissão de serviço


para exercer cargos de assessoria técnica ou de apoio administrativo, de confi-
ança pessoal e política, nos gabinetes dos membros do Executivo e equiparados

2. O quadro temporário integra ainda o pessoal nomeado para exercer


funções na residência dos membros do Executivo ou equiparado.

3. A cessação das funções de membro do Executivo ou de cargo


equiparado determina automaticamente o seguinte:

a) O regresso ao lugar do quadro de origem, para o pessoal pertencente ao


quadro definitivo da Administração Pública;

465
b) A cessação imediata do vínculo com a função pública, tratando-se de
pessoal recrutado fora da Administração Pública.

4. Na eventualidade do trabalhador estar vinculado a Administração


Pública em regime de contrato, no momento em que aceita integrar o quadro de
pessoal temporário, esse vínculo cessa imediatamente, sem necessidade de quais-
quer formalidades, podendo retomá-lo mediante a observância das normas
aplicáveis sobre ingresso na função pública.

CAPÍTULO III
Quadro de Pessoal em Razão do Vínculo

ARTIGO 9.º
(Pessoal do quadro definitivo, eventual e assalariado)

1. As necessidades permanentes dos serviços públicos são asseguradas


pelos funcionários do quadro definitivo.

2. O pessoal do quadro eventual compreende os agentes administrativos


que ingressam na função pública através de contrato administrativo de provimento
e nela permaneçam durante cinco anos.

3. Os agentes administrativos positivamente avaliados durante cinco anos


consecutivos de actividade nos serviços públicos transitam para o quadro definitivo.

4. O contrato administrativo de provimento constitui a regra de ingresso


dos agentes administrativos na função pública.

5. As necessidades transitórias e excepcionais, quando não possam ser as-


seguradas pelo pessoal do quadro definitivo e do quadro eventual, são satisfeitas
por pessoal contratado a prover em regime de contrato de trabalho por tempo de-
terminado, constituindo o pessoal do quadro assalariado.

6. O contrato administrativo de provimento concede a faculdade do tra-


balhador exercer as funções de serviço público com sujeição ao regime da função
pública sem obter a qualidade de funcionário público durante um período de até
cinco anos.

7. O contrato de trabalho por tempo determinado tem a duração de até um


ano e concede ao trabalhador o exercício de missões e tarefas ligadas ao serviço
público nos casos de aumento temporário de volume de trabalho dos serviços, de
necessidade de desenvolver actividades sazonais ou de execução de tarefas es-
pecíficas de curta duração.

ARTIGO 10.º
(Regime e prazos do contrato)

1. A contratação de pessoal é feita nos termos da lei e deve obedecer os requi-


sitos de concurso público, de existência de vaga no quadro e de dotação orçamental.
466
2. O contrato administrativo de provimento vigora por um período de 12
meses, podendo ser prorrogado sucessivamente até cinco anos, no caso de de-
sempenho positivo do agente administrativo.

3. O contrato de trabalho por tempo determinado vigora no prazo de até 12


meses.

4. O contrato referido no número anterior caduca automaticamente vencido


o respectivo prazo, cessando sem qualquer formalidade o processamento de
salários e outras regalias financeiras ou patrimoniais a expensas do Estado.

5. Os gestores de recursos humanos devem assegurar o cumprimento do


disposto no número anterior, sob pena de responsabilidade disciplinar e finan-
ceira por meio do processo de reintegração de fundos.

6. O contrato de trabalho por tempo determinado dispensa a fiscalização


preventiva do Tribunal de Contas, ficando apenas sujeito ao controlo do serviço
inspectivo da função pública.

7. Em razão da sua finalidade a contratação de pessoal assalariado pode


efectivar-se através de formas e procedimentos mais expeditos, desde que haja
disponibilidade financeira para o efeito.

CAPÍTULO IV
Critérios e Procedimentos

ARTIGO 11.º
(Provimento de lugares do quadro)

1. O provimento dos lugares de ingresso ou de acesso previsto nos quadros


de pessoal fica condicionado a existência de vaga com dotação orçamental desti-
nada a remunerar o respectivo lugar a prover.

2. Entende-se por vaga a existência de um lugar no quadro de pessoal com


dotação orçamental e não provido.

ARTIGO 12.º
(Abertura de vagas)

A abertura de vaga ocorre designadamente nas situações de:

a) Exoneração, demissão, aposentação ou morte do funcionário;


b) Licença ilimitada;
c) Promoção;
d) Provimento de funcionário para cargo em comissão de serviço ou elec-
tivo;
e) Transferência;
f) Destacamento;
g) Fim do contrato, por qualquer causa.
467
ARTIGO 13.º
(Proporcionalidade)

1. Os quadros de pessoal devem ser estruturados de acordo com as neces-


sidades permanentes de serviços, não podendo, em regra, o número de cada cat-
egoria exceder o da categoria imediatamente inferior.

2. Tratando-se de organização de quadros de pessoal para responder a ne-


cessidades de serviços de natureza essencialmente técnica ou científica, a estru-
turação dos respectivos quadros pode obedecer a critérios diferentes do disposto
no número anterior, mediante proposta devidamente fundamentada apresentada
aos órgãos que detêm a seu cargo as Finanças Públicas, Administração Pública ou
Administração do Território, respectivamente para os serviços centrais ou locais.

ARTIGO 14.º
(Procedimento)

1. Os projectos de criação ou reestruturação dos organismos da adminis-


tração pública devem obrigatoriamente conter em anexo o quadro de pessoal que
corresponde em nível e número aos empregos necessários para o cumprimento das
missões dos serviços.

2. Os quadros de pessoal são elaborados após uma avaliação quantitativa


e qualitativa das necessidades permanentes dos serviços em pessoal.

3. A avaliação a que se refere o número anterior deve incluir uma análise


das necessidades, através da mensuração do volume de trabalho, determinada
pelas missões dos serviços, bem como dos respectivos níveis de responsabilidade
e das qualificações profissionais necessárias para o seu provimento.

ARTIGO 15.º
(Processo de elaboração de quadros de pessoal)

1. À elaboração de quadros de pessoal obedece às fases seguintes:

a) Fase inicial de elaboração, desenvolvida ao nível do serviço proponente


e que se traduz na avaliação quantitativa e qualitativa dos empregos
necessários e a formulação de um projecto de quadro de pessoal;
b) Fase de coordenação e controlo, ao nível do serviço interessado e dos
órgãos centrais de gestão financeira e dos recursos humanos da Ad-
ministração Pública central e local;
c) Fase de decisão da competência do Conselho de Ministros, nos casos de
reestruturação de quadros de pessoal que se seguir a aprovação de es-
tatutos orgânicos.

2. Nenhum projecto de quadro de pessoal deve ser remetido ao Conselho de


Ministros sem a prévia coordenação a que se refere a alínea b) do número anterior.

468
ARTIGO 16.º
(Período de vigência)

Sem prejuízo de eventuais alterações por factos devidamente fundamenta-


dos, os quadros de pessoal são elaborados por um período previsional de cinco anos.

CAPÍTULO V
Planeamento de Efectivos

ARTIGO 17.º
(Programação dos quadros de pessoal)

1. Os gestores das unidades orçamentais, na data da apresentação das re-


spectivas propostas de orçamento para o ano seguinte, e tendo em conta o previsto
no respectivo quadro orgânico de pessoal, devem elaborar o planeamento de efec-
tivos contendo as suas necessidades de admissão de pessoal, promoção ou outro
instrumento de mobilidade profissional.

2. A nível local, os governos provinciais devem, de igual modo, elaborar


o planeamento de efectivos com base no previsto nos quadros orgânicos de pes-
soal vigentes as necessidades de admissão de pessoal, promoção ou outro instru-
mento de mobilidade e remeter ao órgão responsável da administração do
território.

3. Após a aprovação do Orçamento Geral do Estado, em função do fundo


salarial disponível para o respectivo organismo, os titulares executam o planea-
mento de efectivos até o final do primeiro semestre de cada ano.

ARTIGO 18.º
(Gestão de quadros de pessoal)

A gestão dos quadros de pessoal relativamente ao ingresso, promoção e


mobilidade interna é feita de forma autónoma pelos titulares dos organismos a
nível central e local, desde que não altere o fundo salarial do organismo e no es-
trito cumprimento das disposições legais sobre a matéria, ficando sempre condi-
cionado a existência de quadro de pessoal aprovado e de vaga.
ARTIGO 19.º
(Prestação de informação)

Os titulares dos organismos da Administração Central e Local devem in-


formar aos serviços competentes dos sectores responsáveis das Finanças Públicas,
Administração Pública e Administração do Território a execução do planeamento
de efectivos para efeitos de conhecimento, registo e controlo, contendo os
seguintes elementos:

469
a) O mapa de planeamento de efectivos do respectivo ano;
b) A fundamentação legal para a prática do acto ( concurso de ingresso ou
de acesso, razão da abertura de vaga e existência de dotação orçamental);
c) Demonstração de que o acto não altera o fundo salarial.

ARTIGO 20.º
(Atribuição de quotas)

1. Podem ser atribuídas quotas para ingresso (admissão) a título excep-


cional, aos sectores da educação, saúde, justiça e relações exteriores sempre que
as necessidades de pessoal não poderem ser satisfeitas por meio do fundo salar-
ial em função da abertura de novas unidades orgânicas (estabelecimentos de en-
sino ou de saúde, serviços de justiça e missões diplomática ou consulares).

2. A atribuição das quotas previstas nos termos do número anterior é feita


por despacho conjunto dos titulares dos sectores das Finanças Pública, Adminis-
tração Pública e Administração do Território.

ARTIGO 21.º
(Responsabilidade)

A gestão e controle de efectivos dos quadros de pessoal legalmente aprova-


dos, bem como a implementação do plano de efectivos no respectivo órgão, cujo
provimento seja autorizado pelo exercício orçamental, é da responsabilidade do
titular do órgão.

