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Empreendendo

Cidades e
Territórios
Sustentáveis
Índice

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1. Cidadania e ação política: as cidades na agenda do desenvolvimento sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2. Processos e etapas da ação política local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3. Panorama das metodologias e ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4. Referências de ação política local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

5. Competências, aprendizados e desafios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5.1. Organização e institucionalidade local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5.1.1. Como são organizados os governos locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

5.1.2. Quais são e como são desenhadas as políticas públicas relevantes do município . . . . . . . . 45

5.1.3. Instrumentos de planejamento e orçamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5.1.4. Espaços de participação existentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

5.1.5. Referências para capacitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5.2. Financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.2.1. Aprendizados sobre financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.2.2. Lista exploratória de fontes de financiamento para o tema de engajamento cívico . . . . . . . 53

6. Conclusão e próximos passos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Anexo – Link das organizações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

2
Introdução

A democracia não é inevitável, assim como também não é inevitável a construção de sociedades prósperas,
solidárias, democráticas e sustentáveis. Resultam de escolhas, comprometimento, engajamento e ações.
A transição para uma sociedade sustentável requer a presença das seguintes condições interdependentes:
governos nacionais e subnacionais capazes de planejar e implementar políticas públicas alinhadas à
sustentabilidade, mercados regulados e empresas responsáveis social e ambientalmente, sociedade civil
mobilizada e participativa, com uma cidadania ativa, e combate sem trégua à ignorância e promoção da
educação de qualidade.

Ao tratar do tema da sociedade civil mobilizada, a RAPS reconhece que apenas com cidadãos conscientes
e ativos politicamente será promovida a transformação social na escala e na velocidade desejadas. Nesse
sentido, para estimular e apoiar a participação dos cidadãos nos contextos de suas cidades e territórios,
foi criado o projeto Empreendedores Cívicos. Em um país urbano como o Brasil, suas cidades e territórios
representam os principais espaços de organização social e oferecem relevante oportunidade para concretizar
esse salto civilizatório por meio da ação política local.

Constituída em maio de 2012, a RAPS nasceu com a missão de contribuir para o aperfeiçoamento do
processo político, a transformação da governança política e colaborar com a qualidade da democracia do
Brasil. Trata-se, fundamentalmente, de uma escolha e de uma forma de ação política. Assim, avançamos ao
longo desses 5 anos.

Com base nas evidências disponíveis, a RAPS aponta, desde a sua fundação, que a baixa qualidade da
governança política de nosso País, especialmente de nossas cidades e territórios, impacta diretamente
no desenvolvimento econômico e social e resulta em desperdício de oportunidades e desesperança. Hoje, o
País assiste diariamente ao aprofundamento da crise de uma disfuncional governança política. O desafio à
nossa frente é desenhar e apresentar os elementos de uma nova governança e as lideranças que promoverão
as mudanças necessárias.

Para acelerar as mudanças e buscar mais eficiência social no uso dos escassos recursos humanos e
materiais, torna-se imperativo conhecer as diversas iniciativas da sociedade civil organizada que contribuem
para o avanço social, econômico e ambiental desejado em nossas cidades. É mais importante ainda entender
e identificar quais iniciativas, processos e ações ainda precisam ser estruturados, porque são
essenciais. Os princípios da cooperação, diversidade, atuação em rede, amizade cívica e sustentabilidade
devem ser a base dessas iniciativas.

Enfatizamos que a ação política local pode – por meio de processos, metodologias e ferramentas –
identificar necessidades e aspirações em cada comunidade, estruturar uma visão de futuro, indicar
e implementar agendas representativas, inclusivas e sustentáveis. A RAPS entende que o contínuo
aperfeiçoamento da democracia se realiza por meio de uma sociedade mobilizada e participativa, que se
responsabiliza e assume tarefas, independentemente do poder público, e de um governo e um legislativo
local alinhados e comprometidos.

3
Introdução

É nesse contexto que temos hoje, dia 24 de junho de 2017, no I Encontro de Lideranças Políticas RAPS, o
privilégio de apresentar o projeto “Empreendendo Cidades e Territórios Sustentáveis” (E-Cites).

Como construir cidades e territórios sustentáveis? Que tipo de ação política requer essa construção? Quais
processos e etapas são necessários? Quais organizações, metodologias e ferramentas servem de referência
nos diversos processos e etapas? Quais habilidades e capacidades são necessárias aos cidadãos, e
especialmente, aos empreendedores cívicos, comprometidos e engajados?

Em busca de respostas para essas questões, o projeto “Empreendendo Cidades e Territórios


Sustentáveis” tem como propósito contribuir para que as lideranças políticas RAPS, especialmente
os Empreendedores Cívicos, atuem localmente para construir cidades e territórios sustentáveis.
Para isso, é fundamental que as lideranças obtenham o conhecimento e desenvolvam as competências e
capacidades que as habilitem para promover processos de transformação social.

Apresentamos, a seguir, um guia de referências, cujo objetivo é apoiar a ação política local de suas
lideranças para a criação de processos participativos de transformação social e contribuir para cidades e
territórios sustentáveis.

O capítulo 1 introduz o tema das cidades no contexto das agendas nacional e internacional de desenvolvimento.
O capítulo 2 apresenta uma proposta dos processos e etapas da ação política local. No capítulo 3, há um
panorama de organizações, metodologias e ferramentas que contribuem nas diferentes etapas e processos.
No capítulo 4, podem ser encontradas referências de experiências práticas de implementação dessas
metodologias. No capítulo 5, fazemos uma avaliação dos aprendizados e desafios deste mapeamento,
incluindo uma visão geral de duas competências consideradas estratégicas para a ação local: conhecimento
sobre a organização e institucionalidade local, indicando seus principais espaços de participação cívica;
e noções sobre financiamento. Por fim, concluímos com uma avaliação geral e a indicação dos próximos
passos no capítulo 6.

4
SOBRE ESTE GUIA DE REFERÊNCIAS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste Guia de Referências tem como ponto de partida
uma extensa pesquisa sobre as iniciativas, metodologias e ferramentas sistematizadas disponíveis. No
passo seguinte, buscou-se hierarquizar e classificar as iniciativas que possuem maturidade e capacidade
de replicação. Além disso, fizemos uma ampla consulta aos Empreendedores Cívicos e outras lideranças dos
projetos RAPS para conhecer experiências que podem ser reproduzidas em escala. Algumas pessoas que já
atuam com o tema foram entrevistadas e contribuíram com a publicação.

Contamos com a cooperação institucional e competência das equipes da RAPS, do Instituto Arapyaú e
da Rede Nossa São Paulo – Programa Cidades Sustentáveis para a produção deste material. Importante
mencionar que a proposta desses especialistas não foi criar uma exaustiva lista de iniciativas ou avaliar a
qualidade das ferramentas e metodologias apresentadas. O objetivo deste Guia é apresentar, com alguns
exemplos, um panorama dos principais conceitos, metodologias e ferramentas de apoio a empreendedores
cívicos, cidadãos e lideranças políticas que desejem promover processos participativos nas cidades e
territórios. Esse panorama constitui um arcabouço conceitual à disposição das lideranças para ser utilizado
em cada contexto local.

Com esse material, a RAPS espera engajar sua rede de lideranças no aprimoramento dos conceitos
e na ampliação do debate sobre as etapas, metodologias e ferramentas para se empreender ações
políticas locais para a construção de cidades e territórios sustentáveis. Busca fomentar a abordagem
criativa e flexível ao elencar etapas e processos indispensáveis a uma ação política ética, transparente e
sustentável. É fundamental garantir a diversidade, dar voz aos mais vulneráveis, promover seu empoderamento
e garantir o reconhecimento do espaço urbano como espaço de encontro.

Vale ressaltar que as tecnologias digitais trazem novas possibilidades de participação. As experiências já
mapeadas deixam evidente que não basta existir uma ferramenta, é preciso um processo consistente de
sensibilização, mobilização e engajamento para que as comunidades políticas e cívicas locais se apropriem
desses processos e os incorporem no seu dia a dia, de maneira duradoura.

Os processos participativos para a formulação e a implementação de agendas efetivas no nível local


oferecem uma oportunidade estratégica para repensar os processos de governança política tradicionais
e fomentar práticas inovadoras. A governança que deve emergir desses processos precisa reconhecer, de
um lado, os limites para a ação do Estado e, de outro, o poder e a vitalidade que repousam na sociedade
civil. Assim, ao ter a capacidade de criar, habilitar e encorajar a participação dos cidadãos, as instituições
de governo local fornecem um fórum de grande potencialidade para alcançar um novo acordo político entre
estado e sociedade civil.

5
Introdução

Além disso, o planejamento das cidades é hoje reconhecido como central para o sucesso de uma transição
para uma sociedade economicamente próspera, socialmente justa e ambientalmente equilibrada. As
cidades respondem por cerca de 60% do consumo global de energia, e são responsáveis por mais de 70%
das emissões globais de gases de efeito estufa (Banco Mundial ). O Brasil é o país mais urbanizado da
América Latina, com 85% da população em áreas urbanas, percentual que deve chegar em 90% até 2020.
O crescimento da população urbana traz novos e complexos desafios aos gestores locais e à sociedade
como um todo. Os municípios brasileiros têm competências constitucionais decisivas para contribuir com
o desenvolvimento nacional e global. No entanto, é notória a dificuldade da afirmação de uma cultura e de
uma prática de planejamento de longo prazo na esfera local de governo, em grande medida associada a
dificuldades de pesquisa, de acesso à informação qualificada e de recursos financeiros¹.

“A questão do poder local está rapidamente emergindo para se tornar uma das questões fundamentais
da nossa organização como sociedade”, conforme demonstra o Prof. Ladislau Dowbor². Ele ensina ainda
que o “poder local” ou “espaço local” “está no centro do conjunto de transformações que envolvem a
descentralização, a desburocratização e a participação, bem como as chamadas novas tecnologias urbanas’”.
Como sistema organizado de consensos da sociedade civil num espaço limitado, explica, “o poder local
implica alterações no sistema de organização da informação, reforço da capacidade administrativa e um
amplo trabalho de formação tanto na comunidade como na própria máquina administrativa.

Às lideranças políticas, sejam da sociedade civil, autoridades eleitas ou gestores públicos, cabe compreender
e se capacitar sobre oportunidades de influenciar a tomada de decisões públicas, a implementação da visão
de futuro e da agenda de curto prazo e o monitoramento desse processo por meio do engajamento cívico.
São oportunidades de fortalecimento da democracia na medida em que conduzem a políticas públicas
capazes de lidar com os problemas complexos que emergem no contexto local e possibilitam tornar esses
ambientes, e a própria democracia, mais sustentáveis.

Esperamos que esse seja apenas o começo de um amplo debate e que as experiências aqui apresentadas
se multipliquem. Este Guia de Referências é um convite a todos os interessados na transformação social
para o aperfeiçoamento da nossa democracia: participe e contribua com esse projeto e nos encaminhe
experiências que possam integrá-lo.

Mãos à obra e boa leitura,

Marcos Vinícius de Campos


Diretor Executivo
RAPS

¹Fonte: http://www.cidadessustentaveis.org.br/gps
²Em seu livro “O que é o Poder Local”, disponível em <www.dowbor.org/08podlocal.doc.>

6
1. Cidadania e Ação Política:
as cidades na agenda do
desenvolvimento sustentável

Para compreender a transformação social necessária para a transição rumo a uma sociedade sustentável,
é fundamental olhar o histórico do planejamento urbano e desenvolvimento das cidades e territórios. Um
passado marcado por encontros de escala mundial e por avanços no quadro institucional nacional.

A primeira grande conferência sobre o tema foi organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas),
realizada em Estocolmo entre 5 e 16 de junho de 1972, evento organizado pela ONU (Organização das
Nações Unidas) com o objetivo de discutir as consequências da degradação ao meio ambiente decorrente
do desenvolvimento econômico. A Declaração de Estocolmo deu grande enfoque ao planejamento para
conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e conciliar as diferenças entre as exigências do
desenvolvimento e a necessidade de garantir as condições ambientais.

Para discutir e aprofundar os princípios da Declaração de Estocolmo, a ONU promoveu, em junho de 1976,
em Vancouver, no Canadá, a Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos – Habitat I.
O evento resultou na Declaração de Vancouver sobre Assentamentos Humanos, cujo foco é a integração
harmoniosa, a redução das disparidades entre áreas rurais e urbanas, urbanização ordenada a partir de
estratégias de planejamento espacial, padrões mínimos progressivos e participação da comunidade. Entre
seus princípios gerais, a declaração defendeu melhorar a qualidade de vida através de uma distribuição
mais equitativa dos benefícios do desenvolvimento.

O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT) se estabeleceu em 1978,
justamente como resultado da Conferência Habitat I, encarregada de coordenar e harmonizar atividades em
assentamentos humanos dentro do sistema das Nações Unidas.

Em 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu a II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, ou Cúpula da Terra, por ter mediado acordos entre os chefes de
Estado presentes. Os 179 países participantes acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, que é a mais
abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento,
denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado para expressar o desejo de
mudança para um novo modelo de desenvolvimento para o século XXI.

A Agenda 21, em seu capítulo 28, exorta as autoridades locais a desenvolverem uma Agenda 21 Local para
conceber planos de ação que, resolvendo problemas locais, ajudem a alcançar resultados globais³. A partir
de sua implementação continuada em diversas cidades do mundo, a Agenda 21 Local se tornou um dos
legados permanentes da Rio 92.

