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DISCIPLINA:

FILOSOFIA
AUTORIA: MARILIA ALVES CHAVES SILVEIRA

Multivix-Vitória
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Cep 29075-080 – Telefone: (27) 3335-5666
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Multivix-Nova Venécia
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Cep 29830-000 - Telefone: 27 3752-4500
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Multivix-São Mateus
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Cep 29938-015 – Telefone (27) 3313.9700
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Multivix-Serra
R. Barão do Rio Branco, 120, Colina de Laranjeiras, Serra-ES
Cep 29167-172 – Telefone: (27) 3041.7070
Credenciada pela Portaria MEC nº 248 de 07 de julho de 2011.

Multivix- Cachoeiro de Itapemirim


R. Moreira, 23 - Bairro Independência - Cachoeiro de Itapemirim/ES
Cep 29306-320 – Telefone: (28) 3522-5253
Credenciada pela Portaria MEC nº 84 de 16 de Janeiro de 2002.

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Cep 29360-000 – Telefone: (28) 3542-2253
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Vitória, 2015
1

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Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão
Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga

MARILIA ALVES CHAVES SILVEIRA

NEAD – Núcleo de Educação à Distância

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico – Emanuella Fontam

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial – Kessya Pinitente Fabiano Costalonga

GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA – Denise Bernini

Coord. Geral de EAD – Géssica Germana Fonseca

BIBLIOTECA MULTIVIX
(Dados de publicação na fonte)

S587f
Silveira, Marilia Alves Chaves.
Filosofia / Marilia Alves Chaves Silveira. – Vitória : Multivix,
2015.

54 f. ; 30 cm

Inclui referências.

1. Filosofia. I. Faculdade Multivix. II. Título.

CDD: 101

Filosofia
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Disciplina: Filosofia
Autoria: Marilia Alves Chaves Silveira

Primeira edição: 2015

Filosofia
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SUMÁRIO

1º BIMESTRE................................................................................................... 5
1. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE................................................... 6
1.2 OBJETIVOS DA UNIDADE....................................................................... 6

2 DESENVOLVIMENTO........................................................................ 8
2.1 FILOSOFIA E CIÊNCIA: REFLETINDO SOBRE AS DIFERENTES
FORMAS DE CONHECIMENTO.............................................................. 8
2.1.1 MITO.......................................................................................................... 8
2.1.2 SENSO COMUN........................................................................................... 11
2.1.3 O CONHECIMENTO CIENTIFICO.................................................................. 11
2.2 A ATITUDE CRÍTICA E O SUJEITO FILOSOFANTE ............................ 12

3 OBJETIVOS DA UNIDADE............................................................... 14

4 DESENVOLVIMENTO....................................................................... 15
4.1 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA ........................................................... 15

5 OBJETIVOS DA UNIDADE.............................................................. 20
5.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE.............................................................. 20

6 DESENVOLVIMENTO....................................................................... 21
6.1 PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA................................. 21
6.2 OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS................................ 22
6.3 FILOSOFIA ANTIGA................................................................................. 24
6.4 SÓCRATES: O “PAI” DA FILOSOFIA...................................................... 25
6.5 A PATRÍSTICA........................................................................................... 30
6.6 A ESCOLÁSTICA...................................................................................... 33
6.7 O BANQUETE DE PLATÃO...................................................................... 35

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2º BIMESTRE............................................................................................ 37
7 OBJETIVOS DA UNIDADE.............................................................. 38

8 DESENVOLVIMENTO....................................................................... 39
8.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO NA MODERNIDADE........................... 39
8.2 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA......................................................... 41

9 OBJETIVOS DA UNIDADE.............................................................. 49

10 DESENVOLVIMENTO....................................................................... 50
10.1 A FILOSOFIA NA PÓS-MODERNIDADE................................................ 50
10.1.1 MICHEL FOUCAULT................................................................................... 51
10.1.2 MARTIN HEIDEGGER................................................................................... 51

11 REFERÊNCIAS.................................................................................... 54

Filosofia
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1º Bimestre

Filosofia
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1. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

Partindo da delimitação de Cotrim (1991) é plenamente relevante apoiar-se nas


concepções filosóficas para melhor compreensão da sociedade das transformações
e consequente do advento da Cibercultura, uma relevante característica da
sociedade pós-moderna. Nas palavras de Manuel Castells (1993, p.19).

Nos últimos vinte e cinco anos deste século que se encerra, uma revolução
tecnológica, com base na informação, transformou nosso modo de pensar, de
produzir, de consumir, de negociar, de administrar, de comunicar, de viver, de
morrer, de fazer a guerra e de fazer amor. Constituiu-se uma economia global
dinâmica no planeta, ligando pessoas e atividades importantes de todo o mundo e,
ao mesmo tempo, desconectando das redes de poder e riqueza as pessoas e os
territórios considerados não pertinentes sob a perspectiva dos interesses
dominantes.

É nesse contexto do advento da tecnologia e difusão rápida da informação, que se


encontra a escola, com um cotidiano de plena interferência dos agravantes da pós –
modernidade. Nesse sentido, mediante uma visão teórica do contexto dos séculos
XX e XXI, na reflexão da práxis pedagógica e das metodologias das ciências
cognitivas, que a Filosofia se torna uma das ciências que promovem um caminho de
reflexão-ação e sobretudo de direção para que o docente atinja um processo ensino-
aprendizagem significativo e de sucesso na sua ação educativa e
consequentemente no processo que envolve todos os agentes diretos e indiretos na
educação e seus resultados frente ao educando e consequentemente toda a
sociedade.

Nesta perspectiva Filosofia e Educação se tornam parceiras e constroem um


caminho de estratégias norteadas sempre pelo exercício do devir e rompem as
fronteiras do conhecimento em prol de uma atuação profissional de sucesso e de um
processo ensino aprendizagem significativo e emancipador.

1.1 OBJETIVOS DA UNIDADE

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Ao final desta unidade esperamos que o aluno seja capaz de:

 Entender que a Filosofia está relacionada à um processo sócio-histórico e


consequentemente às variadas metodologias utilizadas nos modos de educar e
como forma de desenvolver conhecimento;

 Apreender os elementos filosóficos como caminhos para um desenvolvimento


humano e de ensino-aprendizagem significativo e emancipador que partiram das
indagações frente ao conhecimento mitológico.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 FILOSOFIA E CIÊNCIA: REFLETINDO SOBRE AS DIFERENTES FORMAS DE


CONHECIMENTO

Algumas indagações estiveram presentes no pensamento humano desde sua


origem, como: O que é o ser humano? O que é o mundo? Por que vivemos?
Indagações como essas estão presentes também na pós-modernidade, período
histórico de incertezas e de crises existenciais que perpassam por variados campos
da ciência como: econômicos, políticos, sociais, religiosos, enfim, período em que a
consciência e a razão perdem a credibilidade, pela liberdade dos questionamentos.

Ao longo do tempo, várias formas de conhecimento, foram utilizadas pelo homem na


tentativa de explicar sua realidade e responder suas indagações. Assim, faz-se
necessário delinear o que é conhecimento e suas variadas formatações. Existem
vários tipos de conhecimento como explicita Aranha (2006), conhecimento,
mitológico, conhecimento científico, conhecimento filosófico, dentre outros:

2.1.1 MITO

O mito é uma forma de conhecimento intuitivo, é a necessidade de explicação da


realidade como conhecimento imediatista e impregnado de valores do cotidiano. O
mito também pode ser delineado como uma narrativa que envolve os elementos da
natureza e a relação do homem com os elementos como água, fogo, terra, força,
paz, amor, enfim, elementos que o homem da antiguidade não possuía acesso à
estudos aprofundados para explicar sua existência. Para Chauí (2003) a Filosofia
surgiu a partir de uma transformação gradual nos mitos ou até mesmo de uma
ruptura com os mitos, pois o mito se difere da filosofia ao propor uma explicação
metódica e científica para os elementos da natureza, seus fenômenos e sua relação
com o homem.

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O pequeno trecho a seguir, foi extraído da obra Convite a Filosofia de Marilena


Chauí (2003), é o diálogo de Sócrates e Glauco em o Mito da Caverna faz menção
ao momento em que a filosofia como conhecimento científico chegam na sociedade.

"Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de


Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de
Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento sistematizado,
mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo,
na sua eterna busca da verdade. Imaginemos uma caverna separada do mundo
externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde
seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem
poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a
parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do sol.
Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos
prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam
projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro,
pessoas passam conversando e carregando nos ombros, figuras de homens,
mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna.
Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas, e que os
artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros,
tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o
qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna. No primeiro instante, fica
totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão
acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-
se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas,
descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da
caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais.
Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz, ofuscante,
também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o
que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta à caverna, o prisioneiro
será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os
outros, não será acreditado por eles e ocorrerá o risco de ser morto pelos que jamais
abandonaram a caverna." (Platão: livro VII da República).

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 O que é a caverna?
O mundo impregnado de verdades absolutas no qual vivemos.

 Que são as sombras das estatuetas?


As coisas materiais e sensoriais que percebemos, pelas necessidades básicas de
sobrevivência.

 Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna?


O filósofo – professor-pesquisador

 O que é a luz exterior do sol?


A luz da verdade, a Filosofia, a busca pelo saber.

 O que é o mundo exterior?


O mundo das ideias, ou da realidade pautada em explicações coesas, fidedignas.
 O que é a visão do mundo real iluminado?
A Filosofia.

 Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão


está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia
ateniense?)

Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.

CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1999. p. 41

PARA REFLETIR!

