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DIRETORIA DE ECONOMIA E FINANÇAS DA AERONÁUTICA

SUBDIRETORIA DE CONTRATOS E CONVÊNIOS

DIVISÃO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

CONTRATAÇÕES
PÚBLICAS
Histórico e aspectos jurídicos

Unidade 1

Atualizada em 05/09/2023
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Sumário
Introduçao .............................................................................................................................................................................................. 3
Visao Geral das Contrataçoes Publicas....................................................................................................................................... 4
Mas qual e a origem dessa obrigaçao procedimental? ................................................................................................... 5
Entao a partir de 2021 compreende-se obrigatoria a utilizaçao da Nova Lei de Licitaçoes e Contratos
Administrativos?.............................................................................................................................................................................8
No COMAER podemos escolher qual lei aplicar? ............................................................................................................10
A partir de quando nao havera possibilidade de fazer uso das leis antecessoras? Qual egide devo
escolher para instruir os processos de aquisiçoes? ......................................................................................................17
Onde podemos encontrar informaçoes detalhadas sobre normas e procedimentos relacionados as
aquisiçoes no ambito do COMAER? ......................................................................................................................................18
Referencias ......................................................................................................................................................................................22
Nova Lei de Licitaçoes e Contratos Administrativos ..........................................................................................................23
Objetivos ...........................................................................................................................................................................................25
Etapas.................................................................................................................................................................................................35
Princípios Gerais das Contrataçoes Publicas.........................................................................................................................40
Princípio da Legalidade .............................................................................................................................................................42
Princípio da Impessoalidade ...................................................................................................................................................42
Princípio da Moralidade ............................................................................................................................................................42
Princípio da Publicidade............................................................................................................................................................43
Princípio da Eficiencia ................................................................................................................................................................44
Princípio do Interesse Publico ................................................................................................................................................45
Princípio da Probidade Administrativa ..............................................................................................................................46
Princípio da Igualdade................................................................................................................................................................47
Princípio do Planejamento .......................................................................................................................................................49
Princípio da Transparencia ......................................................................................................................................................49
Princípio da Eficacia ....................................................................................................................................................................50
Princípio da Segregaçao de Funçoes ....................................................................................................................................50
Princípio da Motivaçao ...............................................................................................................................................................51
Princípio da Vinculaçao ao Edital ..........................................................................................................................................52
Princípio do Julgamento Objetivo ..........................................................................................................................................53
Princípio da Segurança Jurídica .............................................................................................................................................53
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípio da Razoabilidade .......................................................................................................................................................53


Princípio da Competitividade ..................................................................................................................................................54
Princípio da Proporcionalidade .............................................................................................................................................54
Princípio da Celeridade ..............................................................................................................................................................55
Princípio da Economicidade ....................................................................................................................................................55
Princípio do Desenvolvimento Nacional Sustentavel ...................................................................................................55
Referencias ......................................................................................................................................................................................57
Regulamentaçoes ...............................................................................................................................................................................59
Principais Regulamentaçoes Expedidas .............................................................................................................................60
Referencias ......................................................................................................................................................................................64
Principais Mudanças Ocorridas com a NLLCA ......................................................................................................................65
Portal Nacional de Contrataçoes Publicas (PNCP) ..............................................................................................................69
Agente de Contrataçao ....................................................................................................................................................................72
Manifestaçao Jurídica.......................................................................................................................................................................76
Conclusao ..............................................................................................................................................................................................79
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Introduçao
Sejam bem vindos, instruendos!
Com a publicaçao da Nova Lei de Licitaçoes e Contratos
Administrativos (NLLCA) em 1º de abril de 2021 (Lei nº 14.133/2021),
iniciou-se uma fase de transiçao entre as legislaçoes anteriores e esta, que e
marcada pelo foco no planejamento e na publicidade da contrataçao e pela
consolidaçao de temas antes dispersos em inumeras legislaçoes,
normatizaçoes e jurisprudencias.
Alem dessas características, a NLLCA apresenta novas interpretaçoes
para certos aspectos e instrumentos previstos nas legislaçoes preteritas,
tornando assim imprescindível que os agentes envolvidos no processo de
contrataçao publica saibam identificar tais diferenças para aplicar
corretamente a Lei nº 14.133/2021.
Dessa forma, o objetivo do curso de Contrataçoes Publicas e oferecer
segurança para atuar, segurança esta que vira com estudos, capacitaçao
frequente e muita experiencia pratica.
A presente unidade dara início aos estudos sobre a tematica,
abordando aspectos gerais acerca das contrataçoes publicas, as principais
alteraçoes ocorridas com o advento da NLLCA e os princípios gerais
relacionados as contrataçoes publicas.
Ressalta-se que os assuntos abordados na unidade I, que e
introdutoria, serao aprofundados nas proximas unidades.
A equipe de Instrutores espera que esse tempo de aprendizado seja
proveitoso para todos!
Boa leitura!

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Visao Geral das Contrataçoes Publicas


A Administraçao Publica, para
assegurar o atendimento a demandas
diversas, necessita contratar particulares que
viabilizem a execuçao de suas atividades
institucionais direcionadas a satisfaçao do
interesse publico.
E o que ocorre, por exemplo, na
aquisiçao de bens e produtos, prestaçao de
serviços, locaçao de imoveis, realizaçao de obras e reformas, dentre varias
outras situaçoes.
Ao contrario dos particulares, que possuem ampla liberdade de
escolha, o Poder Publico nao pode contratar diretamente (salvo hipoteses
previstas em lei), uma vez que o gasto publico requer uma serie de regras e
procedimentos a serem executados de forma padronizada, os quais refletem
a necessidade de rigoroso controle da aplicaçao do dinheiro publico. Todos
esses procedimentos previstos em legislaçoes compoem o processo de
contratação pública.
Nesse campo, o processo de contrataçao publica compreende
diversas etapas que vao desde o planejamento daquilo que a Administraçao
pretende adquirir, passando pelo processo de seleçao do fornecedor, ate a
gestao contratual, na qual a obrigaçao e cumprida pelo contratado.
Em resumo, a finalidade essencial do processo de contrataçao
publica e satisfazer a necessidade da Administraçao, mediante tratamento
isonomico a terceiros interessados em firmar contrato com o Poder Publico.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

“A Administraçao Publica possui a tarefa ardua e complexa de manter o


equilíbrio social e gerir a maquina publica, composta por seus orgaos e agentes. Por
essa razao, nao poderia a lei deixar a criterio do administrador a escolha das pessoas
a serem contratadas, porque essa liberdade daria margem a escolhas improprias e
escusas, desvirtuadas do interesse coletivo. De fato, os gestores buscariam contratar
com base em criterios pessoais, atendendo a interesses privados." (Carvalho,
Matheus. Manual de direito administrativo. 9ª ed. Sao Paulo: JusPODIVM, 2021)

Mas qual é a origem dessa obrigação procedimental?


A proibiçao da Administraçao
Publica em contratar diretamente com
particulares, sendo necessaria a
instauraçao de um processo licitatorio,
encontra respaldo legal na propria
Constituiçao Federal (CF).
O art. 37, inciso XXI, da CF de
1988 definiu a licitaçao como forma legal
que a Administraçao Publica direta e
indireta dispoe para fazer suas compras e
contrataçoes, in verbis:
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da Uniao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecera aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiencia e, tambem, ao
seguinte:
(…)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienaçoes serao contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condiçoes a todos os concorrentes, com clausulas que
estabeleçam obrigaçoes de pagamento, mantidas as condiçoes efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitira as exigencias de qualificaçao tecnica e
economica indispensaveis a garantia do cumprimento das obrigaçoes. ”
(Constituiçao Federal de 1988, art. 37)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Como e possível observar, a CF preve que uma lei deveria legislar


sobre os procedimentos, identificando inclusive as exceçoes para a sua
aplicaçao.
Ate pouco tempo atras, podia-se identificar as seguintes legislaçoes
como regulamentadoras do assunto:
 Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993: regulamenta o art. 37, inciso
XXI, da Constituiçao Federal, institui normas para licitaçoes e
contratos da Administraçao Publica e da outras providencias;
 Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002: institui, no ambito da Uniao,
Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso
XXI, da Constituiçao Federal, modalidade de licitaçao denominada
pregao, para aquisiçao de bens e serviços comuns, e da outras
providencias; e
 Lei nº 12.462, de 04 de agosto de 2011: institui o Regime
Diferenciado de Contrataçoes Publicas – RDC.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Alem das leis supracitadas, podia-se observar diversas outras


legislaçoes que, apesar de nao regulamentarem o referido inciso
constitucional, impactavam diretamente as atividades afetas ao processo de
contrataçao publica, como por exemplo:
 Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011: regula o acesso a
informaçoes previsto na Carta Magna, obrigando a disponibilizaçao
em sítio oficial de informaçoes pertinente a utilizaçao de recursos
publicos, licitaçao e contratos administrativos;
 Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992: dispoe sobre as sançoes
aplicaveis em virtude da pratica de atos de improbidade
administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituiçao Federal; e
da outras providencias; e
 Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006: institui o
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

O tema “Contrataçoes Publicas” e extremamente dinamico. Novos


normativos sao publicados constantemente, tendo em vista a
necessidade recorrente de aprimoramento dos procedimentos,
tornando-os mais transparentes e eficazes.

Contudo, a regulamentaçao concernente as aquisiçoes ou


contrataçoes publicas nao se restringe apenas as leis. Temos ainda decretos,
instruçoes normativas, pareceres jurídicos e jurisprudencias, que devem ser
respeitados durante a execuçao dos atos administrativos.
Assim, o cenario vivido pelos gestores e fiscais de contratos ate abril
de 2021 era disperso em diversas normatizaçoes, quando entao foi
publicada a Nova Lei de Licitaçoes e Contratos (NLLCA): a Lei nº 14.133 de
1º de abril de 2021.
Atualmente, a NLLCA regulamenta o mencionado inciso
constitucional, instituindo normas gerais para licitaçoes e contratos da

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Administraçao Publica, tendo por principal objetivo simplificar o processo


licitatorio e facilitar a negociaçao com a Administraçao Publica.

Vigência inicial prorrogada.

Importante ressaltar que a nova lei consolida um sistema que estava


fragmentado. Agora um unico diploma legal agrega os institutos que
estavam presentes em outros diplomas legais.

Então a partir de 2021 compreende-se obrigatória a utilização da


Nova Lei de Licitações e Contratos?
Nao, a NLLCA inicialmente previu em seu art.
191 um período de transiçao de 2 (dois) anos, para
que houvesse tempo habil para a ediçao das
regulamentaçoes acessorias e para realizar as
adaptaçoes nos sistemas governamentais. Ressalta-
se que o período foi posteriormente prorrogado.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Interpretando a Lei supramencionada, no que tange ao referido


período de transiçao, havia previsao inicial para encerramento em 31 de
março de 2023, e assim, o gestor poderia escolher qual legislaçao iria
aplicar na licitaçao, se a Lei nº 14.133/2021 ou as Leis nº 8.666/1993, nº
10.520/2002 e nº 12.462/2011.
Importante observancia para a sequencia dos acontecimentos do
ponto de vista da cronologia das legislaçoes/orientaçoes pertinentes ao
presente estudo.
Inicialmente, cumpre esclarecer que, no ambito do Comando da
Aeronautica a orientaçao constante na PORTARIA SEGES/MGI Nº 1.769, de
25 de abril de 2023, ainda se encontra vigente.

Importante ainda destacar que, desde sua publicaçao, a


Nova Lei de Licitaçoes e Contratos Administrativos, no que
concerne a vigencia e a revogaçao das leis preteritas, ja foi
alterada em duas oportunidades, pela Medida Provisoria nº
1.167, de 31 de março de 2023 e pela Lei Complementar 198, de
28 de junho de 2023.

Ainda nesse contexto de interpretaçao conforme a MP nº 1.167/2023


deve-se atentar para duas situaçoes:
Os contratos administrativos devem ser regidos sempre
pela Lei na qual foi instruído o processo licitatorio. Ou seja, se
voce assinou um contrato cuja licitaçao se baseou na Lei nº
8.666/1993, todos os termos aditivos, os apostilamentos, as prorrogaçoes
ou motivos para rescisao contratual devem respeitar o previsto na mesma
lei (Lei nº 8.666/1993) ate o fim desse contrato, independente de ja ter se
encerrado o período de transiçao para NLLCA.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

E vedada, em qualquer caso, a combinaçao entre a


Lei nº 14.133/2021 e as Leis nº 8.666/1993, nº
10.520/2002 e nº 12.462/2011.
Desse modo, todos os documentos dispostos no
Processo Administrativo de Gestao (PAG) devem respeitar
essa regra. Ou seja, se a egide escolhida para o processo foi a NLLCA, nao
pode instruir com documentos que mencionem as Leis nº 8.666/1993, nº
10.520/2002 e nº 12.462/2011, e vice-versa.
Frisa-se que os regulamentos e atos normativos editados sob a egide
da legislaçao sobre licitaçoes e contratos anterior nao podem ser
aproveitados para instrumentalizar a aplicaçao da nova lei.
Cumpre informar que a Advocacia-Geral da Uniao (AGU) vem
gradativamente inserindo modelos em conformidade com a NLLCA.
Assim, necessaria a observancia quanto a utilizaçao dos modelos de
editais, termos de referencia e de projetos basicos disponibilizados
atualmente pela (AGU), pois foram redigidos com base nas Leis nº
8.666/1993, nº 10.520/2002 e nº 12.462/2011.

