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6. SOCIEDADE LIMITADA
O Código Civil, nos artigos 1.052 e seguintes, traz um capítulo próprio que versa sobre a
sociedade limitada.
✓ O professor destaca que, nas omissões do capítulo referente à sociedade limitada, deve-
se adotar as normas da sociedade simples, nos termos do que preceitua o art. 1.053 do
CC.
✓ De acordo com o art. 1.053, § único do CC, os contratos sociais podem prever que, nas
omissões do capítulo referente à sociedade limitada, aplica-se supletivamente as regras de
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sociedade anônima.
✓ Obs.: O professor afirma que, na prática, é muito comum os contratos sociais trazerem
a previsão de aplicação supletiva das regras de sociedade anônima.
6.2. Características
1ª) A sociedade limitada é uma sociedade contratual, ou seja, possui um contrato social.
Assim sendo, a relação existente entre a sociedade e os sócios será deliberada pelo
contrato social.
3ª) A sociedade limitada era apenas pluripessoal. Assim, para constituí-la, eram
necessários dois ou mais sócios. Entretanto, essa regra mudou e, atualmente, no tocante
à constituição, a sociedade limitada pode ser pluripessoal (2 ou mais sócios) ou unipessoal
(1 sócio). A possibilidade de sociedade limitada unipessoal está prevista no art. 1.052, §1º
do CC.
Para entender o conteúdo do art. 1052 do Código Civil, é necessário analisar o seguinte
exemplo:
Situação 1: imagine que os quatro sócios (ponte pretano, flamenguista, são paulino e
corinthiano) integralizaram o capital. Neste caso, não subsiste responsabilidade dos
sócios, pois esta está limitada ao pagamento do valor de suas respectivas quotas.
Situação 2: imagine que a sociedade possui um capital social de R$ 100 mil reais, o
qual já está totalmente integralizado. Suponha que essa sociedade contraia uma dívida
de R$ 140 mil no banco. Como a sociedade não paga a dívida, o banco entra com uma
ação de execução para cobrar o valor. Mesmo com o fato de o banco ter direito aos R$
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100 mil de capital social, ainda faltam R$ 40 mil. Questão: Neste caso, o banco pode
cobrar o R$ 40 mil dos sócios? Não, pois, ao contratar, o banco sabia que a sociedade
era de responsabilidade limitada. Assim sendo, o prejuízo será do banco.
Situação 3: imagine que um dos sócios (são paulino) não integralizou o capital. Só foram
integralizados R$ 80 mil dos demais sócios. Suponha que essa sociedade contraia uma
dívida de R$ 140 mil no banco. Como a sociedade não paga a dívida, o banco sabe que
possui o direito aos R$ 100 mil do capital social. Neste caso, o banco pode cobrar os R$
20 mil do são paulino e dos outros sócios também, pois todos os sócios respondem
solidariamente pela integralização do capital social.
Exceções à regra geral de responsabilidade limitada: Nas hipóteses abaixo, ainda que
se trata de sociedade limitada, a responsabilidade do sócio passa a ser ilimitada:
d) Violação do art. 977 do CC - É possível a sociedade entre cônjuges, desde que eles
não tenham se casado no regime da comunhão universal de bens ou no da separação
obrigatória. Assim, quando a regra do art. 977 do CC é violada, a sociedade terá
responsabilidade ilimitada.
✓ Observação: nos casos dos itens “a” a “d” deste tópico, a responsabilidade ilimitada é
do sócio, ou seja, a dívida recairá sobre os bens particulares do sócio. Entretanto, no
caso de dívida tributária, quem responde, nos termos do art. 135, III do CTN, é o
administrador e não necessariamente o sócio. Lembrando que o administrador não
precisa ser sócio.
Exemplo 1: imagine que a sociedade limitada possua capital social de R$ 10 mil. Há dois
sócios: Fred (com 30% das cotas) e Ana (com 70% das cotas). Neste caso, o capital social,
exemplificativamente, pode ser dividido em 10 mil cotas de R$ 1. Assim, Fred terá 3.000
cotas de R$ 1 e Ana terá 7.000 cotas de R$ 1. Neste exemplo, as cotas são iguais no tocante
ao valor.