ARTIGO 22.º
(Apoio metodológico e avaliação)

Os serviços competentes dos órgãos responsáveis das Finanças Pública,


da Administração Pública e da Administração do Território prestam sempre que
solicitados o apoio metodológico às unidades dos serviços sectoriais e locais:

a) Na elaboração de quadros de pessoal;


b) Na preparação dos instrumentos sobre o planeamento de efectivos;
c) Na avaliação da aplicação das disposições legais sobre a gestão do pes-
soal nos serviços públicos.

ARTIGO 23.º
(Nulidade das admissões e dos actos de mobilidade profissional)

São nulas e não produzem efeitos jurídicos as admissões e a adopção das


demais formas de mobilidade profissional feitas sem observância do estabelecido
no presente diploma.

470
ARTIGO 24.º
(Responsabilidade disciplinar)

Os responsáveis que autorizem ou omitam informações relativas à admis-


são ou mobilidade profissional de pessoal em contravenção ao previsto no pre-
sente diploma são responsáveis pela reposição das quantias indevidamente pagas,
sem prejuízo das responsabilidade política ou disciplinar que ao caso couber.

CAPÍTULO VI
Disposições Finais

ARTIGO 25.º
(Revogação)

Fica revogada toda a legislação que contrarie o presente diploma.

ARTIGO 26.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente


diploma são resolvidas pelo Presidente da República.

ARTIGO 27.º
(Entrada em vigor)

O presente diploma entra em vigor na data da sua publicação.

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 27 de Abril de


2011.

Publique-se.

Luanda, aos 19 de Maio de 2011.

O Presidente da República,
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

471
472
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR

473
474
LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR
1991

Ø Decreto nº. 5/91, de 2 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Suspende


a admissão e a contratação de funcionário na função pública. Revoga todas
as disposições que contrariem o disposto no presente decreto .— D.R.nº. 5.

Ø Decreto Executivo nº 17/91, de 13 de Abril; do Ministério das Finanças:


Fixa o subsídio diário por deslocações ao exterior do país em comissão even-
tual de serviço público .— D.R. nº 15.

Ø Decreto nº. 30/91, de 12 de Julho; do Conselho de Ministros: Aprova o


estatuto do professor não universitário .— D.R. nº. 29.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº. 42/91, de 26 de Julho: dos Ministérios


da Administração Pública, Emprego e Segurança Social e das Finanças: Re-
gulamenta os pedidos de admissão para os organismos da Administração
Pública .— D.R. nº. 31.

1992

Ø Decreto nº 31/92, de 10 de Julho; do Conselho de Ministros: Estabelece


os critérios de atribuição de subsídios ao pessoal de enfermagem e de apoio
hospitalar do serviço nacional de saúde .— Revoga toda a legislação que
contrarie o disposto no presente diploma .— D.R. nº 27.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 37/92, de 21 de Agosto; dos Ministé-


rios das Finanças e do Trabalho Administração Pública e Segurança So-
cial: Atribui as autoridades tradicionais o direito à percepção de salários
.— D.R. nº 33.

Ø Lei nº 21-E/92, de 28 de Agosto; da Assembleia Nacional: Aprova o re-


gime jurídico dos Titulares de Cargos Políticos .— Revoga o nº 4, alínea
a) e b) do artigo 109, da Lei Geral do Trabalho e toda a legislação que con-
trarie a presente lei .— D.R. nº 34, IV suplemento.

1993

Ø Lei nº 5/93, de 28 de Maio; da Assembleia Nacional: Orgânica da As-


sembleia Nacional .— D.R. nº 21 .— (Alterada pela Lei nº 25/03 de 19
de Setembro — D.R. 74)

Ø Lei nº 8/93, de 30 de Julho; da Assembleia Nacional: Sobre o formulário de


diplomas legais . “Revogada pela Lei n.º 2/10, de 25 de Março”.— D.R. nº 30.-
475
Ø Decreto Executivo Conjunto nº 15/93, de 3 de Setembro; dos Ministé-
rios das Finanças e da Administração Pública Emprego e Segurança So-
cial: Determina que todos os trabalhadores da Função Pública e das enti-
dades equiparadas têm direito a percepção do 13º mês a conceder em De-
zembro de valor igual ao salário base a que têm direito em 1 desse mês, a
título de remuneração complementar. O pagamento do 13º mês deverá ser
processado ao mesmo tempo que o salário de mês de Dezembro .— DR nº
35.— (Artigo nº 165 da Lei Geral do Trabalho define o subsídio para
o Sector Empresarial).

Ø Decreto-Lei nº 5/93, de 19 de Novembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o regime de carreiras profissionais no serviço de Informação do Ministério
do Interior. — DR nº 45.

1994

Ø Decreto nº 1/94, de 14 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Sobre a se-


lecção de candidatos para a Função Pública .- Revoga os Decretos nº 5/91,
de 2 de Fevereiro e o Decreto Executivo Conjunto nº 42/91, de 26 de Ju-
nho .— D.R nº 2.

Ø Resolução nº 1/94, de 3 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Cria em


todas as províncias do País a Comissão Provincial dinamizadora da formação
e aperfeiçoamento profissional na Função Pública e cria em todos órgãos
de Recursos Humanos das Delegações e Direcções Provinciais um núcleo
de Formação e Aperfeiçoamento Profissional. (DR nº 5)

Ø Resolução nº 2/94, de 3 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Cria a Co-


missão Interministerial para a reforma administrativa integrada por vários ti-
tulares e cria a Comissão Consultiva composta por indivíduos com conhe-
cimento e experiência reconhecida em matéria administrativa. (DR nº 5).

Ø Decreto nº 9/94, de 25 de Março; do Conselho de Ministros: Regime Ju-


rídico das tolerâncias de ponto .— Revoga toda legislação que contrarie o
disposto no presente decreto. –D.R nº 12.-

Ø Decreto-Lei nº 11/94, de 24 de Junho; do Conselho de Ministros: Esta-


belece a estrutura indiciária da tabela da Função Pública .- Revoga toda le-
gislação que contrarie as disposições do presente diploma, nomeadamen-
te a Lei nº 8/81, de 26 de Outubro .— DR nº 25.-

Ø Decreto nº 32/94, de 17 de Agosto; do Conselho de Ministros: Atribui o


subsídio por acumulação ou substituição .— D.R nº 34.-

Ø Lei nº 14/94, de 2 de Setembro; da Assembleia Nacional: Sobre estatuto


remuneratório do Presidente da República .- Revoga toda legislação que
contrarie o disposto na presente lei, — D.R. nº 39.

476
Ø Decreto nº45/94, de 10 de Novembro; do Conselho de Ministros: Atribui
aos Oficiais da Justiça, percentagem sobre o seu salário base mensal .—
D.R. nº 50.

1995

Ø Decreto nº 9/95, de 21 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova o Diploma


e o Regulamento Interno da Inspecção Geral do Trabalho .— D.R. nº 16.

Ø Despacho Conjunto nº 120/95, de 28 de Julho; dos Ministérios das Fi-


nanças e MAPESS: Cria um grupo de trabalho para o acompanhamento da
execução das medidas aprovadas no domínio da Política Remuneratória dos
trabalhadores da Função Pública .— D.R. nº 30.

1996

Ø Decreto nº 7/96, de 16 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece o regime de realização de despesas públicas, prestação de serviço e aqui-
sição de bens, bem como a contratação pública relativa à prestação de ser-
viços, locação e aquisição de bens móveis .- Revoga todas disposições que
contrarie o presente diploma .— D.R. nº 7.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 12/96, de 8 de Março; do Ministério das


Finanças e MAPESS: Aprova os subsídios a aplicar aos trabalhadores do
Sector de Educação .— D.R. nº 10.

Ø Lei nº 3/96, de 5 de Abril; da Assembleia Nacional: Cria a Alta autoridade


contra a Corrupção .— D.R. nº 14.

Ø Lei nº 5/96, de 12 de Abril; da Assembleia Nacional: Orgânica do Tribu-


nal de Contas .— Revoga todas as disposições que contrariem o disposto
na presente Lei .— D.R. nº 15.

Ø Lei nº 13/96, de 31 de Maio; da Assembleia Nacional: Orgânica que es-


tabelece o regime jurídico e estatuto remuneratório dos membros do Go-
verno .— Revoga toda legislação que contrarie o disposto na presente Lei.
— D.R. nº 22 — supl.

Ø Rectificação de 31 de Maio: A Lei nº 13/96, que estabelece o regime ju-


rídico do estatuto Remuneratório dos Membros do Governo .— D.R. nº 22
— 2º Supl.

Ø Decreto nº 27/96, de 30 de Agosto; do Conselho de Ministros: Define as


entidades com competência para prover o pessoal a enquadrar nas categorias
técnicas a nível central e local .— D.R. nº 37.

1997

Ø Decreto Executivo nº 1/97, de 24 de Janeiro; do Gabinete do Primeiro Mi-


nistro: Determina a obrigatoriedade da utilização do aplicativo informáti-

477
co de suporte ao processamento da folha de salários por todas as unidades
Orçamentais, a partir do dia 1 de Janeiro de 1997.— D.R. nº 4.

Ø Decreto nº 13/97, de 21 de Março; do Conselho de Ministros: Aprova o


Regulamento do Conselho Nacional de Auscultação e Concertação Social
.- Revoga toda legislação que contrarie o disposto no presente diploma, no-
meadamente o decreto nº 47/94, de 10 de Novembro .— D.R. nº 12.

Ø Decreto nº 15/97, de 27 de Março; do Conselho de Ministros: Aprova o


Regime Legal da Carreira de Radiologia e Diagnóstico .— Revoga toda a
legislação que contrarie o disposto no presente diploma .— D.R. nº 13.

