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MACROECONOMIA
APOS KEYNES
Um Reexome do Teoria @rol
Fu
FoRENSE UNIVEBSITÁBIA
f ediÉo - 1993
Título original:
Macroeconomics after KeYnes
@ Copyright:
Vicaria Click
Traduçáo
J efferson Chaves B oechat e Daniel C amarinho
Reviúo técnica
Lia Hasanclever
Capa:
AG/Carlos Studart
Fiitora$o eletrônica:
(P VIDA - Editoraçáo por Computador
CIP-Brasil. Cataloga$o-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Uwos, RI.
cDD - 330.156
93-1241 cDU-330'834
Impresso no
ApresentoçÕo
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Prefócio
Agradecimentm
Não podemos seqrrer faze r o que nos é possível sem a ajuda e o apoio de
outms, e eu úeúo muitrs dívidas.
Algumas deles são muib antiga§, remontam los meus tempos de
estudante em Berkeley. Ali, David Alhadeffe llarvey Leibenstein ensinaram-
me microeconomia de um modo que me permitiu ver, na aúlise da oferta e da
demanda, mais do que o ponúo de intenecção de duas cuÍvas. Esta percepção
é o fulcro em que se apóia quase toda a aÍgumentação teórica deste livro.
Também em Berkeley, Hyman Minsky tentou ensinar-me a Teoria
Geral, mas eu realmente não percebi então a sua importáncia. Desejo
agmdecer-lhe por haver tentado e desculpar-me por seÍ na época tão obtusa.
Tive a esplêndida oportunidade de pôr à prova muitas das idéias deste
livro em semiúrios realizados em muitas universidades britânicas e italianas
e, num período de tempo maior, como professora visitante nas univenidades
McGll e Aarhus. Sou muito gnta por esses convites e pelos estimulantes
debates que deles resultaram.
Há muitas pessoas a agradecer pela leitura, em várias fases, de paÍte ou
detodo o original. SusanHowson, David Laidlereumaluno do curso, Hygtnus
I-eon, leram quase todo o original e Richard Lipsey unn grande parte dele.
Recebi tamEm de Michael Danes, Shcila Dow, Peter Earl, Nicolas Rau, Colin
Rogen, Kerry Schott, Thanos Skouras, JohnSutton, ChristopherTorr, Valeria
Termini e Claus Vastrup várias observaSes sobre determinados capítulos.
Agradeço a todos eles porme haverem, de modo tão generoso, concedido o seu
tempo e posto à miúa disposi$o scus coúecimentos e críticas. Eles não
devem ser responsabilizados pelo resultado.
Aquelcs que me ajudaram a dar forma material ao livro também
nrcrecem agradecimentos. Tanlos se ocuFrÍam da datilografia, em várias
etapas, que é impossível nomeálos. Sou grata a todos eles, rnas em especial a
Celia Rhodes. Celia, uma ex-aluna (ogo sabia o que eu estava fazendo),
irrcumbiu-se não só de enormc porÉo da datilografia no estágio Íinal como
também das tarefas editoriais, inclusive da rnaior paÍe da responsabilidade
pela elaboração do índice. Não só a sua datilognfia quase irrepreensível e o seu
trebalho editorial inteligente foramuma dádiva, como tambéma sua calma que
minorou sobremaneira o estresse de tal projcto. Tivc muita sorte - na verdade,
me pergunto se cste livro teria sido publicado sem ela.
Desejo também agradeccr a Philip Allan, primeiro pela sua paciência e
depois, igualmente, por saber exatrmente quando e como perdêJa. Ambas
foram fundamentais, do mesmo modo que o seu apoio e entusiasmo peÍma-
nentes. DevoJhe também agradecimentos poÍ orgattzn de maneira quase
impressionantemente úpida a produção deste liwo. Gostaria de agradecer
particularmente a Ann Hirst, que foi uma excelente editora texüual e com quem
xII
foi tão prazcroso trabalhar. Geoffrey Harcourt e Basil Moore também desco-
briram alguns erros finais.
Reconhecimento
Notabibtiognifica
Victoria Chick
Londres
8 de novembro de 1993
Capítulos da Teoria Geml reÍerentes aoo capítulos deste livro
Preliminores e
Fundomentos
cnpÍuro I
Keynes e o
Mocroeconomio
Falta-nos uma teoria monelária da produ$o. Uma economia que usa a moeda,
mas somente como um elo neutro nas transaçóes de bens e ativos reais, e não
permite que ela participe de motivos e decisões, poderia ser chamada -na falta
de um nome melhor - uma economia de trocas reais... Amaioria dos tratados
sobre os princípios de economia ocupa-se principalmente, senão inteiramente,
de uma economia de trocas reais; e - o que é mais singular - a mesma coisa é
também, em grande parte, verdade em relação à maioria dos tratados sobre a
teoria da moeda.., A teoria que desejo trataria, ao contrário, de uma eoonomia
em que a moeda desempenha o seu próprio papel e afeta motivos e decisóes e
é, em suma, um dos fatoÍes atuantes na situação, de modo que o curso dos
acontecimentos não pode ser previsto, quer a curto ou a longo prazo, sem um
coúecimento do comportâmento da moeda entre o primeiro e o último esúgios.
E é isto que devemos querer dizer ao falarmos de uma economia monetária-."
Todos certamente concordariam que é numa economia monetária, tal como
entendo o termo, que realmente vivemos."
No entanto, creio que os expoentes da economia tradicional subestimaram
grandemente as importântes e, em certos âspectos, fundamentais diferengs
ãntre as conclusões de uma economia monetária e as de uma economiâ mais
simples de trocas reais, resultando daíque omecanismo depensamento com que
a economia de trocas reais equipou as mentes dos profissionais do mundo de
negócios, e também os próprios economistas, levou, na prática, a muitas
coiclusóes e políticaserrôneas.Aidéia dequeécomparativamentefácil adaptar
as conclusõei hipotéticas de uma economia do salário real ao mundo real da
economia monetária é um erro. É extraordinariamente difícil fazer a adapta-
com alguns detalhes,
ção... Desse modo, creio que a próxima tarefa é formular,
uma teoria monetária da produ@o... Essa é a tarefa de que estou me ocupando
âgora, nâ esperançâ de não estar desperdigndo o meu temPo'
(7. -R. XIV, PP. a08'411)
Moeda
Produção
Condigóes Históricas
Todos os livros são produto de sua época e lugar. E a época e o lugar que
servemdeba seàTeoriaGeralsão extraordinários. Aépoca, o iúcio da década
de 30;7o lugar, Cambridge. Ambos influíramna forma e no conteúdo do livro"
Primãiro, a forma. Os estilos mudam. A economia hoje tem por
fundamento uma linguagem técnica (ou aparentemente técnica), infiltrada
pela matemática. Afeoría Geral é qtasetotalmente verbal. As palavras, cujo
iignifi""aoera tido como dado, eramas deuso comumna época emCambldge.
Existiam outras palavras cujo sentido é hoje (penso que erroneamente) tido
como comum, que, mesmo éntão (e lá), estavam sujeit4s a acaloradas discus-
sões - poupançá, por exemplo. Uma plena compreensão do livro, 9.ue eu
reivindiio para mim, exige um coúecimento da linguagem especial vlgente
naquele grupo estreitamente unido de economistas entre o9 quais Keynes
estãva trúaÍhando. Pelo menos deve-se e staÍ atento à "falácia da linguagem
comuÍÍr's e à necessidade de exercitaÍa imaginaSo interpretativa: AEconomia
de cambridge era (e ainda é) uma tradição intelectual distinta. o leitor da
Teoria GeraT deve fazeÍ uma tradução da linguagem de Cambridge na década
de 30 para a atual.
ivtais importante, o conteúdo. Énecessário considerara Teoria Geralno
ambiente histórico, tanto a história da economia britânica como a história do
pensamento econômico. A Teoria Geral é uma reação direta à doutrina
estabelecida. Uma passagem famosa do prefácio de Keynes qualifica o livro
como:
uma longa luta de liberta$o... -uma luta de liberta$o dos modos habituais de
pensamento e de expressão... A dificuldade está não nas novas idéias, mas em
se libertar das idéias antigas, que se ramificam... por todos os cântos de nossas
mentes.
(7. G.,p.VIII)
Fonte: I-ondon and Cambridge Fronomic Service" Key Statistics of the British
Economy, 19A0-D62, Tabela F.
* Os parênteses indicam estimativâs "particularmente aproximadas".
Teoria e Política
único a um agregado tal como "o meÍcado de trabalho". Épossível esperaÍ que
as mudanças nos salários reais tenham repercussões noutras partes do sistema
e sejamafetadasporvariáveis que, à primeira vista,parecembastante remotas.
Não se pode considerar o mercado de trabalho isoladamente.
Do ponto de vista prático, ele argumentava que uma política de
encorajamento da redução salarial não seria tão útil como sugeÍe a abordagem
do equilíbrio parcial, e poderia até mesmo ser contraproducente.
Keynes, portanto, propunha uma mudança radical na perspectiva de se
pesquisar as causas das mudanças nos salários e nos pÍeços. Os componentes
são o nível de demanda e os custos, onde a renda do trabalho figura em ambos.
Desta nova penpectiva, resulta a surpreendenúe conclusão de que a causa
principal do desemprego não é tanto o fato de o salário real sermuito alto, mas
de a taxa de juros ser alta demais. Algo implausível de dizer' Que relação
poderia haver entre o desemprego, o mais humano dos problemas, e a taxa de
juros, a mais árida das variáveis econômicas? Este é um tema importante da
Teoria Geral. Ele resulta diretamente do choque entre a teoria e os aconteci-
mentos das décadas de2O e3O, e a nova teoria produziu, por sua vez, as novas
prescrições políticas que muitos entendem como "keynesianismo".
A concentra$o nos ante cedentes históricos imediatos da Teoria Geral não
pretende sugerir que a aplicabilidade da teoria se restringe àquela época ou a
períodos de desemprego geral. Ilaveria insuficientejustificativa paÍa se prestar
tanta aten$o a este fato, se ele fosse verdadeiro. De várias maneiras é "economia
dedepressão"-maneiras quesão muitas vezesextÍemamentesutis equeestelivro
se esforça por mostÍaÍ, de modo que possam ser feitas as mudanças onde sejam
necessárias. Mas o seu alcance é muito mais amplo do que a análise de curto prazo
do desemprego, como é muitas vezes caracteizado.Ele engloba uma teoria das
flutua$es cíclicas esuas conseqüências delongoprazo.Asua análisepodevoltar-
se para o problema da infla$o tanto quanto da depressão.
Notas
Brunner refere-se a isto como "falta de detalhe alocativo". Ver, por exemplo,
Brunner (1970)"
Produzir por encomenda é, naturalmente, umâ exceção a isto, exceçáo que é mais
importante nas indústrias de bens de capital do que nas indústrias que produzem
bens de consumo, mas, na opinião de Keynes, presumivelmente nãosuficientemen-
te importante para exigir um tratamento especial no âmbito de uma teoria da
"produ$o como um todo".
ATeoia Geral foi publicada em 1936, mas o desenvolvimento de suas idéias teve
início em 1931. Ver os artigos de Patinkin, Moggridge e Johnson em: Patinkin e
l*ith (1977), e, para uma apreciação direta, consultar os 7. .R. XIII.
Evocada geralmente em relaçáo a conversas com naturais de língua inglesa de
outros países, mas também aplicável aqui neste contexto: "O passado é outro país;
lá as coisas são feitas de modo diflerente" (L. P. Hartley, T| Go-Baween).
À guisa de orientaçáo, ver Sowell (1972 e 1974) e Eshag (1963), assim como os ?.
Â. xltr.
O seu Tratado sobre a moeda (1931) e as partes iniciais dos L À. XIII são,
evidentemente, as obras a consultar.
11
A nova versão da ortodoxia constitui a minha base, para me libertar da qual tive,
sucessivamente, um luta duradoura.
t2
Se a crise financeira provocou a depressáo americana da década de 30 ou foi
simplesmente um sintoma da debilidade subjacente da economia americana, é
ainda matéria de muita controvérsia, mas não está em questão aqui.
13
Friedman e Schwartz (1963),p.2.
t4
HistoricalStatistics oftheUnitedStates,TabelaD46-47;US Bureauof the Census,
Statist ical Abst ract, Supplement.
15
Esse não é o único resultado da teoria de Keynes; nãohá razÁo para pânico, nem
necessidade alguma, para os economistas sérios, de rejeitar esta conclusáo analítica
como um "slogan" (Mayer, 1978).
Jevons não estava preparado para admitir estas idéias como aleatórias, mas
relacionava as flutuações agrícolas com as variações cíclicas da atividade solar
(manchas solares).
t7
Para um antídoto a esta simplificaçáo, ver Sowell (1972) e/ou Baumol (1977).
18
Moggridge(1969),p.16,utilizando dados deRouth(1965), dizqveéqtasede4OVo.
Os dados da Tabela 1.1 indicam um pouco menos, mas inteiramente satisfatório.
19
Hancock (1960) e Winch (1969) fornecem explica@es interessantes.
20
C,omparar uma reivindica$o bilateral que surge sobre uma produ$o individual de
mercadorias específicas. As reivindica@es diretas sobre mercadorias não obrigam
o credor com o consumo final dessas mercadorias, mas, do ponto de vista do
produtor, as vendas estão virtualmente garantidas.
cnpíruro 2
O Metodo do
Teorio Gerol
Horizontes Temporais
Aescolha do que variar e do que manter constante foi ditada pelos diferentes
horizontes temporais e pelas velocidades de ajustamento inerentes às muitas
decisões de uma economia capitalista avançada. Os horizontes temporais adequa-
dos a diferentes condições de produ$o estavambemarraigados na economia de
Cambridge como parte da tradição marshalliana: a produ$o que utilizava o
estoque de capital já de posse de alguém era chamada de curto prazo. As
oportunidades de produzirutilizando uma fábrica ampliada ou mais eficiente, só
disponível algum tempo no futuro, corstituíam o longo prazo.
Embora o tempo esteja envolvido na obtenção de uma nova fábrica e
equipamento, esses "prazos" não devem ser identificados com um período de
tempo cÍonológico; a caracteística saliente é a fixidez do equipamento de
capital no curto prazo do ponto de vista da produ$o.
Toda produção ncorre no curto prazo: devemos produzir com o capital
de que dispomos. Pode-se. contudo, perguntar, ao mesmo tempo, se este é o
estoque de capital que se necessita, ou se se deveria tomar providências para
alterá-lo. A decisão de produzir e a de investir são çonceitualmente indepen-
dentes, embora possam ser tomadas simuitaneamente.
Quando se toma uma decisão de investimento, o equipamento é enco-
mendado e a construção empreendida; estas são contribuições para a demanda,
embora a produção corrente não possa ainda tirar vantagem da contribuição
potencial do novo capital para a eficiência da oferta; isto só pode vir
posteriormente, quando os bens de capital tiverem sido produzidos, enviados
aos que os compraÍaÍÍL e instalados. O primeiro aspecto do investimento é
inteiramente compatível com o curto prazo. Mais tarde, quando for permitido
ao investimento afetar as condições de custo, as condições prévias de curto
prazo não prevalecemmais. Aanálise de Keynes (comexceção do Capítulo 17,
que trata do longo prazo) reconhece o primeiro aspecto, a demanda, do
investimento e suprime o último, a oferta.
Talvez fosse útil adotar a perspectiva de um produtor de equipamento de
capital. A sua empresa recebe encomendas: há uma demanda de investimento.
Os bens são produzidos com o equipamento de capital existente. Ele esú no
curto prazo. Seus clientes fizeramseus investimentos, com vista ao lucro de
longo prazo. Quando eles instalameusamo equipamento, avançamuma parte
das suas possibilidades de produção de longo prazo, umtanto paradoxalmente,
para outro período de cuÍo prazo (porque o seu equipamento está fixo mais
uma vez). O produtor de berus de capital pode, entrementes, fazer também
melhorias na sua fábrica.
Na prática, naturalmente, o estoque de capital está sendo alterado
continuamente, uma vezque as decisões iniciais de investimento são realizadas
e o equipamento velho se deprecia ou é sucateado. Assim, a distin$o entre
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22
curto prazo e longo pÍazo \ão pode ser feita empiricamente; ela é um
instrumento intelecfual para evitar que fudo ocoÍra ao mesmo tempo.l
A distin$o manhalliana repousa no caráter das possibilidades de
produ$o que se abrem ao empresário. Em Keynes, embora a distinção seja
preservada, coexiste umoutro uso dos termos cuÍo prazo e longo pÍazo no que
diz respeito ao horizonte das expectativas que motivam, respectivamente, as
decisões de produ$o e de investimento. Ambas dependem de estimativas da
demanda fufura, mas o investimento envolve um compromisso de longo prazo
paÍa uma fábrica com caracteísticas particulares de operação, inclusive uma
produção ótima. Enquanto isto (numpeíodo de tempo mais curto), os produtos
podemser divenificados pela alteração dos fatores variáveis que se combinam
com o capital para gerar o produto: principalmente, a mão-de-obra.z Logo, as
expectativas peúinentes ao investimento abrangemmuitos períodos de decisão
de produzir.
Formalizemos estas idéias (um procedimento perigoso) com a ajuda de
um diagrama que indica horizontalmente-a passagem do tempo. Reportemo-
nos aos diagramas intitulados PRODUÇAO e INVESTIMENTO na Fig.2.1.
Façamos o tempo começâr em 0, com uma reunião da diretoria para decidir
sobre os níveis de produção e a política de preços e (como um corolário) as
necessidades de mão-de-obra. Estas políticas devem se basear numa
estimativa da demanda, e consideramos o horizonte dessa estimativa como a
duraSo do que chamaremo s de período de produçao,e aoqual atribuímos uma
unidade de duração: no tempo 1, estas decisões são revistas. O resto do
diagrama deveria dispensar explicação, embora não trate de maneira adequada
a natureza coincidente das vendas e dos pagamentos de salários.
Os niveis de demanda e de custos que devem ser estimados ao tomar a
decisão de investir não são os do futuro imediato, mas só começam depois que
o equipamento é efetivamente utilizado na produ$o (i. e.,fora do limites do
curto prazo) e duram durante a vida do equipamento. No esquema supomos
(arbitrariamente) que o período de gestação abrange três períodos de produção
e que o equipamento dura seúe períodos de produSo (veja os números 3 e 10).
Em firnção deste esquema, as "expectâtivas de curto pÍazo" de Keynes
são relativas às vendas esperadas ao fim do período corrente de produSo e as
"expectativas de longo pÍazo" se referem às vendas esperadas nos períodos
de3a10.
Embora Keynes não teúa feito uso muito explícito de conceitos semelhan-
tes para os consumidores, eles também conduzem seus negócios com vistas a
diferentes horizontes de tempo. O horizonte de vida, ou mesmo entre gera$es, é
aelequado a ajustes contratuais depoupança e aos principais dispêndios de capital
í:. ex.. habitação,preparaSoparauma profissão), enquanto as compras repetidas
r,ida são efetuadas, e os planos referentes a elas mudados com muito maior
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' .,ti.n,:it. 0 conceito de poupança de Keynes, que é de caráter essencialmente
23
Equilíbrio
E xp e ct ativ a s e E quilíbr io
Expectativas e Modelos
Caracterizaçáo da Empresa
Estilo e Estrutura
âs coisas que poderiâm ser ditas com a inten$o de sugerir ao leitor todo o
conjunto de idéias associadas" de modo que, se ele apreender o conjunto, não irá,
de forma alguma, ficar confuso ou ser impedido pela insuficiência técnica das
meras palavras escritas pelo autor, tomadas em si mesmas.
(?. Â. xII, p. a70)
Pode haver ainda mais sobre o assunto do que o exposto. Fouraker (1958)
argumentou que Keynes partilhava com Marshall o desejo de atingir um
público maior, nãouniversitário, quesesentiria desestimuladopordemonstÍa-
@es enfadonhas e listas de classificações. Com isto em mente, Fouraker diz:
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Notas
1 Cf. 'O tempo é um dispositivo para evitar que tudo ocoma simultaneamente"
(Bergson).
6
Estas afirmaçóes são consubstanciadas no Capítulo 7.
7
Este é objeto de estudo da teoria clássica. O ctitério de equilíbrio de longo prazo é
de que as taxas de lucro dos diferentes usos dos recursos de capital deverão ser
iguáladas, do contrário a alocaçáo destes recursos em diferentes tipos de produ$o
sealterará. Por isso,os classicistasmodernos (Garegnani, Eatwell) insistem em que
aTeoriaGeralnão diz nada sobre equilíbrio, pois este é o único equilíbrio que eles
reconhecem.
Para ter idéia da incongruência destas idéias, ver, Por exemplo, a discussão e o
trabalho de Hahn, apresentado na Conferência sobre os Microfundamentos da
Macroeconomia (Harcourt, 1977).
a empre§a fora do
Arrow (1959) trata o problema de modo diferente. Ele descreve
equilíbrio (isto operando ao preço deequilíbrio domercado) como tendo certo
é, não
"poder de monopólio" porque tem algum controle sobre os preços. Isto reflete a
identidade entre polipólio e tomada de preços, antes referida, e obscurece os
problemas advindos daincnrtez'a inerente à produSo para venda no mercado.
CAPíTULO 3
A Estruturo Agregodoro
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Tabela 3.2
Demonstraçáo de Resultados
Demorctração d,e Resultad,u Demomtração de Resultod.o
d,c uma Enptesa* de uma Família
Vendas do prcduto acabado Renda do tabalho
menos custos da máo-de<bra e matéria-prima, Renda de aluguel, juros etc.
manuten$o e reposiçáo (despesas efetivas)
Lucros retidos
* Esta demonstraçáo de resulados
obedece a princípios conuíbeis; sua estÍutura difeÍe
significativamente dos métodos usados para deÍinir posteriormetrte lucÍos treste capíhrlo.
- famílias e empresas.
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48
nem sempÍe é completa; alguns bens não podem ser desfrutados, não propor-
cionam qualquer serviço, a não ser que sejam utilizados de maneira que o§
expoúa a uma depreciação adicional à resultante da passagem do tempo.
Rodar com um automóvel é um exemplo claro. Por outro lado, a deprecia$o
e a utilidade poderiam ser vistas como antitéticas: como diz excelenúemente
Boulding (1950), quanto menos o seu automóvel é "consumido" no sentido de
desgaste, mais sewiços presta.
Num contexto ligeiramente mais amplo, pode-se ver que é no critério de
utilidade que os economistas pensam, quando propõem que o consumidor é o
objetivo final da atividade econômica; dificilmente poder-se-ia esPenr que
eles quisessemdizer quetoda a máquina econômica existeprincipalmente para
serdesgastada!Entretanto, a renda pelo critério da utilidade é completamente
intangível e subjetiva: renda é satisfa$o. Noutros teÍmos, ela é, na mesma
abordagem, idêntica à noção de consumo.