✓ Obs.: A divisão igual das cotas no tocante ao valor torna mais simples a análise de quórum
de assembleia, a apuração de haveres, entre outros. Assim, quase todas as sociedades são
compostas por cotas iguais.
Exemplo 2: imagine que a sociedade limitada possua capital social de R$ 10 mil. Há dois
sócios: Fred (com 30% das cotas) e Ana (com 70% das cotas). Neste caso, o capital social,
exemplificativamente, pode ser dividido em 2 cotas: uma cota de R$ 3.000 para Fred e uma
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cota de R$ 7.000 para Ana. Neste exemplo, as cotas são desiguais no tocante ao valor.
✓ É possível que o incapaz seja sócio de uma sociedade limitada, desde que cumpra as
exigências do art. 974, §3º do CC , sendo elas:
• Estar devidamente assistido ou representado;
• Não exercer a administração da sociedade; e
• O capital social deve estar totalmente integralizado – Caso contrário, todos os sócios,
inclusive o incapaz, responderia solidariamente pela integralização do capital social.
Atenção: É possível a sociedade limitada entre cônjuges, desde que observada a regra do
art. 977 do CC, ou seja, eles não podem estar casados no regime de comunhão universal de
bens nem no da separação obrigatória.
c) Formas de integralização
É possível, na sociedade limitada, realizar a integralização com:
• Dinheiro;
• Bens móveis; ou
• Bens imóveis.
Questão: Se o imóvel da pessoa física for transferido para a pessoa jurídica como forma
de integralização, haverá a incidência de ITBI? O art. 156, II e §2º da CF estabelece que
não incide ITBI sobre a transmissão de imóvel incorporado ao patrimônio de pessoa jurídica
em realização de capital social. Trata-se de hipótese de imunidade especial. CF, art. 156.
A cobrança pode ser feita até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. CC,
art. 1.055.
✓ O professor destaca que o correto é que, diante da pretensão de algum sócio em integralizar
o capital com bem imóvel, haja a avaliação de 3 corretores especializados, de forma que seja
possível saber a média do valor do bem.
✓ De acordo com o Enunciado 12, é possível exigir que os demais sócios respondam pela
defasagem (diferença) na integralização do capital social, como também é possível aplicar a
desconsideração da personalidade jurídica.
O professor destaca que o sócio pode fazer retiradas mensais de lucros. Estes lucros podem
estar inseridos em um fundo de reserva e, neste caso, não há problema algum, pois o sócio
tem direito a esse lucro. Entretanto, pode ocorrer de o sócio pedir a antecipação na
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participação de lucros e, no término do exercício social, constatar-se que não houve lucro
nenhum a ser dividido e não há fundo de reserva. Neste caso, se a retirada feita pelo sócio
implicou a diminuição do capital social, o sócio terá que fazer a reposição de lucros.
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6.7. Administração
a) Nomeação do administrador: a nomeação do administrador pode ocorrer:
• No contrato social
• Em ato separado (ex. ata de assembleia)
Exemplo: imagine que uma sociedade possua três sócios (A, B e C) e todos eles sejam
administradores. Posteriormente, eles admitem a entrada de mais dois sócios (D e E). Diante
disso, o professor ressalta que a entrada dos dois sócios não lhes atribui a administração da
sociedade automaticamente.
✓ Para nomear um não sócio, é necessário verificar se o capital social está totalmente
integralizado.
• Se o capital estiver totalmente integralizado, é necessária a aprovação de, no mínimo, 2/3
do capital social.
• Se o capital não estiver totalmente integralizado, é necessária a aprovação da unanimidade
dos sócios.
A regra do art. 1.061 é bastante lógica, pois, se o capital estiver totalmente integralizado, o
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sócio apenas responderá pelo valor de suas cotas. Assim sendo, neste caso, o quórum de
aprovação de administrador não sócio é menor. De outro lado, se o capital não estiver
totalmente integralizado, o sócio responderá pelas suas cotas e solidariamente pelo que falta
para a integralização do capital social. Assim sendo, a aprovação de administrador não sócio
deve ocorrer pela unanimidade de votos.
