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TRABALHO EM GRUPO
LUANDA, 2023
ESCOLA PÓS KEYNESIANA E NOVAS CONTRIBUIÇÕES EM
CIÊNCIA DO SÉC. XX
Sala: F41
Turma: D1M1
Docente
__________________________
Dr. Professor Nkrumah Tuma.
2
Resumo
Neste trabalho iremos abordar os seguintes temas: as escolas pós-keynesianas e novas
contribuições à ciência no século XX e a escola da Economia Matemática e a teoria dos
jogos.
A teoria dos jogos, é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas
onde os jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar o seu retorno. Essa
teoria se desenvolveu a partir de estudos sobre economia e matemática, através de
situações estratégicas em que um jogador precisa fazer as melhores escolhas, porém,
existe uma relação de interdependência com outros jogadores. A interdependência nas
situações estratégicas acontece quando há concorrência e, a ação de cada jogador,
modificará o resultado dos outros jogadores e de todo o jogo. Esse estudo, então, passou
a ter relação com o comportamento das pessoas, empresas e do governo.
3
Índice
A ESCOLA PÓS-KEYNESIANA E NOVAS CONTRIBUIÇÕES A CIÊNCIA NO SÉCULO XX .... 5
Pós-keynesianismo de 1978 a 1988: ................................................................................................... 6
O pano de fundo: Keynes ..................................................................................................................... 7
O desenvolvimento de teorias pós-keynesianas ................................................................................... 7
Os elementos fundamentais do Pós-Keynesianismo ............................................................................ 8
Pós-keynesianos: um modelo alternativo diante da crise .................................................................... 8
As principais contribuições de Keynes no campo econômico? ........................................................... 9
A CONCORRENCIA IMPERFEITA DE JOAN ROBINSON ................................................................................ 9
A CONCORRENCIA MONOPOLISTA DE EDWARD CHAMBERLIN. ............................................................... 17
Fontes de diferenciação dos produtos: .............................................................................................. 17
Características dos modelos .............................................................................................................. 18
Equilíbrio da empresa no curto prazo ............................................................................................... 19
Equilíbrio da empresa no longo prazo .............................................................................................. 19
Procura .............................................................................................................................................. 19
3 PRODUÇÃO DE MERCADORIAS POR MEIO DE MERCADORIAS DE SRAFFA ............................................. 20
4 O TABLEAU DE MICHAEL KALECKI ..................................................................................................... 22
A ESCOLA DA ECONOMIA MATEMÁTICA E A TEORIA DOS JOGOS .................................... 27
Teoria dos Jogos ................................................................................................................................ 27
O Modelo da Teoria dos Jogos ......................................................................................................... 28
Vale a pena usar a teoria dos jogos? ................................................................................................. 30
COMPORTAMENTO ECONÓMICO ............................................................................................................... 30
1. FUNDAMENTOS DO MODELO DE VON NEUMANN ............................................................... 31
FORMULAÇÃO MATEMÁTICA E EXTENSÃO DO MODELO ....................................................... 32
2 O TEOREMA DE EQUILÍBRIO DE NASH .................................................................................................... 36
Tabela 1: Matriz de payoffs do Dilema dos Prisioneiros .................................................................... 38
A DEMONSTRAÇÃO ........................................................................................................................ 38
O TEOREMA DO VALOR MÉDIO GARANTE QUE ............................................................................................ 41
AS TABELAS DE INSUMO-PRODUTO DE WASSILY LEONTIEF ............................................................... 45
(1906-1999)............................................................................................................................................ 45
A CONTRIBUIÇÃO PARA O MODELO IS-LM DE JOHN R.HICKS 1904-1989 ....................................... 47
A CONTRIBUIÇÃO DE PAUL SAMUELSON .............................................................................................. 50
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A escola pós-Keynesiana e novas contribuições a ciência no
século xx
Joan Robinson viajou várias vezes aos Estados Unidos para apresentar conferências sobre
diversos temas, dentre eles, sobre aquilo que via como as principais falhas da teoria
macroeconômica neoclássical. Depois dessas viagens, em dezembro de 1971, Robinson
ministrou a conferência que pode ser tratada como uma espécie de inauguração formal do
pós-keynesianismo. Convidada por John Kenneth Galbraith, na época presidente da
American Economic Association, Robinson apresentou a principal palestra do
encontro.Sua exposição reclamava uma profunda releitura de Keynes. Ela acusava o
mainstream de “ter colocado Keynes para dormir”.
Robinson conversou com vários economistas que compartilhavam sua insa- tisfação com
o mainstream. Nessas conversas, ela sugeriu que a empreitada de reconstrução da teoria
econômica que acabara de propor se chamasse pós-keynesianismo. A única coisa que os
unia naquele momento era o desejo de superar o que identificavam como problemático
na corrente dominante. Contudo, essa insatisfação foi suficiente para impulsionar uma
série de ações para constituir uma rede de cooperação com vistas a propagar e desenvolver
ideias de superação das limitações do mainstream no sentido do que viria a ser o pós-
keynesianismo,
A empreitada foi encabeçada por Eichner, que enviou cartas aos participantes com
perguntas relacionadas a possível alternativa ao mainstream e a seguir pediu que os meios
indicassem outros economistas para participarem.
5
Depois disso, Eichner encontrava-se preparado para escrever um trabalho que
apresentasse à comunidade acadêmica as características fundamentais do pós-
keynesianismo.Todavia, não queria fazer isto sozinho e, assim, com Jan Kregel como
coautor e com a ajuda de Robinson, Paul Davidson, Geoffrey Harcourt e Luigi Pasinetti,
ele deu um passo importante para a consolidação do nome “Post keynesian” para designar
a nova abordagem, publicando seu artigo seminal na edição de dezembro de 1975 no
Journal of Economic Literature.
Suas principais características são: sua rejeição às idéias defendidas pela escola
neoclássica e seu compromisso com uma política fiscal de promoção do emprego e da
renda. Entre seus participantes há uma grande variedade e heterogeneidade. As três
6
principais vertentes são os Keynesianos Fundamentalistas, os Kaleckianos e os
Institucionalistas (Economia Institucional)
Para fazer isso, ele levantou a necessidade de intervenção do Estado na economia. Keynes
tentou resolver problemas sérios: crises de demanda e desemprego. Entre estes havia,
segundo Keynes, uma relação de causa-efeito, segundo a qual o primeiro era a causa do
segundo. Partindo dessas premissas, nas décadas subsequentes, diversos economistas
levantaram novos desafios, novas soluções e diferentes perspectivas, alternativas à
economia neoclássica. O pós-keynesianismo seria uma dessas alternativas.