Tal definição não é muitoútilpara opropósito a queKeynes se con§agÍa:
a determinação do produto e do emprego. Estes são determinados como
resultado da busca de lucro pelas empresas e os lucros são obtidos por meio das
vendas. Uma emprcsa quevendetelevisores émais oumenos indiferenteao fato
de você assistir ou não televisáo; o único significado que o uso pode ter é a sua
conela$o como desgaste e, desse modo, como momento da substitui$o. (A
maioria das empresas temconfiado mais empenuadir as pessoas de que a sua
aparelhagem é antiquada do que espeÍaÍ por uma autêntica necessidade de
reposi$o, de modo que mesmo essa conexáo é vaga.)
Uma notável característica dos conceitos de durabilidade, produtivida'
de e utilidade do consumo e investimento que acabam de ser esboçados é que
eles têm a veÍ com propriedades intrínsecas dos próprios bens quão -
apropriados são para serem incluídos no processo produtivo ou uso particular
final e quão rápido é o seu desgaste. O critério de Keynes, pelo menos no
Capítulo 6 da T, G,, é,no entanto, o seguinte: quem os comPra. Chamei-o,
assim, na Tabela 3.3, de enfoque setorial: cotulumo é o que os consumidores
compram, investimento é o que as empÍcsas comPÍam. E também uma
abordagem monetária: é a despesa, e não a utilidade, que incitâ âs empÍesas
a produzir.
As quatro abordagens da renda foramexaminadas a partirdo que chamei
uma peÉpectiva abrangente. Antes de retornarmos àquela peÍspectiva paÍa
analisar pormenorizadamente o conceiüo de renda de Kcynes, é preciso dizer
algrmas palavras sobre a renda de um ponto de vish individual.
A Renda Indivüual
Épossível queuma pessoa entenda como renda o quc ela pode gastar,
embora deixando intacta a riqueza, mas não é provávcl quc esta idéia, de uma
51
I = renda
Á = vendas de produto final, das quais
Ár = vendas entre empresários
G = valor real do equipamento de capital + estoques de
matérias-primas + estoques de mercadorias acabadas não
vendidas + trabalho em andamento no final do peíodo =
valor desses estoques no início do peíodo + vendas (Ár) -
exaustão devida ao uso
B'= manutenção ótima do capital, se deixado semutilização
G'= valor do equipamento de capital e estoques no final do período,
no caso de ocorrência de B'
G' - B' = o valor líquido máximo que poderia ter sido conservado do
peíodo anterior, se não tivesse sido utilizado para produzirÁ
F= custo do fatorpara produzirÁ
U= custo do usuário deÁ
U=G'-B'-G+A, (3.1)
Renda Bruta: Removido o custo de uso, o resto é fácil. Irmbre-se de que o lucro
bruto é a renda das vendas dos produtos finais menos os custo§ variáveis
(primários) de produ$o, e os custos prirnários são os pagamentos dos fatores
(custo da mão-de-obra) mais o custo de uso:
ff =A - (F + U) Q.2)
A renda bruta é a soma dos lucros brutos e dos custos dos fatores e,
portanto, o valor do produto menos o custo de uso:
56
Y=F+ff=A-U (3.3)
Y= custo suplementar
II=A-(F+U)-V (3.4)
Y'=A-U-V (3.5)
Renda: Sumário
C =A-Ar (3.O
I=Ar-U (3.7)
S=Á-U-(A-A)=A\-U (3.10)
e a poupança líquida, é:
^S',
Poupança e Decisão: Observe-se que a poupançâ não foi definida como um ato
positivo, Írils como uma falta de a$o: poupaÍ é "não consumi/'. Consumo e
investimento são ambos atos positivos, o primeiro executado pelas famílias, o
segundo pelas empresas. Junüos, eles deúerminam a renda corrente. Apoupança,
ao contrário, não é coúecida ate que a renda seja determinada. Embora um
62
Unidades de Medida
Notas
Veja Kregel (1971) Caps. 7-12, para uma revisão e referências bibliográficas.
O tratâmento que o próprio Keynes dá a esta questão não é muito proveitoso, pois
ele raramente distingue com clareza o nível a que se refere uma afirma$o.-Em
especial, é muitas vezes difícil descobrir se ele eslá se referindo a planos ol a
grandezas reais observáveis ou a indivíduos ou a agregado. Tampouco é sempre
claro se os "planos" se referem a um progrâma ou a úm nível eipecífico. Seiao
bastante copiosas as ilustrações da importância destas distinçóes, e em parte
alguma elas são mais importantes do que na controvérsia poupança-investimãnto,
como veremos adiante.
Alguns direitos não são negociáveis (por exemplo, umâ conta bancária),
Nem todos os direitos que rendem juro variam de fato de valor com a taxa dejuro
(por exemplo, de novo, as contas bancárias).
9
Ver os ensaios em Parker e Harcourt (1969).
10
Keynes também arrola mudanças no valor de mercado, obsolescência e ca!ástrofe.
O componente previsível destes aumentos mmo o espâço de tempo considerado se
amplia; para o curto prazo eu deveria ter pensado que provavelmente se devia fazer
somente alguma provisão muito ampla, sendo o resto tratado como perdas evenfu-
ais.
l1
As mudanças no estoque de dinheiro apresentam problemas especiais de agrega$o;
estes não podem ser tratados tão facilmente como Keynes sugere (p. 75).
prosseguiÍ, de acordo com a sua estimativa, apesaÍ de não estar muito certo
sobre ela,1e poder estar até errado a seu respeito.
Tanto o custo quanto a demanda se elevam com o aumento do produto, mas,
por algum tempo, elevam-se também os lucros. Pressupóe-se que as emPresas
escolhamproduzir qualquervolume do produto que achemque maximizará seus
lucros, dadas as suas estimativas de custo e as suas pÍevisões de demanda, e elas
contratarão exatamente aquela quantidade de mão-de-obra que lhes Permitâ
produzir tal produto. O Princípio da Demanda Efetiva é a geteraliza$o desta
proposi$o microeconômica de determina$o do produto como umtodo.
Para explicar inteiramente o Princípio, deveremos apelar para a teoria da
emprcsa, mas agoÍa a suporcmos simplesmente como urrur generaliza$o
macÍoeconômica. O Princípio afirma que o nível de produSo coÍno um todo e o
nível geral de emprego são determinados pela intene$o de duas funções do nível
de emprego,M oferta agregada,Z(N),eas estimativas de demanda agregada das
empresas,.D(lÍ). O ponto de inteneSo é chamado de ponto de demanda efetiva.
Ambas as fiinções são definidas com isen$o de custo de uso porque tal
inclusão traria problemas.2(Tentaremos dizer mais sobre este ponto.)
Tendo omitido o custo de uso, os custos prirnários se constifuem somente
de trabalho. Portanto, a curva de oferta agregda incorpora as estimativas dos
cusüos do trabalho associados a cada nível de emprego: ela indica o volume de
renda da venda do produto associada a cada nível de emprego que dariam às
empresas o incentivo para empurrar o úvel deproduto e emprego até aquele nível.
Arenda estimada associada a cada nível de emprego é dada pela curva de
demanda agregada. Estabelecida a posi$o de Ü(N), é determinado o ponto
apropriado entre todas as possibilidades de maximiza$o de lucro proporcionada
pr Z(N). Os planos de produSo são feitos e os emPrcgos oferecidos nesta base.
A Fig. 4.1 rctrata Z(N) e D'(N). O emprego se localiza no eixo horizontal
e o valor da produ$o no veÍical. As suas inclinações serão explicadas
oportunamente. O ponto E é o ponto de demanda efetiva. N* é a quantidade de
emprego determinada por este ponto.
Pode-se veÍ que esta proposição depende das inclinaçóes relativas das
duas curvas: a inclina$o D"(N) deve ser menor que a de Z(N) na vizinhança
da sua interse$o, de outra forma não haverá incentivo à expansão ulterior,
visto que a demanda à direita de N mais do que cobriria o custo adicional.
Não há presunção de que N* seja um ponto de pleno emprggo; pode ser
simplesmente um nível de emprego que não satisfará plenamente à demanda
poÍ empÍegos. A mera existência de desemprego não constitui por si mesma
uma:,lazãopaÍa as empresas expandiremainda mais o volume de seu produto.
Se a demanda estimada não for adequada para comPen§ar o§ custos adicionais
existentes na produ$o de um úvel maior de produto que N horas-trabalho
podem produzir com o equipamento de capital e de emprego existentes, este
será o fim da questão.
7l
N. N(
Figura 4.1
AArmadilha Semôntica
demanda agregada tem dois aspectos, sobre os quais Keynes não fez muita
cerimônia.-Delmanda agregada é uma rela$o que representa o volume de
despesa de acordo comã úel de renda e a atividade econômica associada
a
cadà nível de emprego. Ela pode se referir tanto aos planos de gasto dos
consumidore. ugrigúo. quanto aos das empre§as inver§oras, ou- pode se
referir ao ugr"gãaõ de eitimativas de gastos q-ue _as empresas fazem ao
determinar õ uõlu*" apropriado de produção. Na determinação dos níveis
reais de produçao e é claraménte o últi-o conce ito que é importante,s
"mpi"gà tornam-§e importantessoinente quando
os planos de investimentoi consumo
a piodu$o, que já deve ter sido realizada, é posta à venda' Neste ponto, se as
vendas demonstrarem que as exPectativas estão corretas, as estimativas
das
deverão ser revistas, afêtando assim o produção dopeíod.o se guinte'
--r
empresas
Keynes não deu maiores detalhes sobre o pro".sso pelo qual as estima-
tivas são ieitas; há pouca teoria explícita sobre como as emPresas percebem o
provável níveláe dêmanda.Keyne§prcferiu continuardiscutindo, nos capítulos
72
Q =QQr) (4.1)
wlQ'= P (4.2')
(w\Q')Q=PQ=Z (4.3)
*AN=z
E"
-' (4'4)
A Demanda Agregada
Esta formulação é pelo menos bastante "Íeal" paÍa evitar a sugestão de que as
mudanças de salário pÍovoquem uma ilusão monetária da parte das famílias
77
A Lei de Say
D e se mpr eg o I nv olunt ã r io
,,l
ll wP"
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(VPJ,
(vPJ,
No
Figura 4.2
menos que o salário corente, salvo se já tiver tido várias negativas de emprego.
Alémdiiso, os trabalhadores que atuamindependentementenão têmcomo avaliar
as conseqüências de suas a@es individuais no nível geral de emprego e, portanto,
de suas próprias perspectivas.
Razões institucionais tornamdificil tambémPara as emPresas reduzirem
os salários. Embora observem uma oferta excedente de mão-de-obra, e isto
indica que a mão-de-obra esteja disposta a trabalhar por menos, a convenção
estabelecida de um salário uniforme pam o emprego implica que as empresas
não podem contratar,novos trabalhadoÍes por menos do que pagam aos_seu§
atuais empregados. E uma negociação extremamente difrcil levar a sua força
de trabalho a aceitar salários menores. A alternativa - a demissão de sua
própria força detrabalho ea contratação deuma nova-§abe-sequeocorr-e, mas
ê uàa forma bastante onerosa de tentar, em última instância, reduzir salários.
E se um número expressivo de empresas obtém sucesso em diminuir o salário
nominal, é prováve1 que isto seja contraproducente; esta parte da estória será
apresentadã posteriormente, bem como ulna elabora$o dos pontos recém-
apresentados. O que é necessário ressaltara esta altura é que o cortede salálios
e aitcit tanto para as empresas como Para os trabalhadores, agindo como
unidades descentralizadas de decisão.
O caráter seqüencial das decisões produtivas opera também contra o
trabalhador, pois, embora ele possa exigir salários nominqis mais altos, se o
nível de atividade o garantir. não há segurança de que as errpresas não
aumentarão em conseqüência os preços, após ter sido rcalizada a barganha. E
são estes preços que o trabalhadordeverá pagarpara seu con§umo. Mesmo em
épocas favoráveii, o trabalhadornãopode irsistirnumaumento do salário real.
E, se eles reivindicaremsalários nominais mais elevados, quando a§ empresas
não estão otimistas, o resultado será o desemprego. Preços decrescentes
associados a uma queda da atividade econômica elevarão os salários reais, mas
estes sobemcomo corseqüência das decisões sobrepreços dos empresários, não
porque os trabalhadores exijam uma renda real aumentada para aqueles que
têm bastante sorte para peÍTnaneceÍem empregados.
Estes fatores concorem para tornar dificil à mão-de-obra ter pleno poder
na determina$o do salário nominal pelo qual tnbalha e impossível aos trabalha-
dores apresentar aos emprcsários exigências exeqüíveis de salários reais compa-
tíveis simultaneamente com as expectativas das empresas. Se há desemprego e a
expectativa geral é de estabilidade total dos preços, com declínio de preço futuro
imediato, como foi o caso da década de 30, é provável que as emPÍe§as espeÍem
poder e sejam capazes de obter a quantidade de mãode-obra que desejampelo
salário de.,ontenf,, mesmo que esteja implícita uma queda dos salários reais. se,
alémdisso, elas estimaramcorretamenteademanda agregda (esópreciSamfaz.et
isso perto da demanda efetiva), as suas expectativas de vendas, no agregado,
tamúmserãosatisfeitas.Ilí, desse modo, equilíbrio deprodu$o eemprego,pois,
84
86
Figura 4.3
outra "contradição emtermos" que, não obstante, pode ser muito verdadeira'
O desequilíbrioê resolvido pelo processo de ajustamento para o equilíbrio com
subemprego.
Na verdade, a posiSo de equilíbrio compleno emprego seria tãofortuita
quanto o nosso 6meiró de equilíbrio com desemprego (que foi
direhmãnte, não "xemplo
através de ajustamento). O equilíbrio com pleno
"iiogiA, r.querque a demanda agregada (e a sua estimativa pelos empresários)
"*p-r"go
corte ioferta agregada exatamente no nível máximo de emprego que a mão-
de-obra aceite pelõsahrio que os empresários esperame para o qual a oferta
agregada peúinente é definida.
- -
Para expressaÍ o mesmo na linguagem dos livros-textos: é improvável
que a quantidãde de poupança desejada no pleno empÍego se-igualasse a um
volumô correspondente de investimento (esperado). Esse modo de formular a
questão obscuiece o lado de oferta da defini$o de renda, mas realmente realça
ó caráter foúuito do equilíbrio, pois não há neúuma conexão que faça o
investimento preencherl lacuna de gasto existente entre o consumo e a renda.
Isto é igualmente verdadeiro, no entanto, queÍ se esteja falando de pleno
emprego
- ou de equilíbrio com subemprego.
Ãperspectiva de longo pÍazopaÍa o pleno emprego não é,-na opiniáo de
Keynes, melhor do que a de curto prazo. O equilíbrio "pleno" ou de longo prazo
é caracteizado pelíestabilidadeão estoque de capital. Desse modo, no pleno
equilíbrio, o investimento apenas cobre a reposi$o' PoÍanto, o nível de
88
A única situação altemativa... seria dada por uma situa$o em que [o] estoque
de capital... representa uma quantidade de riqueza suficientemente grande para
saciar plenamente o desejo da parte do público de fazer provisão para o futuro,
mesmo com pleno emprego... Seria, contudo, uma coincidência improvável.,,
(7. G.,p.218)
Notas
"Um empresário, que tem que chegar a uma decisão prática quanto à sua escala de
produção, não considera, naturalmente, uma única expectativa incontestável sobre
qual será o lucro da venda de determinado produto, mas várias expectativas
hipotéticas concordantes com graus variados de probabilidade e certeza. Por sua
expectativa de lucro quero dizer, portanto, que uma expectativa de lucro que, se
fosse mantida como certa, levaria ao mesmo oompoÍtamento que uma por$o de
possibilidades vagâs e mais variadas que constituem realmente o seu estado de
expectativa quando ele chega à sua decisão." (7. G.,p.24,n.3)
Estas estão esboçdas na T. G., p,24, n. 2.
"As decisóes ex ante em sua influência sobre a demanda efetiva se relacionam
exclusivamente com as decisó* dos empresárrbs. " (Notas para a conflerência de
Keynes em 1937 , E. C. XIV, pp. 182-183. O grifo é de Keynes.)
Kregel (1976) enfatizaeste ponto. É pena que Keynes não o tenha desenvolvido.
Ver Capítulo 2.
O principal argumento équeo investimentoé pelomenos paralelamentefinanciado
pelos lucros correntes,e os lucrosvariam certamentecom onível atual de atividade.
Adverte-se o leitor de que toda a matéria da referida nota permanece uma questão
em aberto e que, pam os objetivos do momento, Ítáo é tão importante.
Esta dificuldade é que tem dado origem aos problemas suscitados numa série de
artigos publicados nos anos Íecentes, parte dos quais são os citados na nota 8.
Só porque não se pode explicar algo não significa que não exista ou não ocorra,
embora a tentação seja acreditar que não exista.
l5
É dada, seguinte justifi cativa:
"Será muitas vezes prudente omitir uma referência expresse â expe ctativa de curto
pram-(isto é. expectativas de demanda pertinentes a decisóes de produção),
mnsiderando que, na prática, o processo de revisão das expectativas de õurto piazo
é gradual e contínuo, levado avante geralmente tendo em mente os resultados
realizados; de modo que os resultados esperados e realizados se conjugam e se
sobrepõem mutuamente em sua influênaa." (7. G., p.50)
A dificuldade expressa por Patiúin foi exatamente o que de-u origem à-Iri de Say
na fom12 examinada nã capítulo anterior. Hawtrey (1955), pensandolambém
diretamentenonível agregaão,achaigUalmenteimpossívelconsiderarademanda
agrcgada e a oferta agÍegãda como funioes que não sejam idênticas'
91
paÍa os bens que não têm neúum mercado no sentido comuÍn, por exemplo, "o
mercado do diúeiro". Os "mercados" (no sentido dos economistas) de mercado-
rias são classificados segundo duas características: o modo como os preços são
fixados e o número e tamaúo das empresas na indúshia. Esta última foi
identificada com a "estrutura competitiva" da indústria: muitas empÍesas =
"concorÉncia", poucas empresas = "concorÍência imperfeita", e, nesse caso, a
"concorência" cedetereno ao oligopólio, ao duo$lio, ao monopólio, mesmo que
as indústrias com poucas emPrcsas Possam ser as mais encarniçadamente
competitivas de todas. Esta identifica$o é evitada pelo termo "polipólio", que
significa simplesmente "muitos vendedorcs".
- Emteoria econômica, há dois tipos de mecanismos de fixação de preços:
diz-se que os pÍeços são fixados "pelo mercado" ou pela§ empÍesa§, quando
estas têm "algum poder de monopólio". Estando este poder identificado com
o tamaúo e ó número de empresas na indústria, a fixação de preços é negada
às pequenas. Diz-se que as Pequenas empÍesas "têmpela frente" e "adotam"
pÍeçoa estabelecidos pelas "forças impessoais do mercado", cuja natureza e
modo de operarsáototalmente inexplicáveis. Afixa$o depreços é deixada por
conta do "mercado", porque neúuma emPresa é suficientemente grande para
influir no preço através de suas próprias ações.
Diz-se que o preso é estabelecido pela "oferta e procura"; examinemos
o que isto significa. No tratamento habitual dos livros-textos, cada empresa
"adota" uma série de preços possíveis de mercado e, pela maximização do
lucro, dados seus custos e estes Preços, deúermina a sua curya de oferta. O
agregado das curvas assim derivado, a "curva de oferta do mercado" é então
ónfiontada ooma curva de demanda do produto e o preço é determinado com
a ajuda de consumidores bem informados e o interesse próprio das empresas
de algum modo que é, superficial e intuitivamente, atrativo, mas não tem
nenhúma base nasinstituiçoes ou no coúecimento disponível aos paÍicipan-
tes do mercado.
No mundo real, ospreços são sempre estabelecidosporpessoas, nãopelas
forças impessoais do mercado: varejistas, atacadistas e corretores. A qlestão
do númerô de empÍesas na indústria e de como interagem é totalmente distinta
do mecanismo de fixa$o de pregos. Mesmo um vendedor ambulante numa
feira tem que fixar seus preçrs - quem mais o fará? Naturalmente os preço§ na
feira não são extremamente distintos de uma barraca para outra, mas o próprio
mercado não pode estabelecê-los. (Quem fixa os seu§ pÍeços em primeiro
lugar? E como o faz?) As grandes empresas podem ter que "adotar" preços de
atÀcadistas ou varejistas, de empreiteiros ou corretores, emmercados organi-
zados. Estes fatos dissociam o polipolio da "tomada de preços"'
Quando sereconsidera a versão dos livros-textos sobretomada depreços,
apresentam-se anomalias..Diz-se que a curva de oferta é derivada da utilização
dôs preç.os "dados pelo mercado". Estes preços, por§ua vez, dependemda soma
93
Pú
Qo
G)
&)
Figura 5.1
96
"=l!n
lnl-t
onde lrll é o valor absoluto da elasticidade da curva de demanda no ponto
pertinente.5
I 99
produ$o, que forne ce o vínculo entre O e.f[e desse modo determina a divisão entre
P e Q é omitida. Não significa que a divisão seja indefinida ; muitopartbularmen-
te, não significa que uma mad.ança incida apenas sobre P ou Q segundo o capricln
do teórico, como geralmente se acredita.
(Vale a pena fazer uma digressão para ressaltar que a razáo pela qual se
tornou uma cÍença geral que a úeoria de Keynes é exclusivamente de ajustes de
quantidade tem relação com a total omissão da curva de oferta agregada, na
versão IS-LM da teoria keynesiana.E)
O transporte do espaço P, Q pan o espaço ry, N foi demonstrado
algebricamente no capítulo anterior, considerando a pequena empresa como
típica numa economia produtora de uma "mercadoria composta". As ctwas Z
para empresas que não são pequenas assumem a forma
,,-#t*, (5.1)
Custo de Uso'.HÁ uma restri$o a este procedimento, que tem a ver com o fato
de quetanto a demanda agregada quanto a oferta agregadasão custos líquidos
de uso.
Étendência pensarno custo de uso emtermos de desgaste de equipamen-
to de capital. A idéia era mais geral, abrangendo esse elemento do capital que
se consumia mais completamente no processo de produção: as matérias-
primas. Na medida em que estes e outro§ elementos dà custô de uso, tal como
peças de reposi$o para a maquinaria, são fornecidos pela produ$o atual de
outras empÍesas, eles não se incluem na demanda ou oferta agregada. Se nada
mais, a alta dos preços do petróleo nos meados de 70 mostra que, embora possa
ser difícil lidar com o custo de uso, ele deve ser inúegrado na macmeconomia
pad{o. Como as coisas estão, o lado da oferta total é igrrorado e quase ninguém
ouvir falar de custo de uso.