A filósofa Marilena Chauí, faz menção ao filósofo que se desprende do


mundo das verdades prontas, e do conhecimento mitológico que não
possui aprofundamento científico, onde a criticidade e a visão investigativa não

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existem. Essa concepção de exercício de devir, ou seja a diferença do mundo das


ideias e não apenas do universo das opiniões ladeadas de preconceitos e dogmas,
são essenciais para a postura do professor-pesquisador da pós-modernidade, essa
concepção trará para seu perfil profissional uma postura linear do conhecimento e
um posicionamento autônomo, ético e transformador. É desprender-se dos mitos e
rumar em direção ao novo, ao universo docente onde é possível criar... O caminho,
assim como o do filósofo será desafiador, mas será um caminho de conquistas.

2.1.2 SENSO COMUM

O senso comum é um tipo de conhecimento adquirido pelas relações sociais ao


longo do tempo e se relaciona profundamente às concepções de uma dada
comunidade. Ao contrário do conhecimento científico ele é ametódico e
assistemático, pois parte das realidades e não da pesquisa.

Aranha (2006) explicita que o saber comum possui sua relevância e nem sempre é
possível questioná-lo. Pois pode se relacionar à história de vida a não ser em casos
em que persistem dominações políticas das massas em que interesses das minorias
são defendidos pelas lutas de classes.

2.1.3 O CONHECIMENTO CIENTIFICO

As concepções e métodos científicos de acesso a pós modernidade são uma


conquista que teve início no século XVII como define Aranha (2006). Nesse
contexto, Galileu definiu a estrutura metódica que transformou a física e a
astronomia delineada desde a antiguidade. Por meio dessas relevantes conquistas,
a ciência ganhou destaque como caminho para a produção de um conhecimento
fidedigno. Conforme o esquema a seguir, as bases do saber científico, possuem um
caminhar sócio-histórico:

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http://www.coladaweb.com/curiosidades/o-que-e-ciencia

A necessidade de explicar a realidade e seus fenômenos surgiu desde a existência


do homem, entretanto foi a partir de suas descobertas que perpassam pela
antiguidade, questionamentos do contexto medieval e moderno e que culminam com
a contemporaneidade e a ainda discutida pós-modernidade, trazem a necessidade
de valorização de um método científico e também da experiência, pragmatismo, para
a construção dos saberes.

2.2 A ATITUDE CRÍTICA E O SUJEITO FILOSOFANTE

Uma das concepções tidas à priori frente à postura do filósofo é que ele é o amigo
do saber, um sujeito com postura crítica e que não se conforma com a realidade,
mas que sobretudo, procura entendê-la e questioná-la.

Durante muito tempo a sociedade emitiu preconceitos frente a esse sujeito, pois os
princípios tradicionais e a visão transversal do saber se sobressaíam e
caracterizavam a educação como processo isolado do entorno social e seus
anseios, esses processo educacional ainda estava arraigado no contexto do século
xix.

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-
se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia
quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. (chauí, 1999, p. 19). Á luz
da pós-modernidade é possível romper, criar e recriar métodos onde o conhecimento

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crítico e sócio-histórico cheguem ao discente. Chauí (2003), remonta essa ideia de


que o espanto a busca pelo conhecimento, o inconformismo que são características
do filósofo e do profissional educador sejam um princípio de reconhecimento da
ignorância, tida como a necessidade de pesquisa e a busca pelo saber.

A dúvida, como define rené descartes, filósofo e matemático francês, é o princípio da


sabedoria (aranha, 2006). Ou seja, é o momento de saber que não se sabe, e
assumir um papel de investigador. Essa precisa ser uma necessidade cotidiana do
docente, pois o pluralismo de culturas, de conhecimento de atitudes no contexto
escolar, trazem essa necessidade.

O senso comum e a ciência são expressões da mesma necessidade básica,


necessidade de compreender o mundo, a fim de viver melhor e sobreviver. (Rubem
Alves)

SUGESTÕES DE LEITURA

 Artigo - Ciência, senso comum e revoluções científicas: ressonâncias e


paradoxos* Marivalde Moacir Francelin Mestre em biblioteconomia e ciência da
informação pela PUC-Campinas. E-mail: mfrancelin@yahoo.com.br - Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a04v33n3

 Artigo - DOIS SENTIDOS CONSTITUTIVOS DA AULA: CIENTÍFICO E


SENSO COMUM - Nilsa Ribeiro1 - UFPA-Campus MarabáDisponível em
http://www.ufpa.br/campusmaraba/index/cache/publicacoes/nilsa_fael_3.pdf

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3 OBJETIVOS DA UNIDADE

 Entender o surgimento da Filosofia sob perspectiva sócio-histórica;

 Relacionar os variados campos do conhecimento às raízes filosóficas;

 Identificar as áreas de estudo da filosofia e sua relevância.

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4 DESENVOLVIMENTO

4.1 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

A Filosofia surgiu por volta do século V, no momento em que condições naturais,


econômicas políticas e sociais proporcionaram ao homem inquietações que partem
de um pressuposto do conhecimento filosófico. Nesse sentido é possível destacar
que o surgimento da Filosofia possui uma fundamentação metódica e suas raízes
são sócio-históricas, primeira concepção que vai ao encontro do conhecimento
mitológico existente na época.

Para Chauí (2003, p. 25) atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu
no século V a. C.) a invenção da palavra "filosofia". Pitágoras teria afirmado que a
sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem
desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

Dedicar-se ao conhecimento filosófico, não é tornar-se um deus, conforme se faz


necessário na reflexão da citação anterior, mas torna o indivíduo - docente capaz de
reflexões e ações plenamente relevantes e transformadoras para a sociedade,
pautadas na autonomia pessoal e profissional.

À medida que o ser humano da sociedade grega do final do século VII e início do
século VI a.C., sofreu modificações na forma de perceber o conhecimento ao longo
de sua formatação sócio-cultural, política e econômica, surgiu a Filosofia, como
busca dos filósofos da natureza em entender as explicações mítico-religiosas. Nesse
sentido, os elementos a seguir conforme menciona Chauí (2003), contribuíram para
o surgimento d a Filosofia:

 As viagens marítimas: a região de relevo montanhoso da Grécia, estimulou


a invenção de embarcações que proporcionaram à sociedade grega o conhecimento
de regiões distantes que para os gregos eram habitadas por deuses, e a partir do
contato com as regiões distantes ficou claro que lá não estavam os deuses e sim

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outros seres humanos, desse modo ocorreu uma desmistificação, frente ao


conhecimento mitológico, e a necessidade de respostas que o mito, já não podia
proporcionar;

 A Invenção do Calendário: O aprofundamento do conhecimento temporal,


que antes era responsabilidade dos deuses, foi resultado da ampliação do contato
com a natureza e trouxe para o homem a capacidade de percepção do tempo com
um aprofundamento científico, como algo natural e não como a vontade dos deuses,
principalmente no que concerne à produção agrícola e de uma nova percepção da
realidade;

 A invenção da moeda: devido o contato com novas comunidades, foi


necessário ampliar a capacidade de abstração frente às novas culturas, diante disso
o homem tornou-se capaz de inventar a moeda como forma de troca entre uma
espécie e uma mercadoria, capacitando-o para assimilar uma forma de troca mais
abstrata e consequentemente ampliou sua cognição.;

 O surgimento da vida urbana: o prestigio da vida urbana, tirou o foco da


cultura centrada apenas nas famílias aristocratas que sustentavam a importância do
mito como forma de conhecimento, o estímulo às artes proporcionado pelo novo
cenário cultural na Grécia fertilizou o campo para a difusão da Filosofia;

 A invenção da escrita alfabética: essa invenção, assim como a invenção do


calendário e a invenção da moenda, ampliou a capacidade de abstração , utilizando
os símbolos como representação sócio-cultural.

 A invenção da política: Em uma delimitação conceitual mais utilizada, têm-


se a política como a arte de viver na cidade, assim a política trouxe a ideia de
organização da vontade coletiva, é a organização da polis. A política ao valorizar
uma nova estrutura social, centrada no campo público, trouxe a ideia de valorização
do pensamento racional centrado na discussão do próprio conceito de política,
valorizando o conhecimento científico e não mais o mitológico, como fonte para

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entender anteriormente, os cargos e funções sociais de cada indivíduo do grupo


social.

Por esses estímulos sócio-culturais, ou seja, partindo de uma sustentação sócio-


histórica e não apenas mitológica, defende-se a ideia de Filosofia como um
pensamento cuidadoso e rigoroso, pautado nos princípios científicos. Conforme
Aranha (2006), não como uma delimitação definitiva, mas é possível ainda elencar
os campos de investigação da Filosofia: Enquanto a ciência possui verdades
passageiras, a Filosofia questiona permanentemente. Partindo desta visão, é sabido
que os campos de investigação da Filosofia são, conforme delimita Aranha ( 2006):

A Lógica: área do conhecimento filosófico que se apoia na construção e análise de


regras para subjugar a fidedignidade de tal conhecimento, ou seja investiga a
validade dos conhecimentos.

A Ética, se consolida como ciência da moral, e das plenas relações entre, moral,
paixão, razão e concepções culturais, também é chamada de Filosofia da Moral,
conjunto de regras de conduta cujo objetivo é a análise das relações interpessoais.

A Epistemologia ou ciência, se configura como a análise e avaliação crítica das


ciências, é o estudo crítico das ciências, suas hipóteses e métodos.

A filosofia Política se consolida pelo estudo sobre a natureza do poder e a ideia


de bem como a visão de autoridade, e ainda perpassa pelas ideias de direito, lei
justiça, violência e dominação e estuda as diferentes fundamentações políticas e
sua relação com o Estado.