Importante esclarecer alguns pontos em


virtude da caducidade da MP nº 1.167/2023, tendo
em vista que a mesma perdeu sua vigencia em 28 de
julho de 2023 em virtude da ausencia de apreciaçao
pelo Congresso Nacional no prazo de cento e vinte
dias.
A vista disso, em suma, compreende-se que, na NLLCA em sua versao
original, o inciso II do art. 193 previu que a legislaçao anterior perderia a
vigencia dois anos depois da publicaçao oficial da referida Lei nº 14.133 de
1º de abril de 2021. E o art. 191 fixou que, ate o atingimento do referido
prazo de dois anos, seria facultado a Administraçao optar por licitar ou

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

contratar de acordo com a legislaçao anterior ou segundo a mesma Lei nº


14.133/2021. O paragrafo unico do art. 191 determinou que os contratos
resultantes de processos de contrataçao disciplinados pela legislaçao
anterior continuariam subordinados ao referido regime jurídico, mesmo
depois de extinta a vigencia da legislaçao anterior (Lei nº 8.666/1993).
Por efeito, a Lei n° 14.133/2021 publicada em 1º de abril de 2021, e,
por conseguinte, o prazo de dois anos previsto no inciso II do art. 193 seria
atingido em 1º de abril de 2023.
A MP nº 1.167/2023, alterou a redaçao do art. 193, inciso II, da Lei
14.133/2021, determinando a prorrogaçao das legislaçoes anteriores (Lei
nº 8.666/1993, nº 10.520/2002 e nº 12.462/2011) prorrogando a vigencia
para 30 de dezembro de 2023.
Dessa maneira, a MP supracitada alterou o art. 191 da NLCCA para
estabelecer que, ate a data acima referenciada (30.12.2023), a
Administraçao poderia escolher entre licitar ou contratar diretamente pela
legislaçao anterior ou pela nova Lei. Ademais, restou consignado ainda a
determinaçao de que seria indispensavel que a escolha constasse
expressamente no edital ou ato autorizativo de contrataçao direta publicado
ate 29 de dezembro de 2023.
Alem disso, foi mantida a previsao de que, ocorrendo a opçao por
licitar ou contratar diretamente segundo a legislaçao anterior (Lei nº
8.666/1993), essa legislaçao tambem disciplinaria o contrato. Outrossim, foi
preservada a regra da vedaçao a aplicaçao combinada da NLLCA e da
legislaçao anterior.

Cumpre destacar que, a Lei Complementar 198, de 28


de junho de 2023 adotou nova redaçao para o inciso II do art.
193 da Lei 14.133/2021. Basicamente, a nova redaçao e
identica aquela prevista pela MP nº 1.167/2023. Isto e, foi mantida a
previsao do fim da vigencia da legislaçao anterior (MP nº 1.167/2023) em

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

30/12/23. No entanto, e formalmente, a Lei Complementar nº 198 produziu


a revogaçao da redaçao adotada pela MP nº 1.167/2023 para o inciso II do
art. 193 da Lei 14.133/2021.

Deste modo e visto que, a MP nº 1.167/2023 perdeu a sua


vigencia (caducou) em 28/7/23, por decorrencia, voltou a
vigorar a redaçao inicial/original da Lei 14.133/2021,
ressalvadas as alteraçoes introduzidas pela Lei Complementar
198/2023.
Importante ressaltar que, em se tratando de questoes envolvendo
licitaçoes e contrataçoes formalizadas entre a data de ediçao da MP nº
1.167/2023 e a publicaçao da Lei Complementar 198/2023, configura-se
durante esse período, o suporte normativo para a aplicaçao da legislaçao
anterior, a entao MP nº 1.167/2023 (posteriormente caducou).
A questao nao propicia maior controversia, eis que explicitamente
disciplinada em paragrafos do artigo 62 da Constituiçao Federal da
Republica Federativa do Brasil de 1988 (CF/88). O § 3°, do artigo em tela
determina que, ocorrendo a perda da eficacia da medida provisoria em
virtude de ausencia de conversao em lei no prazo previsto, cabera ao
Congresso Nacional dispor, mediante Decreto Legislativo, sobre as relaçoes
jurídicas formalizadas durante o período em que a medida provisoria
vigorara.
Ademais, o § 11° do mesmo art. 62 fixa que, nao tendo sido
produzido o Decreto Legislativo referido no § 3°, as relaçoes jurídicas
constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigencia da Medida
Provisoria continuarao a ser por ela regidos. Assim, de modo generico, essa
tem sido a soluçao jurídica verificada quanto a generalidade dos casos
relacionados com Medidas Provisorias nao convertidas em lei.
Posto isto, pode-se apreciar que assim tambem se passara com as
licitaçoes e contrataçoes formalizadas no período entre 31/3/23 (MP nº

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

1.167/2023) e 28/6/23 (LC 198/2023). Portanto, todos esses atos


administrativos praticados com fundamento na referida MP manterao a sua
validade e eficacia, nao obstante a perda da eficacia do diploma.
Quadro comparativo visando de uma forma didatica contextualizar
as informaçoes ja relatadas na presente apostila.
Lei nº 14.133, de 1º de abril de Medida Provisória nº 1.167, de 31 Lei Complementar nº 198 de 28 de
2021 de março de 2023 junho de 2023

Art. 191. Até o decurso do prazo de Art. 191. Até o decurso do prazo de que Art. 191. Até o decurso do prazo de que
que trata o inciso II do caput do art. trata o inciso II do caput do art. 193, a trata o inciso II do caput do art. 193, a
193, a Administração poderá optar Administração poderá optar por licitar ou Administração poderá optar por licitar
por licitar ou contratar contratar diretamente de acordo com esta ou contratar diretamente de acordo
diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no com esta Lei ou de acordo com as leis
Lei ou de acordo com as leis referido inciso, desde que: citadas no referido inciso, e a opção
citadas no referido inciso, e a escolhida deverá ser indicada
opção escolhida deverá ser I - a publicação do edital ou do ato expressamente no edital ou no aviso ou
indicada expressamente no edital autorizativo da contratação direta ocorra instrumento de contratação direta,
ou no aviso ou instrumento de até 29 de dezembro de 2023; e vedada a aplicação combinada desta Lei
contratação direta, vedada a com as citadas no referido inciso.
aplicação combinada desta Lei com II - a opção escolhida seja Parágrafo único. Na hipótese
as citadas no referido inciso. expressamente indicada no edital ou no do caput deste artigo, se a Administração
Parágrafo único. Na hipótese ato autorizativo da contratação direta. optar por licitar de acordo com as leis
do caput deste artigo, se a citadas no inciso II do caput do art. 193
Administração optar por licitar de § 1º Na hipótese do caput, se a desta Lei, o contrato respectivo será regido
acordo com as leis citadas no inciso II Administração optar por licitar de acordo pelas regras nelas previstas durante toda a
do caput do art. 193 desta Lei, o com as leis citadas no inciso II do caput do sua vigência.
contrato respectivo será regido pelas art. 193, o respectivo contrato será
regras nelas previstas durante toda a regido pelas regras nelas previstas Art. 193. Revogam-se:
sua vigência. durante toda a sua vigência.
(...)
Art. 193. Revogam-se: § 2º É vedada a aplicação
(...) combinada desta Lei com as citadas no II - em 30 de dezembro de
II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de inciso II do caput do art. 193.” (NR) 2023: (Redação dada pela Lei
1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho Complementar nº 198, de 2023)
de 2002, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº “Art.193. Revogam-se:
12.462, de 4 de agosto de 2011, após a) a Lei nº 8.666, de 21 de junho de
decorridos 2 (dois) anos da (...) 1993; (Redação dada pela Lei
publicação oficial desta Lei. II - em 30 de dezembro de 2023: Complementar nº 198, de 2023)
a) a Lei nº 8.666, de 1993;
b) a Lei nº 10.520, de 2002; e b) a Lei nº 10.520, de 17 de julho de
c) os art. 1º a art. 47-A da Lei nº 12.462, de 2002; e (Redação dada pela Lei
2011.” (NR). Complementar nº 198, de 2023)

Art. 2º Fica revogado o parágrafo c) os arts. 1º a 47-A da Lei nº


único do art. 191 da Lei nº 14.133, de 12.462, de 4 de agosto de
2021. 2011. (Redação dada pela Lei
Art. 3º Esta Medida Provisória Complementar nº 198, de 2023)
entra em vigor na data de sua publicação.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Em resumo, mesmo a MP nº 1.167/2023 ter caducado, deve-se


seguir as orientaçoes da Portaria SEGES/MGI Nº 1.769, de 25 de abril de
2023, cuja qual se traduz nos mesmos termos da referida MP.

Por fim, nesse contexto, temos ainda o normativo que estabeleceu os


procedimentos referentes a vigencia, revogaçao e opçao pelas leis preteritas
que foi a PORTARIA SEGES/MGI Nº 1.769, DE 25 DE ABRIL DE 2023.

No COMAER podemos escolher qual lei aplicar?

No ambito do COMAER sugere-se que a


utilizaçao da NLLCA seja prioritaria, apesar dos
dispositivos legais vigentes contemplarem a
possibilidade de prorrogaçao das leis anteriores,
cabendo a discricionariedade da opçao, contudo, a Unidade Gestora
Executora.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A Diretoria de Economia e Finanças da Aeronautica (DIREF),


responsavel por emitir as diretrizes de gestao orçamentaria, financeira e
patrimonial do COMAER adotou uma postura mais conservadora no início
da vigencia da NLLCA, prezando pela implementaçao gradual diante da
conjuntura da epoca.
Entendeu-se, preliminarmente, que o cenario demandava uma
postura mais cautelosa no que tangia a aplicaçao da NLLCA, de modo a
prestigiar a segurança jurídica, tendo em vista as dificuldades de ordem
pratica de aplicaçao da nova legislaçao, devido a carencia de
regulamentaçoes críticas e da necessidade de atualizaçao dos sistemas
governamentais para que permitissem a sua operacionalizaçao.
Ademais, os dispositivos presentes no texto legal exigiam um maior
aprofundamento por parte dos agentes envolvidos.
Ainda nesse contexto, a título unicamente de entendimento
cronologico da materia, relembra-se que as primeiras diretrizes a epoca,
para a aplicaçao da NLLCA no COMAER, foram veiculadas por meio da
Orientaçao nº 01/SUCONV-1, de 17 de agosto de 2021.
Nessa ocasiao, a Orientaçao em pauta tornou obrigatoria a utilizaçao
da NLLCA no ambito deste Comando para as contratações diretas
decorrentes de “dispensas de licitaçao por valor”, para todos os processos
que fossem abertos a contar do dia 23 de agosto de 2021.

ENTENDIMENTO
DEFASADO!!

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Destaca-se que as informaçoes acima citadas forma ultrapassadas


pelas novas legislaçoes/orientaçoes normativas agora vigentes.

A PORTARIA SEGES/MGI Nº 1.769, DE 25 DE ABRIL


DE 2023 (ainda vigente), PUBLICADA NO DIARIO OFICIAL
DA UNIAO NO DIA 27 DE ABRIL DE 2023, QUE DISPOE
SOBRE O REGIME DE TRANSIÇAO DE QUE TRATA O ART. 191
DA LEI Nº 14.133/2021, NO AMBITO DA ADMINISTRAÇAO
PUBLICA FEDERAL DIRETA, AUTARQUICA E FUNDACIONAL,
REVOGA A PORTARIA SEGES/MGI Nº 720, DE 15 DE MARÇO
DE 2013.

PORTARIA SEGES/MGI N.º 1.769, DE 25 DE ABRIL DE 2023


(...)

Art. 2º Os processos licitatórios e contratações autuados e instruídos com a opção


expressa de ter como fundamento a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº
10.520, de 17 de julho de 2002, ou a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, além do
Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2023, serão por eles regidos, desde que:

I - a publicação do edital ou do ato autorizativo da contratação direta ocorra até 29 de


dezembro de 2023, conforme cronograma constante do Anexo, e

II - a opção escolhida seja expressamente indicada no edital ou do ato autorizativo da


contratação direta.

(...)

O conteudo da Portaria supramencionada pode ser encontrado, na


íntegra, no seguinte endereço:
https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/portarias/portaria-seges-
mgi-no-1-769-de-25-de-abril-de-2023

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A partir de quando não haverá possibilidade de fazer uso das leis


antecessoras? Qual égide devo escolher para
instruir os processos de aquisições?

Sobre o assunto, necessario se ter em mente


a PORTARIA SEGES/MGI Nº 1.769, de 25 de abril de
2023 (TRANSIÇAO PARA A LEI Nº 14.133/2021),
ainda em vigor no ambito do Comando da
Aeronautica.