Da exposi$o do Capítulo 3 pode-se compreerder poÍ que isso foi
ignorado: é um conceito difícit. E o tratamento adequado em termos de Z e D
é ainda mais difícil:
hopriedades deZ
Z e Salárbs
w
w,
w1
w3
w2
w1
'r*l
'4w
0NoN,N,N3N.N5
Figura 5.2
A Inclinação de Z
Ial
105
produzir do que fazê-l,o nessa escala. AEscala II é una escala que dá prejuízo,
onde a produ$o prosscguirá por ternpo limitado.
Para a empresa maior, no erúanto, paúc da Escala I se torna frctível no
curto prazo (Ib,Ic da Fig. 5.a) e pode até ser factível na longo prazo (Ic).
rendinrentos crtscntes podem sér uma possibilidade.
G
Quanto às constantesÁYc eMC, rnostramos quc úo é necessário haver
incompatibilidade da p€quena €mpÍesa com os custos constanúes, pois a
dema nd a que a pcqueni empresa enflenta nã ose estende i ndefinidamenie
pa ra
a direita, exceto para as situaçóes passageiras em que ela reduz preços,
mas
antes começa a dcclinar, quando a demanda do nrercado .e dirriáe errtre
emprcsas da indústria.11
Mas os que questionam o exemplo cmpírico tanto para custos corrstantes
quanto para um grau de.poder de rnonofflio devem encaÍar o fato de que, se
as empresas foremmaximizadoras de lucros, os preç!§ subirão *"r-o qu" *
rendimentos sejam corstantes pois o iilervãlo entre MC e a deáanda
-
(espenda) estará continuamenúe cresccndo
Isto constitui o ponto fundanrcntal: o desenvolvirnento dos preços
d1rr1rc a expansão nada tem a vcr com ATC
Qtara uma empresa'maxi_
luzadgra de lucros) e sim com AVC apmt quàdo AVC detàrmm MC.
Quando Á vc úo é constante, neúu ma produçãó é hcrativa onde MC nã o está
subindo. A única possibilidade de quãda dõs preços com a ampliação da
dernanda é qrle a elasticidade da demanda caia su-ficiéntemente para'contot"-
lanEr a subida de MC, Eles podem permrneccr constantes, se fcompensação
é exata. preços podemtambémse manter cor»tantes n.s p"qu"n", ômpÍBsas
-os
comÁYC's corutantes, se tais existirem.
o argumento criou um bocado de dific,rdade, como sc a eskutura de
custo determinasse inteiramente os preços em todos os casos, csqueoendo que,
para "se mover ao longo de urna curva de custo", a demanda espãrada tem que
estar aumentando. E é a curva de custo rza r ginal, nãoATC ou mesmoÁ yC, que
introduz (e nas pequenas empresas determina) os preços.
Z e Distribuiçdo de Renda
Figura 5.5
Notas
ieaçfes de oferta podem ser flormuladas no espírito do produtor para uma escala
muito restrita de variaçáo de demanda.
t07
s MR=P+Off
-d8
IP
-p+e?_)
tlQ
onde q é definido como negativo
MR = P(l+ l)-.,u
rl'
7 MR= r:un=,|!l un.
P=1+ (1/r) t-(t/lnD lnl-t
6 Stigler (1966, Apêndice B) apresenta uma demonstra$o formal da relaçáo entre a
elasticidade da curva de demanda de uma empÍesa e o seu tamanho relativo, no qual
a influência da hipótese das mudanças simultâneas nos preços t1m!ém é patente.
É uma pena que este tratamento não tenha se tornado parte do modo de tratar padrão
dos livros-textos.
7 Alega-se muitas vezes que istonão pode ser feito. Tudo que é necessário,no entanto,
é a hipótese de que a empresa não controla ou manipula a demanda (isto reduziria
uma série de níveis hipotéticos de demanda a uma curva de demanda e reduziria a
oferta a um ponto, ao invés de uma rela$o), e de que o efeito da interaçáo entre
empresas nas indústrias oligopolistas pode ser explicado pela estimativa da
empresa de sua própria demanda.
Sem Tarshis (1979) eu não teria, de nenhum modo, percebido claramente este
ponto.
Alguns autores acreditam que Z deveria passar pela origem. Embora seja verdade
que não haverá produ$o se não houver emprego, esse raciocínio não é suficiente.
Asoma dos custos fixos indicará o ponto de viabilidade de longo prazô da empresa,
mas essepontonão tem nenhuma importância para oPrincípioda Demanda Efetiva.
APÊNDIcE Ao cAPíTULo 5
DerivoçÕo do
Demondo de MÕo-de-Obro
'z{vv)
P.qN)
ftgura 5A.1
resulta das expectativas de demanda dos produtores pelo pr« duto, expectativas
que dão.oponto pertinente sobre z; assim, a cutva e a"rivada da faixa
"o.'.ptôt"(pan umtrataÍnento
depossibilidades de demanda de produb que delineiamz.
neoclássico contrastante, veÍ lro apftulo 13 o exame do modelo Ií-LM
desenvolvido.)
Mostramos como.l[D (w/p) pode ser derivada de uma ifirreA Z,mas não
é necessário restringir--se a um daão salário: wlp é awnasr-" oaã. -ego"-
se, no entanto, do que foi dito que.à[D é inteiramente ditcrminada plos
fatores
que entram em toda família de z's denvada pa-m deúerminada tecnologia.
. se quisermos derivar a relação entre .À[D e w o salário nomiirel
-
deveremos, de fato, utilizar mais dé uma z.A Fig. 5A.1 mostra rpr*. aurt -,
110
A Demanda de Consumo
função da (num certo sentido) renda real do que da renda monetá ia"(T. G.,
p. 91, grifo no original).
O tratamento dos livros-textos padrões não revela nenhuma hesitação:
"real" significa "em termos de produção"; renda monetária é convertida em
"termos reais" (isto é, unidades de produção) através da divisão pelo índice
de preços, ou possivelmente pelo índice de preços ao corsumidor, e esse é o
fim da questão. A falta de confiança de Keynes nos índices de preço e de
produ$o levou-o à formulação que é tão conveniente pelo lado da produção:
o uso da unidade de salário (ou unidade de trabalho) como um substituto
de produção.
Keynes cor»eguiu o que queria a partir disso: a prova de que Zcrescia
mais rapidamente do que D. Mas há pouca dúvida de que a especifica$o
correta, de um ponto de vista conceptual, é a de unidade de produção: os
consumidores querem os bens, e a restriSo à sua posse dos bens é a renda em
termos de bens. Tudo mais é ou uma aproximação ou uma transformação da
função original. A transformação de uma hipótese em unidades de produção
para unidades de salário requer defla$o pela taxa de câmbio entre produção
e trabalho, a saber, o salário real. Assim, se se presume que a relaSo entre
consumo e renda real em unidades de produ$o é linear como na equação
7_-Co
v*- - a *5Yo
*p-W.',p 6.2,)
... A renda real de [um] homem subirá ou cairá com o montante do seu controle
sobre as unidades de trabalho, isto é, com a soma de sua renda medida em
unidades de salário; embora, quando o volume agregado de produto mudar, a sua
renda real suba (graças à influência de rendimentos decrescentes) menos do que
proporcionalmente à sua renda medida em unidades de salário. Como uma
primeira aproxima$o, portanto, podemos admitir sensatamente que, se as
unidades de salário se alterarem, as despesas de consumo correspondentes a
determinadonível deempregomudarão,como os pÍeçrs,na mesma proporçáo...
(7. G., pp.9l-92)
t16
Nas três últimas liúas, ele propõe qtePCJw, que (6.2) mostra serC,
é invariável com relação a mudanEas na unidade de salário" Estas liúas
parecem contradizer a hipótese de rendimentos decrescentes levantada pouco
antes. No Capítulo 19, ele admite, de maneira semelhante, que os pÍeços
acompaúam as mudanças de salários deixando inalterados os salários reais.
O que foi dito acima torna claro a hipótese necessária para que C-(Ir) seja
um substituto perfeito de Cr(Y): os salários reais fixos. Essa hipótese é
restritiva demais paÍa a análise dos microfundamentos da demanda de
consumo. Por isso, retornamos às unidades de produto. O que pretendemos
demonstrar a seguir é o carátet preciso da interação entre a determinação da
oferta de trabalho e os planos de consumo. Como estamos lidando corn a
formação deplanos, a "renda" étomada como significando renda dasunidades
familiares, e o papel da distribui$o da renda agregada entre estas, enquanto
se ignora por oÍa a conta de salário, as emPresas, como lucro.
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///
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tÍr
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1-. (n
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bÁ, iré
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à0
I I
z
z
z
z
ã
zI
119
z-
c"
NU NE
(b)
Figura 6.2
tzt
A Distribuiçõo da Renda
o Y
Figura 6.3
Ahipótesedequeafirn$odeconsumodelongoprazodiferiadad,ecurto
prazo foi àefendida àmpiricamenrc. Kulets, em siufamoso estudo (1946),
utiliro, médias móveis de dez anos de dados desde 1869 a 1938 e encontÍou
uma fun$o de consumo de longo prazo da forma
CLo = bYo
umafun$osemnenhumaintercepta$osignificativaeumainclinaçãomais
acentuada do que as encontradat patà funçoes adaptadas a dados anuais'
compreôndeu_se al'simque ima função de curto prazo da forma didática
t27
cso= a + bYo
Figura 6"4
também ignora
técnico de "lo ngo ptazo" com "um lon go Pfizo de anos", mas
o fato de qu"-Kôyn"t na verdade se ocupa, em muitos pontos' com a§
prazo em ambos
i*púiã",i à, suífunção de consumo formulada no longoCapítulo 17. Basta
os ientiáos. Umestudo áetalhado disso deve aguardaraté o
que o trabalho teórico e-empírico ofereceu uma esperança contÍa
Oirtt
"qui uma projeção y*9 tunção.de curto
;;;;ú-J";essimismo a que conduz. 9"
desÀa projeção é uma estagnaçáo
frãro puo á futuro - pois à conseqüência
-
- longo
de - prazo.
ú*'urpecto da teoria do consunro que, pelo que sei, nunca foi examinado
seria de
empiricamente e que, tendo em conta õ quã se árgrmentou acima'
é se as diferengs sistemáticas no comportamento
de oonÍiu'
Ã'na" interesse,
il;;ü;;;;;rd" com as -üdroçrr de renda resultantes de mudanças de
deste capítulo'
;ptd;, salários nominais ou pr"çó.. o trabalho noeminício
relação à origem da
il;ãã;; ;. resultados poaem nao ser invariáveis
nrudança.s
Investimento
I
oinvestimeniucoí§;ituiosegrndocomPonentedafirnçãodedemanda
agregada.
t29
o tratamento da demanda de investimento, na Teoria Geral, tecr]*u
muitas cíticas, nem todas elas, parece-me, bem aceitas. A teoria apiesentada
pot Keynls é tal que pode ser tiatada de maneira simples, mas é, à meu ver,
bastante fecunda. Ela depende da distinção entre á avaliação do capitai
existente e o preço pelo qual o novo capital pode serproduzido lücrativamente,
e entre a taxa de retorno do equipamento de capitai e a taxa dejuros
que a teoria neoclássica muitas vezes confrrndé. -coisas
Figura 6.5
131
ê tÍi
àl"3
onde íÍ é o lucro. O valor residual, se houveÍ, é adicionado, descontado de
(1 + r)'para obter o valor da máquina, a §eÍ compaÍado com o seu preço.
Poder-se-ia fazm a comparaçáo por outro método, que, se §e espeÍa que
ataxa de juros seja constante, é equivalente. Comece, como antes, como fluxo
previsto ãe lucros e o pÍeço do novo equipamento, P; mas, em lugar de
àescontar o fluxo de luõrospela taxa de juros de mercado, ache e§§a taxa de
desconto, d, que igualaÁ P*ao valor atual do fluxo de lucros; ista é' resolva
a equação seguinte pata encontrar d:6
aoL -t?=t(7+r)'
J[,
* o termo ,,finance" significa crédito de curto prazo criado pelos bancos comerciais
para financiar a produ$o ou o investimento. (N' do T')
t32
Tabela 6.1
Ano 1 2 3 4 Total
Lucros (II) f100 ,100 [ 100 t100 t400.00
Juros sobre II1 10 11 t2.1 33.10
Juros sobre il2 10 11 2t.00
Juros sobre II3 10 10.00
Í.464.10
Desembolso §.3t6 316.00
1148.1 0
Tabela 6.2
Ano 0 1 2 3 4Resíduo
Lucros J100.00 1100.00 f100.00 J100.00
Juros 31.60 24.76 17.24 8.96
Reembolso do 68.40 5.24 82.76
7 89.60
Principal
Principal f316.00 247.60 t72.36 89.60 f.t.44
Pendente
Agregação
qt
o
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il
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6!
L
à0
§§
râ c.l
§ §
ÊÉÊ O \n
t36
ta.is extremos sejamnecessários apenas para uma coerência lógica absoluta que
ninguém tem o direito de esperai em rira"roe"onomia.
Quando os nrodutores de bens de capitar avaliam realmenúe, de maneira
correta, a demanda de investimento, a côncretização de suas condições de
gferta no plano de demanda de investimento agregado significa que a
Objeções
Tabela 6.3
].a4 f316
2a5 Í288
3a6 f262
4a7 f238
5a8 f217
138
(É
ào
*r o9
Eõ
-Oo
H'c,
ti
t--
U)
140
Expectativas
\l
Figura 6.8
Notas
Por exemplo, num período de estabilidade, eles podem esperar que os preços e
salários de amanhã sejam os mesmos de hoje.
Há soluçóes múltiplas, que podem ser enfadonhas. Ver Johnson (1971, pp. 38-9)
para um exame simples.
Este nome talvez não seja feliz, pois fomenta confusão entre dois conceitos, a
eficiência marginal do estoque de capital (que, em princípio, pode ser medida para
qualquer nível de estoque de capital) e a eficiência de um acréscimo do estoque de
capital existente. Pergunta-se como surgiu a confusão: o contexto, acréscimos à
margemdoestoque decapital,historicamentedado, éclaro oomoágua. No Capítulo
17, onde a hipótese de curto prazo é relaxada, e permite-se o acúmulo de capital,
o primeiro conceito enha em jogo, mas apenas na medida em que os dois conceitos
dão o mesmo resultado.
t46
úo pode ser extremamente importante para o debate com a teoria clássica ou ruo
poderia ter sido postergada para o Capítulo 19.
Os que enfatizam as modifica@es da teoria clássica, necessárias para
levar em conta as grandes empresas e os sindicatos, são contraproducentes
para os objetivos do momento. Embora não se possa pôr em dúvida a
peÍinência empírica dessas modifica@es, elas devem perütneceÍ como
razões adicionais pelas quais o modelo clássico não é válido, pois Keynes
aceitou inteiramente, para fins teóricos, a microempresa e a família, justamen-
te para enfrentar a teoria clássica em seus próprios termos. Não enfrentar uma
teoria em seus próprios termos é simplesmente evasivo.
Assim, por mais penoso que seja, deve-se insistir na questão, pois toda
a estrutura da Teoria Geral depende dela: a perturbação dos hábitos de
pensamento estabelecidos nã o é desnecessá ria.
A atribui$o das conclusões de Keynes aos pontos mencionados não é
apenas uma rea$o instintiva à ameaça às modalidades instituídas de per»ar.
Grande parte da culpa reside na pópria exposi@o de Keynes. A argumenta$o
contida rn Teorin Geral engloba não apenas inferências sobre o comportamento,
traseadas na observa$o empírica, mas lambémproposi$es teóricas. que não são
apresentadas de maneira adequada. Alémdisso, nemsempre é claro se Keynes está
falando de observações reais ou de tabelas que representam planos.
A estrufura de sua argumentação, na realidade, é a seguinte:
(D Acurva oferta demão-de-obra da teoria clássica está aberta ao desafio.
de
G r) Mesmo que aceitemos a curva de oferta e a estrufura do equilíbrio parcial
da teoria clássica, os salários serão descendentes e o emprego nem
sempÍe é pleno porque o mecanismo de ajuste presumido na teoria
clássica não está, de fato, presente na indústria moderna.
(III) Seja como for, a estrutura de equilíbrio parcial é inadequada.
Obstinadamente, porém, ele apresentou (II) depois de (I), e (III) não
aparece até o Capítulo 19. Se (III) fosse válida, tornaria desnecessária a
discussão de (I) e (II), não fosse pelo fato de não se poder esperaÍ que o
comportamento das pequenas empresas não leve em conta os efeitos
macroeconômicos de suas ações: isto não ó um modelo de informa$o ou
previsão perfeitas. É aqui que a perturbação desnecessária dos hábitos de
pensa mento arraiga dos criou tanta difi culdade.
No que vem a seguir, (II) é discutido em primeiro lugar, em seguida (I)
e, finalmente, o quanto (III) pode ser apresentado, seminicialmente examinar
os aspectos monetários da teoria. Estaremos nos afastando consideravelmente
da exposição de Keynes a fim de remediar as deficiências mencionadas,
embora, neste capítulo, não saiamos de seu quadro de referência. No próximo
capítulo, a argumentação será desenvolvida além do tratamento de Keynes,
numa tentativa de levar em conta características importantes do mercado de
trabalho dos nossos dias.
147
Figura 7.2
150
a demanda (e, por conseguinte, o preço) que esperam. Assim, para qualquer
salário dado, teoricamente, eles querem nem mais nem menos do que o valor
apresentado pela curva de demanda.
de inclina$o ascendenüe indica que salários mais altos atrairão as pessoas para
o mercado de trabalho e as estimularão a ofereceÍ maior número de horas. Os
salários mais altos pode nr, no entanto, teÍo efeito contrário: podemfomenüaruma
quantidade maior de lazer, seja menos horas de trabalho pam os que pennanecem
empregados (aproveitando assimo efeito da renda dos salários mais altos), seja a
retra$o dos opeúrios subordinados, quando os principais recebem os salários
mais altos. Se ocorrer esse resultado, a curva de oferta de mão-de-obra apresenta
inclinaSo descendente.
O ponto de inÍlexão da curva, se tivesse que ser determinado, seria uma
medida da forçanaíxima detrabalhoobtenível, eestevalorpoderia serconsiderado
"pleno emprego"; ele é, de fato, o úvel de satisfa$o pleno de emprego: nada, pelo
menos ruda pecuniário, convencerá ninguém a trabalhar horas extras. Poucos
sugeririam que a economia fosse organizada no sentido de satisfazer o desejo de
trabalharaté esteponto; uma meta menos utópica seria opleno emprcgono sentido
de um ponto da curva de oferta de inclinaSo ascendente.
Opleno emprego numnível abaixo da satisfaSo éumconceito razoável:
e depende do salário. Para começar, a idéia de desemprego voluntário depende
da sensibilidade ao salário, e sem uma idéia clara deste conceito é difícil
compreender bem a idéia de emprego involuntário de Keynes, ou mesmo poÍ
que ele fez um grande esforço insistindo em sua existência"
Aescola clássica ... [argumenta] que... esta situação se deve a um acordo aberto
ou tácito entre os trabalhadores para não trabalhar por [salários nominais]
menores] ... [Tal] desemprego, embora involuntário na aparêncian rigorosamen-
te não o é, e deveria serincluído na categoria acima de desemprego'voluntário"
devido aos efeitos de negociação coletiva etc.
(7. G., p.8)
wo/P
w'/P
Figura 7.3
A Negociação Salqriql
trabalhar e a seÍ pago, eÍn alguma mercadoria ou diúeiro, seja feito. Além
disso, o valor real do salário paÍa o empregador pode depender de um conjunto
inteiramente distinto de mercadorias (a ideal integral de "lucros reais" é tão
vaga que raramente é discutida). Assinl a negocia$o do salário real deve não
apénai acomodar-se ao tempo, mas também conciliar objetivos discrepantes"
Isto foi obtido na análise de Walras (1926) por um e§quema inteligente
de ticlçets de produto potencial, anotados pelos empresários em resposta a um
vetor de salários e preços de produto sugeridos por um órgão central coletor de
informações ou "leiloeiro". Pergunta-se então aos trabalhadores se eles
comprariam os bens representados pelos rickers pelos preços fixados, con-
sideiando o salário oferecido, e se se disporiam a trabalhar o número de horas
necessário para fabricar os produtos especificados. Até gue a resposta seja
"sim", não ocorre nenhuma produSo.
Emtermos da estrutura temporal de produSo, portanto. os tbke* são um
esquema para evitarum comprometimento prévio de recursos e umpacto depagar
salãrios até que as vendas estejam asseguradas. Desse modo. os pontos inicial e
final de um peíbdo de produ$o são conciliados e os lucros esperados no começo
podemser confirmados antes que se inicie o trabalho. O tempo se reduziu a um
único ponto. Isso é o que é necessário para um pacto no sentido de fixar salários
reais. Ô significado da ilusão monetária vinculada à não negocia$o no sentido de
um salárió Íeal torna-se também claro: o indivíduo sofre de "ilusão monetária",
senãosabeo resultado no finaldopeíodo deprodu$o. Ailusão monetária é, nesse
sentido, algo menos do que a previsão perfeita"
Keynes não admite uma previsão perfeita Por parte de todos na e,cono-
mia. Em iua teoria a previsão é parcial: admite-se que as empresas avaliem o
nível geral de demanda corretamente.a Mas esta hipótese foi formulada apenas
poruma razáo tática, como se explicou. Não tenciona ser uma descrição realista
ão ambiente em que as empresas tentam atuar. O procedimento é o de compor
estimativas no início do período, considerando custos e compromissos de
produ$o, e descobrindo o seu lucro no fim. A demanda de mão-de-obra por
ãeterminado salário nominal, para uma empresa que compete para maximizar
os lucÍos (que Keynes admitia), é fornecida pelo produto marginal do trabalho
(um conceito "real") avaliado ao preço a que se espera seja vendido o produto
desse trabalho - o "produto de valor marginal".
O número efetivo de empregos oferecidos é dado pelo ponto d e Demanda
Efetiva, mas mesmo esseponto é dependendodo salário. Portanto, a§ erhpresas
devem fazer alguma estimativa do salário; a hipótese mais plausível, se as suas
demandas de úo-de-obra foram atendidas no último período, é que o salário
de ontem persistirá. vamos dizer que as expectativas de preço das empresas
156
w/P
o
Figura 7.4
Essas "Forças'n
[A] teoria clássica admite ser sempre possível aos trabalhadores reduzir o seu
salário real mediante a aceita$o de uma diminuição de seus salários nominais
,., lpondo], se guiserem, os seus salários reais em harmonia com a desutilidade
do volume de emprego oferecido..,
Q. G.,p.ll)
É esta proposi@o que Keynes rejeita, embora não dê ma iores explicações sobre
as suas razões.