Apesar de não haver uma ‘receita’ pronta, existem alguns ingredientes que são comuns em todas as
experiências bem-sucedidas de Agenda 21 Local. Durante o Programa Comunidades Modelo, desenvolvido
durante três anos pelo ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade,

³Disponível em <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global>

7
1. Cidadania e Ação
Política: as cidades na agenda
do desenvolvimento sustentável

14 cidades do mundo identificaram sete princípios que podem ser aplicados por qualquer comunidade que
esteja implementando um processo de Agenda 21 Local4:
• Parcerias: é indispensável que haja um grupo de parceiros/fórum representativo de todos os setores
e interesses do município, que possa estabelecer alianças para a responsabilidade coletiva, a tomada
de decisões e o planejamento;
• Participação e transparência: todos os setores da sociedade devem estar envolvidos no planejamento
para o desenvolvimento sustentável, e todas as informações relativas ao processo de planejamento
da Agenda 21 Local devem ser de fácil acesso ao público em geral;
• Abordagem sistêmica: é importante que o processo de Agenda 21 Local esteja ligado ao processo
oficial de planejamento do município. Para isso, é útil instituir comitês intersecretariais e grupos de
trabalho para tratar do processo de planejamento dentro do município;
• Preocupação com o futuro: os planos e ações para o desenvolvimento sustentável se referem a
tendências e necessidades de curto (emergenciais) e longo prazo (transformadoras);
• Responsabilidade: a vontade política é essencial para o processo da Agenda 21 Local, para que ela
seja integrada às estruturas, políticas e planos municipais;
• Equidade e justiça: o desenvolvimento deve ser ambientalmente seguro, socialmente justo e
economicamente bem distribuído;
• Respeito aos processos ecológicos: todos os cidadãos devem aprender a viver dentro da capacidade
de regeneração dos recursos do planeta.

Em 2000, a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou um
novo documento, cuja redação envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de
uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia
ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo
vários organismos governamentais e organizações internacionais.

São princípios da Carta da Terra5:


• Respeito e cuidado com a comunidade, com a vida e com a integralidade ecológica (sociedades
sustentáveis);
• Justiça ambiental, social e econômica;
• Cidadania ativa;
• Democracia participativa, não violência e paz.

Nesse mesmo ano de 2000, as Nações Unidas convocaram sociedade civil e governos a olharem com
atenção para alguns desafios que o planeta enfrentava e convidou todos a se engajarem em prol dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)6: metas a serem atingidas até o ano de 2015. São oito
objetivos internacionais comuns (com 18 metas e 48 indicadores), mas neles não há nenhuma referência
específica ao planejamento das cidades e territórios humanos.
4
Fonte: http://www.agenda21local.com.br/principios.php
5
Disponível em <http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf>
6
Disponível em <http://www.objetivosdomilenio.org.br/>

8
No âmbito nacional, representando uma nova ordem jurídico-urbanística, o Estatuto da Cidade (Lei federal
nº 10.257, de 10 de julho de 2001) constitui uma legislação sofisticada, derivada da primeira Constituição
brasileira posterior ao restabelecimento da democracia no país. Ao reconhecer a função social da propriedade,
o protagonismo dos municípios na regulação e planejamento do uso do solo e a segurança na posse de
famílias estabelecidas em áreas urbanas após cinco anos e sem oposição, o Estatuto promove um avanço
sem paralelos no processo da reforma urbana no Brasil e, ao mesmo tempo, constitui-se como referência
internacional7.

Depois, em 2003, a partir da criação do Ministério das Cidades, a temática urbana assumiu uma escala
importantíssima, com a instituição de um modelo de governança participativo e democrático, desenho de
várias políticas setoriais, avanços legais, execução de políticas robustas de investimento, e várias ações de
capacitação7.

Em maio de 2007, é lançado o Movimento Nossa São Paulo, importante iniciativa da sociedade civil decorrente
da constatação de que é necessário promover ações que possam recuperar os valores do desenvolvimento
sustentável, da ética e da democracia participativa para a sociedade. Em 2010 o Movimento lança a
plataforma Cidades Sustentáveis e, em 2011, o Programa Cidades Sustentáveis, que tem como principal
instrumento um conjunto de indicadores associados a agenda das cidades sustentáveis, com o objetivo de
sensibilizar e mobilizar as cidades brasileiras para o tema.

Ainda no cenário internacional, em agosto de 2015, foram concluídas as negociações que culminaram na
adoção, em setembro daquele ano, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)8, presentes no
documento conhecido como Agenda 2030. Trata-se de resultado de acordos elaborados na III Cúpula das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Conferência Rio +20), em 2012.

Seguindo mandato emanado da Rio +20, os 17 ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades
de cooperação internacional até 2030, sucedendo e atualizando os ODM. O objetivo 11 prevê: “tornar as
cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”.

De modo a aprofundar os debates e incorporar princípios e ações desses diversos documentos anteriores,
realizou-se em Quito (Equador), em 2016, a III Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento
Sustentável – Habitat III, encontro importante no qual é aprovada a “Nova Agenda Urbana”9. Esse documento
aponta o grande desafio que é implementar estratégias de urbanização sustentável a nível global. A Nova
Agenda Urbana propõe a aproximação de Estados-Membros, organizações multilaterais, governos locais,
setor privado e a sociedade civil, estabelecendo, também, uma visão de longo prazo, integrada e centrada
nas pessoas, alinhada com os ODS e o Acordo de Paris10. Ela se compromete a capacitar os governos
locais na liderança do desenvolvimento sustentável, apoia uma postura proativa para reforçar a resiliência e
engloba conceitos como eficiência de recursos, economia circular e abordagens baseadas em ecossistemas.

7
Fonte: ROSSBACH, A. (org.). A velha e a nova agenda urbana: uma análise de 15 anos da lei. São Paulo: Cities Alliance, 2016.
8
Disponível em <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>
9
Fonte: https://nacoesunidas.org/habitat-iii-paises-adotam-nova-agenda-para-urbanizacao-sustentavel/
10
Adotado na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, em Paris, trata-se de novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à
ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças.

9
1. Cidadania e Ação
Política: as cidades na agenda
do desenvolvimento sustentável

Com o intuito de melhorar as práticas sustentáveis, a Nova Agenda Urbana é um documento orientado para
a ação e apresenta, como principal avanço, a instituição do Direito à Cidade, ou seja, todos que habitam a
cidade têm direito à condição de vida adequada, à participação pública na definição dos principais interesses
da cidade, e a proteger a memória, a identidade e a cultura das cidades¹¹.

Todas essas iniciativas propositivas constituíram o que de melhor a comunidade global produziu nas
últimas décadas sobre a implantação de cidades e sociedades sustentáveis, além de importantes iniciativas
nacionais.

No entanto, ainda continuamos a assistir à crise social e ambiental imperar no planeta e nos municípios.
Onde está o entrave? O que falta para que se consiga colocar em prática o que há muito está claro e previsto
nos tratados?

Para a elaboração de agendas para o desenvolvimento sustentável, a premissa é reunir atores relevantes
da realidade local, considerando que há diferentes níveis de cultura de participação. Uma convocação
mais direta da participação cidadã é capaz de alterar essa cultura vigente e transformar os processos de
planejamento em algo mais concreto e viável para implementação.

É, portanto, a ação política que transfere a perspectiva global dos tratados internacionais para o nível local.
A RAPS entende que a ação política é o caminho para o avanço. Isso é dizer, consequentemente, que a
atuação das lideranças em iniciativas de engajamento das comunidades locais com o poder público, para
que se apropriem do conceito de sustentabilidade e se responsabilizem por suas escolhas, é que permitirá
a transição rumo às sociedades sustentáveis que desejamos.

¹¹Fonte: <http://polis.org.br/wp-content/uploads/PROJETO436_Nelson-Saule-J%C3%BAnior.pdf>

10
2. Processos e etapas
da ação política local

O projeto “Empreendendo Cidades e Territórios Sustentáveis (E-Cites)” nasce alinhado à missão da


RAPS de contribuir para o aperfeiçoamento do processo político e da democracia brasileira. Para transformar
e aperfeiçoar a governança política do Brasil e a qualidade de sua democracia, é fundamental a ação política
local.

O Projeto E-Cites tem como propósito contribuir para que as lideranças políticas RAPS, especialmente os
Empreendedores Cívicos, atuem localmente para construir cidades e territórios sustentáveis. Para tal fim,
é fundamental que as lideranças desenvolvam competências e capacidades que as habilitem a promover
processos de transformação social. Nesse contexto, o Empreendedor Cívico é um importante ator local
para o processo de transformação social e construção de visão de futuro das cidades.

As evidências mostram que esse processo de transformação social passa por cinco grandes etapas, que
estão conceituadas abaixo:

Figura 1: Etapas do projeto Empreendendo Cidades e Territórios Sustentáveis

SENSIBILIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E
MOBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO FORMULAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO
ENGAJAMENTO

SENSIBILIZAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E ENGAJAMENTO


Sensibilização, mobilização e engajamento têm conceitos diferentes, mas, por estarem relacionados a um
processo conjunto de envolvimento de atores, podem ser apresentados, para fins didáticos, como uma única
grande etapa.
• Sensibilização: Chamar a atenção do cidadão e do poder público acerca de uma causa e torná-los
receptivos a uma agenda, utilizando-se de ações de comunicação e advocacy.
• Mobilização: Atores envolvidos, sensibilizados e em processo de comprometimento com a ação proposta,
podendo articular-se em torno de uma causa.
• Engajamento: Promover e viabilizar a participação voluntária dos diversos atores, criando oportunidades
de participação na construção de políticas públicas, por meio da capacitação e empoderamento.

DIAGNÓSTICO
Leitura do estado atual de uma cidade ou território para a construção de uma visão de longo prazo.

11
2. Processos e etapas
da ação política local

FORMULAÇÃO
Processo de debate e construção de uma visão de futuro de longo prazo (25/30 anos), com a indicação de
uma agenda para a cidade ou território (visão de quatro anos).

IMPLEMENTAÇÃO
Conjunto de iniciativas necessárias para a decodificação da visão de futuro no desenho das políticas
públicas locais, sua implementação por meio da atuação dos poderes executivo e legislativo locais e do
empoderamento e protagonismo da sociedade civil.

AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
Embora tenham conceitos diferentes, avaliação e monitoramento são processos aqui agrupados em uma
única grande etapa por serem desenvolvidos em conjunto.

AVALIAÇÃO
• Desenvolver e aplicar critérios e mecanismos de avaliação dos resultados (métricas, indicadores entre
outros) das iniciativas e atividades do plano de visão de futuro e das políticas públicas;
• Propor aperfeiçoamento dos processos.

MONITORAMENTO
• Observar as iniciativas e atividades da implementação da visão de futuro, bem como das políticas
públicas existentes através da prestação de contas, transparência de dados, do controle social, do
acompanhamento de indicadores e plano de metas quando existentes;
• Acompanhar as políticas públicas por meio dos instrumentos de prestação de contas, do acesso aos
dados, do controle social, do acompanhamento de indicadores e plano de metas.
Idealmente, dentro de cada etapa ou processo, a atuação dos empreendedores deve ser a mais abrangente
possível, envolvendo diversas temáticas da cidade. Entretanto, pode iniciar sua atuação com foco em uma
única temática.
De forma geral, este Guia de Referências apoia e incentiva ações abrangentes, destinadas a promover
o diagnóstico sobre os desafios e oportunidades mais urgentes e relevantes para cada sociedade, tendo em
vista seu contexto específico. Entretanto, é crucial considerar o potencial de atuação da liderança a partir
da temática específica em que já está envolvido, tem atuação relevante e maior potencial de engajamento
social.
O objetivo central é engajar e apoiar os empreendedores cívicos para que contribuam e, se possível,
liderem processos que resultem na construção e implementação de uma visão de futuro em suas cidades e
territórios. O empreendedor cívico deve engajar a sociedade civil e o poder público e facilitar processos de
fortalecimento de espaços e instrumentos de governança institucional existentes.
Algumas possíveis ações do empreendedor cívico, em cada uma das etapas, estão sugeridas na próxima
Figura:

12
Figura 2: Ações de Empreendedorismo Cívico nos Processos de Ação Política Local

SENSIBILIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E
MOBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO FORMULAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO
ENGAJAMENTO

SENSIBILIZAÇÃO Promover o Promover, a partir Promover iniciativas MONITORAMENTO


Desenvolver mapeamento dos das histórias, de valorização Cobrar o poder
estratégias de problemas, priorizá- vivências e do processso público a
comunicação los e identificar suas potencialidades eleitoral através do implementação
dirigidas à sociedade possíveis causas a locais, a construção comprometimento de ferramentas de
sobre a importância partir da percepção participativa do dos candidatos; monitoramento e
e o valor da causa. do cidadão; utilizar ideal de cidade participação e a divulgação dos
índicadores e ou território a ser influência na resultados; traduzir
MOBILIZAÇÃO informações alcançado e da elaboração das leis os dados para
Mapear e recrutar demográficas Agenda prioritária. orçamentárias e a sociedade em
atores (pessoas, disponíveis para demais leis setoriais; linguagem mais
coletivos, apoio ao diagnóstico. estruturação de uma acessível; engajar e
movimentos, governança para o sensibilizar pessoas
organizações, acompanhamento para cobrar o poder
agentes públicos do processo de público.
e organismos implementação;
governamentais) estratégias de AVALIAÇÃO
que representem a comunicação para Promover ações
diversidade social da assimilação pela para a continuidade
cidade ou território sociedade; formas e do engajamento
para a causa. redes de cooperação dos atores
local; capacitação durante e após a
ENGAJAMENTO prática sobre implementação;
Criar incentivos e os instrumentos realizar encontros
oportunidades para de participação para aferição da
a adesão dos atores existentes; percepção cidadã
recrutados à causa. capacitação para a dos resultados das
análise e proposição políticas públicas,
de políticas públicas. acompanhamento
dos indicadores
disponíveis e
proposição de
ajustes.

13
3. Panorama de
metodologias e ferramentas

A elaboração deste Guia de Referências partiu de um levantamento inicial com mais de 200 iniciativas
relacionadas a cidades sustentáveis e elaboradas pelo GVces em parceria com o Instituto Arapyaú, a partir
das quais foram identificadas metodologias e ferramentas. Para complementar essas metodologias e
ferramentas, um formulário foi enviado para a rede de empreendedores cívicos RAPS e foram realizadas
conversas com lideranças RAPS e outros parceiros do Instituto Arapyaú e do programa Cidades Sustentáveis.

Para esclarecer: entendemos metodologia como a explicação detalhada de uma ação com informações
suficientes para a replicação do processo descrito. Ferramenta é um instrumento, software ou plataforma
tecnológica que auxilia na execução de alguma tarefa.

Esse levantamento inicial considerou somente metodologias e ferramentas relacionadas ao empreendedorismo


cívico e, nesse sentido, não incluiu iniciativas de aprimoramento da gestão pública que não contenham a
dimensão da participação social.

A partir dessa base inicial, aplicamos três diferentes filtros, como descrito na figura abaixo, e selecionamos
17 metodologias e ferramentas:

Figura 3: Funil de fases de seleção de metodologias e ferramentas

LEVANTAMENTO DE INICIATIVAS
200 INICIATIVAS
E CLASSIFICAÇÃO.

