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DIREITO DE EMPRESA II

DIREITO SOCIETÁRIO

Sociedades Simples
Prof. Ricardo Sevilha Mustafá
Direitos e Deveres dos Sócios

Direito de Fiscalização

Art. 1.021. Salvo estipulaçã o que determine época pró pria, o só cio pode, a
qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da
carteira da sociedade.

- Trata-se de um direito individual que nã o pode ser suprimido pelo contrato


social ou por deliberaçã o dos demais só cios.
- A fiscalizaçã o abrange movimentaçã o bancá ria e aplicaçõ es financeiras que
a sociedade possui junto aos bancos ou outras instituiçõ es financeiras.
- Como nã o se trata de atividade empresarial, as sociedades simples nã o
estã o sujeitas a escrituraçã o dos livros, podendo elaborar qualquer método
de elaboraçã o de suas contas. Isso nã o impede que por deliberaçã o dos
só cios, sejam adotados os livros fiscais para melhor controle.
Direitos e Deveres dos Sócios

Direito de Retirada ou Recesso

O só cio poderá se retirar da sociedade de acordo com a duraçã o da


sociedade expressa no contrato social. (art. 1029).

a) Sociedade por prazo indeterminado (retirada imotivada ou


ordinária) - Assiste ao só cio o direito de a qualquer tempo se retirar da
sociedade apurando os seus haveres, mediante notificaçã o aos demais
só cios, com antecedência mínima de 60 dias.

- A comunicaçã o deve ser feita por qualquer meio que se materialize de


forma inequívoca a intençã o do só cio de retirar-se da sociedade.
Direitos e Deveres dos Sócios

b) Sociedade por prazo determinado (retirada motivada ou


extrordinária) - Nã o se admite a denú ncia imotivada do contrato,
exigindo-se para retirada do só cio, o reconhecimento judicial de uma
justa causa para tanto.
Ex: grave desentendimento entre os só cios na conduçã o dos negó cios
sociais; prá tica de atos ilícitos pelo administrador, sem providências da
sociedade para afastá -lo; inexequibilidade dos fins sociais.

Retirada # renúncia – O só cio tem direito de renunciar à sua qualidade


de só cio, desligando-se da sociedade. Neste caso, o só cio abdica da sua
qualidade de só cio e suas quotas passam a pertencer a sociedade, sendo
que o só cio renunciante nã o tem qualquer direito a receber a título de
haveres.
Direitos e Deveres dos Sócios
Momento da retirada
1 – Prazo determinado – considera-se exercido o direito no momento da
propositura da açã o, mas seus efeitos só se produzem a partir da sentença.
2 – Prazo indeterminado - considera-se exercido o direito no momento da
notificaçã o aos demais só cios, mas seus efeitos só se produzem a partir do
decurso do prazo de 60 dias.

Direito do sócio retirante

O só cio que se retira da sociedade tem direito ao reembolso da participaçã o


societá ria, devendo a sociedade realizar um balanço para definir o patrimô nio
liquido da sociedade, sendo que o valor da quota apurada deverá ser pago em
dinheiro e no prazo de 90 dias a contar da liquidaçã o (Art. 1.031, § 2º).
Transferência de quotas

Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente


modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios,
não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

- A cessã o pode ser total, parcial, para só cio ou nã o só cio. Enquanto nã o


houver consentimento dos demais só cios, essa cessã o nã o tem eficá cia.

Responsabilidade do cedente – o cedente fica responsável de forma


solidá ria com o cessioná rio pelas dívidas contraídas pelo prazo de 02
anos contados da averbaçã o da cessã o no contrato social junto ao
Cartó rio de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Distribuição de lucros aos sócios

Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta


responsabilidade solidária dos administradores que a realizarem e dos
sócios que os receberem, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a
ilegitimidade.