Teoria do conhecimento se estrutura como o estudo das variadas modalidades,


existentes para a construção do conhecimento humano.

Ontologia ou metafísica é o conhecimento dos princípios e fundamentos da


realidade e de todos os seres, estuda o ser enquanto ser, também chamada de

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filosofia primeira, pois fornece a todas as outras a raiz comum, a essência do


saber.

A Estética ou Filosofia da Arte, realiza o estudo das formas de Filosofia da arte ou


estética - Estudo das formas de arte, do trabalho artístico, mediante a ideia de obra
de arte e também da criação. Estuda criticamente o belo e o feio.

Filosofia da Linguagem, debruça na linguagem como manifestação da humanidade


do homem, analisa criticamente a relação do ser humano com a realidade, seus
signos e sentidos.

Filosofia da Educação é a reflexão rigorosa acerca das temáticas ligadas à


educação e sobre a ação pedagógica bem como a atuação dos agentes diretos e
indiretos nesse processo tão relevante e inerente a todos os homens que é a
educação.

A Filosofia da História estuda sobre a dimensão temporal mediante a existência


humana, sob perspectiva sócio-política e cultural, assim como a filosofia da
matemática, do direito da filosofia, ou seja a filosofia pode focar-se em vários
campos do conhecimento.

SUGESTÃO DE LEITURA

 CHALMERS, A. F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

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Visto que a Filosofia enquanto ciência teve em sua área de


abrangência e em sua forma de estudo muitas alterações e limitações, de acordo
com a época em que era tratada e com a linha de pensamentos predominante das
diversas “escolas” que foram surgindo, que iam se extinguindo; porém, deixando
sempre um legado filosófico de pensamento, é quase impossível rotular, ou mesmo
conceituá-la enquanto área de atuação, uma vez que engloba uma gama imensa de
conhecimentos, e enquanto ciência uma vez que, como foi dito, sofre muitas
alterações na maneira com que se é tratada e estudada.

Elaborar uma definição que descreva a Filosofia, como uma espécie de verbete, é
uma tarefa arriscada, uma vez que essa conceituação possa ficar ultrapassada em
pouco tempo, além de ser como "filosofar a respeito da filosofia", um típico exercício
metalinguístico. Dito isso, podemos concluir que a Filosofia nunca terá, pelo menos
ao que tudo indica, uma definição universalmente aceita, sofrendo essa, inúmeras
modificações no curso de sua existência.

Porém, a filosofia tem, por razões de conveniência e uma melhor estruturação,


áreas a serem abordadas, subdivisões agrupadas em temas, as quais podem ter
um caráter classificatório, ao contrário do termo Filosofia como um todo, uma vez
que não perdem a razão de ser com o tempo. Pode até ser que surjam (o que não é
improvável) outras subdivisões de acordo com novas temáticas que possam se
fazer pertinentes com o avanço dos estudos filosóficos, se adequando à corrida
evolutiva do tempo.

Fonte: http://origem-da-filosofia.info/mos/view/Divis%C3%B5es_da_Filosofia/

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5 OBJETIVOS DA UNIDADE

 Identificar os elementos que marcaram a filosofia na Antiguidade e na Idade


Média;

 Perceber os aspectos que identificam a filosofia pré-socrática;

 Analisar a relevância da filosofia socrático para a pós-modernidade.

5.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

A antiguidade, deixou de legado para a humanidade, o saber filosófico. As primeiras


reflexões sistemáticas, se reportam a educação e pedagogia da criança grega, que
se estruturavam na formação integral do homem. O homem era o centro, o ponto de
partida das preocupações filosóficas, assim o humanismo, a valorização do corpo e
da mente estiveram arraiados nos preceitos filosóficos da antiguidade.

Esse brilhante período deixou para Sócrates a imagem de grande responsável pela
difusão da Filosofia, graças ao seu relevante método de investigação. Suas ideias se
estenderam à humanidade graças aos seus discípulos que acreditaram no
conhecimento filosófico como ideal de vida.

Já a Filosofia na Idade Média estruturou-se partindo da grande influência da Igreja


católica, a fé e a vontade de Deus era o que direcionavam as filosofias de vida. Todo
conhecimento provinha de Deus, e não poderia ser questionado. Importantes
personagens e fatos históricos, ampliam o caminho da Filosofia e essas conquistas
se estenderam para a modernidade na busca por uma educação de qualidade, com
equilíbrio entre a fé e a ciência, a emoção e a razão, que abriram caminhos para a
descoberta de novos saberes até à contemporaneidade.

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6 DESENVOLVIMENTO

6.1 PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O conhecimento advindo da ciência possui verdades passageiras, pois depende de


métodos para sua comprovação e aprovação, entretanto a Filosofia questiona
permanentemente. Como ficou explícito no primeiro módulo, a Filosofia surgiu como
caminho e objeto da ciência. Partindo desta visão, é preciso delimitar quais são os
campos de investigação da Filosofia conforme explicita Aranha (1996).

A história da Grécia costuma ser dividida em quatro grandes períodos conforme


define Cotrim, 2006, a Grécia homérica, que se delimita por 400 anos narrados
brilhantemente pelos poemas épicos de Homero, Ilíada e Odisséia. A Grécia dos
sete sábios, ou Grécia Arcaica, se delimita do século VII ao século V a.C., período
que os gregos criaram as cidades de Atenas, Tebas, Esparta, Megera e Samos,
importantes cidades-estados do período.

A Grécia clássica se caracteriza também quanto à invenção da democracia e na


organização político-social, num período que se estende do século V ao século IV
antes de Cristo. No que tange a Filosofia estes períodos filosóficos são: Período pré-
socrático ou cosmológico; Período socrático ou antropológico; período sistemático e
Período helenístico ou Greco-romano.

Como ciência que se relaciona intimamente à História, a Filosofia costuma-se


apresentar nos grandes períodos, conforme menciona Chauí (2003, p. 46) como os
principais períodos da Filosofia:

Filosofia Antiga (do século VI a. C. ao século VI d. C).


Filosofia Patrística (do século I ao século VIII).
Filosofia Medieval (do século VIII ao século XIV).
Filosofia da Renascença (do século XIV ao século XVI).
Filosofia Moderna (do século XVII a meados do século XVIII).

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Filosofia da Ilustração ou Iluminismo ( meados do século XVIII ao começo do século


XIX).
Filosofia Contemporânea ( abrange os pensamentos filosóficos de meados do
século XIX aos dias atuais) .

É possível afirmar sob prisma histórico e filosófico que os dois primeiros períodos da
Filosofia grega estão associados a Sócrates de Atenas, tido como pai da filosofia.
Graças à esse legado, a Filosofia é dividida em pré-socrática e socrática.

6.2 OS PRINCIPAIS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

Para o site de pesquisa em filosofia, http://plato.if.usp.br “a escola Jônica, originou-


se na cidade de Mileto, na costa da Ásia Menor, que, por ser um centro mercantil,
estava em contato constante com as antigas civilizações orientais. Pertencem à
cultura cosmopolita desta cidade três grandes filósofos: Tales de Mileto,
Anaximandro de Mileto, Anaxímenes e Éfeso. Os filósofos da Escola Itálica para os
pesquisadores do site http://rdf.entresistemas.com.br ( 2012) estruturam: Encontrar
fatos reais acerca da história de Pitágoras sempre foi tarefa difícil de realizar. Isso
porque os relatos acerca de sua real existência são tardios e foram mesclados, ao
longo de anos, com lendas. Além disso, até hoje não se encontrou nenhum escrito
que se possa atribuir a ele com certeza; suas ideias e concepções foram
transmitidas de maneira oral e relatadas por outros pensadores, como Aristóteles.
Por isso, alguns consideram que Pitágoras sequer existiu. Outros pesquisadores,
contudo, atribuem a ele a origem da própria palavra filosofia. O que não se pode
negar é que, independentemente da existência real desse filósofo, a Escola
Pitagórica, ou Itálica, como muitos preferem chamar, tenha realmente existido.
Assim, houve uma escola cujo pensamento contribuiu muitíssimo para o
desenvolvimento da Filosofia e de outras ciências e cuja liderança é atribuída a ele.”
,Retirado do link, http://plato.if.usp.br, pesquisado em 2014.

Os filósofos de renome desta escola são: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e


Árquitas de Tarento. Muitos de seus ensinamentos são utilizados na atualidade e
definem que é preciso ajudar os outros com a carga, mas não a carregue por eles; e

Filosofia
23

ainda afirmam, educai as crianças e não será preciso punir os adultos e, quem não
consegue dominar a si mesmo, não encontra a liberdade.” , http://plato.if.usp.br,
pesquisado em 2014.

Os filósofos da Escola Eleata são: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia. Esses,


defendiam segundo ERLER, M. & GRAESER, a escola de pensamento:

A "escola de pensamento" conhecida entre nós poreleática, associada à pólis de


Eléia, no sul da península italiana, engloba os filósofos Parmênidesde Eléia, Zênon
de Eléia e Melisso de Samos. Platão e Aristóteles mencionam que o iniciador dessa
escola foi Xenófanes de Cólofon mas, na realidade, não há nenhuma conexão
efetiva entre o pensamento dele e o dos eleatas. Os eleatas lidavam com os
conceitos de "ser", "não-ser", "movimento", "tempo", "espaço", "continuidade" e
defenderam a unicidade estática de tudo o que existe, i.e., um "Uno" eterno e
imutável.( ERLER, M. & GRAESER 2002. P.30).