Uma possibilidade é simplesmente que ela contraria o princípio de que
asofeÍas de trabalho são feitas pelas empresas e os trabalhadores as aceitam
ou rejeitam. Embora verdadeira (e importante), basear uma refuta$o da
oÍodoxia estabelecida sobre este argumento seria um pouco arrogante mesmo
para Keynes. É melhor perguntar-por que, de fatoi seria do úteresse dos
trabalhadores exerceÍ uma pressão no sentido de baixar os salários. Não é
adequado responder: "para conseguir se empregar". Não se deve esquecer que
alguns "deles" já estão empregados. Os empregados e os desempregados
constituem dois grupos de trabalhadores cujos interesses não são os mesmos.
Os que têm ou conseguiram empregos poÍ um salário acima da sua
desutilidade marginal de trabalho estão muito bem obrigado; estão obtendo
algo semelhante ao superávit dos consumidores. Seria pedir uma dose muita
grande de "solidariedade" sugerir, particularmente no mercado atomístico da
teoria clássica, que os empregados aceitassem salários menores em ptoveito
dos desempregados, uma vez que os trabalhadôres não afuam coletivamente.
Três razões têm relação com a posição dos desempregados:
158
são as questões importantes e uma teoria que não pode analisar as trocas deve
ser vista, quando muito, como irrelevante e muito provavelmente enganosa.
NE
Figura 7.5
empresa paÍa a qual se trabalha não tem nenhuma responsabilidade pelo úvel
geral de pÍeços dos bens de consumo, e não pode afetá-los diretamente. Uma
elevação seria dificil de negociar, num período de desemprego, de modo que
mesmo que se deplorasse uma queda no salário real, provavelmente o aumento
deveria ser aceiü0.
A assimetria da reação a mudanças de salários e preços proposta por
Keynes é, naturalmente, mais provável que seja válida, quando as mudanças
nos preços são pequenas (como Keynes ressaltou) e quando se observa que os
preços tanto caem como sobe m. E difícil, com a nossa própria experiência, de
preços subindo continuamente (embora a taxas que variam), apreciar este
último ponto. Se tivermos que compreender Keynes e alterar convenientemen-
te asuateoria, devemostentar. Lrmbre-se, combase no Capítulo 1(Tabela 1.1),
que os pÍeços na década de 20 foram forçados a cair de maneira bastante
acentuada devido (ostensivamente) a uma libra estrível e que os preços
continuaram a cair à medida que a depressão se aprofundava. Desse modo, a
expectativa projetada com base na experiência imediata não seria algo a que
o trabalhador provavelmente se opusesse.
Consideremos também uma perspectiva de um prazo um pouco mais
longo - o tipo de experiência que poderia estar mais profrrndamenie embutido
na expectativa coletiva de uma sociedade do que a que a expectativa de uma
década ou tanto écapazde inventar.
A Tabela 7. 1 apresenta dados sobre preços desde as Guerras Napoleônicas
até a Primeira Guerra Mundial, calculados na média dos ciclos. Pode-se ver a
influência das guerras, assimcomo as flutuaSes cíclicas, mas a característica
rnarcante dos longos anos de paz ent'rre as duas é que os preços se elevam e
baixam em ondas longas. Não teria havido nada do tipo de expectativas
baseadas na experiência de umindivíduo e na das duas gerações precedentes
- o escopo mais comum de comunicação direta - que sugerisse qualquer
tendência secular de preços em qualquer direção. Assim, a não ser que fosse
óbvio o lugar de alguém, na virada cíclica, não seria nzoâvelespeÍaÍ que os
pÍeços fossem relativamente estáveis ao longo do peíodo em que um salário
fosse estabelecido.
Na década de 80, temos uma visão muito diferente das coisas. As
negociações salariais no decorrerda década de 70, umperíodode significativa
inÍlação, mostraram, de maneira previsível, pouca aquiescência à erosão dos
salários reais por via da mudança nos pÍeços, mesmo com o elevado nível de
desemprego prevalente. A proteção da posição relativa de alguém num
período de inflação contínua implica, necessariamente, o fato de que as
expectativas de preço são levadas em conta por ocasião das negociações
salariais. No próximo capítulo, traturemos mais disto e da questão conexa da
ilusão moneúria.
165
Tabela 7.1
Pryç* doRU: Médias dos Ciclos
Inüce de keços no Atacado
1913 = lfi)
t847-53 96 1908-13 93
o
Figura 7.6
oQoQ,
Figura 7.7
O Argumenro Clássico
lucros. esperados são rlBFG. Mas a demanda realizada é menor que Do numa
quantidade indeterminada. se ela cai abaixo de Dr, nem mesmo os"lucros
normais se realizam portanto, u.. {r" a expansão pode até
mesmo faler com que"mQr.É,fárcil,
esta empÍesa fique numa situação pior do queãntes do
corte salarial, embora isto também possa não ocorrer. o resultado é bastante
incerto. O glg! certo, no entanto, é que os lucros serão menores do que os
esperados (HBFG), e que ocorrerá um afastamento de er.
ONo
Figura 7.8
Notas
Taylor (1976, p. 14) chama isso de "visão de capacidade". Ele a adota e não parece
sentir nenhum remorso em fazêJo.
O Primeiro Postulado
Figura 8.1
Salórios Rígidos
178
Negociaçáo Coletiva
Figura 8.2
caso, pode ser demonstrado que uma empresa racional talvez concorde em
contratar mais do que o "máximo" indicado pela curva de demanda.
Com o objetivo de melhor entender este fato é que desenvolvemos as
linhas de isolucro. Todas as posiçóes sobre a curva de demanda de mão-de-
obra representam soluções maximizadoras de lucro, dada uma quantidade
fixa de capital, mas cada ponto sobre a curva representa wnível diferente
de lucros. Para um determinado úvel de demanda do produto, o preço do
produto é dado; portanto, tanto o produto quanto os produtos sobem à medida
que a mão-de-obra se torna mais barata, deslocando-se para baixo ao longo
da curva.
Escolha-se agora um ponto sobre a curva de demanda na Fig. 8.3,
digamosA. O lucro máximo nesseponto étuo, dado o salário wo. Omesmo úvel
de lucro pode, no entanto, ser atingido também por outras combinações dey'{
e w. Se menos mão-de-obra do que-À[oforempregada, oproduto e, conseqüen-
temente, a receita serão menores; assim, para que os lucros se manteúam,
os custos também devem ser menores. Uma vez que sabemos que os pontos
ao longo da reta w64. e à esquerda de Á acarretam lucros menores do que no
pontoÁ, também sabemos que a reta de isolucrg deve ficar abaixo de woA: os
custos devem ser reduzidos mais do que o emprego; os salários também
devem cair.
r82
Nr No
Figura 8.3
As Expectativas de Preço
ou se "o" prcço cai de uma meslna quantidade. Há muitas razões para que esta
hipótese seja pouco confiável. O primeiro ponto, e o mais evidente, que foi
contornado nó capítulo anterior, é que as empÍesas e os trabalhadores se
pÍeocupam com preços diferentes. Mesmo que os pÍeços fTtgT considerados
ãxpliúmente nas négocia@es, enquanto elas ocoreremde indústria emindús-
triã, apenas emalgunspoucos casos a negocia$o se relacionaria diretamente com
um númeto suficiente de bens-salários paÍa ser significante, e somente se a
negocia$ofossefeitaemtoda aeconomiapoderiaumacordosobrepreçosgarantir
osébmentos confroláveis do salário real. (Supóe-se que os preços das importa@s
estão além do controle das partes em negocia$o.)
Na falta de um mecànismo para a negociação de preços, bem como de
salários, qualqueridéia de salário real envolveumaprevisão depreços,pois são
os preçorãbtiàos cpós o recebimento dos salários que determilam o valor real
doialário. Na teoria clássica, a previsão não representa problema: a teoria se
aplica a um mundo de "tranqüilidade", onde os preços são o-que têm sido por
aigumtempo e espera-se, comalguma ceÍteza, que se mantenhamestáveis'eOs
prãços esperados e os preços reais são efetivamente os mesmos, de forma que,
ão firu, o salário nominal, estabelece-se o salário real. Na Teorin Geral, em
contraposição, o futuro é inceÍo. Portanto, embora o desejo de oferecer
trabalúo se baseie necessariameÍúe no salário real esperado, na estlutuÍa
keynesiana o úvel efetivo de preços que surge pode surpreender-os_trabalha-
doies (favoravelmente ou não). A negocia$o do salário nominal não estabe-
lece o salário real.
Por conseguinte, não há incompatibilidade entre aceitar o ata=que de
Keynes à afirmaiiva clássica de que a interação entre empresáriose trabalha-
doies poderia determinar o salário real e negaÍ que o ataque dependa da. ilusão
restrição de
-on"üriu na função de oferta de mão-de-obra. uma vez sujeita à
previsão inadequàda, não há necessidade de rejeitar a teoria de que o desejo de
õferecer trabalLo é determinado pela desutilidade do trabalho, embora as
estimativas dos trabalhadores quanto às possibilidades de con§umo garantidas
poÍ uma certa quantidade de trabalho possam não ser exatas e resultar, em
primeira instânõia, no fato de o ponto efetivo de emprego estar fora da curva
de oferta dos dois lados.
Se o nível real de preços se elevar meno§ do que o esperado pelos
trabalhadores, alguns desejariamter oferecido mais trabalho do que ftzetam,
a fimde cons"goío saláriõ real mais alto. É mais provável que este fenômeno
ocorra na fase de desacelera$o, quando os preços tendema seÍmenores do que
os esperados. O salário real efetivo ficará acima das expectativas, se os
trabai'hadores tomarem como sua previsão os pÍeços de "ontem". Quando o
salário real verdadeiro se torna cóúecido (ou se é antecipado), a curva de
oferta de trabalho se desloca para a direita, agÍavando o desemprego, pois,
embora seja fácil retirar do mercado a força de trabalho quando o salário real
7-
185
Notas
Rothschild (1947).
Deve-se lembrar também do tratamento que Arrow í 19"5g) deu at:r descquilíhri.. ni:s
mercados atomizados como sendo semelhante ao fato de as erilpresas teríjm tjm
"grau de monopólio" enquanto o preço não loi "dado pelo mercado". Eu argumen-
taria contra esta terminologia que ela reforçz a identidade, rotalmente desúcessá-
ria e absurda, entre â concorrência perfeita e a tomada rle preços.
É apenas de forma a sua similitude com â curva de olerta da Fig. 7.3, â curva
apresentada como a funSo de oferta de Keynes por aqueles que acreditam que
sapós que os salários fossem fixos abaixo do pleno ernprego (por exempio,
§yn91
Patinkin, 1965). A base conceitual é totalmente diferente.
Como antes, abstraímos os gargalos, que devem ser de fundamelttl importância
prática.
Por incluir um ponto proposto na teoria de pesquisa, não aceito ral tcori3 como
suficiente.
o segmento horizontal é quebrado para preservar o concci tc de curva clc olerla como
um máximo.
Que É o Juro?
juro como o pÍeço dos fundos tomados de empréstimo e enfocar a teoria de sua
âeterminaçãô mediante a observação da demanda e da oferta de crédito ou
fundos emprestáveis, ao invés da demanda e da ofeÍa de diúeiro. Poderia até
mesmo paÍecer, uma vez que o diúeiro ou é retido ou emprestado, que os dois
enfoques seriam equivalentes. Estas são as questões interessantes a seÍem
examinadas daqui a pouco.
Que taxa ãe juios precisamos determinar? A que afeta o investimento,
§e §oubéssemos qual éi a taxa de crédito bancário? Dos títulos de longo prazo?
Ambas as fontes de financiamento são escolhas possíveis paÍa as empÍe§as,
especialmente quando lembramos que o capital produtivo é parte do investi-
mênto. Qual é a relação entÍe estas fontes e os outros ativos que rendem juros,
tal como os títulos dó governo, ou os ativos que geÍamümrendimento similar
ao juro, como as açóes?
Pode-se dizer que a curva de eficiência marginal do capital orienta os termos nos
quais os fundos emprestáveis são demandados com o objetivo de novos
investimentos; enquanto a taxa dejuros orienta os termos nos quais os fundos
estão sendo oferecidos correntemente.
(7. G., p.765)
No que tange aos clássicos, Keynes observou que, embora ele e os seus
contemporâneos tivessem sido todos educados dentro da escola clássica, ele
achava
difícil dizer com precisão ou descobrir uma exposiçáo clara da mesma nos
principais tratados da escola clássica modema.
Ebastante claro, porém, queesta tradi$o considerou a taxa dejuros comoo fator
que equilibra reciprocamente a demanda de investimento e o de.sejo de poupar.
(7. G.,p.L75)
levou à pior das confusóes. Pois os teóricos (neoclássicos) inferiram que deve
haver duas fontes de oferta para se obter a curva de demanda de investimento,
a saber, a poupançâ propriamente dita, que é a poupança com que lida a escola
clássica, zrais a soma que fica disponível com o aumento da quantidade de
dinheiro...
(7. G., p. 183)
t96
De fato, a maioria dos membros da escola clássica levava esta crença (de que
S = 4 longe demais; uma vez que sustentavam que todo ato individual de
aumento da poupança dava necessariamente origem a um ato correspondente de
aumento do investimento.
(7. G.,p.178)
Até onde esse teorema poderia sersustentado, a teoria clássica dava apoio à Iri
de Say comumfitndamento lógico diferente daquele apresentado anterioÍÍnen-
te. Já não é mais necessáÍio aÍgumentar que ninguém trabalhava se não
quisesse consumirtodo o rendimento do seu trabalho. Ao invés disso, o desejo
de poupar é admitido, mas é declarado que existirum mecanismo por meio do
qual a poupança é automaticamente igualada pelo investimento: ou seja, as
variações na taxa de juros. Enquanto este mecanismo funciona, não importa
se a renda é poupada ou gasta: o que é produzido é vendido, se não para
consumo, então para investimento.
Uma das objeções de Keynes à teoria clássica era que ela tÍatava a teoria
do juro de um modo inteiramente não monetário, e, no entanto, o juro é pago
pelo empréstimo de dinheiro. Finalmente, a teoria foi delineada de tal forma
que as conclusões ou conseqüências da teoria clássica perrnaneceram.
Em particulaÍ, a poupança ainda eÍa snterior ao investimento. Este
pod-'ria, confudo, serfinanciadopelo desentesouramento ou pordinheiro novo,
assim como pela "poupança propriamente dita" , isto é, a poupança no sentido
clássico. As fontes e usos de ftrndos são fundamentais para a teoria, daí a sua
designa$o de Teoria dos Fundos Empresúveis. As fontes e usos podern ser
expressos poÍ uma equação:
I+H=S+Áltt (e.1)
Nesse ponto, não há dúvida sobre o lado de que estava Keynes : ele insistia
que sempÍe acontecia de a poupança e o investimçnto serem iguais, mas era
igual e (corretamente) inflexível em insistir na importância do fato de que as
decisões depoupare investirsão tomadas porpessoas diferentes nas economias
ocidentais avançadas. Arazão desta última insistência era prepaÍar o terreno
pa ra d emonstra Í qu e os economista s clá ssicos perpetra ra m um n o n se quitur ao
sugerir que a "poupança " fu i automa tic amente para o investimento. Tampouco
ela éumpré-requisitopara o investimento. Miraculosamente, o seu argumento
prevaleceu, apesa r da enorme confu sã o (o debate s obre esta questá o piosseguiu
nos jornais especializados por dez anos) causada pela sua insistência no fato
198
conceito agregado que teúa a qualidade ceÍa desejada. Talvez só seja possível
dizrr o que a poupança agregada não é.
Reconheeida a falta deuma relação, os enigmas quesurgemna exposição
de Keynes se desfazerq sobretudo a idéia de que a poupança é um resíduo. Se
tal afirma$o for interpretada como relacionada com ações individuais,
baseadas, porexemplo, na assertiva de que"o consumovememprimeiro lugar
nos gastos do homem", enquanto a poupança se ajusta às variações temporárias
ou inesperadas da renda, então é possível dizer que a poupança é um resíduo
apenas durante o ajuste e que a poupanqá genuinamente planejada não é um
resíduo, mas uma decisão tão planejada quanto o consumo. Apoupança é mais,
sem dúvida, de que um resíduo, se interpretada ao nível agregado, onde, como
já vimos, o conceito positivo da soma dos planos individuais de poupança é
insustentável .E;la é definida como um resíduo. Era provavelmente a poupança
agregada que Keynes tinha em mente quando escreveu: "Quanto ao conceito
de poupança ex ente, não lhe posso dar um sentido exato" (7. ,R., XIV, p.zt})
Os Determinantes da Poupança e do Investimento: Segundo entendia Keynes,
a teoria clássica postulava que a taxa de juros era determinada pela poupansá,
que era, por sua vez, positivamente relacionada com a primeira, e pelo
investimento, que se relacionava com ela negativamente. Keynes admitiu a
última relação com um sentimento de ceúezÀ que já não existe mais,6 e, como
vimos no Capítulo 6, não há obstáculo sério para que se desenvolva uma curva
de investimento-demanda agregados a partir do comportamento
microeconômico.
Não obstante, ele aceitou a poupança como função da taxa de juros. Ele
tiúa dois argumentos contra esta idéia, ou talvez três: às vezes ele parecia
aÍgumentaÍ como se uma função só pudesse ter umúnico determinante, e uma
vez que a renda como ele decidira era o determinante fundamental da
poupança, o juro não poderia ter nenhum efeito.
Os dois argumentos um pouco mais sérios eram os seguintes: (I) uma
mudança na taxa de juros tem tanto um efeito "preço" quanto "substifuição",
que altera o incentivo relativo de consumo hojeou no futuro, eumefeito nqueza
à medida que o valor de capital da maioria dos ativos financeiros se altera com
as taxas dejuros. Os efeitos sobre a poupança se dão emdireções opostas e o
resultado não é claro. Portanto, o efeito da taxa de juros não deve ser
importante; (I) ele destacou o fato -evidente a nível superficial, mas que exige
todo o arcabouço da sua teoria da preferência pela liquidez para apoiá-lo e que
tem importantes implicações teóricas - de que as pessoas não apenas poupam
quando acumulam diúeiro ocioso como quando emprestam a juros. Isso
bastou para quebrar qualquer conexão necessdria entre o juro e a poupança,
embora não baste para justificar a falta de importância da taxa de juros na
fun$o poupança.
202
Não importa quão fracas sejamas suas razóes para excluir a taxa de juros
renda -
- e quão desnecessárias sejam, pois bastava afirmar a impoÍância. dajuros não
ele estava então emposiçãô de aigumentar, como o fez, que a taxa de
poderia ser determinada apenas pela poupança e pelo investimento. .
' A exclusão da taxa de juros da ãeciião de poupar (ou consumir) serviu
para aumentar o impacto dramático da sua teoria: § e f eram agora igualados
pela renda; morta eitava a teoria de que S e.Ise igualavupryll taxa de juros.
i{inguém poderia deixar de notar a difercnça. Ela também tiúa a vantagem
de afoiarfôrtemente a sua assertiva deque o investimcntoprod.uziaapouPanç8
e não o contrário.
Antes de tratarmo§ dessa questão, no entânto, deve-se observar gue oS
economistas clássicos eÍam, na ópinião de Keynes, menos que- 9!qs quanto
ao que queriam dizer com taxa de juros. Elei tendiqr a igrraláJa à taxa de
retorno ào capital ou à eficiência maiginal do capital.Keynes fazia uma nítida
distinção entie esses conceitos e a taxi de juros; eles têma mesml impo.rtância
e isto é tudo. O juro é umfenômeno monetrírio; a taxa de retorno do.capital tem
relação com cüstos e receitas da atividade produtiva. Não é difícil encontmÍ
hoje trabalhos onde estes dois conceitos são tratados como idênticos.
quanto à teoria da taxa de juros que sepaÍa aquele debate do conÍlito coma dos
fundos empresúveis.
A "poupança" é um conceito que foi definido de maneira tão aberta que
a sua forma pode mudar com o tempo, embora mantenha o mesmo rótulo. A
teoria clássica iniciou-secomocenário da economia agrícola,onde oarquétipo
da poupança era a semente de milho: a produção não corsumida era uma
nqueza real. (Sendo real, não há problema de agregação.) A renda, a colheita
épredeterminada. Quando o milho é estocado, époupança; quando é plantado,
é investimento. A poupança é feita (um pouco) antes do investimento na
natureza das coisas e só é feita com o objetivo de investir, o que, por sua vez,
está intimamente ligado tanto à preferência temporal de consumo quanto ao
retorno esperado do investimento.
Emtal sociedade, tomar e daremprestado assumia, de modo geral, tanto
a forma de promessa de tempo de trabalho ou de produto quanto de emprós-
timos de dinheiro, e os últimos eram vistos, se realizados unicamente para
ganho econômico, como um modo de participar de um negócio (e assumir os
seus riscos), ao invés de poupança. Pode-se entender por que tanto a poupança
«lmo o investimento eram nitidamente diferenciados e a validade de se igualar
o juro ao retorno sobre o capital.
A revolução industrial mudou pouco a pouco tudo isto. No regime de
propriedade exclusiva ou de pequena sociedade, que eram a forma primitiva
de negócios, grande parte da poupança era feita pelos que investiam - e com
o objetivo de investimento. Uma vez que o empresário precisava de fundos
externos tornou-se possível a divergência entre poupador e investidor.
Só entáo é que se tornou ruzoável discutir a prioridade entre poupança
e investimento. Esó como surgimento de empréstimos, sobretudo na forma de
dinheiro, foi possível diferenciar a taxa de juro, como a conhecemos hoje, da
taxa de retorno esperado da aplicação de recursos num projeto realizado para
aumentar a renda frrtura.
Aprioridade da poupança na teoria clássica nos leva de volta ao início
da sociedade industrial, quando os proprietários e sócios poupavam a fim de
investir em seus próprios negócios e os fundos externos eram tomados
diretamente dos emprestadores através da emissão de obrigaçóes de débito. Os
proprietários ou emprestadores tinham que ter poupado a fim de ter diúeiro
para investir ou empÍestaÍ. A separaSo do ato de investimento do ato de
poupar, poÍanto, não basta para reverter a causalidade clássica..E o emprés-
timo indireto que cria a possibilidade de uma reversão.
^r!o
(a) Esquema de Keynes
--+
C S----r*---- I
(b) Teoria dos Fundos Emprestáveis
Figura 9.1
pensa Í imed iatâ mente qu e os créditos ba ncários de curt o prazo ir-ao aumenta
r,
havendo, poÍanto, mais empréstimos disponíveis.
O que vem a seguir, paÍece-me, teria sido um argumento mais foÍe.