Lucros ilícitos – sã o os decorrentes de valores nã o contabilizados, que


nã o existem na escrituraçã o da sociedade, mas em contas paralelas
(caixa dois).
Lucros fictícios – sã o os valores decorrentes de contas, manipuladas ou
nã o e distribuídas sem lastros.
OBS: o administrador que distribui lucros ilícitos ou fictícios apó s
aprovaçã o dos só cios, fica isento de responsabilidade!!!!
Deliberações sociais

Conceito – sã o aquelas que retratam a expressã o da vontade da


sociedade, definida por um ato coletivo dos só cios, quer pelo método de
assembleia ou reuniã o, quer pelo método de referendo, onde os só cios
podem aprovar a deliberaçã o sem estarem reunidos.

Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios
decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por
maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de
empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
Responsabilidade dos sócios

- A responsabilidade dos só cios é ilimitada e subsidiá ria, podendo ser


solidá ria se houver expressa disposiçã o no contrato social firmado entre
os só cios.

- Essa responsabilidade é dividida entre os só cios na proporçã o da


participaçã o de cada qual nas perdas sociais. Se um só cio tiver 10% de
participaçã o nas perdas, sua responsabilidade pelas dívidas sociais nã o
cobertas pelo patrimô nio social será de 10%.

Benefício de ordem - Art. 1.024. Os bens particulares dos só cios nã o


podem ser executados por dívidas da sociedade, senã o depois de
executados os bens sociais.
Responsabilidade do sócio ingressante

Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime


das dívidas sociais anteriores à admissão.

- Se houver ajuste contratual que exclua a responsabilidade do só cio


ingressante pelas dívidas anteriores ao seu ingresso, essa
disposiçã o só terá validade entre os só cios e nã o perante terceiros.

- Se o adquirente for obrigado a honrar o pagamento de dívida da


sociedade contraída antes do seu ingresso nos quadros sociais, ele
terá o direito de regresso contra o alienante e demais só cios para
reaver o que pagou.
Credores particulares dos sócios

Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros


bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos
lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação.

- As quotas representam direitos patrimoniais do só cio, as quais tem


valor econô mico e integram o seu patrimô nio pessoal, podendo estar
sujeita a constriçã o judicial, para satisfazer os direitos dos credores.

- O credor particular de só cio pode, na insuficiência de outros bens do


devedor, fazer recair a execuçã o sobre o que a este couber nos lucros da
sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidaçã o (art. 1.026).

Procedimento – Art. 861 do Có digo de Processo Civil.


Quotas sociais / Separação judicial

Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se


separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes
couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até
que se liquide a sociedade.

I – Morte do cô njuge do só cio e transmissã o das quotas aos herdeiros


(regime da comunhã o parcial ou total);
II – Separaçã o judicial do só cio.

OBS: Em nenhuma das hipó teses, haverá transmissã o automá tica da


condiçã o de só cio da sociedade, devendo ocorrer autorizaçã o dos demais
só cios para o ingresso dos herdeiros ou cô njuge separado no quadro
societá rio.
Falecimento do sócio

Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:

I - se o contrato dispuser diferentemente;


II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio
falecido.

Herdeiro é obrigado a ingressar na sociedade? Nã o, mesmo que o


contrato preveja essa possibilidade, o herdeiro tem que anuir.

Herdeiro já é sócio, os demais sócios podem impedir o aumento da


sua participação social? Nã o, pois nã o ingresso de novo só cio.
Exclusão do sócio – Art. 1.030 do C.C

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o
sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais
sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por
incapacidade superveniente.

Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado


falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único
do art. 1.026.

Falta grave – somente através de processo judicial devidamente comprovado


pelo juiz e por iniciativa da maioria dos só cios. Ex: só cio de serviço que
emprega-se em atividade estranha a sociedade; só cio que faz concorrência com
a sociedade; só cio administrador que comete ato ilício.
Exclusão do sócio

Incapacidade superveniente – também somente através de processo


judicial proposto pela maioria dos só cios que deve demonstrar que a
incapacidade do só cio influi de algum modo as relaçõ es societá rias e o
desenvolvimento das atividades sociais.