Ø Decreto nº 16/97, de 27 de Março; do Conselho de Ministros: Aprova o


Regime de Estruturação da Carreira de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica
do Serviço nacional de Saúde .— D.R. nº 13.

Ø Decreto nº 26/97, de 4 de Abril; do Conselho dos Ministros: Estabelece


a composição e o regime jurídico do pessoal dos Gabinetes dos Membros
do Governo .— D.R. nº 15.

Ø Decreto nº 28/97, de 10 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova o Re-


gime e a Estruturação da Carreira de Farmácia do Serviço de Saúde .— Re-
voga toda a legislação que contrarie o presente decreto. — D.R. nº 18 Supl.

Ø Decreto nº 29/97, de 18 de Abril; do Conselho de Ministros: Estabelece


o regime jurídico da Carreira do pessoal de apoio Hospitalar do serviço na-
cional de saúde .— Revoga a legislação que contrarie o presente decreto
— D.R. nº 19.

Ø Decreto nº 59/97, de 25 de Agosto; do Conselho de Ministros: Aprova os


vencimentos da tabela indiciária da função pública .— D.R. nº 40.

Ø Decreto nº 60/97, de 25 de Agosto; Aprova os vencimentos da tabela in-


diciária dos titulares de cargos de direcção e chefia da função pública .—
D.R. nº 40.

Ø Decreto nº 70/97, de 3 de Outubro; do Conselho de Ministros: Sobre o


provimento dos funcionários públicos apôs a reconversão de carreiras .—
Revoga toda a legislação que contrarie o presente diploma .— D.R. nº 46.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 46/97; de 7 de Novembro: dos Minis-


térios das Finanças e Justiça: Fixa honorários atribuídos aos advogados, es-
tagiários ou não, pelos serviços que prestam no âmbito da assistência ju-
diciária, bem como as despesas que se revelem justificadas, devidamente
discriminadas e comprovadas .— D.R. nº 51.

478
Ø Despacho nº 4/97, de 14 de Novembro; do Gabinete do Primeiro Minis-
tro: Atribui o subsídio mensal correspondente a 70% do vencimento base
ao pessoal do quadro técnico e administrativo dos Gabinetes do Presiden-
te da República e do Primeiro Ministro .— D.R. nº 52.
1998

Ø Decreto nº 3/98, de 27 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece os princípios da estruturação das carreiras aduaneiras .— Revoga toda
a legislação que contrarie o disposto no presente diploma .— D.R. nº 8.

Ø Decreto nº 14/98, de 5 de Junho; do Conselho de Ministros: Aprova a car-


reira do trabalhador social .— D.R. nº 25.

Ø Despacho nº 4/98, de 10 de Julho; do Gabinete do Primeiro Ministro: Cria


a Comissão Permanente da Execução das medidas no domínio da política
remuneratório da Função Pública .— D.R. nº 30.

Ø Decreto nº 34/98, de 2 de Outubro; do Conselho de Ministros: Cria o Ins-


tituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), e apro-
va o seu estado orgânico e extingue o Instituto Nacional de Formação Pro-
fissional, criado ao abrigo do decreto nº 39-D/92, de 28 de Agosto .- Re-
voga todas as disposições que contrariem o previsto no presente diploma.—
D.R. nº 42.

Ø Decreto nº 36/98, de 23 de Outubro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece o regime jurídico da carreira de Investigação Cientifica Pesqueira. —
Revoga toda a legislação que contrarie as disposições previstas no presente
diploma .— D.R. nº 45.-

Ø Decreto nº 41/98, de 20 de Novembro; do Conselho de Ministros: Esta-


belece os princípios da estruturação do regime especial das carreiras de Ins-
pecção e Fiscalização das Pescas .— D.R. nº 49.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 71/98, de 31 de Dezembro; dos Minis-


térios da Saúde e da Administração Pública Emprego e Segurança Social:
Estabelece as regras de transição para o regime especial da carreira de Téc-
nicos de Diagnóstico e Terapêutica .— D.R. nº 55.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 72/98, de 31 de Dezembro; dos Minis-


térios da Saúde e da Administração Pública Emprego e Segurança Social:
Estabelece as regras de transição para o regime de Internato da carreira mé-
dica .— D.R. nº 55.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 73/98, de 31 de Dezembro; dos Minis-


térios da Saúde e da Administração Pública Emprego e Segurança Social:
Estabelece as regras de transição para o regime especial da carreira do pes-
soal de Apoio Hospitalar .— D.R. nº 55.

479
Ø Decreto Executivo Conjunto nº 74/98, de 31 de Dezembro; dos Minis-
térios da Saúde e da Administração Pública Emprego e Segurança Social:
Estabelece as regras de transição para o regimes especial da carreira de En-
fermagem .— D.R. nº 55.
1999

Ø Decreto nº 29/99, de 1 de Outubro; do Conselho de Ministros: Sobre a


atribuição de regalias Patrimoniais a titulares de cargos políticos .- Revo-
ga tudo o que disponha em contrário ao presente diploma, nomeadamen-
te o Decreto nº 62/76, de 23 de Junho e o Decreto nº 23/90 de 6 de Outu-
bro .— D.R. nº 40.

Ø Decreto nº 42/99, de 17 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Esta-


belece os princípios gerais e específicos da estruturação do regime espe-
cial de carreiras profissionais do Serviço de Bombeiros .— D.R. nº 51.

Ø Decreto nº 43/99, de 24 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Esta-


belece os princípios específicos do regime legal das carreiras técnicas res-
peitantes aos funcionários pertencentes ao quadro profissional dos Servi-
ços Prisionais. — D.R. nº 52.

2000

Ø Decreto nº 1/00, de 7 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Aprova o regime


de carreiras especificas do Serviço de Migração e Estrangeiros .— D.R. nº 1.

Ø Despacho Conjunto nº 13/00, de 28 de Janeiro; dos Ministérios da Edu-


cação e Cultura e do MAPESS: Determina que os alunos estagiários das
Escolas de Professores do Futuro receberão durante o período de estágios
uma gratificação correspondente ao escalão A, do índice 250 da tabela in-
diciária da Função Pública .— D.R. nº 4.

Ø Decreto nº 9/00, de 10 de Março; do Conselho de Ministros: Atribui 5%


aos trabalhadores das Finanças que intervenham directa ou indirectamen-
te na cobrança das receitas para o Estado .— Revoga o Decreto nº 103/83,
de 15 de Novembro e demais legislação que contrarie o disposto no pre-
sente decreto .— D.R. nº 10 .

Ø Decreto nº 12/00, de 10 de Março; do Conselho de Ministros: Aprova o


subsídio técnico como suplemento ao vencimento-base dos funcionários pú-
blicos das carreiras técnicas. — D.R. nº 10

Ø Decreto nº 27/00, de 19 de Maio; do Conselho de Ministros: Aprova o pa-


radigma de regulamento e o quadro de pessoal dos Governos das provín-
cias, das administrações dos municípios e comunais. — Revoga o decre-
to nº 12/90, de 14 de Julho e toda a legislação que contrarie o disposto no
presente diploma. — D.R. nº 20.

480
Ø Resolução nº 16/00, de 14 de Julho; da Comissão Permanente do Conselho de
Ministros: Cria o Cartão de Identificação do Funcionário Público. — D.R. nº 28.

Ø Resolução nº 17/00 de 14 de Julho; da Comissão Permanente do Conse-


lho de Ministros: Determina a obrigação de afixação da denominação dos
Serviços Públicos. — D.R. nº 28.

Ø Lei nº 5/00, de 25 de Agosto; da Assembleia Nacional: Aprova o Esta-


tuto Remuneratório dos Magistrados Judiciais e do Ministério Público .-
Revoga toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei. — D.R.
nº 34.— (Alterado pela Lei nº 11/01, de 25 de Agosto — D.R. nº 36)

Ø Despacho nº 8/00, de 1 de Dezembro; da Presidência da República: In-


dica várias entidades para representar o Governo no Conselho Nacional de
Concertação Social. — D.R. nº 51.

2001

Ø Decreto nº 4/01, de 19 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Aprova o


estatuto da carreira do investigador cientifico. — Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto ao presente decreto. — D.R. nº 3 .

Ø Decreto nº 14/01, de 16 de Março; do Conselho de Ministros: Apro-


va o regime remuneratório do pessoal da carreira diplomática. — Re-
voga toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma.
— D.R. nº 13.

Ø Decreto nº 23/01, de 12 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova


regulamento do Tribunal de Contas. — Revoga as normas legais que con-
trariem o disposto no presente diploma. — D.R. nº 18.-

Ø Decreto nº 25/01, de 20 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova o re-


gime remuneratório dos membros do Conselho Nacional de Comunicação
Social. — Revoga todas as disposições que contrariem o disposto no pre-
sente diploma. — D.R. nº 19.

Ø Decreto Executivo nº 17/01, de 20 de Abril; do Ministério das Finanças:


Define os subsídios a que os titulares de cargos políticos têm direito nos
termos dos nºs. 2 e 3 do artigo 4º do Decreto nº 29/99, de 14 de Outubro.
— D.R. nº 19.

Ø Despacho nº 117/01, de 20 de Abril; do Ministério das Finanças: Define


o montante e as modalidades de pagamento do subsídio de férias aos titu-
lares de cargos políticos. — D.R. nº 19.

Ø Decreto nº 40/01, de 29 de Junho; do Conselho de Ministros: Aprova o


regime remuneratório do investigador cientifico. — Revoga toda a legis-
lação que contrarie o disposto no presente decreto. — D.R. nº 29.

481
Ø Decreto nº 42/01, de 6 de Julho; do Conselho de Ministros: Estabelece o
regime jurídico da carreira de inspecção dos serviços de Inspecção, Fis-
calização e Controlo da Administração do Estado. — Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto no presente decreto. — D.R. nº 30.