7
Os elementos fundamentais do Pós-Keynesianismo
8
Estado e liberalizando o comércio mundial. Com a crise da segunda década do século 21,
foi o neoliberalismo que começou a ser criticado e identificado como o causador da crise.
As propostas pós-keynesianas baseiam-se na intervenção da administração pública na
economia, implementando mínimos, um sistema fiscal e tributário progressivo e
revertendo a privatização de alguns setores econômicos e sociais. O objetivo: aumentar a
demanda para manter a boa saúde da economia. No entanto, seus detratores acreditam
que essas medidas, por outro lado, serviriam apenas para interferir no mercado, alterando
seu funcionamento normal, o que teria graves consequências.
Criação do sistema de seguridade social, com destaque para o seguro desemprego e a Lei
de Seguridade de 1935;
Esta é uma das passagens mais citadas e tem servido de base às interpretações mais
comum deste livro, como é o caso das de Shackle e de Loasby, para quem a importante
conclusão de Joan Robinson, nesta obra, é a de que é necessário e possível abandonar de
forma radical o postulado da concorrência perfeita e adotar o pressuposto de estruturas de
mercado com caraterísticas monopolísticas.
Shackle identifica nesta obra de Joan Robinson uma das alternativas que surgiram, dentro
dos marcos da análise do equilíbrio parcial, como resposta ao "dilema de Sraffa”, que
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eram, por um lado, o monopólio, e, por outro, a concorrência perfeita: "O dilema de
Sraffa primeiramente apareceu como uma simples questão: o que limita o tamanho da
firma se os custos por unidade da produção física diminuem a cada aumento da
quantidade produzida?
Este segundo caminho, que consiste na demolição, peça por peça, e na substituição do
modelo perfeitamente competitivo, era, num certo sentido, mais árduo, pois em vez de
'dar passos livres num terreno inexplorado', o explorador tinha um campo atravancado
pela teoria existente.
o custo de abrir mão da análise do equilíbrio parcial estático em termos da teoria existente
a ser descartada, era muito superior ao custo da desistência da concorrência perfeita, e os
ganhos, em termos de uma teoria alternativa pronta a ser explorada, muito menores".
e visto que o mercado de qualquer dado fator de produção uniforme pode ter a mesma
extensão de toda a economia, o pressuposto da competição perfeita geral, tanto nos
mercados de produto quanto nos de fatores, permite que o equilíbrio geral de toda a
economia seja definido de maneira suficientemente simples, possibilitando assim um
estudo da existência ou não existência, tanto num sentido lógico como matemático, de
soluções que constituiriam tal equilíbrio.
O grande defeito do livro de Chamberlin, segundo Galbraith, foi o de não ter encontrado
uma solução determinada para o equilíbrio do oligopólio, pois mesmo sob o critério da
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maximização dos lucros, o padrão de comportamento individual e as soluções de mercado
resultantes são quase infinitas em quantidade.
O Professor Pigou havia transformado o cerne da análise de Marshall num sistema lógico
de teoria estática (para fazê-lo, ele introduziu a idéia de tamanho ótimo da firma, como
uma maneira de salvar a concorrência das economias internas).
As duas passagens resumem a trajetória seguida pela Autora no que se refere à análise da
concorrência: tendo partido de um arcabouço da análise estática (reconhecidamente
pigouviano), na obra de 1933, ela chega a uma visão dinâmica de crescimento das
empresas e das inovações, que se poderia lato sensu qualificar de schumpeteriano
(inclusive pela distinção que faz entre os conceitos de “invenção” e de “inovação”,
embora às vezes os utilize como sinônimos).
Para que isso seja factível, a curva de demanda deveria ficar rigidamente fixa por um
período de tempo suficientemente longo para que as firmas pudessem descobrí-la, e as
experiências de elevar e reduzir o preço para determinar a resposta das vendas teriam que
ter um custo negligenciável e não causar qualquer reação no comportamento dos clientes
da firma".
11
monopólio" como uma característica da concorrência imperfeita, entendida num sentido
amplo: "Kalecki levou em conta a concorrência imperfeita.
Ingrid Rima também ressalta a influência de Kalecki sobre Joan Robinson, mas enfatiza
o princípio da determinação dos preços, ao considerar que A Economia da Concorrência
Imperfeita relaciona-se ao que denomina "a outra face da revolução keynesiana", isto é,
a proposição de que numa economia industrial o nível de preços é governado pelo nível
das taxas monetárias de salário, "...
O que é particularmente importante, é que Rima é uma das poucas intérpretes de Joan
Robinson que destaca o papel do mercado de trabalho na obra da Autora: "Embora
Robinson tenha se desencantado com a utilidade das teorias da concorrência imperfeita
(e monopolista) para tratar de questões relativas às decisões empresariais sobre preços e
produção, e tenha criticado, especialmente, o conceito de elasticidade da demanda como
um instrumento útil, estas mesmas reservas levaram-na a reconhecer o papel singular do
mercado de trabalho em economias capitalistas e que as taxas salariais relacionam a teoria
do valor à teoria do emprego".
Embora não chegue a destacar o mercado de trabalho como principal objeto da análise de
Joan Robinson, chama a atenção para as particularidades que decorrem da aplicação da
12
noção destes dois tipos de "exploração" quando o mercado de que se trata é justamente o
mercado de trabalho: "Existem ...
diferenças do ponto de vista da política econômica, uma vez que os efeitos da exploração
monopolista do trabalho são inevitáveis, enquanto que a exploração monopsonista, por
outro lado, pode ser compensada com a ajuda da negociação coletiva...
A ênfase no mercado do fator trabalho seria, neste caso, segundo o Autor, um viés
ideológico de Joan Robinson, e as definições da Autora não explicitariam se se referem a
questões de eficiência alocativa (problemas econômicos stricto sensu) ou de justiça na
distribuição da renda (uma questão ideológica), ou ambos.
Do ponto de vista aqui defendido, não se trata meramente de uma questão de eficiência
da alocação dos recursos (escassos), mas da própria existência de "imperfeições", dentre
as quais se destaca o fato de que nem a demanda por um bem é sempre perfeitamente
elástica - que vem a ser precisamente o que define um mercado imperfeito - nem a oferta
de fatores (inclusive o "fator" trabalho) é perfeitamente elástica.
Além disso, distingue dois tipos de exploração: a monopolista, que ocorre “quando a
curva de demanda por um bem não é perfeitamente elástica” (Robinson, 1933a: 311) e a
monopsonista, que surge “quando a curva de oferta de um fator não é perfeitamente
elástica para um empregador individual” (Robinson, 1933a: 311).
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combater a lógica interna da teoria do equilíbrio estático e refutar, através dos seus
próprios argumentos, a doutrina segundo a qual os salários são determinados pela
produtividade marginal do trabalho.