Dito isto, as unidades gestoras do COMAER devem observar ainda as


seguintes diretrizes:

PRAZO PARA INSERÇÃO PRAZO PARA


RITO DESCRIÇÃO INSTRUMENTO
NO SISTEMA PUBLICAÇÃO
NO DOU
TODAS AS MODALIDADES
DE LICITAÇÃO PREVISTAS
NAS LEIS Nº 8.666/93, ATÉ 29 DE
ATÉ 28 DE DEZEMBRO DE
1 - LICITAÇÃO 10.520/02 E 12.462/11, EDITAL DEZEMBRO DE
2023, ÀS 16H
INCLUSIVE LICITAÇÕES 2023
PARA REGISTRO DE
PREÇOS.
ABRANGE TODAS AS
DISPENSAS E
INEXIGIBILIDADES DE
LICITAÇÃO CUJOS AVISO OU ATO
2- CONTRATAÇÃO
VALORES NÃO DE ATÉ 29 DE DEZEMBRO DE
DIRETA POR NÃO SE APLICA
ULTRAPASSEM OS AUTORIZAÇÃO / 2023
VALOR
PREVISTOS NOS INCISOS RATIFICAÇÃO
I E II DO ART. 24 DA LEI Nº
8.666/93 (VIDE ON AGU
34/11)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

TODAS AS DISPENSAS DE ATÉ 29 DE


3- OUTRAS ATO DE ATÉ 28 DE DEZEMBRO DE
LICITAÇÃO NÃO AUTORIZAÇÃO / DEZEMBRO DE
DISPENSAS 2023, ÀS 16H
ABRANGIDAS NO ITEM (2) RATIFICAÇÃO 2023

TODAS AS
ATO DE ATÉ 29 DE
4- INEXIGIBILIDADES NÃO ATÉ 28 DE DEZEMBRO DE
AUTORIZAÇÃO / DEZEMBRO DE
INEXIGIBILIDADE 2023, ÀS 16H
ABRANGIDAS NO ITEM (2) RATIFICAÇÃO 2023

Diante do exposto, os gestores e demais responsaveis pela elaboraçao


dos documentos que compoem o processo de licitaçao devem se adequar as
Legislaçoes vigentes pertinentes ao assunto, bem como o devido
acompanhamento das mensagens e instruçoes expedidas pela Diretoria de
Economia e Finanças da Aeronautica (DIREF) por meio da SUCONV-1
(Divisao de Licitaçoes e Contratos da DIREF).

Onde podemos encontrar informações detalhadas sobre normas e


procedimentos relacionados às aquisições no âmbito do COMAER?

No Manual de Contrataçoes
Publicas do Comando da Aeronautica,
disponível para consulta ou download nas
paginas da intraer da Diretoria de Economia
e Finanças da Aeronautica (DIREF) e da
Secretaria de Economia, Finanças e
Administraçao da Aeronautica (SEFA).
O manual em pauta tem por objetivo
estabelecer as orientaçoes e os
procedimentos mínimos a serem adotados
nas contrataçoes realizadas pelas Unidades

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Gestoras (UG), no ambito do Comando da Aeronautica.


Ressalta-se que o Manual buscou agregar regras administrativas
recentes, tal como o uso de assinaturas eletronicas, promovendo, assim, a
validaçao de autoria e autenticidade de documentos produzidos na forma
eletronica.
O Manual de Contrataçoes Publicas do COMAER e um dos Manuais
que compoem o Regulamento de Administraçao da Aeronautica, na forma
eletronica (RADA-e).

Ademais, para aplicaçao adequada das orientaçoes contidas no


Manual, e importante o entendimento de que quando houver referencia a

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

funçao de Ordenador de Despesas de maneira generica, as atribuiçoes que


lhe sao afetas deverao ser assumidas pelo Dirigente Maximo da UG que nao
possuir a figura do Ordenador de Despesas na estrutura da UG.
A atualizaçao do conteudo do manual compete a Divisao de
Licitaçoes e Contratos (SUCONV-1) da Subdiretoria de Contratos e
Convenios da DIREF.
Quanto a regulamentaçao da Lei n° 14.133/2021 (Nova Lei de
Licitaçoes e Contratos), o Manual e constantemente atualizado, abarcando
informaçoes e orientaçoes praticas no ambito do COMAER.

Manual de Contratações Públicas do COMAER – RADA-e

Público alvo: agentes envolvidos nas 3 fases:


planejamento, seleção e gestão.

Objetivo: nortear a atuação dos gestores, por


meio de diretrizes, conceitos, jurisprudências e
orientações baseadas em normativos externos e
internos. Estabelecer procedimentos a serem
observados nas contratações e na fiscalização
dos contratos.

Fundamentação: normas de Licitações e


Contratos em vigor, inclusive a Lei n° 14.133/21.

Status: atualização contínua, conforme


regulamentações da Lei n° 14.133/21 expedidas Ministerio da Gestao e da
pelo Ministério da Economia. Inovaçao em Serviços
Publicos, ...

Alem do Manual de Contrataçoes publicas, e disponibilizado aos


gestores o Manual Eletronico de Fiscalizaçao de Contratos Administrativos
(Manual K do RADA-e), cujo objetivo e nortear a atuaçao dos fiscais de
contratos/membros da Comissao Fiscalizadora de Contratos do COMAER,
por meio de diretrizes, conceitos, jurisprudencias, orientaçoes baseadas em
normativos federais e internos ao COMAER.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

E como podemos solicitar o


cadastro para utilizar os Sistemas
Governamentais relacionados às
aquisições e contratações?
O que fazer em caso de dúvidas sobre o Manual
de Contratações Públicas ou sobre aquisições e
contratações e operação dos Sistemas?
Para solicitar o cadastro para utilizar os Sistemas
Governamentais relacionados as aquisiçoes e contrataçoes
ou em caso de duvidas sobre o tema, inclusive com relaçao
ao Manual de Contrataçoes Publicas, o gestor podera abrir um chamado no
Sistema de Atendimento ao Usuario (SAU), com o objeto “LEGISLAÇAO E
NORMATIZAÇAO”, direcionado a SUCONV-1.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Então o SAU é semelhante a uma consultoria disponível às UG


do COMAER? Podemos abrir um Chamado SAU para tratar de
assuntos sensíveis ou solicitar análise de caso concreto da minha
Unidade?

Para acesso a comunidade do Whatsapp, o


gestor pode utilizar o link e para acesso ao Canal do
Telegram, pode utilizar o link.

Referências

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12462.htm

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
http://www.diref.intraer/images/conteudo/legislacao/manuais/manuais_eletronicos/m
anual_de_contratacoes_publicas_do_comaer/Manual%20de%20Contratacoes%20Publica
s%20do%20COMAER.pdf
http://www.diref.intraer/images/conteudo/contratos_convenios/suconv-
2/Novo%20Rada%20SUCONV2/Manual%20de%20Fiscalizacao%20de%20Contratos%
20Administrativos.pdf
http://www.diref.intraer/images/conteudo/legislacao/manuais/manuais_eletronicos/m
anual_de_contratacoes_publicas_do_comaer/manual_contratacoes_comaer.pdf
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/mpv/mpv1167.htm
https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/comunicados/comunicado-
no-10-2022-transicao-entre-a-lei-no-14-133-de-2021-e-as-leis-no-8-666-de-1993-no-
10-520-de-2002-e-os-arts-1o-a-47-a-da-lei-no-12-462-de-2011
https://www.migalhas.com.br/depeso/390774/a-caducidade-da-mp-1-167-e-as-suas-
implicacoes

Nova Lei de Licitaçoes e Contratos Administrativos

A NLLCA e a legislaçao que normatiza as regras


gerais de licitaçao e contrataçao para a Administraçao
Publica, que substituíra integralmente as leis preteritas.
Inicialmente com previsao a partir de 1º de abril de 2023,
tendo sido prorrogada ate dezembro de 2023, conforme
mencionado anteriormente.

A referida lei deve ser aplicada para os seguintes objetos:


“Art. 2º Esta Lei aplica-se a:
I - alienaçao e concessao de direito real de uso de bens;
II - compra, inclusive por encomenda;

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

III - locaçao;
IV - concessao e permissao de uso de bens publicos;
V - prestaçao de serviços, inclusive os tecnico-profissionais especializados;
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;
VII - contrataçoes de tecnologia da informaçao e de comunicaçao.”. (Lei nº
14.133/2021, art. 2°)

Dos quais destacamos as seguintes definiçoes:


 Compra - aquisiçao remunerada de bens para fornecimento de uma
so vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com prazo de
entrega de ate 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento (NLLCA, art.
6º, inc. X);
 Serviço - atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter
determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse da
Administraçao (NLLCA, art. 6º, inc. XI); e
 Obra - toda atividade estabelecida, por força de lei, como privativa das
profissoes de arquiteto e engenheiro que implica intervençao no meio
ambiente por meio de um conjunto harmonico de açoes que,
agregadas, formam um todo que inova o espaço físico da natureza ou
acarreta alteraçao substancial das características originais de bem
imovel (NLLCA, art. 6º, inc. XII);
 Serviço de engenharia - toda atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de
interesse para a Administraçao e que, nao enquadradas no conceito de
obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, sao
estabelecidas, por força de lei, como privativas das profissoes de
arquiteto e engenheiro ou de tecnicos especializados (NLLCA, art. 6º,
inc. XXI).

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Objetivos
Os objetivos das
contrataçoes publicas sao diretrizes
para a aplicaçao das regras e dos
princípios que as regem.
Compreender os objetivos
do processo de contrataçao publica
e, portanto, essencial para garantir
que o procedimento ocorra em
conformidade com os ditames legais

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

e para assegurar que o proposito que levou a sua instauraçao, isto e, a


satisfaçao de uma necessidade específica da Administraçao Publica, seja
atingido.
Diferentemente do que fez a Lei nº 8.666/93, a NLLCA reservou um
artigo específico para tratar dos objetivos destes procedimentos. Assim, a
nova disposiçao consolidou os objetivos previstos anteriormente e trouxe
novos elementos. E do que trata o artigo 11 da Nova Lei de Licitaçoes, que
destaca quatro objetivos principais do processo licitatorio:

A importancia de se afirmar expressamente tais objetivos reside no


fato de que estes elementos servem como verdadeiros norteadores da
interpretaçao das normas jurídicas aplicaveis a tematica das contrataçoes
publicas, guiando a formaçao das decisoes e do entendimento acerca da
norma pertinente ao caso concreto.
Cumpre entao dissertar sobre cada um deles, elucidando a sua
importancia e a forma como repercutem nos processos de contrataçao
publica e nos dispositivos da Lei nº 14.133/2021.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

I. A SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA

O primeiro objetivo estabelecido no artigo 11 da Lei nº 14.133/2021


diz respeito a seleçao da proposta apta a gerar o resultado de contrataçao
mais vantajoso para a Administraçao Publica.
Considerando-se a economicidade, a qualidade, a eficiencia e
quaisquer outras circunstancias que se reputem essenciais para garantir a
satisfaçao do interesse publico, a proposta mais vantajosa corresponde
aquela que melhor atenda as exigencias e necessidades da Administraçao
Publica. A sua seleçao, dessa forma, assegura que o melhor serviço ou
melhor bem, entre os disponíveis e oferecidos, seja contratado pelo ente
publico.
Conforme ja estudamos, e notorio que o processo de contrataçao
publica, seja por licitaçao, seja por contrataçao direta, configura-se como um
mecanismo utilizado pela Administraçao Publica para a contrataçao de bens
e serviços que garantam a melhor relaçao custo-benefício disponível para a
satisfaçao do interesse publico. A finalidade, portanto, e atender a
necessidade administrativa identificada, cuja soluçao e oferecida pela
iniciativa privada, visando obter as melhores condiçoes de contrataçao pelo
ente publico, seja quanto a qualidade dos produtos e serviços a serem
adquiridos, seja quanto ao preço a ser pago.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Vale destacar, contudo, que a Lei nº 14.133/2021 inova em relaçao a


sua predecessora ao destacar, no inciso I do artigo 11, que a proposta mais
vantajosa abrange “inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto”.
Ao se adotar o ciclo de vida do objeto como uma variavel a ser levada
em consideraçao na analise da vantajosidade da proposta, por exemplo, a
Nova Lei de Licitaçoes deixa claro que a complexidade da seleçao engloba
tambem uma avaliaçao da durabilidade da soluçao apresentada pela
proposta de determinada licitante, ja que produtos e serviços mais baratos,
de maneira generalizada, podem se revelar, a longo prazo, mais onerosos aos
cofres publicos, por serem menos duraveis e passíveis de gerar a
necessidade de substituiçao.
A partir desta perspectiva, nao restam duvidas de que a seleçao da
proposta mais vantajosa e um objetivo complexo num procedimento
licitatorio. Tal complexidade se justifica justamente pela maxima
importancia atribuída ao objetivo em questao:

A vantajosidade e elemento tao importante para o processo licitatorio que tem


o poder de mitigar outros princípios que regem as licitaçoes, como e o caso de
situaçoes em que o princípio da formalidade, que pressupoe a observancia de
determinados procedimentos formais para garantir a participaçao de uma
licitante num certame específico, e relativizado em prol de se garantir a
satisfaçao do interesse publico com a contrataçao da melhor proposta
disponível. Essa possibilidade, inclusive, ja e reconhecida pelo Tribunal de
Contas da Uniao (TCU).

