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UNIVERSIDADE JEAN-PIAGET DE ANGOLA

Campus universitário de Viana


( Criado pelo decreto nº 44-A/01 de 6 de julho de 2001)
Faculdade de ciências sociais e humanas

Constituição de uma Sociedade


Em nome colectivo

DOCENTE
P. Ventura
Luanda, Viana, aos 10/04/2023
INTEGRANTES DO GRUPO
1- AGEU SEIXAS
2- ACHELEIA RODRIGUES
3- ELIETE ANTÓNIO
4- FRENEL FERREIRA
5- FERNANDO PAZ
6- GUÉCIO EMANUEL
7- LEONILDE LUÍS
8- MARIA BENVINDO
9- NSITA EMANUEL
10- OSVALDO JORGE
ÍNDICE:
Introdução...............................................................................................................................1

Objectivo geral........................................................................................................................1

Responsabilidade ilimitada dos sócios perante aos credores da sociedade..............2


Relações internas ( entre sócios) ..............................................................................3
Constituição de sociedade em nome colectivo........................................................4
Direito ao lucro e dever de quinhorar nas perdas...................................................6
Direito a voto...........................................................................................................6
Órgãos – estrutura orgânica....................................................................................6
Firma.......................................................................................................................7
Dissolução de uma sociedade em nome colectivo.................................................7
Conclusão................................................................................................................8
INTRODUÇÃO
Neste presente trabalho abordaremos sobre a constituição de uma sociedade em
nome colectivo, suas características e outras delimitações. Trata-se de um tipo de
sociedade comercial , criada necessariamente por duas ou mais pessoas, singulares ou
colectivas (sócios), na qual estes, para além de responderem individualmente perante
a sociedade, pela realização da entrada que se obrigam ( dinheiro em espécie ou em
indústria), respondem pessoal e ilimitadamente pelas dívidas ( perante os credores da
sociedade), subsidiariamenteem relação a sociedade, mas solidariamente com os
outros sócios.

OBJECTIVO GERAL
1- Caracterizar a sociedade em nome colectivo;
2- Descrever as vantagens e desvantagens de uma sociedade em nome
colectivo;
3- Descrever a par e passo de como constituir uma sociedaded em nome
colectivo;
4- O trabalho tem como objectivo também representar de sucinta como
funciona uma sociedade em nome colectivo.

1.
1) Responsabilidade ilimitada dos sócios perante aos credores da
sociedade
1.1) Responsabilidade pessoal e ilimitada:
Nas sociedades em nome coletivo, os sócios têm responsabilidade pessoal e ilimitada
pelas dívidas da sociedade:
– pessoal, porque respondem pelas dívidas da sociedade com o
seu património pessoal; e,
– ilimitada, porque respondem pelo valor total das dívidas da sociedade com todos os
bens e rendimentos do seu património pessoal.
Trata-se de uma característica nuclear deste tipo societário e que permite distinguir
entre, por um lado:
– as sociedades de responsabilidade ilimitada (RI); e, por outro,
– as sociedades de responsabilidade limitada (RL), categoria que, entre nós, integra
as sociedades por quotas, as sociedades unipessoais por quotas e as sociedades
anónimas (S.A.). Nestes tipos societários os respetivos sócios ou acionistas não
respondem, via de regra, pelas dívidas da sociedade. Pelas dívidas da sociedade
responde, em princípio, apenas o património da sociedade.

1.2) Responsabilidade subsidiária em relação a sociedade:


1.2.1) Subisidiariedade forte que inclui o benefício da excussão prévia:
A responsabilidade pessoal e ilimitada do sócio pelas dívidas da sociedade em nome
colectivo é subsidiária em relação a sociedade. Vigora, neste caso, uma
subsidiariedade forte; ora, isso significa:

a) que o esgotamento do património da sociedade é um


verdadeiro “requisito constitutivo do direito do credor” . Pelo que, o
credor da sociedade que quiser demandar o sócio terá necessariamente
que alegar e provar que o património da sociedade se encontra
completamente excutido, sob pena de improcedência da ação judicial
declarativa ;
b) por outro lado, o sócio pode sempre invocar o benefício da excussão
prévia, podendo, nesse caso, recusar o pagamento das dívidas da
sociedade se e enquanto não tiverem sido previamente excutidos
(penhorados e vendidos judicialmente) todos os bens do património da
sociedade [5].

2.
1.2.2) Relações internas ( entre sócios)- direito de regresso:

a) Sócios de Capital:
O sócio de capital (que é todo aquele cuja participação social for fundada
numa entrada em dinheiro e/ou em espécie) que tiver pago dívidas da sociedade
tem direito de regresso contra os outros sócios de capital, na medida em que o
pagamento efetuado exceder o valor que lhe caberia suportar segundo a proporção do
valor nominal da respetiva parte social no capital social da sociedade.

b) Sócios de Indústria:

Nas relações internas (entre os sócios), em sede de direito de regresso, os sócios de


indústria não respondem pelas dívidas da sociedade (a Lei refere “perdas” mas as
perdas são referidas de modo impróprio [8]), salvo cláusula do contrato de
sociedade em sentido contrário .

