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Direito Administrativo

Organização Administrativa -
Fundação pública
DIREITO ADMINISTRATIVO .

Organização Administrativa - Fundação Pública

● Fundação Pública

No ordenamento jurídico brasileiro, existem dois tipos de fundação: as fundações


privadas - que são aquelas formadas pela destinação de um patrimônio privado para a criação
de uma pessoa jurídica, conforme o Código Civil de 2002 - e as fundações públicas.

O Decreto lei 200/67, alterado pela Lei n. 7.596/87, conceitua, em seu art. 5°, IV,
fundação pública como a "entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por
recursos da União e de outras fontes".

Cabe mencionar, também, que, diferentemente do que ocorre com as fundações


privadas (art. 66, CC), as fundações estatais não se submetem à fiscalização do Ministério
Público (Maria Sylvia Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho).

1
Aluno, veja esse entendimento recentíssimo do STF , firmado em sede de repercussão
geral, que explica os aspectos das fundações estatais e privadas:

“A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou
privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e ii) das atividades por ela
prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando
definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo
poder público, podem se submeter ao regime jurídico de direito privado.”

1
STF. Plenário.RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Info 946).

1
Ressalta-se, ainda, que, conforme definido no Decreto Lei 200/67, as fundações públicas
poderão ser instituídas com personalidade jurídica de direito privado, para execução de
atividades de interesse social, mas estas não se confundem com as fundações privadas, haja
vista serem formadas pela destinação de patrimônio público, indicados para sua formação.

● Natureza Jurídica:
Apesar da grande divergência doutrinária, o entendimento majoritário, partilhado,
inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal, é de que é possível que o Estado institua fundações
públicas com personalidade jurídica de direito público ou de direito privado.

As fundações públicas de direito público são consideradas uma modalidade de


autarquia, sendo denominadas de autarquias fundacionais ou fundações autárquicas.

A diferença entre autarquia e fundação autárquica é meramente conceitual: enquanto a autarquia


é definida como um serviço público personificado, a fundação é um patrimônio personificado
destinado a uma finalidade específica.

● Criação e extinção

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As fundações públicas de direito público são efetivamente criadas por lei específica,
como as autarquias. Já a criação das fundações públicas de direito privado é apenas autorizada
pela lei, necessitando de registro do ato constitutivo para adquirir personalidade jurídica.
Pelo princípio da simetria, as fundações de direito público são extintas por lei,
enquanto a extinção das de direito privado se dá por autorização legal.

● Regime Jurídico:

As fundações públicas de direito público fazem jus às mesmas prerrogativas e sujeitam-se


as mesmas restrições que compõem o regime jurídico administrativo das autarquias. Por isso,
tudo que foi estudado em relação às autarquias, no tópico anterior, se aplica às fundações
públicas de direito público. Com todas as prerrogativas e sujeições que lhes são próprias ao seu
regime, podem celebrar contrato de gestão e se tornarem agência executiva, gozam de
imunidade tributária, celebram contratos administrativos mediante licitação etc.

Já o regime jurídico aplicável às fundações públicas de direito privado tem caráter


híbrido.

● Atividades desenvolvidas:

As fundações púbicas são constituídas para a execução de objetos sociais que


produzam benefícios à coletividade, sendo característica essencial a ausência de fins lucrativos.
Com o advento da EC 19/98, passou a ser exigida a edição de Lei Complementar para a
definição das áreas de atuação das fundações.

● Patrimônio:
Os bens das fundações públicas de direito público são bens públicos. Já os bens das
fundações públicas de direito privado são bens privados.

Entretanto, é possível que alguns dos bens das fundações de direito público se
sujeitem a regras de direito público, como a impenhorabilidade. Isso ocorre com os bens

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empregados diretamente na prestação de serviços públicos, em decorrência do princípio da
continuidade dos serviços públicos.

● Regime de Pessoal:

As fundações de direito público se sujeitam ao regime jurídico único, devendo


adotar o mesmo regime da Administração Direta.

As fundações públicas de direito privado, fundações governamentais, estão


prioritariamente, submetidas ao direito civil e, dessa forma, seus empregados são regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho, seus contratos são civis, sem a existência de cláusulas
exorbitantes e todo o regramento de suas relações é definido no direito privado.

● Controle do Ministério Público:


Segundo o Código Civil de 2002, o Ministério Público do Estado onde estiver situada
velará pela fundação. Tal dispositivo refere-se ao controle sobre as fundações privadas
instituídas por particulares.
No caso das fundações públicas (de direito público ou de direito privado) dispensa-se
a fiscalização pelo Ministério Público uma vez que há realização do controle finalístico pela
Administração Direta.
● Foro Judicial:

Tratando-se de fundação pública de direito público federal, os litígios serão dirimidos


na Justiça Federal. Sendo de direito público estadual/municipal, o foro é a Justiça Estadual.

Caso se trate de fundação pública de direito privado, a doutrina entende que


independente da esfera o foro é a Justiça Estadual. Porém, a jurisprudência entende que as
federais têm foro na Justiça Federal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO FILHO, JOSÉ DOS SANTOS. MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 32 ED. SÃO PAULO: ATLAS,
2018.
CARVALHO, MATHEUS. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 4 ED. SALVADOR: JUSPODIVM, 2017.
OLIVEIRA, RAFAEL CARVALHO REZENDE. CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO. 6 ED. RIO DE JANEIRO:
FORENSE; SÃO PAULO: MÉTODO, 2018.
DI PIETRO, MARIA SYLVIA ZANELLA. DIREITO ADMINISTRATIVO. 32. ED. REV. ATUAL E AMPL. – RIO DE
JANEIRO: FORENSE, 2019.
MAZZA, ALEXANDRE. MANUAL DE DIREITO ADMINSITRAVO. 9. ED. SÃO PAULO: SARAIVA EDUCAÇÃO, 2019.
MEIRELES, HELY LOPES. DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. 29ª ED. SÃO PAULO: MALHEIROS, 2003.

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