Ø Lei nº 11/01, de 13 de Agosto; da Assembleia Nacional: De alteração à lei


nº 5/00, de 25 de Agosto — Lei Orgânica do Estatuto Remuneratório dos
Magistrados Judiciais e do Ministério Público. — D.R. nº 36.

Ø Decreto nº 69/01, de 28 de Setembro; do Conselho de Ministros: Estabelece


o regime remuneratório do pessoal dos Registos e do Notariado, dos Tri-
bunais, da Identificação Civil e Criminal, adiante designados por Oficiais
de Justiça. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente
decreto. — D.R. nº 44.

Ø Decreto nº 73/01, de 12 de Outubro; do Conselho de Ministros: Define


os órgãos, as regras e as formas de funcionamento do Sistema Integrado
de Gestão Financeiro do Estado (SIGFE). — Revoga o Decreto nº 13/99
de 9 de Julho. — D.R. nº 47.

2002

Ø Decreto nº 1/02, de 24 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Cria o Sis-


tema Nacional de Gestão dos Recursos Humanos(SINGERH). — D.R. nº 7.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 22/02, de 14 de Junho; dos Ministérios


do Planeamento e do APESS: Aprova as regras de transição para a imple-
mentação do regime de carreiras especiais de estatística do Instituto Nacional
de Estatística. — D.R. nº 47.

Ø Resolução nº 15/02, de 18 de Junho; da Assembleia Nacional: Concede


ao Governo autorização legislativa para em matéria da função pública, apro-
var um regime de agravamento das faltas injustificadas cometidas no ter-
mino das férias, feriados, tolerâncias de ponto e dias de descanso semanal,
pelos trabalhadores da função pública. — D.R. nº 48.

Ø Lei nº 8/02, de 19 de Julho; da Assembleia Nacional: Estabelece os pe-


ríodos normais de funcionamento dos organismos da administração cen-
tral e local do Estado, bem como o horário de trabalho dos funcionários e
agentes dos respectivos serviços. — Revoga a Lei nº 12/94, de 2 de Setembro.
— D.R. nº 57.

Ø Decreto nº 68/02, de 29 de Outubro; do Conselho de Ministros: Dá nova


redacção ao artigo 2º do Decreto nº 26/97, de 4 de Abril, que estabelece a
composição e o regime jurídico do pessoal dos Gabinetes dos membros do
Governo. — D.R. nº 86.

2003

Ø Decreto-Lei nº 1/03, de 21 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Esta-

482
belece os princípios gerais relativos à organização e aplicação da estrutu-
ra indiciaria das tabelas salariais da função pública e dos subsídios ou su-
plementos remuneratórios. — Revoga toda a legislação que contrarie o pre-
sente diploma nomeadamente o Decreto-Lei nº 2/95, de 17 de Fevereiro.
— D.R. nº 5.

Ø Decreto nº 12/03, de 8 de Abril; do Conselho de Ministros: Regula o re-


gime jurídico do destacamento e transferência de pessoal com perfil para
o exercício de funções técnicas e de direcção e chefia, para a administra-
ção local do Estado. — Revoga o Decreto nº 34/95, de 15 de Dezembro,
Decreto nº 37/94, de 17 de Agosto e Decreto nº 12/00, de 10 de Março. —
D.R. nº 27.

Ø Despacho nº 34/03, de 22 de Abril; do Ministério das Finanças: Aprova


as normas que estabelecem o horário de trabalho e o período de funciona-
mento dos serviços que integram a Direcção Nacional das Alfândegas. —
D.R. nº 31.

Ø Decreto Executivo nº 24/03, de 22 de Abril; do Ministério das Finanças:


Determina que os funcionários da carreira técnica superior que tenham exer-
cido as funções de director nacional, director regional e chefe de departa-
mento nacional, por um período de dois, poderão ser nomeados despachantes
oficiais mediante concurso documental. — Revoga tudo quanto contrarie
o disposto no presente Decreto Executivo. — D.R. nº 31.

Ø Decreto nº 37/03, de 27 de Junho; do Conselho de Ministros: Estabele-


ce o regime jurídico e as condições de exercício de cargos de direcção e
chefia nos estabelecimentos de ensino público não superior, doravante de-
nominados por estabelecimentos. — D.R. nº 50.

Ø Decreto nº 42/03, de 1 de Julho; do Conselho de Ministros: Actualiza o


montante do abono de família. — Revoga o Decreto nº 15/01, de 16 de Mar-
ço. — D.R. nº 51.

Ø Decreto nº 45/03, de 8 de Julho; do Conselho de Ministros: Reconhece


aos vogais do Conselho Superior das Magistraturas Judiciais e do Minis-
tério Público o direito à percepção de uma gratificação mensal pelo exer-
cício das suas actividades. — D.R. nº 53.

Ø Decreto nº 50/03, de 8 de Julho; do Conselho de Ministros: Aprova o re-


gime remuneratório do Conselho Nacional de Comunicação Social .- Re-
voga toda a legislação que contrarie o presente decreto. — D.R. nº 53.

Ø Despacho nº 1/03, de 18 de Julho; do Gabinete do Primeiro Ministro: De-


termina que ficam os Ministros e os Governadores Provinciais encarregues
de promover e garantir a observância do disposto no nº 2 do artigo 17º do
Decreto — Lei nº 5/02, de 1 de Fevereiro. — D.R. nº 56.

Ø Despacho nº 2/03, de 18 de Julho; do Gabinete do Primeiro Ministro: De-

483
termina que os titulares dos órgãos da administração central do Estado as-
segurem a implantação eficaz do sistema de Gestão de Recursos Humanos
(SINGERH). — D.R. nº 56.

Ø Despacho nº 3/03, de 18 de Julho; do Gabinete do Primeiro Ministro: De-


termina que os titulares dos órgãos da administração local do Estado as-
segurem a implantação eficaz do sistema de Gestão de Recursos Humanos
( SINGERH ).- D.R. nº 56.-

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 34/03, de 29 de Julho; dos Ministérios


da Administração do Território, Administração Pública Emprego e Segurança
Social e das Finanças: Considera áreas prioritárias para transferência e des-
tacamento de pessoal com perfil técnico e de exercício de cargos de direcção
e chefia para administração local do Estado as Províncias do México, Cu-
nene, Kuando-Kubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Uíge, Cuanza Norte, Ma-
lanje, Zaire, Bié e Huambo. —- D.R. nº 59.

Ø Lei nº 25/03 de 19 de Setembro; da Assembleia Nacional: De alteração


a Lei nº 5/93, de 28 de Maio — Lei Orgânica da Assembleia Nacional —
D.R. nº. 74

Ø Decreto nº 93/03, de 10 de Outubro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece as carreiras específicas para os membros dos serviços de Inteligência
Externa (S.I.E ) e dos Serviços de Informações (SINFO). — Revoga no
todo o Decreto nº 33-A/98, de 26 de Setembro. — D.R. nº 80.

Ø Decreto-Lei nº 9/03, de 28 de Outubro; do Conselho de Ministros: Es-


tabelece as regras de organização, estruturação e funcionamento dos Institu-
tos Públicos. — Revoga o Decreto-Lei nº 1/01, de 24 de Maio. — D.R. nº 85.

Ø Decreto nº 98/03, de 28 de Outubro; do Conselho de Ministros: Regula-


menta a atribuição de senhas de presença aos membros que compõem os
conselhos nacionais dos órgãos da administração pública e das comissões
ou grupos de trabalho criados para a execução de tarefas específicas da ad-
ministração pública. — D.R. nº 85.

Ø Decreto n.º 122/03, de 21 de Novembro; do Conselho de Ministros: So-


bre a interpretação da alínea e) do artigo 11º do Decreto nº33/91, de 26 de
Julho. — D.R. n.º 92.

Ø Despacho n.º 128/03, de 25 de Novembro; do Ministério da Saúde: Apro-


va o regulamento sobre a Organização de Trabalho das Unidades Sanitá-
rias para a aplicação de subsídios e horas acrescidas, chamadas e horas ex-
traordinárias. — D.R. n.º 93.

2004

Ø Decreto n.º 4/04, de 27 de Janeiro, do Conselho de Ministros: Aprova o

484
regime remuneratório dos cargos de direcção e chefia dos estabelecimen-
tos de Saúde. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre-
sente decreto. — D.R. n.º 8.

Ø Decreto nº 37/04, de 25 de Junho; do Conselho de Ministros. — Cria as


categorias de Internos Médicos (geral e complementar), como categorias
que antecedem as carreiras médicas. — D.R. nº51.

Ø Decreto nº 42/04, de 13 de Julho; do Conselho de Ministros. — sobre a


isenção do imposto sobre o rendimento do Trabalho pelos antigos com-
batentes e deficientes de Guerra. — D.R. nº56.

Ø Decreto nº 43/04, de 13 de Julho; do Conselho de Ministros. — Atribui


o subsídio de Natal aos antigos Combatentes e deficientes de guerra. — D.R.
nº56.

Ø Decreto nº 44, de 13 de Julho; do Conselho de Ministros. — Regulamenta


a atribuição do subsídio por morte do antigo Combatente e deficiente de
Guerra. — D.R. nº 56.

Ø Decreto nº 45/04, de 13 de Julho; do Conselho de Ministros. — Regula-


menta atribuição do subsídio de funeral ao antigo combatente e deficien-
te de Guerra. — D.R. nº 56.

Ø Decreto nº 68/04, de 15 de Novembro; do Conselho de Ministros: Regu-


lamento o direito à Protecção no ensino, reconhecido em regime especial
aos Antigos Combatentes, Deficientes de Guerra e Familiares de comba-
tentes tombados ou perecidos. — D.R. 92.

Ø Decreto nº 91/04, de 10 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o regime especial de carreiras do pessoal da Justiça .- Revoga o Decreto
nº 2/98, de 13 de Fevereiro e demais legislação que contrarie o disposto no
presente decreto. — D.R. nº 99.