1.2.3) Responsabilidades dos sócios perante a sociedade

Internamente, perante a sociedade, os sócios da sociedade em nome coletivo


respondem individualmente pelo cumprimento ou realização da entrada a que se
obrigaram (entradas em dinheiro, entradas em espécie ou entradas em indústria)

A obrigação de entrada, por natureza, apenas vincula os sócios que adquiriram a sua
participação social:
– no momento da constituição da sociedade (os sócios fundadores da sociedade) (art.
20.º al. a)); ou,
– no momento do aumento de capital social ou, no caso das entradas em indústria, no
momento da alteração ao pacto social que não proceda a um aumento de capital
social.

Excepção – entradas em espécie náo avaliadas por revisor de contas :

Nas sociedades em nome coletivo, a Lei determina que se forem realizadas entradas
em espécie e os sócios não quiserem que essas entradas sejam verificadas e avaliadas
por um revisor oficial de contas, têm que assumir expressamente, no contrato de
sociedade, a responsabilidade pelo valor que tiverem atribuído aos bens; esta
responsabilidade é solidária entre todos os sócios, mas não é subsidiária em relação à
sociedade (art. 179.º).
3.
2)Constituição de sociedade em nome colectivo:
Há apenas um modo de constituição de sociedades em nome coletivo, que é processo
tradicional ou convencional de constituição de sociedades comerciais e de sociedades
civis sob forma comercial, que se aplica a todos os tipos societários.

Na verdade, não se aplicam às sociedades em nome coletivo:


– o regime da “empresa na hora” (regime especial de constituição imediata de
sociedades);
– o regime da “empresa online” (regime especial de constituição online de
sociedades).
Com efeito, estes dois regimes especiais de constituição de sociedades (empresas)
aplicam-se apenas às sociedades por quotas, às sociedades unipessoais por quotas e
às sociedades anónimas (S.A.).

2.1) Criação de uma sociedade em nome colectivo:

1. Obtenção do certificado de admissibilidade da firma: o nome da sua


empresa terá de ser admitido. Para tal, deverá requerer o certificado de
admissibilidade de firma ou denominação de pessoa colectiva online no
espaço “ Empresa online” ou presencialmente no Registo Nacional de
pessoas colectivas, através de um formulário;
2. Criação de conta bancária para a empresa: deverá abrir uma congta no
banco que se destine exclusivamente a empresa, sendomlá depositado o
capital social antes da celebração do contrato da sociedade;
3. Celebração de contrato da sociedade: no qual deve figurar a espécie e
caracterização da entrada de cada sócio e o valor atribuído aos bens a
indústria;
4. Declaração do ínicio da actividade nas finanças: esta declaração pode ser
efectuada nos serviços de atendimento, após a obtenção do certificado de
admissibilidade da firma;
5. Registo comercial;
6. Inscrição da segurança social: esta inscrição é realizada com os dados da
declaração do ínicio da actividade das finanças;
7. Solicitação do cartão da empresa;
8. Registo central do beneficiário efectivo.

4.
3)Capital Social:
3.1) Inexistência do capital social mínimo:

As sociedades em nome coletivo não têm capital social mínimo. A razão de ser desta
solução prende-se, sobretudo, com o regime de responsabilidade pessoal,
ilimitada, subsidiária e solidária dos sócios pelas dívidas da sociedade: os credores não
carecem da tutela conferida pelo regime do capital social mínimo uma vez que podem
agir contra o património dos sócios.

Os sócios têm assim, ampla margem de liberdade para fixarem o montante de capital
social que bem entenderem.

É possível que uma sociedade em nome coletivo não tenha sequer capital social se
todos os respetivos sócios forem sócios de indústria, ou seja, se todas as respetivas
participações sociais forem fundadas em entradas em indústria.

Com efeito, as participações sociais dos sócios fundadas em entradas em indústria não
são computadas no capital social. É o único tipo de sociedade comercial que pode não
ter capital social.

3.2) Sócios de capital e sócios de indústria:


Nas sociedades em nome colectivo podem existir sócios de capital e sócios de
indústria.

Sócios de capital: são aqueles cujas partes sociais são fundadas em entradas em
dinheiro e/ou entradas em espécie.

Sócios de indústria: são aqueles cujas partes sociais são fundadas em entradas em
indústria.

Entradas em indústria: são entradas com serviços humanos não subordinados. Com as
entradas em indústria os sócios obrigam-se a prestar ou realizar determinada
actividade ou trabalho. As partes dos sócios de indústria não são computadas
no capital social da sociedade.