Sendo os ativos financeiros homogêneos, dentro de cada classe, cresceu e
floresceu um mercado de títulos de segunda mão ('de oportunidade'). Um
poupador é de todo indiferente entre ter um retorno de um título já existente
que adquiriu de outremou deumtítulo recém-emitido.eNão obstante, apenas
as vendas de títulos novos representam um empréstimo; o resto são transações
entre os poupadores comuns e os portadores de títulos existentes.
Supoúa agoÍa que aceitamos a visão de mundo da TFE tanto quanto
concordamos com a identificação de investimento comtomada de empréstimo
(não financiamento pela utilização de firndos internos) e de poupanga com a
compra de títulos - que não é bem a mesma coisa que emprestar. E supoúa
que a partir de uma situação de igualdade de poupança e investimento, as
expectativas dos empresários setornempessimistas, enquanto a poupança não
é afetada, a oferta de novos irstrumentos financeiros cai, os poupadores
competem pela oferta existente e a taxa de juros cai, mas nem todos os frindos
poupados financiam o investimento -apenas os que foram usados para
comprar títulos recém-emitidos. O resto é drenado em gaúos de capital para
os portadores de títulos existentes.
Somente se aqueles que obtêm gaúos de capital os gastam em consumo
(no período corrente) a demanda de bens e serviços permanecerá inalterada.
De outro modo, o efeito seria exatamente o mesmo que se o diúeiro
fosse retirado de circulação. E a possibilidade de que alguns daqueles
ganhos, talvez a maioria, sejam reinvestidos em ativos financeiros
parece bastante alta.ro
Bte é o sentido no qual fiz a miúa observação anterior sobre a
simplificação dos dois ativos de Keynes. Um só ativo teria sido bastante;
enquanto houver antigos e novos ativos, o elo direto entre poupança e
fornecimento de empréstimo está rompido. São coisas ao menos semi-
independentes. (Keynes as fez completamente independentes, no que prova-
velmente exagerou.)
Notas
Hicks (193e).
,,... ninguém iluvida qve a curva de demanda de investimento cai com uma taxa
de juros" (7. G., p. 182, grifo nosso).
"re.""nte
uma análise mais extensa das questóes aqui levantadas pode ser encontrada em
Chick (1e81).
mas,
Keynes tem sido ctiticadopelo alcance limitado dos ativos queeleconsiderou,
*áo u"r".or, para fins tãóricos, antes que descritivos, estes podem ser bastante
adequados para formular importantes proposiSes'
procurei usar esta frase para não me servir de stagging,quese origina das emissóes
novas com preços demasiadamente reduzidos.
preçns de
Se todos os pdúicipantes se dessem conta da demanda excedente e/ou os
todos os títulos suüissem simultaneamente, então esperar-se-ia que os que vende-
rarn os seus ativos atuais tencionavam de fato qtilizar os ganhos Para o consumo'
A capacidade que os preços do mercado de títulos têm de inflacionar sugere que o
mecanismo que postulei não é exagerado'
2r3
Ver I-eijonhufuud (1981) para uma reafirmaçáo da teoria dos fundos emprestáveis.
Para uma excelente afirmaçáo "moderna" (isto é, pós-guerra) deste princípio, ver
Hirshleifer (1958), onde o investimento é determinado pela preferência temporal.
A aplicabilidade restrita do modelo inicial é tornada clara em Hirshleifer (1980).
capíruro I 0
lncentivos à Liquidez
(10.1)
Mi-KY
O valor de I depende do padrão de pagamentos dentro do peíodo
de renda;
pagamentos Lconerem-logo após o recebimento da renda' tanto
ouanto mais
;i";;, o uorirtí" médio de diúeiro õm mãos, quando comparado com a
qu.otia.a" A" dinheiro das famílias cujos pagamentos estão mais próximos da
data da próxima renda"
Paraasempresasopadrãopodeserinvertido,apresentandouma
serempagas
formação constante de dinheiro provãniente das vendas diárias a
O Motivo Precauçáo
O Motivo Finance
EmrespostaacomentáriosobreaTeoriaGeralfeiÍoporBeÍilohlin
(fe:z), ieynàs (tambémem 1937) desewolveu umterceiro motivo relaciona-
do com os gastos no que tange ao desejo por diúeiro: o motivo "finance" '
de
Ohlin argumentava qüe a hx"a de juroi dópende da oferta e da demanda
2t9
novos créditos que surgemda poupança e doinvestimento exante.Embora não
a-ceitasse as implicações "clássicas" dessa formulação, Keynes de fato concor-
dava que ele nãodera espaço a uma demanda de moeda como precondição para
o investimento (f.,R. XIV, pp.201-23).
Keynes e Ohlin, porém, tiúam em mente a mesma coisa. Ohlin visava
à demanda de crédito, enquanto Keynes, coerente com suas definições
anteriores, visava somente à demanda de manutenção de moeda
- desta vez
para financiar as despesas não-rotineiras (e, portanto, não propriamente
financiadas pela renda conente) ewltosas (excesiivas para seremfúanciadas
pelos saldos por precaução).
O tipo mais evidente de gasto wltoso e não-rotineiro é o investimento
em bens de capital. O elo entre o motivo finance e o investimento não é
perfeito, mas certos tipos de despesas familiares também se enquadram
tam!ém nesta categoria, embora se excluísse o investimento em capital
produtivo_porseremdespesas rotineiras. Éuma aproxima$o, noentanto, l'igar
o motivo fínance ao investimento planejado enquanto os dois não são encara-
dos como idênticos.
O motivol nanc e nã,o se rcfere a os fu ndos exigidos para da r supoÍe a um
projeto de investimento até o fim de sua vida, mas ãpenas à quantidade
necessária de diúeiro para dar início ao projeto: "Por éxemplo, quando se
constrói uma nova ferrovia, não é comumtomar emprestado oiotal do que ela
custará antes que o primeiro mato seja coÍado" (8. S. XIV, p. ZL6, nd 2).
Este significado de "finance" - diúeiro exigido entre a decisão de
investir e o iúcio da construção -não é nemfinança no sentido de fluxo de caixa
(ser capaz de pagar o projeto) nem no sentido de poder pagaÍ o custo fixo de
um dado esÍoque de capital. A necessidade não dura para sempre para uma
empresa individualmente: só durante o intervalo entre a decisão de investir e
a sua implementação. Ela pode ser satisfeita pela venda de ativos líquidos
uma transformação nos títulos mantidos por motivo de precaução pela
-
ma-nuten$o de diúeiro pelo motivoTÍnance-ov (e este é o canal que Keynes
enfatizou) o dinleiro pode ser tomado emprestado dos bancos. Àsim, este
motivo é diferente dos outros, no sentido de que não é ummotivo para a reten$o
de renda na forma de diúeiro (que, se for mantido por mais deüm peíodo de
renda, se configura num tipo de "poupança", mas na manuten$o têmporária
de moeda em antecipa$o de uma despesa excepcional.
Uma eleva$o do úvel desejado de saldos porprecauSo seria satisfeita
pela suspensão temporária tanto do consumo quanto do fornecimento de
empréstimos com o objetivo de manter o diúeiro inativo (até que se torne
necessário, é claro). Esta atitude terá um impacto inÍlacionário sobre os
produtores (cet. par.) prcssionará as taxas de juros, qua ndo a oferta de fundos
é reduzida. Uma necessidade de "finance" satisfeita pelos fundos internos
elevará a taxa de juros pot causa da eleva$o na ofeÍa de ativos líquidos para
220
o meÍcado feita pelas empresas que estão investindo. Uma eleva$o no úvel
desejado de"finance" tomadas emprestadas também elevaú a taxa de juros,
mas pelo lado da demanda. Em neúum dos casos, a demanda de"finance" é
deflacionária, pois neúum fundo foi desviado dos gastos em mercadorias;
qualquer impacto que o motivo finance pÍovoque resulta aPenas do seu efeito
da taxa de juros.
Podemos verque a retirada defundos émuitoprovisória para as emPresas
individuais: o diúeiro retorna ao fluxo de renda logo que o equipamento é
comprado ou os operários da constru$o são Pagos, e muito dele voltará aos
bancos (quase todo ele é usado para financiar o consumo). Os fundos devem
ser buscados junto do mercado ou os ativos financeiros vendidos o mais perto
possível do momento da despesa, a Íim de minimizar o custo dos juros (efetivo
antecipado). No caso deseusaros saques bancários a descobertopara satisfazer
este motivo, a empresa tomadora não mantém efetivamente neúum numerá-
rio, não havendo, neste caso, uma intemtpção no fluxo de despesas.T
A importância do motivo 7Ínance ao nível agregado resulta da variabi'
lüade do investimento, pois somente quando os planos de elevação (ou
diminuição) do investimento são feitos é que o motivo finance produz o seu
efeito. Se o volume de investimento for estável a nível global, a pressão sobre
os recursos financeiros advinda de umúnico projeto será contrabalançada pelo
gasto de saldos financeiros à medida que os projetos começâm a ser executa-
dos.8Assinr, éummotivo cuja importância ébaseada na n udançadaecnnomia.
O motivo transaçáo, por outro lado, é mais convincente quando baseado na
estabilidade: umpadrão recorrente. A demanda precautória também se baseia
na estabilidade: o padrão de pagamentos é inegular e imprevisível num único
período de renda, mas amplamente previsível durante vários períodos subse-
qüentes de renda e, desse modo (provavelmente), durante o período de
produção.
Keynes estabelese ouha distinção entre o motivo finance e os demais:
O Motivo Especulaçáo
caÍeira de títulos, são dificeis defazer, mas as variações nos preços nesse
interv,alo não serão aproveitadas. Em contrapaúida, o "investidoÍ ôomum",
que não deseja gastar tanto tempo quanto o especulador na administraSo de
sua carteira de títulos, pode ter visão, e renunciar a alguns gaúos possííeis.r3
corsidere o efeito de uma mudança na taxa de juroi sobre õ valor dos
ativos financeiros ao longo do tempo. Suponhamos que todo pagamento de
juros seja reinvestido em ativos que rendam juros, de àodo quá a*. iqteza',
o valor de uma carteira de títulos cresça à taxa de juros, a inclinaçãô da reta
-
-
AB-da figara 10.1. Supoúa agora que a taxa de juros se eleve no témpo r,. O
valor da carteira cai nesse momento e em seguida cresce, à taxa de jurôs mais
alta (a inclinação de CD), mais depressa do que antes. pode-se ver, prolongan-
do AB (a linha tracejad a BE) que, com o tempo , a taxa de juroi mais alta
compensa a perda sofrida em Ír. se o horizonte do detentor de /,q]ueza for mais
amplo do g\e a perda de óapital (não realizado) em r, não terá causado
neúum prejuízo. -t,
Por outro lado, se eletivesse previsto a mudança exatamente antes de Ír,
diglTo: efl Í,-o,teria vendido suas ações e tornaria â compráJas a um preço
mais baixo, mantendo, no intervalo, o diúeiro inativo. Nesie *.o, o
"urrinho
de crescimento da sua riqueza seguiria a rcta FG, um resultado nitidamente
superior. (F está ligeiramente abaixo de.B para que se leve em conta os custos
q
o
ú
o
!
o
à0
o
Figura 10.1
225
O Comportamento do Especulador
f
Qua ndo ;, * 1 - t,10, o especula dor i espera obter gaúos de capital sobre títulos
e, por isso, os compra em r, não mantendo saldos especulativos em moeda. Na
situação oposta, ele vende os títulos e mantém a moeda para se proteger da
realização de uma perda de capital. O dinheiro é reinvestido emtítulos assim
que tenha ocorrido a queda nos preços.
226
ou oB
Figura 10.2
É evidente que se uma pessoa for especular, ela náo aposta dos dois lados.
Se ela espera gaúos de capital deve comprometer todos os seus fundos
especulativos,ls mesmo queteúa dúvidas. Fazerde outro modo é correro risco
de perder o lucro possível. Se espera perdas, seria absurdo manteÍ uma
quantidade de ativos cujos preços espeÍa-se que caiam.16 A sua atitude redunda
na função descontínua de demanda daFig.a lo.2.r1
A extensão do eixo horizontal da Fig. lO.2 é, dada pela quantidade total
de fundos especulativos. A demanda de moeda para atender ao motivo
especulativo do indivíduo i é medida a partir da origem Or; a demanda de
títulos para fins especulativos é medida para a esquerda a partirda origemOo.
A taxas de juros correntes acima de r* a demanda de moeda é zmo; todos os
saldos especulativos são mantidos emtítulos paÍa captaÍ os ganhos de capital
esperados. A taxas abaixo de r,- nenhum título é mantido.
Estimativas divergentes ãa taxa normal dão uma função agregada de
demanda especulativa que, paÍa uma quantidade de negociadores, é uma série
de retas verticais, como mostra a Fig. 10.3. Acima de rr, todo mundo (todo
mundo que especula) acredita que a taxa é alta demais paÍa ser sustentada, e
ninguém quei manter moeda eÍtrYez de títulos. A taxa normal de alguns
indivíduos é r,,poisabaixodestataxa eletrarsforma osseusfundosespeculativos
em moeda, sendo essa transformação indicada pela distância entÍe o eixo e o
primeiro segmento vertical. Em ro, ninguém espera que a taxa de juros caia
mais, e todos os especuladores fogem dos títulos.
227
... a opinião sobre o futuro da taxa de juro pode ser tão unânime que uma pequena
mudança nas taxas afuais podeprovoc{lrum movimentoemmassa para a moeda.
Einteressantequea estabilidadedosistema... deva dependertanto da existência
de uma variedade de opiniões sobre o que é incerto.
(T. G.,p.172)
Figura 10.3
228
ainda mais. Isto ó suficiente para dar à firnção de demanda especulativa a sua
forma côncava. Adicionado a isto esú o fato de as raóes que afetam os
especuladores poderemtambémafetaros detentores de riqueza de longo prazo,
quando as taxas de juros estiverem baixas.
Amenos que se acredite haver razóes para admitir que o futuro será muito diferente
da experiência passada, uma taxa de juro de longo prazo de (digamos) 2Vo leva
mais a temer do que teÍ esperanE e proporciona, ao mesmo tempo, um rendimento
corrente que é apenas suficientepara compensar um grau muito pequeno demedo.
(7. G.,p.202)
onde Mré a moeda mantida pelo motivo especulativo - mais uma vez náo
confundir comuma definição de moeda. Ademanda especulativa de moeda é
acrescida à demanda de M, para dar
MD=Mr(Y)+Mr(r) (10.5)
MD = L(Y,r) (10.o
Os especuladores podem não fazer nenhum mal como bolhas numa corrente
regular do empreendimento. Mas a situa$o é grave, quando o empreendimento
se toma a bolha num redemoinho de especulaçáo.
(L G., p. 159)
Notas
Ver Ellis (1938) e Fleming (1964). A abordagem mais comum é admitir que os
micro-resultados se mantêm, mas isso não é justificável.
Se não se estabelece o seu padrão, começa-se a argumentâr que toda moeda é
"inativa", moeda não transacionada exceto no instante imediatamente anterior ao
seu gasto. Hicks (1967) e Sayers (1960) trataram extensamente de solucionar este
problema. Tsiang (1966) mostra, â meu ver corretamente, que os valores mobiliá-
rios em determinado momento nada têm a ver com intenção, mas com o fato da
programaçáo dos pagamentos e recebimentos.
lJmavezque, como Keynes assinalou (8. S. XIV, p.223), as decisóes dos bancos
não são alteradas pela existência de saques a descoberto não utilizados.
Ateoria é "mecânica" pelo fato de estar mal equipada para tratar das variaçóes nos
gastos, pois então os gâstos não sáo mais rotineiros.
Keynes tratava as açóes de modo inteiramente separado dos títulos dejuros fixos.
Este comportamento não é insensato, como alguns parecem pensar. (Cf. Hicks,
1961 , p.44) que argumenta como se houvesse apenas uma única maneira de agir
sensatamente, e que todos especulariam se os custos das transaçóes (por exemplo,
os pagamentos de corretagem) fossem bastante baixos.)
234
l4
A sugestão de que a taxa normal é gerada por algum mecanismo adaptativo de
aprendizagem baseado na taxa de juros passada seria, a meu ver, rejeitada por
Keynes. Naturalmente os especuladores aprendem com o passado, e uma longa
história de taxas baixas eslá fadada a baixar a taxa normal, mas os especuladores
indubitavelmente usam mais do que a história passada para obter rr.
Observe que ele reterá moeda para satisfazer os motivos não especulativos. A
alegago (Tobin, 1958) de que a teoria de Keynes impede a diversificação da
carteira de títulos é simplista.E náo fosse por interpretaçóes desse tipo, de fato, não
se precisaria prosseguir até esse ponto.
Com uma restri$o, a exposi$o deste e do próximo parágrafo segue Tobin (1958).
A restri$o é a rejei$o da "taxa crítica" de Tobin em favor da "taxa normal" de
Keynes. A taxa cítica de Tobin, taxa na qual a carteira de títulos se desloca, leva
emconta o fato de que as perdas esperadas de capital são em parte compensadas pelo
rendimento dos juros" Mas essa admissão é muito enganosa. A taxa crítica não é
independente do tempo: se se espera uma perda de capital, há sempre um período
de ternpo durante o qual a perda de capital pode ser compensada. A taxa crítica
depende assim do período esperado de retençáo. O período de Tobin é uma unidade
arbitrária sem correspondência com o tempo do calendário. Além disso, argumen-
tamos anteriormente que o peíodo de retençáo não é uma coisa arbitrária; ao
contrário, ele reflete uma diferença essencial nas intençóes dos poupadores e
investidores. Os especuladores têm, por hipótese, um horizonte temporal tão curto
que a possibilidade de compensaçáo pode ser ignorada. Quando a taxa desce a
níveis muito baixos, no entanto, a falta de compensaçáo se torna mais importante
para os detentores de riqueza comuns. Quando o risco de perda também aumenta
à taxas baixas (ver o texto abaixo), eles podem vir a agir como especuladores.
18 Observe que não é o tamanho dos recursos especulativos que importa, mas o
tamanho das ofettas e demandas no mercado que resultam desta fonte, em relação
tanto ao fluxo de poupança corrente dirigido para os títulos quanto às ofertas e
demandas dos portadores de caúeiras de títulos de longo prazo.
1e Esta afirma$o não esú, de nenhum modo, em desacordo com a proposição que
tornou Friedmann (L953) bem conhecido de que a especulação deve ser lucrativa
para que a atividade subsista. É justamente a possibilidade de ganhos financeiros
individuais que poderiam redundar em sinaliza$es "incorretas" sobre os custos e
vantâgens sociais do investimento que PreocuPava Keynes. Os empresários não
podem agir no interesse social, se a razão de seus lucros privados está na
dependência da "interferência" dos especuladores.
T Ver T. G., pp.24l-2 paru a análise da terra como meio especulativo.
APÊNDIcE Ao cnpíruro I 0
Preferêncio Pelo Liquidez
como Comportomento
Foce oo Risco e à lncertezo
questão da escolha entre ativos, umdos quais é seguro e outro não,2de modo
que o retorno potencial sobre o último inclui a possibilidade de ganhos ou
perdas de capital.
As diferenças entre a teoria da carteira de títulos e a teoria da preferência
pela liquidez de Keynes resultarq basicamente, da natureza estático-compa-
iativa da primeira. O método esútico-comparativo requeÍ que a análise seja
feita dentiodeumpeíodorestrito de"tempo" abstrato (que não éotempo real),
a "unidade de período" durante a qual certas caracteísticas do modelo não
podem ser alteradas. No caso da teoria da carteira de títulos é a distribuição
de probabilidade dos retornos sobre os ativos de risco que é tomada como dada.
Os especuladores de Keynes operam no tempo e prevêem valores futuros
específicos das taxas de juros.
A estrutura de Tobin
Risco e Incerteza
(porexemplo, deperdasprovocadasporincêndio).AprobabilidadeestÁimplícita
nestas idéias. Uma distin$o, no sentido técnico dessas duaspalavras, é que orisco
épertinente ao que, emprincípio, é segurável -e pode ser definido poruma ordem
de probabilidade - e incefteza é tudo que fica fora de tal defini$o.3
Mesmo no domínio «lo risco calculado ou assegurável, porém, a incerteza
está oculta. A incerteza está ligada ao tempo da ocorrência do evento
assegurado. Pode-se fazer seguro contra incêndio, mas não se tem certezà se,
chegando emcasa, emdeterminado dia, a encontraremospegando fogo ou não.
Um atuário lhe dirá a probabilidade de morte dentro de um período de tempo
que você especifica, rnâs o momento da morte é ainda incerto.
Estes exemplos foram extraídos do domínio do tempo, pois esse é onde
a confrrsão em relação a estes termos é mais profunda. Mas a estrutura estático-
comparativa da teoria da carteira de títulos é intemporal. Numa estrutura
estática, a inLcerteza resulta do fato de que o resultado de um sorteio aleatório
de determinada distribuição é descoúecido. A própria distribuição é geruda
poÍ uma amostragem repetida de uma população fixa de observaçóes, que
existe independentemente do tempo.
Os sorteios efetivos devem ser realizados sucessivamente, pois vivemos no
tempo, mas conceitualmente a ordemdos sorteios não temneúuma importância,
se os rcsultados são seqüencialmente independentes. Aqui uma analogia melhor
para a distin$o entre risco e incerteza é a diferença entre um médico que dirige
uma experiência comdrogas e outro que receita umremédio na atividade clínica.
O primeiro considera a sua "popula@o" como homogênea do ponto de visÍa dos
efeitos prováveis da droga e determina a rea$o média e o seu desvio padrão. O
médico quelida comumpaciente individual, se é bommédico, tenta avaliaronde,
nessa distribui$o de probabilidade, esse paciente provavelmente está. Ele está
lidando com a incerteza; a expenência com droga mostra o risco.
O Período Unitário
Diz-se que os gaúos e perdas de capital ocorreÍÍL quando o Preço dos ativos
difere do valor esperado. Mas os gaúos de capital só podem ser signiÍicativos
se há umplano de vender os ativos em alguma data frttura, antes da sua data
Q,=a+bP,+w,, (10á,1)
K=(m-a)t(b-n)
e
Pt=K+u, (10á.4)
Notas ao Apêndice
1 Para um tratamento completo desta questáo, veÍ, por exemplo, Mossin (1973) ou
Sharpe (1970).
2 A teoria da carteira de títulos foi ampliada para abranger muitos ativos de valor de
capital variável. O artigo de Tobin simplifica, como faz Keynes, a escolha entre
..moeda,, (um ativo ."guro qu" em Tobin é também não gerador de lucros) e
*títulos'.
3 A distin$o se deve a Iftight (1937).
a Rousseas (1972, p.268) tambem fez esta colocaçáo.
