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CRÍTICA AO SUJEITO E A RAZÃO

GOVERNAMENTAL NO DOMÍNIO DA
BIOPOLÍTICA DE MICHEL FOUCAULT
APRESENTAÇÃO
Amílcar Machado Profeta Filho
e-mail: amilcar.filho@ifpr.edu.br
Instituição: IFPR – Campus Assis Chateaubriand
Titulação: Graduação em História, Especialização em
História Econômica e Mestrado em Linguística

Daniel Salésio Vandresen


e-mail: daniel.vandresen@ifpr.edu.br
Instituição: IFPR – Campus Assis Chateaubriand
Titulação: Graduação em Filosofia, Especialização em
História do Brasil e Mestrado em Filosofia
ORGANIZAÇÃO DA PALESTRA
Evento: IF Sophia (organizado pelo IFPR/Umuarama)
Dia 10/11/12

1. Fases do pensamento de Michel


Foucault
2. Sujeito Discursivo
3. Domínio da Biopolítica
4. Discussão do texto
1. Fases do pensamento
de Michel Foucault
França: séc. XX
Período entre guerras

Poitiers
Nasce
15/10/1926

Morre
02/06/1984
Seus estudos iam da
psicologia à filosofia
Influenciado por Hegel,
Heidegger e Kant; e
posteriormente por Nietzsche
Situa-se no mesmo projeto da
Escola de Frankfurt: crítica
aos efeitos históricos da
dominação da razão.
Vida pública
Partido Comunista Francês - PCF;
1970 ajuda a criar o Grupo de
Informações sobre as Prisões –
GIP;
1971 assume a cadeira de
“História dos Sistemas de
Pensamento” do College de
France;
Engajou-se nas disputas políticas
nas Guerras do Irã e da Turquia.
Viajou o mundo realizando
conferências: EUA, Japão, Brasil,
Tunísia, Suécia, etc.
Sobre si – seu pensamento
“Não me pergunte quem sou e não me diga
para permanecer o mesmo [...]” (A Arqueologia
do Saber)
“[...] não, não, eu não estou onde você me
espreita, mas aqui de onde o observo rindo” (A
Arqueologia do Saber)
“[...] que é preciso eu ser, eu que penso e que
sou meu pensamento, para que eu seja o que
não penso, para que meu pensamento seja o
que não sou?” (As Palavras e as Coisas).
“Eu penso para esquecer” (DEI).
Fases do Pensamento
1. Arqueologia do saber
Doença Mental e Psicologia (1954)
História da Loucura (1961)
O Nascimento da Clínica (1963) 2. Genealogia do Poder
As Palavras e as Coisas (1966) A ordem do Discurso (1971)
A Arqueologia do Saber (1969) A verdade e as formas jurídicas (1973)
O poder psiquiátrico (1973-1974)
Vigiar e Punir (1975)
Os anormais (1975-1976)
Em defesa da sociedade (1975-1976)
Microfísica do Poder (1979)

3. Ética e estética de si
A Hermenêutica do Sujeito (1981-1982)
História da Sexualidade I (A vontade de saber) – 1982
História da Sexualidade II (O uso dos prazeres) – 1984
História da Sexualidade III (O cuidado de si) - 1984
Fase do biopolítica:

“Em defesa da sociedade” (1975-76);


“Segurança, Território, População”
(1977-78);
“Nascimento da Biopolítica” (1978-79);
“Do governo dos vivos” (1979-80)
História da Sexualidade I (A vontade de
saber) – 1982
Postura teórica
Colocar entre parênteses:
- As velhas fórmulas da continuidade (tradição,
influência) para estabelecer a diferença;
- Explicações psicológicas da mudança (gênio de
grandes invenções, crises da consciência)
para definir as transformações que constituem
a mudança.
Crítica ao conceito de sujeito constituinte:
- Sujeito constituído por práticas de objetivação
(normalização) e subjetivação (verdade sobre
si).
Crítica ao marxismo (reduz a forma de poder
como dominação do Estado).
Arqueologia