Esta preocupação se manteve ao longo de toda a sua obra, que se caracterizou pela
divulgação e principalmente pelo desenvolvimento da revolução keynesiana Isto abre
uma nova questão, bastante polêmica, que é a da relação entre A Economia da
Concorrência Imperfeita e a Teoria Geral.
Feiwel (1989d), por exemplo, chama a atenção para o aparente descaso de Keynes com
relação à concorrência imperfeita, bem como sua aparente aceitação dos postulados da
concorrência perfeita, e o caráter paradoxal disto, já que tanto a Teoria Geral quanto A
Economia da Concorrência Imperfeita foram escritos no mesmo lugar, na mesma época
e por pessoas que tomaram parte ativa do mesmo movimento intelectual, a "revolução
keynesiana" 11 .
Estas passagens, ainda que não explicitem se o que estava em jogo é a capacidade ociosa
do "capital" ou da "mão-de-obra" (ou ambos), parecem demonstrar que Keynes não
reconhecia a importância da relação entre concorrência imperfeita e capacidade ociosa (e
entre estas e o progresso técnico) 14 .
E no entanto, tanto Galbraith (1948) quanto Tobin (1989) encontram, pelo menos
implicitamente, o pressuposto de concorrência imperfeita na Teoria Geral, estabelecendo
uma relação entre a imperfeição do mercado e os efeitos sobre o emprego e o salário real
com o desemprego de Keynes, isto é, capacidade ociosa no mercado de trabalho.
14
Os debates, a despeito do curto período em que ocorreram (de janeiro a maio de 1931) 16
foram intensos e ricos, e são considerados, por quase todos os intérpretes, como tendo
sido de importância fundamental para a formulação das principais idéias da Teoria Geral.
No artigo, ela inventa uma parábola, na qual os bens de consumo perecíveis são
representados por ervilhas e os bens de capital duráveis são representados por ouro, e
mostra como a determinação dos preços dos bens de consumo é diferente da dos bens de
capital.
Mas, uma vez que a nova produção representa uma alta percentagem do estoque total no
caso dos bens de consumo, esta influência sobre seu nível de preço é relativamente
desprezível, enquanto que no caso dos bens de capital tem importância preponderante.
O preço diário dos bens de consumo depende, portanto, em grande parte, da produção
corrente, e o preço diário dos bens de capital depende principalmente não da produção
corrente, mas dos negócios em títulos de capital produzidos há muito tempo".
O que Joan Robinson queria ressaltar é a diferença entre poupança (nãoconsumo) que é
utilizada para comprar títulos de capital (estoque de riqueza já existente) e poupança (não-
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consumo) que é utilizada para compra de bens de capital a serem produzidos
(investimento, ou fluxo de riqueza).
Foi a partir da publicação da Teoria Geral que Joan Robinson adicionou à tarefa de
explicar e defender, também a de divulgar a "revolução keynesiana", com a preocupação
de ampliar o alcance de seus escritos para além do esclarecimento de questões específicas,
em direção à construção de um consenso em torno das novas idéias.
Não era outro, aliás, o intuito do seu pequeno livro-texto - o qual, na correspondência
com Keynes apelidava de my baby book - publicado em 1937, de caráter explicitamente
didático e intitulado Introdução à Teoria do Emprego.
Na segunda edição do livro, em 1947, quase dez anos depois da primeira, Joan Robinson
já reconhecia a necessidade de sua atualização, principalmente porque considerava que a
experiência da Segunda Guerra Mundial e a então já generalizada aceitação de que o
pleno emprego deveria ser objeto de política econômica exigiam novas interpretações das
questões colocadas no livro.
No prefácio à terceira edição, intitulado (na versão em português) "Trinta Anos Depois",
a Autora considerou que a Segunda Guerra Mundial transformara a posição de Keynes
numa nova ortodoxia, representada pela aceitação geral de que um dos principais
objetivos dos governos é a manutenção de níveis de emprego altos e estáveis.
16
de um alto nível inicial - situação na qual a Teoria Geral havia surgido e cujas causas
pretendia, não apenas equacionar, mas também ajudar a dirimir.
Enquanto a primeira crise era aquela que não dava conta de explicar e, consequentemente,
de reduzir o desemprego, a segunda não dava conta de reduzir a miséria, uma vez que -
mesmo com crescimento econômico e alto nível de emprego - a miséria persistia e,
associada a ela, colocava-se a questão (considerada por ela "mais moderna") que consistia
não mais de "como aumentar o nível de emprego e produto" mas a o que se deveria
produzir e que tipo de emprego deveria ser gerado.
17
Características dos modelos
1. Elevado número de consumidores: cada um individualmente não consegue
exercer qualquer influência sobre o preço.
2. Existe um grupo bem definido (indústria) de empresas que vendem produtos que são
diferenciados, mas que, não sendo substitutos perfeitos, têm um elevado grau de
substituibilidade (elasticidades-preço cruzadas da procura elevadas). Por outras palavras,
os produtos são heterogéneos (ou diferenciados), mas cada produtor não está em
monopólio, pois os produtos também são substitutos próximos, fazendo com que as
acções de uma empresa afectem os preços e os lucros das outras. Essa diferenciação faz
com que os vendedores sejam price-makers.
6. As funções custo das empresas não se alteram com mudanças no tamanho da indústria
ou na quantidade agregada de produtos presente no mercado, isto é, não existem fontes
externas de economias ou deseconomias de escala, quer sejam pecuniárias quer sejam
tecnológicas.
18
Equilíbrio da empresa no curto prazo
No curto prazo, o número da empresas é fixo. Cada empresa é price-maker, pelo que a
procura que cada uma enfrenta é decrescente. Para maximizar o seu lucro, no curto prazo,
a empresa típica vende uma quantidade de produto igual a 9pc a um preço de Ppc No
entanto, esta solução nunca pode representar uma situação de equilíbrio da indústria de
período longo. Tal como em concorrência perfeita, as empresas podem ajustar a
quantidade de todos os factores e entrar/sair da indústria livremente. Só haverá
estabilidade no número de empresas se os lucros forem normais.
Como vimos no acetato anterior, no curto prazo existiam lucros supranormais. Desta
forma, entrarão empresas, deslocando as funções procura de cada empresa para baixo e
para a esquerda, já que ao mesmo preço, cada empresa venderá menos (produtos das
entrantes são substitutos próximos das instaladas). Para haver equilíbrio da indústria de
período longo, a empresa típica deve auferir lucros normais, pelo que no preço de
equilíbrio (resultante de RmgPL=CmgPL), a função procura de cada empresa será
tangente à função custo médio de período longo
Procura
* Ao fixar o preço do seu produto, cada empresa assume que as outras não reagirão.
