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A posição 1.4 é a de cliente do Parecer 1.2.

Caso não exista escritório responsável pela elaboração do


parecer ou o mesmo não tenha sido apresentado, cabe a exposição oral do caso, destacando os possíveis
caminhos jurídicos que seriam esperados que fossem trilhados pelo parecer.

Tema 1 – Parecer 1.2 – Bônus 15%

José Venâncio, José Augusto e João Pedro, irmãos, decidem largar seus negócios no centro do país e morar
em Rio Grande – RS. Em menos de um ano já estão trabalhando para a FURG: João Pedro como secretário
acadêmico da FURG, na Faculdade de Direito, José Venâncio como gerente de projetos da FAURG e José
augusto como médico do hospital da FURG, na EBSERHV. O pai deles, José Inocêncio, preocupado com o
destino dos filhos, e querendo saber se seus filhos trabalham para o governo federal, contrata seu escritório
para elaboração de um parecer, no qual seja esclarecido, fundamentadamente, se o vínculo de seus filhos
com essas entidades é efetivamente um vínculo governo federal e quais as eventuais diferenças entre os
regimes jurídicos a que se sujeitam as respectivas entidades contratantes de seus filhos, assim como o tipo
de vínculo jurídico que os filhos tem com essas entidades.

Diferenças entre os regimes jurídicos


regime jurídico da administração pública x regime jurídico administrativo
Nas palavras da doutrinadora Maria Sylvia "a expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada
para designar, em sentido amplo, os regimes de direito público e de direito privado a que pode se submeter a
Administração Pública." Já a expressão "regime jurídico administrativo" é reservada tão somente para
abranger o conjunto de traços, conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração
Pública em uma posição privilegiada, vertical, na relação jurídico administrativa. (pg 187 MS)

contexto histórico regime administrativo


O autor Fernando Garrido Falla no seu livro denominado "tratado de derecho administrativo", destacou
que o próprio fenômeno histórico político da Revolução Francesa deu lugar simultaneamente a dois
ordenamentos distintos entre si: a ordem jurídica individualista e o regime administrativo, o regime
individualista foi se alojando no campo do direito civil, enquanto o regime administrativo formou a base do
direito público administrativo. (pg. 187 MS, procurar pg garrido falla)
Nesse sentido, o direito administrativo nasceu e se desenvolveu baseado em 2 ideias opostas: de um
lado a proteção aos direitos fundamentais frente ao Estado, servindo de fundamento para o princípio da
legalidade e do outro a necessidade de satisfação dos interesses coletivos que conduz a outorga de
prerrogativas e privilégios para a Administração Pública, podendo limitar o exercício dos direitos individuais
em benefício do bem estar coletivo (poder de polícia) ou para prestar serviços públicos. (pg. 188 MS). Aí está
a bipolaridade do Direito Administrativo: liberdade do indivíduo e autoridade da Administração.
Para assegurar a liberdade, a Administração Pública se sujeita à observância da lei e do direito,
incluindo princípios e valores previstos expressa ou implicitamente na Constituição, sendo a aplicação no
direito público do princípio da legalidade. Para assegurar a autoridade da Administração Pública são
outorgados prerrogativas e privilégios que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o
particular. (pg. 188 MS)
Logo, a adm pública possui prerrogativas/ privilégios desconhecidos na esfera privada, como:
autoexecutoriedade, autotutela, alterar ou rescindir unilateralmente os contratos, impor medidas de polícia,
imunidade tributária, prazos dilatados em juízo, presunção de veracidade de seus atos, entre outros…
Por outro lado, há também as restrições que está sujeita a adm pública como a observância da
finalidade pública, dos princípios da moralidade administrativa e da legalidade, obrigatoriedade de dar
publicidade aos atos administrativos, realização de concursos para seleção de pessoal e de concorrência
pública para elaboração de acordos com particulares (licitações). (pg. 189 MS)
Esse conjunto de prerrogativas e restrições que está sujeita a Administração e que não se encontram
nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo.