2005

Ø Despacho nº 10/05, de 26 de Janeiro; do Ministério da Educação: Reor-


ganiza a distribuição da carga horária docente nas instituições do ensino pú-
blico. — D.R. nº 11.

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 20/05, de 9 de Fevereiro; dos Ministé-


rio da Justiça e da APESS: Estabelece as regras de transição para o regi-
me especial de carreiras dos oficiais de justiça, aprovado pelo Decreto nº
91/04, de 10 de Dezembro. — Revoga o Decreto Executivo Conjunto nº
15/01, de 12 de Abril. — D.R. nº 17.

Ø Resolução nº 15/05, de 15 de Julho; do Conselho de Ministros: Aprova


a Convenção sobre o Centro Regional de Excelência em Administração Pú-
blica da CPLP. — D.R. nº 84.

485
Ø Resolução nº 38/05, de 8 de Agosto; do Conselho de Ministros: Aprova
o Protocolo da SADC contra a Corrupção. — D.R. nº 94.

Ø Decreto nº 51/05, de 8 de Agosto; do Conselho de Ministros: Sobre atri-


buição do subsídio de renda de casa aos titulares de cargos políticos. — Re-
voga toda a legislação que contrarie o previsto no presente diploma. — D.R.
nº 94.

Ø Resolução nº 20/05, de 11 de Agosto; da Assembleia Nacional: Concede


ao Governo autorização para legislar sobre os subsídios a serem aplica-
dos nas Forças Armadas e nas carreiras especiais do Ministério do Interior.
— D.R. nº 96.

Ø Decreto-Lei nº 5/05, de 11 de Agosto; do Conselho do Ministros: Esta-


belece os critérios de definição e determinação dos subsídios a serem apli-
cados aos militares do Serviço Militar Activo nas Forças Armadas e ao pes-
soal integrado nas carreiras especiais do Ministério do Interior. — Revo-
ga toda a disposição que contrarie o disposto no presente diploma. — D.R.
nº 96.

Ø Decreto nº 105/05, de 7 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Revo-


ga o Decreto nº 8/99, de 28 de Maio, que atribui para efeitos de aposenta-
ção incentivos aos funcionários enquadrados nas carreiras auxiliares, ad-
ministrativas e técnica média, com um considerável tempo de serviço. —
D.R. nº 146.

2006

Ø Lei nº 2/06, de 18 de Janeiro; da Assembleia Nacional: De alteração à Lei


nº 5/00, de 25 de Agosto, Lei Orgânica do Estatuto Remuneratório dos Ma-
gistrados Judiciais e do Ministério Público. — D.R. nº 8.

Ø Lei nº 4/06, de 28 de Abril; da Assembleia Nacional: Aprova o Estatuto


do Provedor de Justiça. — D.R. nº 52.

Ø Lei nº 8/06, de 29 de Setembro; da Assembleia Nacional: De alteração à


Lei nº 5/90, de 7 de Abril, da Procuradoria Geral da República. — Revo-
ga os artigos 29º, 30º e 31º da Lei nº 20/88, de 31 de Dezembro. — D.R.
nº 118.

2007

Ø Decreto-Lei nº 2/07, de 3 de Janeiro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece princípios e normas de organização e funcionamento dos órgãos da Ad-
ministração Local do estado .- Revoga o Decreto-Lei nº 17/99, de 29 de Ou-
tubro e toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma. —
D.R. nº 2.

486
Ø Decreto nº 22/07, de 2 de Maio; do Conselho de Ministros: Cria o Servi-
ço Integrado de Atendimento ao Cidadão, abreviadamente SIAC. — Re-
voga toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma. — D.R.
nº 53.

Ø Decreto executivo conjunto nº 66/07, de 31 de Maio; dos Ministérios das


Finanças e da Administração Pública, Emprego e Segurança Social: Fixa
o montante dos honorários dos membros do grupo técnico de apoio ao Con-
selho de Ministros. — D.R. nº 66.-

Ø Despacho Conjunto nº 618/07, de 1 de Outubro; do Ministério das Fi-


nanças e Banco Nacional de Angola: Aprova o Manual de Procedimentos
para pagamento de salários da Função Pública. — D.R. nº 118.

2008

Ø Decreto nº 1/08, de 25 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Estabe-


lece as regras a observar na execução do Orçamento Geral do Estado para
o ano económico de 2008. — Revoga toda a legislação que contrarie o pre-
sente diploma. — D.R. nº 34.

Ø Decreto nº 3/08, de 4 de Março; do Conselho de Ministros: Aprova o Es-


tatuto Orgânico da Carreira dos Docentes do Ensino Primário e Secundá-
rio, Técnicos Pedagógicos e Especialistas de Administração da Educação
.- Revoga toda a legislação que contrarie o presente decreto, nomeadamente
o Decreto nº 11-J/96, de 12 de Abril. — D.R. nº 40.-

Ø Decreto Executivo nº 40/08, de 17 de Março; do Ministério das Finan-


ças: Fixa o subsídio diário a abonar aos funcionários públicos nas suas des-
locações em missão de serviço .- Revoga o Decreto executivo nº 38/03, de
8 de Agosto. — D.R. nº 49. — (SUBSÍDIO INTERNO )

Ø Decreto Executivo nº 42/08, de 20 de Março, do Ministério da Educação:


Aprova o regulamento para a actualização do enquadramento dos profes-
sores na carreira dos docentes do ensino primário e secundário, técnicos pe-
dagógicos e especialistas de administração da educação. — Revoga toda
a legislação que contrarie o disposto no presente diploma. — D.R. nº 52.

Ø Decreto nº 9/08, de 25 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova o pa-


radigma de estatuto dos Governos Provinciais, das Administrações Muni-
cipais e Comunais. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto
no presente diploma. — D.R. nº 76.

Ø Decreto Executivo nº 59/08, de 29 de Abril; do Ministério das Finanças:


Determina que os membros do Conselho Nacional da Comunicação Social
têm direito ao subsídio de renda de casa. — Revoga toda legislação que con-
trarie o previsto no presente diploma. — D.R. nº 78.

487
Ø Diários da República nºs. 80 e 139, contam publicados os diploma que
procederão os reajustamentos e aumentos salariais da função pública.

Ø Decreto nº 37/08, de 9 de Junho; do Conselho de Ministros: Cria a Es-


cola Nacional de Administração, Empresa Pública, abreviadamente
«ENAD-E.P.» e aprova o seu Estatuto Orgânico. — D.R. nº 104.

Ø Lei nº 6/08, de 4 de Julho; da Assembleia Nacional: Aprova a Lei Orgâ-


nica do Estatuto Remuneratório dos Deputados. — Revoga a Lei nº 14-B/96,
de 31 de Maio. — D.R. nº 123.

Ø Decreto Executivo nº 87/08, de 10 de Julho; do Ministério da Adminis-


tração do Território: Aprova os estatutos orgânicos do Governo Provincial
de Luanda e das Administrações Municipais. — D.R. nº 127.

Ø Decreto Executivo nº 201/08, de 23 de Setembro; do Ministério das Fi-


nanças: Fixa o subsídio a atribuir por motivo de frequência de estágios no
exterior do País, por funcionários do sector público administrativo do Es-
tado. — Revoga o Decreto executivo nº 16/94, de 24 de Junho. — D.R.
nº 178. — Subsídio Externo

Ø Decreto Executivo nº 202/08, de 23 de Setembro; do Ministério da Ad-


ministração do Território: Aprova os estatutos orgânicos do Governo da Pro-
víncia de Cabinda e das Administrações do Municípios de Cabinda, do Ca-
congo, de Belize e do Buço-Zau. — Revoga toda a legislação que contra-
rie o disposto neste Decreto Executivo. — D.R. nº 178.

Ø Decreto Executivo conjunto nº 207-A/08, de 23 de Setembro; dos Minis-


térios da Indústria, MAPESS e das Finanças: Aprova o Estatuto Orgânico do
Instituto Angolano da Propriedade Industrial. — Revoga todas as disposições
que contrariem o previsto no presente diploma. — D.R. nº 178 — suplemento.
Ø Rectificação de 29 de Setembro, da Assembleia Nacional; Aos artigos
16º e 17º da Lei nº 4/06, de 28 de Abril. — Lei do Estatuto do Provedor
de Justiça. — D.R. nº 182 .

Ø Decreto nº 115/08, de 7 de Outubro; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Instituto Angolano das Comunicações, abreviada-
mente designado por INACOM .- Revoga o Decreto nº 12/99, de 25 de Ju-
nho e demais legislação que contrarie o disposto no presente diploma. —
D.R. nº 188.

Ø Decreto Executivo nº 243/08, de 9 de Outubro; do MAT: Aprova os es-


tatutos orgânicos do Governo do kuanza-Norte e das Administrações Mu-
nicipais. — D.R. nº 190.

Ø Decreto –Lei nº 6/08, de 10 de Novembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va a Orgânica do Governo da República de Angola apôs eleições de Se-

488
tembro de 2008 .- Revoga toda a legislação que contrarie o presente diploma.
— D.R. nº 211.

Ø Decreto –Lei nº 7/08, de 10 de Novembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Regimento da Comissão Permanente do Conselho de Ministros. — Re-
voga toda a legislação que contrarie o presente diploma. — D.R. nº 211.

Ø Decreto _Lei nº 8/08, de 12 de Novembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Gabinete do Primeiro Ministro. — Revoga o De-
creto-Lei nº 15/02, de 9 de Dezembro. — D.R. nº 212.

Ø Despacho conjunto nº 465/08, de 19 de Novembro; do MAPESS e Fi-


nanças: Aprova o quadro de pessoal do Instituto Angolano de Participação
do estado — IAPE. — D.R. nº 217.

2009

Ø Resolução nº 2/09, de 7 de Janeiro; da Assembleia Nacional: Sobre o Pla-


no Nacional 2009 e o Orçamento Geral do Estado. — D.R. nº 3.