Espera, assim, vender uma quantidade que designamos por procura percebida.
19
3 Produção de mercadorias por meio de mercadorias de
Sraffa
Mercadorias por Meio Mercadorias começa por construir um quadro do tipo insumo
produto, no qual as relações de troca entre diferentes valores de uso são determinadas por
coeficientes técnicos e pela estrutura da demanda. Mostra a seguir que, havendo um
excedente.
Os Economistas
Mesmo que se suponha a mesma taxa de lucro em todos os setores, os preços relativos e
essa taxa de lucro se determinam mutuamente. Quando se adiciona o salário ao sistema,
o número de equações é menor que o de incógnitas, o que significa que apenas quando é
fixado seja o salário seja o lucro é que os preços relativos se determinam.
Para demonstrar que, num sistema abstrato que apresenta as principais características da
economia capitalista, existe um conjunto de relações que determinam os preços relativos,
os salários e os lucros, Sraffa precisava demonstrar que tais quantias são comensuráveis,
ou seja, que podem ser reduzidas ao mesmo denominador. Para resolver esse problema,
Sraffa utilizou um “construto” teórico a mercadoria-padrão que se compõe de todas as
mercadorias básicas isto é, as que entram na produção de outras mercadorias em tal
proporção que “o produto e os meios de produção são quantidades da própria mercadoria
composta”. A mercadoria- padrão tem por característica conservar o mesmo preço em
face de qualquer variação dos salários ou lucros, o que não se dá com nenhuma
mercadoria simples. Esta terá não só seu custo de trabalho acrescido, se o salário aumenta,
mas seus insumos também sofrerão aumentos em proporções variáveis, conforme a
proporção do custo do trabalho em seus custos totais.
Como essas proporções variam entre as diversas indústrias, cada mercadoria será afetada
de modo diferente por um aumento de salários, de modo que no fim depois que a alteração
salarial tiver reajustado os preços mercadorias que eram mais baratas que outras podem
ter ficado mais caras, e sucessivamente.
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mesmo inicia a aplicação desta sua teoria ao problema da depreciação do capital fixo, da
renda da terra e do deslocamento dos métodos de produção.Em tal proporção que “o
produto e os meios de produção são quantidades da própria mercadoria composta”. A
mercadoria- padrão tem por característica conservar o mesmo preço em face de qualquer
variação dos salários ou lucros, o que não se dá com nenhuma mercadoria simples. Esta
terá não só seu custo de trabalho acrescido, se o salário aumenta, mas seus insumos
também sofrerão aumentos em proporções variáveis, conforme a proporção do custo do
trabalho em seus custos totais.
Como essas proporções variam entre as diversas indústrias, cada mercadoria será afetada
de modo diferente por um aumento de salários, de modo que no fim depois que a alteração
salarial tiver reajustado os preços mercadorias que eram mais baratas que outras podem
ter ficado mais caras, e sucessivamente.
21
4 O Tableau de Michael Kalecki
Segue o exemplo:
I II III Total
P₁ P₂ P₃ P
W₁ W₂ W₃ W
I Cc Cw Y
P: lucros brutos
W: salários
Y: renda nacional bruta
22
I: investimento bruto
Cc: consumo dos capitalistas
Cw: consumo dos trabalhadores
Assim como nos esquemas de reprodução de Marx, faz-se abstração do comércio exterior
(X – M) e do governo (G – T). O termo “bruto” significa antes de deduzir a depreciação.
II
Os bens de consumo dos trabalhadores produzidos pelo DIII (Cw = P₃ + W₃) são vendidos
aos trabalhadores do próprio DIII (W₃) e aos trabalhadores de DI e DII (W₁ + W₂). Logo,
tem-se:
Cw = P₃ + W₃
Cw = W₁ + W₂ + W₃
P₃ + W₃ = W₁ + W₂ + W₃
(1) P₃ = W₁ + W₂
Essa equação vale tanto para a reprodução simples como para a reprodução ampliada.
Assim como Marx, Kalecki supõe que os trabalhadores não poupam; além disso,
desconsidera-se a acumulação de estoques de bens não vendidos.
P₃ = W₁ + W₂
P₁ + P₂ + P₃ = P₁ + P₂ + W₁ + W₂
P = (P₁ + W₁) + (P₂ + W₂)
23
(2) P = I + Cc
P₃ = W₁ + W₂
Cw – W₃ = W₁ + W₂
Cw – w₃ . Cw = w₁ . I + w₂ . Cc
(1 – w₃) . Cw = w₁ . I + w₂ . Cc
Y = I + Cc + Cw
Conclui-se que, dada a distribuição da renda entre lucros e salários nos três departamentos
(w₁, w₂ e w₃), o investimento (I) e o consumo dos capitalistas (Cc) determinam os lucros
(P, equação 2) e a renda nacional (Y, equação 4) que se podem vender/realizar.
III
↑ I, ↑ Cc ⇒ w₁, w₂ e w₃ constantes, ↑ Cw
24
Cw = B = (w₁ . I + w₂ . Cc) / (1 – w₃)
↑ I, ↑ Cc ⇒ Cw = B constante, ↓ w₁, w₂ e w₃
IV
A acumulação uniforme de capital ou reprodução ampliada pode ser descrita pela equação
da acumulação:
(5) I = (r + d) . K
Em que:
I: investimento bruto
r: taxa de acumulação líquida
d: taxa de depreciação
K: estoque de capital
Cc = m . I
Sempre que w₁, w₂ e w₃ não se alterarem, isto é, sempre que houver capacidade ociosa no
DIII e a capacidade produtiva dos três departamentos se expandir à mesma taxa, a renda
nacional (Y) manterá uma relação constante com o estoque de capital (K).
25
Com uma dada relação entre a capacidade produtiva e o estoque de capital, o grau de
utilização do equipamento de capital é constante. Assim, se na posição inicial o
equipamento for utilizado satisfatoriamente, essa situação se manterá no decorrer da
reprodução ampliada e não surgirá o problema da demanda efetiva.
Sua teoria da distribuição de renda a curto prazo está relacionada com o grau de
monopólio, e diretamente ligada à determinação da demanda efetiva. Pôde assim criticar
a fundo a proposição neoclássica de redução dos salários como forma de eliminar o
desemprego, mostrando como as influências monopolísticas impedem em parte a redução
subsequente dos preços, provocando uma queda no poder de compra dos salários, na
produção e no emprego.
26
A escola da Economia Matemática e a Teoria dos jogos
John von Neumann (1903-1957) foi o génio matemático que conceptualizou a Teoria dos
Jogos.