Daí se verifica a importancia deste objetivo no processo licitatorio. E


evidente, dessa forma, que a seleçao da proposta mais vantajosa constitui a
finalidade precípua das licitaçoes, isto e, ainda que se tenham definido
outros objetivos para o processo licitatorio, a seleçao da proposta mais
vantajosa certamente e a protagonista deste cenario, guiando a aplicaçao
das normas pertinentes, dentro dos limites legais, sempre no sentido de se
garantir a consecuçao deste objetivo em específico.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

II. A JUSTA COMPETIÇÃO E O TRATAMENTO ISONÔMICO DOS


LICITANTES

Outro objetivo previsto pela Nova Lei de Licitaçoes e o tratamento


isonomico que deve ser dado aos licitantes, bem como a garantia de justa
competiçao entre eles, verdadeiro alicerce dos processos licitatorios, que
possui fundamento no princípio da igualdade reconhecido pela Constituiçao
Federal em seu artigo 37, inciso XXI.
Semelhantemente ao que fizera a Lei nº 8.666/1993, a Nova Lei de
Licitaçoes preve expressamente a isonomia tanto como princípio quanto
como objetivo, reforçando a importancia deste elemento nos procedimentos
licitatorios.
Nas palavras de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a isonomia, ou
princípio da igualdade, visa “nao apenas permitir a Administraçao a escolha
da melhor proposta, como tambem assegurar igualdade de direitos a todos
os interessados em contratar”.
Trata-se, assim, de um objetivo que busca garantir que jamais sejam
estabelecidas condiçoes que impliquem o favorecimento de um licitante em
detrimento dos demais, resguardando a todos a igualdade de condiçoes –
sem prejuízo de tratamentos diferenciados a particulares que se enquadrem
em categorias protegidas especialmente por lei, a exemplo das
microempresas e empresas de pequeno porte, que continuam gozando de
benefícios materiais nas licitaçoes.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

E e justamente deste princípio que decorre o princípio da


competitividade, tambem previsto como um objetivo do processo licitatorio
pela Lei nº 14.133/2021 quando estabelece que se deve assegurar a “justa
competiçao”. Este objetivo, por sua vez, tem o intuito de vedar quaisquer
tipos de praticas, por parte da Administraçao Publica, que frustrem ou
restrinjam o carater competitivo do certame, alem de praticas
discriminatorias que impeçam a participaçao de determinado licitante em
razao de circunstancias que nao se relacionem com a sua capacidade de
executar o objeto a ser contratado.
Estabelecer expressamente estes elementos como verdadeiros
objetivos do processo licitatorio transmite uma mensagem clara: o que se
busca na licitaçao, alem da contrataçao da proposta mais vantajosa, e
fomentar a ampla e justa competiçao, oferecendo oportunidades a todos
aqueles que estejam interessados, e garantir que o procedimento realmente
conduza a seleçao da proposta que ofereça as melhores condiçoes a
Administraçao Publica, independentemente daquele que a tenha oferecido.
Na pratica, a observancia deste objetivo ajuda a evitar a ocorrencia
de irregularidades nos procedimentos licitatorios, mitigando o risco de
ocorrencia de direcionamento ou favorecimento no decorrer do certame,
fazendo-se manifesta a sua importancia.

III. A ESQUIVA DE CONTRATAÇÕES COM SOBREPREÇO OU COM PREÇOS


MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS E O SUPERFATURAMENTO NA
EXECUÇÃO DOS CONTRATOS
Evitar sobrepreços,
preços inexequíveis ou o
superfaturamento na execuçao
de bens e serviços contratados
pela Administraçao Publica,
obviamente, e uma condiçao

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

inerente a seleçao da proposta mais vantajosa. Se se seleciona a melhor


proposta, seleciona-se tambem aquela que oferece a melhor relaçao custo-
benefício, o que pressupoe a inexistencia de qualquer especie de
irregularidade relacionada aos valores contratados.
Contudo, a positivaçao deste elemento como um verdadeiro objetivo
do processo licitatorio, inovaçao trazida pela Nova Lei de Licitaçoes e
Contratos se comparada a lei anterior, de forma semelhante ao que ja fez a
Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais), torna claro o seguinte: busca-se, com
essa medida, promover um verdadeiro combate a corrupçao e possíveis
fraudes que causem prejuízo ao erario.
Nesse sentido, a nova lei se assegurou de discriminar o que deve ser
entendido por sobrepreço, superfaturamento e preços inexequíveis,
evitando quaisquer tipos de lacunas interpretativas e reforçando o carater
preventivo de tais irregularidades que deve caracterizar o processo
licitatorio.
Ainda que se possa afirmar que a nova lei foi redundante ao afirmar
esse objetivo, por se tratar de conduta vedada e reprovavel sob todas as
perspectivas do ordenamento jurídico, fato e que o universo das licitaçoes e
um verdadeiro microssistema suscetível a ocorrencia de esquemas de
corrupçao ou fraudes, principalmente pelos valores geralmente vultosos dos
contratos publicos.
Nao ha de se negar, portanto, a importancia da definiçao de um
objetivo expresso de esquiva a estas situaçoes na Lei nº 14.133/2021. Trata-
se de uma disposiçao que instrumentaliza o agente publico para se precaver
contra a ocorrencia destas irregularidades sob o prisma dos ditames legais,
contribuindo para a realizaçao de um processo licitatorio cuja funçao
principal, isto e, a satisfaçao adequada de uma necessidade da
Administraçao Publica, seja o principal fator a determinar o resultado de
determinado procedimento.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

IV. O INCENTIVO À INOVAÇÃO E AO DESENVOLVIMENTO NACIONAL


SUSTENTÁVEL
Por fim, a nova Lei de Licitaçoes e
Contratos preve o incentivo a inovaçao e o
desenvolvimento nacional sustentavel como
mais um dos principais objetivos do
processo licitatorio.
A relevancia deste objetivo esta no
estabelecimento de uma diretriz paralela
aquela geralmente atribuída as contrataçoes
publicas: enquanto se busca garantir que a
Administraçao Publica contrate a proposta mais vantajosa, buscam-se
tambem, neste processo, o incentivo a inovaçao e a promoçao do
desenvolvimento nacional sustentavel.
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, entende-se como
desenvolvimento nacional sustentavel a “busca do desenvolvimento
economico e do fortalecimento de cadeias produtivas de bens e serviços
domesticos, usando-se para esse fim o poder de compra governamental”,
incluindo-se ainda a ideia de preservaçao do meio ambiente neste pacote.
Trata-se, portanto, de uma disposiçao que confere ao processo
licitatorio o objetivo de promover, dentro dos limites legais, transformaçoes
do ponto de vista ambiental e socioeconomico no Brasil, ao fomentar o
pleno emprego, a preservaçao do meio ambiente, o desenvolvimento e
inovaçao tecnologica, o incentivo as microempresas e empresas de pequeno
porte, entre outros pontos.
A ideia de inovaçao e de desenvolvimento nacional sustentavel como
um verdadeiro objetivo do processo licitatorio propicia a Administraçao
Publica, por exemplo, a possibilidade de estabelecer margem de preferencia
em determinada licitaçao para produtos manufaturados e serviços nacionais
resultantes de desenvolvimento e inovaçao tecnologica realizados no país,

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

sem que com isso seja infringido o princípio da isonomia. Nesse sentido,
vale destacar outro ensinamento de Hely Lopes Meirelles:
“A margem de preferencia nao fere os princípios da isonomia e da competitividade,
na medida em que as situaçoes de preferencias previstas pela lei caracterizam
situaçoes distintas em relaçao aqueles que nelas nao estejam enquadrados. Em
relaçao a estes – os enquadrados nas preferencias -, sim, aqueles princípios [de
isonomia e competitividade] incidem”.

Ainda acerca deste tema, Maria Sylvia Zanella Di Pietro tambem


afirma que “o princípio da licitaçao sustentavel autoriza a previsao, nos
instrumentos convocatorios, de exigencias que podem ser vistas como
discriminatorias, mas que se harmonizam com o princípio da isonomia”.
Vale destacar que o incentivo a inovaçao nao e so um objetivo que,
com a Nova Lei de Licitaçoes, passou a constar expressamente do marco
legal das contrataçoes publicas. Mais do que isso, o incentivo a inovaçao e
um dever constitucional do Estado brasileiro, insculpido no artigo 218 da
Constituiçao Federal:
“Art. 218. O Estado promovera e incentivara o desenvolvimento científico, a pesquisa,
a capacitaçao científica e tecnologica e a inovaçao.” (Constituiçao Federal de 1988,
art. 218)

Ha tambem as previsoes contidas na Lei nº 10.973/2004, tambem


conhecida como Lei de Inovaçao, que, apos as alteraçoes da Lei nº
13.243/2016, passou a prever a figura da encomenda tecnologica como uma
forma de a Administraçao Publica contratar o fornecimento de produto ou
processo inovador.

Ainda mais recente do que a Nova Lei


de Licitaçoes, tem-se o Marco Legal das
Startups (Lei Complementar nº 182/2021),
cujo artigo 12 dispoe sobre as licitaçoes e

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

contratos regulados pela norma. De forma similar a Nova Lei de Licitaçoes, o


Marco Legal das Startups tambem preve que:

“Art. 12. As licitaçoes e os contratos a que se refere este Capítulo tem por finalidade:
(...)
II - promover a inovaçao no setor produtivo por meio do uso do poder de compra do
Estado.” (Lei Complementar nº 182/2021, art. 12)

O que se quer mostrar, com isso, e que a consagraçao do incentivo a


inovaçao como objetivo do processo de contrataçao publica positivada na
Nova Lei de Licitaçoes nao e uma previsao inovadora, que inexistia antes no
ordenamento jurídico brasileiro, ou mesmo que se diferencia da pratica
legislativa que se esta adotando recentemente. Trata-se, em realidade, de
medida alinhada a evoluçao legislativa de normas que tratam das
contrataçoes publicas.
E necessario ainda fazer a ressalva de que este objetivo nao pode ser
utilizado de forma a desvirtuar o carater primordial da licitaçao, permitindo
a Administraçao Publica realizar uma contrataçao que seja prejudicial aos
cofres publicos. A busca da inovaçao e do desenvolvimento nacional
sustentavel deve ser realizada em harmonia com o interesse publico, sempre
de forma fundamentada e evitando o comprometimento da qualidade da
proposta mais vantajosa a ser selecionada pelo ente publico em
determinado procedimento licitatorio.

Pagina34
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Diante de todo o exposto, e possível perceber que a previsao expressa


de objetivos específicos, estabelecendo verdadeiras metas a serem
perseguidas pelo processo licitatorio, e de grande importancia para a
harmonizaçao do ordenamento jurídico referente a essa tematica,
interferindo diretamente na interpretaçao e na aplicaçao das normas ligadas
as contrataçoes publicas.

Etapas
A Lei nº 14.133/2021 compreende as seguintes fases, previstas no
art.17:

Sobre o assunto, cabe destacar que a fase preparatoria sera tratada


na Unidade 2, 3 e 4 desse curso, bem como toda a parte de gestao contratual,
que ocorre apos a homologaçao.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

MAS QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DA NOVA LEI


DE LICITAÇÕES?

A modernizaçao da Lei de Licitaçoes era uma


necessidade ha muito tempo. Dentre os principais benefícios, podemos
destacar:

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Da mesma forma, relacionamos os seguintes avanços em relaçao a Lei


anterior:

Possibilidade de concorrência para obras


de engenharia e até formatos 100%
técnicos feitos eletronicamente

Consolidação de diversos princípios que


já faziam parte do cotidiano
administrativo

Criação da modalidade do Diálogo


Competitivo para inovações tecnológicas
ou técnicas

Economia de recursos públicos e


privados, decorrentes da otimização dos
processos

Redução dos custos operacionais de todo


o processo licitatório

Criação do Portal Nacional de


Contratações Publicas (PNCP)

Inclusão no Código Penal Brasileiro dos


crimes relacionados à licitação e contratos
(art. 178 da NLLC)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A NLLCA ampliou os valores permitidos para as dispensas de


licitaçao, que passou de R$ 17.600,00 para R$ 50.000,00, para as compras de
bens e contrataçoes de serviços, e de R$ 33.000,00 para R$ 100.000,00, para
as contrataçoes de obras e serviços de engenharia ou de serviços de
manutençao de veículos automotores. Ha ainda previsao de reajuste anual
desses valores, a cada 1º de janeiro, com base no Indice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
Entretanto com o advento do DECRETO Nº 11.317, DE 29 DE
DEZEMBRO DE 2022, restou consignado atualizaçao dos valores na Lei nº
14.133, de 1º de abril de 2021.

DECRETO Nº 11.317, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2022

Atualiza os valores estabelecidos na Lei nº


14.133, de 1º de abril de 2021.

“O PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da atribuiçao que lhe confere o art. 84,


caput, inciso IV, da Constituiçao, e tendo em vista o disposto no art. 182 da Lei nº
14.133, de 1º de abril de 2021,

DECRETA:

Art. 1º Ficam atualizados os valores estabelecidos na Lei nº 14.133, de 1º de


abril de 2021, na forma do Anexo.