FASE 1

FILTRO DE METODOLOGIAS E
FERRAMENTAS QUE AINDA NÃO 40 METODOLOGIAS E
ESTÃO PRONTAS PARA SEREM FERRAMENTAS
REPLICADAS.
FASE 2

FILTRO DE
METODOLOGIAS 17 METODOLOGIAS E
E FERRAMENTAS FERRAMENTAS
TEMÁTICAS.
FASE 3

GUIA DE REFERÊNCIAS

14
Fase 1: Levantamento inicial de metodologias e ferramentas
e classificação em etapas

Na primeira fase, as metodologias e ferramentas foram classificadas dentro das etapas do processo de ação
política local descrito abaixo e já detalhadas no capítulo anterior.

Figura 4: Etapas do processo de Ação Política Local

SENSIBILIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E
MOBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO FORMULAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO
ENGAJAMENTO

Fase 2: Filtro de metodologias e ferramentas que ainda


não estão prontas para serem replicadas

A partir da lista de metodologias e ferramentas levantadas na etapa 1, foram definidos alguns critérios que
eliminatórios para que a metodologia ou ferramenta entrasse nesta primeira versão do Guia de Referências.
Os critérios utilizados estão definidos abaixo:
I. Maturidade: Metodologias e ferramentas que já estão prontas, sistematizadas e já foram testadas.
II. Replicabilidade: Metodologias e ferramentas que poderiam ser reproduzidas em outros contextos.

Assim que atingirem a maturidade e replicabilidade necessárias, os itens eliminados poderão integrar
futuras versões do Guia de Referências.

Fase 3: Filtro de metodologias e ferramentas temáticas

Foram excluídas as metodologias e ferramentas que tratam de temáticas específicas, como educação, saúde,
meio ambiente, desenvolvimento econômico, direitos humanos e diversidade. Neste Guia de Referências,
o foco são ferramentas e metodologias com abordagem transversal alinhadas às etapas descritas acima.

Em um segundo momento, buscaremos mapear metodologias, ferramentas e conteúdos com foco no


desenvolvimento de ações dos empreendedores nas temáticas específicas do desenvolvimento das cidades
e territórios.

15
3. Panorama de
metodologias e ferramentas

Como resultado desse processo de seleção, apresentamos no quadro abaixo a visão geral de todas a
metodologias e ferramentas selecionadas. Além disso o quadro contempla organizações de referência com
atuação no campo da construção participativa de agendas para cidades e territórios e experiências práticas
inspiradoras.

Figura 5: Panorama do mapeamento

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO
ENGAJAMENTO
ORGANIZAÇÕES*
METODOLOGIAS
FERRAMENTAS
EXPERIÊNCIAS

*No anexo é possível encontrar um link de acesso para todas as organizações citadas.

16
AVALIAÇÃO E
FORMULAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO MONITORAMENTO

17
3. Panorama de
metodologias e ferramentas

METODOLOGIAS
Escola de ativismo

O que é
Um coletivo com a missão de fortalecer grupos ativistas voltados para a defesa da democracia,
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

dos direitos humanos e da sustentabilidade. Esse fortalecimento ocorre por meio de processos
de aprendizagem em estratégias, técnicas de ações não violentas e criativas, campanhas de
comunicação, mobilização e segurança da informação.

Como atua
A Escola de Ativismo oferece uma série de materiais e cursos que podem ser utilizados por
grupos de militantes. Diversas apostilas e cursos estão disponíveis no site da instituição,
como uma lista de ações não violentas que servem a diferentes causas. O coletivo é formado
por ativistas multidisciplinares de várias regiões do Brasil, que se organizam de maneira não
DIAGNÓSTICO

hierárquica, por meio de alguns princípios orientadores.

Onde atua
A Escola já capacitou 550 ativistas em 20 Estados do Brasil.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


Denominam-se coletivo e se constituem como associação sem fins lucrativos.
FORMULAÇÃO

Principais resultados
Não há informações sobre impactos gerados.
IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: Os materiais orientam para diversos tipos de ação e seus impactos dependem do tema
MONITORAMENTO

e da quantidade de pessoas mobilizadas.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: Os materiais orientadores são prioritariamente de livre licença e podem ser


utilizados para sensibilização e mobilização.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Não exige nenhuma especialização técnica e é gratuito para o
usuário.

Para mais informações acesse: https://ativismo.org.br/

20
IRBEM – Indicadores de referência
de bem-estar no município (RNSP)

O que é
O IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município) é uma pesquisa de opinião

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
pública sobre aspectos subjetivos das condições de vida no município, abrangendo 25 temas.

Como atua
O questionário da pesquisa foi construído de forma participativa e é adaptado de acordo com
as necessidades do momento. A pesquisa é realizada em parceria com o Ibope no município
de São Paulo, que realiza as entrevistas com voluntários presencialmente.
Além dos dados relacionados ao bem-estar, a pesquisa aborda o índice de confiança da
população nas instituições, a satisfação com os serviços públicos e a administração municipal
e a percepção sobre a segurança na cidade.

DIAGNÓSTICO
O objetivo do IRBEM é orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade,
considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.

Onde atua
A pesquisa é realizada no município de São Paulo, pela Rede Nossa São Paulo.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


Metodologia criada e difundida pela Rede Nossa São Paulo.

FORMULAÇÃO
Principais resultados
Não há informações sobre impactos gerados.

IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: O diagnóstico é relevante pois trata da percepção do cidadão sobre sua condição de
vida, apoiando o governo na criação de campanhas de sensibilização ou na avaliação da qualidade
MONITORAMENTO

dos serviços públicos e satisfação dos cidadãos.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: A metodologia é aberta e está disponível para ser replicada.


FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: O processo de coleta de dados primários demanda trabalho de
equipe profissional, ferramentas de coleta e análise de dados, o que demanda um alto investimento
financeiro. Caso o questionário base seja utilizado para pesquisa online, o custo e a complexidade
são bastante reduzidos.
Para mais informações acesse: http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/irbem

21
Mapa da desigualdade
(RNSP)

O que é
Metodologia que compara diferentes regiões do mesmo município ou região metropolitana e
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

aponta as desigualdades entre seus territórios.

Como atua
O Mapa trabalha com indicadores intramunicipais e já foi aplicado no município de São Paulo,
na região metropolitana do Rio de Janeiro e em Brasília.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, o mapa agrega 21 indicadores sobre sete temas-
chave da realidade local: mobilidade, mercado de trabalho, pobreza & renda, educação,
segurança pública e cidadã, saúde e saneamento básico.
No município de São Paulo, conta com 16 indicadores nos temas de saúde, educação, cultura,
DIAGNÓSTICO

habitação, esporte e segurança pública.


Em Brasília, foi utilizado processo participativo para selecionar os indicadores que comporiam
o mapa.
Com essas informações, é possível ter um diagnóstico que pode nortear políticas públicas e
investimentos intramunicipais, além de influenciar documentos como o Plano Diretor Estratégico
e Programa de Metas, por exemplo.

Onde atua
FORMULAÇÃO

Pode ser replicado por qualquer município que tenha os indicadores disponíveis. No caso do
município de São Paulo, foi produzido pela Rede Nossa São Paulo, na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro, foi feito pela Casa Fluminense, e, em Brasília, pelo movimento Nossa Brasília..

Constituição jurídica / Modelo de negócio


A metodologia foi desenvolvida pela Rede Nossa São Paulo, organização sem fins lucrativos, e é
gratuita para quem queira replicá-la.
IMPLEMENTAÇÃO

Principais resultados
Não há informações sobre impactos gerados.

RELEVÂNCIA: A pesquisa traz dados relevantes e podem ter impacto ampliado se houver endereçamento
MONITORAMENTO

dos resultados em processos institucionais, como a elaboração do PPA – Plano Plurianual.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: A metodologia está disponível para ser replicada.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: A execução da metodologia demanda recurso humano qualificado


e ferramentas de análise de dados. Os indicadores são fáceis de encontrar, pois contam com base de
dados públicas, como o IBGE.

Para mais informações acesse: http://www.nossasaopaulo.org.br/mapa-da-desigualdade

22
ICES – Iniciativa Cidades
Emergentes e Sustentáveis (BID)

O que é
Programa do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento que constrói planos de longo

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
prazo para cidades médias na América Latina.

Como atua
A metodologia contempla as fases de diagnóstico, formulação e monitoramento. Atua com
cidades médias, pois são as que mais crescem e de maneira mais desordenada no Brasil.
Tais cidades carecem de planos de longo prazo, que tracem diretrizes para o desenvolvimento
sustentável. As etapas da metodologia são:
• Diagnóstico: contempla o levantamento de 120 indicadores e uma ampla pesquisa de opinião
pública.

DIAGNÓSTICO
• Elaboração do plano de ação: os temas são priorizados por especialistas e lideranças locais.
• Levantamento do custo dos projetos prioritários e apontamento de algumas fontes de
financiamento.
• Monitoramento: é estruturado no fim do plano de ação.

Onde atua
A metodologia já foi aplicada em cinco cidades brasileiras (Florianópolis, Vitória, João Pessoa,
Goiânia e Palmas) e está em andamento no município de Três Lagoas (em fase de estruturação

FORMULAÇÃO
do monitoramento).

Constituição jurídica / Modelo de negócio


O BID é um banco internacional, criado em 1959 com o objetivo de promover o desenvolvimento
da América Latina e do Caribe. O Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma corporação
supranacional de caráter financeiro.

Principais resultados
IMPLEMENTAÇÃO

Não há informações disponíveis sobre quais projetos foram implementados a partir do plano ou
se algum indicador municipal já foi impactado.

RELEVÂNCIA: A metodologia é bastante robusta e envolve estudos aprofundados sobre alguns temas.
É um ponto positivo o levantamento de fontes de financiamento, que podem ser acessadas pelo poder
MONITORAMENTO

público local, para os projetos elencados prioritários. A principal fragilidade da metodologia é o


AVALIAÇÃO E

engajamento cidadão para acompanhamento e monitoramento do plano.


REPLICABILIDADE: Sua aplicação envolve grande esforço, pois necessita de estudos bastante técnicos
e pesquisa muito ampla, ambos custosos.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: A complexidade e o custo da metodologia dificultam sua
implementação.
Para mais informações acesse: http://www.iadb.org/es/temas/ciudades-emergentes-y-sostenibles/

23
Agência Tellus

O que é
Uma consultoria que desenha e implementa soluções para serviços públicos com base na
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

metodologia de design thinking.

Como atua
Sua atuação se dá nas fases: diagnóstico do problema, exploração, cocriação e implementação.
O processo de cocriação acontece entre cidadãos e servidores que buscam a qualidade dos
serviços públicos, com melhores condições de trabalho para os servidores. O maior diferencial é
que a consultoria atua, além do desenho da solução, na implementação das soluções propostas.

Onde atua
DIAGNÓSTICO

Possui parcerias com diversas prefeituras.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


A agência Tellus é uma consultoria e seus serviços podem ser contratados pela prefeitura ou por
fundação que queira oferecer o serviço ao município.

Principais resultados
Já implementaram diversos projetos em parceria com o poder público e privado. Todos estão
FORMULAÇÃO

descritos no website. Alguns exemplos: adequação de bibliotecas públicas para pessoas com
mais de 60 anos e novo modelo de UBS em Pelotas, com três unidades já implementadas.
IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: É uma das poucas consultorias que atua com formulação e implementação de soluções
MONITORAMENTO

em serviços públicos. O maior desafio é criar soluções que sejam replicadas para ampliar seu impacto.
AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: A metodologia pode ser replicada mediante contratação do serviço.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Envolve a contratação do serviço e a participação dos interessadas


no processo.

Para mais informações acesse: http://www.tellus.org.br/home/agencia

24
Cidade Democrática

O que é
Plataforma de colaboração que permite que os cidadãos construam propostas para a solução

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
de problemas do município.

Como atua
A metodologia contempla a ferramenta, que é um software livre, e o serviço de consultoria,
que é pago. O software possibilita que os cidadãos construam propostas e interajam entre si. O
concurso contempla as etapas de:
A consultoria apoia na definição do problema a ser colocado na plataforma com o levantamento
de indicadores, dados orçamentários e no engajamento dos cidadãos para participação. Podem
ser construídas propostas de diversas naturezas conforme a necessidade dos cidadãos

DIAGNÓSTICO
participantes. Como estratégia de engajamento são realizadas oficinas presenciais. Os
resultados podem ser utilizados para pautar políticas públicas ou delimitar agenda de advocacy
para organizações da sociedade civil.

Onde atua
Já foi implementado em algumas cidades como Jundiaí e Sorocaba.

Constituição jurídica / Modelo de negócio

FORMULAÇÃO
A Cidade Democrática é uma organização sem fins lucrativos que presta serviços de consultoria.
O serviço de consultoria pode ser contratado pelo poder público, empresa privada ou instituto/
fundação.

Principais resultados
Em Jundiaí o software foi utilizado para construção de agenda propositiva para a cidade, que foi
compactuada com candidatos à prefeitura e influenciou na criação do plano de metas. IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: Promove a construção participativa de propostas utilizando plataforma virtual. Pode ter
MONITORAMENTO

sua relevância ampliada dependendo do engajamento em torno da ação e articulação com o poder
AVALIAÇÃO E

público.

REPLICABILIDADE: O software é livre e pode ser replicado.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Depende prioritariamente da definição do problema e do


engajamento dos participantes.

Para mais informações acesse: http://www.cidadedemocratica.org.br/

25
ODS Lab – Agenda Pública

O que é
Metodologia, criada pela Agenda Pública, na qual formam-se grupos que constroem soluções
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

para problemas complexos que atendam aos objetivos do desenvolvimento sustentável.

Como atua
Os grupos são compostos por representantes de governos, sociedade civil e empresas,
entendendo que o estabelecimento desse tipo de parceria multissetorial é fundamental para
implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O processo dura em torno de dois dias, nos quais lideranças e representantes dos diferentes
setores da sociedade constroem, juntos, caminhos, alternativas e parcerias para solucionar um
problema público real e complexo. Antes dos encontros, a Agenda Pública inicia junto aos atores
DIAGNÓSTICO

locais a construção de um diagnóstico a respeito da situação-problema a ser trabalhada no ODS


Lab.
O problema a ser solucionado é explorado e conjuntamente definido e, em seguida, os
participantes são convidados a constituir planos de ação de curto, médio e longo prazos a partir
dos diferentes olhares ali representados. Parcerias multissetoriais são criadas a partir desse
laboratório. Assim, as soluções encontradas são incubadas, documentadas, implementadas e
compartilhadas.