A teoria dos jogos é uma teoria matemática utilizada para modelar fenômenos que se
manifestam quando dois ou mais agentes de decisão interagem entre si. Ao utilizar esses
modelos, podemos formular uma linguagem comum aos mais diferentes tipos de jogos, o
que facilita o estudo e análise dos resultados dessas interações. Apesar de ser um campo
de estudo ligado à matemática, os campos em que se aplica esta teoria é diversificado.
Esta teoria trata apenas dos chamados jogos de estratégia, isto é, aqueles cujos resultados
não dependem somente de chance, mas sobretudo, da habilidade de cada jogador
Von Neumann trabalha nos domínios da Teoria dos Jogos, da mecânica e lógica Quantum,
da ciência computacional e dos sistemas auto-reprodutíveis.
A Teoria dos Jogos fez grandes contribuições para vários campos de aplicação, incluindo
matemática, física, economia, informática, heurística e estatística.
John von Neumann trabalhou na filosofia da inteligência artificial com Alan Turing e
facilitou as descobertas mais importantes do século como o computador moderno, a teoria
dos jogos, os autómatos celulares, a bomba atômica, o radar e muitas mais.
"Se as pessoas não acreditam que a matemática é simples, é só porque não percebem o
quão complicada é a vida." - John von Neumann
27
O Modelo da Teoria dos Jogos
A Teoria dos Jogos é utilizada para compreender o processo de decisões racionais em caso
de conflito e os envolvidos são vistos como jogadores que escolhem opções ou jogadas.
Por isso, é grande a dificuldade em aplicar esses modelos aos sistemas computacionais,
quer pela modulação, quer pela construção, mas que será possivelmente solucionado pela
computação quântica.
Dentre um dos principais conceitos explicados por essa teoria está o fato de que antes de
tomar qualquer decisão, colocar-se no lugar dos concorrentes e imaginar a sua reação é
uma das principais atitudes a se tomar.
Por exemplo, uma empresa pode optar por baixar o preço de seus produtos vendidos de
modo a tentar aumentar o seu volume de vendas. No entanto, quando os outros
concorrentes souberem dessa situação, tenderão a fazer o mesmo que a primeira empresa,
mitigando a estratégia da mesma
A teoria dos jogos é uma teoria matemática utilizada para modelar fenômenos que se
manifestam quando dois ou mais agentes de decisão interagem entre si. Ao utilizar esses
28
modelos, podemos formular uma linguagem comum aos mais diferentes tipos de jogos, o
que facilita o estudo e análise dos resultados dessas interações. Apesar de ser um campo
de estudo ligado à matemática, os campos em que se aplica esta teoria é diversificado.
A teoria dos jogos foi iniciada por John Von Neumann, cuja primeira análise matemática
dos jogos de salão apareceu em 1928. Em colaboração com O. Morgenstern publicou, em
1943, o famoso tratado Theory of Games and Economic Behavior, de grande
repercussão entre matemáticos e economistas.
Esta teoria trata apenas dos chamados jogos de estratégia, isto é, aqueles cujos resultados
não dependem somente de chance, mas sobretudo, da habilidade de cada jogador.
A teoria dos jogos provocou uma revolução na economia, pois abordou problemas
cruciais em modelos econômicos anteriores.
Dessa forma, essa nova teoria conseguiu desviar a atenção do equilíbrio estacionário para
o processo de mercado. Por isso é importante saber como aplicar teoria dos jogos em
negócios e finanças.
Nos negócios, a teoria dos jogos é benéfica para modelar comportamentos concorrentes
entre agentes econômicos.
De maneira geral, as empresas possuem várias opções estratégicas que afetam a sua
capacidade de obter ganhos econômicos. Por exemplo, as empresas podem enfrentar
dilemas como desenvolver novos produtos ou desenvolver novas estratégias de marketing
para os antigos.
Desse modo, para solucionar esse problema, muitos economistas costumam usar a teoria
dos jogos para entender o comportamento das empresas de um oligopólio.
29
Vale a pena usar a teoria dos jogos?
Primeiramente, é preciso notar que, no mercado, de maneira geral, as empresas vivem em
um mercado competitivo.
Sendo assim, conhecer os outros concorrentes passou a ser uma estratégia vital para essas
companhias, de forma a prever formas de diferenciação e de tirar vantagens de
abordagens não antes vistas.
Portanto, a teoria dos jogos veio para tentar solucionar muitos dos problemas observados
no cotidiano, interligando conceitos de diversas áreas.
Desse modo, acredita-se que a sua aplicação é de grande serventia para as pessoas de
maneira geral, independente da área de atuação.
Entretanto, vale notar a importância da teoria dos jogos, pois ela é aplicável não só nos
investimentos, mas em diversas outras áreas da vida.
Comportamento Económico
(John Von Neumann)
Como é bem conhecido, o mérito maior do modelo de von Neumann está na elegância da
solução matemática de um problema teórico bastante complexo. Ele trata,
simultaneamente, de diversas questões que, para muitos economistas, não eram vistas
como componentes de um mesmo problema ou cuja dificuldade supera o instrumento
requerido para tal análise — a topologia.
30
● (i) possibilidade de uma trajetória de expansão uniforme máxima;
● (ii) eficiência intertemporal da mesma;
● (iii) significação normativa de tal trajetória. Sua resposta a essas questões requer
um tratamento formal intrincado. Ele se concentra no rigor do argumento
matemático, no enunciado completo e sem ambiguidades das hipóteses relevantes
e nas conclusões decorrentes.
Essa abordagem austera e compacta, despojada de ilustrações exemplificadoras, ou de
elementos descritivos na forma literária, sugere razões da dificuldade encontrada por seus
contemporâneos em avaliar certas questões de fundo tratadas por von Neumann.
Segundo Romer (1995: 67), pode-se suspeitar que esse longo hiato entre a apresentação
original do trabalho e sua publicação definitiva pode ser atribuído à percepção, por parte
de von Neumann, de que o problema formal (modelagem) envolvido era demasiadamente
trivial para um grande matemático. Essa, no entanto, não nos parece ser a percepção
correta. Na prova da existência do equilíbrio, von Neumann utiliza um novo instrumental
analítico, que é uma generalização do teorema do ponto fixo de Brouwer.1 O uso de
desigualdades em vez de equações, a adoção do critério “max-min” associado à teoria dos
jogos, assim como a concepção da dualidade entre preços e quantidades, além da própria
técnica formal da prova, sugerem que o autor valorizava não apenas o conteúdo
matemático inovador de seu modelo mas também a generalidade, do ponto de vista da
teoria econômica, do mesmo.