Ø Resolução nº 7/09, de 9 de Janeiro; da Assembleia Nacional: Fixa o sub-


sídio de instalação dos deputados à Assembleia Nacional. — D.R. nº 5.

Ø Decreto nº 2/09, de 2 de Fevereiro; do Conselho de Ministros: Estabele-


ce as instruções que as Unidades Orçamentais devem respeitar para exe-
cução do Orçamento Geral do Estado para o ano económico de 2009. —
Revoga toda a legislação que contrarie o disposto ao presente diploma. —
D.R. nº 21.

Ø Despacho nº 38/09, de 16 de Fevereiro; dos Ministérios das Finanças e


da Administração Pública, Emprego e Segurança Social: Nomea o Conselho
Fiscal da ENAD — Escola Nacional de Administração. — D.R. nº 30.

Ø Diários da República nºs. 8, 14, 22, 39, 42, 43 e 49 consta publicado os


estatutos orgânicos das provincias Bengo, Cunene, Benguela, Huíla, Na-
mibe, Kuanza-Sul, e Lunda-Norte respectivamente.

Ø Decreto-Lei nº 1/09, de 28 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico da Secretaria de Estado para o Desenvolvimento Ru-
ral. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente di-
ploma. — D.R. nº 78.

Ø Decreto-Lei nº 2/09, de 29 de Abril; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico da Secretaria de Estado para o Ensino Superior .- Re-
voga toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma no-
meadamente o Decreto-Lei nº 5/07, de 5 de Abril. — D.R. nº 79.

Ø Decreto-Lei nº 3/09, de 11 de Maio; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico da Secretaria de Estado das Águas. — D.R. nº 86.

489
Ø Decreto-Lei nº 4/09, de 18 de Maio; do Conselho de Ministros: Aprova
o Estatuto Orgânico do Ministério do Ambiente .- Revoga toda a legisla-
ção que contrarie o presente decreto-lei. — D.R. nº 91.

Ø Decreto-Lei nº 5/09, de 20 de Maio; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Ministério dos Petróleos. — Revoga toda a legis-
lação que contrarie o presente decreto-lei. — D.R. nº 93.

Ø Decreto executivo conjunto nº 38/09, de 26 de Maio; dos Ministérios das


Obras Públicas e da APESS: Cria vários centros de formação profissional
no domínio da construção civil. — Revoga toda a legislação que contra-
rie o disposto no presente diploma. — D.R. nº 96.

Ø Decreto-Lei nº 7/09, de 29 de Maio; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Ministério do Urbanismo e Habitação. — Revoga
toda a legislação que contrarie o presente decreto-lei. — D.R. nº 99.

Ø Decreto-Lei nº 8/09, de 2 de Junho; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Ministério do Comércio. — Revoga toda a legis-
lação que contrarie o presente diploma, nomeadamente o Decreto-Lei nº
9/07, de 20 de Julho. — D.R. nº 100.

Ø Decreto-Lei nº 9/09, de 3 de Junho; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Ministério da Energia, adiante designado por “MI-
NERG”. — Revoga toda a legislação que contrarie o presente decreto-lei.
— D.R. nº 101.

Ø Decreto-Lei nº 10/09, de 4 de Junho; do Conselho de Ministros: Aprova


o Estatuto Orgânico do Ministério das Obras Pública. — Revoga os De-
cretos-Leis nº 3/03, de 9 de Maio e nº 4/05, de 22 de Julho e toda a legis-
lação que contrarie o presente diploma. — D.R. nº 102.

Ø Decreto-Lei nº 12/09, de 9 de Junho; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias
de Informação .- Revoga o Decreto-Lei nº 2/98, de 16 de Janeiro, o Decreto-
-Lei nº 4/06, de 2 de Agosto e toda a legislação que contrarie o presente
diploma. — D.R. nº 105.

Ø Decreto-Lei nº 13/09, de 10 de Junho; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério das Agricultura — Revoga toda a le-
gislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente o
Decreto-Lei nº 8/03, de 17 de Junho. — D.R. nº 106.

Ø Resolução nº 25/09, de 12 de Junho; da Assembleia Nacional: Fixa o sub-


sídio por morte do Deputado no valor correspondente ao seu salário-base.
— D.R. nº 108.

Ø Decreto-Lei nº 16/09, de 12 de Junho; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério da Economia. — D.R. nº 108.

490
Ø Decreto-Lei nº 18/09, de 10 de Julho; do Conselho de Ministros: Apro-
va o Estatuto Orgânico do Ministério da Cultura. — Revoga o Decreto-
-Lei nº 7/03, de 6 de Junho. — D.R. nº 128.

Ø Diários da República nºs. 148 e 231, contam publicados os diploma que


procederão os reajustamentos e aumentos salariais da função pública.

Ø Decreto Executivo nº 82/09, de 17 de Agosto; do Ministério das Finan-


ças: Aprova as instruções para a elaboração da Conta Geral do Estado. —
Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente Decreto Exe-
cutivo. — D.R. nº 154 .

Ø Decreto nº 40/09, de 21 de Agosto; do Conselho de Ministros: Cria o Ins-


tituto Nacional de Emergência Médica de Angola, abreviadamente desig-
nado por I.N.E.M.A. e aprova o seu estado orgânico. — Revoga toda a le-
gislação que contrarie o disposto no presente diploma. — D.R. nº 158.

Ø Decreto-Lei nº 19/09, de 24 de Agosto, do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério dos Transportes. — Revoga o Decreto-
Lei nº 1/05, de 17 de Janeiro e toda a legislação que contrarie o disposto
no presente diploma. — D.R. nº 159.

Ø Decreto nº 41/09, de 25 de Agosto; do Conselho de Ministros: Aprova o


regulamento da carreira de uniforme e distintivo do pessoal da carreira es-
pecial do Serviço de Migração e Estrangeiros. — Revoga todas as dispo-
sições que contrariem o presente decreto. — D.R. nº 160.

Ø Decreto executivo nº 92/09, de 4 de Setembro; do Ministério das Finan-


ças: Aprova os limites de despesas de funcionamento e programas específicos
das Unidades Orçamentais dos órgãos da administração central e local do
Estado para o ano 2010, para o exercício fiscal de 2009 (OGE/09 — Re-
visto). — D.R. nº 168.

Ø Decreto nº 51/09, de 16 de Setembro; do Conselho de Ministros: Cria e


aprova o Estatuto Orgânico do Arquivo Nacional de Angola. — Revoga
toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto. — D.R. nº
176.

Ø Decreto nº 52/09, de 21 de Setembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Regulamento de Uniforme e Distintivo do Pessoal do Regime de Car-
reiras Especiais do Serviço de Bombeiros. — D.R. nº 178.

Ø Rectificação de 22 de Setembro, do Conselho de Ministros: Ao Decreto-Lei


nº 8/09, de 2 de Junho , publicado no Diário da República nº 100, 1ª série, que
aprova o Estatuto Orgânico do Ministério do Comércio. — D.R. nº 179.

Ø Rectificação de 22 de Setembro, do Conselho de Ministros: Ao Decre-


to-Lei nº 5/09, de 20 de Maio , publicado no Diário da República nº 93, 1ª

491
série, que aprova o Estatuto Orgânico do Ministério dos Petróleos. — D.R.
nº 179.

Ø Decreto nº 55/09, de 28 de Setembro; do Conselho de Ministros: Cria o


Instituto de Línguas Nacionais e aprova o respectivo Estatuto Orgânico, ane-
xo ao presente decreto e que dele faz parte integrante. — D.R. nº 183.

Ø Decreto –Lei nº 21/09, de 2 de Outubro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério da Ciência e Tecnologia. — Revo-
ga toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto-lei. — D.R.
nº 187.

Ø Decreto nº 58/09, de 15 de Outubro; do Conselho de Ministros: Cria o


Centro das Tecnologias de Informação, abreviadamente «CNTI». Sob tu-
tela do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e
aprova o seu Estatuto Orgânico. — Revoga toda a legislação que contra-
rie o disposto no presente diploma. — D.R. nº 196.

Ø Decreto-Lei nº 22/09, de 18 de Novembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério da Administração do Território. —
Revoga toda a legislação que contrarie o presente diploma, nomeadamen-
te o Decreto-Lei nº 16/99, de 22 de Outubro. — D.R. nº 218.

Ø Decreto-executivo-conjunto nº 143/09, de 9 de Dezembro; do MAPESS


e das Finanças: Fixa o quadro de pessoal doméstico a atribuir aos membros
do Conselho Nacional de Comunicação Social. — D.R. nº 233.

Ø Decreto-Lei nº 25/09, de 14 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Apro-


va o Estatuto Orgânico do Ministério da Família e Promoção da Mulher.
— D.R. nº 236.

Ø Decreto nº 90/09, de 15 de Dezembro; do Conselho de Ministros: Estabelece


as normas gerais reguladoras do subsistema de ensino superior. — Revoga
os Decretos nºs. 35/01, de 8 de Junho e 65/04, de 22 de Outubro e demais
legislação que contrarie o disposto no presente decreto. — D.R. nº 237.