Razão / Des-Razão
Episteme – conjunto de pressupostos,
preconceitos e tendências de qualquer
época em particular.
Discurso – é a acumulação de
conceitos, práticas, declarações e
crenças produzidas por uma
determinada episteme.
História da Loucura
(1961):
Loucura: conceito muda
de tempo em tempo
Tentava saber o marco
zero entre a Razão e a
Loucura
Na História Medieval os
loucos eram
considerados sagrados
Descartes “Cogito Ergo Sum”.
Após a morte de Descartes os loucos
deixaram de ser sagrados.
“[...] a razão precisa afastar de si o que ela
não pode ser, isto é, a loucura, para
reconhecer-se como razão” (Resposta a
Derrida).
“Nunca a psicologia poderá, dizer a
verdade sobre a loucura, já que é esta
que detém a verdade da psicologia”
(Doença Mental e Psicologia).

“[...] o apego a si próprio é o primeiro


sinal de loucura, mas é porque o
homem se apega a si próprio que ele
aceita o erro como verdade, a mentira
como sendo a realidade [...]” (História
da Loucura).
”A única forma da loucura se esquivar
dessa autoridade toda-poderosa da
razão era viver em si mesma”
“As Palavras e as Coisas
(1966)”
- “Em meu livro não havia
análise das palavras e
nenhuma análise das
coisas” (DEII).
- Kant: inaugura a epistémê
moderna.
- Aufklärung (Iluminismo):
inquirição do presente
- Anti-humanismo
Genealogia
Poder como
micropoderes.
ação sobre ação.
“O mais importante
aspecto do poder está
nas relações sociais e
também na produção e
uso do saber”.
Discurso
“„Não importa quem fala‟,
mas o que ele diz não é dito de
qualquer lugar” (A
Arqueologia do Saber).

“Por mais que o discurso


seja aparentemente bem pouca
coisa, as interdições que o
atingem revelam logo,
rapidamente, sua ligação com
o desejo e o poder” (A ordem
do discurso).
VERDADE

“[...] a verdade não existe


fora do poder ou sem
poder [...]” (Microfísica do
Poder).
“A verdade não é da
ordem daquilo que é,
mas do que ocorre:
acontecimento” (DEI,
2002).
Grupo de Informações
Sobre as Prisões
“Desejo único de tornar
conhecido a realidade”
Publicou Vigiar e Punir
(história da violência
nas prisões).
Saber-Poder
Antinomia entre saber e poder – mito ocidental
que tem início com Platão.
“Não há relação de poder sem constituição
correlata de um campo de saber, nem saber
que não suponha e não constitua ao mesmo
tempo relações de poder” (Vigiar e Punir).
“O poder não oprime por duas razões: primeiro,
porque dá prazer, pelo menos para algumas
pessoas. Em segundo lugar, o poder pode criar”
(A Verdade e as Formas Jurídicas).
“como o poder seria leve e
fácil, sem dúvida, de
desmantelar, se ele não
fizesse senão vigiar,
espreitar, surpreender,
interditar e punir; mas ele
incita, suscita, produz; [...]
ele faz agir e falar” (DE-IV).
Fase – Estética de Si

História da Sexualidade
Vol I – “Uma Introdução” à
sexualidade
- o sexo em discurso: controle
da natalidade; práticas
pedagógicas; o discurso
jurídico que regulamenta as
perversidades e a
normalidades
História da Sexualidade
Vol II – Erotismo extensivo da
Grécia Antiga
- O „uso dos prazeres” é
regulamentado a fim de que o
sujeito possa governar-se a si
e aos outros.
- Para Foucault, ao colocarem
a força em direção ao “eu”, os
gregos inventaram a
“subjetivação”.
História da Sexualidade
Vol III – A cultura do EU
- desenvolvimento de uma
“cultura de si” ou “estética da
existência”.
- “Essa moral cristã
entranhou-se no corpo e na
alma ocidental, percorre os
discursos científicos, esquiva-
se aqui e ali e reaparece
silenciosa nas práticas
cotidianas de todos nós” (p.
54).
Foucault sofre um
colapso e é
hospitalizado em 2 de
junho de 1984.
Há dois anos vinha
sofrendo com
doenças.
AIDS.
2. Sujeito Discursivo:
Um debate em construção
Os pilares da Análise do Discurso (AD)