Como já vimos, von Neumann trata a atividade econômica do ponto de vista da produção
conjunta e a partir de um sistema de desigualdades lineares. Seu conceito de produção
conjunta não se limita ao caso trivial de bens que não podem ser obtidos separadamente
tal como, digamos, lã e carne de carneiro, que têm um papel apenas subsidiário na análise
econômica (Teixeira, 1998: 283). Ele trata as mercadorias (inclusive a força de trabalho)
como insumos no início do processo produtivo e como resultado da própria atividade no
final do período uniforme de produção. Assim, o produto dos trabalhadores de cada “ano”
é igual à nova produção mais o que sobra dos insumos utilizados. Sua abordagem permite
31
tratar tanto do capital fixo como do circulante, podendo descrever o desgaste e a
depreciação via diferentes estágios (bens distintos) no próprio processo produtivo.
● (i) da lucratividade;
● (ii) dos bens livres;
● (iii) do sistema produtivo;
● (iv) da taxa de juros (ou lucro);
● (v) dos sistemas de preços.
A primeira garante que serão utilizados apenas aqueles processos cujos preços de
produção e taxa de juros impliquem lucros extras (supernormais) nulos.
A terceira regra indica que o sistema de produção efetivamente utilizado terá maior taxa
de expansão (equilibrada) que qualquer outro possível.
A penúltima mostra que, em equilíbrio, a taxa de juros (lucro) é igual à taxa de expansão
da economia.
A regra final anuncia que, em equilíbrio, o sistema de preços estará associado a uma taxa
de juros cujo valor é menor ou igual a qualquer sistema alternativo de preços.
32
a necessidade de a força de trabalho ficar limitada a receber apenas o salário de
subsistência.
Como é bem conhecido, Sraffa (1960) utilizou sistemas de produção conjunta nos quais
o número de processos utilizados é igual ao número de mercadorias — como
consequência da minimização de custos. Como argumenta Schefold (1998: 195), para
comparar os sistemas de Sraffa e von Neumann, os primeiros economistas ricardianos
usavam o conceito de crescimento equilibrado, com a taxa de lucro se igualando à taxa
de expansão. Nas contribuições mais recentes, sobre tal comparação, tornou-se possível
flexibilizar essa restrição, e permitir que a taxa de lucro seja superior à de crescimento.
Este tema é explorado por Schefold (1988) e Bidard (1991).
Uma vez mencionadas certas relações e diferenças entre von Neumann e Sraffa, é
necessário voltar a atenção para Leontief (1951). Para esses três autores, a produção é o
33
centro do sistema econômico, concebido como um processo circular. O objetivo essencial
de Leontief é descrever e quantificar a estrutura de uma economia real através de um
modelo linear que opera com o par de matrizes (A e B) de insumo e produto,
respectivamente. Quando cada processo se refere à produção de apenas uma mercadoria,
a matriz B fica reduzida à matriz identidade. Neste caso, o modelo de Leontief pode ser
visto como um caso particular de von Neumann. Uma questão central refere-se à
possibilidade de substituir a forma extensiva, como base da produção conjunta, pelo
modelo na tradição de Leontief, envolvendo produção simples. A abordagem do tipo von
Neumann-Sraffa lança luzes sobre as dificuldades envolvidas.
von Neumann e Morgenstern, os autores argumentam em sua obra que na física as vezes
surgem teorias buscando estabelecer bases para um sistema universal, porém, não haveria
progresso se os pesquisadores se concentrassem no estabelecimento de grandes sistemas
universais. Não se aplicando a economia, dada como uma área muito menos
compreendida, e em um estágio anterior se comparada com a física. Dessa forma, a
economia necessita de uma teoria micro, que busque resolver os problemas individuais,
para posteriormente partir-se para um sistema geral. Os autores acreditavam que para o
entendimento dos problemas econômicos era necessária uma nova matemática, diferente
das formulações de Walras sobre os equilíbrios dos mercados. Assim, a matemática dos
jogos ao ser aplicada no comportamento humano era fundamental para aos processos
econômicos (SOUSA, 2005).
“[...] fiquemos cientes de que atualmente não existe um sistema universal de teoria
econômica e que, se alguém desenvolver, muito provavelmente não será durante a nossa
vida. A razão para isso é simplesmente isso. A economia é uma ciência muito difícil para
permitir sua construção rapidamente, especialmente tendo em vista o conhecimento muito
limitado e a descrição imperfeita dos fatos com os quais os economistas estão lidando.
[...] temos que notar que as diferenças em questões científicas tornam necessário o uso de
métodos variáveis que possam ser posteriormente descartados se forem oferecidos
melhores. Isso tem uma implicação dupla. Em alguns ramos da economia, o trabalho mais
frutuoso pode ser o de descrição cuidadosa e paciente; [...] em outros, pode ser possível
34
desenvolver uma teoria de forma rigorosa, e para esse fim, pode ser necessário o uso de
matemática.” (VON NEUMANN; MORGENSTERN, 1944).
A matemática realmente foi usada na teoria econômica, talvez até de forma exagerada.
Em qualquer caso, seu uso não tem sido bem-sucedido. Isso é contrário ao que se observa
em outras ciências. [...] Não é que exista uma razão fundamental pela qual a matemática
não deve ser usada em economia. Os argumentos voltam-se ao elemento humano, dos
fatores psicológicos, etc., ou porque - supostamente – não há nenhuma medida de fatores
importantes. [...] Quase todas essas objeções foram feitas, ou podem ter sido feitas, há
séculos em campos onde a matemática agora é o principal instrumento de análise. Existem
muitos cientistas sociais que se opõem ao desenho de tais paralelos em vários motivos,
entre os quais geralmente é encontrada a afirmação de que a teoria econômica não pode
ser modelada como a física, uma vez que é uma ciência do fenômeno social, humano, tem
que levar em consideração a psicologia, etc. Essas declarações são pelo menos
prematuras. É sem dúvida razoável descobrir o que levou ao progresso em outras ciências
e investigar se a aplicação dos mesmos princípios não pode levar ao progresso em
economia também.
[...] é essencial perceber que os economistas não podem esperar um destino mais fácil
do que o que aconteceu aos cientistas em outras disciplinas. [...] e tentar estabelecer
teorias que explicam e que realmente se adequam a padrões científicos rigorosos. Nós
podemos ter confiança suficiente para que, a partir daí, a ciência da economia cresça
ainda mais.” (VON NEUMANN; MORGENSTERN, 1944).
35
2 O Teorema de Equilíbrio de Nash
(Teoria dos jogos)
A teoria dos jogos é uma teoria matemática utilizada para modelar fenómenos que se
manifestam quando dois ou mais agentes de decisão interagem entre si. Ao utilizar esses
modelos pode-se formular uma linguagem comum aos mais diferentes tipos de jogos, o
que facilita o estudo e análise dos resultados dessas interações.