Onde atua
FORMULAÇÃO

O foco é atuar em municípios de qualquer perfil. Depende do estabelecimento de parcerias.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


A metodologia foi desenvolvida pela Agenda Pública, que atua mediante contratação do serviço.

Principais resultados
Não há informações sobre impactos gerados.
IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: Pode ter alto impacto se forem estabelecidas alianças entre os três setores para
MONITORAMENTO

executar as ações.
AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: A metodologia está pronta para ser replicada mediante contratação do serviço.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Exige a contratação da organização. É importante garantir que os


participantes tenham o perfil adequado e que, principalmente, possam tomar decisões.

Para mais informações acesse: https://odslab.org.br/

26
Juntos pelo Desenvolvimento
Sustentável (Comunitas)

O que é
Promove a coalização do poder público, sociedade civil e empresariado, por meio de uma

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
plataforma de comunicação entre esses setores, com a finalidade de aperfeiçoamento da gestão
pública e de seus serviços.

Como atua
Nos municípios em que atua, apoia o poder público local oferecendo melhorias e inovações na
gestão pública, capacitação de suas lideranças, engajamento da população e rede de parceiros.
São oferecidas, por exemplo, consultorias para melhorar o equilíbrio fiscal e a gestão de projetos
no município. O programa exige contrapartidas do poder público, tais como transparência e
profissionalização da gestão.

DIAGNÓSTICO
Proporciona encontros entre os líderes do programa (empresários) e os prefeitos para troca de
aprendizados. O trabalho realizado, até o momento, está documentado e disponível para que
seja replicado por outros municípios.

Onde atua
12 cidades em 8 Estados da Federação.

FORMULAÇÃO
Constituição jurídica / Modelo de negócio
O programa é mantido pela Comunitas, associação civil sem fins lucrativos, financiada por grupo
de mantenedores (pessoas jurídicas em sua maioria).

Principais resultados
Estima-se que o impacto, desde a criação em 2012, tenha sido de 500 milhões de Reais, com
a otimização das arrecadações e melhoria dos serviços públicos, nos 12 municípios atendidos. IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: O programa traz resultados diretos ao poder público, seu impacto pode ser ampliado
MONITORAMENTO

com maior participação da sociedade civil nos projetos.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: Os conteúdos estão bem sistematizados e acessíveis.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Os aprendizados podem ser implementados por outras prefeituras


se houver equipe capacitada e focada na implementação de melhorias.

Para mais informações acesse: http://comunitas.org/juntos

27
Plataforma Cidades
Sustentáveis

O que é
O Programa Cidades Sustentáveis oferece aos gestores públicos uma agenda de sustentabilidade
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

urbana, por meio de um conjunto de 260 indicadores associados as metas e dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável

Como atua
O prefeito signatário do programa se compromete a divulgar os dados e monitorar os indicadores
do programa Cidades Sustentáveis. O programa contém materiais e capacitações que explicam
como atualizar os indicadores e disponibilizam a plataforma web para que os mesmos sejam
expostos. As fontes de dados para elaboração dos indicadores são públicas e, quando não, são
dados que a própria Prefeitura é capaz de gerar.
DIAGNÓSTICO

O programa capacita também a sociedade civil para monitorar os indicadores informados pelo
poder público.

A plataforma do programa auxilia na padronização de indicadores para os municípios, os quais


servem para fazer diagnósticos completos e monitoramento das políticas públicas locais. Além
disso, disponibiliza um banco de boas práticas com casos nacionais e internacionais, como
referências a serem perseguidas pelos municípios.

Onde atua
FORMULAÇÃO

O programa possui 165 cidades signatárias da carta compromisso.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


A plataforma é disponibilizada pela Rede Cidades Sustentáveis, organização sem fins lucrativos.
O poder público não paga nada por este serviço.

Principais resultados
IMPLEMENTAÇÃO

A atuação da rede no município de São Paulo (Rede Nossa São Paulo) influenciou a criação da
Lei das Metas, que obriga o município a elaborar um plano de metas.

RELEVÂNCIA: O programa apoia o gestor na adoção de uma agenda para atender aos ODS. Os
melhores casos do programa acontecem onde há sociedade civil atuante monitorando os indicadores
MONITORAMENTO

e a atuação do poder público local.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: o programa é muito bem documentado e possui diversos materiais explicativos,


além de cursos de formação.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: A atualização de todos os indicadores por parte do servidor público
implica em capacitação específica e alta carga de trabalho. A plataforma é gratuita para o poder
público e são oferecidas capacitações gratuitas também.
Para mais informações acesse: http://www.cidadessustentaveis.org.br/

28
Rede de Observatórios
Sociais do Brasil

O que é
Organização da sociedade civil que monitora as compras públicas do município.

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
Como atua
O Observatório Social atua de forma técnica, com metodologia de monitoramento das compras
públicas, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto
ou serviço. Age preventivamente no controle social dos gastos públicos.

Além da atividade principal de monitoramento das compras públicas trabalha também nas
seguintes frentes:
• educação fiscal: demonstra a importância social e econômica dos tributos e a necessidade de

DIAGNÓSTICO
o cidadão acompanhar a aplicação dos recursos públicos;
• inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios: isso contribui para geração
de emprego e redução da informalidade, bem como aumenta a concorrência e melhora a
qualidade e o preço nas compras públicas;
• construção de Indicadores da Gestão Pública: com base na execução orçamentária e nos
indicadores sociais do município, faz o comparativo com outras cidades de mesmo porte. A
cada quatro meses, realiza a prestação de contas do seu trabalho à sociedade.

FORMULAÇÃO
Onde atua
Possui uma rede de 108 observatórios sociais em 19 Estados brasileiros.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


O Observatório se constitui como uma associação e não pode receber nenhum tipo de doação
do poder público de nenhuma esfera (municipal, estadual e federal) para que a isenção seja
mantida. Recebe doações de pessoas físicas e entidades de classe.
IMPLEMENTAÇÃO

Principais resultados
Estima-se que entre 2013 e 2016 o trabalho da rede de observatórios tenha gerado economia
de R$ 1 bilhão de recursos públicos.

RELEVÂNCIA: A rede de observatórios é bem estabelecida no Brasil e tem resultados já mensurados.


MONITORAMENTO
AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: As metodologias são abertas, estão bem descritas e a rede brasileira é bastante
organizada.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Para a implementação de um observatório é necessário um grupo


mobilizado e técnicos para execução do monitoramento.

Para mais informações acesse: http://osbrasil.org.br

29
3. Panorama de
metodologias e ferramentas

FERRAMENTAS
Avaaz

O que é
A Avaaz é uma comunidade de mobilização virtual que possibilita a criação de petições online e
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

a organização de manifestações.

Como atua
A plataforma Avaaz permite que as pessoas criem suas próprias campanhas usando as
ferramentas de petições online com alcance global. Além dos abaixo-assinados virtuais também
atua financiando campanhas de anúncios, enviando emails e telefonando para governos,
organizando protestos e eventos nas ruas. “Essas ações visam a dar voz aos valores e visões da
sociedade civil e a influenciar as decisões governamentais.”
DIAGNÓSTICO

Onde atua
Atuação global, a plataforma está disponível em 15 idiomas.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


Organização sem fins lucrativos, recebe doações de seus membros e não aceita doações de
governos e empresas.

Principais resultados
FORMULAÇÃO

Não há informações sobre impactos gerados.


IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: A plataforma é bastante utilizada e funciona muito bem no que se propõe. Dependendo
MONITORAMENTO

do tamanho da mobilização, pode ter seu impacto ampliado.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: Facilmente replicável, pois a plataforma pode ser utilizada para diversos temas.
Não exige nenhuma especialização técnica e é gratuita para o usuário.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Pode ser utilizada por qualquer cidadão com habilidades básicas
de uso de internet.

Para mais informações acesse: https://secure.avaaz.org/page/po/

32
Panela de pressão

O que é
Aplicativo para mobilizações que permite pressionar diretamente governantes, gestores públicos,

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
parlamentares, concessionárias de serviços públicos, políticos em geral e outros tomadores de
decisão da cidade.
Como atua
Diferente de um site de petições online, não há um interlocutor entre o público e o tomador
de decisão (no caso da petição, seria a pessoa/grupo promotor do movimento de coleta de
assinatura). Em vez disso, todos pressionam diretamente os tomadores de decisão da cidade
por meio de e-mail, Facebook, Twitter e até por telefone.
Quem cria a mobilização é o primeiro responsável por manter a pressão e divulgar a sua causa
nas redes sociais. Entretanto, se a causa for selecionada pela Rede, ela receberá suporte das

DIAGNÓSTICO
equipes do Meu Rio ou da Minha Sampa. O criador da mobilização deve ter disponibilidade de
tempo para se dedicar, junto à equipe, do desenvolvimento da mobilização.
Para que a mobilização seja válida e receba apoio precisa se alinhar aos princípios da Rede
Nossas Cidades (democracia, participação e controle social); ter caráter urgente, cujo impacto
e o alcance de seus objetivos só será alcançado caso haja trabalho extra da equipe da Rede
Nossas Cidades, ter grande potencial de atingir sucesso e ser de uma temática que está sendo
amplamente discutida pela sociedade.
Onde atua

FORMULAÇÃO
Por enquanto, a ferramenta Panela de Pressão só está disponível para cidadãos dos municípios
que possuem uma rede local e ativa da Rede Nossas Cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife,
Ouro Preto, Porto Alegre, Campinas, Garopaba, Blumenau e João Pessoa.
Constituição jurídica / Modelo de negócio
O Panela de Pressão foi criado e é mantido pela equipe da Rede Nossas Cidades, que é composta
por organizações sem fins lucrativos e foi fundada pelo Meu Rio.
Principais resultados
IMPLEMENTAÇÃO

A mobilização de 15 mil pessoas, criada pela mãe de uma criança desaparecida com o apoio
do Meu Rio, resultou na criação da Delegacia de Desaparecidos. Em pouco mais de um ano de
atuação, a delegacia já encontrou milhares de desaparecidos. A criação de cotas de 10% na
USP para alunos de escola pública, sendo que metade dessas é destinada a negros, pardos ou
indígenas, foi motivada por uma campanha apoiada pela Minha Sampa que colheu mais de 14
mil assinaturas. Outros resultados podem ser vistos no site da organização.

RELEVÂNCIA: É uma ferramenta bastante específica, que serve para pressionar um tomador de
MONITORAMENTO

decisão. Ajuda a chamar atenção para um tema e pode ter seu impacto ampliado se combinado a
AVALIAÇÃO E

outras ferramentas e estratégias.

REPLICABILIDADE: a ferramenta pode ser replicada em qualquer território.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Não exige nenhuma especialização técnica e é gratuita para o


usuário.

Para mais informações acesse: http://paneladepressao.nossascidades.org/

33
Datapedia

O que é
O Datapedia é um portal aberto e gratuito, que disponibiliza a seus usuários informações sobre
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

demografia, saúde, IDH, vulnerabilidade, educação, economia, violência e finanças públicas de


municípios e Estados do Brasil, coletadas de instituições e órgãos públicos brasileiros. Além do
portal aberto, há uma versão paga, com funcionalidades mais avançadas para análise de dados.

Como atua
O portal coleta dados públicos disponíveis em todo o Brasil, como informações do IBGE, do
DataSUS e do INEP. Uma vez reunidos, os dados passam a ser organizados e traduzidos a
partir de duas premissas: as análises devem sempre ser explícitas e as informações devem ser
apresentadas de forma amigável, inteligível e consistente. Ao final, disponibilizam os dados para
DIAGNÓSTICO

todos, de forma acessível e fácil.

Onde atua
Possui dados de todas as cidades brasileiras, mas o nível de informação varia de cidade para
cidade, de acordo com o que está disponível publicamente.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


O Datapedia é uma empresa que se sustenta por meio dos seus serviços pagos. Não recebe
FORMULAÇÃO

nenhum tipo de doação para manter o serviço gratuito no ar.

Principais resultados
Possui alguns resultados mapeados oriundos dos serviços pagos que realizaram em algumas
cidades, por exemplo, melhoria de indicadores através de uma consultoria na cidade de
Catanduva. Mas os resultados da utilização do portal pelos usuários não pagantes não são
monitorados.
IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: A ferramenta apoia o monitoramento cidadão e seu impacto depende da forma como
MONITORAMENTO

os indicadores são utilizados. Os serviços de consultoria têm mais relevância pois propõe ações
AVALIAÇÃO E

específicas a partir da avaliação dos indicadores municipais.


REPLICABILIDADE: Possui dados de todo o Brasil e para os mais variados temas das cidades.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Não exige especialização técnica avançada para utilizar a
ferramenta. Disponibiliza as informações de maneira gratuita, mas também possui uma versão paga
com funcionalidades mais avançadas para análises de dados.

Para mais informações acesse: http://www.datapedia.info/public/

34
Colab

O que é
Uma rede social que faz a conexão entre o cidadão e poder público municipal.

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
Como atua
É um aplicativo (app) que permite que o cidadão informe, em rede social, problemas municipais
diversos (buracos na calçada ou esgoto a céu aberto, por exemplo). A prefeitura que contrata
o serviço recebe todas as reclamações já processadas em formato de relatório e responde
aos usuários sobre os problemas relatados por meio do app. O aplicativo permite também
que o cidadão vote em enquetes específicas, como ajudar a decidir o destino de determinado
investimento municipal.

DIAGNÓSTICO
Onde atua
Aproximadamente 33 prefeituras utilizam a plataforma como canal oficial de relacionamento.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


O colab é uma empresa e seu serviço pode ser contratado pela prefeitura ou por organização
filantrópica que deseje oferecer este serviço aos municípios.

Principais resultados

FORMULAÇÃO
Não há informações sobre impactos gerados.

IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: O aplicativo facilita a interação do cidadão com o poder público, porém seu impacto
depende diretamente da quantidade de cidadãos que utilizam a plataforma.
MONITORAMENTO
AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: O aplicativo está pronto para ser adaptado para qualquer cidade que queira
contratar o serviço. No entanto, o aplicativo usa código fechado, o que gera dependência da prefeitura
em relação ao serviço associado.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Não exige nenhuma especialização técnica e não há custo para o
usuário. O serviço é pago pelo poder público ou organização filantrópica.