Mikhail Bakhtin Louis Althusser


(1895-1975) (1918-1990)

Michel Pêcheux
Michel Foucault
(1938-1983)
(1926-1984)
Foucault – curso: “A hermenêutica do sujeito”

Para responder as questões: “cuidado de si”, “técnicas de si”,


Foucault retorna a Antiguidade Clássica - Sócrates: “Vos
ocupais de vossas riquezas, e de vossa reputação e de
vossas honras, mas não vos ocupais com vossa virtude e
vossa alma”. (FOUCAULT, 1997, p.119);

Segundo a autora Revel (2005), Foucault procura resgatar


um “ideal ético” do sujeito;

Foucault diz que o sujeito é fruto de um contexto histórico;


ele é influenciado por determinações históricas; ou seja, tudo
que o sujeito fala pode ser determinado, selecionado, por
uma exterioridade; (sujeito assujeitado)
Foucault – curso: “A hermenêutica do sujeito”

Ao compreender o sujeito, entende-se seu discurso;

Revel, analisando Foucault, conclui que o sujeito deve


aprender se autogovernar, para governar a comunidade
(cuidado de si, técnicas de si); Como se autogovernar?
Através da meditação, da reflexão profunda sobre suas
ações; (retorno a Sócrates – conduta ética)

No caso da Análise do Discurso (AD) Revel salienta que o


sujeito não é um indivíduo livre: é assujeitado (sujeito
determinado por um processo histórico);
Bakhtin – o contexto social e ideológico

Segundo Fernandes, o sujeito - em AD “sujeito discursivo” - é


plural, heterogêneo, fruto de um contexto sócio-histórico e
ideológico e formado por várias vozes sociais (polifonia e
dialogismo – Bakhtin);

Em AD o discurso é ideológico. Sendo assim, o que o “sujeito


discursivo” fala também é ideológico;
Bakhtin e Foucault

Para Bakhtin o sujeito é constituído socialmente;

Segundo Foucault o sujeito é formado por determinações


históricas;

Para os respectivos pensadores, sujeito sofre influência da


“exterioridade” onde é gerado o discurso;

Conclui-se que o “sujeito discursivo” é influenciado por um


contexto ideológico, social e histórico, interligado às
formações discursivas... em um processo de deslocamento,
aproximação, articulação e desarticulação do discurso; ou
melhor, o que dissemos já foi dito e nós reproduzimos;
Sírio Possenti –
O “sujeito discursivo” é assujeitado?

“A questão do sujeito é uma questão


aberta.” (Possenti, 2009)
3. O Domínio da Biopolítica
Link na imagem

Por que a vida


privada torna-se
pública?
Wikileaks – controle
privacidade/transparência, fonte...

Psicologia empresarial

Biotecnologia e
nanotecnologia Código genético humano
GOVERNAMENTALIDADE:
- Biopoder: Poder sobre a
vida
- Biopolítica: prática política
de governo.
- Alvo: o controle da
população.
Microchip sobre
saúde – projeto EUA,
Veja notícia...
“O homem, durante milênios,
permaneceu o que era para
Aristóteles: um animal vivo e, além
disso, capaz de existência política; o
homem moderno é um animal, em
cuja política, sua vida de ser vivo
está em questão” (História da
Sexualidade I).
Governamentalidade
*até o séc. XV-XVI – pastoral cristã: governo
da salvação.

*séc. XVI vai aparecer uma preocupação com


a arte de governar ligado ao desenvolvimento
do estado administrativo.
- questão “Como governar?” – multiplicação.