REGIME JURÍDICO
↪ o regime jurídico que se submete o serviço público também é definido por lei. Para determinados tipos de
serviços (não comerciais ou industriais) o regime jurídico é de direito público, nesse caso os agentes são
estatutários, os bens são públicos, as decisões apresentam todos os atributos do ato administrativo, a
responsabilidade é objetiva e os contratos se regem pelo direito administrativo (pg. 281, MS)
Quando se trata de serviços comerciais e industriais, o regime jurídico é o de direito comum (civil e
comercial) . Em regra, o pessoal se submete ao direito do trabalho, com equiparação aos servidores públicos
para determinados fins, contratos com terceiros se submetem, em regra, ao direito comum, os bens não
afetados à realização do serviço público se submetem ao direito privado. A responsabilidade passou a ser
objetiva (art. 37 parágrafo 6 da CF). Aplica-se também o direito público nas relações entre a entidade
prestadora do serviço e a pessoa jurídica política que a instituiu. Nesse caso, o regime jurídico é híbrido,
podendo prevalecer o direito público ou privado, dependendo do que dispuser a lei em cada caso.
divergência doutrinária:
Para os autores Celso Antônio Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho, o serviço público é sempre prestado
no regime de direito público, e ainda que sob certos aspectos possam ser aplicadas as normas de direito
privado, a sujeição a regime publicístico é inerente ao próprio conceito de serviço público, no sentido de que
os princípios a que se submeter as entidades prestadoras de serviço público, ainda que tenham a natureza de
pessoa jurídica de direito privado (como as empresas estatais), são os mesmos a que se submete a
Administração Pública, como os da continuidade, isonomia entre usuários, generalidade, universalidade…

1. Regime jurídico EBSERH


Na medida que o Estado foi se afastando dos princípios do liberalismo, começou a ampliar o rol de ​atividades
próprias, definidas como serviços públicos, uma vez que passou a considerar determinadas atividades
comerciais e industriais, que antes eram reservadas à iniciativa privada.
Além disso, paralelamente outro fenômeno ocorreu, o Estado percebeu que não tinha organização adequada
para a realização desses tipos de atividades, como consequência passou a delegar a sua execução a
particulares, por meio de contratos de concessão de serviços públicos e posteriormente por meio de pessoas
jurídicas de direito privado, criadas para esse fim, como as empresas públicas e sociedades de economia
mista, para execução sob regime jurídico predominantemente privado.
- a EBSERH é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, integra um conjunto de medidas
adotadas pelo Governo Federal para a reestruturação dos hospitais vinculados às instituições federais
de ensino superior. Sendo uma empresa pública é uma entidade da administração indireta,
desempenhando atividades econômicas é submetida ao regime jurídico de direito privado.

DECRETO Nº 7.661, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2011 → Aprova o Estatuto Social da Empresa Brasileira de


Serviços Hospitalares -EBSERH, e dá outras providências.

Art. 1º A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH, empresa pública dotada de personalidade jurídica de
direito privado e patrimônio próprio, reger-se-á pelo presente Estatuto Social e pelas disposições legais que lhe forem
aplicáveis.

Parágrafo único. A EBSERH fica sujeita à supervisão do Ministro de Estado da Educação.


Art. 5º A EBSERH sujeitar-se-á ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 → Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as


instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem
trabalhadores como empregados.

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador,
sob a dependência deste e mediante salário.

2. FAURG

O regime jurídico da FAURG é de direito privado (art.2)

LEI No 8.958, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1994 → Dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino
superior e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio e dá outras providências.

Art. 1o As Instituições Federais de Ensino Superior - IFES e as demais Instituições Científicas e Tecnológicas -
ICTs, de que trata a Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, poderão celebrar convênios e contratos, nos termos do
inciso XIII do caput do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, por prazo determinado, com fundações instituídas
com a finalidade de apoiar projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos.

Art. 2o As fundações a que se refere o art. 1o deverão estar constituídas na forma de fundações de direito
privado, sem fins lucrativos, regidas pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, e por estatutos cujas
normas expressamente disponham sobre a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade e eficiência, e sujeitas, em especial: (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)

I - a fiscalização pelo Ministério Público, nos termos do Código Civil e do Código de Processo Civil;

II - à legislação trabalhista; (Redação dada pela Lei nº 13.530, de 2017)

III - ao prévio credenciamento no Ministério da Educação e no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e


Comunicações, renovável a cada 5 (cinco) anos.

3. FURG
O regime jurídico da FURG é de direito público.

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 → Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
União, das autarquias e das fundações públicas federais.

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em
regime especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor.
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os
servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou
pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os
contratados por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de
prorrogação.

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