Deliberação dos sócios – a deliberaçã o pode ser feita em Assembleia


especialmente convocada para esse fim ou em documento assinado pela
maioria dos só cios. Em regra, o só cio a ser excluído nã o participa da
deliberaçã o, uma vez que terá oportunidade de se manifestar no
processo judicial.
Encerramento da sociedade

1 – DISSOLUÇÃO

2 – LIQUIDAÇÃO

3 - PARTILHA
DISSOLUÇÃO

- A dissoluçã o pode ser parcial ou total.

Dissolução parcial – é a resoluçã o da sociedade em relaçã o a um só cio e


ocorre nos casos de morte; retirada ou exclusã o do só cio por parte dos
demais. A dissoluçã o parcial pode ser extrajudicial (retirada do só cio) ou
judicial (exclusã o do só cio pelos demais).

- Ação de dissolução parcial da sociedade – Arts. 599 a 609 do CPC.

Dissolução total – a pessoa jurídica é extinta de forma definitiva uma


vez presentes as hipó teses legais do artigo 1.033 do Có digo Civil,
podendo ser de forma judicial ou extrajudicial.
Hipóteses legais de dissolução total - Extrajudicial

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem


oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se
prorrogará por tempo indeterminado – ocorrendo a manifestaçã o contrá ria
de um só cio, a sociedade se dissolverá .

II - o consenso unânime dos sócios – essa regra aplica-se para as sociedades


com prazo determinado de duraçã o.

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo


indeterminado;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar – sociedades


estrangeiras que necessitam de autorizaçã o para funcionamento e instituiçõ es
financeiras que necessitam de autorizaçã o do governamental.
Hipóteses legais de dissolução total - Judicial

I - anulada a sua constituição – podem ocorrer nos casos de anulaçã o


(vício de consentimento) ou nulidade do ato (objeto ilícito).

II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade – Se a


sociedade exauri o fim social, significa que ela cumpriu o fim social para
o qual foi constituída, nã o existindo mais razã o para a continuidade de
suas atividades.
A inexequibilidade ocorre quando nã o é mais possível o cumprimento do
objeto social previsto no contrato. Ex: proibiçã o de importaçã o de
insumos indispensáveis para o exercício de atividade rural ou o produto
fabricado por uma sociedade empresá ria nã o tem mais demanda, sendo
inviável continuar com sua produçã o.
LIQUIDAÇÃO

- A liquidaçã o consisti na realizaçã o do ativo (venda dos bens da sociedade) e


na soluçã o do passivo da sociedade (pagamento dos credores).

Liquidante: se nã o estiver designado no contrato social o liquidante será eleito


por deliberaçã o dos só cios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à
sociedade (nã o só cio), mediante averbaçã o da sua nomeaçã o em registro
pró prio. O liquidante só cio, quando designado no contrato social, pode ser
destituído a qualquer tempo por deliberaçã o unâ nime dos demais só cios e por
deliberaçã o da maioria se o liquidante nã o for só cio.

Cancelamento da Inscrição: Finalizada a assembleia com aprovaçã o das


contas, encerra-se a liquidaçã o, e a sociedade se extingue, ao ser averbada no
registro pró prio a ata da respectiva assembleia.
PARTILHA

- Quando definitivamente realizar-se o ativo e pago o passivo, o


patrimô nio líquido remanescente será partilhado entre os só cios,
proporcionalmente à participaçã o de cada um no capital social.

Prestação final de contas e conclusão da partilha: Pago o passivo


e partilhado o remanescente o liquidante deve convocar a
assembleia de só cios para prestaçã o final de contas, sendo que
aprovadas as contas encerra-se o processo de extinçã o da
sociedade, com a perda de sua personalidade jurídica e averbaçã o
do registro pró prio.

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