Para mais informações acesse: https://www.colab.re/

35
Cuidando do Meu Bairro

O que é
Plataforma social de georreferenciamento do orçamento público intramunicipal de São Paulo.
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

Além de servir como ferramenta de visualização do orçamento municipal, é também uma


plataforma colaborativa de monitoramento e discussão das contas públicas.

Como atua
Os usuários podem comentar pontos existentes no mapa e solicitar informações adicionais
sobre alguma despesa para o órgão responsável por aquele investimento público. Quem entra
site apenas visualiza as informações dispostas em “pins” distribuídos no mapa da cidade. É
possível acrescentar informações sobre uma despesa, não apenas adicionando dados a ela,
como também conectando pessoas interessadas no assunto.
DIAGNÓSTICO

São oferecidas informações sobre o status dos gastos (planejado, empenhado e liquidado) e
respectivos montantes, bem como informações sobre o órgão público responsável em conduzir
o gasto, entre outras informações. A visualização do mapa tem por objetivo dar mais destaque
para o progresso do gasto e para as interações entre os usuários.
Além disso, a plataforma possui interface com o sistema de pedidos de acesso à informação da
Prefeitura, o E-Sic. Essa funcionalidade permite aos usuários realizar e acompanhar pedidos de
acesso à informação, de forma colaborativa, por meio da própria ferramenta. As informações
permanecem públicas, favorecendo a construção de uma memória coletiva e evitando a
replicação de pedidos.
FORMULAÇÃO

Onde atua
As informações são referentes aos bairros e distritos do município de São Paulo.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


Plataforma mantida por uma entidade acadêmica, a Escola de Artes Ciências e Humanidades da
USP (Co-Laboratório de Inovação da EACH USP e Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para
IMPLEMENTAÇÃO

o Acesso à Informação).

Principais resultados
Não estão disponíveis.

RELEVÂNCIA: Ferramenta específica de monitoramento do orçamento que tenta aproximar a população


da discussão ao traduzir o orçamento em ações locais concretas.
MONITORAMENTO
AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: Ainda que a plataforma apresente informações apenas referentes ao município de


São Paulo, é possível reproduzir seu modelo para outras cidades, por meio de replicação do software
desenvolvido, que fica disponível na própria página, junto a um manual de aplicação.
FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Para que a plataforma seja viável, além de possuir o código fonte, é
preciso que a prefeitura disponibilize os dados. A ferramenta é gratuita para o usuário. Não sabemos
o custo de manutenção, já que atualmente é mantida por um centro de pesquisa público.
Para mais informações acesse: https://cuidando.vc/

36
De olho nas metas

O que é
Criado por iniciativa da sociedade civil, o sistema De Olho nas Metas ajuda cidadãos e organizações

SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO
da sociedade civil a acompanhar e monitorar o cumprimento de metas da Prefeitura de São
Paulo.

Como atua
A base para o desenvolvimento do sistema foi o Programa de Metas da Cidade de São Paulo 2013-
2016, que contemplou 123 metas. Periodicamente, o De Olho nas Metas consulta as informações
sobre as metas e projetos do Planeja Sampa, um site da Prefeitura de São Paulo que foi criado
para incentivar a transparência e a participação social (http://planejasampa.prefeitura.sp.gov.
br). Além dos dados do Planeja Sampa, o De Olho nas Metas também disponibiliza informações

DIAGNÓSTICO
sobre as empresas executoras das metas. Esses dados fazem parte do Acordo de Cooperação
Técnica entre o Tribunal de Contas do Município de São Paulo e a Rede Nossa São Paulo.
A ferramenta de Olho nas Metas não está atualizada com o plano de metas da gestão atual, pois
o mesmo não foi finalizado.

Onde atua
Possui informações apenas da Prefeitura de São Paulo.

FORMULAÇÃO
Constituição jurídica / Modelo de negócio
O sistema De Olho nas Metas é uma iniciativa da Rede Nossa São Paulo, em parceria com a
Ekoe e o Centro de Mídias Cívicas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT Center for
Civic Media) e tem o apoio da Fundación Avina, por meio do Fundo Acelerador de Inovações
Cívicas. O sistema conta também com a cooperação técnica do Tribunal de Contas do Município
de São Paulo.
A Rede Nossa São Paulo é uma organização sem fins lucrativos. IMPLEMENTAÇÃO

Principais resultados
Não estão disponíveis.

RELEVÂNCIA: É uma ferramenta para monitorar os compromissos assumidos por prefeituras que
MONITORAMENTO

possuem um plano de metas.


AVALIAÇÃO E

REPLICABILIDADE: Atualmente só possui dados da cidade de São Paulo. Poderia ser aplicado para
outras cidades, mas com alto esforço.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: Não exige nenhuma especialização para utilizar os dados, que
estão disponíveis de maneira fácil e acessível. Todo o sistema é gratuito.

Para mais informações acesse: http://deolhonasmetas.org.br/

37
Meu município

O que é
Portal público e gratuito que organiza e disponibiliza dados dos municípios brasileiros referentes
SENSIBILIZAÇÃO,
MOBILIZAÇÃO E
ENGAJAMENTO

às receitas e às despesas. A plataforma permite comparar indicadores de duas ou mais cidades.

Como atua
O Meu Município foi desenvolvido com o objetivo de permitir comparações entre as cidades
brasileiras, a partir da premissa de que municípios com características semelhantes podem ter
resultados semelhantes na arrecadação de tributos e nos gastos públicos.
Com essas informações, o intuito é estimular gestores públicos a adotarem melhores ações
para uma gestão mais eficiente, compreendendo metas possíveis e buscando, entre seus pares,
soluções e boas práticas.
DIAGNÓSTICO

A base de dados do portal é composta pelas informações disponibilizadas publicamente pela


Secretaria do Tesouro Nacional (Ministério da Fazenda) e IBGE.

Onde atua
O portal traz informações sobre todos os municípios brasileiros.

Constituição jurídica / Modelo de negócio


Plataforma online gratuita, sem abertura dos dados de software. Patrocinado pela Fundação
FORMULAÇÃO

Brava.

Principais resultados
Não há informações sobre impactos gerados.
IMPLEMENTAÇÃO

RELEVÂNCIA: O portal possui um conteúdo de acesso restrito e limitado. Conta com base de dados
MONITORAMENTO

federais e não incorpora dados produzidos pelos próprios municípios. Traz um olhar mais quantitativo
AVALIAÇÃO E

voltado ao orçamento e finanças públicas, sem suscitar uma análise qualitativa e crítica sobre o uso
deste orçamento.

REPLICABILIDADE: Os dados estão disponíveis para todos os municípios brasileiros.

FACILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO: O portal é aberto e gratuito para qualquer cidadão ou gestor público.

Para mais informações acesse: https://meumunicipio.org.br/

38
4. Referências de ação
política local

Algumas experiências de ação política local que contemplam as etapas descritas previamente neste
documento (sensibilização, mobilização, engajamento, diagnóstico, formulação, implementação, avaliação
e monitoramento) têm ocorrido em algumas cidades brasileiras. É com as experiências delas que buscamos
aprender mais sobre os desafios de estabelecer uma governança multissetorial que garanta a implementação
de uma visão de futuro.

MARINGÁ - 1996
www.codem.org.br

Em meados dos anos 1990, cerca de 80 lideranças de Maringá, no Paraná, se uniram para repensar o
desenvolvimento econômico da cidade, o que resultou no Movimento Repensando Maringá. Essa iniciativa
contou com o suporte técnico do Sebrae local, que organizou e conduziu um grande workshop, com o
objetivo de criar uma visão de futuro para a cidade e pensar o desenvolvimento desejado para a cidade no
futuro. Desse processo surgiu o documento Maringá 2020, que foi a base na qual a sociedade se articulou
com o poder público local e estabeleceu instrumentos que permitissem a continuidade de ações organizadas
e planejadas.

Chegou-se, então, à criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá – Codem (instituído


por Lei Municipal nº 4275, de 11/09/96), como órgão municipal encarregado de propor e executar políticas
de desenvolvimento econômico e com competências deliberativas e consultivas, sendo efetivamente
implantado, com a posse de todos os seus membros e eleição de sua primeira Mesa Diretora, em 15/05/1997.

Em 2011 foi elaborado novo documento de Visão de Futuro, o plano Maringá 2030, reúne propostas de
futuro para a cidade formuladas por membros do Codem e por presidentes e dirigentes de entidades de
instituições que compõe o Conselho. O tema central das propostas apresentadas é o desenvolvimento
econômico, mas inclui-se também meio ambiente, cidadania e cidade.
No início de outubro de 2016, foi concluído um outro estudo elaborado pela PwC, a pedido da Associação
Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) e do Codem, o Plano Estratégico Socioeconômico para a Cidade
de Maringá, que é a primeira etapa do planejamento para Maringá até 2047, quando a cidade completará
100 anos.

Além do Codem, o primeiro Observatório Social foi criado em Maringá e esse modelo já foi replicado em
diversas cidades do Brasil.

39
4. Referências de ação
política local

SOBRAL DE FUTURO - 2016


www.sobraldefuturo.com.br
http://bit.ly/CESb260417

Processo de construção de plano participativo e integrado de desenvolvimento local sustentável na cidade


de Sobral, no Ceará. O projeto acontece sob a gestão de um grupo composto por representantes dos diversos
setores da sociedade: iniciativa privada, poder público, sociedade organizada.

O projeto foi lançado em fevereiro de 2016 e a visão de futuro foi concluída em agosto do mesmo ano. O
processo de construção do plano teve amplo envolvimento da sociedade, que esteve em reuniões presenciais
nos diferentes distritos da cidade, além de ampla participação nas redes sociais.

Durante o processo eleitoral o grupo gestor garantiu o compromisso de todos os candidatos à Prefeitura e
apresentou o plano em sessão na Câmara de Vereadores.

Atualmente, o grupo gestor está discutindo como será sua constituição jurídica e tem participado das
discussões do plano plurianual (PPA) junto à Prefeitura, para garantir que a visão de futuro seja contemplada.

O projeto é financiado pelo Instituto Votorantim, com cofinanciamento do BNDES, e pelo Instituto Arapyaú.
A Prefeitura apoia a realização da iniciativa, mas não contribui financeiramente com ela. O projeto conta
com o apoio técnico das consultorias Synergia Socioambiental (mobilização, diagnóstico e formulação) e do
Instituto Polis (implementação e monitoramento).

CASA FLUMINENSE - 2013


www.casafluminense.org.br
http://bit.ly/CESb260417

A Casa Fluminense é uma organização sem fins lucrativos que articula organizações e pessoas com objetivo
de construir e fomentar políticas e ações públicas voltadas à promoção de igualdade, ao aprofundamento
democrático e ao desenvolvimento sustentável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A Casa conduziu o processo de formulação da Agenda Rio, documento que contém as propostas da sociedade
civil para a região metropolitana do Rio de Janeiro. O documento foi construído a partir de estudos e planos
já existentes somados a fóruns de debate em vários municípios do Rio com caráter deliberativo, nos quais
foram definidas prioridades e ações estruturantes.

O documento foi apresentado aos candidatos às prefeituras durante o processo eleitoral e vários se
comprometeram com ele.

40
TRÊS LAGOAS SUSTENTÁVEL – 2016
http://www.treslagoassustentavel.com.br
http://bit.ly/CESb260417

O projeto Três Lagoas Sustentável faz parte da Iniciativa Cidades Emergentes Sustentáveis, programa do
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Além do BID, são fomentadores desta iniciativa o Instituto Votorantim com cofinanciamento do BNDES, a
Caixa Econômica Federal, a Fibria e o Instituto Arapyaú. O projeto conta também com o apoio técnico das
consultorias Synergia Socioambiental, Ernst Young, Idom e Instituto Polis.

Foi desenvolvida visão de futuro para o município baseada em estudos técnicos e pesquisa de opinião
pública. Todo o estudo foi acompanhado por um comitê gestor composto por representantes dos três setores
e técnicos.

Durante o processo eleitoral, o grupo gestor garantiu o compromisso de todos os candidatos à Prefeitura.
Atualmente, o grupo gestor está discutindo como se dará sua constituição jurídica e tem participado das
discussões do plano plurianual (PPA) junto à Prefeitura para garantir que a visão de futuro seja contemplada.

JURUTI SUSTENTÁVEL – 2008


www.indicadoresjuruti.com.br

Baseado nos pilares da Agenda 21, o Modelo Juruti Sustentável, realizado no município de Juriti, no Pará,
propõe: a construção de uma agenda de desenvolvimento local sustentável amparada por um espaço de
diálogo (fórum ou conselho) que contemple diversos setores da sociedade; uma ferramenta de monitoramento
que auxilie o acompanhamento da agenda e promova reflexões sobre os rumos do município e da agenda;
e um fundo para alavancar projetos que avancem quanto às premissas e orientações da agenda.

Ao final de 2015, o modelo evoluiu para o Instituto Juruti Sustentável (Ijus), que abarca os três pilares
propostos em um único espaço com uma governança definida por diretoria executiva, comitê de ética e
comitê fiscal.

O sistema de monitoramento do modelo foi desenvolvido a partir do projeto Indicadores de Juruti. Baseado
na metodologia bottom up, os indicadores foram construídos com as comunidades de Juruti e envolveu,
também, grupos em Santarém e em Belém. As oficinas de trabalho partiram das perguntas “o que é
desenvolvimento? ”, “o que monitorar? ” e “onde monitorar?”.

41
4. Referências de ação
política local

O corpo executivo e técnico da Prefeitura, representante de todas as secretarias, acompanhou e foi fonte de
dados, assim como outras instituições locais.
O sistema criado permitiu que as organizações do território, do poder público ou da sociedade civil,
aperfeiçoassem o planejamento e o acompanhamento de ações.

PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS - 2011


http://www.cidadessustentaveis.org.br/

O programa foi lançado em 2011 pela Rede Nossa São Paulo, Rede Social Brasileira por Cidades Justas e
Sustentáveis e Instituto Ethos, com foco nas eleições municipais de 2012 e com o objetivo de apresentar
ferramentas para o engajamento dos candidatos e o acompanhamento da sociedade civil.