A escola de Eleata, desenvolvia uma importante crítica sobre o mundo dos sentidos,
ao afirmar que somente os sentidos não podem ser utilizados como fonte de
verdades, ou delimitações conceituais, pois os mesmos, confundem o homem frente
a veracidade dos argumentos. Os filósofos da escola de Pluralidade eram:
Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e
Demócrito de Abdera, desenvolveram um propósito de resolver os debates
polêmicos, criados entre os jônicos e os eleatas, (CHAUÍ 2003).

Nesse sentido, percebeu-se a plena necessidade de questionar uma premissa


básica da Filosofia cosmológica: a ideia de physis como substância única. A physis é
a matéria que faz brotar todas as coisas como a própria vida, podendo então se
entendida como a criação ou até mesmo ser traduzida como a natureza, assim, os
pluralistas passariam a ter a ideia de que a vida, a origem, enfim a criação, poderiam
não ter uma única explicação, mas, várias.

As principais características do pensamento filosófico destas escolas são: A


explicação sobre a origem, ordem e fundamento de todas as coisas. Negar a ideia

Filosofia
24

de criação do mundo, ou seja, delimita que nada vem e volta do nada. Firmando a
supremacia do infinito, em que tudo se transforma em outra coisa, sem jamais
desaparecer. Afirma que, a physis (o elemento criador de tudo), seja mortal,
definindo que a physis é imortal e as coisas físicas são mortais, mas, transformáveis.
E firma ainda ideia de mortalidade do homem, Cotrim 2009.

Após reflexão em Aranha, 2003, chega-se à conclusão que, em meio aos debates
filosófico, chega-se a uma conclusão que o ser humano pode escolher diferentes
physis, cada filósofo encontrou plenos motivos para subjugar qual era o princípio
eterno e imutável das coisas.

Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava
que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio;
Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os
átomos. E assim por diante. (CHAUÍ. 1999. P. 35)

Portanto, partindo da escolha de Tales presume-se que as primeiras indagações


filosóficas focaram-se aos elementos da natureza e na origem e fim da vida, que se
construíam pelas indagações acerca dos elementos do movimento e do mundo.

6.3 FILOSOFIA ANTIGA

O período denominado como Filosofia Antiga se consolida do século VI a. C. ao


século VI d. C., com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato,
das artes militares, enfim da vida social, Chauí, 2003. Nesse cenário, Atenas tornou-
se um importante centro cultural da Grécia. Um dos grandes legados que a Grécia
deixou para a cultura ocidental foi a Democracia.

O processo de construção democrática enfrenta hoje no Brasil um dilema cujas


raízes estão na existência de uma confluência perversa entre dois processos
distintos, ligados a dois projetos políticos distintos. De um lado, um processo de
alargamento da democracia, que se expressa na criação de espaços públicos e na
crescente participação da sociedade civil nos processos de discussão e de tomada

Filosofia
25

de decisão relacionados com as questões e políticas públicas (Teixeira, Dagnino e


Silva, 2002).

A democracia se reporta diretamente ás aspirações do povo para o povo, entretanto,


este legado deixado pelo povo grego, não é vivenciado em sua essência pela
sociedade brasileira que perante o mundo se delimita como sociedade democrática,
mas, que ainda se apresenta de maneira muito excludente, mediante a educação e
consequentemente a ascensão social.

Sob visão grega a democracia dentre tantas outras características positivas foi um
invento de suma relevância para a Filosofia. Pois pregava a liberdade de expressão
e a igualdade entre os homens.

Frente a educação o ideal no século de Péricles era a formação do cidadão a Arete


e a virtude cívica, os elementos primordiais. Para dar aos jovens uma educação de
participação, civismo e política, os sofistas formavam o bom orador, ou seja, aquele
que opina, discute, vota e, sobretudo domina as artes da persuasão, habilidade
plenamente necessária no trato político Aranha, 2006.

Marilena Chauí em sua obra Convite a Filosofia retrata: Que diziam e faziam os
sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos
de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis (cidade).
Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível
ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. (CHAUÍ. 1999. P. 37)

Os sofistas, apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, dizendo ser


possível transmitir aos jovens a arte do falar bem, para que estes fossem bons
cidadãos e plenos políticos.

6.4 SÓCRATES O “PAI” DA FILOSOFIA

Filosofia
26

O filósofo Sócrates nasceu em Atenas por volta do ano 470 a.C. e, sob perspectiva
do estudioso romano Cícero, "fez com que a filosofia descesse dos céus para a
terra", Aranha, 2003.

Ainda nesse sentido, identifica-se que Sócrates, direcionou a filosofia da natureza


para a Filosofia do homem e suas preocupações morais, éticas, espirituais, políticas,
simplesmente devolvendo aos seus discípulos as perguntas. Frases brilhantes como
"Conhece-te a ti mesmo e serás feliz”, são marcas do método socrático de
construção e investigação do conhecimento filosófico.

Seu método é conhecido e aplicado mundialmente, desde a educação básica ao


ensino superior. Conforme delimitado por vários estudiosos dos preceitos socráticos,
não deixou nada escrito, suas habilidades se presumiam no diálogo, suas ideias e
legado filosófico existem graças a seu discípulo Platão Aranha, 2006.

Em sua obra História da Educação, Maria Lúcia de Arruda Aranha delimita: Tanto
que serviu como soldado de infantaria na Guerra do Peloponeso - conflito entre as
cidades de Atenas e Esparta no século 5 a.C. Apesar de ter sido descrito por Platão
como "o homem mais justo e honrado de sua época", Sócrates acabou sendo
indiciado em 399 a.C. por "impiedade", ou seja, heresia. A denúncia, provavelmente
baseada em uma boa dose de ciúme e inveja intelectual, incluía duas acusações:
"negligenciar a adoração dos deuses cultuados pela cidade" e "corromper os
jovens". ( ARANHA 2006. P. 63)

Infelizmente a humanidade cometeu um enorme crime contra a Filosofia, Sócrates


foi condenado a cometer suicídio bebendo uma mistura com a erva venenosa,
cicuta. Uma maneira de evitar a execução chegou a ser sugerida por seus
discípulos, mas Sócrates recusou, alegando que não poderia pecar contra a
humanidade e negar tudo o que havia dito sobre a importância da Filosofia.

Sócrates fazia grandes e inquietantes perguntas sobre as ideias e os valores nos


quais os gregos acreditavam como verdade absoluta. Suas perguntas deixavam
seus discípulos inquietos e embaraçados. Para Sócrates o princípio para a

Filosofia
27

sabedoria é reconhecer a própria dúvida. Neste sentido, Sócrates almejava que os


indivíduos não possuíssem apenas uma opinião sobre as coisas, mas
verdadeiramente uma ideia.

O site de pesquisas em Filosofia, http://www.psicoloucos.com/Socrates/metodo-


socratico, consultado em 2014, menciona:

“O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em


que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma
pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à
solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em
contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu
conhecimento é limitado”.

Cotrim, 1991, evidencia que é importante observar que a ironia socrática não se
tratava de um talento satírico ou da expressão de um desejo de difamação. Sócrates
clamava, é preciso enxergar além da caverna, é preciso romper com o conhecimento
mitológico.

Filosofia
28

PARA REFLETIR!

O MITO DE PANDORA
Marcadores: MITOLOGIA
4-

Prometeu, deus cujo nome em grego significa "aquele que vê o futuro", doou aos
homens o fogo e as técnicas para acendê-lo e mantê-lo. Zeus, o soberano dos
deuses, se enfureceu com esse ato, porque o segredo do fogo deveria ser
mantido entre os deuses. Por isso, ordenou a Hefesto [1], que criasse uma mulher
que fosse perfeita, e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Atena, a
deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima
e adornou-lhe a cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa
de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente aos deuses, e todos ficaram
admirados; cada um lhe deu um dom particular: Atena lhe ensinou as artes que
convêm ao seu sexo, como a arte de tecer; Afrodite lhe deu o encanto, que
despertaria o desejo dos homens; As Cárites, deusas da beleza, e a deusa da
persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro; Hermes, o mensageiro dos
A FILOSOFIA
deuses, MEDIEVAL
lhe concedeu a capacidade de falar, juntamente com a arte de seduzir os
corações por meio de discursos insinuantes. Depois que todos os deuses lhe
deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer
"todos os dons". Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada, e
ordenou que ela a levasse como presente a Prometeu. Entretanto, ele não quis
receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que
também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome significa "aquele
que reflete tarde demais", ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou
como esposa. A caixa de Pandora foi então aberta e de lá escaparam a
Senilidade, a Insanidade, a Doença, a Inveja, a Paixão, o Vício, a Praga, a Fome e
todos os outros males, que se espalharam pelo mundo e tomaram miserável a
existência dos homens a partir de então. Epimeteu tentou fechá-la, mas só restou
dentro a Esperança, uma criatura alada que estava preste a voar, mas que ficou
aprisionada na caixa [...] e é graças a ela que os homens conseguem enfrentar
todos os males e não desistem de viver.

NOTAS: http://jaueras.blogspot.com.br/2009/12/o-mito-de-pandora.html

FONTE: (CHALITA, Vivendo a filosofia, 2004, p.26).

Filosofia
29

A Idade Média é um período que se delimita por aproximadamente mil anos, também
é conhecido como a grande “noite dos mil anos”, ou até mesmo caracterizado por
alguns historiadores como a “Idade das trevas”. A Idade Média se configura pela
queda do Império Romano em (467) até a tomada de Constantinopla pelos turcos
otomanos em (1453), Aranha, 2006.