2010

Ø Resolução nº 1/10, de 18 de Janeiro; da Assembleia Nacional: Determina


que o Governo tome medidas no sentido de melhorar a articulação entre
os Ministérios das Finanças e do Planeamento e as Unidades Orçamentais
da Administração Central .- D.R. nº 10 .-

Ø Decreto executivo conjunto nº 10/10, de 27 de Janeiro; dos Ministérios


da Assistência e Reinserção Social, das Finanças e do APESS: Aprova a
adequação do Estatuto Orgânico do Instituto Nacional da Criança .- Revoga
toda a legislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeada-
mente o Decreto nº 8/91, de 16 de Março .- D.R. nº 17 .-

492
Ø DIÁRIO Nº 23/2010, DE 5 DE FEVEREIRO, CONSTA PUBLICADO
A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA 2010 .-

Ø DIÁRIO Nº 24/10, DE 8 DE FEVEREIRO, CONSTA A NOMEAÇÃO


DO GOVERNO APÔS APROVAÇÃO DA NOVA CONSTITUIÇÃO .-

Ø Decreto Legislativo Presidencial nº 1/10, de 5 de Março: Aprova a or-


ganização e funcionamento dos órgãos essenciais auxiliares do Presiden-
te da República .- Revoga a legislação que contrarie o disposto neste De-
creto Legislativo Presidencial .- D.R. nº 42 .-

Ø Decreto Presidencial nº 7/10, de 5 de Março: Aprova o Regimento do Con-


selho de Ministros .- Revoga a legislação que contrarie o disposto neste di-
ploma .- D.R. nº 42 .-

Ø Despacho nº 23/10, de 10 de Março; do MAPESS: Cria o Serviço Mu-


nicipal de Viana do Instituto Nacional de Segurança Social na Província
de Luanda .- D.R. nº 44 .-

Ø Resolução nº 6/10, de 22 de Março; da Assembleia Nacional: Aprova


o ajustamento do vencimento-base do Presidente da Assembleia Nacional
e dos Deputados à Assembleia Nacional .- D.R. nº 52 .-

Ø Decreto Presidencial nº 23/10, de 23 de Março: Aprova o Estatuto Or-


gânico dos Serviços de Apoio ao Vice-Presidente .- D.R. nº 53.-

Ø Decreto Presidencial nº 24/10, de 24 de Março: “QUE” – DETERMI-


NA SOBRE A EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO
DE 2010 .- D.R. Nº 54 .-

Ø Lei nº 2/10, de 25 de Março; da Assembleia Nacional: Da Publicação e


do Formulário dos Diplomas Legais .- Revoga a Lei nº 8/93, de 3 de Julho
e demais legislação que contrarie o disposto na presente lei .- D.R. nº 55 .-

Ø Lei nº 4/10, de 31 de Março; da Assembleia Nacional: Orgânica da As-


sembleia Nacional .- Revoga toda a legislação que contrarie a presente lei,
nomeadamente, a Lei nº 5/93, de 28 de Maio – Lei Orgânica da Assembleia
Nacional e a Lei nº 25/03, de 19 de Setembro – Lei de Alteração à Lei Or-
gânica da Assembleia Nacional .- D.R. nº 59 .-

Ø Lei nº 5/10, de 6 de Abril; da Assembleia Nacional: Orgânica do Funcio-


namento e do Processo Legislativo da Assembleia Nacional .- D.R. nº 61 .-

Ø Acórdão, de 7 de Abril; do Tribunal Supremo: De Recurso para Uni-


formização de Jurisprudência. – D.R. 62 .-

Ø Decreto Presidencial nº 30/10, de 9 de Abril: Estabelece o regime de fi-

493
nanciamento das acções dos governos provinciais e das administrações mu-
nicipais .- Revoga o Decreto nº 8/08, de 24 de Abril, a Resolução nº 9/99,
de 21 de Maio, a Resolução nº 11/92, de 21 de Outubro e a Resolução nº
3-A/92, de 9 de Setembro, bem como todas as normas que disponham em
contrário ao estabelecido neste diploma legal .- D.R. nº 66 .-

Ø Decreto Presidencial nº 31/10, de 12 de Abril: Aprova o Regulamento do


Processo de Preparação, Execução e Acompanhamento do Programa de In-
vestimento Público .- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no
presente Decreto Presidencial, nomeadamente o Decreto nº 120/03, de 14
de Novembro .- D.R. nº 67 .-

Ø Decreto Presidencial nº 42/10, de 4 de Maio; Dá nova redacção aos ar-


tigos 1º, 3º, 6º, 10º e 11º dos estatutos da SONANGOL, republica igual-
mente os seus estatutos com as alterações introduzidas .- Revoga o artigo
15º dos estatutos da SONANGOL – E.P.- D.R. nº 82.-

Ø Aprova o Estatuto Orgânico sobre a Organização e Funcionamento da Casa


Civil e da Secretaria Geral do Presidente da República .- Revoga toda a le-
gislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente o Des-
pacho presidencial nº 1/97, de 28 de Fevereiro, o Decreto Presidencial nº
8/99, de 19 de Fevereiro e o Decreto Presidencial nº 34/09, de 22 de Julho
.- D.R. nº 84 .-

Ø Decreto Presidencial nº 44/10, de 7 de Maio: Cria o Gabinete de Re-


construção Nacional com natureza de organismo autónomo do sector pú-
blico administrativo e aprova o respectivo Estatuto Orgânico .- Revoga toda
legislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente o
Decreto nº 24/98, de 7 de Agosto, o Decreto nº 49/01, de 17 de Agosto, o
Decreto nº 57/01, de 21 de Setembro e a Resolução nº 12/01, de 21 de Se-
tembro .- D.R. nº 85 .-

Ø Decreto Legislativo Presidencial nº 3/10, de 11 de Maio: Aprova o Re-


gimento do Conselho Nacional de Concertação Social .- Revoga toda a le-
gislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente o De-
creto nº 40/00, de 10 de Outubro .- D.R. nº 87 .-

Ø D.R. N.º 90/10, de 14 de Maio, PROCEDE O REAJUSTAMENTO E AU-


MENTO SALARIAL DA FUNÇÃO PÚBLICA .-

Ø Decreto executivo conjunto nº 48/10, de 18 de Maio; do MAPESS, Saú-


de e das Finanças: Cria o Centro de Segurança e Saúde no Trabalho, abre-
viadamente designado por «CSST» .- D.R. nº 92 .-

Ø Decreto executivo nº 1/10, de 28 de Maio; do Serviços de Apoio ao Vice-


Presidente da República: Aprova o regulamento do Estatuto Orgânico dos
Serviços de Apoio ao Vice-Presidente da República .- D.R. nº 99.-

494
Ø Decreto executivo nº 50/10, do MAPESS: Aprova o Estatuto Orgânico
do Centro de Segurança e Saúde no Trabalho – Revoga toda a legislação
que contrarie o previsto no presente diploma.- D.R. nº 99 .-

Ø Decreto Executivo Conjunto nº 51/10, de 3 de Junho; dos Ministérios das


Finanças e MAPESS: Estabelece a atribuição mensal, a partir das receitas re-
sultantes da sua actividade, de uma remuneração suplementar aos funcionários
do Serviço Integrado de Atendimento ao cidadão .- D.R. nº 102 .-

Ø Decreto Presidencial nº 92/10, de 4 de Junho; Aprova o Estatuto Orgânico


do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas .- Revoga
toda legislação que contrarie o presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 103 .-

Ø Decreto Presidencial nº 93/10, de 7 de Junho; Aprova o Estatuto Orgâ-


nico do Ministério das Finanças .- Revoga toda legislação que contrarie o
presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 104 .-

Ø Decreto Presidencial nº 94/10, de 8 de Junho; Aprova o Estatuto Orgâ-


nico do Ministério do Planeamento .- Revoga o Decreto-Lei nº 6/09, de 28 de
Maio e toda a legislação que contrarie o presente diploma .- D.R. nº 105 .-

Ø Resolução nº 20/10, de 17 de Junho; da Assembleia Nacional: Aprova


o Regulamento Interno para Organização e o Funcionamento do Conselho
de Administração da Assembleia Nacional .- D.R. nº 112 .-

Ø Decreto Presidencial nº 103/10, de 21 de Junho; Aprova o Regimento da


Comissão Para a Política Social da Comissão Permanente do Conselho de
Ministros .- D.R. nº 114 .-

Ø Decreto Presidencial nº 109/10, de 23 de Junho: Aprova a tabela de cor-


respondência posto-função da Polícia Nacional .- Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto no presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 116 .-

Ø Rectificação, de 23 de Junho; Ao Decreto nº 54/10, de 14 de Maio que apro-


va o reajustamento dos vencimentos de base dos funcionários públicos titu-
lares de cargos de direcção e chefia das instituições públicas de ensino público
não superior e da carreira docente não universitária .- D.R. nº 116 .-

Ø Decreto Presidencial nº 112/10, de 24 de Junho: Aprova o ajustamento


do subsídio mensal atribuído ao Soba Grande .- Revoga o Decreto nº 88/09,
de 7 de Dezembro e toda a legislação que contrarie o disposto no presen-
te diploma .- D.R. nº 117 .-

Ø Decreto Presidencial nº 118/10, de 29 de Junho; Aprova o Estatuto Or-


gânico do Ministério da Administração do Território .- Revoga o Decre-
to-Lei nº 22/09, de 18 de Novembro .- D.R. nº 120 .-

Ø Decreto Presidencial nº 129/10, de 6 de Julho: Aprova o estatuto do Ins-


495
tituto de Telecomunicações Administrativas (INATEL) .- Revoga toda a
legislação que contrarie o presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 125 .-

Ø Lei nº 13/10, de 9 de Julho; da Assembleia Nacional: Aprova a Lei Or-


gânica e do Processo do Tribunal de Contas .- Revoga a Lei nº 5/96, de 12
de Abril, a Lei nº 21/03, de 29 de Agosto, o Decreto nº 23/01, de 12 de Abril
e demais legislação que contrarie o disposto na presente lei .- D.R. nº 128 .-

Ø Despacho Presidencial nº 32/10, de 12 de Julho: Cria o Comité Técni-


co para o tratamento célere dos Vistos de Trabalho dos responsáveis e téc-
nicos expatriados pelos organismos públicos do Estado .- D.R. nº 129 .-

Ø Lei nº 15/10, de 14 de Julho; da Assembleia Nacional: Lei Quadro do


Orçamento Geral do Estado .- Revoga a Lei nº 9/97, de 17 de Outubro, bem
como todas as normas que disponham em contrário ao estabelecido na pre-
sente lei .- D.R. Nº 131 .-