• Se o administrador fosse sócio, mas não fosse nomeado em contrato social, o quórum para
a destituição do administrador era de mais de metade do capital social.
Houve uma alteração legislativa no art. 1.063, §1º do CC que foi de grande importância para
acabar com essa variável de quóruns.
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✓ Atenção: Atualmente, o quórum para a destituição do administrador é de mais da metade
do capital social. A alteração legislativa unificou o prazo para todas as situações, ou seja,
tanto o administrador sócio como o não sócio, independentemente do modo como foram
nomeados para a administração da sociedade, são destituídos por mais da metade do capital
social.
Obs.: Em caso de sociedade limitada e empresária, é necessário levar a renúncia até a junta
comercial. Em caso de sociedade limitada de natureza simples, é necessário levar a renúncia
até o cartório. Só após a averbação e publicação, o administrador perde essa qualidade
perante terceiros.
c) Composição obrigatória
A existência do conselho fiscal é facultativa, porém, se o contrato social possuir cláusula
prevendo a existência do conselho fiscal, a composição de tal conselho é obrigatória e está
disposta no art. 1.066, caput, CC.
Composição:
- Três ou mais membros com igual número de suplentes;
- Podem ser sócios ou não; e
- Devem ser residentes no país.
Observações:
• Remuneração: o conselheiro fiscal poderá ter remuneração e quem determina isso é a
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Assembleia Geral (art. 1.068 do CC ).
b) Instalação
A instalação da assembleia está prevista no art. 1074 do CC. Tal dispositivo preceitua que
deverá ser feita uma 1ª convocação e, caso não se atinja o quórum de 3/4 do capital social,
far-se-á uma 2ª convocação com qualquer número de presentes.
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O art. 1010 do Código Civil preceitua que as decisões são tomadas por maioria do capital
social. Em caso de empate:
1º) Utiliza-se o critério do número de sócios;
2º) Decisão judicial.
Essa é a regra geral de quórum.
A despeito da regra geral de quórum, há quóruns específicos. Assim, é necessário fazer uma
leitura conjunta do art. 1.071 com o art. 1.076 do CC.
6.10. Na sociedade limitada é possível a exclusão de sócio? A exclusão pode ser judicial
ou extrajudicial. A exclusão JUDICIAL pode decorrer de:
1. Incapacidade superveniente
2. Falta Grave – Neste caso, a exclusão pode abranger o sócio minoritário ou o sócio
majoritário. CC, art. 1.030.
A exclusão extrajudicial do sócio minoritário, neste caso e conforme o art. 1.085 do CC, é
feita mediante simples alteração do contrato social.
Questão: Quando o sócio minoritário é acusado de ato de inegável gravidade, como fica
o direito ao contraditório e à ampla defesa? Conforme o parágrafo único do art. 1085 do
CC, como o sócio possui o direito de defesa, é necessário que seja determinada uma
assembleia especialmente convocada para a deliberação da exclusão do sócio, dando a ele
tempo hábil para permitir o seu comparecimento e o exercício do direito de defesa. Diante da
defesa do sócio acusado, os demais sócios irão deliberar pela exclusão (ou não) do sócio da
sociedade. Após a realização dessa assembleia, em posse da ata, será feita a alteração do
contrato social no órgão de registro.
✓ Essa assembleia somente não precisa ocorrer caso a sociedade tenha apenas dois sócios
(art. 1.085, § único do CC).
✓ O professor entende que a disposição do art. 1.085, § único do CC é inconstitucional, pois,
ainda que haja apenas dois sócios, o acusado deve ter direito ao contraditório e à ampla
defesa. Entretanto, essa ressalva consta expressamente no dispositivo citado, o qual foi
alterado em 2019.
✓ Se o sócio for excluído da sociedade, haverá a apuração de haveres (art. 1.031 do CC) de
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forma a avaliar o valor patrimonial da sociedade. O percentual de cotas do sócio excluído
incidirá sobre o valor patrimonial encontrado e ele receberá a sua parte. Pode até ocorrer
uma compensação por eventual prejuízo causado pelo sócio, mas, de qualquer forma, ele
terá direito a receber.
Aumento
• Se o capital social existente estiver integralizado; e
• Modificação do contrato social.