Art. 2º A atualizaçao dos valores de que trata o art. 1º sera divulgada no Portal
Nacional de Contrataçoes Publicas - PNCP, conforme o disposto no art. 174 da Lei nº
14.133, de 2021.

Art. 3º Fica revogado o Decreto nº 10.922, de 30 de dezembro de 2021.

Art. 4º Este Decreto entra em vigor em 1º de janeiro de 2023.

Brasília, 29 de dezembro de 2022; 201º da Independencia e 134º da


Republica”.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Assim, necessaria observancia do quadro, na forma do anexo, a


seguir:

Por fim, a Nova Lei de Licitaçoes estabelece


ainda que os processos licitatorios ocorram por
meios eletronicos como regra, num processo
online, passando o formato presencial a ser
exceçao, admitido desde que motivado. Nesse caso,
deve a sessao publica ser registrada em ata e
gravada em audio e vídeo, sendo obrigado a
disponibilizar no sítio do orgao os vídeos das licitaçoes realizadas de forma
presencial.
Referencias
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666compilado.htm
https://schiefler.adv.br/nova-lei-de-licitacoes/
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2022/Decreto/D11317.htm#art1

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípios Gerais das Contrataçoes Publicas


Antes de iniciarmos os
estudos sobre os princípios
gerais das contrataçoes
publicas previstos na NLLCA,
primeiro temos que entender o
que e um princípio e como ele
impacta a vida dos gestores
que atuam diretamente neste
processo.
“Princípio e, por definiçao, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro
alicerce dele, disposiçao fundamental que se irradia sobre diferentes normas,
compondo lhes o espírito e servindo de criterio para a exata compreensao e
inteligencia delas, exatamente porque define a logica e a racionalidade do sistema
normativo, conferindo-lhes a tonica que lhe da sentido harmonico.” (MELLO, Celso
Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17 ed. Sao Paulo: Malheiros,
2004, p .451.)

Dessa forma, os princípios sao a base para que se possa interpretar a


legislaçao, sendo importante que gestores e fiscais de contratos tenham
consciencia deles durante a pratica dos seus atos, para que nao haja
desrespeito aos alicerces que regem aquele processo.
A NLCC trata sobre os princípios das contrataçoes publicas em seu
art. 5º, da seguinte forma:
“Art. 5º Na aplicaçao desta Lei, serao observados os princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse
público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da
vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da
razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, (...).” (Lei nº
14.133/2021, art. 5º)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Ao analisarmos os princípios elencados no supracitado artigo,


podemos depreender que os 5 (cinco) primeiros (Legalidade,
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, Eficiencia - LIMPE) correspondem
aos princípios gerais da Administraçao Publica, previstos no caput do art. 37
da Constituiçao Federal de 1988:

“Art. 37. A administraçao publica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniao,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecera aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, tambem, ao
seguinte:”
(...)
(Constituiçao Federal de 1988, art. 37)

Dessa forma, para auxiliar a compreensao, iniciaremos nossos


estudos tratando dos princípios presentes em nossa Carta Magna:

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípio da Legalidade
A Administraçao deve agir sempre dentro do que a lei permite.
Significa dizer que o proprio Poder Publico esta sujeito aos mandamentos da
lei. Dessa forma, as contrataçoes publicas devem ser realizadas de acordo
com o que determina a legislaçao que dispoe sobre o assunto. Quaisquer
vícios ou desvios devem ser sanados o mais breve possível, de modo que
este princípio nao seja ferido. Atos ilegais sao considerados nulos.
Dessa forma, o princípio da legalidade e um princípio basilar da
Administraçao Publica que deu origem a outros princípios, como por
exemplo, o princípio da vinculaçao ao edital que sera tratado adiante.

Princípio da Impessoalidade
Significa dizer que a Administraçao Publica deve adotar criterios
objetivos e pre-estabelecidos para suas decisoes. Ou seja, quando realizar
um procedimento licitatorio, deve aplicar criterios imparciais entre todos os
participantes. Nao pode a Administraçao ser subjetiva nas suas decisoes e
suas atitudes.

Princípio da Moralidade
Esse princípio determina que a Administraçao nao pode ter conduta
de ma-fe. Nao e permitido que os atos praticados pela Administraçao
estejam em desconformidade com a etica. A boa-fe deve ser sempre
observada, tanto pela propria Administraçao, por meio dos seus gestores e
fiscais, quanto pelos demais envolvidos.
Nao basta que o ato administrativo seja legal (baseado na lei) para
que seja valido. Ele tambem precisa respeitar os bons costumes da
sociedade em que esta inserido.
A fim de atender ao princípio da moralidade, o servidor publico
designado como gestor ou fiscal do contrato deve sempre visar o interesse

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

publico, mantendo-se sempre no limite estabelecido pelo princípio da


legalidade.
Da mesma forma que o princípio da legalidade, o princípio da
moralidade da origem a outros, que, no caso das contrataçoes publicas,
podemos citar o princípio do interesse publico e da probidade
administrativa, que serao tratados adiante.

Princípio da Publicidade
Esse princípio significa que
todos os atos da Administraçao sao
publicos. Ou seja, devem ser
disponibilizados para qualquer
interessado. O princípio da
publicidade “exige a ampla divulgação
dos atos praticados pela Administração
Pública, ressalvadas as hipóteses de
sigilo previstas em lei” (DI PIETRO,
2013, p. 72).
Este princípio e atendido, entre outras ocasioes, quando sao
publicadas as portarias designando os servidores publicos que realizarao as
atividades de gestao e fiscalizaçao de contratos.
Tambem para corroborar com o cumprimento desse princípio, em
2011 foi sancionada a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de
Acesso a Informaçao – LAI) que regula o acesso a informaçoes previstas no
inciso XXXIII do artigo 5º da CF.
A LAI causou mudanças nos
procedimentos quanto ao cumprimento do
princípio da publicidade dos atos publicos,
obrigando os orgaos publicos a sistematizar e

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

divulgar dados de licitaçoes e de contratos administrativos:


“Art. 7º O acesso a informaçao de que trata esta Lei compreende, entre outros, os
direitos de obter:
(...)
VI - informaçao pertinente a administraçao do patrimonio publico, utilizaçao de
recursos publicos, licitação, contratos administrativos; e” (Lei nº 12.527/2011,
art. 7º)

Em paralelo, a referida lei permitiu aos cidadaos que requisitassem


informaçoes ao poder publico.
Nesse campo, pode-se constatar a proximidade do princípio da
publicidade com o princípio da transparencia, o qual trataremos ainda neste
capítulo.

Princípio da Eficiência
O objetivo da licitaçao e assegurar a seleçao da proposta apta a gerar
o resultado de contrataçao mais vantajoso para a Administraçao Publica.
O princípio da eficiencia
impoe a todo o agente publico a
necessidade de realizar suas
atribuiçoes com presteza,
perfeiçao e rendimento
profissional, para o alcance dos
objetivos publicos.

A Administraçao tem o dever de cuidar da coisa publica, isso porque


se trata do dinheiro publico. Sempre devera ser utilizada a soluçao mais
eficiente para qualquer situaçao. Este princípio permite que a
Administraçao Publica desenvolva suas atividades de modo a atender com
presteza as necessidades dos administrados, dentro dos limites legais.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Sao atributos da eficiencia a economicidade e a celeridade,


tidos como princípios no ambito das contrataçoes publicas.

Em resumo, temos:

Apos detalharmos os princípios administrativos constitucionais,


aqueles que sao aplicados a todos os atos realizados pela Administraçao
Publica, passaremos a analisar os princípios, previstos na NLLCA, que sao
específicos as contrataçoes publicas.

Princípio do Interesse Público


A Administraçao atua conforme os interesses da coletividade. Assim,
em uma situaçao de conflito entre interesse de um particular e o interesse
publico, este ultimo deve predominar.
Este princípio esta presente tanto no momento de elaboraçao da lei
como no momento de execuçao em concreto pela Administraçao Publica.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Desse princípio, nascem as prerrogativas da Administraçao, tidas


como clausulas exorbitantes, assunto que sera aprofundado na Unidade 4,
mas que permite, por exemplo, que a Administraçao modifique ou rescinda
algum contrato, de forma unilateral, ou seja, sem o consentimento da
contratada.

Princípio da Probidade Administrativa


Este instituto decorre do princípio da
moralidade. Ele pressupoe que haja etica e
moral em todas as condutas da
Administraçao, para que esta haja de acordo
com a boa-fe na conduçao do processo
licitatorio.
A probidade tem sentido de honestidade, moralidade, boa-fe por
parte dos gestores publicos e ha previsao constitucional:
“Art. 37 (...)
§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarao a suspensao dos direitos
políticos, a perda da funçao publica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erario, na forma e gradaçao previstas em lei, sem prejuízo da açao penal cabível.”
(Constituiçao Federal de 1988, art. 37)

A Lei nº 8.429/1992, que dispoe sobre as sançoes aplicaveis em


virtude da pratica de atos de improbidade administrativa, considera atos de
improbidade administrativa todas as condutas dolosas tipificadas nos
artigos 9º, 10 e 11 desta lei, que importem em enriquecimento ilícito, em
prejuízo ao Erario ou que atentam contra os princípios da Administraçao
Publica:
“Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em
enriquecimento ilícito auferir, mediante a pratica de ato doloso, qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razao do exercício de cargo, de mandato, de
funçao, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

notadamente:
(...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer açao ou omissao dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda
patrimonial, desvio, apropriaçao, malbaratamento ou dilapidaçao dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
(...)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública a açao ou omissao dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma
das seguintes condutas:” (Lei nº 8.429/1992, arts. 9º ao 11)

Princípio da Igualdade
Esse princípio garante que “todos são
iguais perante a lei”. Ou seja, que todos os
licitantes serao tratados de forma igual, nao
podendo haver tratamento diferenciado entre os
participantes da licitaçao. Esse princípio e
importante, ja que asseguram a competiçao nos
procedimentos licitatorios.

Neste momento e importante salientar a diferença entre o princípio


da igualdade e da isonomia, que apesar de serem palavras que sao
consideradas como sinonimos para muitas pessoas, a realidade e que, da
perspectiva jurídica, elas nao contam com o mesmo significado.

Isonomia significa a igual aplicaçao da lei aqueles que a ela se submetem. Se a


igualdade pressupoe um tratamento amplo igualitario, a isonomia aplica-se
especificamente as normas.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Nesse sentido, a principal diferença entre o princípio da isonomia e o


princípio da igualdade e que o primeiro e mais concreto e voltado a
aplicaçao das normas, enquanto o segundo e mais abstrato.
Justamente por esse motivo que e possível que existam leis que
atinjam apenas determinados grupos de pessoas, ja que os desiguais devem
ser tratados desigualmente.
Um exemplo que podemos citar desse tratamento diferenciado nas
contrataçoes publicas e a Lei Complementar nº 123/2006, que dispoem
sobre algumas prerrogativas das ME e EPP, cuja aplicaçao encontra respaldo
no art. 4º da NLLCA:
Art. 42. Nas licitaçoes publicas, a comprovaçao de regularidade fiscal e trabalhista
das microempresas e das empresas de pequeno porte somente sera exigida para
efeito de assinatura do contrato.
Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte, por ocasiao da
participaçao em certames licitatorios, deverao apresentar toda a documentaçao
exigida para efeito de comprovaçao de regularidade fiscal e trabalhista, mesmo que
esta apresente alguma restriçao.
§ 1º Havendo alguma restriçao na comprovaçao da regularidade fiscal e trabalhista,
sera assegurado o prazo de cinco dias uteis, cujo termo inicial correspondera ao
momento em que o proponente for declarado vencedor do certame, prorrogavel por
igual período, a criterio da administraçao publica, para regularizaçao da
documentaçao, para pagamento ou parcelamento do debito e para emissao de
eventuais certidoes negativas ou positivas com efeito de certidao negativa.
(...)
Art. 44. Nas licitaçoes sera assegurada, como criterio de desempate, preferencia de
contrataçao para as microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1º Entende-se por empate aquelas situaçoes em que as propostas apresentadas
pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez
por cento) superiores à proposta mais bem classificada.
§ 2º Na modalidade de pregao, o intervalo percentual estabelecido no § 1º deste
artigo sera de ate 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.” (Lei
Complementar nº 123/2006, arts. 42 a 44)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípio do Planejamento
E a aplicaçao de procedimentos racionais
para a tomada de decisao frente a um determinado
objetivo, traçando-se um cronograma do que deve
ser feito para o alcance do que se pretende, com a
consequente otimizaçao de recursos (especialmente
tempo e dinheiro).
O planejamento das contrataçoes publicas e um dos alicerces da
NLLCA, que, conforme sera tratado na Unidade 2, passa a detalhar a
aplicaçao de determinados instrumentos ja utilizados anteriormente. O
legislador criou um mecanismo operacional que e o PLANO DE
CONTRATAÇAO ANUAL, que e fundamental para o exito da licitaçao.
Alem disso, preve a possibilidade de se estabelecer um dialogo com o
mercado (que e o conhecedor das melhores praticas e das peculiaridades de
cada objeto), permitindo assim que a Administraçao vislumbre novas
soluçoes para necessidade complexas, ou seja, tornando o mercado um
aliado quando o assunto e o planejamento.