Oferece aos gestores públicos uma agenda de sustentabilidade urbana, um conjunto de indicadores
associados a essa agenda e um banco de práticas com casos nacionais e internacionais, exemplos que
devem ser seguidos pelos municípios. Além disso, o objetivo é estimular sempre a participação dos cidadãos
como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de cada região, aproveitando a troca de
informações e experiências em níveis local e global.

O Cidades Sustentáveis atualizou-se, incorporando as metas e os indicadores dos Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável e da COP-21, principalmente aquelas que podem ser implementadas em nível
municipal e regional – justamente onde as prefeituras têm o protagonismo central dessa governança.

42
5. Competências,
aprendizados e desafios

A capacitação e qualificação da sociedade brasileira para a participação cidadã é um dos grandes desafios de
nosso País. As cidades brasileiras já contam com muitos espaços institucionalizados de participação, mas falta
fortalecer a cultura e a formação para a participação cívica. É preciso também que os espaços institucionais
de participação já existentes sejam mais amigáveis, voltados ao uso do cidadão, com informações claras,
acessíveis, interessantes e, acima de tudo, direcionadas a resultados efetivos e mensuráveis.

O mapeamento realizado para o lançamento do projeto E-Cites, com a apresentação deste Guia de
Referências, indica a necessidade de formação em competências e conteúdos mínimos necessários para
uma efetiva ação política local, em complemento ao necessário conhecimento sobre o contexto histórico das
cidades na agenda do desenvolvimento sustentável, indicado anteriormente.

Assim, apresentamos duas competências adicionais cujos conteúdos consideramos de grande importância
para o sucesso do empreendimento de uma ação política local: o aprofundamento da capacitação sobre
o tema de cidades, em especial sobre o quadro institucional e os processos políticos e de gestão; e
competências para captação de recursos e financiamento de projetos.

5.1. ORGANIZAÇÃO E INSTITUCIONALIDADE LOCAL


A Constituição de 1988, expressão de um novo pacto e compromisso social, reconheceu o município como
ente federativo, descentralizando e transferindo aos governos subnacionais decisões políticas e financeiras.
A Carta investiu o município de capacidade para elaborar sua lei orgânica sem interferência estadual e o
responsabilizou por atribuições como escolher os representantes políticos por meio de eleições, legislar
sobre assuntos de interesse local e administrar suas próprias questões financeiras. Embora, a princípio, essas
possam parecer conquistas pequenas, são competências relacionadas a um poder de auto-organização que
não estavam disponíveis em anos anteriores.

As administrações municipais, organizadas sobretudo a partir dos Poderes Executivo (Prefeitura) e Legislativo
(Câmara Municipal), têm papel cada vez mais preponderante na gestão desses recursos e na regulação da
vida social. Ao primeiro, cabe a coordenação da administração e a organização dos serviços públicos. Por
sua vez, o vereador (legislativo) é peça importante nesse cenário, já que cabe a ele mediar a relação entre a
sociedade e o Poder Executivo, fiscalizar suas ações e lidar, de maneira próxima e direta, com os problemas,
anseios e demandas da população.

Assim, conhecer e ter domínio sobre o município e competências municipais, princípios gerais de
administração, sobre os Poderes no âmbito municipal e suas atribuições, entre outros, é fundamental para
que possamos construir estratégias de atuação ligadas ao empreendedorismo cívico.

43
5. Competências,
aprendizados e desafios

5.1.1. COMO SÃO ORGANIZADOS OS GOVERNOS LOCAIS


A CF-88, ao reconhecer União, Estados e Municípios como entes federativos atribuiu a cada um deles
competências próprias e comuns, por meio de seus artigos 21 e 24. Por sua vez, as Constituições Estaduais
e Leis Orgânicas Municipais detalham as competências para as suas respectivas esferas.

Em resumo, as competências podem ser agrupadas em três tipos:

Competência exclusiva ou privativa: São competências reservadas única e exclusivamente àquela


esfera. No caso do município, são competências privativas aquelas que se relacionam ao interesse local,
normalmente detalhadas na Lei Orgânica Municipal:
1. Serviços públicos: limpeza urbana, iluminação pública, transporte coletivo etc.;
2. Ordenamento e uso do solo: vias urbanas, estradas vicinais, localização de estacionamentos e demais
atividades empresariais etc.;
3. Uso do espaço público: praças, jardins, espaço de propaganda e publicidade etc.;
4. Abastecimento alimentar: matadouros, feiras livres, mercados etc.;
5. Cultura e Lazer: esporte, festas, eventos;
6. Desenvolvimento local: apoio à geração de renda e emprego.

Competência Comum: São aquelas em que seu exercício é partilhado por mais de uma esfera. É o caso,
por exemplo, da política ambiental.

Competência Concorrente: Há algumas matérias em que cabe à União estabelecer normas gerais e, às
outras esferas, cabe criação de norma suplementar, adaptando questões gerais às peculiaridades regionais
ou locais. Por exemplo, a legislação sobre o orçamento é de competência da União, Estados e municípios.
Cabe à União estabelecer as normas gerais – a partir da lei 4320/64 – e cabe aos Estados e municípios
elaborar e executar o procedimento orçamentário de acordo com ela, embora com autonomia para decidir
como e quanto gastar.

A Constituição, por meio de seu artigo 30, separou ainda as competências privativas municipais de acordo
com o seu conteúdo, sendo elas: Legislativa, Tributária, Financeira, Administrativa e Políticas Públicas
Municipais.

Competência Legislativa: Prevista nos incisos I e II do artigo 30, prevê que cabe ao próprio do município
legislar sobre assuntos de interesse local, além de suplementar a legislação federal e estadual no que
couber. Exemplos dessa necessidade podem ser encontrados em temas como a desapropriação de imóveis,
licitação e contratos e seguridade social.

44
Competência Tributária: A competência tributária diz respeito não somente à elaboração e à aprovação
de legislação específica – Código Tributário Municipal – a partir das normas gerais do Código Tributário
Nacional, mas também à arrecadação de impostos, taxas e contribuições. Dentre as principais fontes de
arrecadação municipal estão:
• IPTU: Imposto Predial Territorial Urbano;
• ISS: Imposto sobre Serviços;
• ITBI: Imposto de Transmissão de Bens Imóveis;
• Taxa de Serviços: cobrança de determinados serviços prestados ao contribuinte (taxa de iluminação
pública, por exemplo);
• Contribuição de Melhoria: pagamento em decorrência de melhorias urbanas em determinada área,
responsáveis pela valorização dos imóveis situados naquele local;
• Contribuição Social de Previdência e Assistência dos Servidores Municipais.

Competência Financeira: Esta competência diz respeito à gestão de recursos públicos: patrimônio, rendas,
tributos, despesas de custeio e de investimento. A aplicação destes recursos exige sua previsão, feita pelo
Processo Orçamentário (PPA, LDO, LO).

Competência Administrativa: O município administra de forma autônoma seus bens e serviços e, para
isso, precisa regulamentá-los. A compra de materiais ou equipamentos, por exemplo, exige licitação. A
admissão de pessoal exige concursos públicos. Os atos e normas que regulam tais ações fazem parte das
competências administrativas dos municípios.

5.1.2. QUAIS SÃO E COMO SÃO DESENHADAS


AS POLÍTICAS PÚBLICAS RELEVANTES DO MUNICÍPIO
Dentre as principais políticas públicas relevantes do município podemos destacar:
a) Educação – É atribuição do município a implementação da educação pré-escolar e ensino fundamental,
obedecendo a Lei de Diretrizes e Bases de Educação e com a cooperação técnica e financeira da União e
Estado;
b) Saneamento básico – Está relacionada a atividades de limpeza urbana, tratamento de lixo, abastecimento
de água, esgotos e drenagens. Trata-se de competência concorrente envolvendo União, Estados e
municípios;
c) Saúde – Realizada em comum com os Estados e a União por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. Ao
município, cabe estabelecer as definições locais das prioridades de atendimento e do comando único das
ações, a exemplo dos postos de saúde, centros e hospitais, quando municipalizados;
d) Urbana – Trata-se de competência concorrente com a União – a quem cabe o estabelecimento de regras
gerais – como nos casos do plano diretor, desapropriação, IPTU progressivo, disciplina e uso do solo,
zoneamento urbano, loteamento etc.;

45
5. Competências,
aprendizados e desafios

f) Renda e emprego – Competência exercida em comum com a União e Estados, a partir do artigo 23,
inciso X, da Constituição Federal, que dispõe sobre a necessidade de combater a pobreza e os fatores de
marginalização;
g) Cultural – Competência exercida em comum com a União e Estados compreende, entre outros, a proteção
do patrimônio artístico-cultural local, conservação da identidade e manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras;
h) Ambiental – Exercida em comum com a União e Estados, envolve preservação, restauração e defesa do
meio ambiente.
i) Segurança – É atribuição do município a criação de guardas municipais, com objetivo de proteger seus
bens, serviços e instalações;

Uma gestão que atenda aos princípios da sustentabilidade deve tratar essas dimensões das políticas públicas
de forma sistêmica, em uma abordagem transversal e integradora. Nesse sentido, a sustentabilidade deve
ser tratada como uma estratégia central à administração pública.

5.1.3. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO


Os instrumentos de Planejamento e Orçamento são compostos de planos de longo, médio e curto prazos.

Por meio de leis, governos federal, estadual e municipal definem como pretendem gastar os recursos
públicos e esse conjunto de leis compõe o rol de instrumentos de planejamento e orçamento colocados à
disposição da União, Estado ou município para orientá-lo na realização de suas atividades.

A constituição federal estabelece que todas as leis orçamentárias são de iniciativa do Poder Executivo, a quem
cabe enviar o projeto de lei para a apreciação do Poder Legislativo. Este, por sua vez, tem a possibilidade de
propor alterações ao projeto durante sua tramitação, o que se dá via emendas parlamentares.

Podemos destacar três como sendo os principais instrumentos de planejamento e orçamento no caso dos
municípios:

Plano Plurianual (PPA): É o planejamento de médio prazo do governo. O Plano concentra todos os programas,
projetos e atividades que o governo pretende desenvolver em um período de quatro anos, para entregar à
sociedade ou à própria administração pública, com os respectivos quantitativos físicos e financeiros e região
a ser beneficiada.

46
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): Determina as prioridades e metas da administração pública para
o ano seguinte e as regras que deverão ser observadas na formulação do Projeto de Lei Orçamentária Anual
pelo Poder Executivo. Deve ser editada anualmente e dispor sobre: as prioridades e metas da administração
pública; a estrutura e organização dos orçamentos, diretrizes para sua elaboração; dívida pública; despesas
com pessoal e encargos sociais; política de aplicação de recursos das agências financeiras oficiais de
fomento; e alterações na legislação tributária, entre outras.

Lei Orçamentária Anual (LOA): Deve conter a estimativa de receitas e a previsão de despesas anuais do
governo para o ano seguinte à sua edição. Elaborada de acordo com a LDO e o PPA, detalha os recursos
necessários para a execução do programa de trabalho governamental e deve ser editada anualmente.

A Constituição Federal de 1988 exige ainda que o PPA, a LDO e a LOA sejam articulados, interdependentes e
compatíveis entre si. O objetivo é buscar a integração das atividades de planejamento, orçamento e gestão
para assegurar a coerência, a eficiência e a eficácia da ação governamental.

5.1.4. ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO


Desde o início do processo de redemocratização, estão sendo criados e fortalecidos diversos espaços
institucionais de participação da população. Acreditamos que o grande diferencial da ação local capaz de
promover as transformações sociais desejadas para cidades e territórios sustentáveis está no fortalecimento
da dimensão política da ação, o que requer, necessariamente, a incidência nesses espaços e sua qualificação
e fortalecimento. Os espaços institucionais já existentes para a participação cívica devem, portanto, ser
ocupados e utilizados da forma mais republicana, transparente e efetiva possível.

Atualmente, os principais espaços de participação existentes são os Conselhos Municipais, as audiências


públicas e as conferências municipais.

A) Conselhos Municipais

A função dos Conselhos – que existem nas três instâncias de governo (federal, estadual e municipal) – é
formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais, podendo exercer funções de fiscalização,
mobilização, deliberação e de consultoria. Sua instituição e o fornecimento de condições necessárias para
o seu funcionamento são, hoje, condições obrigatórias para que Estados e municípios possam receber
recursos do Governo Federal para o desenvolvimento de políticas públicas.

47
5. Competências,
aprendizados e desafios

Os Conselhos Municipais começaram a ser criados nos anos 1980 para os mais diferentes temas setoriais e
ganharam relevância com a Constituição Federal de 1988. Ela determina, especificamente, a cooperação das
associações representativas no planejamento municipal (art. 29, XII) e estabelece o caráter democrático e
descentralizado da administração nas áreas de seguridades social, da educação, da criança e do adolescente
e outras (arts. 194, 198, 204, 206, 227).

O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) também passou a determinar a participação da população


como diretriz da gestão democrática da cidade e de todo organismo gestor das regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas.

Os Conselhos também estão previstos nas leis orgânicas dos municípios. Assim, passaram a ser adotados
em praticamente todas as cidades brasileiras, para os mais variados temas (educação, saúde, direitos
humanos, meio ambiente e até, mais recentemente, transparência). A governança dos Conselhos Municipais
deve garantir uma participação equilibrada (paritária) entre governo local e sociedade e aberta a qualquer
cidadão.

Como ideal, os Conselhos Municipais deveriam funcionar de modo a permitir a aprovação de prestação
de contas, do destino de recursos de fundos específicos ou mesmo a definição das políticas públicas que
são implementadas pelo poder executivo. No entanto, seu funcionamento nem sempre corresponde a
esses propósitos de forma efetiva e, entendemos, é a qualificação da participação cívica que permitirá seu
aperfeiçoamento.

Dentre os principais problemas na atuação dos Conselhos Municipais, podemos destacar a falta de orçamento
(por serem órgãos de assessoramento), a ausência de ampla divulgação das datas e locais de reuniões, a
não divulgação prévia de pautas, horários diurnos de realização das reuniões dificultando a participação
da sociedade civil e falta de locais apropriados. A ausência de processos de capacitação dos conselheiros
municipais também dificulta a discussão dos temas com profundidade e a eficiência de sua atuação.