O período medieval não se caracterizou apenas pelas trevas, embora tenha havido
retrocessos em diversos setores, dependendo da época e do lugar. Denominações
como a grande noite dos mil anos, resultam da visão pessimista e tendenciosa que o
renascimento teve da idade Média. (ARANHA, 2006. P. 101)

É possível perceber que as trevas mencionadas por Aranha se explicitam pela


ausência de dedicação intelectual científica no que se refere a formação do homem.
Que se construía na maioria dos processos educativos, apenas sustentada na
formação moral e plenamente religiosa, frente aos ideais da igreja católica.

A cultura medieval sem dúvida é a revisão dos elementos greco-romanos, cristãos e


germânicos, além é claro da forte influência das civilizações de Bizâncio e do Islã.
Entretanto, a produção intelectual da Idade Média, arraigada ainda por preceitos da
antiguidade, apresentou profundas divergências do pensamento cristão. Por mais
que os filósofos clássicos tivessem apregoado sobre um Deus vivo e único,
rompendo com o politeísmo, referia-se a contemplação intelectual de um Deus divino
e criador, princípio que se debatia com o ideal grego de criação, Cotrim, 1991.

Esses e outros elementos como a crítica aos bens materiais, foram pontos de partida
de questionamentos cristãos frente aos ideais gregos de existência e princípios
morais. Nas reflexões sobre a moral, por exemplo, os gregos não exigiam rigor de
culto. Já os cristãos procuravam a subordinação do homem mediante a imagem de
Deus como ser supremo e poderoso acima do mundo real e do mundo espiritual,
Aranha, 2003.

Dessa forma, aos poucos os monges copistas sob orientação da igreja católica,
conseguiram difundir os ideais cristãos adaptando a roupagem greco-romana a fé

Filosofia
30

cristã. Os mosteiros enriqueceram suas bibliotecas com o trabalho cuidadoso e


paciente dos monges copistas, de tradutores experientes que vertiam para o latim
textos selecionados da literatura e filosofia gregas, de bibliotecários meticulosos, que
controlavam mediante ordens superiores, as literaturas permitidas ou proibidas, a fim
de disseminar e preservar a fé a qualquer custo. (ARANHA, 2006. P. 112)

Ainda sustento na perspectiva de Aranha, 2006, o pensamento medieval estava


plenamente voltado ás aspirações cristãs. Apesar de a fé ser considerada mais
importante que a razão, esta, a razão, serviu de instrumento para a sistematização
da conhecida filosofia cristã, que predominou por dois momentos, a Patrística e a
Escolástica.

6.5 A PATRÍSTICA

A Patrística, também denominada filosofia dos padres da igreja, perdurou dos


séculos II ao século V, tendo iniciado, portanto na antiguidade. Tendo início no
decadente império romano, no século II, a patrícia possui como característica a
intenção apologética, ou seja, seu foco era a conversão dos não cristãos e a defesa
da fé, Aranha, 1996.

Era plenamente necessário sob prisma da Patrística a criação de uma doutrina


religiosa para harmonizar a fé e a razão. Entre os representantes da Patrística é
possível citar, Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano, mas o principal
personagem foi Santo Agostinho (354-430),

Santo Agostinho foi bispo em Hipona no norte da África, aprendeu retórica e teve
contato com a filosofia napoleônica. Aderiu a seita dos maniqueus, compreendendo
os princípios do bem e do mal. Logo converteu-se ao cristianismo e dedicou-se a ao
cristianismo e seus estudos, Cotrim, 1999.

Assim como Platão defende a visão de que é plenamente necessário que o indivíduo
tenha não apenas uma opinião sobre as coisas, mas que sobretudo desenvolva uma
ideia, Santo Agostinho se reporta diretamente a visão platônica e argumenta que: o

Filosofia
31

conhecimento que provém dos sentidos pode levar o homem ao erro, pois os
sentidos geram visões imperfeitas. Já o verdadeiro conhecimento, ou iluminação,
vem de Deus, que é a fonte de todo o conhecimento. Este sim, não leva o homem a
cometer erros, pois Deus ilumina a razão e faz com que o homem pense
corretamente, Aranha 11996.

Ao fim de sua vida Santo Agostinho, esteve inserido num contexto histórico de
invasão e destruição de vândalos, mas seus ideais jamais foram destruídos, pois
perduraram com importantes elementos de relação entre fé e razão.

Filosofia
32

PARA REFLETIR!

Texto extraído do site www.recantodasletras.com.

“Por Patrística entende-se o período do pensamento cristão que se seguiu à


época do novo testamento e chega até ao começo da Escolástica, isto é, os
séculos II – VIII da era vulgar. Este período da cultura cristã é designado com o
nome de Patrística, e representa o pensamento dos Padres da Igreja, que são os
construtores da Teologia Católica, guias e mestres da doutrina cristã.

A Patrística é contemporânea do último período do pensamento grego, o período


religioso, com o qual tem fecundo, entretanto dele diferenciando-se
profundamente, sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo

A Patrística tem três períodos: antes de Agostinho, tempo de Agostinho e depois


de Agostinho. Esse último período, foi sistematizado a filosofia patrística. No
período antes de Agostinho, os padres defendiam o cristianismo contra o
paganismo, os padres começam a defender a fé e deixar de lado a razão grega
como mostrava a filosofia helênica. Período de Agostinho houve um crescimento,
onde veremos mais à frente quando estudarmos Agostinho. Mas o crescimento
do pensamento aconteceu pela causa de que tem jeito de fazer filosofia com fé.

E a primeira necessidade da fé para o conhecimento é a verdade religiosa e


moral, daqui a importância do credo. Em segundo lugar, a necessidade de usar a
razão para que a adesão à fé não seja cega e meramente passiva: eis a
importância da inteligência. Eles diziam que as verdades religiosas não podem
ser compreendidas a não ser pela fé. O que existe na realidade é maior ou mais
perfeito do que o que existe só no intelecto. Afirmar que não existe na esfera do
real aquilo maior do que o qual não se pode pensar nada implica uma
contradição, porque significa admitir e ao mesmo tempo não admitir que se possa
pensar outro maior do que ele, isto é, existente na realidade.”

http://www.recantodasletras.com.br

Filosofia
33

6.6 A ESCOLÁSTICA

A Escolástica, marcou a Idade Média, foi a escolástica, que representa a mais alta
expressão filosófica cristã. Delimitou-se num período que se estende do século IX ao
século XVIII, Aranha, 2003.

Considerado um dos maiores representantes da Escolástica, Tomás de Aquino


como delimita Cotrim em sua obra História e Filosofia da Educação apresenta:

Tomás de Aquino ( 1226-1274) nasceu em Nápoles, sul da Itália, e faleceu no


convento Fossanova, próximo de sua cidade Natal, aos 49 anos de idade.
Conhecido nos meios católicos como Doutor Angélico, Tomás de Aquino é
considerado um dos maiores filósofos da escolástica medieval, isto é do movimento
católico cujo problema básico era buscar a harmonização entre a fé cristã e a razão.
( COTRIM, 1987, p. 155)

Apesar de seu pleno destaque a filosofia de São Tomás de Aquino, já surgiu com
limitações, no qual o foco era, filosofar, sim. Contrariar a fé, jamais. Neste sentido,
os argumentos racionais serviam para defender as revelações cristãs. Tomás
escreveu especificamente sobre educação, seus princípios filosóficos são
plenamente relevantes para a educação, pois caracterizavam profundamente a
pedagogia católica.

Aquino defendia que para que ocorresse o desenvolvimento da aprendizagem, era


necessário estimular a inteligência do aluno. Defendia também que somente Deus é
um autêntico mestre que possui a capacidade de ensinar no íntimo da alma,
entretanto a responsabilidade do professor seria de orientar os alunos sobre os
princípios cristãos a caridade e o amor ao próximo. Maria Lúcia de Arruda Aranha
em sua obra História da Educação, define que a filosofia se tornou um estudo
plenamente obrigatório para o teólogo, entretanto a Filosofia passa a ser serva da
teologia e perde seu foco maior que é o questionamento permanente, Cotrim, 1999.

Filosofia
34

Segundo o historiador Paul, Monroe, cada assunto era analisado era estudado com
mais rigor embasado na lógica aristotélica e trazia inclusive os estudos da metafísica
para auxiliar nas vertentes cristãs, dessa forma os padres e seus discípulos podiam
filosofar.

A Escolástica representa o último período da história do pensamento cristão,


que vai do início do séc. IX até ao fim do séc. XV. Este período do pensamento
cristão é denominado ESCOLÁSTICO, porque era a filosofia ensinada nas
escolas da época por mestres chamados escolásticos. Diversamente da
patrística, cujo interesse é acima de tudo religioso e cuja glória é a elaboração
da teologia dogmática católica, o interesse da escolástica é, acima de tudo,
especulativo, e a sua glória é a elaboração da filosofia cristã. Tal elaboração
será plenamente racional, consciente e crítica, apenas Tomás de Aquino, que
levou a escolástica ao seu apogeu. Até o Aquinate sobrevivem o pensamento e
a tendência platônico-agostiniana, características da patrística, em que era
impossível uma filosofia verdadeira e própria por falta de distinção entre natural
e sobrenatural, razão e fé, filosofia e teologia. Quanto à divisão da escolástica,
distinguiremos a escolástica pré-tomista, com orientação agostiniana (IX- XIII);
Tomás de Aquino, que foi o verdadeiro construtor da filosofia cristã (XIII); o
período pós-tomista (XIV-XV), que representa a rápida decadência histórica da
escolástica.