Princípio da Transparência
O princípio da transparencia, que se origina no princípio
constitucional da publicidade, indica que a Administraçao Publica deve
informar e publicar todos os atos realizados no processo licitatorio, que
devem ser acessíveis ao cidadao, aos orgaos de controle e aos licitantes.
Com foco no fomento da transparencia dos atos publicos, a NLLCA
instituiu o Portal Nacional de Contrataçoes Publicas (PNCP), um site unico
que divulgara de maneira centralizada os planos de contrataçao, os
catalogos eletronicos de padronizaçao, os editais e avisos de contrataçoes, as
atas de registro de preços, os contratos e seus termos aditivos, facilitando o
acesso as informaçoes para qualquer interessado.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípio da Eficácia
Consiste no cumprimento dos objetivos almejados com a realizaçao
da licitaçao e a contrataçao, feitas de acordo com o planejado pela
Administraçao Publica.
A eficiencia diz respeito a executar uma tarefa com qualidade,
competencia, excelencia com nenhum ou o mínimo de erros possível.
A eficacia, por outro lado, esta diretamente relacionada aos
resultados. Diz respeito a aquele que cumpre suas tarefas ou funçoes
perfeitamente, atingindo o objetivo proposto.

Princípio da Segregação de Funções


E a separaçao de atribuiçoes entre agentes publicos distintos nas
varias fases de um determinado processo, para separaçao das funçoes de
autorizaçao, aprovaçao, execuçao, controle e contabilidade. Tem por funçao
primordial a de servir como ferramenta de controle interno da propria
Administraçao Publica a fim de garantir a independencia funcional dos
servidores e da estrutura dos setores administrativos nas varias fases do
procedimento licitatorio.
Aqui temos a influencia da jurisprudencia do TCU. No processo de
contrataçao o pregoeiro nao pode ser o fiscal do contrato, ou seja, as funçoes
devem ser segregadas, devendo-se ter agentes publicos capacitados para
atuar em cada etapa diferente.
Sabe-se que em no contexto de algumas unidades com efetivo
reduzido, o princípio de segregaçao de funçoes fica inaplicavel, devendo,
assim, haver uma interpretaçao finalística.
Na seara abordada, a responsabilidade pelo cumprimento do
princípio da segregaçao da funçao e da autoridade que designou a servidor
ou militar, em atençao ao art. 7º da NLLCA:
“Art. 7º Cabera a autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as
normas de organização administrativa indicarem, promover gestao por

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

competencias e designar agentes publicos para o desempenho das funçoes


essenciais a execuçao desta Lei que preencham os seguintes requisitos:
(...)
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo devera observar o princípio da
segregaçao de funçoes, vedada a designação do mesmo agente público para
atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a
possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva
contratação.” (Lei nº 14.133/2021, art. 7º)

Princípio da Motivação
Determina que a Administraçao Publica deve expor os pressupostos
de fato e de direito que deram base a pratica de um determinado ato
administrativo. Ou seja, o motivo pelo qual o ato foi praticado e o que diz a
lei a respeito do tema.
Sobre o assunto, cabe destacar o previsto na Lei de Introduçao as
normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei nº 4.657/1942, alterado
recentemente pela Lei nº 13.655/2018), a qual explicita que as decisoes nao
poderao ser tomadas com base em valores jurídicos abstratos, sem que
sejam consideradas as consequencias praticas da decisao, obrigando sempre
a motivaçao dos atos:
“Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, nao se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as
consequências práticas da decisão.
Paragrafo unico. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da
medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.” (Decreto-Lei nº
4.657/1942, art. 20)

Ademais, podemos destacar alguns exemplos de atos que a NLLCA


preve a expressa motivaçao da Administraçao:
“Art. 18. A fase preparatoria do processo licitatorio e caracterizada pelo
planejamento (...)
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como justificativa
de exigencias de qualificaçao tecnica, mediante indicaçao das parcelas de maior

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

relevancia tecnica ou valor significativo do objeto, e de qualificaçao economico-


financeira, justificativa dos criterios de pontuaçao e julgamento das propostas
tecnicas, nas licitaçoes com julgamento por melhor tecnica ou tecnica e preço, e
justificativa das regras pertinentes a participaçao de empresas em consorcio;
(...)
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação,
observado o art. 24 desta Lei.” (Lei nº 14.133/2021, art. 18)

Por fim, fazendo um vínculo entre os princípios, conforme citado no


princípio da publicidade, qualquer interessado pode questionar a
Administraçao sobre os motivos que levaram aquela decisao e a sua
responda serve como parametro para verificar se houve violaçao ou nao dos
demais princípios, podendo atrelar a responsabilidade do dolo ou erro
grosseiro ao agente publico que o causou.
“Art. 28. O agente publico respondera pessoalmente por suas decisoes ou opinioes
tecnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.” (Decreto-Lei nº 4.657/1942, art. 28)

Princípio da Vinculação ao Edital


O princípio da vinculaçao ao edital era
anteriormente chamado de princípio da vinculaçao ao
instrumento convocatorio.
Isso porque na Lei nº 8.666/1993 havia a
modalidade convite, cujo instrumento convocatorio era
denominado carta convite e nao edital.
Contudo, na NLLCA, por nao existir essa modalidade, perdeu o
sentido falar em princípio da vinculaçao ao instrumento convocatorio, pois o
instrumento convocatorio sempre sera o edital.
Sobre o assunto, podemos compreender o edital como a lei de uma
licitaçao e de um contrato específico.
Dessa forma, o princípio da vinculaçao ao edital deriva do princípio
da legalidade e impoe a Administraçao e ao licitante a observancia das

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

normas estabelecidas naquele documento durante todas as fases da


contrataçao publica (durante a licitaçao e durante a gestao contratual).

Princípio do Julgamento Objetivo


Segundo esse princípio, os julgamentos ocorridos durante os
certames devem ter como parametros as normas contidas no edital, a fim de
proporcionar que os julgamentos se façam segundo criterios conhecidos e
mensuraveis pelos licitantes.
Dessa forma, podemos identificar estreita relaçao desse princípio
com o de vinculaçao ao edital e por consequencia com o da legalidade.

Princípio da Segurança Jurídica


O princípio da Segurança Jurídica tem como objetivo imediato
conferir aos envolvidos a certeza necessaria de que as regras contratuais
serao devidamente observadas pelo gestor publico e mesmo que diante de
situaçoes nao previstas, havera coerencia na decisao, inclusive, com a
participaçao da contratada.

Princípio da Razoabilidade
O princípio da razoabilidade, tambem chamado de princípio da
adequaçao dos meios ao fim, serve para resolver a colisao de princípios
entre valores, bens e interesses.
Ele se baseia no conceito de razoabilidade, ou seja, ao bom senso, a
justiça, ao que e racional, legítimo, sensato e justo.
Dessa forma, a Administraçao tera de obedecer a criterios aceitaveis
do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas
equilibradas e em respeito as finalidades que presidiram a outorga da
competencia exercida.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Princípio da Competitividade
Este princípio esta intimamente relacionado a isonomia, pois com o
tratamento igual a todos os potenciais participantes, presume-se que havera
uma quantidade maior de interessados na disputa.
A interpretaçao das regras do edital deve ser feita de modo a ampliar
a competitividade entre os interessados, nao podendo a Administraçao
Publica estabelecer criterios excessivos que restrinjam a participaçao dos
licitantes.
As restriçoes impostas aos participantes devem ser aquelas que
sejam imprescindíveis ao cumprimento do objeto licitado.

Sendo considerado crime em licitaçoes e


contratos administrativos a frustaçao do carater
competitivo, com previsao no Capítulo II-B do Codigo
Penal:

“Frustração do caráter competitivo de licitação


Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem
vantagem decorrente da adjudicaçao do objeto da licitaçao, o carater competitivo do
processo licitatorio:
Pena - reclusao, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.” (Lei nº 14.133/2021, art.
178)

Princípio da Proporcionalidade
Princípio jurídico similar ao da razoabilidade, uma vez que tambem
visa coibir excessos por parte da Administraçao Publica. As decisoes
administrativas devem ser tomadas de forma balanceada e equilibrada, sem
a pratica de arbitrariedades. Para que se atinja tal equilíbrio, a

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Administraçao Publica deve compatibilizar os meios empregados e os fins


almejados na conduçao de seus atos durante o curso da licitaçao.
Ademais, o princípio da proporcionalidade tem como finalidade
equilibrar os direitos individuais com os anseios da coletividade, vedando
que a Administraçao Publica aja em excesso ou valendo-se de atos inuteis,
desvantajosos, desarrazoados e desproporcionais na prerrogativa do
interesse publico.

Princípio da Celeridade
E o princípio que determina que todos os procedimentos devem
prezar pela economia de tempo.
Por meio desse princípio, impoe-se agilidade durante o
procedimento licitatorio, devendo ser concluído em prazo razoavel, sem
excesso de rigor ou excesso de formalidades. A licitaçao nao pode se
perpetuar, reduzindo o tempo da licitaçao. Um dos grandes problemas da lei
anterior era justamente a duraçao da licitaçao.

Princípio da Economicidade
Busca da obtençao do resultado esperado com o menor custo
possível, mantendo a qualidade e buscando a celeridade na prestaçao do
serviço ou no trato com os bens publicos.

Princípio do Desenvolvimento Nacional Sustentável


O princípio do desenvolvimento nacional
sustentavel defende a conservaçao dos alicerces
da produçao e reproduçao do homem e suas
atividades, conciliando o crescimento economico
e a conservaçao do meio ambiente, numa relaçao

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

harmonica entre os homens e os recursos naturais.


Com o advento da NLLCA, o princípio do desenvolvimento nacional
sustentavel passa a ser um dos objetivos do processo licitatorio e deve ser
observado em todas as etapas do processo de contrataçao, em suas
dimensoes economica, social, ambiental e cultural, no mínimo, com base nos
planos de gestao de logística sustentavel de cada orgao.

“Art. 11. O processo licitatorio tem por objetivos:


(...)
IV - incentivar a inovaçao e o desenvolvimento nacional sustentavel.” (Lei nº
14.133/2021, art. 11, inc. IV)

O mapa mental a seguir ilustra os princípios para auxiliar em nossos


estudos:

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Referências
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm

Pagina57
CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm
https://direitodesenhado.com.br/principios-da-licitacao/#Principio_da_Motivacao
https://fredericopleitaoadv.jusbrasil.com.br/artigos/1191927333/os-22-principios-da-
nova-lei-de-licitacoes-lei-14133-21
https://www.portaldecompraspublicas.com.br/novidades/principios-da-licitacao-
entenda-o-que-diz-a-lei-14-133-21_1189
https://www.passeidireto.com/arquivo/103859709/mapa-mental-principios-da-nova-
lei-de-licitacoes

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Regulamentaçoes
Como dito anteriormente, a NLLCA preve em varios aspectos a ediçao
de regulamentos, regulamentaçoes, atos dos Poderes e atos normativos
para, assim, poder ser aplicada.
Apenas o Ministerio da Economia (ME) identificou que eles precisam
expedir 72 atos, a lista completa desses regulamentos sob responsabilidade
do ME podem ser acessados por meio deste link.
Dessa forma, podemos afirmar que diversos aspectos da NLLCA
possuem eficacia limitada.

MAS O QUE SERIA UMA NORMA DE EFICÁCIA


LIMITADA?
As normas de eficacia limitada sao
aquelas que dependem de uma regulamentaçao
futura para que possam produzir todos os
efeitos que pretendem. Ou seja, apesar de a lei estar vigente, possuindo
eficacia, alguns artigos ou artefatos nao podem produzir todos os efeitos
desejados.
Concluímos, entao, que na Lei nº 14.133/2021 ha normas que,
apesar de vigentes e validas, nao tem eficacia. Ou seja, sua aplicaçao
pressupoe previa atividade regulamentar ou normativa (sao normas de
eficacia limitada). Outras, no entanto, sao vigentes, validas e plenamente
aplicaveis/eficazes.
Com o intuito de dar maior segurança jurídica, a Controladoria-Geral
da Uniao (CGU) emitiu o Parecer nº 00002/2021/CNMLC/CGU/AGU
recomendando que as Leis nº 10.520/2002, nº 12.462/2011 e nº
8.666/1993 continuassem sendo utilizadas ate que sejam disponibilizados
e/ou regulamentados alguns dispositivos da NLLCA, quais sejam:
• Papel do agente de contrataçoes;

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

• Equipe de apoio, comissao de contrataçao e fiscal de contrato;


• Pesquisa de preços;
• Procedimentos operacionais para o leilao;
• Modos de disputa;
• Condiçoes de seleçao para a contrataçao de bens, serviços e
obras; e
• Sistema de Registro de Preços (SRP).
Dentre os citados, apenas a pesquisa de preços foi regulamentada.
O referido parecer teve a finalidade de condicionar os requisitos para
a utilizaçao da NLLCA, bem como deixar claro que a divulgaçao dos
contratos e dos editais no Portal Nacional de Contrataçoes Publicas (PNCP)
era obrigatoria e nao poderia ser substituída por uma simples publicaçao no
Diario Oficial da Uniao (DOU), no sítio eletronico do orgao ou em outro meio
de divulgaçao.
Aspectos da publicidade dos atos afetos as contrataçoes publicas e do
PNCP serao abordados posteriormente nesta Unidade.