Algumas cidades têm conseguido uma melhor qualificação desses espaços, oferecendo, por exemplo,
estruturas para auxiliar o trabalho dos Conselhos, chamadas de Casas dos Conselhos. Por serem importantes
espaços de construção participativa de políticas públicas, devem estar no centro da ação empreendedora
para serem aprimorados no contexto do fortalecimento da democracia via participação cidadã.

B) Audiências públicas

A audiência pública é um instrumento de participação popular, garantido pela Constituição Federal e regulado
por Leis Federais, constituições estaduais e leis orgânicas municipais.

48
Tanto as Prefeituras quanto as Câmaras Municipais realizam periodicamente audiências públicas,
convidando a sociedade civil para discutir temas de interesse geral. Algumas delas são obrigatórias, como
as que discutem as peças orçamentárias, mudanças em leis urbanísticas, licenciamentos de grandes obras
e prestações de contas de fundos específicos.

Normalmente, as Leis Orgânicas dos municípios estabelecem regras para que a própria sociedade civil
possa convocar audiências para discutir determinados assuntos. Em muitos casos, há lei específica
regulamentando as audiências, como antecedência mínima para que se faça a convocação, local onde deve
ser divulgada, tempo máximo de participação individual e regras para convocação de servidores públicos.

Abaixo, casos em que Leis Federais determinam a obrigatoriedade das audiências¹²:


I No início de processo de licitação, sempre que o valor estimado for superior a 100 vezes o valor previsto
para concorrência (hoje em R$ 1.500.000,00 – conforme Lei Federal nº 8666/93);
II. Em casos de licenciamento ambiental que provoquem significativo impacto ambiental, sempre que o
órgão ambiental julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público ou
por 50 ou mais cidadãos (Resolução nº 009/1987 do CONAMA);
III. Para debater os temas necessários para o poder público em qualquer momento de um processo
administrativo (Lei Federal nº 9784/99);
IV. Na prestação de contas do poder Executivo para cada quadrimestre (Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei
Complementar n° 101/00);
V. No processo de elaboração do Plano Diretor e discussão de projetos de grande impacto (Estatuto da
Cidade – Lei Federal nº 10.257/01 e Resolução nº 25 do Conselho Nacional das Cidades);
VI. Para a garantia dos direitos difusos e coletivos junto aos órgãos públicos dos poderes Executivo e
Legislativo, realizadas pelo Ministério Público (Lei Federal nº 8.625/93).

C) Conferências Municipais

A definição de políticas públicas deve ser feita com a maior participação social possível. Uma das estratégias
é a convocação de conferências municipais. Nelas, governo e sociedade civil debatem prioridades nas
políticas públicas em um tema determinado (exemplo: educação) buscando concluir os trabalhos com a
apresentação de relatório com propostas e ações a serem executadas, incluindo prazos e prioridades. Em
algumas conferências são escolhidos representantes/delegados para as conferências regionais, estaduais
ou nacionais.

São convocadas, em geral, por decreto do prefeito, por uma portaria da secretaria correspondente ou
por resolução do Conselho Municipal do tema. Cada esfera de governo é responsável por regulamentar e
financiar sua conferência. Normalmente, cabe à secretaria responsável montar um grupo que coordene o
processo. A diversidade de participação pode ser ampliada com a realização de pré-conferências regionais
no município, promovendo a escolha de delegados e preparando a população para o tema da conferência.

¹²Fonte: Instituto Pólis, acessível em <http://www.polis.org.br/uploads/1042/1042.pdf>

49
5. Competências,
aprendizados e desafios

D) Orçamento Participativo

A implementação de políticas públicas passa por uma ação inicial que é a priorização e sua inclusão no
orçamento público. Nenhum recurso público pode ser investido se não estiver no orçamento apresentado à
Câmara Municipal no exercício anterior para debate e aprovação.

O Estatuto da Cidade, em seu artigo 44, determina que a gestão orçamentária participativa é condição
obrigatória para que a Câmara Municipal aprove as três leis orçamentárias: o PPA, a LDO e a LOA. Esse
Estatuto ainda determina que a gestão orçamentária participativa deve incluir a realização de debates,
audiências e consultas públicas.

Em muitas cidades brasileiras, além de audiências públicas obrigatórias, são realizados eventos denominados
Orçamentos Participativos. Em cada cidade existe uma metodologia própria para isso e que nem sempre está
prevista em lei ou decreto. Nesses eventos, é realizada uma consulta à população sobre a parte do orçamento
que diz respeito à capacidade de investimento – ao que se pretende investir em complemento ao custeio da
máquina pública. A parte referente ao custeio da máquina pública (salários, combustível, material escolar,
remédios, energia elétrica, telefone etc.) normalmente não entra em discussão, pois são compromissos que
a administração, via de regra, não consegue abrir mão, apenas investir com mais eficiência.

Em alguns casos, a definição do valor a ser investido será feita pela sociedade, em outros, a sociedade
pode escolher apenas as prioridades de investimento. Há cidades em que são escolhidos delegados que
devem acompanhar, ao longo do ano, os investimentos públicos. O debate para o orçamento participativo
normalmente ocorre apenas na aprovação da LOA – Lei Orçamentária Anual, sendo quase inexistente
as experiências de construção coletiva das LDOs e dos PPAs, casos em que usualmente são realizadas
audiências públicas apenas para apresentar a peça pronta.

O orçamento participativo é importante instrumento para a participação social, permite aos cidadãos
influenciar ou decidir sobre a aplicação dos recursos públicos e reforça a transparência por meio da
publicação de informações orçamentárias e pela prestação de contas. Mais ainda, é importante por fomentar
o desenvolvimento de uma cultura democrática dentro da comunidade e o fortalecimento da sociedade
local, inclusive na criação de lideranças locais que representam a vontade das suas comunidades¹³.

¹³Veja mais em <http://www.politize.com.br/orcamento-participativo-como-funciona/>

50
5.1.5. REFERÊNCIAS PARA CAPACITAÇÃO
Por fim, cumpre também iniciar o mapeamento de plataformas, iniciativas e instituições que disponibilizam
conteúdo sobre os aspectos institucionais, políticos e de gestão das cidades. Listamos aqui algumas
iniciativas relacionadas à educação política com foco na população em geral:

CLP (Centro de Liderança Pública) – Promove instrumentos práticos para ajudar lideranças públicas
a mobilizar e engajar a sociedade em mudanças eficazes, também divulga iniciativas inspiradoras de
mobilização, implementação e experiências de sucesso.

FAST FOOD DA POLÍTICA – Disponibiliza materiais para jogos presenciais com conteúdos de educação
política, que estão disponíveis para download. Um dos jogos desafia os participantes a aprender quem
ocupa cargos públicos da sua cidade. Outro simula o governo em exercício com as personalidades políticas
e seus cargos. Trata-se de uma iniciativa do LabHacker.
Disponível em: http://fastfooddapolitica.org.br

INSTITUTO PÓLIS – Registra, sistematiza, analisa, difunde e debate experiências inovadoras de gestão
municipal. Disponibiliza ampla biblioteca com artigos, pesquisas e matérias explicativos para a construção
de cidades justas, sustentáveis e democráticas.
Disponível em: http://polis.org.br/

O JOGO DA POLÍTICA – Criado à partir da pesquisa “Sonho Brasileiro da Política”, que identificou que 64%
dos jovens gostariam de aprender sobre política na escola, o jogo foi construído com jovens de 14 a 24 anos
e está sendo levado a diversas escolas, para alunos de ensino médio. Trata-se de um conjunto de três jogos
que simulam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Foi desenvolvido em parceria pelo LabHacker, o
Sonho Brasileiro da Política e a Énois.

POLITIZE – Um portal de educação política que produz conteúdos acessíveis, de forma clara e apartidária. O
site disponibiliza artigos sobre diversos temas, muitas vezes relacionados ao que se tem discutido no país.
Contém também algumas trilhas de aprendizagem e está desenvolvendo cursos.
Disponível em: www.politize.com.br

51
5. Competências,
aprendizados e desafios

5.2. FINANCIAMENTO
Garantir recursos financeiros para a implementação ou manutenção de uma iniciativa é crucial para seu
sucesso. Em um processo de visão de futuro como descrito previamente, a estratégia de financiamento deve
ser desenhada no início do projeto e é determinante para sua longevidade. Contribuem para boa captação de
recursos a confiabilidade do projeto, uma rede de parcerias sólidas comprometidas e o potencial de ganho
de escala e replicabilidade.

É recomendável ter mais de uma fonte de financiamento para reduzir a dependência em relação a um único
financiador e equilibrar as relações de poder. A sustentabilidade financeira de uma iniciativa colabora com
o engajamento dos atores, que se sentem mais motivados a atuar em um projeto perene. Para projetos de
engajamento cidadão e construção de planos municipais de longo prazo, existem fontes públicas e privadas,
fontes setoriais (como para projetos em educação, saúde e recursos hídricos) e abrangentes, focadas no
impacto social a ser alcançado. Ao final deste item, apresentamos uma lista de fontes de financiamento para
o tema de engajamento cívico.

Apresentamos, em seguida, pontos importantes que precisam ser considerados na elaboração de um plano
de financiamento.

5.2.1. APRENDIZADOS SOBRE FINANCIAMENTO


Planejamento – O financiamento é um dos meios pelo qual o projeto ganhará concretude e, por isso,
deve ser pensado logo na fase de planejamento. Quanto mais claras estiverem as condições disponíveis
para a implementação contínua do projeto, melhor será o engajamento e o comprometimento das partes
interessadas. Alguns aspectos de grande relevância do planejamento financeiro são: (a) mapear as fontes
de financiamento disponíveis para o escopo de seu projeto; (b) planejar os recursos necessários para a
execução de cada etapa do projeto; (c) deixar clara a estratégia de sustentabilidade do projeto no médio e
longo prazos; (d) identificar e estabelecer parcerias que possam ser outras fontes possíveis de obtenção de
recursos (financeiro ou ajuda de custo, como cessão de espaço, material, etc.). Compete às lideranças do
processo assegurar a vinculação de recursos às estratégias planejadas.

Financiamento e Governança – A capacitação e a qualificação dos líderes, da comunidade e, de modo geral,


dos atores envolvidos no processo é imprescindível para dirimir assimetrias entre os participantes, qualificar
o engajamento e conferir robustez e perenidade dos resultados conquistados. Portanto, é necessário que
recursos sejam planejados e preservados. A continuidade da governança e dos processos de construção
participativa também requerem a garantia de recursos.

52
Financiamento e isonomia – Os financiadores, além dos demais parceiros e participantes, precisam ser
tratados com equilíbrio para que atores mais capitalizados, com mais condições de contribuir financeiramente
ou outros recursos, não capturem para si a pauta e influenciem demasiadamente a execução do projeto em
detrimento dos demais participantes. Nesse sentido, as estratégias de financiamento devem contemplar
também ações que enderecem as diferentes necessidades dos atores para assegurar a participação, como
recursos para transporte e alimentação, local e horário de realização das reuniões e outras medidas que
promovam a participação igualitária entre os atores envolvidos.

Oportunidades não financeiras – Nem sempre o projeto demandará contrapartida financeira ou estruturas
administrativas complexas para sua execução. Parcerias diminuem a dependência de recursos financeiros
e viabilizam recursos básicos para o grupo participante, como espaço para encontros, materiais de trabalho,
transporte, alimentação e hospedagem. Outros recursos, como capacitação técnica, também costumam ter
viabilidade por meio de parcerias com organizações e academia. As possibilidades são inúmeras e a maneira
de identificá-las passa por conhecer as necessidades do público alvo. Portanto, a criatividade na hora do
planejamento é muito útil e a colaboração, fundamental. Abordagens e soluções serão, frequentemente,
customizadas para cada local, grupo e contexto particular.

5.2.2. LISTA EXPLORATÓRIA DE FONTES DE


FINANCIAMENTO PARA O TEMA DE ENGAJAMENTO CÍVICO

A) Fontes Públicas
Para que as ações elencadas em um documento de visão de futuro sejam implementadas é fundamental
pensar nas formas de financiamento. A maioria das ações deve ser implementada pelo poder público e, por
este motivo, apontamos as principais fontes públicas de financiamento para projetos municipais.
I. Visão Geral: A opção por financiamento público pode vir de órgãos internos ou externos à administração
pública, entretanto, é comum os gestores públicos enfrentarem dificuldade de elaborar as propostas e
obter aprovação das Câmaras Municipais. Dentre os órgãos internos financiadores, os mais acessíveis
são os bancos públicos (CEF, BB, BNDES), modalidade disponível apenas para municípios que possuem
capacidade de endividamento14.
II. Emendas Parlamentares: Outro modelo de financiamento, largamente utilizado pelos municípios, são os
repasses voluntários de parlamentares – as emendas parlamentares oriundas de deputados estaduais,
distritais e federais e de senadores. Essa modalidade permite ao município investir em setores ou políticas
que não possuem orçamento garantido, seja por não ser vinculado à constituição, seja por não estar na
pauta prioritária. Metade do recurso disponível aos parlamentares federais, porém, deve ser destinado,
obrigatoriamente, à saúde. Salvo poucas exceções, as emendas são destinadas para investimentos em
capital, como compras de equipamentos e obras públicas. São, de todo modo, potencial fonte de recursos
a serem obtidos junto aos parlamentares. As emendas são repassadas na forma de convênio com entes
públicos ou entidades da sociedade civil.
A capacidade de endividamento significa que a dívida pública está dentro de seu limite e que é possível manter a contrapartida obrigatória ao financiamento.
14

Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o limite máximo da dívida líquida de uma unidade da federação é de duas vezes a própria receita. Se o total des-
sa dívida exceder os limites definidos, o ente fica impedido de fazer novas operações de crédito até obter um resultado primário que recoloque a dívida no limite.

53
5. Competências,
aprendizados e desafios

III. Organismos Públicos Internacionais: Há, por fim, órgãos financiadores internacionais que possuem
linhas de investimento para municípios, como o CAF, BID, Banco Mundial, GEF, FONPLATA – Fundo
Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata, JBIC (Japan Bank for International Cooperation),
KFW (Kreditanstalt für Wiederaufbau), FCO-UK (Foreign and Commonwealth Office do Reino Unido), e
a AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento). Algumas destas fontes disponibilizam recursos não
reembolsáveis.