Neste período, aconteceram grandes avanços na área filosófica, devido ao


pensamento gnosiológico, místico, dialético, metafísico e moral. Os filósofos
desta época foram: pré-tomistas, Scoto e Erígena. Pós-tomista, Rogério Bacon,
João Duns Scoto, e Guilherme de Occam. Depois destes, entramos no
pensamento moderno.

Fonte: Introdução ao Pensar – Jolivet - 1970

Filosofia
35

6.7 O BANQUETE DE PLATÃO

Em sua obra O banquete, Platão aborda a temática amor sob perspectiva


criacionista onde divide o amor em um ser andrógino capaz de dar sequência a
espécie humana.

Para Platão, este ser não está no mundo dos sentidos, e sim no mundo das ideias e
é plenamente belo. O diálogo construído por Platão, perpassa pela noção que Gilles
Deleuze define como uma cópia. O Banquete não é um diálogo é um pleno duelo
sobre qual indivíduo possui a melhor ideia para a amizade e o amor. Conforme se
observa na tradução direta do grego de Carlos Alberto Nunes.

Partindo da fala dos discípulos de Sócrates que toda a discussão se inicia, com o
objetivo de elevar seu discurso à posse das virtudes e da felicidade, pois nessa vida
é preciso praticar as virtudes, pois a felicidade se presume na prática das virtudes.

Assim como sua obra a República, Platão desenvolve uma narrativa focando a
amizade e o amor universal, mas que são na Idade Média readaptados aos ideais
cristãos.

A Filosofia da Igreja, foi um ponto de


partida para que o conhecimento científico
se difundisse, equilibrando a fé e a ração,
venceu barreiras e permitiu que a Filosofia
chegasse nas escolas!

Filosofia
36

SUGESTÃO DE LEITURA

 FERRATER-MORA, José. Dicionário de filosofia. Edições Loyola, 2001.

 http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia-medieval-escolas-e-filosofos/

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2 º Bimestre

Filosofia
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7 OBJETIVOS DA UNIDADE

 Perceber o contexto histórico como ponto de partida para a Filosofia Moderna;

 Relacionar o cenário histórico da modernidade aos elementos educacionais do


período;

 Identificar as reflexões filosóficas e educacionais dos pensadores da modernidade

Filosofia
39

8 DESENVOLVIMENTO

8.1 O PENSAMENTO FILOSÓFICO NA MODERNIDADE

A Idade Moderna é o período que se estende da 1453 devido a tomada de


Constantinopla pelos turcos otomanos, e finda-se com a Revolução Francesa,
em 14 de julho de 1789. O mundo assistiu a chegada dos tempos modernos e do
advento do Capitalismo sobre o Feudalismo. A sociedade deixa o trabalho no campo
e parte em sua maioria para a cidade, para viver no entorno dos grandes centros
sustentadas pelo trabalho assalariado Aranha, 2006.

Graças ao Renascimento Cultural e urbano e à Reforma Protestante o contexto


histórico da modernidade ganhou força, e grandes estruturas políticas tradicionais
caíram a partir das inquietações da população que lutava por igualdade de direitos,
participação política e administrativa, vários teóricos questionavam o Antigo Regime,
ou seja, o poder concentrado nas mãos dos reis e em contrapartida, seus
pensamentos voltavam-se também para a educação, cem prol de um processo parte
da responsabilidade pública e exercido com qualidade para a maioria da
população.

Os filósofos mais conhecidos deste período e que estendem seu pensamento à


contemporaneidade são, sob perspectiva de Cotrim, 1991:

 Nicolau Maquiavel ( 1469 – 1536), focava sua crítica, na valorização das ideias
renascentistas por toda a Europa, entretanto delegava ao governante a supremacia
da nação, mesmo que para isso precisasse impor a força.

 Francis Bacon (1561 – 1626), nasceu em Londres, sendo considerado um dos


criadores do método indutivo de investigação científica, afirmando que saber é
poder, Cotrim, 1991. Colocava o estado como ser supremo nos assuntos sociais,
políticos e econômicos. Propôs a observação da Natureza para a coleta de
informações, sustentava também que os dados racionais, tinham que partir de

Filosofia
40

observações empíricas. Ainda para Bacon, para construir um conhecimento é


preciso a formulação e explicação de hipóteses, que pode ser comprovada mediante
as experiências e as novas circunstâncias. Para Bacon o conhecimento científico
está pautado na observação dos fenômenos, ou seja na investigação, assim deve se
construir o processo ensino-aprendizagem. Sua proposta pedagógica é definida
como Método indutivo de investigação,além de fundamentar-se na postulação de
leis universais com base em casos observados na experiência, os quais apresentam
regu- laridade, Cotrim, 1991.

 Thomas Hobbes (1588 – 1626) Como materialista inglês, acreditava que a guerra
era o estado natural do homem, desenvolvendo uma teoria no qual o estado e a
subordinação são a única forma de solução para o egoísmo do homem, Aranha
2006, seus pensamentos focavam-se em sua maioria na política, submetida à uma
monarquia absoluista.

 René Descartes (1596 -1650), nasceu em La Haye, na França, Cotrim, 1991.


Berço de Revolução, cenário onde o conhecimento chega ao povo, por sua própria
conquista, apesar dos interesses burgueses. Descartes, desenvolve uma teoria
Dualista e Racionalista, muito conhecido pela frase “Penso Logo Existo”. Seu
método de desenvolvimento científico é a dúvida como princípio da sabedoria. Para
Descartes, é preciso que o indivíduo saiba que não sabe, esse é o ponto de partida
para a conquista do saber, uma grande característica do filósofo e também do
professor. Seus conhecimentos serviram de base para a Didática da
contemporaneidade. Descartes delimita que o indivíduo não pode aceitar nada como
verdadeiro, até que o indivíduo compreenda as raízes de tal conhecimento. Esse
deveria ser um dos princípios básicos da Filosofia.

 David Hume (1711 -1776) Um dos mais conhecidos filósofos empiristas, aborda a
plena relação entre teoria e prática para formação do indivíduo, limitando-se
entretanto ao pragma, ou seja, a valorização das experiências e das ideias.

Filosofia
41

 Jean- Jacques Rousseau (1712- 1778), natural de Genebra na Suíça é muito


conhecido pelas aspirações filosóficas e educacionais, é também conhecido como
iluminista pessimista, por alertar a sociedade contra o capitalismo e a prisão que a
sociedade iria enfrentar. Suas ideias se difundiram em larga escala na
contemporaneidade. Defende a educação natural do indivíduo e desenvolve a
crítica de que a criança não é u adulto em miniatura. Uma de suas obras mais
conhecidas é Emílio, onde escreve o perfil ideal de educação para a criança, Cotrim,
1991.

 Immanuel Kant (1724 – 1804) fundador da chamada filosofia crítica, por levantar
questões como o racionalismo, uma de suas obras muito conhecidas é Crítica da
Razão Pura, onde aborda os vários sentidos da palavra razão. Os pressupostos da
filosofia Kantiana e sua concepção pedagógica se debruçam nas faculdades da
razão para desenvolvimento de habilidades. Uma de suas frases mais conhecidas é:
“O homem só é homem pela educação, e ele é tão somente o que a educação fez
dele”. Neste período as grandes inquietações advindas do Iluminismo espalharam-se
por toda a Europa. Um dos aspectos marcantes do Iluminismo, período muito rico
em reflexões pedagógicas, foi a política educacional focada no esforço para tornar a
escola leiga e função do Estado. (ARANHA. 2006. P. 176).

A Filosofia moderna trouxe um grande legado à educação. A busca pela


comprovação científica, a necessidade de um método como ferramenta para
construir saberes. A partir da modernidade o homem conheceu os valores
fundamentais para uma mentalidade científica, equilibrando experiência e ciência na
construção dos saberes.

8.2 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A Idade Contemporânea é compreendida de 1789 com a Revolução Francesa até os


dias atuais. Alguns historiadores e filósofos costumam denominar este período como
pós-modernidade, esse é o cenário da liberdade de expressão, do relativismo, da
difusão rápida de informação. Entretanto, a contemporaneidade é o contexto das
crises existenciais, das incertezas, da criminalidade, do caos social, Cotrim, 1991.

Filosofia
42

Termos como Igualdade entre os homens, Tolerância religiosa, Liberdade pessoal e


social, Propriedade Privada, marcam a realidade e colocam a escola como agente
de reflexão na tentativa de entender e transformar essa sociedade de contrastes.

Baseado na visão de Aranha, 2003, percebe-se que um dos aspectos mais


marcantes das aspirações do Iluminismo, também conhecido como século das que é
luzes é a busca pela escola ideal.

Nesse sentido os iluministas almejam educação ao encargo do estado,


obrigatoriedade e gratuidade no ensino elementar, nacionalismo, ou seja, recusa a
educação jesuítica, orientação prática que privilegia o ensino humanístico e ênfase
nas línguas vernáculas.

Infelizmente, as escolas existentes e os professores atuantes, encontravam


situações muito precárias de ensino. Os professores eram mal pagos e não
possuíam formação adequada.

Segundo Cotrim, 1991, elementos relevantes atingem a educação como conquista


advinda do Iluminismo. A educação e o indivíduo se aproximam, objetivando o
desenvolvimento pessoal estimulando suas capacidades. Psicologia, sociedade e
educação, essa relação traz a ideia de escola inserida num contexto social e como
instituição social, mas que possui desafios e possibilidades que precisam ser
estudados e melhorados em prol do sucesso no processo ensino-aprendizagem do
educando. Liberdade e tolerância, a educação passa a ser entendida como parte de
um todo e seus agentes, não são mais servos, mas sim, indivíduos de autonomia, a
contemporaneidade passa a pensar numa educação-aluno de para o cidadão de
direitos.