*séc. XVIII a questão do governo irá se


desenvolver sob um novo olhar: age sobre a
vida dos indivíduos.
[...] multiplicação dessa arte de governar
em domínios variados: como governar as
crianças, como governar os pobres e os
mendigos, como governar uma família,
uma casa, como governar os exércitos,
como governar os diferentes grupos, as
cidades, os Estados, como governar seu
próprio corpo, como governar seu próprio
espírito. Como governar, acredito que
esta foi uma das questões fundamentais
do que se passou no século XV ou no
XVI (O que é a crítica?).
Sexualidade

“No cerce deste problema econômico e político da


população: o sexo; é necessário analisar a taxa de
natalidade, a idade do casamento, os nascimentos
legítimos e ilegítimos, a precocidade e a frequência
das relações sexuais, a maneira de torná-las
fecunda ou estéreis, o efeito do celibato ou das
interdições, a incidência das práticas contraceptivas
[...]” (HS-I, p. 28).
MORTE

Soberano: direito de morte


XVIII: política – poder de gerir a vida
Pena de morte: cada vez mais difícil sua
aplicação.
Suicídio: antes crime, agora objeto de
análise sociológica.
Vídeo
Tanatopolítica: regulamentos ocultos
da morte dos outros – Márcia Tiburi
Clique aqui...
Com que regras pode ser administrado
o fenômeno “população” no contexto do
“liberalismo”?

- Técnicas de governo destinadas à


“segurança”, que caracterizam o início da
idade moderna: a saúde, a higiene, a
natalidade, a longevidade e a raça em
relação a uma população.
“É então que vemos as coisas aparecem, problemas
como habitat, as condições de vida em uma cidade,
higiene pública, a mudança da relação entre
fecundidade e da mortalidade. Isso levanta a
questão de como fazer para que as pessoas tenham
mais filhos, em qualquer caso, como podemos
regular o fluxo de pessoas, como também podemos
controlar a taxa de crescimento da população e da
migração. E a partir daí uma série de técnicas
observacionais entre os quais está, evidentemente, a
estatística, mas também todos os grandes
organismos administrativos, econômicos e políticos,
que são responsáveis pela regulação da população”
(As redes do poder, 1976).
MICHAEL HARDT E ANTONIO NEGRI:
IMPÉRIO
“As grandes potências industriais
e financeiras produzem, desse
modo, não apenas mercadorias
mas também subjetividades.
Produzem subjetividades
agenciais dentro do contexto
biopolítico: produzem
necessidades, relações sociais,
corpos e mentes – ou seja,
produzem produtores”. (2002, p.
51).
George Orwell. 1984
- Big Brother e A polícia do
pensamento: aumenta a sua vigilância
graças a tecnologias digitais mais
potentes. Saiba mais....
Sociedade Disciplinar – fabricar um corpo
útil e dócil
- Educação – indivíduo disciplinado
(repetição – recomeço)

Dispositivos de Segurança - Foucault


- Sociedade de Controle – Gilles Deleuze:
“nunca se termina nada” (avaliação
contínua, formação permanente, etc.);
-Educação – indivíduo empresa. Poder
sobre o corpo e mente.
Poder Disciplinar Biopoder

Indivíduo - corpo População (Homem/espécie) = vida

Individualizante Totalizante

Sociedade Disciplinar Dispositivos de Segurança ou Sociedade


de Controle
Normalização Regulamentação

Sujeito Disciplinado Sujeito móvel/flexível


Controle do corpo – dócil e Controle da vida - preservar
útil -> produtivo
Educação – fechada, restrito Educação – menos fechada,
as instituições os espaços se cruzam
Instituições Estado

Ciências Humanas (psi) Ciências Sociais (saúde,


estatística, demografia,
geografia, economia, etc)
Sociedade Industrial - capitalismo Neoliberalismo
Como o trabalho na
sociedade neoliberal
transforma-se através
da constituição do
Capital Humano em
um biopoder que age
sobre a vida dos
indivíduos?
No neoliberalismo, o capitalismo deixa de ser
um “modo de produção” e passa a ser uma
“produção de modos”: de modos de vida.
Desenvolvimento de poderes que capturam as
forças vitais para fazer com que participem do
processo de criação de riquezas.
Consumo é um investimento – produz bem
estar (como a indústria estética, imagem,
moda, médica e alimentícia)
Literatura de autoajuda - compensar a jogo da
concorrência calculista da economia neoliberal
CAPITAL HUMANO
“[...] é o conjunto de todos os fatores
físicos e psicológicos que tornam uma
pessoa capaz de ganhar este ou aquele
salário [...]” (Nascimento da Biopolítica).

- Formar competências e habilidades.