Para esses financiamentos externos, o processo burocrático é mais complexo, deve se fazer uma consulta
à Comissão de Financiamento Externo (COFIEX), órgão colegiado integrante do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, a fim de saber os procedimentos necessários para receber o recurso. É importante
notar que, para casos de financiamento de bancos internacionais, o município também precisa dispor de
capacidade de endividamento.

B) Fontes Privadas
Existe uma miríade de fontes de financiamento privadas, a maioria destinada para a atuação do terceiro setor
em forma de doações. Algumas fontes relevantes para o financiamento de projetos de empreendedorismo
cívico são:

Fundação Konrad Adenauer no Brasil


Fundação política alemã, independente e sem fins lucrativos. Atuam com base nos valores da União
Democrata-Cristã (CDU), partido político alemão. Apoiam projetos relacionados a Democracia e Estado de
Direito, Educação Política, Descentralização e Sustentabilidade, Justiça Social e Igualdade de Oportunidades,
e Relações Internacionais.
http://www.kas.de/brasilien/pt/pages/12153/

Robert Bosch Stiftung


Instituição filantrópica alemã associada a empresa privada Bosch. Os projetos e programas abordam desafios
sociais que gerem soluções e mudanças. Conduzem projetos próprios, abrem editais para projetos que
promovem compromisso cívico como forma de enfrentar os desafios sociais e ajudar a moldar a democracia,
nos eixos de: Juventude e Democracia, Sociedade Civil, e Participação Cultural. Também apoiam projetos de
terceiros que correspondem aos objetivos de financiamento.
http://www.bosch-stiftung.de/content/language2/html/society.asp

Instituto Samuel Klein


Criado em 2014 pelos netos de Samuel Klein, tem como missão promover investimento social de impacto
em três eixos prioritários: Melhoria da educação no Brasil; Fortalecimento de vínculos com a cultura judaica;
Apoio a iniciativas inovadoras de empreendedorismo que transformem e promovam uma nova visão da
realidade social.
http://institutosamuelklein.org.br/

54
Fundação Skoll
Criada em 1999, tem por missão impulsionar mudanças transformadoras, apoiando ações que promovam
o progresso social através do desenvolvimento de modelos poderosos de mudança. Apoiam pessoas e os
programas que já trazem mudanças positivas em todo o mundo, capacitando-os para ampliar seu alcance,
aprofundar seu impacto e melhorar fundamentalmente a sociedade em uma escala local a global.
http://skoll.org/about/programs/

Fundação Ford
A Fundação atua no Brasil desde 1962, buscando fortalecer os valores democráticos, promover a cooperação
internacional e erradicar a pobreza e a injustiça. Atualmente, apoia temas que combatam as desigualdades
nas áreas de direitos humanos, justiça racial, direitos territoriais e recursos naturais e direitos de mídia.
http://www.fordfoundation.org/regions/brazil/

Global Fund for Community Foundations


O principal instrumento de apoio é a concessão de doações pequenas (normalmente entre US$ 5.000 e US$
15.000) para fundações comunitárias, seguindo a convicção de que os recursos locais estão em melhor
posição para desenvolver instituições filantrópicas locais fortes. Assim, as doações e suporte técnico são
destinados para fortalecer as capacidades de fundações e instituições comunitárias e aumentar sua eficácia
geral.
http://www.globalfundcommunityfoundations.org/overview-and-eligibility/

Fundación Avina
Oferece apoio por meio de editais para redes da sociedade civil que atuem pela governabilidade democrática
e reforma do sistema político. Prioriza ações que fortaleçam a participação cidadã e a coconstrução entre
governo e sociedade por meio do uso das tecnologias cívicas e de dados abertos para acelerar os processos
de mudança social na América Latina e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
http://www.avina.net/avina/pt/listado-paises/brasil/;

Fundo Vale
As iniciativas e projetos desenvolvidos pelo Fundo Vale estão agrupados em três programas de trabalho:
Municípios Verdes; Áreas Protegidas e Biodiversidade; e Monitoramento Estratégico. Suas atividades,
atualmente, abrangem sete Estados (Pará, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amapá e Maranhão),
em seis territórios de atuação. Os projetos apoiados desenvolvem ações com foco nos seguintes temas
estruturantes: Mecanismos de governança; Fortalecimento da sociedade civil; Incidência em políticas
públicas; Geração e disseminação de conhecimento, entre outros.
http://www.fundovale.org/o-que-fazemos/programas/

55
5. Competências,
aprendizados e desafios

Open Society Foundation


A OSF trabalha para reforçar os direitos humanos e a governança democrática na América Latina e no
Caribe. As atividades são relacionadas à violência e as respostas estatais ao crime organizado, promoção a
transparência e garantia ao apoio internacional para os objetivos da sociedade aberta. A maioria dos subsídios
concedidos são destinado às organizações. A OSF aborda a maioria dessas organizações diretamente e as
convida a enviar propostas. No entanto, um número menor de bolsas é disponibilizado ao público através
de chamadas abertas.
https://www.opensocietyfoundations.org/regions/latin-america-caribbean

Instituto Betty e Jacob Lafer


Desde 2013, financia projetos de organizações da sociedade civil priorizando dois temas: gestão e inovação
em políticas públicas, e redução das desigualdades no sistema de justiça. O programa de políticas públicas
apoia projetos que busquem contribuir para a ampliação do accountability, da participação e do controle
social para a melhoria ou inovação da qualidade das políticas públicas, para ações de formação de agentes
públicos e de monitoramento de casas legislativas e parlamentares. Grande parte dos projetos une pesquisa
sobre políticas específicas e estratégias de advocacy.
http://sur.conectas.org/filantropia-familiar-no-brasil/

Omidyar Network
Procura fortalecer a relação entre cidadãos e seus governos por meio da defesa ao princípio de abertura
e participação e de soluções que alavancam a tecnologia. Trabalham com organizações da sociedade civil
e start-ups inovadoras que possuem melhores práticas para abertura da informação de governos. Apoiam,
também, jornalismo independente e esforços de monitoramento e divulgação de ações governamentais,
como rastreamento do desempenho dos serviços públicos, monitoramento do desempenho legislativo e
acompanhamento da receita pública para monitorar despesas orçamentárias em um esforço para combater
a corrupção.
https://www.omidyar.com/our-work/governance-citizen-engagement

Instituto Gerdau
Braço social da empresa e um dos maiores programas de voluntariado corporativo do mundo. Sob seus
cuidados estão mais de 900 projetos em 13 países com 9,5 mil voluntários. Coordena e realiza programas
de responsabilidade social nas comunidades, cadeia de negócio e parceiros estratégicos da sociedade nos
diversos locais de atuação da empresa, utilizando o voluntariado organizado como agente transformador
em prol do desenvolvimento sustentável. Concentra apoio nas áreas de educação, qualidade em gestão, e
mobilização solidária.
https://www.gerdau.com/pt/gerdau-mediacenter/Documents/perfil-responsabilidade-social-gerdau.pdf

56
6. Conclusão e próximos
passos

Este Guia de Referências para a ação política local marca apenas o início do projeto Empreendendo
Cidades e Territórios Sustentáveis, por meio do qual a RAPS espera fortalecer sua rede de lideranças na
ação política para a construção de cidades e territórios sustentáveis.

O mapeamento realizado aponta para a existência de dezenas de experiências e metodologias lideradas


pelo poder público ou pela sociedade civil e voltadas à construção de políticas públicas locais participativas.
Nos deparamos também com inúmeras ferramentas que parecem ser bastante efetivas no apoio aos
diversos processos e etapas percorridas nas metodologias de desenvolvimento local participativo. Outras
várias experiências, metodologias ou ferramentas que, embora demonstrem grande potencial de resultados
efetivos, ainda não foram sistematicamente testadas ou descritas, de modo a garantir sua replicabilidade.

Pudemos conhecer, ainda, diversas experiências, metodologias e ferramentas específicas para determinados
setores da agenda local e, nesse sentido, não a incluímos neste primeiro mapeamento.

Ficou evidente que a grandeza dos desafios enfrentados na construção e implementação de agendas
participativas para cidades e territórios é proporcional à riqueza de iniciativas existentes direcionadas a
solucioná-los.

Temos o desafio, portanto, de sistematizar tantas referências quanto forem necessárias para disponibilizar
um cardápio consistente para o apoio contínuo à ação local das lideranças RAPS e de outros interessados.
Para isso, contamos com a contribuição de nossa rede de lideranças, de parceiros e de apoiadores, não só
complementando as referências aqui apresentadas, mas, também, colaborando com a conceituação desses
processos e etapas e, ainda, indicando ferramentas relacionadas a outros temas da agenda local, como os
temas setoriais.

Contamos, por fim, com a ação de nossas lideranças para a implementação efetiva dessas iniciativas e seu
contínuo aprimoramento.

57
Agradecimentos

O projeto Empreendendo Cidades e Territórios Sustentáveis e a realização deste Guia contaram com
importantes contribuições, as quais registramos nossos sinceros agradecimentos:
Por parte da equipe executiva da RAPS, colaboraram diretamente,

• Alexandre Schneider, Líder RAPS e Diretor Adjunto


• André Previato, Líder RAPS e Coordenação do projeto Empreendedores Cívicos
• Fernando Latorre, Líder RAPS e Engajamento
• Juliana Maria de Barros Freire, Empreendedora Cívica e Centro de Estudos
• Monica Sodré, Líder RAPS e Coordenação de Apoio à Ação Política
• Rodrigo Agostinho, Líder RAPS
• Zysman Neiman, Líder RAPS e Centro de Estudos

Contamos também com a participação e apoio de Guilherme Leal, Presidente do Conselho Diretor da RAPS,
e de Oded Grajew, membro do Conselho Diretor da RAPS. Participaram dando apoio e suporte toda a equipe
de funcionários e consultores da RAPS.

Esta iniciativa contou ainda com o decisivo apoio e contribuição direta do Instituto Arapyaú, em particular de
Pedro Villares, Marcelo Furtado, Rodrigo Agostinho, Thais Ferraz e Tayara Calina.

Da Rede Nossa São Paulo, participaram Jorge Abrahão e Zuleica Goulart.

E ainda da consultoria Integration participaram diretamente Francisco Pereira Leite, Jorge Gomes e Caroline
Rodrigues.

Agradecemos às Lideranças RAPS que vêm contribuindo para o fortalecimento desta rede por meio de sua
ação política para a sustentabilidade e do engajamento nas atividades propostas.

Agradecemos especialmente às lideranças que disponibilizaram seu tempo em conversas preciosas ou


encaminhando material para a conceituação do projeto Empreendendo Cidades e Territórios Sustentáveis:
Aldelize Henrique do Nascimento da Silva, Amanda Lima da Conceição, Anderson Giovani da Silva, Anna
Lívia Arida, Ariel Kogan, Carlos Michel Batista, Carlos Nunes, Carlota Mingola, Cássio Aoqui, Claudia Vidigal,
Daniel Lança, Deborah Araujo Iglesias, Denise de Mattos Gaudard, Diego Calegari, Diego Conti, Diogo Souto
Maior, Fernando Eliezer Figueiredo, Germano Guimarães, Henrique Parra Parra Filho, Henrique Silveira, Ivan
Silveira da Costa, Ivo Herzog, Jessika Kobayashi, José Rodolfo Pfaffmann Fiori, Karine de Oliveira Gonçalves,
Lucas de Abreu Pinto, Luis Salvatore, Marcos Carrer da Silveira, Maria Arminda de Camargo Neves Sacchi,
Paula Schommer, Paulo Benedito dos Santos, Renato Morgado, Ricardo Kadouaki, Rodrigo Lon Chia e Viviane
Regina da Silva.

58
Anexo – Link das
organizações

• AGENDA PÚBLICA - https://www.agendapublica.org.br


• AMARRIBO - https://www.amarribo.org.br/
• AVAAZ - https://secure.avaaz.org/page/po/
• BID - http://www.iadb.org/pt/banco-interamericano-de-desenvolvimento,2837.html
• CASA FLUMINENSE - http://casafluminense.org.br
• CIDADE DEMOCRÁTICA - http://www.cidadedemocratica.org.br
• CLP (CENTRO DE LIDERANÇA PÚBLICA) - www.clp.org.br
• COLAB - https://www.colab.re/
• COMUNITAS - http://comunitas.org
• DATAPEDIA - http://datapedia.info/public/
• ESCOLA DE ATIVISMO - https://ativismo.org.br
• FUNDAÇÃO BRAVA - http://www.brava.org.br/
• INSTITUTO POLIS - http://polis.org.br/
• INSTITUTO VOTORANTIM - http://www.institutovotorantim.org.br/
• JOIN.VALLE - https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/Join.Valle_.pdf
• MBC (MOVIMENTO BRASIL COMPETITIVO) – www.mbc.org.br
• MEU RIO - https://www.meurio.org.br
• MINHA SAMPA - https://www.minhasampa.org.br
• MUOVE BRASIL - http://www.muovebrasil.com
• OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL - http://osbrasil.org.br/
• OPEN KNOWLEDGE BRASIL - https://br.okfn.org/
• PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS - http://www.cidadessustentaveis.org.br
• REDE NOSSA SÃO PAULO - http://www.nossasaopaulo.org.br/
• TELLUS GRUPO - http://www.tellus.org.br

59
Índice

Introdução......................................................................................................................................xx
1. Cidadania e ação política: as cidades na agenda do desenvolvimento sustentável...................xx
2. Processos e etapas da ação política local...................................................................................xx
3. Panorama das metodologias e ferramentas...............................................................................xx
4. Referências de ação política local...............................................................................................xx
5. Competências, aprendizados e desafios.....................................................................................xx
5.1. Organização e institucionalidade local....................................................................................xx
5.1.1. Como são organizados os governos locais............................................................................xx
5.1.2. Quais são e como são desenhadas as políticas públicas relevantes do município..............xx
5.1.3. Instrumentos de planejamento e orçamento......................................................................xx
5.1.4. Espaços de participação existentes......................................................................................xx
5.1.5. Referências para capacitação...............................................................................................xx
5.2. Financiamento.........................................................................................................................xx
5.2.1. Aprendizados sobre financiamento.....................................................................................xx
5.2.2. Lista exploratória de fontes de financiamento para o tema de engajamento cívico ..........xx
6. Conclusão e próximos passos.....................................................................................................xx
Agradecimentos...................................................................... .......................................................xx
Anexo – Link das organizações.......................................................................................................xx

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