Nesse cenário o filósofo Rousseau novamente ganha destaque, evidenciando o


desenvolvimento dos sentimentos e expondo a necessidade de um Contrato Social
para que a humanidade viva em harmonia. Para Rousseau, o real ato de educar se
presume no desenvolvimento dos sentimentos. Escreveu elementos necessários a

Filosofia
43

educação como: A bondade natural do homem e a corrupção do indivíduo, partindo


de que todos os seres humanos são bons, mas que podem ser corrompidos. A
criança livre e a criança vigiada, fazendo menção à necessidade de estudar
aspectos pedagógicos da criança livre e da criança vigiada. Austeridade na
educação, ao escrever essa proposta, Rousseau, enfatiza a relevância de revelar as
potencialidades humanas por meio da educação, equilibrando a alegria natural e a
austeridade da própria natureza humana, Cotrim, 1991.

Ao falar sobre educação, Rousseau exclamava que a criança não é um adulto em


miniatura, Aranha, 2006. Nesse sentido, Rousseau valorizava os princípios
pedagógicos adequados à idade, e numa perspectiva contemporânea, idade-série.

Para Cotrim, 1999, A Filosofia da Educação contemporânea, está relacionada aos


preceitos pedagógicos de Basedow, com princípios pautados numa educação ativa,
de cunho literário e de responsabilidade do estado. Pestalozzi, defendendo a
escolarização social do povo, sem caráter dogmático. Herbart, considerado um dos
pioneiros na relação entre pedagogia e psicologia, mencionando a importância dos
processos de ensino-aprendizagem envolver, clareza, associação, sistematização e
aplicação. Froebel precursor dos jardins de infância, aplicando as ideias de
Pestalozzi às crianças, pautando o ensino nos interesses naturais, Cotrim, 1991.

A tendência psicológica, que refletiu profundamente na educação pós-moderna,


enfatiza as técnicas de motivação na aprendizagem, formação integral nos preceitos
pessoais do aluno, escola centrada na realidade da criança, peocupação com os
métodos de avaliar, nesse contexto, destacam-se: Dewey, Decroly e Montessori,
além de Piaget, além de Carl Rogers e Alexandre Neill, Cotrim, 1991.

Filosofia
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A MODERNIDADE FILOSÓFICA E OS FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS DA


EDUCAÇÃO MODERNA

Celso José Martinazzo1

Mestre em Educação (UFSM) e Doutorando em Educação (UFRGS). Professor Titular de Filosofia e


Educação da UNIJUÍ – Campus Santa Rosa. E-mail: marti.sra@terra.com.br.
1 Pretender demarcar cronologicamente os períodos históricos ou filosóficos é sempre mote para
discordâncias. Por exemplo, Japiassu (2001, p. 39) considera como o período propriamente moderno
aquele que vai de 1750 à segunda metade do século XX.

Nesta pesquisa reconstruímos parte da história dos modelos de racionalidade


filosófica e pedagógica da modernidade procurando estabelecer os vínculos
existentes entre o discurso filosófico e a práxis pedagógica. A leitura hermenêutica
recorrente desse período nos permite compreender as premissas filosóficas e
pedagógicas ainda hoje condicionantes do processo educacional. A modernidade
promove o chamado giro antropológico e epistemológico e se estrutura sobre o
princípio da subjetividade. A subjetividade expressa, via de regra, a visão cartesiana
de sujeito racional, pensante e consciente, referência, centro e produtor do
conhecimento. A modernidade ao legitimar esse discurso filosófico procurou forjar,
igualmente, um discurso pedagógico que o concretizasse. As teorias pedagógicas
trazem para o campo das práticas educacionais os chamados fundamentos do
iluminismo racionalista e empirista. Nesse sentido, a modernidade se caracteriza por
essa indissociável sintonia entre os dois discursos.

Os Fundamentos Pedagógicos da Educação Moderna

No período moderno a Filosofia, enquanto metafísica, centrada na subjetividade e


nos princípios da razão, estabelece os fundamentos para uma concepção
pedagógica do tipo racionalista e humanista. A idéia de fundamento, como algo que
possa validar o todo do conjunto das ações e realizações humanas, percorreu todos
os momentos da filosofia metafísica. Na modernidade, a fundamentação é atribuída
à subjetividade metafísica, como intuição última do ato de conhecer. Sobre a
questão dos fundamentos filosóficos, Stein (1988, p.65) é muito explícito ao afirmar
que:

Filosofia
45

Até Kant, e ainda em Descartes, a questão da racionalidade dependia de


um princípio exterior ao sujeito, princípio este que em Platão são as idéias,
em Aristóteles é a substância ou as formas eternas da natureza, na Idade
Média é Deus, enquanto contém em si a essência das coisas, etc. A
racionalidade do conhecimento é garantida por esse princípio que a
filosofia estuda, sendo sempre um fundamento.

Até o período moderno, a postulação de um princípio fundante metafísico, inclusive


para a ação pedagógica, faz da Filosofia a guardiã e intérprete do saber, “a ciência
das ciências”. Esta racionalidade filosófica da modernidade, do sujeito e da
consciência, se constitui em fundamento pedagógico da modernidade, ou seja, a
Filosofia Moderna se consubstancia em Pedagogia Moderna. Por que isso? Porque
até Hegel, a Filosofia era a depositária e a guardiã dos saberes. Aquela que a tudo
iluminava e se colocava no vértice das demais ciências e suas luzes estendiam-se,
igualmente, para a Pedagogia.

A teoria pedagógica presente nas concepções de educação, efetivamente,


consolidou um ideal filosófico de ser humano. Para Ghiraldelli Jr. (1999), a filosofia
da educação moderna constitui-se a partir da aliança entre a filosofia do sujeito e a
educação humanista. Esta aliança e identidade são também confirmadas por
Prestes (1997, p.82) ao esclarecer que “sob a inspiração do princípio da
subjetividade, sedimenta-se um núcleo básico que justificará a ação educativa. Com
diferentes modulações, as categorias pedagógicas são: sujeito, consciência ética,
liberdade, autonomia, entre outras”.

A Pedagogia Moderna, sob a inspiração dos fundamentos metafísicos do período


moderno, estabelece como finalidade do processo educativo a formação do sujeito
racional, autônomo e consciente. A formação da razão consciente no sujeito é a
base legitimadora, justificadora e certificadora dos fins e procedimentos
pedagógicos. A Pedagogia Moderna, a partir e a exemplo da Filosofia, faz da razão
subjetiva o seu fundamento e a certificação de seus atos. “A educação deve ser
racional, porque a razão, comum a todos os seres humanos, é o fundamento da
totalidade da existência” (Hermann, 1999a, p. 38).

Filosofia
46

O cuidado com a formação do sujeito racional e consciente, entre outras


conseqüências, traz como corolário uma educação monológica, verticalizada e
autoritária, com a precedência dos a priori teóricos frente à prática cotidiana; com a
separação do sujeito conhecente, frente ao objeto de conhecimento e ministrada a
partir da autoridade do docente. Pensa-se, idealisticamente, num homem genérico,
a-histórico, essencialista e universal, com racionalidade maiúscula, que possa
garantir com a sua inteligência, uma noção de responsabilidade ética e moral, plena
e lúcida, bem como, de progresso indefinido e de bem estar social.

Montaigne, falecido pouco antes do nascimento de Descartes, já apregoava uma


educação centrada no desenvolvimento da inteligência. A razão é a guia para a
consciência e para a virtude. Referindo-se a uma afirmação de Epicarmo escreve: “é
a inteligência que vê e ouve; é a inteligência que tudo aproveita, tudo dispõe, age,
domina e reina. Tudo o mais é cego, surdo e sem alma” (Montaigne, 1972, p.82) e, a
partir desse pressuposto, postulava uma educação capaz de formar uma “cabeça
bem-feita” para que o homem pudesse tornar-se melhor.

Já na modernidade Comênio, um dos mais significativos pedagogos do século XVII,


permeia toda a sua grande obra com uma concepção de homem, enquanto um ser
racional, guiado pelo intelecto, como condição para disciplinar a vontade e agir com
autonomia. Em Didática Magna1 , escrita em 1657, “que mostra a arte universal de
ensinar tudo a todos”, através de um caminho fácil e seguro, Comênio explicita sua
concepção antropológica distinguindo o homem como “uma criatura racional”, “uma
criatura senhora das criaturas”, pela ação do intelecto. Essa concepção racional e
transcendental de homem é assim concebida por ele:

Portanto, o que é inicialmente o homem? Uma massa informe e bruta.


Depois, assume o contorno de um pequeno corpo, mas sem sentidos e
movimento. A seguir, começa a movimentar-se e por força da natureza
vem à luz; pouco a pouco manifestam-se os olhos, os ouvidos e os outros
sentidos. Após um certo tempo manifesta-se o sentido interno, quando ele
percebe que vê, ouve e sente. A seguir será manifestado o intelecto,
apreendendo as diferenças entre as coisas; finalmente, a vontade,

Filosofia
47

dirigindo-se a alguns objetos e fugindo de outros, assume papel de


governante (Comenius, 1997, p. 44).

Comênio aceita a idéia de uma concepção criacionista da razão humana e entende


que quando a mente do homem chega ao mundo é como uma semente ou um
núcleo que pode expandir-se. “Na verdade nossa mente não apreende só as coisas
próximas, mas também aproxima de si as distantes (em lugar e tempo), alça-se às
mais difíceis, indaga as ocultas, descobre as veladas, esforça-se por investigar
também as imperscrutáveis: é algo infinito e sem limites” (Comenius, 1997, p.58).