- Sujeito econômico ativo.
- Empresário de si mesmo.
[...] um capital humano no curso da vida dos
indivíduos, que se colocam todos os
problemas e que novos tipos de análise são
apresentados pelos neoliberais. Formar
capital humano, formar portanto essas
espécies de competência-máquina que vão
produzir renda, ou melhor, que vão ser
remuneradas por renda, quer dizer o quê?
Quer dizer, é claro, fazer o que se chama de
investimentos educacionais (FOUCAULT, NB,
p. 315).
Educação
“Todo sistema de educação é uma
maneira política de manter ou de modificar
a apropriação dos discursos, com os
saberes e poderes que eles trazem
consigo” (Ordem do Discurso).

“[...] prática social de sujeitar os indivíduos


por mecanismos de poder que reclamam
de uma verdade [...]” (O que é a crítica?).
Educação
Atualmente, age sobre a educação um
poder que faz com que ela seja sempre
revista.
Termo mundo do trabalho.
Ex. Currículo (característica da
flexibilidade, Alfredo Veiga-Neto, UFRGS).
Ex. Diretrizes Curriculares da Educação
Básica do Estado do Paraná - DCE.
Ver artigo, clique aqui.
Questão da indisciplina? Como formulá-
la? (Choque entre duas subjetividades).
PROVOCAÇÕES
- Foucault -> suas ferramentas conceituais são
uma provocação para repensar a educação;
Educação permanente: indivíduos ocupados
consigo e fechados aos problemas ético-político.

-Deleuze -> conceito de rizoma, diferença e


território; avaliar o ensino e não a aprendizagem
(esta uma prática disciplinadora).
“Falta-nos resistência ao presente. [...] A
europeização não constitui um devir, constitui
somente a história do capitalismo que impede o
devir dos povos sujeitados” (O que é filosofia?).
Atitude crítica
“[...] uma sorte de forma cultural geral, ao
mesmo tempo atitude moral e política,
maneira de pensar etc. e que eu
chamaria simplesmente arte de não ser
governado ou ainda arte de não ser
governado assim e a esse preço. E eu
proporia então, como uma primeira
definição da crítica, esta caracterização
geral: a arte de não ser de tal forma
governado” (O que é a crítica?).
LIBERDADE
“As luzes que descobriram as liberdades
inventaram também as disciplinas” (VP).
“Não há poder sem recusa ou revolta em
potência” (DE-IV).
“arte da inservidão voluntária”
“princípio de uma crítica e de uma criação
permanente de nós mesmos em nossa
autonomia” (DE-II).
Solução ético-política: reinvenção de novas
formas de existência
RESISTÊNCIA
“A partir do momento em que há ma relação de poder, há
uma possibilidade de resistência. Jamais somos
aprisionados pelo poder” (Microfísica do Poder, p. 241).

"Com base nesse entendimento, podemos agir


produtivamente contra aquilo que não queremos ser e
ensaiar novas maneiras de organizar o mundo em que
vivemos“ (A. Veiga-Neto).

- Como não ser governado?


- Foucault fornece ferramentas para pensar o nosso
presente e aquilo que somos ou aquilo que estamos nós ou
estão os outros fazendo conosco.
4. DISCUSSÃO DO TEXTO:
OMNES ET SINGULATIM: PARA UMA CRÍTICA DA
RAZÃO POLÍTICA (1979), Veja o texto....

“A polícia cuida para que o


homem esteja vivo, ativo e
produtivo”. (RABINOW;
DREYFUS, 1995, p. 154).