5 Esta ambivalência passa por todos os exercícios de eslática comparativa. Por
exemplo, falamos dà subidade preços até um novo equilíbrio após-uma mudança
da demanda - claramente um processo dinâmico de ajuste. Tobin, em outro
contexto, protesta:
A Teoria Estrítica
-+^M+
ü'-M
Ftgura 11.1
Obsewe que a única fonte de umefeito sobre a renda é a taxa de juros sobre
o investimento.b aumento da quantidade de moeda náo estimula diretamente o
gasto. Isso pode parecer contrário ao que se poderia naturalmente esperar, já que
ã fa"l .upo. queãs portadores de títuIós gstarão o lucro de suas vendas. Ateoria
deKeynes, nóenhnto, sufoe queosportadoresdetítulosquevenderam_aocorretor
do governo eramespeculãdores, emientido amplo;portanto, quando eles vendem
títuIos, mantêm inaiivo o lucro da venda dos títulos. Como o volume de riqueza
agregada só se elevou gÍtçás aos gaúos de capital, e este é mantido inativo, não
tãnrlao. excedentes d'Ísponíveis para especulár(ototal detítulos e saldos deM)
e que poderiam extÍavasaÍ para a compra de bens.
' iJmefeito direto sobie o gasto, embora ignorado porKeynes, poderia ser
considerado, se levássemos em conta explicitamente as mudanças na
temporalidaáe do gasto coino um resultado dós gaúos de capital, rompendo,
desse modo, u purãd. existente entre Mr, que, se exclusivamente uma fun$o
da renda, não térá mudado, e Mr.Épartiéularmente provável.que as emPÍesas,
que mantêm fundos de amortiáaçãb em ativos líquidos, adiantassem alguns
projetos de investimento após realizar gaúos de capital. No entanto, embora
ãlgomrt empresas e indiúduos Po§§am gastar todos os seus fundos, para a
ecãnomia u- todo o efeito Áobre os gastos pÍovavelmente se limita aos
ganhos de"o--
capital auferidos e não à magnitude da compra total de títulos.
óualquer tenàtiva de gastar mais do que os gaúos de capital constituiria
dãspoupança líquida dã riqueza e ao nível agregado tal comportamento é
improv?vel-. Cu*à o"o.t", o. preços devemsubir, porque o gasto "Íeal" se limita
ao volume de produto gerado.
(1-k)^M
ú-M,
Figura 11.2
+ÂM, + --->^B +
Figura 11.3
250
§
FI
t-t
L
à0
AF
UÍ
253
7=p*P (11.1)
254
Notas
t "O queé a teoria clássica da taxa de juros?... Acho difícil formulá-la exatamente
oudLcobriruma exposiçãoexplícita ãela nos principais tratados da escola clássica
moderna" (7. G., p. 17 5).
2 Hansen (1953) queixava-se de que Keynes ignorava esta interdependência, mas
veja T. G., cap.14 e a formulação nas páginas 171-2'
os probleTas sobre
Quando se permite o efeito do fluxo de fundos, surgem todos
fluxo de como veremos no Capítulo 14. Ver também Chick (1973a)'
"rtoqu",
Assim chamada porquefoi desenvolvida principalmenteporJ. Tobin eseus colegas
de Yale.
Haverá alguma mudança devido à reavaliaçáo dos títulos que permaneceram nas
mãos de particulares.
de
Bernard schmitt, da universidade de Dijon, sugeriu num seminário da Escola
Economia e Ciência Política de I-ondrei que deveíamos Pensar como fazem os
físicos, de quanta. Esta brilhante abordágem do problema da velocidade do
ãrftçiioa.'r (ou do problema da transferêãcia do gàsto para o consumo) não foi
bem recebida na época.
1
Ver Cap. 14, adiante.
I Documentado no Relatório Wilson (1980) e em Bain (1981)'
capÍuro I 2
O Sistemo Boncório
bancos instituemo crédito. Éumproblema que ainda está sendo discutido, mas
numa linguagembastante diferente, tão diferente que se dissocia a discussão
dos seus ãntãcedentes no pensamento econômico. Trata-se de um problema
interessante e dedicamos a ele grande parte deste capítulo.
outra parte é consagrada à concepçáo dos bancos como fornecedores de
um o'fundo totativo" de tecursos, concepçáo que foi apenas exposta
pormenorizadamente, e mesmo assim de forma não inteiramente claÍa, em
ãois artigos publicados após a Teoria Geral (Keynes 1937 ,1939). A idéia não
deixou marõas na macróeconomia consagrada, mas parece valiosa paÍa seÍ
reexaminada.
Mas, em primeiro lugar, integremos os bancos ao nexo financeiro da
maneira mais êvidente: através da taxa na qual estáo preparados para
emprestar.
O AvanÇos
Figura 12.1
Exogenei-dade
bancrários dá origem a uma mudança na oferta de moeda deveria ser visto como
uma transa$o bilateral entrE os bancos e seus credorcs, istn é, depositantes.
Isso é exatamente o que não acontece. Ninguémpergunta aos portadores de
novos depósitos se queremumâ oferta monetária agregda maioretampouco essa
questão ocoÍre a quemrecebe os defrsitos. Ninguémse rccusa o pagamento pol
úma venda justa, porque a fonte de pagamento é um saque-a descoberto - do
contúrio u õon""úãoãesse crédito sêriã totalmente inútil. Mas no agregado há
agoÍa uma quantidade maiordemoeda do que antes que zinguémrtnhaaintenção
dã acumular. Nesse sentido, ela poderia ser chamada de "fo4ada".
Há tambémuma renda ma1or, e se o crédito financiou o investimento, há
tambémumaumento da poupançá agÍegada, que nada tema veÍcomintenção.
O aumento da renda fará M,se elevar, mas a pÍopen§ão marginal a reter
o saldo de Mréimprovável que sêja a unidade. Por conseguinte, há depósitos
excedentes, {ue podem ser gàstos de várias maneiras - na estÍutuÍa de Keynes
a moeda fluirá pára o mercaão de títulos -temporariamente, até que os efeitos
multiplicadoreô do gasto financiado pelo crédito a leve de volta aos saldos das
transáções. Primeiró a taxa de juros e, emseguida, o nível de renda se ajustam
de modo que o novo diúeiro seja "v.o.luntgri3menteretido" emsua totalidade,
rnesmo que a sua aquisição tenha sido não intencional.
Enquanto se processa o ajuste à nova quantidade de moeda, o-s preços
estão subindo. A elêvaçáo inicial da renda se defrontará comuma ofeda fixa
de bens de consumo. Quando a sua oferta se amplia, os pÍeços podem ceder,
mas tornam a subir quando os rendimento diminuem.
Os economistai clássicos e seus modernos congêneres modernos diriam
que uma parte da moeda excedente seria gasta em bens, não em tífulos. Isto
é, ou umfoferta excessiva de moeda afeta os planos de gastos a um dado nível
de renda (o que Keynes rejeita) ou o aumento da riqueza financeira afeta o
gastos (esta íltima proposição é aceitável dentro da estrutura de Keynes,
ãesde que seja apresêntida rr- deslocamento da propensão a consumir
"omo
po. cautu áa ienda; o consumo devido à riqueza financeira não é
macroeconomia).
Quando estes efeitos são levados em conta, a poupança forçada a§sume
umsentido mais amplo, pois agora não é simplesmenteuma questão de não ter
sido consuhado sobre conveniência de um aumento da oferta de moeda ou o
rumo do crédito que ela mantém; torna-se evidente que, antes de mais nada,
os que obtêm o cédito e, depois, os que vendem aos tomadores de empréstimo,
obtiveram bens aos preçoJantigos e tornaram o corl§umo mais dispendioso
para os que vêm aep-ois. Uma alta nos preç,os dos bens de corsumo significa
u,,, m"nór poder de consumir d o que aos preços antigos. Em termos modernos,
esta éuma venão da "exclusãoporforça do núrnero" (crowding out).Robertson
chamou-a "escassez automática".
Keynes menospreza a importância deste argumento:
264
Notas
Para um contraste deste significado com o uso técnico do termo, ver Chick (1973b),
pp.84-5.
a As especifica@es precisas de Minsky são um pouco diferentesn mas não, segundo
me parece, na essência.
O termo é de Minsky.
cnpfturo I 3
O Modelo Estótico:
RecopituloçÕo
:) expectâtivas D(I.0
de longo prazo,
preço de oferta
de capital
l:.) fI, Y
tecnologia
)il)!rüi?H)ft
Figura 13.1
O hocesso Dinâmico
273
IS-LM
O Nodelo Ampliado
(13.1)
| = c(1, r) + i(Y, r); a curva 15
MIP = L(y, r); a c\Í\la LM (13.2)
Y=C+I (14.1)
C=a+bY (14.2)
para dar
ÁY=il|(r-b) (14.4)
1 + á + bz + b3... + U = ll (t - b) (14.5)
O multiplicador nos diz de quanto o nível de emprego deve ser aumentado para
produzir um aumento da real que seja suficiente para persuadi-los a fazer a
poupança extra necessária ...
(7. G., p. 117, grifo nosso)
O Significado de "Renda"
c
I
Y
Yo Y, Y, Y1
Y"
Figura 14.1
Na outra interpretaçã,o (DM), o nível elevado de 1é sustentado indefi-
nidamente e o novo nível de Y sê estabelece permanentemente. Estas sáo
situações extremamente diferentes paril serem representadas pela mesma
matemática, embora uma leitura cuidadosa dos livros-textos sugira que a sua
coexistência pareça não causar um grande incômodo.
Na Fig. 14.1, que ÍepÍesenta as equaSes (14.1) e (14.2), um crescimento
no investimento delopara{ aumenta a renda, no primeiro peíodo, de seu próprio
volume para {. Os períodos subseqüentes registram a recuperaSo gradativa de
Yo, quando o gasto primeiro retrocede para umponto sobre C +.Io e, em seguida,
ao longo da fun$o pan esquerda. Os períodos são indicados por símbolos
subscritos; Yorefere-seà situa$oinicial. Onovoinvestimento contínuo,represen-
tado na Fig. L4.2, desloca a curva da demanda agregada pra cima, determinando
o novo nível susúentável de rcnda, Y.
Os dois modelos incorporama mesma hipótese sobre comportamento de
consumo,-mas hipóteses radicalmente distintas sobre investimento. Em DM'
seja qual for a mudança nas expectativas ou nas taxas de juros que estimule ô
investimento do primeiro período, presume-se que esse investimento faça o
estoque de capital da empresa voltar a um nível ótimo, ao passo que DMrse
caracteiza pelas expectativas constantemente flufuantes, levando à acumúla-
$o contínua. Não obstante, os dois modelos são apresentados juntos nos livros-
textos, sem qualquer sentido aparente de incompatibilidade, de ser algo que
mereça ser explicado.
Voltaremos à questão do comportamento de investimento mais tarde.
285
Financiamento
C
I
Y
Figura 14.2
286
é financiado pela renda do período anterior, e a poupança está livre para §er um
resíduo o, ,o,, decisão asiociada ao corsumo. Seja b a propensão marginal a
consumir a renda do último período. Há ummontante de investimento, de
valor
unitário, presumivelmente álém da substitui$o da situa$o estacionária, que
;;ç"';" peíodo 0 e se repete a cada peíod-o' Nesse caso, temos a seqüência
upr"rJoaau'p"la Tabela 14.i, que e e*niga diretamente de Robertson (1940),
ôm exceção da hipótese de uma só unidade de investimento'
RfãUela deixa claro que Roberbonidentifica poupança comenpréstimo
para financiar o investimento, à maneira dos fundos emprestáveis; qualquer
iu"uoa entÍe poupansâ e investimento deve ser financiada por diúeiro novo. O
do
resultado C qire ú" nuxo contínuo de novo investimento supera um aumcnto
Lttoqu" de a'iúeiro igral ao aumento da renda. O.processo cessa qüando não é
mais'necesúrio criarãiúeiro novo. A cada período, a criaSo de diúeiro novo
é, dentro desse peíodo, poupançâ involuntária; a sorn das colunas 4 e 5 é
poupança acpost, igual ao investimento.
' ' O p-ó".ro t"=* início com um empÉstimo banc.írio. (As empresas não
podem fazer o governo emitir diúeiro e pôr à sua disposig-a9 famlu9 Sastem; o
àiú"i. nouo d=we ter origembancária.) Pode-se ver que não é possível o pÍocesso
do multiplicador começaisem estâ fonte de financiamento, dado que Robertson
não deixã espaço paÍa à reten$o de saldos inativos. Apourynq subseqüente
(=
empréstimoj financia então em parte noyos-investimentos ulteriores, assumindo
o, üurr*. a responsabilidade pelo restante. Somente no peío-do n (e depois, se o
investimento fôr mantido no nível 1 em n + l, n + 2, ... n + k), a poupang (isto
é, a compra de títulos) fornecerá, em cada período, os frrndos necessários à
o q.
õe b+ â
Ê
t\= ; *§
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À
288
Mo'= kY
a demanda especulativa é tudo que sobra.
Tabela 14.2
AI\F Y ÀMo, s
Consumo Poupança
^MD
0111k 1-k b 1-b
100bkb 1-kb ü b(1-b)
200b2kb2 1-kb2 b3 b,(1 - b)
300b3kb3 L-kb3 b4 b3(1 - b)
Y,-.
KI,
Figura 14.3
Y'=Y'-''
Ele não sabe tampouco qual será o nível de renda em 4, mas o prevê em
Í - 7 combas e emY,-r, e sobre essa previsão ajustou K ao valor K,, com base
numa razão capital-produto fixa, v.
Sendo o investimento durante Í, a diferença entte K*, * r e K,, temos:
Ir=K,-,-K,=v(Y,,r-Y,)=v(Y,-r'Y,-): (14'O
C
I
Y
oYoYrYrY"
Figura 14.4
os preços elevados
[Um] equilÍbrio temporário se efetuará em parte poÍque
provocarãoum adiamento doconsumo e,emparte, porcausadeuma redistribui$o
a favor das classes poupadores como conseqüência dos lucros progressivos
resultantes dos preços altos, e, em paÍte devido ao esgotamento dos estoques.
(7. G.,PP.123-4)
Notas
Por exemplo, Lutz (1955), Tsaing (1956). Archibald (1956) declarou uma ..anula-
So". Ver também o Capítulo 1L, nota 6 e o texto associado"
O leitor deveria calcular as conseqüências disto para a taxa de juros através do
processo multiplicador.
(1e37) e (1e3e).
o multiplicador nos diz em quânto o emprego deles deve ser aumentado para
produzir um aumento da renda real, suficiente para induzi-los a fazer a poupança
extraordinária necessária... (p. 117)
...[Nós] temos que levar em conta o câso em que a iniciativa vem de um aumento
na produ$o das indústrias de bens de capital que não foi totalmente previsto.
É evidente que uma iniciativa desta espécie só produz seu pleno efeito sobre o
emprego durante um período de tempo.(p.122)
... [o] multiplicador do investimento ... nos indica quanto um dado aumento do
investimento aumentará a demanda efetiva global. (p' 298)
Das definiçõesl
D*= PP eP = Pnw
temos
P = D*wlO. (15.1)
Ora, como
D*= Dlw
e,=(l-eJ(1 -e)+e.
Se tivermos
er= (dlogN)l(dlogO),
Leia estas elasticidades da direita para a esquerda. Por enquanto e' oserá
interpretada de maneira meramente hipotética, não como uma reação real ou
ótima. Assuma que e'é igual a 1e assimpodemos formulara seguintepergunta:
"Se expandirmos a produção pari passu cnm as vendas aumentadas que
previmos, quais serão as conseqüências?" As conseqüências são dadas pelas
implicações dessa decisão no sentido da elevação necessária nas ofertas de
emprego (Ç e do salário necessário paÍa comeguir mão-de-obra (eJ.
A elásticidade er é uma medida ao longo do inveno da fun$o de
produção de cuÍo prazo. A sua magnitude é dada pela extensão dos rendimen-
tos decrescentes. Os rendimentos constantes dão uma erÍ de 1 (o produto
aumenta emproporSo à elevação correspondente ao nível de emprego) epara
os rendimentos decrescentes ela se eleva até alcançar o infinito na capacidade
plena do capital, emque neúuma quantidade de mão-de-obra adicional pode
aumentar a produção.
Pode parecer que e, mede a elasticidade da curva de oferta de mão-de-
obra, mas é um conceito muito mais flexível do que isso. Ela pode ser medida
deumponto inferiorao limite da oferta de mão-de-obra até umponto sobre esse
limite no nível do salário inicial ou acima dele, ou pode ser medida ao longo
da própria curva de oferta de mão-de-obra, se tivermos comeEdo com pleno
emprego. Se, de início, houver desemprego e, no máximo, quase pleno
emprego no finq e, será zero. Ao longo da curva de oferta de inclinação
ascendente, erépositiva.Ela só setorna infinita quando nãohá disponibilidade
de mão-de-o6ra adicional (caso em que ea = 0 de qualquer forma).
Assim, em geral, não há em e"e, nada que limite e.., a 1: Se e.., > 1, no
entanto, a produçío teiá que cair eni rJação u ,rr, aumentõ na demaída, e os
preços subirão mais do que proporcionalmente. Agota e*pode muito bem
superar a unidade, quando a curva de oferta de mão-de-obra se desloca em
fun$o de uma inflação de custos. Voltaremos a este caso. No entanto, como
uma reação a um aumento da demanda, a unidade pode ser considerada, com
nzoável segurança, como o limite superior.
305
Os Casos Extremos
Para os objetivos do mundo real, uma grande falha da Teoria euantitativa é não
distinguir entre mudanças de preços, que são fun$o das mudanças na produção
e as que são função das mudanças nas unidades salariais.
(7. G.,p.209)
A Curva de Phillips
Notas
Friedman (1972), pp. 930-31, está certo aodizer "As elasticidades são simples-
mente definiçóes; a fórmula que as liga ... é um truísmo resultan[e ... das
identidades". A análise começa com a equa$o (15.5); ela não termina aí. O leitor
pode julgar por si mesmo a divertida avalia$o de Friedman: "Considerar (as
elasticidades) como 'suporte teórico'das hipóteses de Keynes sobre o nível de
preços é o mesmo que considerar a equaçáo (a + b)2 = a2 + 2ab + ó2como suporte
teórico da lei da queda dos corpos".
Dever-se-ia acrescentâr, para completar, a impossibilidade da obtenção de matéri-
as-primas.
Para uma exposi$o da pobreza da teoria moderna em explicar a atual fixa$o dos
salários, ver Wiles (1973); e a teoria "modema" é muito menos flexível do que o
enfoque esboçado aqui.
Para uma exposi$o deste problema de uma forma facilmente transposta para a
estrutura de Keynes, ver Chick (1973b, pp. 1a0-1a5).
Esta escola pode ser representada pela obra de S. Weintraub (ver, por exemplo,
1es8).
Keynes diz "demanda efetiva" (7. G., p. 305), mas D deveria referir-se à demanda
agregada esperada.
11
Estou convencida pelo argumentodeDesai (1975), que sustentâ que a curva nãodiz
respeito ao domínio do tempo: a tecnica de Phillips "não corresponde'às flutuaSes
cíclicas e retrata a rela$o entre a taxa de mudança dos salários e o nível de
desemprego independentemente da orientação com que enfocamos cada nível de
deseTprego. Ao fazer observaçóes em tomo de seis níveis representativos deutàl
qlrc U é, em média, zero dentro de cada uma das âmostras, a curva de Phillips dá
a relaçáo típica entre úe U, quando o nível de Utiverpermanecidoporalgumtempo
em seu nível representativo - um fato raramente observado no domínio do tempo.
Upsey (1960), em cuja interpretaçáo se baseia toda compreensão da curva de
Phillips, apresenta uma justificativâ para os resultados de Phillips, que está no
domínio do tempo e é, assim, diretamente aplioável às circunstâncias do mundo real
mesmo durante um curto peíodo de dados.
O leitor deve consultar Phillips (1958), Lipsey e Desai e chegar à sua própria
conclusão.
cnphuto I ó
FlutuoçÕes Cíclicos
Visto que sustentâmos ter mostrado, nos capítulos precedentes, o que determi-
na, em qualquer tempo, o volume de emprego, segue-se que, se estamos certos,
a nossa teoria deve ser câpaz de explicar os fenômenos do Ciclo C-omercial.
(?. G., p. 313)
Ciclos Comerciais
não. Mas o fato de que tenha havido dúvida é uma indicação suficiente de que
a sensação de regularidade que dera origem inicialmente à descrição dos
"ciclos"não era mais segura. Acreditava-se geralmente, na década de 60, que
a interven$o keynesiana havia banido os ciclos.
Keynes escrevia tendo na lembrang a experiência do século XIX. As
flutuações desse século forambastante regulares e se caracterizavam também
pelo fãnômeno da "crise" - um súbita ruptura no auge precipitando um
ãcentuado declínio. Uma intensidade semelhante não foi vista, quando o
declínio se transformou em recuperação. Eram estes os fatos que Keynes
procuÍou encaixar na estÍutura de sua Teoria Geral.
Diante disso, é improvável que a tarefa seja bem-sucedida. A Teoria
Gerql contémuma teoriaêstática desenvolvida e os primórdios de uma análise
dinâmica do multiplicador. De onde se origina a explica$o dos ciclos? Não se
pode esperar umfteoria abrangente num capítulo intitulado "I'{otas sobre o
-Ciclo
Côm".cial,,, mas é interessante observar Keynes manipular suas idéias
no contexto cíclico e poder contrastar o seu enfoque com os posteriores
(entretanto, trataremos apenas ligeiramente disso).
A análise está estruturada emtorno das conseqüências de determinados
fatos materiais, resporsáveis pela regularidade do ciclo, e aspectos psicológi-
cos, importantes na crise.
Algumas Regularidades
Eryectativas e Crise
... embora o investidor privado raramente seja responsável direto pelo investi-
mento novo, no entanto os empresários, que são diretamente responsáveis,
considerarão financeiramente vantajoso, e muitas vezes inevitável, aceitar as
idéias do mercado, mesmo que eles mesmos estejam mais bem informados.
,,'fi*fi(Ynt'Ynz) (16.4a),
Notas
1 Esta idéia foi incutida com sucesso no pensamento americano , no início da década
de 60, por Arthur Okun, embora já então o crescimento contínuo, jamais estabele-
cendo uma situação estável, tenha se tornado a norma aceita.
2 O preço de oferta do capital se eleva, quando as indústrias de bens de capital
funcionam muito próximo de sua plena capacidade; a taxa de juros sobe, quando
aumenta a demanda de moeda para sustentâr a atividade mais elevada.
3 Para uma correção adequada, leia o esplêndido livro de Matthews (1959) e as
conferências editadas por Gordon e Klein (196ó).
Uma coletânea de ensaios de Minsky sobre este tópim deve ser publicada este ano
(Minsky, 1982).
O título do capítuloquehata de 1929-33 na obra deFriedmateSchwarL,Monetary
History of theUnitedStares (1965).