Iluminista de Kant fundamentaram a formulação da base da justificação do projeto


de educação na modernidade. O Iluminismo caracterizou-se pela confiança no poder
absoluto da razão, contra todas as formas de obscurantismo. A maioridade, meta do
Iluminismo Kantiano, é fundante, não só da individualidade, da integridade e da
liberdade individual, bem como da própria sociedade democrática sob a ótica
apropriada pelo liberalismo. Fazer uso da maioridade é ter coragem de assumir esse
entendimento de si próprio e do mundo, sem o controle e a direção de outrem, sem a
direção da universalidade opressiva e opressora da racionalidade burguesa, que se
autodenomina a única e verdadeira razão.

Com Kant, o princípio moderno da subjetividade, recebe uma formatação


pedagógica. Pela educação o sujeito pode sair da menoridade na qual se encontra
por culpa própria. E a menoridade é, segundo Matos (1997, p.129), “a incapacidade
de servir-se de seu entendimento sem a condução de outrem”. A educação é a arte
de transformar homens em homens. Pelo processo educativo o “homem torna-se
homem” com capacidade reflexiva e autônoma para decidir com liberdade e sem
depender de condições exteriores para tal.

Considerando a descoberta humana da educação uma arte dificílima Kant entende


que a educação deve durar “até o momento em que a natureza determinou que o
homem se governe a si mesmo” (Kant, 1999, p. 32). A busca da autonomia é o
objetivo máximo da educação que só será atingido pela iluminação da razão. Assim,
em decorrência desses pressupostos filosóficos e pedagógicos, a finalidade

Filosofia
48

precípua da educação moderna está na construção de sujeitos livres, autônomos e


responsáveis, com plena capacidade de poder escolher racionalmente os fins
adequados e de forma livre e consciente, submeter-se aos mesmos. Na Filosofia
Clássica, explica Chauí (1994, p.342), referindo-se às idéias de Kant “o sujeito ético
ou moral não se submete aos acasos da sorte, à vontade e aos desejos de um
outro, à tirania das paixões, mas obedece apenas à sua consciência – que conhece
o bem e as virtudes – e à sua vontade racional – que conhece os meios adequados
para chegar aos fins morais”.

Desta forma, entende Ghiraldelli Jr. (1999, p.44), a legitimação intelectual e moral do
discurso educacional humanista viria “[...] à medida que o objetivo da educação
fosse exatamente o de transformar o homem em sujeito, capaz de estar de posse da
verdade como ‘senhor consciente de seus pensamentos e responsável pelos seus
atos’”.

coral.ufsm.br/gpforma/1senafe/bibliocon/amodernidade.rtf

SUGESTÃO DE LEITURA

 http://www.suapesquisa.com/biografias

 ABBAGNANO, Nicola História da Filosofia, vol. VI. Lisboa -1970: Editorial


Presença. Versão eletrônica:

Filosofia
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9 OBJETIVOS DA UNIDADE

 Entender a Filosofia como saber relevante para a superação dos desafios na pós-
modernidade

 Identificar as principais ideias filosóficas da Pós-modernidade.

Filosofia
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10 DESENVOLVIMENTO

10.1 A FILOSOFIA NA PÓS-MODERNIDADE

Este período adquiriu uma imensa complexidade que cerca as pessoas em todas as
etapas de suas vidas. O homem verdadeiramente está no período da crise
existencial. Á luz da pós-modernidade, tudo se torna mais complexo, relações de
trabalho, relação entre discentes e docentes e entre todos os funcionários da escola,
a práxi cotidiana entre as pessoas e a produção do conhecimento, perpassam por
esta mudança. Nesse período, a Filosofia, teve uma intensidade de aproximação na
escola inclusive no que tange às questões sociais, por ser considerada uma ciência
cognitiva e por auxiliar nos variados processos da educação

Neste contexto, a Filosofia se debruça nas ciências e na técnica, como caminho de


verdades. Interessante lembrar que no século XIX, cientistas sociais especulavam
que no século XX, o homem seria tão auto-suficiente frente a ciência e as
descobertas sobre o mundo, que se afastaria de seu transcendente, deus.
Entretanto as pesquisas apontam o contrário. O homem pós-moderno tem se
apoiado nas variadas religiões em busca de uma direção, de um norte para viver,
conforme delimita Marilena Chauí, 1999.

O século XIX é na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da


historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É particularmente
como o filósofo alemão Hegel que se afirma que a História é o modo de ser da
razão e da verdade, o modo de ser dos seres humanos e que, portanto somos seres
históricos. ( CHAUÍ. 1999. P. 49)

Partindo da visão de Chauí, percebe-se o quanto a ideia de progresso levou o


homem contemporâneo a uma série de mudanças econômicas, políticas e sociais.
Esta visão de otimismo pleno foi desenvolvida também por Augusto Comte, que em
sua teoria denominada Positivismo, atribuía a ideia de progresso ao

Filosofia
51

desenvolvimento pleno das ciências positivas. Já Karl Marx trás a tona a essência da
necessidade de delegar ao povo o poder das relações e construção e riquezas.

Esta roupagem e este modelo de pensar vão se modificando no século XX, pois
muitas civilizações graças aos movimentos democráticos mudam o curso da
História e do pensamento da humanidade, que ainda se constrói pautada no
individualismo.

A ideia de progresso pode ser criticada pois serviu como desculpa para legitimar o
colonialismo e imperialismos, mas que foi quebrada devido o acesso ao
conhecimento e devido a rápida difusão de informações. A partir do século XX a
cultura passa a ser do ambiente informacional e sobretudo plenamente
revolucionária.

Neste contexto se destacam para o site de pesquisa


http://www.triada.com.br/cultura/filosofia em Filosofia os seguintes filósofos:

10.1.1 MICHEL FOUCAULT

Nascido na França, em 1926, Michel Foucault teve de habituar-se desde cedo a uma
certa sensação de deslocamento. Mesmo integrando uma tradicional família de
médicos, contrariou as expectativas e enveredou pelas ciências humanas, dando
início a uma vasta e profunda produção filosófica. Atuou como professor do Collège
de France entre 1970 e 1984, ano em que faleceu.

“Ele é um crítico da contemporaneidade. Seu trabalho se divide em diversas etapas,


nas quais discute temas como a linguagem, a ciência, as repressões sociais e
também a subjetividade humana. Ao longo de todos esses períodos, Foucault se
debruça sobre questões que envolvem tanto a história da filosofia como os conflitos
do homem contemporâneo”, afirma o professor Carlos Matheus.
(http://www.triada.com.br/cultura/filosofia)

10.1.2 MARTIN HEIDEGGER

Filosofia
52

O alemão Martin Heidegger nasceu em 1889 e, antes de dar início à produção


filosófica, foi seminarista e muito contribuiu com o existencialismo.

Tendo abandonado a Teologia, estudou os grandes pensadores a fim de construir


uma argumentação capaz de demonstrar ao homem contemporâneo como se
sobressair numa sociedade com valores religiosos e metafísicos tão distorcidos,
partindo de uma filosofia existencial. Atuou como professor da Universidade de
Friburgo e faleceu em 1976, já reconhecido como um dos principais filósofos do
século XX e considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. “A obra de
Heidegger contém um dos mais importantes desdobramentos do pensamento
fenomenológico já produzido. Além disso, ele consegue estabelecer um vínculo
profundo entre a filosofia e a arte, principalmente no que diz respeito à poesia”, diz o
especialista. http://www.triada.com.br/cultura/filosofia.

Maria Lúcia de Arruda Aranha faz menção a característica do pensamento pós-


moderno e delimita: O século XX ficou marcado pela ênfase na ciência e na
tecnologia, que transformou rapidamente os usos e costumes. Dentre as conquistas
tecnológicas, destacam-se os transportes ultra-rápidos, a automação, a
comunicação eletrônica. Aviões, rádio, televisão, fax, satélites e a rede cada vez
mais expandida da internet subvertem o espaço e o tempo, aproximando os povos e
alterando a maneira de pensar e trabalhar. ARANHA. 2006.p.200).

É num contexto de plenas transformações que o docente precisa alcançar o


elemento primordial ao conhecimento, a pesquisa. Neste sentido e sustentado nas
variadas vertentes oferecidas pela Filosofia o ensino pode brilhantemente assumir
um papel de destaque na vida dos discentes, docentes e de todos os envolvidos no
processo educacional mediante a postura do professor pesquisador e, sobretudo um
professor-filósofo, que não se conforma com a realidade dos fatos, mas, enxerga-os
de outro ângulo e caso necessário os transforma.

Filosofia
53

SUGESTÃO DE LEITURA

 KOHAN; WAKSMAN. Perspectivas atuais do ensino de filosofia no Brasil. In:


FÁVERO, A; Kohan, W.O.; RAUBER, J.J. Um olhar sobre o ensino de filosofia.
Ijuí: Ed. da UNUJUÍ, 2002.

 LANGON M. Filosofia do ensino de filosofia. In: GALLO, S.; CORNELLI, G.;


DANELON, M. (Org.) Filosofia do ensino de filosofia. Petrópolis: Vozes, 2003.

 LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José


Olympio, 2008

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11 REFERÊNCIAS

1. ARANHA. Maria lúcia arruda, História da Educação. são Paulo: Moderna, 1996.

2. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação.3 ed. São Paulo:


Moderna, 2006

3. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São paulo. Ática, 2003.

4. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

5. Filosofia para um Brasil cidadão, São Paulo: FTD,2008

Filosofia

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