Redução
No caso de redução do capital social, deve haver a:
• Modificação do contrato social; e
• Ocorrência de uma destas 2 causas:
a) Depois de integralizado, houver perdas irreparáveis. Se, após integralizado o capital, a
sociedade tiver perdas irreparáveis, será possível reduzir o capital social.
b) Se o capital social for excessivo em relação ao seu objeto. Muitas vezes, a sociedade
limitada se inicia com o capital alto e, no exercício da atividade, os sócios verificam que
aquele valor não é compatível com o objeto exercido pela sociedade. Neste caso, também é
possível reduzir o capital social.
7 – COOPERATIVA
Exemplo:
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7.1 – CONCEITO
Cooperativa é uma forma de sociedade entre indivíduos que tem como objetivo uma atividade
comum, e que seja trabalhada de forma a gerar benefícios iguais a todos os membros, os
chamados cooperados. A base do funcionamento de uma cooperativa é a ação mútua, em
cooperação.
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CC, art. 1.096: “No que a lei for omissa, aplicam-se as
disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as
características estabelecidas no art. 1.094.”
CARACTERÍSTICAS:
1ª) CAPITAL SOCIAL VARIÁVEL: (art. 1094, I, CC) No cooperativismo, aplica-se o Princípio
das Portas Abertas. Este princípio refere-se ao fato de que a cooperativa está
constantemente disponível para o ingresso de novos associados, desde que estes preencham
os requisitos pré-definidos por ela.
• A ideia central da cooperativa não é o lucro, mas sim a ajuda mútua entre os cooperados.
• Aplica-se o Princípio das Portas Abertas / Livre Acesso / Livre Adesão: a cooperativa está
constantemente disponível ao ingresso de novos associados. A rotatividade de
membros/cooperados é grande e, por esse motivo, o capital social é bastante variável.
• Na cooperativa, as características pessoais do sócio são mais importantes do que o seu
aporte financeiro.
2ª) NÚMERO MÍNIMO: segundo o art. 1094, II, CC, não há limitação de número máximo de
cooperados. Entretanto, há um número mínimo necessário para a formação de cooperativas.
✓ Segundo o art. 1.094, II do CC, é necessário um número mínimo de sócios para compor a
administração da sociedade. De acordo com o professor, para compor a administração, são
necessárias 3 pessoas. Em tese, de acordo com o CC, seriam necessários 3 cooperados.
Entretanto, o DREI emitiu uma instrução normativa em junho de 2020 que determina que o
número mínimo de cooperados em uma cooperativa é de 20 pessoas físicas.
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“Para constituição de uma cooperativa singular é necessário o mínimo de vinte pessoas
físicas, sendo, excepcionalmente, permitida a admissão de pessoas jurídicas; três
cooperativas singulares para formar uma cooperativa central ou federação, podendo admitir,
excepcionalmente, associados individuais; e, no mínimo, três cooperativas centrais ou
federações de cooperativas, da mesma ou de diferentes modalidades, para formarem uma
confederação de cooperativas (art. 6º da Lei nº 5.764, de 1971). No caso das cooperativas de
trabalho, o número mínimo necessário para sua constituição será de sete associados (art. 6º
da Lei nº 12.690, de 19 de julho de 2012).”
• O inciso V versa sobre o quórum necessário para que a assembleia geral delibere. Tal
quórum será fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social
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representado. Isso ocorre de modo que todos tenham o mesmo direito de votar e tenham o
mesmo poder relativo ao voto.
• O inciso VII preceitua sobre a distribuição dos resultados, a qual será feita
proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade. A
distribuição de resultados será feita conforme a participação do cooperado.
• Por fim, o inciso VIII versa sobre a indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios,
ainda que em caso de dissolução da sociedade. O fundo de reserva, neste caso, não é criado
para distribuir lucro, mas para que o objetivo maior da cooperativa seja alcançado.
✓ Apesar de ser comum o cooperado ter responsabilidade limitada, o art. 1.095 do CC faculta
a ocorrência de responsabilidade ilimitada.
Observação final: Lei 12.690/2012, art. 6º: “A Cooperativa de Trabalho poderá ser
constituída com o número mínimo de 7 (sete) sócios.”
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