Ver Kindleberger (1978) para uma descriçáo e análise das crises na Europa e
América do século XVIII em diante.
monetária q\e é capaz de manter a taxa de juros "alta demais" para sustentar
a lucratividade exigida do investimento até que o desejo de acumular seja
satisfeito no nível de renda do pleno emprego. O problema está relacionado
com a existência de "um ativo cuja própria taxa de juros reluta em declinar,
quando a produção aumenta" (7.G.,p.229). Numa economia monetária,
conclui ele, é rnuito provável que este ativo seja a moeda.
A argumenta$o prossegue de uma forma que não é fácil acompaúar como
Keynes a desenvolveu, emparte porque há algrmas dificuldades lógicas, algumas
das quais pelo menos foramagora aclaradas3, e emparte poÍque a estrufura da sua
argumenta$o não é indubitavelmente clara. De modo geral, ele comeg com a
pergunta: "O que é específico emrela$o à taxa de juros?" Isúo é respondido por
ouhas perguntas: "O que é específico em rela$o à moeda? Quais são as
caracteísticas essenciais da moeda?" A paÍir destas perguntas, ele deduz as
conseqüências para o funcionamento e a tendência de longo prazo do sistema
econômico, o que, a meu ver, deveríamos considerar pela sua importância
contemporânea. Porisso,peç-o ao leitortolerância ao mergulharmos numa análise
bastante misteriosa, cujo objeto só poder.á surgir no final.
Uma Teoria Geral da Demanda por Ativos.' Se não houvesse ativos duráveis
e nenhum compromisso de fornecimento de bens futuros, não haveria como
superaÍ a renda em cuÍso; o consumo e a produção seriam tão inseparáveis
como, digamos, a eletricidade. Nestas circunstâncias, há três formas princi-
pais de converter recursos corrente em ativos futuros (e às vezes vice-versa):
(I) pedir emprestado ou emprestar;
(ID c.ompÍar ou Íeter um ativo durável para (a) consumo final posterior ou
(b) revenda; ou
(III) usar um ativo de capital para produzir bens finais para venda futura.
Fstas opções não são todas amplamente acessíveis às empresas e famíias
de maneira semelhante. Por hipótese, as empresas não são consumidoras finais
e as famílias não são produtoras, de modo que, embora ambas possam pedir
emprestado e emprestar, ou reter ativos para revenda, a op$o (II)(a) só é
acessível às famílias e a (II) só às empresas.
Uma empresa ou uma família, considerando as op$es que lhes sâo
acessíveis, calculama taxa líquida de retorno que Íesultará da retenção de cada
ativo hoje, ao invés de postergar a acumulação, por algum peíodo fixo,
digamos, um ano. A taxa líquida de retorno de qualquer ativo pode ser
calculada, em princípio, mesmo onde a maioria dos elementos seja subjetiva
ou onde a revenda eos mercados futuros do ativo sãoespanos ou não existentes,
e convertida às proporções de uma taxa de juros. De novo, emprincípio, a taxa
líquida de retorno pode ser medida em termos do próprio ativo ou de algum
outro ativo tal como a moeda. Keynes começou utilizando a primeira medida,
que ele denominou "taxa de juros própria". Não foi um início auspicioso para
o capítulo: a idéia atraiu muitas críticas.a Mas com o trabalho esclarecedor de
Conard (1963) e uma mudança de terminologia, podemos começar a partir da
mesrna base com relativa seguÍança.
Três elementos principais participamda determinação do lucro líquido
da retenção do ativo. Cada ativo temumrendimento, q, emtermos da satisfaSo
direta ou da capacidade de produzirumproduto vendável. Temtambém custos
de manutençõo, c, provenientes da necessidade de guardar ou aculnular o ativo
com seguÍança. E ele pode também ter tm prêmio pela liquidez, /. Já que
estamos tratando de taxas próprias, I é pura negociabilidade - a facilidade de
trocar o ativo por algo mais.Isto é determinado pelas características inerentes
ao ativo, por exemplo, a divisibilidade, não ao preço que ele possa alcançar. A
' iaxa de juros própria", isto é, a taxa líquida de retorno que se obtém com a
rctcnção do ativo porum determinado período, medida emtermos do próprio
.;iivo, é a sonra
329
q-c+1,
cada um definido como urna taxa de retorno para esse peíodo.
Para transformar essas "taxas próprias" em unidades comparáveis,
acrescente um fator a para indicar a valorização (ou depreciação) do ativo em
termos de um ativo escolhido como numerário. Se a moeda é o numerário, a
é a mudança esperada no preço nominal do ativo durante o peíodo. AssinL 7
mais a assemelha-se à definição mais comum de liquidez: a facilidade de
conversão em moeda sem prejuízo.
Um bem durável de consumo final tem um retorno esperado em termos
de préstimos diretos. O seu custo de manutenção deve ser alto e não indepen-
dente da posse de outros ativos (tal como uma casa) que proporciona a
annazenagem. A liquidez de tais ativos varia: pode ser muito elevada para
móveis e quadros antigos, mas baixa para artigos domésticos rotineiros.
Um parcela do equipamento de capital produtivo tem duas fontes de
retorno possíveis, da mesma forma que o bem durável: a revenda do próprio
equipamento ou a venda do seu produto. Uma empresa que decide adquirir
uma parcela de capital produtivo paÍa uso na fabricação o faz segundo
critérios semelhantes aos que foramesboçados no capítulo sobre investimen-
to, mas que são modificados paÍa se ajustar a uma questão sutilmente
diferente. Ateoria do investimento levantou a questão de "quanto capital será
vantajoso adquirir agora, supondo que a maquinaria permaneça, nesse caso,
em nosso poder indefinidamente". Agora a questão é "qual é o lucro da
aquisição desta parcela de equipamento hoje ao invés de adquiri-la no
próximo ano nesta época" ou "qual é o lucro de continuar mantendo este
equipamento durante o ano ao invés de vendô-lo ou sucateá-Io".s Os custos de
manutenção foram ignorados no desenvolvimenÍo da emc;e uma menção da
possibilidade de umvalor de sucata (scrap value)positivo foi o mais próximo
a que chegou ao considerar a liquidez do equipamento. Aqui estes fatores são
levados em conta.
O outro conjunto de escolhas compreende vários ativos financeiros:
direitos sobre ativos reais (ações que não rendem dividendos) ou sobre o
pagamento futuro de moeda (dívidas), e "diúeiro à vista". Os retornos são
somas (esperadas) em moeda, com exceção do rendimento sobre moeda, que
não tem um retorno explícito. Os custos de manutenção são mais baixos e a
liquidez mais alta do que sobre os ativos reais. A moeda é retida inteiramente
pela sua liquidez: a sua capacidade de troca por outras coisas.
Conclui-se do princípio da maximização do lucro líquido6 que os
Íecursos que não são necessários para a compra geral de mercadorias perecíveis
serão distribuídos entre os ativos disponíveis mediante a comparação de seus
retornos líquidos. Ademanda incidirá sobre os ativos cujas taxas de retorno são
mais altas. O efeito imediatoserá a elevação dospreços dos ativos quetêmtaxas
330
de retorno acima da média e a redução dos preços dos que têm retorno abaixo
da média, até que as taxas de retorno sejam igualadas"
A estória não pára nas taxas de retorno iguais, onde alguns dos-ativos são
objeto de nou" ,ená.. A maioria dos capitais produtivos é capaz de tornar a
,"od"a, o processo envolve o emprego de mão-de-obra. Em contraposição, os
"
ativos finaiceiros, que nesta estrutura servem como uma alternativa para. o uso
de frrndos, são capázes de se expandir sempre que algum agente econômico
necessita se individareencontra quemsedispoúa a emprestaÍ, mas oproce§so
de expansão não contribui para irenda agregada, exceto no.qlle se refeÍe ao§
serviços dos gravadores, impressores e banqueiros comerciais, dos quais os
últimos o"goõium o "produtó". O valor nominal de um ativo financeiro não é,
no entantolmais do que wcréditosobre o produto ou capital; nesse sentido,
o crédito financeiro não é um "ativo rentável".
Para facilitar, con§idere o volume de créditos financeiros pendentes
como fixo. Similarmente, embora por razões adicionais que serão examinadas
posteriormente, considere como fixo o "estoque de moeda". Estes ativos são,
entáo, "não-Íentáveis".
Quando o preço de um ativo renúvel sobe, refletindo uma avaliação
favorável da sua taxa líquida de retorno, há um incentivo PaÍa -que §eus
produtores expandam a plodu$o. Se algum consumidor estiver disposto a
õo^prur u^ ,iivo durável a um prego suficiente para induzir a sua produção,
a pôdução dos bens de consúmo aumentaÍá. Da mesma forma, se um
empresário pensa que é suficientemente vantajoso "reter" um ativo produtivo,
ele pode optãr por usar uma parte da mão-de-obra de sua própria empresa paÍa
construir ô equipamento ou estrufura, ou pode comprá-lo de outra €mpÍesa.
Desse modo, a-eficiência marginal do capital oferece um critério para a
disposição de reter o ativo por paÍte da empresa que-tenciona comprar, mas
tamUém inctui no preço de oferta de capital á disposi@o de oferecer um ativo,
com base na expeótativa de que essa disposi@o se manteúa.
Conard (1-963) enfatizaa diferença conceitual entre a reterumativo para
uso final ou ràvenda e a sua retenção para obter um lucro sobre o produto,
chamando o retorno sobre oprimeiró deêficiência marginal da retçnçãoe sobre
o segundo de eficiência maiginal do investime{9 (qu" é equivalente à nossa
é útil porque distiãgue fontes muito diferentes de retorno, a última
"*í1.I"to
das quais é acessívél exclusivamente às empresas.T Mas, ao mesmo tempo,
.."ond" a importância, para os produtores, da disposição de reter do§ outros,
a quem eles disejam vender. Es-te é o elo crucial entre o enfoque de "estoque"
diescolha de ativos e a geração de renda, tanto para o consumo quanto paÍa
o investimento.
331
valor de trocâ ... com a conseqüência de que, quando o valor de troca da moeda
cresce, não há nenhuma tendência a substituir algum outro fator por ela.
(7. G.,p.23r)
Dz-se sempre que a moeda é o ativo mais realiável, até mesmo o "ativo
perfeitamente realiável". Muitas vezes, tudo o que isso quer dizer é que a moeda
é prontamente negociável; ela pode ser sempre trocada poÍ outÍa coisa. Mas a
maioria das coisas é negociável, mesmo as que são qualificadas de ilíquidas, como
as casas. Uma casa poderá servendida muito rapidamente, se opreço forbastante
baixo. E empaúe a recusa a aceitarumpreço corsideravelmente abaixo daquele
que poderia ser obtido procurando pelo comprador ceÍto que torna urn casa
"ilíquida". O outro aspecto são os custos da transaSo: venderuma casa implica
despesas com corretores e advogados pa.ra o vendedor e pagamento de imposto de
trarsmissão e taxas legais para o comprador.
A dificuldade de obter um pÍeç, "adequado" está relacionada com a
"estrciteza"domercado,agravadanocasodeativoscomocasaspelaheterogeneidade.
Umativo commuitos compradores à mão não iú, geralmente, alcançarumprcço
significativamente mais alto gastando-se mais tempo à procura do compradorum
pouco mais enfusiasmado. Muitos ativos financeiros têm mercados "secundários"
bemdesenvolvidos emovimentados: estesativossãomaislíquidosdoqueas casas.
Quanto mais curto for o prazo de resgate do ativo, maior será a sua.liquidez, pois
úo ape.nas há cnrteza de realiza$o do seu valor nominal no vencimento, mas a
variabilidade do preço é menor para qualquer mudança percentual nas taxas de
juros do que para os títulos de longo prazo.
Pode-se ver poÍ estes exemplos que a liquidez têm três dimensões: uma
probabilidade, umpreço e umperíodo de tempo. O ativo perfeitamente líquido
temumaprobabilidadeigual a umderealizaroseuvalorintegralimediatamente.
336
sempÍe põe em jogo dois preços incertos: o pÍeço monetário do ativo vendido
e o pÍeço monetário do ativo comprado. Este fato geralmente torna o valor de
troca, digamos, uma casa porum iate mais incerto do que o valor de troca da
moeda por um iate.
Os custos das transações e a elevada ircerteza envolvida na manutenção
dos ativos não-monetários pelo seu valor de troca restringem o seu prêmio de
liquidez, exceto quando a infla$o é geralmente esperada. Quando se espeÍa
que os preços da maioria das coisas aumente, a manutenção da moeda como
urna reserya de valor não é francamente desejável, e a caracteística de "pouca
elasticidade de substituição" pode se deslocar para os ativos reais: o fato de a
moeda ser mantida apenas pelo seu valor de troca não estabelece um papel
únicopara a moeda como o "poço semftrndo dopoderdecompÍa"eo ativo cujo
rendimento cai muito rapidamente. Esta ó uma questão importante sobre que
percaÍ no momento afual, e deveremos examiná-la.
Keynes sugeriu que "a expectativa de uma rigidez relativa dos salários
em termos monetários é uma conseqüência do excesso do prêmio pela liquidez
sobre os custos de manutenção ser maior para a moeda do que para qualquer
outro ativo" (7. G",p.238).Esta é uma proposiçáo intrigante, levando emconta
a história recente, emqueospreçoseossalários estiveramlongeda estabilidade
e a confiança na moeda diminuiu, reduzindo a esfera em que o seu prêmio pela
liquidez é superior a outros ativos. Ficou implícito na argumentação da seção
anterior que o prêmio pela liquidez de um ativo depende da estabilidade dos
preços dos bens emrela$o a esseativopelo qual elepodesertrocado -ou, como
disse Keynes, a liquidez da moeda depende da expectativa de que o valor do
produto varie menos em termos de moeda do que de outras coisas, quando a
produção se expande e se restringe. Para que esta caracteística se ligue à
moeda, diz ele, duas condições devemserpÍeenchidas: os salários monetários
devem ser ígidos e a moeda deve ter um baixo custo de manutenção.
Esta parece, à primeira vista, uma forma singular de argumentar, pois
a primeira condição torna o argumentação circular (os salários ígidos são
tanto uma corseqüência como uma precondição para o prêmio pela liquidez
a ahibuir à moeda) e a segunda tolda os atributos que distinguem / e c. Há, no
entanto, algo interessante a examinar aqui.
A circularidade inerente ao primeiro ponto deveria ser familiar a todos
os que trataram de decifrar a natureza da moeda. Para ser "moeda", um ativo
deve ser amplamente aceitiível. Um ativo torna-se amplamente aceitável
poÍque se acredita que seja líquido. Ele élíquido justamenteporseramplamen-
te aceitável. O fato de a argumentaSo ser circular não a torna menos
verdadeira. As caracteísticas da moeda são autofortalecedoras.ll Continuando:
338
outÍos ativos do prêmio pela liquidez aqui atribuído à moeda? Que papel
desempenharia a taxa de juros?
A aúlise de Keynes sugeriria o seguinte raciocínio. O ativo ao qual se
vincula omais elevadoprêmiopela üquidezestabeleceopadrãopara oinvestimen-
to, porque não faz sentido investir em algo que temuma taxa de retorno menor do
que a deste ativo. O prêmio pela liquidez desse ativo também estabelece uÍna taxa
dejuros mínima,pois aincertezaquefez, sobpreços estáveis,ostítulossetomarem
menos atraentes do que a moeda, porserem menos líquidos, agora se a grega a todos
osativosmonetiários. Oprincipal objeto deinc,ertszaêagora ospÍeçosouosvalores
de capital emtermos reais, ao invés da taxa de juros ou os valores de capital em
termos moretários. Neúum ativo será mantido na forma denominada moeda,
incluindo a própria moeda, cuja taxa de juros não compense tanto a demanda
esperada nos pÍeços quanto o risco de mudança na taxa dejuros, ajustada aos
menoÍes custos de manuten$o e transa$o dos ativos financeiros, quando
comparados aos ativos reais.
Isto não é o que observamos. Amoeda que não rende juros continua a ser
retida e por um extraordinário número de anos desde a guerra as taxas reais de
juros sobre os títulos e mesmo sobre as ações têm sido negativas.
Poder-se-ia imputar as taxas de juros negativas a uma substituição das
taxas de inÍIação. Há provavelmente muita coisa nisso, mas umteórico pouco
pode fazer com isso.
Acredito que a questão teóica seja o enfoque de"earteira de títulos"
adotado por Keynes no Capítulo lT.Entre outras coisas, este enfoque impõe
um único peíodo de tempo paÍa as decisões de manter ativos, de modo que
todas as taxas de retorno, que só podem ser defi nidas para um peíodo de tempo
específico, sejam comparáveis. A duração do período é arbitrâria.
O período de tempo único e arbitúrio torna a análise da moeda na infla$o
eÍremamente confusa. A liquidez da moeda durante um ano, digamos, é muito
diferente da liquidez da moeda durante a seÍnana entre os pagamentos de salário,
embora seja a mesma moeda no mesmo ambiente de irúla@o. Se se espen que os
preços fiquemestáveis porumano, no entanto, não surge esta dicotomia. O último
era o mundo de Keynes, o primeiro é o nosso.
Os dois períodos de tempo também correspondem a diferentes funç6es
da moeda na teoria monetária tradicional: o período de renda define o limite
entre a demanda de transações e os outros usos da moeda. A moeda utilizada
para transaSes diárias, repetitivas, geralmente não compete comoutros ativos
e é improvável que esteja dispoúvel para a compra de títulos numa quantidade
apreciável. A sua influência sobre a taxa de juros é, poÍanto, indireta: as
necessidades de transaçóes absorvem a moeda que poderia ser mantida para
fins especulativos.
Tanto a teoria quanto a evidência empíricalS sugerem que até que o
sistema monetário fique inteiramente fora de controle , algum prêmio pela
342
liquidez continuará a seÍ pago pela moeda, pois a moeda é líquida nas
transações do dia-a-dia, mesmo quando perde parte da sua atratividade como
ativo líquido para manter por um período mais longo de tempo.
O horizonte de manuten$o de títulos pertinente à moeda como reserva de
valor e ao prêmio pela liquideztemdura$o indefinida. Ele é, pordefiniSo, mais
longo do que o período de renda, rnâs a sua rela$o com o horizonte que regula
oinvestimentoéoqueimportapaÍa a aÍgumentaçãodeKeynes.Indubitavelmente,
o horizonte de manutenSo de títulos moneúrios é mais curto, pois somente as
reten@es precautórias e especulativas estão envolvidas; a reten@o de moeda por
um longo peíodo é improvável. Por outro lado, a possibilidade de reter ativos
denominados moeda porumpeíodo até mais longo do que o horizonte de muitos
projetos de investimento é inteiramente vantajosa, embora hoje excêntrica: por
exemplo, poupaÍ para a sua aposentadoria em Consols.
Com horizontes temporais tão variáveis, os cálculos tanto da vantagem
líquida quanto da taxa real de retorno apropriada são umpouco problemáticos.
Mas não totalmente, pois há uma força, assim como a fraqueza que acabei de
assinalar, no horizonte temporal unificado que a teoria da carteira de títulos
adotou. A força se relaciona com a capacidade que se tem de alterar a carteira
de títulos mediante a compra e a venda de ativos. Não se está completamente
preso a ela.
Por outro lado, a escolha de alguns ativos de fato não nos prende numa
medida muito grande; não é fácil comprar e vender casa ou empresas por
capricho. As tratar as ações como algo quase equivalente às empresas que elas
representam, Keynes passa por cima de algo extremamente importante, e a
subseqüente teoria da carteira de títulos o acompaúou nisto.
E também o caso de que em muitas circunstâncias a pessoa é "deixada
de fora": as escolhas das carteiras de títulos pelos indivíduos não abrangem
geralmente toda a série de ativos. Do ponto de vista de uma carteira de títulos,
só os muito ricos conseguem um vínculo entÍe o capital real e os ativos
financeiros. ('Comprarei ações do ?inesou investirei emtítulos seguros?" não
é,para a maioria de nós, a convena do início do café da manhã.) E aí, penso,
que se deve encontrar muito da explica$o sobre taxas reais de juros negativas.
As taxas de juros reais negativas sugeÍem que a inflaSo rompeu a
barreira da taxa dejuro estabelecida pela moeda (a análise de Keynes era, afinal
de contas, baseada numa ofeÍa de moeda com baixa elasticidade de oferta) e
aparentemente não substituída pelo Íetorno de qualquer outro'ativo. Não se
pode, contudo, concluirque a taxa dejuros nominal náo temmais importância.
A sua importância é melhor avaliada do ponto de vista de um fluxo de
fundos do que de um enfoque da teoria da carteira de títulos. Da perspectiva
,ias necessidades de empréstimo do investidor pretendente, a taxa de juros
rur.irrtónr a sua importância, enquanto a moeda é o meio de pagamento. E a
r11:rçri:,i que deve serachada para financiaro investimento, e se ela deve ser
343
Sumário
Notas
Ver especialmente Conard (1963, cap. 8), de que depende muito da presente
exposiSo.
Ver sobretudo trrner (1952) e Turvey (1965).
Essa é a razão pela qual o q único, ao invés de uma série de quase-rendas ou lucros
brutos sobre a duraçáo esperada do equipamento, é pertinente aqui.
Por exemplo, a compra por um banco da dívida do govemo, uma mudança nas
reservas internacionais ou a impressão de mais cedulas.
Para dados mais amplos do que a tabela 7.1., @nsultar Mitchell e Deane (L962).
Para um quadro dramático do comportamento dos preços na Inglaterra desde 1300,
ver Pearce (1982).
O estudo da hiperinfla$o mostrou que â moeda continua a ser utilizada como meio
de pagamento dos salários e dos bens de consumo a altíssimas taxas de infla$o
(Cagan, 1956).
t9
Esta idéia começou com Henry Simons (1936) e foi apoiada geralmente pelos
monetaristas.
Um grupo de pressão a favor do padrão ouro foi operante nos poucos últimos anos
nosEstados Unidos. Na Grã-Bretanha a questãofoi levantada porMorganeMorgan
(1e7e).
2t
Por exemplo, Von Hayek (1976).
Pearce (1982).
PARTE V
Questóes de
Político EconÔmico
cnpíluro I 8
Conseqüêncios poro o Político
Econômico: Monetório e Fiscol
... uma condiçáo em que há uma escassez de casas, mas em que, no entanto,
ninguém pode ter os recursos para viver nas câsas que existem'
(7. G.,p.322)
Desse modo, volta-se a atenção para o investimento. Por sua vez, há dois
modos possíveis de estimular o investimento: elevando a emc - o que, de fato,
significa expectativas de luçro - ou baixar a Íaxa de juros.