Jogos
36
jogador gi G possui agora um intervalo compacto de estratégias Ii = [ai, bi]. O conjunto
de todos os intervalos forma, portanto, o produto cartesiano
I = ∏ni=1 Ii = I1 × I2 × ... × In,
que podemos chamar de espaço de estratégia contínua do jogo. Vale ressaltar que o espaço
gerado é compacto e convexo, pois é produto de intervalos também compactos e
convexos. Para cada jogador gi G existe uma função de utilidade
Ui: I →
x → Ui (x)
que nos dá o “bem-estar” ou payoff Ui (x) imagem de um vetor x I para o jogador gi
associado a esse perfil de estratégia, em que x = (x1, x2, ..., xn) com xi Ii.
Equilíbrio de Nash
Um equilíbrio de Nash é uma situação na qual, dadas as decisões tomadas pelos outros
competidores, nenhum jogador pode melhorar sua situação mudando sua própria decisão.
Em outras palavras, não há incentivos para tal mudança.
Confessar Negar
37
Tabela 1: Matriz de payoffs do Dilema dos Prisioneiros
A Demonstração
38
U1 (x 1, x*2) ≥ U1 (x1, x*2) x1 I1
É fácil notar que x i é melhor que qualquer outra estratégia à disposição do jogador i dado
que o outro jogador escolheu a estratégia x*j.
Se considerarmos o produto Φ1 × Φ2 obteremos uma aplicação
Φ: I1 × I2 I1 × I2,
que leva o par (x*1, x*2) no par (Φ1 (x*2),Φ2 (x*1)); os pontos fixos desta aplicação serão
equilíbrios de Nash no jogo. Logo a demonstração da existência de um equilíbrio de Nash
se resume a obter um ponto fixo da aplicação Φ1 × Φ2. De facto, o teorema de Nash nos
dá a seguinte informação:
Teorema de Nash:
Todo jogo finito, isto é, com finitos jogadores e um conjunto compacto e convexo de
estratégias, tem uma solução em estratégias mistas.
39
foi mencionado, a demonstração de Nash não tem essa condição como pré-requisito, pois
qualquer jogo finito em estratégias mistas tem solução. No entanto, para nossos objetivos,
ela é altamente válida e simplificadora. Nos termos formais de um jogo definidos
anteriormente, isso quer dizer que, uma vez fixadas as escolhas de todos os outros
x
jogadores “– i”, a função Ui (xi, - i): I1 → que relaciona unicamente as escolhas do
jogador i com sua utilidade deve ser côncava em I1. Observe dois casos extremos:
Figura 4: Figura 5:
Temos por hipótese que f (x) = f (y) e x e y são máximos, um absurdo, já que esta última
equação nos informa que uma média ponderada qualquer de x e y possui imagem de valor
maior que f (x) = f(y). Tal fato mostra que f só pode ter um máximo em I se f for
côncava.
40
Para garantir a concavidade, bastará para nossos objetivos supor que a segunda
derivada de Ui seja negativa no intervalo [0, 1], uma vez fixada a escolha do outro jogador.
Utilizaremos o teorema do valor médio para provar que f’’(x) < 0 implica em concavidade.
Suponha
ou seja, f é côncava se está localizada abaixo da reta que tangencia f no ponto a, fato
ilustrado no seguinte gráfico de uma f qualquer:
Figura 6
41
f (x) = f (a) + f´(z). (x - a).
Como, por hipótese, f´´ < 0 e z > a, podemos afirmar que f’ (z) < f’ (a). Temos assim
f, portanto, é côncava.
Estabelecidas as condições para a existência de Φ1 e Φ2, devemos nos voltar agora
para a necessidade de sua continuidade. Para tanto, demonstramos que, com as hipóteses
sobre as quais “construímos” as funções Φi, elas serão sempre contínuas. Utilizando agora
a notação x I1 e y I2, no caso de Φ1, teremos:
yn → mas Φ1 (yn) → Φ1 ( ).
o que é um absurdo já que Φ1 foi construída como uma função maximizadora. O mesmo
se pode afirmar a respeito de Φ2. Φi são, portanto, funções contínuas.
Uma vez que a existência e a continuidade de Φ1 e Φ2 estejam garantidas,
precisamos de um argumento para garantir a existência de um ponto fixo de Φ1 × Φ2, ou
seja, de um equilíbrio de Nash. Utilizamos para tanto o seguinte teorema:
42
Parte final da demonstração do Teorema de Brouwer. Provaremos o teorema no
caso em que B é uma bola fechada, e tomando como fato a seguinte (e difícil) proposição:
se B é compacto então não existe nenhuma aplicação contínua f: B B tal que f | B =
id| B. A Figura 7 ilustra essa “impossibilidade”:
B Figura 7
Supomos, por contradição, que existe aplicação contínua f: B B tal que f não
possui nenhum ponto fixo, ou seja, f (x) ≠ x para todo x B. Definimos então g: B B
da seguinte maneira: g (x) = interseção com B do segmento de reta que começa em f(x)
e passa por x.
Figura 8: A função g: B B
43
Como no contexto de nosso jogo o domínio I1 ×I2 é compacto e convexo e a
aplicação Φ: I1 × I2 I1 × I2 é contínua, pois é o produto de duas funções contínuas Φ1
e Φ2, podemos, pelo teorema do ponto fixo de Brouwer, afirmar que existe um ponto
x I1 × I2 tal que Φ ( x) = x, ou seja, que existe um equilíbrio de Nash.
Com um software de otimização, podemos encontrar e calcular os equilíbrios de
Nash dos jogos citados ao longo do trabalho em estratégias mistas.