As sociedades em nome colectivo e as sociedades em comandita (neste caso, apenas


em relação aos sócios comanditados) são os únicos tipos de sociedades comerciais que
admitem a possibilidade de os sócios realizarem entradas em indústria.

5.
4)Direito ao lucro e dever de quinhorar nas perdas:
– Em regra, os sócios de capital participam nos lucros e nas perdas da sociedade de
acordo com a proporção dos valores nominais das respetivas partes sociais no capital
social da sociedade.

– Quanto aos sócios de indústria, deve ser atribuído no contrato de sociedade um


valor, maior ou menor, à respetiva “indústria” (trabalho, atividade) para o efeito da
repartição de lucros e perdas da sociedade.

5)Direito ao voto:
Salvo se outro critério for determinado no contrato de sociedade (sem que, contudo,
neste caso, o direito de voto possa ser suprimido), a cada sócio pertence um voto em
assembleia geral regularmente convocada ou através de qualquer outra forma de
deliberação social, independentemente:
– da proporção do valor nominal da sua parte (participação social) no capital social da
sociedade e
– independentemente de ser sócio de capital ou sócio de indústria.

É o sistema do “voto por cabeça”, que se contrapõe ao sistema de “voto capitalista”;


este último vigora nas sociedades por quotas e nas sociedades anónimas (S.A.)

Se no contrato de sociedade for determinado outro critério para a distribuição dos


direitos de voto, cada um dos sócios de indústria não poderá, em qualquer caso, ter
um número de votos inferior ao sócio de capital com menos votos.

6)Órgãos – estrutura orgânica :


6.1) Assembleia geral – órgão deliberativo-interno:
A assembleia geral, colectividade de sócios, conjunto dos sócios ou assembleia de
sócios é o órgão deliberativo-interno comum a todos os tipos de sociedade comercial,
sendo tradicionalmente considerado como o “órgão supremo da sociedade”
A “assembleia geral” também designa a reunião dos sócios (presença no mesmo local
e ao mesmo tempo) para deliberar sobre determinados assuntos, que pode ser:
assembleia geral regularmente convocada ou assembleia geral universal. Para além
destas duas formas de deliberação os sócios da sociedade em nome colectivo podem
ainda deliberar através de deliberações unânimes por escrito.

6.
6.1.1) Gerência (gerentes) - órgão de administração e representação:
O órgão de administração e representação da sociedade em nome colectivo é a
gerência, que é composta pelos gerentes.
Salvo estipulação no contrato de sociedade em sentido contrário, são gerentes todos
os sócios, por inerência e por força da Lei, com os correspondentes direitos e deveres.
6.1.2) Inexistência do órgão de fiscalização:
A sociedade em nome coletivo não tem nem pode ter órgão de fiscalização. Os sócios,
enquanto tais, com largos direitos de informação, ou enquanto gerentes, fiscalizam
diretamente a atuação da gerência.

7)Firma:
A firma das sociedades em nome coletivo deve ser composta:
– pelo nome ou firma de todos os sócios; ou, em alternativa;
– pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios, com o aditamento, abreviado ou
por extenso, “e Companhia” ou qualquer outro que indique a existência de outros
sócios, por ex: “e filhos”; “e filho”; “e irmãos, etc”.
A Lei não refere, mas a firma das sociedades em nome coletivo pode ainda conter:
– expressão alusiva ao objeto social, por analogia; e
– siglas, iniciais, expressões de fantasia ou composições, também por analogia.

8)Dissolução de uma sociedade em nome colectivo:


A decisão de dissolver a sociedade em nome colectivo deve ser tomada por
deliberação unânime dos sócios, ao menos que o contrato autorize a deliberação por
maioria de três quartos de votos de todos os sócios, e poder ser pedida:
- Pelo sucessor do sócio falecido, se a liquidação da parte social não puder efectuar-
se;
- Pelo sócio exonerado, se a liquidação da parte social não puder efectuar-se.

7.
Conclusão
Após uma pesquisa minunciosa e uma explicação sucinta de como funciona uma
sociedade em nome colectivo, em suma concluímos que a sociedade em nome
colectivo é resultado da criação de uma empresa por sociedade onde os sócios
respondem pelas dívidas ilimitada e pessoal.
Verifica-se que a responsabilidade pessoal e ilimitada do sócio pelas dívidas da
sociedade em nome colectivo é subsidiária em relação a sociedade.
Bibliografia
Mendes, Flavio Mouta. “Direito das sociedades comerciais.” Sociedade em nome colectivo, 12
de janeiro de 2023: 1-14.

Wald, Arnaldo. A evolução da sociedade em nome colectivo. Rio de Janeiro: BRAS-BOOKS,


2012.

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