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Direito Comercial I (05/06/2009)

SÓCIO QUOTISTA
- Sócio remisso – art. 1004 e 1058
- Sócio oculto
- Sucessores do sócio – art. 1028
- Menor

NATUREZA JURÍDICA
Há autores que viam a sociedade limitada como sociedade de capital, porque era regida
supletivamente pela Lei das S.A.
Outros diziam que a sociedade limitada tinha caráter de personalidade. Porque ela só será
regida supletivamente pela Lei das S.A. se estiver no contrato social.
Outros defendiam a teoria mista. A sociedade estava entre a sociedade de pessoas e a de
capital. Essa teoria não teve tanta força, porque não conseguiu responder a várias perguntas.
Ex: se o menor poderia ser cotista, porque poderia ser acionista.

A sociedade limitada é, na essência, uma sociedade de pessoas de natureza contratual


(qualidade do sócio é importante), mas que podem vir a ser de capital, conforme disposição do
contrato social (arts. 1.053 e 1.057/CC).

Art. 1057/CC => Salvo disposição em contrário no contrato, o sócio pode ceder suas cotas a
terceiro desde que não haja oposição de mais de ¼ do capital social. → Depende do que os
sócios dispuserem no contrato social, pode vir a ter uma natureza de S.A.

CONDIÇÕES DA APLICAÇÃO SUPLETIVA DA LEI DAS S.A.:


1) Omissão do capítulo da sociedade limitada.
2) Que o contrato social seja omisso a respeito do tema.
3) Que o contrato social eleja como regra supletiva a Lei das S.A.
4) As regras da Lei das S. A. devem ser compatíveis com a natureza contratualista da
sociedade limitada.

Matérias de constituição e desfazimento do vínculo ou contrato têm que recorrer às regras da


sociedade simples, independente se o contrato previu a regência supletiva da Lei das S. A.

Ex1: direito de recesso (retirada) = direito de o sócio sair da sociedade sendo indenizado por
esta, há uma resolução parcial da sociedade.
Pela Lei da S.A., as hipóteses de recesso são restritas, só aos que a lei permitir. Já no caso das
sociedades simples, aplica-se o art. 1.029/CC (se a sociedade é de prazo indeterminado ele
pode retirar-se por pré-aviso contratual; se é de prazo determinado deve ingressar em juízo
provando causa justa, só podendo se desvincular por decisão judicial). Esse art. 1.029/CC é
sempre aplicado à limitada, porque esse é próprio das sociedades que se formam por contrato
social.

Ex2: Art. 1.005/CC → aplica-se sempre à sociedade limitada, não se aplicando a Lei da S. A.,
pois diz respeito à formação do vínculo.
Ex3: Arts. 1.008 e 1.028/CC → também sempre aplicáveis à sociedade limitada, não se
aplicando a Lei das S. A.

Exemplos de regras da Lei das S.A. que podem ser aplicadas à sociedade limitada:
Ex1: Art. 120 da Lei 6404/76 (Lei das S. A.)
Ex2: Art. 118 da Lei das S. A. → acordo para-social – regra aplicada analogamente a todos as
sociedades.

Exemplos de regras das S.A. incompatíveis com a natureza contratualista da sociedade


limitada: emissão de debentos, bônus de subscrição, etc.
A sociedade anônima pode emitir debentos (que traduzem títulos de valores cambiais,
fundamentalmente quando a sociedade quer realizar empréstimos), já a limitada não pode; é
uma lei de ordem pública que só pode ser aplicada às sociedades anônimas.

SÓCIO QUOTISTA
Sócio remisso → encontra-se em mora na integralização de sua(s) cota(s) de capital
subscrita(s).
Art. 1.058/CC (Capítulo da soc. limitada) → cuida da solução de excluir o sócio, ficando os
demais com sua quota ou transferindo para terceiros; o sócio excluído tem direito de receber
o que tiver pago.
Art. 1.004CC (Capítulo da sociedade simples) → para ser sócio remisso é indispensável
notificação.

MORA EX RE => vencido o prazo, a mora é de pleno direito, não precisa de notificação. É
obrigação positiva.
MORA EX PERSONE => se não tiver prazo, tem que notificar para constituir em mora.
(Apesar de ser obrigação positiva, tem que notificar, ainda que tenha data certa para o
cumprimento da obrigação).

Parágrafo único, art. 1.004/CC => verificada a mora, são opções:


Indenização
Exclusão do sócio
Reduzir a participação do sócio na sociedade (em caso de mora parcial)

Mora total:
1 ) Cobrança de mora mais indenização que a mora deu causa;
2) Exclusão do sócio:
- reduzindo o capital
- salvo se, mantendo as cotas para os outros sócios ou se transferir as cotas para
terceiros.

Mora parcial:
1) Cobrança por mora mais indenização;
2) Exclusão do sócio:
- com a devolução daquilo que já pagou, deduzidas as despesas que a mora deu
causa.
- representando a redução do capital, a não ser que os sócios peguem para si ou
transfiram para terceiros as cotas.
3) redução da participação do sócio ao montante integralizado; redução do capital, a
não ser que os sócios peguem para si ou transfiram para terceiros as cotas.

SÓCIO OCULTO
Art. 305* do Código Comercial; não é regulado pelo Código Civil.
* Responsabilidade ilimitada (pessoal, subsidiária, solidária).
Embora pratique todos os atos de sócios, não figura no contrato social.
Tem que provar a existência do sócio oculto, daí passa a responder de forma ilimitada.

Art. 1.080/CC → base da responsabilidade: todo ato contrário a lei ou ao contrato geram
responsabilidade ilimitada do sócio que a pratica. Daí, o sócio oculto responder de forma
ilimitada.

Sucessão do sócio cotista → os sócios têm plena liberdade para regular a matéria
Se o contrato for omisso, aplica-se sempre o art. 1.028/CC, independentemente de
determinação no contrato social que a sociedade será regida supletivamente pela LSA.
Art. 1.028/CC → é norma dispositiva: no caso de morte do sócio liquida-se sua cota para os
herdeiros receberem seus haveres.
Essa é a regra. Salvo se:
1) O contrato contiver disposição diversa, impondo-se, nesse caso, dar o
tratamento pelos sócios dispensados à hipótese;
2) Os sócios remanescentes optarem pela dissolução total da sociedade;
3) Por convenção com os sucessores do sócio falecido, regular-se a sua
substituição na sociedade.

O CC é omisso em relação ao cônjuge (meeiro) do sócio-cotista falecido. O professor entende


que são aplicáveis os mesmos princípios prescritos para o ingresso dos herdeiros e legatários:
a) necessidade de cláusula contratual, admitindo-o na sociedade; b) inexistindo qualquer
cláusula, podem os sócios remanescentes acordar sobre a substituição com o cônjuge; c) não
havendo a admissão em decorrência de falta de cláusula contratual ou por ausência de acordo
a respeito, paga-se ao cônjuge os haveres relativos à sua meação, em função da resolução da
sociedade em relação ao sócio falecido.

MENOR
Pode ser sócio de uma sociedade, não há lei que vede isso. Mas, para ser sócio é preciso que:
1) O capital da sociedade esteja integralizado;
2) Que ele, menor, não exerça atos de gestão;
3) Que esteja assistido ou representado, conforme seu grau de incapacidade.

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