"A política que é a guerra


continuada por outros
meios" (Em defesa da
sociedade).
Comentários sobre o texto

Embora não utilize nenhuma vez os


termos biopoder e biopolítica, é sobre a
constituição de uma racionalidade
própria da arte de governar sobre a vida
que Foucault trata.
Omnes = todos e singulatim = um.
Significa todos e cada um.
Como um poder individualizante (poder
pastoral) torna-se totalizante?
Comentários sobre o texto
“Não pretendo tratar aqui do problema da formação
dos Estados. Nem quero explorar os diferentes
processos econômicos, sociais e políticos de que
procedem. Por fim, não é intenção analisar os
diferentes mecanismos e instituições de que os
Estados se dotaram a fim de garantir a sua
sobrevivência. Gostaria simplesmente de dar
algumas indicações fragmentárias sobre algo que se
encontra a meio caminho entre o Estado, como tipo
de organização política, e seus mecanismos, a
saber, o tipo de racionalidade em ato no exercício do
poder de Estado”.
Comentários sobre o texto
Razão de Estado = não estado de Direito, como arte
de governar (regras racionais que são próprias).
- Constituição da racionalidade. Como? Saber capaz de
aumentar e reforçar sua potência.
Opõe-se a duas tradições: 1 Cristã – governo justo
(Estado pelo que deve ser); 2 Maquiavel (modelo do
príncipe para manter o Estado X Reforçar o Estado não
o príncipe).
XVIII – Teoria/Estado de Polícia = função semelhante
ao poder pastoral. Objetivo cuidar do bem-estar da
população. Técnicas de governo através da intervenção
racional e cálculo detalhado da vida.
Comentários sobre o texto
Análise dos teóricos/literatura (séc. XVII-XVIII:
a) Turquet de Mayerne (Holanda): “primeiras
utopias-progressos de Estado policiado”.
b) De Lamare (França): “compilação dos
regulamentos de polícia” (felicidade).
c) Von Justi (Alemão): associa a vida do
indivíduo ao fortalecimento do Estado.
População como alvo (objeto); saber da
estatística (método).
Comentários sobre o texto
“A racionalidade política desenvolveu-se e impôs-
se ao fio da história das sociedades ocidentais.
Enraizou-se inicialmente na idéia de poder pastoral,
depois naquela de razão de Estado. A
individualização e a totalização são seus efeitos
inevitáveis. A libertação disso só pode vir do
ataque, não a um ou outro destes efeitos, mas às
próprias raízes da racionalidade política”.
Raízes que são o que Foucault procurou
determinar neste texto: como o poder pastoral
transformou em um poder racional e político sobre a
vida.
Sugestão

http://aufklarungsofia.wordpress.com/
FIM

Salvador Dalí:
Crianças Geopolíticas Assistindo ao
Nascimento do Novo Homem (1943)
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: MARÇAL, J. (Org.). Antologia de Textos
Filosóficos. Curitiba: SEED/PR, 2009.

BAKHTIN, M. (Voloshinov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na


ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979.

DELEUZE, G. Foucault. Tradução Claudia Martins. São Paulo: Brasiliense, 2005.

______. Post-Scriptum sobre as Sociedades de Controle. In: ______. Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34,
1992, p. 219-226.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

FERNANDES, C. A. Análise do discurso: reflexões introdutórias. São Carlos: Claraluz, 2008.

FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970.
13 ed. Tradução Laura F. A. Sampaio. São Paulo: Loyola, 2006a.

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______. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. 2 ed. Manoel B. da Motta (Org.) e
Tradução Elisa Monteiro. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2005b.

______. Estratégia, poder-saber. 2 ed. Manoel B. da Motta (Org.) e Tradução Vera L. A. Ribeiro. Rio de janeiro: Forense
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______. Las Mallas del Poder. Disponível em: <http://historiasenconstruccion.wikispaces.com/Fou_Act>. Acesso em: 25
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REFERÊNCIAS
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Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

______. Microfísica do Poder. 21 ed. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2005c.

______. O que é a crítica? (1978). Disponível em: <http://vsites.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/biblio.html>.


Acesso em: 12 mai. 2010.

______. O Sujeito e o Poder. In: RABINOW, P; DREYFUS, H. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para
além do estruturalismo e da hermenêutica Tradução Vera P. Carreto. Rio de janeiro: Forense Universitária,
1995, p. 231-249.

______. Segurança, Território, População: curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução Eduardo
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______. Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1997.

______. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 30 ed. Tradução Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2005d.

HARDT, M; NEGRI, A. Império. Trad. Berilo Vargas. 4ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 7. ed. Campinas: Pontes, 2007.

POSSENTI, S. Questões para analistas do discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

RABINOW, P; DREYFUS, H. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da
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REVEL, J. Michel Foucault: conceitos essenciais. São Carlos: Claraluz, 2005.

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