Principais Regulamentações Expedidas


Apenas para conhecimento, apresentamos aqui as principais
regulamentaçoes expedidas para a NLLCA:

 IN SEGES/ME nº 65, de 7 de julho de 2021: dispoe sobre o


procedimento administrativo para a realizaçao de pesquisa de preços para
aquisiçao de bens e contrataçao de serviços em geral, no ambito da
administraçao publica federal direta, autarquica e fundacional;
 IN SEGES/ME nº 67, de 8 de julho de 2021: dispoe sobre a dispensa de
licitaçao, na forma eletronica, de que trata a Lei nº 14.133/2021, e institui o
Sistema de Dispensa Eletrônica, no ambito da administraçao publica
federal direta, autarquica e fundacional;

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

 IN SEGES/ME nº 91, de 16 de dezembro de 2022. Estabelece regras


para a definiçao do valor estimado para a contratação de obras e
serviços engenharia nos processos de contratação direta, de que dispoe
o § 2º do art. 23 da Lei nº 14.133/2021, no ambito da administraçao publica
federal direta, autarquica e fundacional;
 Decreto nº 10.818, de 27 de setembro de 2021. Regulamenta o
enquadramento dos bens de consumo adquiridos para suprir as demandas
das estruturas da administraçao publica federal nas categorias de
qualidade comum e de luxo;
 IN SEGES/ME nº 116, de 21 de dezembro de 2021. Estabelece
procedimentos para a participação de pessoa física nas contrataçoes
publicas de que trata a lei nº 14.133/2021, no ambito da administraçao
publica federal direta, autarquica e fundacional;
 Decreto nº 11.317, de 29 de dezembro de 2022. Dispoe sobre a
atualização dos valores estabelecidos na Lei nº 14.133/2021;
 Decreto nº 10.947, de 25 de janeiro de 2022. Regulamenta o inciso VII
do caput do art. 12 da Lei nº 14.133/2021, para dispor sobre o plano de
contratações anual e instituir o Sistema de Planejamento e
Gerenciamento de Contratações no ambito da administraçao publica
federal direta, autarquica e fundacional;
 Portaria SEGES/ME Nº 938, de 2 de fevereiro de 2022. Institui o
catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e obras, no
ambito da administraçao publica federal direta, autarquica e fundacional,
em atendimento ao disposto no inciso II do art. 19 da Lei nº 14.133/2021;
 DECRETO Nº 10.899, de 16 de dezembro de 2021. Altera o Decreto nº
10.496, de 28 de setembro de 2020, que institui o Cadastro Integrado de
Projetos de Investimento.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES Nº 58, de 8 de agosto de 2022. Dispoe
sobre a elaboraçao dos Estudos Técnicos Preliminares - ETP, para a
aquisiçao de bens e a contrataçao de serviços e obras, no ambito da

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

administraçao publica federal direta, autarquica e fundacional, e sobre o


Sistema ETP digital.
 PORTARIA ME Nº 7.828, de 30 de agosto de 2022. Estabelece normas
complementares para o cumprimento do Decreto nº 10.193, de 27 de
dezembro de 2019, que estabelece limites e instâncias de governança
para a contratação de bens e serviços e para a realização de gastos com
diárias e passagens no ambito do Poder Executivo federal.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES Nº 73, de 30 de setembro de 2022.
Dispoe sobre a licitaçao pelo critério de julgamento por menor preço ou
maior desconto, na forma eletronica, para a contrataçao de bens, serviços e
obras, no ambito da Administraçao Publica federal direta, autarquica e
fundacional.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/ME Nº 81, de 25 de novembro de
2022. Dispoe sobre a elaboraçao do Termo de Referencia – TR, para a
aquisiçao de bens e a contrataçao de serviços, no ambito da administraçao
publica federal direta, autarquica e fundacional, e sobre o Sistema TR digital.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/ME Nº 96, de 23 de dezembro de
2022. Dispoe sobre a licitaçao pelo criterio de julgamento por maior
retorno economico, na forma eletronica, no ambito da administraçao publica
federal direta, autarquica e fundacional.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/ME Nº 98, de 26 de dezembro de
2022. Estabelece regras e diretrizes para o procedimento de contrataçao de
serviços sob o regime de execuçao indireta de que dispoe a Lei nº 14.133, de
1º de abril de 2021, no ambito da Administraçao Publica federal direta,
autarquica e fundacional.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/MGI Nº 2, de 7 de fevereiro de 2023.
Dispoe sobre a licitaçao pelo criterio de julgamento por tecnica e preço, na
forma eletronica, no ambito da Administraçao Publica federal direta,
autarquica e fundacional.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/MGI Nº 8, de 23 de março de 2023.


Altera a Instruçao Normativa SEGES/ME nº 67, de 8 de julho de 2021, que
dispoe sobre a dispensa de licitaçao, na forma eletronica, de que trata a Lei
nº 14.133, de 1º de abril de 2021, e institui o Sistema de Dispensa
Eletronica, no ambito da Administraçao Publica federal direta, autarquica e
fundacional.
 INSTRUÇAO NORMATIVA SEGES/MGI Nº 12, de 31 de março de 2023.
Dispoe sobre a licitaçao pelo criterio de julgamento por melhor tecnica ou
conteudo artístico, na forma eletronica, no ambito da Administraçao Publica
federal direta, autarquica e fundacional.
 INSTRUÇAO NORMATIVA AGU Nº 01, de 13 de setembro de 2021:
dispensa a obrigatoriedade de manifestaçao jurídica nas contrataçoes
diretas de pequeno valor, conforme disposto a seguir:
“Art. 2º Nao e obrigatoria manifestaçao jurídica nas contrataçoes diretas de pequeno
valor com fundamento no art. 75, I ou II, e § 3º da Lei nº 14.133, de 1º de abril de
2021, salvo se houver celebraçao de contrato administrativo e este nao for
padronizado pelo orgao de assessoramento jurídico, ou nas hipoteses em que o
administrador tenha suscitado duvida a respeito da legalidade da dispensa de
licitaçao. Aplica-se o mesmo entendimento as contrataçoes diretas fundadas no art.
74, da Lei nº 14.133, de 2021, desde que seus valores nao ultrapassem os limites
previstos nos incisos I e II do art. 75, da Lei nº 14.133, de 2021”. (Instruçao
Normativa AGU nº 01/2021, art. 2º)

Como visto, varias normatizaçoes ja foram expedidas sobre o


assunto, mas ainda faltam muitos artefatos a serem regulamentados.
Dessa forma, ate o final do período de transiçao das normas, ainda
serao publicadas varias regulamentaçoes, sendo muito importante que
continuemos atentos a ediçao das publicaçoes, portarias, decretos,
instruçoes e recomendaçoes afetas a NLLCA, tendo em vista que passaremos
a utilizar uma lei que veio inovar e aprimorar os procedimentos licitatorios.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Referências
https://www.gov.br/compras/pt-br/NLLCA
https://www.gov.br/compras/pt-
br/NLLCA/Relatorio_regulamentos_14133_PORTAL_03.10.pdf
links acima foram atualizados para (https://www.gov.br/compras/pt-br/nllc/legislacao-
14-133-por-tema)
https://zenite.blog.br/aplicacao-da-lei-no-14-133-2021-depende-da-edicao-de-novos-
regulamentos/

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Principais Mudanças Ocorridas com a NLLCA


Com o advento da NLLCA, ocorreram mudanças significativas nos
procedimentos afetos as contrataçoes publicas, em todas as fases do seu
processo.
Com relaçao a fase de planejamento ou fase preparatoria, assuntos
que serao mais bem detalhados durante a Unidade 2 e 3, ressalta-se:
 O foco no planejamento da contrataçao, passando a prever no corpo
da lei artefatos como Plano de Contrataçoes Anual, Estudos Tecnicos
Preliminares e gestao de risco;
 Ampliaçao das possibilidades de pre-qualificaçao, permitindo a pre-
qualificaçao de bens e fornecedores, sem que este procedimento
esteja vinculado a uma licitaçao específica (art. 80 da NLCC);
 Previsao do Procedimento de Manifestaçao de Interesse (PMI), que
permitira em momento anterior a licitaçao, a propositura e realizaçao
de estudos, investigaçoes, levantamento e projetos de soluçoes
inovadoras que contribuam com questoes de relevancia publica;
 Alteraçao da metodologia de identificaçao de quando devemos utilizar
o Termo de Referencia e o Projeto Basico;
 Previsao de criaçao de catalogo eletronico de padronizaçao de
compras, serviços e obras, contendo inclusive modelos de Estudos
Tecnicos Preliminares, Termos de Referencia, Editais e Minutas de
Contratos específicos para cada objeto;
 Possibilidade de realizaçao de pesquisas de preços concomitante a
realizaçao das dispensas de licitaçao e tornar os orçamentos sigilosos
em todas as modalidades licitatorias, exceto quando o criterio de
julgamento for o de “maior desconto”; e

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

 Inclusao de clausula, ja regulamentada por meio do Decreto nº 10.818,


de 27 de setembro de 2021, que trata da vedaçao de aquisiçao de bens
de luxo.
“Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as demandas das
estruturas da Administraçao Publica deverao ser de qualidade comum, nao superior
a mínima necessaria para cumprir as finalidades as quais se destinam, vedada a
aquisiçao de artigos de luxo.
§ 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciario definirao em regulamento
os limites para o enquadramento dos bens de consumo nas categorias comum e luxo.
§ 2º A partir de 180 (cento e oitenta) dias contados da promulgaçao desta
Lei, novas compras de bens de consumo so poderao ser efetivadas com a ediçao, pela
autoridade competente, do regulamento a que se refere o § 1º deste artigo.
§ 3º Os valores de referencia dos tres Poderes nas esferas federal, estadual,
distrital e municipal nao poderao ser superiores aos valores de referencia do Poder
Executivo federal”.

No tocante a seleçao do fornecedor, cujo aprofundamento ocorrera


durante a Unidade 3, destaca-se:
 Alteraçao das modalidades licitatorias, com a extinçao do convite e da
tomada de preço e com a inclusao do Dialogo Competitivo;
 Dialogo competitivo: modalidade de licitaçao para contrataçao de
obras, serviços e compras em que a Administraçao Publica realiza
dialogos com licitantes previamente selecionados mediante criterios
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas
capazes de atender as suas necessidades, devendo os licitantes
apresentar proposta final apos o encerramento dos dialogos (art. 6º,
inc. XLII, da NLLCA);

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

 Possibilidade de prorrogaçao da vigencia das Atas de Registro de


Preços por mais um ano e ampliaçao do rol de modalidades onde seu
uso e autorizado, permitindo a sua utilizaçao nas hipoteses de
inexigibilidade e de dispensa de licitaçao, para a aquisiçao de bens ou
para a contrataçao de serviços por mais de um orgao ou entidade (art.
78, inc. IV, e art. 84 da NLLCA); e

 Inclusao de novos criterios de julgamento, o de “maior desconto” e o


de “maior retorno economico”.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Relacionado a gestao contratual, que sera abordada detalhadamente


na Unidade 4, destaca-se:
 Ampliaçao do prazo para prorrogaçao contratual de 60 meses para 10
anos, em determinados casos;
 Previsao legal da possibilidade de a Administraçao estabelecer de
contratos com vigencia por prazo indeterminado, quando ela figurar
como usuaria de serviço publico;
 Possibilidade de se firmar contratos de fornecimento contínuo de
materiais com vigencia maxima de 10 anos (art. 107 da NLLCA); e
 Possibilidade de dividir com a contratada a responsabilidade dos
riscos do processo, com a inclusao da clausula contratual de matriz de
alocaçao de riscos.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Portal Nacional de Contrataçoes Publicas (PNCP)


A NLLCA esta estruturada em cinco pilares:
planejamento, padronização, governo digital,
competitividade e transparência.
Diante disso, a fase preparatoria estara
sobremaneira fortalecida, seja na vertente de
normas, seja na de sistemas de Tecnologia da
Informaçao e Comunicaçao (TIC).
Neste momento, substanciando tais alicerces, desponta uma
importante inovaçao do sistema de compras: o sítio eletronico oficial
destinado a divulgaçao centralizada.
Dessa forma, o art. 174 da Lei nº 14.133/2021 inaugurou um novo
patamar de Governança, trazendo a criaçao do Portal Nacional de
Contrataçoes Publicas (PNCP), que e sítio eletronico oficial destinado à
divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos pela NLLCA.
Esse portal passa a ser uma especie de centralizador dos atos de contrataçao
publica brasileira.
Nesse escopo, cumpre frisar que a adequaçao, fidedignidade e
correçao das informaçoes e dos arquivos relativos as contrataçoes
disponibilizadas no PNCP, por força da Lei nº 14.133/2021, sao de estrita
responsabilidade dos orgaos e entidades contratantes.
Por outro lado, ainda permanece a obrigatoriedade constante na Lei
nº 12.527/2011 (Lei de Acesso a Informaçao), em seu art. 8º, segundo o
qual:
“Art. 8º E dever dos orgaos e entidades publicas promover, independentemente de
requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no ambito de suas
competencias, de informaçoes de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou
custodiadas.
§ 1º Na divulgaçao das informaçoes a que se refere o caput, deverao constar, no
mínimo:

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

(...)
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os
respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados;”
(Lei nº 12.527/2011, art. 8º - grifo nosso).