Quando a taxa de juros, no entanto, já está tão baixa como jamais esteve,
há pouca perspectiva de mudança, e com uma subutilização muito grande do
equipamento existente, a espeÍança de aumentar o investimento, mesmo
através da melhoria das expectativas, não é grande. Aúnica possibilidade que
fica para o futuro é preencher a lacuna entre a produção e a demanda corrente
com os gastos governamentais,
O efeito do impacto do gasto seria imediatamente benéfico paÍa o úvel
de emprego e reduziria o custo do seguro-desemprego. O consumo induzido
pelo gasto inicial (efeito multiplicador) melhoraria mais o emprego e, se as
renda s cresces sem suficientemente, talv ez eleva sse a lgu ns impostos " Desse
modo, um déficit não seria tão dispendioso (para o governo) quanto poderia
parecer. E o efeito sobre os pÍeços seria mínimo com tais níveis de produ$o
muito baixos.
Como uma esperança mais longínqua, a eleva@o da renda poderia
alterar suficientemente as expectativas dos empresários por um posterior
restabelecimento do investimento.
Essa era a lógica geral do enfoque de Keynes. É claro que cada elemento
dela depende das caracteísticas da situação enfrentada pelos formuladores de
políticas. A avaliação associada a Keynes - de que a política fiscal funciona e
a política monetária não - não foi justificada como um principio geral.
E de interesse especular sobre as razóes pelas quais esta generalização
pegou. Fundamental, penso eu! era a idéia de que a contrapaÍida financeira
do gasto autônomo não tinha nenhuma função a desempeúar no processo
multiplicador. I-embre-se da análise do Capítulo 14, em que as conseqüências
financeiras foram examinadas. Mesmo sem apresentar as conseqüências para
a taxa de juros dos diferentes tipos de financiamento, a argumentação ficou
muito pomposa, de modo que pode-se simpatizar com o desejo de ignorar o
financiamento como teórico, se não como formulador de política.
Uma conseqüência de se considerar em separado o gasto governamental
e seu financiamento foi uma mudança sutil de linguagem e conota$o em falar
de opções políticas. Keynes falou de "obras públicas"; os keynesianos falamde
"política fiscal""
A expressão "obÍas públicas" sugeÍe gastos governamentais feitos em
circunstâncias especiais, distintos dos gastos regulares. "Política fiscal"
abrange tanto os gastos governamentais (G), o aspecto expansionista da
política fiscal, quanto a tributaSo (7), o aspecto restritivo. Como ambos têm
uma função na política de estabilização, a expressão mais ampla - política
fiscal -entrou emuso. Ao lado desta mudança, no entanto, veio a identificação
de tudo que envolve G ou T como política fiscal, independente da origem ou
352
G-T=ÁB+Ál[, (18.1)
Tabela 18.1
Deveria ser de senso comum que o que é verdade para (3) não precisa ser
para (1) ou (2); é importante que se olhe ambos os lados do orçamento. E a
oportunidade para falar de objetivos opostos é bastante clara quando se
considera a política (3). Observe também que (2) mais (4) é igual a (3).
Para ilustrar a confirsão a que leva esta complicação semântica, consi-
dere a política de cortes nos gastos governamentais a fim de conter a oferta de
moeda. (Eassim que o atual governobritânico classifica a sua política.) Nestes
dias de tendência à elevação da oferta de moeda, a diminuição da taxa de
crescimento equivale a uma redu$o de M em tempos mais estáveis. Desta
forma, pode-se veÍ que esta política não é mais do que a política (3) dirigida
no sentido da deflação.
Ela é chamada de política monetarista devido ao seu ostensivo propósito
de reduzir a taxa de crescimento da oferta de moeda. Como, porém, ela nada
354
O Financiamento e o Multiplicador
355
o novo investimento era mínimo e muito capital não estava sendo mantido ou
reposto, quando se esgotava. Nesse caso, o que ocoÍre com a taxa de juros
reãlmentê não tem impoÍância. Além disso, numa profttnda depressão, é
muito poucoprovóvel queaconteça algo coma taxa de juros. As taxas já estão
táo baixas que deveria havergrande quantidade de diúeiro inativo disponível
para atendei às necessidades anrpliadas ile transações com apenas umpequeno
aumento das taxas.a
Keynes, no entanto, não vincula as suas assertivas políticas tão direta-
mente às circunstâncias particulares ao seu redor. E este cuidado poderia
tambémserconsiderado como uma refirta$o àqueles que julgavamque mesmo
a tomada de empréstimospelo governo poderia serperigosamente inflacioná-
ria - e mais ainda, criando novo dinheiro. §a realidade, isto pode acontecer,
se a tomada de empréstimo por parte do governo perdurar por muito tempo.
Este é o assunto do próximo capítulo.)
Observetambémque ele preparou esses mesmos alarmistas da infl a$o para
umelevaçáo nospÍeços como resultado deuma política expansionista (lembre-se
da aruílise da infla$o "verdadeira" e "falsa" do Capítulo 15), ainda que, naquele
b-po, ele escrevesse que era mínima a probabilidade de os preços subirem.
Figura 18.1
j uros ca iria permanentemente para um nível mais baixo para que a nova moeda
seja mantida voluntariamente inativa.
Em termos de IS-LM, a curva 15 se desloca para fora temporariamente,
mas a LM o faz permanentemente. A curva 15 é vertical, visto que não há
investimento induzido pelos juros. Na Fig. 18.1, o deslocamento temporário
é indicado poÍ uma linha tracejada. Há um movimento de Á para B como
corseqüência dos efeitos do gasto governamental e de B paru C como
conseqüência dos efeitos sobre M re Mrdo consumo induzido, quando a renda
retorna ao seu nível anterior.
Keynes, ao contrário (7. G.,p.2(X) - esta passagem será citada abaixo,
noutro contexto), permite que a queda em r teúa um efeito s obre o investimen-
to e, portanto, sobre a renda. A demanda porM, subirá com a renda, talvez até
a ponto de reverter a queda nas taxas de juros. O comportamento da taxa de
juros, quando o multiplicadorevolui, é, portanto, caire, emseguida, se inverter
parcial ou talvez até completamente.
Pode-se esperar que a velocidade de rea$o ao investimento seja umpouco
irregular, dando um padrão emático pa.ra a taxa de juros e, ru prática, a posi$o
final seria inteiramente imprevisível. Acoisa importante a observar, no entanto,
é que o nível final da Íenda pode ser mais alto do que o úvel inicial, emdesacordo
comomodelosdoslivros-textos: umúnicoperíododegastosgoveÍnaÍÍrentaispode
ter um efeito duradouro, mesmo que os efeitos da acumula@o de capital sobre a
eficiência úo possam ser considerados no cuÍto prazo.
358
Yo Yr
Figura 18.2
Figura 18.3
361
A Política Monetária
O "Mecanismo de Transmissão"
Há dois níveis em que este vínculo pode ser pode ser analisado. o mais
simples tem rela$o coú os efeitos da política monetária interpretados de
maneira restrita. b outro é bastante amplo para proporcionar um autêntico
confronto com o monetarismo.'
o enfoque mais adequado desta assertiva é a análise da oferta e da
demanda feitá por Keynes. A oferta de moeda, na sua teoria, é exógena,
portanto são os determinantes da demanda que,devem operaÍ um novo
àquilíbrio, quando a oferta de moeda muda. E Keynes fez 1m3 enorÍne
juros e a demanda especulativa de moeda. Isto levou
-of,r.ao ioü." u taxa de
à idéia de que MD = L(r) era a "Teoria Especial" de Keynes, um caso extremo
da sua fórmula mais ge.ral MD = L (Y, r).Estafoi a interpretação do artigo que,
mais do que qualquãr outto, formou a nossa compreensão- do sistema de
Keynes: Ur. X"ynàt and the Classics (I1icks.,_ 1937). Uma alternativa que é
equilíbrio entre a oferta e a demanda
-.ío. restritiva éque ré responsávelpelo mudar. (Modigliani ,1944'talvez
de moeda anles quê a renda ieúa tempo de
363
\
M,
. M',
Í2
rl x
lú - tvt
^ú-M,
Mr+B
Figura 18.4
365
E verdade que Keynes admitia que a moeda inativa era muitas vezes
mantida, mas esse fato não é essencial, pois se a renda aumentasse, a moeda
muito provavelmente aumentariam também, fosse a origem da nova renda os
gastos do governo financiados por dinheiro novo ou investimento financiado
por empréstimos bancários. Se o volume de moeda não aumentasse, a taxa de
juros subiria e a renda aumentaria de um valor menor. Qualquer que fosse o
aumento efetivo da renda, ela seria automaticamente mantida ou pela
ativação dos fundos inativos atravós da elevação das taxas de juros ou do
dinheiro novo.
Keynes diverge dos monetaristas em sua hipótese quanto ao que os
negociadores que transacionam com o agente governamental fazem da moeda
que obtêm, Na análise de Keynes, o agente governamental têm êxito na venda
de títulos porque oferece um ganho de capital aos poÍadores existentes. Mas,
embora essa venda aumente a liquidez imediata da economia, ela própria não
gera realmente renda, e emKeynes somente a renda e aspreferências motivam
o gasto.
Uma decisão de gastar a partir da conta de capital, que é o que significa
o gasto da receita de uma venda de títulos, exige ou que surja uma contingência
para a qual os saldos precautórios foram retidos, ou que as preferências a
consumir e poupar teúam mudado. Estas circunstâncias só aparecem forrui-
tamente ao mesmo tempo que uma compra de mercado aberto e, portanto, não
podem ser chamadas previsóes da teoria.
Além disso, mesmo que as preferências individuais de fato se alterem
deste modo, a questão levantada no Capítulo 6, de que, embora os individuais
possam gastar os lucros das vendas de títulos, deve ser lembrado que, no
agregado, o incremento do gasto é limitado aos gaúos de capital. Nesse ponto,
creio que os monetaristas estão simplesmente errados levando a sua análise até
o úvel agregado.
Considerada em seu rigor didático, a Teoria de Keynes pode ser vista
como admitindo que o financiamento do investimento depende inteiramente
da existência deumpool de saldos inativos, que é ampliado por urna política
monetária cujo propósito principal é incentivar os empresários a utilizar esse
pool; e o modelo de Friedman e Schwartz propõe um uso direto dos fundos
fornecidos deste modo, servindo a queda da taxa de juros para inclinar a
balança da escolha intertemporal a favor do gasto vigente. Keynes rejeita
qualquer influência da taxa dejuros sobre o consumo e a sua inÍluência sobre
a regulação do investimento não é claru. Sobre a questão da regula$o, pode
encontrar um meio-termo entre os dois extÍemos, ocupado pelas duas fontes de
investimento que não meÍeceram muita atenção na Teoria Geral: o financia-
mento interno e os bancos. Consideremo-los.levando em conta o contraste
anteriormente citado entÍe as teorias.
368
AMoedaroJuroeoGasto
A idéia de Keynes da função da moeda é expressa da sua forma mais
geral, senão mais clara, no seguinte trecho:
O I-ongo Prazo
Hegeland (195
!), pp.2lL-215, é o único autor que encontrei que coloca a questão
da omissão de Keynes.do acelerador por esta raáo. Ninguémque eu saiba fez tal
sugestâo metodol ógi ca.
6
Ver C.olm (1947,p.463), Hansen (1938).
1
Há muitas batalhas simuladas. Ver Chick (1973b).
8
Admiravelmente resumido em t:idler (1969).
9
Uma exposi$o semelhante aparece em Friedman e Meiselman (1963).
l0 segundo
a visão da teoria quantitativa da demanda de moeda, a moeda é retida
somente para fins de transação e de precauçáo.
Tabela 19.1
Taxas de Inflaçáo no Auge e na Depressáo Cíclicos
Mudanças Percentuais desde o Ano Anterior
L978 9.0 ,
Fonles: (1) The National Income anil Proiluct Accounts of the US' 1929-1965 e Survey of
Cunent Business, várias datas.
(2) C-entral Statistical Office, National Income anil Erytend.iture (Blue Bodc): L98O'
Tabela 2.6; l914,Tabla 17;1963, Tabela 16.
(3) Economic Re2nrt of the Presid.a*, janeiro de 1980.
(4) Centrd SEtisticalOffre, Annual Abstract of Sntisics: 1982, Tabela 18.1; 1968,
Tabela 379.
374
Tabela 19.2
Taxa de I)esemprego no Auç e na I)epressáo
(O auge indica baixo desempr€go)
Tabela 19.3
A Razáo entre Lucros e PNB
Tudo isso sugeÍe que a tendência geral da emc a cair foi vigorosamente
contrabalançada pela mudança técnica e pela demanda flutuante no iúcio
379
Tabela 19.4
Parcela dos Gastos Governamentais no PNB/PIB
Médias Qüinqüenais
ReinoUnido il.rA
195G54 14.9 192
1955-59 li5 19.6
tg60e 16J ?fr5
1965ó9 173 21.9
t97G-74 18.4 22.O
tyl5:79 20:7 27.O
Notas eFontes:
Reino: 1950-59: Gastos das autoridades públicas com bens como parte do PIB a
Unido preços correntes. Blue Book 1962. (Interrup$o dos dados na linha
tracejada)
1960-79: C-onsumo geral final do governo como parte do PIB a preços
correntes. Blue Book 1981; Tabela 1.1.
EUA Aquisição pelogoverno de bens e serviços como parte do PNB . Statistical
Abstract of the United States 1980; The National Income and Product
Accounts of the US, 1929-65; e Survey of Current Baslzess, vários
números.
380
abaixo de nossa renda de não mais que o equivalente da provisão física para o
consumo futuro que compensâ produzir hoje.
(7. G., pp. to4-5)
383
Desse modo, a taxa de juros deve cair num ritmo sempre crescenre (tudo mais
permanecendo constante) até chegarao seu mínimo, após o qual o investimento
será igual a zeÍo -a estado estacionário -, a menos que haja mudança técnica.
Eis aqui a segunda fonte de divergência comos "teóricos do crescimen-
to". Eles vêem o crescimento principalmente como a concretização da
mudança técnica, que se opõe à eficiência marginal. Eles parecem esquecer
que não basta ter novas idéias; os progÍessos técnicos são dignos de serem
concretizados. É sumamente significa-tivo que, na falta do ciescimento da
população ou de uma mudança tecnológica permanente, não só Keynes mas
também a moderna teoria do crescimento prognostica a convergênóia para a
estado estacionário.
O M ecanismo Intlacionário
O Egito antigo foi duplamente feliz,e, sem dúvida, devia isto a sua fabulosa
riqueza, pelo fato de possuir duas atividades, ou seja, a constru$o de pirâmides,
assim como a busca de metais precicos, cujos frutos, como náo podiam servir
às necessidades de consumo do homem, não se deterioravam com a abundância.
A Idade Média construiu catedrais e cantou réquiens. Duas pirâmides, duas
missas pelos mortos, são, para todos os efeitos, duas vezes uma; mas duas
estradas de ferro de Londres a Nova Iorque náo é a mesma coisa.
(2. G., p. 131)
Por isso estamos aqui hoje, com as artes (com utilização intertsiva de
mão-de-obra) ávidas de dinheiros e muitas empÍesas de aviação voando entre
Londres e Nova Iorque -o que talvez mostra que pode-se até orientar mal o seu
t88
O Sistema Monetário
Duvida -se que as taxas de infla$o dos anos recentes pudessem ter ocorrido
no sistema moneúrio da época de Keynes. Embora a Grã-Bretaúa -e o resto da
Europa -estivesse fora do padrão-ouro na época da publica@o da TeoritGeral
é totalmente claro que Keynes considerava algo semelhante aopadrão-ouro @rno
anarrna: uma caracteística essencial da moeda, para ele, eÍa a sua inelasticidade
de oferta.Defato,essa inelasticidadeera acausa da dificuldade emcorseguiruma
taxa de juros suficientemente baixa, e quando chegou o momento, no fim da
guerra, de reorganizar o sistema monetário internacional, Keynes queria uma
elasticidade maior do que o padrão-ouro permitira.
O que o mundo teve, naturalmente, foi umsistema de câmbio-ouÍo com
o dólar como moeda-chave.
Enquanto isso, as moedas nacionais foram liberadas de seus vínculos
com o ouro.
Repassemos agora os passos da argumenta$o com estes fatos claramen-
te na memória. Começamos novamente no final da guerra, o fato extraordiná-
rio são as baixíssimas taxas de inÍlação na América, com exceção do ano da
Guerra da Coréia. A rápida taxa de crescimento real seria parcialmente
responsável por isso; o resto, penso, é explicado pela escassez de liquidez
internacional. Os déficits comerciais americanos foram compensados pela
absorção de dólares das reservas internacionais: uma forma de saldos inativos,
pelo menos do ponto de vista dos americanos. As pressões inÍlacionárias
nacionais foram parcialmente aliviadas por esta via.
O desejo de outros países de adquirir dólares começou a diminuirno final
da década de 60. Apressão internacionalpara que os Estados Unidos "fizessem
alguma coisa" em rela$o ao seu déficit parece ter tido pouco efeito sobre a
política - medidas deflacionárias eram desagndáveis. Nessas circunstâncias,
as taxas de inÍla$o começaram a subir - justamente no momento de uma fase
de crescimento em que seria bastantenzoável e sperar que os preços começas-
sem a cair: investimentos intensivos, que incorporavam grande pÍogÍessos
técnicos, tiúam ocorrido, mas os beneÍícios em termos de redu$o de preços
não estavam em evidência. Os keynesianos apaÍentemente não os esperavam
e não indagavam por que eles não estavam mais em evidência - se havia
pressões inflacionárias que os progressos passados em eficiência estavam
melhorando - e dissimulando.
O sistema de taxas de câmbio fixas operou, no pós-guerra, de maneira
diferente na Grã-Bretaúa, que tinha perdido a sua condição de detentora da
moeda padrão. A ameaça de perdas de reservas tendia periodicamente a
I
389
Sumário e Conclusóes
Notas
Hansen (1938) também se serve de uma metáfora médica, que pode se ajustar
melhor âos que não gostârâm das minhas sugestões homeopáticas:
Algumas vacinas perdem a eficácia e devem ser repetidas, mas ninguém pensaria
nelas como um sucedâneo da saúde essencial do organismo.
Para um exame minucioso dos dados e dos problemas, ver King (1975).
Omissóes
economia empresarial tornou-se uma economia mista, nem era uma iniciativa
puramente privada nem era planejada. Se isso constitui ou não uma diferença
substancial é uma questão em aberto.
A resposta depende da idéia que se úeúa sobre os motivos do governo
-edas empresas-na esfera produtiva. Se os doisagemdemaneira semelhante,
não há nenhum mal em tratar este aspecto do governo como parte do setor
empresarial. Há muitos, no entanto, que argumentariam que a estrufura
bissetorial da Teoriq Geral não é mais suficiente.
Algu^ diriam também que o tipo de produto gerado pelo governo é
suficientemente distinto para garantir um tratamento especial. Bacon e Eltis
(1976) são representantes radicais deste ponto de vista; eles previnem que o
produto associado aos gastos governamentais não tem neúuma expressão
econômica (embora provavelmente admitissem um certo teor de bem-estar).
IJma vez mais, a validade e importância deste argumento é uma questão de
julgamento individual.
Seja qual for a decisão do leitor, ele é obrigado a lembrar que urna coisa é
se queixar de que certos aspectos do mundo real - mesmo aspectos importantes
-estão faltando e outra incorporaÍ esses aspectos numa teoria e fazer com que ela
desmorone sob o peso da sua própria complexidade. Aboa teoria é simplifica$o
relevante; a simplifica$o é tão importante quanto a relevância.
(1) O Desemprego
Conclusáo
Os números entre colchetes no final de cada item indicam o local das citações no texto.
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409
custo de uso e 70,91,93, 100-101 Preçns 74, 94-100, 299-313, 351, 361
e mudanças salariais 168-170 dados 9, 164-165
em unidades salariais 76-79 expectâtivas (uer Expecta tivas)
Oferta de produto (curva da) fixos 282,299,305-306
e oferta agregada 98-100 mudanças nos 300-309
da empresa ou indústria 93-98 flexibilidade (ou rigidez) !22, 282,
Otimismo e pessimismo 250, 258-259, 299,305
340 índice geral 63-64
Padrão-ouro 8, 11,340 estabilidade 392, 39 4-39 5
Período de produgo 22,24,276-217, contÍole 28-29, 37, 44, 9l-93
272,291 (ver também Maximização de
Phillips (curva de) 311,-312 lucro)
Pleno emprego 70,80,86-88, 326 no longo prazo 310-31 1
conceitos de 150-153 moeda e 310-311
Polipólio (ver Pequenas empresas) das matérias-primas 56-57, 305-306,
Política econômica 349 -37 I 309
metas 349-350 (ver também Custos de uso)
eficácia da 351-361 mercado de estoque 318-319
política fiscal 352-362 Previsão perfeitâ (ou certeza ou
na Teoria Geral349-363 conhecimento) 28-29, 43 -44, 93,
de prazo mais longo 372-390 2!5,222,324,326
operações de mercado abeÍto 246- e equilíbrio com desemprego 119-
247,352,363-366 t22
Política monetária 353 -354, 362-37 0 Produção (ver Produto; curva da oferta
Populago 37 7, 382, 393, 397 (do produto)
Postulados clássicos t03, 144-187, Produto 73, 9 4, 99, 281, 299, 313
passim Pump-priming (carregando a bomba)
apresenta$o 147 358-360
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Victoria Chick fez toda a
carreira como Professora do
University College, de
Londres. onde supervisiona e
orienta os estudantes do irível
de Ph.D. em Economia, e faz
conferências e seminários
sobre Macroeconomia e
Teoria Moneúria nos cursos
de graduação.
Ministra cursos em
Universidades dos Estados
Unidos, Canadá, Dinamarca e
Bélgica.
É membro da Royal Economy
Society, da European
Association for Evolutionary
Political Economy e do Post
Keynesian Economics Study
Group.
Pertence ao Conselho
Editorial da Reuiew of
Polüical Economy e do
European Journal of Political
Economy.
Macroeconomia Após Kqtnes
foi publicado.originalmente
e na Inglaterra e tem edições
t. nos Estados Unidos, Iúlia,
t:
Espanha, Japáo e,.agora, no
t.
Brasil.
Nesta obra, editada no Brasil pela FORENSE
LIMYERSITÁRIA, o leitor tomarâ conhecimento de
uma das mais importantes e aAnlizadas contribuições
no campo da macroeconomia, de autoria de Victoria
Chick, Profêssora de Economia do tlniversity College,
de Londres.
Trata-se de um livro em que a Autora propÕe uma
releitura crítrca da teoria macroeconômica exposta por
J. M. Keynes no seu trabalho fundamental - Teoria
Geral do Emprego, d.oJuro e da Moeda-, e discute o
modo como ela vem sendo ensinada e aplicada por
prof'essores e economistas.
Esta publicação constitui certamente obra de extremo
interesse e utilidade para estudantes universitários,
prof-essores e profissionais da ârea de Economia e de
Administração de Empresas.
tsBN 85-218-0115-7
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