Ø Lei nº 16/10, de 15 de Julho; da Assembleia Nacional: do Banco Nacional


de Angola .- Revoga a Lei nº 6/97, de 11 de Julho e toda a legislação que
contrarie o disposto na presente lei .- D.R. nº 132 .-

Ø Decreto Presidencial nº 144/10, de 16 de Julho: Aprova o Estatuto Or-


gânico do Instituto Nacional dos Caminhos de Ferro de Angola, abrevia-
damente INCFA .- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre-
sente Decreto Presidencial .- D.R. nº 133 .-

Ø Decreto Presidencial nº 148/10, de 20 de Julho: Estabelece o procedimento


de regularização da situação jurídica do património imobiliário do Estado
.- D.R. nº 135 .-

Ø Decreto Presidencial nº 32/10, de 12 de Julho: Aprova o estatuto da Em-


presa do Caminho de Ferro de Benguela – E.P. – Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto no presente diploma .-

Ø Lei nº 17/10, de 29 de Julho; da Assembleia Nacional: da Organização


e do Funcionamento dos Órgãos de Administração Local do Estado .- Re-
voga o Decreto-Lei nº 2/07, de 3 de Janeiro .- D.R. nº 142 .-

Ø Decreto Presidencial nº 167/10, de 3 de Agosto; Aprova o Regulamen-


to dos Centros de Inspecções Periódicas de Veículos Automóveis .- Revoga
a legislação que contrarie o disposto no presente diploma .- D.R. nº 145 .-

Ø Lei nº 18/10, de 6 de Agosto; da Assembleia Nacional: do Património Pú-


blico .- Revoga todas as disposições legais que contrariem o disposto na
presente lei .- D.R. nº 148 .-

496
Ø Decreto Presidencial nº 170/10, de 9 de Agosto: Aprova o Estatuto Or-
gânico do Ministério da Justiça .- Revoga o Decreto-Lei nº 2/06, de 24 de
Julho .- D.R. nº 149 .-

Ø Decreto Presidencial nº 177/10, de 13 de Agosto: Estabelece o regime ju-


rídico sobre as instruções de Inventariação dos Bens Patrimoniais Públicos,
abreviadamente designado IBP .- Revoga o Decreto nº 50-A/10, de 5 de Ju-
nho e o Decreto Executivo nº 106/99, de 26 de Novembro .- D.R. nº 153 .-

Ø Decreto Legislativo Presidencial nº 6/10, de 17 de Agosto; Estabelece o


regime de delimitação e coordenação de actuação da Administração Cen-
tral e da Administração Local do Estado .- D.R. nº 155 .-

Ø Despacho Conjunto nº 69/10, de 17 de Agosto; dos Ministério das Fi-


nanças e da APESS: Nomeia o Conselho Fiscal do Instituto Nacional de
Segurança Social .- D.R. nº 155.-

Ø Decreto Presidencial nº 179/10, de 18 de Agosto; Aprova o Estatuto Or-


gânico da Ordem dos Enfermeiros de Angola .- Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto no presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 156 .-

2011

Ø Decreto Presidencial nº 1/11, de 3 de Janeiro: Aprova o Estatuto Orgâ-


nico do Ministério da Economia .- Revoga toda a legislação que contrarie
o disposto no presente diploma .- D.R. nº1 .-

Ø Decreto Presidencial nº 14/11, de 10 de Janeiro: Aprova o Estatuto Or-


gânico do Serviço Nacional das Alfândegas (S.N.A.) .- Revoga toda a le-
gislação que contrarie o disposto no presente diploma, nomeadamente o De-
creto executivo nº 26/02, de 2 de Julho, na parte relativa à estrutura orgâ-
nica das Alfândegas, o Decreto nº 43199, de 29 de Setembro de 1960 e a
Portaria nº 18001, de 13 de Outubro de 1960 .- D.R. nº 5 .-

Ø Decreto Presidencial nº 18/11, de 12 de Janeiro: Aprova o Estatuto do


Pessoal do Serviço Nacional das Alfândegas .- D.R. nº 7 .-

Ø Decreto Presidencial nº 23/11, de 19 de Janeiro: Aprova o Estatuto Or-


gânico do Ministério do Planeamento .- Revoga o Decreto Presidencial nº
94/10, de 8 de Junho e de toda a legislação que contrarie o disposto no pre-
sente diploma .- D.R. nº 12 .-

Ø D.R. nº 17, 21 e 24/11, consta publicado as quotas aprovadas para ad-


missão de pessoal na função pública .-

Ø Lei nº 6/11, de 8 de Fevereiro; da Assembleia Nacional: do Orçamento


Geral do Estado para o exercício económico de 2011 .- D.R. nº 25 .-

497
Ø Decreto Presidencial nº 33/11, de 14 de Fevereiro: Aprova o Estatuto Or-
gânico do Ministério dos Petróleos .- Revoga toda a legislação que contrarie
o disposto no presente Decreto Presidencial, nomeadamente o Decreto-Lei
nº 5/09, de 20 de Maio .- D.R. nº 29.-

Ø Decreto Presidencial nº 34/11, de 14 de Fevereiro: Aprova o Estatuto Or-


gânico do Ministério da Saúde .- Revoga toda a legislação que contrarie o
disposto no presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 29.-

Ø Decreto Presidencial nº 35/11, de 15 de Fevereiro: Estabelece a organi-


zação e funcionamento da Unidade de Informação Financeira, abreviada-
mente designada por UFI .- Revoga toda a legislação que contrarie o dis-
posto no presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 30 .-

Ø Decreto Executivo nº 28/11, de 24 de Fevereiro; do Ministério das Finanças:


Aprova as instruções para a elaboração da Conta Geral do Estado .- Revoga
toda a legislação que contrarie o disposto no presente Decreto Executivo
.- D.R. nº 37 .-

Ø Decreto Presidencial nº 44/11, de 7 de Março: Aprova o Estatuto Geral


dos Museus .- D.R. nº 44 .-

Ø Decreto Presidencial nº 30/11, de 11 de Março; do Ministério das Finanças:


Aprova os procedimentos sobre a abertura, operação e encerramento de con-
tas bancárias, domiciliadas em bancos comerciais, das Instituições do sec-
tor Público Administrativo .- Revoga toda a legislação que contrarie o dis-
posto no presente Decreto Executivo nº 47 .-

Ø Decreto Presidencial nº 50/11, de 15 de Março: Aprova as Linhas Ge-


rais do Executivo para a Reforma Tributária .- D.R. nº 49 .-

Ø Lei nº 13/11 de 18 de Março; da Assembleia Nacional: Orgânica do Tri-


bunal Supremo .- Revoga tudo o que disponha em contrário à presente lei
nomeadamente os artigos 10º a 26º, 44º, 47º, 51º a 64º, 69º, 70º a 74º, to-
dos da Lei nº 18/88, de 31 de Dezembro – Lei do Sistema Unificado de Jus-
tiça. .- D.R. nº 52 .-

Ø Lei nº 14/11 de 18 de Março; da Assembleia Nacional: do Conselho Su-


perior da Magistratura Judicial .- D.R. nº 52 .-

Ø Lei nº 15/11 de 18 de Março; da Assembleia Nacional: do Conselho Su-


perior da Magistratura do Ministério Público .- D.R. nº 52 .-

Ø Decreto Presidencial nº 51/11, de 23 de Março: Aprova o Regime Jurí-


dico do Notariado .- Revoga toda a legislação que contrarie o previsto no
presente diploma .- D.R. nº 55 .-
498
Ø Decreto Presidencial nº 52/11, de 24 de Março: Aprova o regulamento
do Guiché de Imóvel .- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto
no presente diploma .- D.R. nº 56 .-

Ø Decreto Presidencial nº 53/11, de 24 de Março: Aprova o Estatuto Or-


gânico da Secretaria de Estado para os Direitos Humanos .- Revoga toda
a legislação que contrarie o disposto no presente diploma .- D.R. nº 56 .-

Ø Decreto Presidencial nº 62/11, de 18 de Abril: Estabelece as Bases e o Re-


gime de Organização Administrativa da Cidade do Kilamba .- D.R. nº 72 .-

Ø Decreto Presidencial nº 64/11, de 18 de Abril: Aprova o Regulamento do


Contrato de locação Financeira .- D.R. nº 72 .-

Ø Decreto Presidencial nº 163/11, de 27 de Junho: Aprova o Estatuto Re-


muneratório do Pessoal da Carreira de Desminagem .- D.R. nº 120 .-

Ø D.R. Nº 121/11 – PROCEDE O REAJUSTAMENTO DOS SALÁRIOS


DA FUNÇÃO PÚBLICA.-

Ø Decreto Presidencial nº 192/11, de 6 de Julho: Aprova o Regime Espe-


cial da Carreira de Desminagem .- Revoga toda a legislação que contrarie
o disposto no presente Decreto Presidencial .- D.R. nº 127 .-

Ø Lei nº 24/11, de 13 de Julho; da Assembleia Nacional: dos Formulários


dos actos da Administração Local do Estado .- Revoga toda a legislação
que contrarie o disposto na presente lei. – D.R. nº 132 .-

Ø Decreto Presidencial nº 209/11, de 18 de Julho: Normas para elaboração


do Orçamento Geral do Estado (OGE), para o exercício económico de 2012.-
D.R. nº 135 .-

Ø Decreto Presidencial nº 209/11, de 26 de Julho: Cria a Biblioteca Nacional


de Angola e aprova o seu Estatuto Orgânico .- D.R. nº 141 .-

Ø Decreto Presidencial nº 209/11, de 3 de Agosto: Aprova o Estatuto do Di-


plomata .- Revoga o Decreto nº 34/92, de 17 de Julho, bem como tudo que
contrarie o presente diploma .- D.R. nº 147 .-

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