Alem disso, conforme previsto no § 2º do art. 5° da IN SEGES/ME nº


67/2021, a UG deverá publicar o extrato da referida Dispensa de
Licitação, bem como possíveis termos de contratos/aditivos/
apostilamentos/termos de rescisão oriundos do processo, no Portal da
FAB, conforme orientaçoes contidas no Guia do Usuario, no Manual de
Contrataçoes Publicas do COMAER (Manual I do RADA-e).

“§ 2º O ato que autoriza a contrataçao direta devera ser divulgado e mantido a


disposiçao do publico em sítio eletronico oficial do orgao ou entidade promotora do
procedimento.” (IN SEGES/ME nº 67/2021, art. 5°, § 2º)

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

De outra forma, relembra-se que e desnecessaria a publicaçao da


divulgação da Dispensa de licitação no Portal da FAB, entendimento este
corroborado pelo art. 7º da IN SEGES/ME nº 67/2021:
“Divulgaçao
Art. 7º O procedimento sera divulgado no Comprasnet 4.0 e no Portal Nacional de
Contrataçoes Publicas – PNCP, e encaminhado automaticamente aos fornecedores
registrados no Sistema de Registro Cadastral Unificado - Sicaf, por mensagem
eletronica, na correspondente linha de fornecimento que pretende atender.” (IN
SEGES/ME nº 67/2021, art. 7°)

Por fim, vale esclarecer que os avisos de contrataçao direta e os


contratos firmados sob a egide da Lei nº 14.133/2021 sao divulgados
automaticamente no PNCP, por meio da integraçao existente entre o
Compras.gov.br e o supracitado Portal. Cumpre relembrar que a publicaçao
no PNCP e a condiçao indispensavel para a eficacia do contrato.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Agente de Contrataçao
A Lei nº 14.133/2021 abordou em seu art. 8º o conceito de Agente de
Contrataçao, vejamos:
“Art. 8º A licitaçao sera conduzida por agente de contratação, pessoa designada
pela autoridade competente, entre servidores efetivos ou empregados publicos dos
quadros permanentes da Administraçao Publica, para tomar decisoes, acompanhar o
tramite da licitaçao, dar impulso ao procedimento licitatorio e executar quaisquer
outras atividades necessarias ao bom andamento do certame ate a homologação.
§ 1º O agente de contrataçao será auxiliado por equipe de apoio e respondera
individualmente pelos atos que praticar, salvo quando induzido a erro pela atuaçao
da equipe.” (Lei nº 14.133/2021, art. 8º)

A figura do agente de contrataçao merece especial atençao, pois


como toda licitaçao necessita de agente/comissao de contrataçao e todo
contrato necessita da designaçao de fiscal/gestor, na pratica ocorre a
impossibilidade de licitar ou contratar ate que as condutas dos agentes
respectivos sejam regulamentadas na forma do artigo em questao.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

COMO IDENTIFICAR A DIFERENÇA DE AGENTE


DA CONTRATAÇÃO PARA O PREGOEIRO?
A figura do pregoeiro teve suas atribuiçoes
inicialmente definidas no artigo 17, do Decreto
Federal nº 10.024 de 2019, sendo o responsavel
pela conduçao de licitaçoes veiculadas pela
modalidade de pregao.
Com a ediçao da NLLCA, ambos possuem as mesmas funçoes, nao
havendo impedimento legal para que o agente de contrataçao seja
designado, tambem, pregoeiro ou vice-versa.
A diferença sera na designaçao, quando se tratar das modalidades da
NLLCA estaremos tratando do Agente de Contrataçao, em se tratando de
licitaçao, na modalidade pregao, na forma eletronica, estaremos nos
referindo ao pregoeiro.

No ensejo, de acordo com o Parecer nº 00701/2022/CONJUR-


MD/CGU/AGU, consta o entendimento de que "os militares sao agentes
estatais juridicamente habilitados para exercer, no especial contexto das
contrataçoes publicas, as funçoes atribuídas por lei a servidores publicos
efetivos, como e o caso do agente de contrataçao. Esse entendimento se
aplica aos militares de carreira, temporarios, as praças nao estabilizadas e,
ainda, aos militares prestadores de tarefa por tempo certo (PTTC)".

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Sendo assim, o militar temporario pode figurar como agente de


contrataçao, bem como as praças nao estabilizadas e, ainda, os militares
prestadores de tarefa por tempo certo (PTTC). Ademais, insta esclarecer que
o militar temporario pode figurar como fiscal de contrato nos processos
fundamentados na nova Lei. E importante salientar, todavia, que ate o
momento inexiste regulamentaçao no sentido de que a limitaçao imposta
pelo caput do art. 8º da Lei nº 14.133/2021 alcança tambem a figura do
fiscal de contrato.
O Fiscal de Contrato, conforme preceitua o Manual Eletronico de
Conceituaçoes (Manual B do RADA-e), e aquele designado pela autoridade
competente, com conhecimento tecnico ou específico do objeto contratado,
vejamos:
1.91 - FISCAL DE CONTRATO - e o Agente da Administraçao, designado pela
autoridade competente, com conhecimento tecnico ou específico do objeto
contratado, para atuar como representante da Unidade no acompanhamento e na
fiscalizaçao da execuçao de instrumentos contratuais, desde o início ate o termino da
sua vigencia. E responsavel pela coordenaçao das atividades relacionadas a
fiscalizaçao tecnica, administrativa, setorial e pelo publico usuario, bem como dos
atos preparatorios a instruçao processual e ao encaminhamento da documentaçao
pertinente ao setor de contratos para formalizaçao dos procedimentos quanto aos
aspectos que envolvam a prorrogaçao, alteraçao, reequilíbrio, pagamento, eventual
aplicaçao de sançoes, extinçao dos contratos, dentre outros. Nos contratos referentes
as obras e serviços de engenharia, o fiscal do contrato devera, entre outros tantos
aspectos, alem de cumprir e de fazer cumprir as regras de procedimentos emanadas
do Orgao Central do Sistema ou Orgao competente e de demais normativos que
tratam da materia: verificar e acompanhar o cronograma físico da obra ou serviço;
conferir e controlar o cronograma físico-financeiro; atestar as faturas, as mediçoes,
as notas fiscais ou os documentos equivalentes; visitar regularmente os canteiros de
obras; aferir o registro no diario de obras; atestar o recebimento provisorio ou o
definitivo; aferir os produtos ou os serviços prestados; entre outros. E permitida,
desde que fundamentado pelo Agente Diretor, a contrataçao de terceiros para assisti-
lo e assessora-lo de informaçoes pertinentes as atribuiçoes definidas no ato da
designaçao, em situaçoes em que o conhecimento tecnico do Fiscal de contrato nao
seja suficiente para o exercício pleno do encargo atribuído e desde que nao haja na
OM agente com o perfil tecnico requerido e tampouco em outras OM da Força onde
se possa recorrer.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

MAS ENTÃO, COMO DIFERENCIAR AMBOS?


A resposta e bem clara, o Agente de
Contrataçao e responsavel por ACOMPANHAR
O TRAMITE DA LICITAÇAO, dar impulso ao
procedimento licitatorio e executar quaisquer
outras atividades necessarias ao bom
andamento do certame ate a homologaçao.
Ja o Fiscal de Contratos e o
RESPONSAVEL PELA COORDENAÇAO das atividades relacionadas a
fiscalizaçao tecnica, administrativa, setorial e pelo publico usuario.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Manifestaçao Jurídica
A manifestaçao jurídica (ou parecer
jurídico ou analise jurídica) e o ato
administrativo que atesta a legalidade do
procedimento de contrataçao e deve ser
realizado por meio de analise jurídica específica,
antes do início do procedimento licitatorio, ou do
processo de dispensa ou de inexigibilidade (nos
casos em que seja obrigatoria).
Para as contrataçoes baseadas na Lei nº 8.666/1993, o artigo 38
desta Lei estabelecia que as minutas de editais, bem como as minutas dos
contratos, acordos, convenios e outros ajustes deveriam ser previamente
submetidas ao crivo da assessoria jurídica da Administraçao, buscando,
assim, conferir higidez jurídica as licitaçoes e as contrataçoes publicas.
De forma similar, a Lei nº 14.133/2021 estabelece no artigo 53 que,
ao final da fase preparatoria, o processo licitatorio seguira para o orgao de
assessoramento jurídico da Administraçao, que realizara controle previo de
legalidade mediante analise jurídica da contrataçao.
A analise jurídica deve ser
emitida, exclusivamente, por membros da
Advocacia-Geral da Uniao e de seus
orgaos vinculados, os quais possuem
competencia para representar judicial e
extrajudicialmente a Uniao, suas
autarquias e fundaçoes publicas, bem
como para exercer as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do
Poder Executivo Federal.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A analise jurídica realizada pela COJAER abrangera os


processos das UG sediadas em Brasília-DF ou aqueles que
serao submetidos a aprovaçao do Comandante da
Aeronautica, se ele assim o exigir.
A analise jurídica dos processos das UG com sede nas
demais localidades, fora de Brasília-DF, sera realizada pela Consultoria-
Jurídica da Uniao (CJU) no Estado ou localidade, com jurisdiçao para a UG
requisitante.
Em decorrencia do elevado numero de processos em materias
identicas e recorrentes, de baixa complexidade jurídica, a Advocacia-Geral
da Uniao publicou a Orientaçao Normativa n° 55/2014, que introduziu, no
ambito da Advocacia Publica Federal, a figura da manifestação jurídica
referencial. Importante tambem destacar a Orientaçao Normativa AGU nº
69, de 13 de setembro de 2021, cujo qual faz mençao a nao obrigatoriedade
de manifestaçao Jurídica nas contrataçoes diretas de pequeno valor,
ressalvadas as peculiaridades descritas na propria Orientaçao referida em
conformidade com a Lei 14.133/2021.
Em outras palavras, a manifestaçao jurídica referencial uniformiza a
atuaçao do orgao jurídico relativamente as consultas repetitivas. A adoçao
de manifestaçao jurídica referencial torna desnecessaria a analise
individualizada de processos que versem sobre materia que ja tenha sido
objeto de analise em abstrato, sendo certo que as orientaçoes jurídicas
veiculadas por intermedio do parecer referencial aplicar-se-ao a todo e
qualquer processo com materia semelhante, desde que regidos por lei
idêntica. Logo, os pareceres referenciais so podem ser aplicados em
contrataçoes que estejam sob a mesma égide, seja a Lei nº 8.666/1993 ou
a Lei nº 14.133/2021.
Uma vez elaborada a citada manifestaçao jurídica referencial, os
processos administrativos que versarem sobre materias jurídicas identicas
as enfrentadas no parecer referencial estarao dispensados de analise

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

individualizada pela Consultoria Jurídica. Em tais casos, basta, unicamente,


que o administrador ateste, expressamente, que o caso concreto se amolda,
perfeitamente, aos termos da manifestaçao referencial adotada.
Tal declaraçao devera ser emitida pela autoridade competente para
aprovar a contrataçao, nao devendo os autos serem encaminhados para o
orgao consultivo deliberar se a analise individualizada se faz ou nao
necessaria, visto que o escopo da manifestaçao referencial e, justamente,
eliminar esse tramite.
Em resumo, para os processos que sejam “simples” ou “rotineiros”,
para os quais ja existam uma manifestaçao jurídica referencial existente, nao
sera necessaria uma analise individualizada do processo pela CJU local.
Por fim, caso restem duvidas sobre a situaçao fatica ou o gestor
constate que o caso dos autos, por suas características peculiares, nao se
amolda as hipoteses albergadas pelo parecer referencial, devera formular
consulta a Consultoria Jurídica pertinente.

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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

Conclusao
Prezados Instruendos,
Chegamos ao final da Unidade I. Esperamos que tenham absorvido o
conteudo disponibilizado e que seja util ao longo de suas atuaçoes como
gestores.
Alem disso, esperamos que sejam polos ativos de transferencia de
conhecimento no ambito de suas Unidades.
O tema pode trazer detalhes que certamente nao serao, em sua
totalidade, abordados na presente capacitaçao. Duvidas surgirao ao longo do
curso e estaremos a disposiçao para tentar ajuda-los, por meio dos foruns de
duvidas.
Esclarecemos que a Unidade I tem o objetivo de introduzir o tema e
apresentar os primeiros conceitos. Varios aspectos serao abordados com
riqueza de detalhes nas Unidades posteriores.
Nosso proposito principal e apresentar aos senhores os dispositivos
necessarios para saber localizar as respostas de duvidas que surgirao ao
longo de suas atuaçoes, dentro do nosso ordenamento jurídico.
Estaremos a disposiçao, mesmo apos a realizaçao deste curso, por
meio da SUCONV-1 (Divisao de Licitaçoes e Contratos da DIREF), mediante o
SAU (Serviço de Atendimento ao Usuario) ou telefones disponíveis na pagina
da DIREF.
Ate a proxima Unidade!

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