44
As Tabelas de Insumo-produto de Wassily Leontief
(1906-1999)
Nas linhas, encontram-se as quantidades (ou valores) que cada setor vende aos demais;
nas colunas, as quantidades (ou valores) que cada setor compra dos demais. Uma tabela
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de insumo---produto dessa natureza permite caracterizar a estrutura de uma economia
nacional. Essa tabela está expressa em quantidades, mas em geral é expressa em valores
e, quando isso ocorre, ela representa um sistema de Contas Nacionais. Por meio de um
sistema de equações aplicado a essa tabela, Leontief obtém coeficientes que expressam
as características estruturais de um dado sistema econômico. Essas tabelas de coeficientes
expressam a percentagem de cada insumo sobre a produção final de cada setor, como
segue abaixo:
Sector 2: Indústrias 14 6 3
Quanto maior o número de setores de uma economia nacional descritos nas tabelas de
insumo-produto e melhor a qualidade das informações estatísticas, mais detalhados
podem ser os resultados e as análises sobre essas informações. Elas podem ser úteis, por
exemplo, para avaliar os efeitos das mudanças tecnológicas sobre a produtividade, os
efeitos das mudanças de salários, lucros e impostos sobre os preços, analisar as relações
econômicas inter-regionais e internacionais, avaliar a utilização de recursos naturais e
definir planos de desenvolvimento. Em síntese, poderíamos afirmar que Leontief se
“apropriou” do modelo matemático do equilíbrio geral de Walras, concebido segundo os
pressupostos da concorrência perfeita, e o articulou à abordagem macroeconômica
keynesiana, com o objetivo de obter uma representação do sistema econômico que dotasse
a ação intervencionista de mecanismos de controle mais eficazes e assegurasse base
segura e consistente ao planejamento Insumo-produto permitiam explicar e compreender
o funcionamento da estrutura da economia nacional e forneciam subsídios importantes
para os desafios do desenvolvimento e tarefas do planejamento. Sua convicção na efi
cácia do planejamento não era incondicional, era balizada pelo duplo critério de
46
salvaguardar os valores da democracia, do lucro e da livre empresa e assegurar benefícios
sociais.
47
O modelo IS/LM trabalha sob a hipótese de que o investimento planejado é igual ao
realizado, implicando na nulidade do volume estocado quando o equilíbrio estático-
dinâmico do modelo é satisfeito.
Ao contrário do "velho" modelo clássico agregado, em que o volume de produção
postergado é determinado de forma ex-ante, no modelo IS/LM esse equilíbrio se dará ex-
post.
De fato, a leitura da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda nos leva a concluir
que John Maynard Keynes rebateu, de forma lógica e veemente, o raciocínio implícito da
Teoria dos Fundos de Empréstimo, base na qual Knut Wicksell construiu a análise do seu
"processo cumulativo" - a famosa "conexão wickselliana", a qual relaciona bancos
emissores, oferta de crédito e inflação.
Por sua vez, a curva LM (Liquidity Preference Money Supply), representa a igualdade
que deve ser verificada entre a base monetária (supondo dado o multiplicador dos meios
de pagamento), contabilizada nos passivos dos responsáveis pela gestão do numerário, e
a propensão à liquidez dos agentes econômicos. Com essas ferramentas determinar-se-á
a taxa de juros, entendida como o preço do dinheiro.
Por sua vez, os papéis (ou ativos) do mercado financeiro mantêm relação inversa com o
preço do dinheiro, de modo que, se o dinheiro está mais caro, os agentes econômicos
agirão no sentido de recompor seus portfólios com mais papéis (que seguem sendo mais
baratos por conta da elevação da taxa de juros) e menos dinheiro - que, de fato,
nominalmente, não rende absolutamente nada, por ser ativo prontamente líquido!
Um caso demasiadamente explorado pela literatura corrente é aquele em que a taxa de
juros - de tanto cair por conta de uma política monetária relapsa por parte dos bancos
centrais que detêm o monopólio da emissão do numerário - faz com que a expectativa
para o preço do dinheiro se eleve. Sabendo disso, os agentes econômicos livrar-se-ão da
posse dos títulos, em busca da liquidez absoluta: a isso designamos por "armadilha da
liquidez" (liquidity trap), evidência essa que pode ser verificada atualmente nos EUA,
bem como no Japão desde a quebra do Índice Nikkey, no início dos anos 90.
Keynes acreditava que se a taxa de juros básica de um país descesse abaixo dos 2% ao
ano e por lá ficasse por uma longa temporada, configurar-se-ia uma armadilha de liquidez
(ele mesmo duvidava que, algum dia, isso pudesse acontecer).
O detalhe: ao mesmo tempo em que parece ser "fácil" atirar a macroeconomia em direção
a uma armadilha como forma de salvaguardar o sistema de intermediação de uma
bancarrota generalizada, os japoneses, há mais de 20 anos, estão tentando descobrir como
retirar o Japão da armadilha. Para isso colocaram a relação dívida/PIB acima dos 200%!
No aparato IS/LM as decisões de Política Econômica representam Variáveis Exógenas
que são determinadas pelas Autoridades Monetárias e/ou Executivas; ou seja, faz-se
alusão aos Instrumentos que permitem levar à cabo as medidas tomadas na Esfera da
Decisão.
Uma análise mais rigorosa diria que o Modelo IS/LM segue consubstanciado pela
metodologia do macroeconometrista Jan Tinbergen; no que se refere a tudo aquilo que
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designamos por "Teoria da Política Econômica" (a necessidade de haver o mesmo número
de instrumentos e metas num sistema de política linearmente independente).
Ainda assim, o modelo padece da "Crítica à Teoria da Política Econômica" atribuída ao
macroeconomista Robert Lucas (Nobel de 1994), por tratar as expectativas dos agentes
econômicos de maneira estática e simplória (ainda que desde os anos 80 existam versões
do IS/LM em expectativas racionais).
No IS/LM o equilíbrio estático-dinâmico da renda agregada é determinado pela interação
(intercessão) entre o lado real da Economia (representado pela curva IS) com o lado
monetário (representado pela curva LM).
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A contribuição de Paul Samuelson
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Em teria das finanças públicas, ele desenvolveu trabalhos sobre a alocação ótima de
recursos em relação de bens públicos privados.
Em economia de mercado, ele foi um grande crítico de Von Hayek, argumentando contra
a oposição à intervenção estatal e afirmando que mercados livres com zero regulação não
se estilizam sozinhos.
Samuelson teve duas obras principais publicadas, a primeira foi o livro Fundamentos da
Análise Econômica, baseando em sua tese de doutorado. A segunda foi o livro-texto
Economia: Uma Análise Introdutória, considerado um dos mais vendidos na área de
economia de todos os tempos. Esse foi o segundo livro-texto nos EUA a tentar explicar
os princípios da Economia Keynesiana.
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Bibliografia
https://pt.economy-pedia.com/11035320-post-keynesian-school
https://www.scielo.br/j/ee/a/qKLn4ZwB3YrTQJbTZ6tcBBQ/?lang=pt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_IS/LM
https://itr.ufrrj.br/portal/wp-content/uploads/2017/10/t70.pd
https://itr.ufrrj.br/portal/wp-content/uploads/2017/10/t70.pdf
https://www.fep.up.pt/docentes/joao/material/micro2/micro2_concmonop.pdf
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Teoria_dos_jogos
https://wiki.inf.ufpr.br/computacao/doku.php?
id=t:teoria_de_jogos
https://www.blogs.unicamp.br/sobreeconomia/2022/03/02/as-equacoes-marxistas-de-kalecki/
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